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Susan Christina Forster

O SOM DO MAL
O Poder de Dominar

FMU – FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

SÃO PAULO
Março 2008
Susan Christina Forster

O SOM DO MAL
O Poder de Dominar

Trabalho de Conclusão do Curso de Pós-


Graduação "Lato Sensu" - Investigação em
Musicoterapia

Coordenação: Prof. Maristela Pires da Cruz


Smith
Orientação: Prof. Raul Brabo

FMU – FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

SÃO PAULO
MARÇO 2008

1ª edição - © 2008
Susan Christina Forster
Todos os Direitos Reservados
"A guerra ensina a cantar, é uma fatalidade...
Não deixa de soar macabramente irônico que
música e guerra andem necessariamente
juntas, não tanto como gêmeas que são na
irracionalidade e na incompreensibilidade, mas
por nos reporem ambas em nossas formas
coletivas de ser. De maneira que quando
guerra vem, os povos de consciência coletiva
agente botam a boca no mundo, e com seus
agrupamentos sinfônicos e as suas bandas
principalmente, se desmandam no que, sem
trocadilho, com a maior legitimidade desse
mundo, se chamará de 'música de
pancadaria'." (Mário de Andrade)
RESUMO

O objetivo desta monografia é identificar os


métodos coercitivos atuais que se valem do
som e da música (ou do silêncio), bem como
sua utilização no Brasil, através de uma revisão
bibliográfica e documental. O estudo faz uma
breve incursão nas práticas e armamentos não-
letais, tortura, abusos e maus tratos envolvendo
o uso do som e música, inclusive assédio moral
nas empresas.

Palavras-chave: música e guerra; música e


tortura; som e guerra; som e tortura; silêncio e
tortura; não-letal; humilhação e música; assédio
moral e música; armas acústicas.

ABSTRACT

The purpose of this paper is to identify current


coercive methods that resort to sound or music
(or to silence), as well as their use in Brazil, by
means of a bibliographical and documental
research. The paper briefly addresses non-
lethal practices and weapons, torture, abusive
behavior and ill treatment involving the use of
sound and music, including moral harassment
in the corporate environment.

Key-words: music and war; music and torture;


sound and war; sound and torture; silence and
torture; non-lethal; humiliation and music; moral
harassment and music; acoustic weapons.
Ao
Silvio R. Baroni
Agradecimentos

À Coordenação e a todos os professores do


Curso de Pós-Graduação "Lato Sensu" -
Investigação em Musicoterapia da FMU;

A todos os colegas do curso pela convivência e


pelo aprendizado, com um agradecimento
especial ao Paulo Suzuki;

Aos meus colegas da Amaral Gurgel Fischer &


Forster Advogados, em especial à Angela Júlia
Charette Santana, à Priscila Carone e ao Pedro
Henrique de Araripe Sucupira, por seu
incansável empenho e entusiasmo em me
ajudar nesta pesquisa;

À Rose Nogueira, à Dra. Christine Santini, à


Dra. Mariana Joffily e à Lia Caldas de Souza
Meirelles, por sua gentil atenção;

À minha família, Ernest, Christina, Margie,


Georges, Rebecca (Mike), Ezra e Leo, por todo
amor, apoio e colaboração;

E a todas as pessoas que direta ou


indiretamente colaboraram com esta pesquisa.
O SOM DO MAL
O Poder de Dominar

SUMÁRIO
Introdução........................................................................................................1
Objetivos ..........................................................................................................2
Metodologia da Pesquisa .................................................................................6
Tipo de Estudo .............................................................................................6
Local e Período da Busca de Dados ............................................................6
Resultado ........................................................................................................8
1. Alguns Antecedentes...............................................................................8
2. Práticas não-letais - Os últimos 60 anos.................................................17
2.1. Práticas não-letais - Brasil ..............................................................23
3. Arsenal Acústico.....................................................................................24
3.1. Explosivos de Luz e Som .................................................................25
Brasil................................................................................................26
3.2. Aparelhos Acústicos para Saudação/Chamada..............................26
Brasil................................................................................................29
3.3. O Mosquito ......................................................................................29
3.4. Explosões Sônicas ...........................................................................30
3.5. Ultra-Som .......................................................................................30
3.6. Infra-Som ........................................................................................30
3.7. Círculos Vortex ...............................................................................31
4. Tortura - Breves Considerações Gerais.................................................32
Brasil .......................................................................................................32
5. Som: Tortura - Abusos - Maus Tratos...................................................33
5.1. Som e Metal .....................................................................................42
5.2. O Silêncio.........................................................................................43
6. Som: Tortura - Abusos - Maus Tratos - Brasil......................................45
6.1. Ditadura Militar (1964-1985)..........................................................45
6.2. Seqüestros .......................................................................................48
6.3. Operações de Busca.........................................................................50
6.4. Helicópteros e Sirenes .....................................................................51
6.5. Delegacias Policiais (DPs), Casas de Detenção
e Penitenciárias................................................................................52
6.6. Desocupação de Áreas.....................................................................53
6.7. Humilhação e Situação Vexatória nas Empresas...........................54
7. Alguns Fatos Curiosos............................................................................55
7.1. Som - Pena .......................................................................................55
7.2. Som - Músicas Natalinas .................................................................56
8. Futuro: O que esperar............................................................................56
Conclusão ....................................................................................................57
Referências Bibliográficas ..........................................................................59
Anexo I - Ilustrações
Anexo II - Curriculum
-1-

O Som do Mal
O Poder de Dominar

Introdução

O uso do som (ou mesmo a sua ausência, o silêncio) em práticas de tortura não é
novidade de nossos tempos, nem mesmo monopólio do ocidente. O ruído do gotejar d'água,
por exemplo, é suficiente para causar explosões de irritação. A expressão "tortura chinesa"
remete ao dilacerante gotejar d'água na testa da vítima.

O estudo científico do som e da música no processo terapêutico tomou impulso a partir


da segunda metade do século XX. Acrescente-se a contribuição que os recursos tecnológicos
tiveram para a música e para o estudo do funcionamento do cérebro e do corpo humano e
temos uma combinação promissora: Música, Tecnologia e Saúde.

De outro lado, porém, também a partir da segunda metade do século XX, com o intuito
de reduzir mortes e lesões corporais e o impacto negativo de sua divulgação na mídia, forças
policiais, agências de inteligência e militares destinaram esforços e investimentos expressivos
no aprimoramento de formas de coerção, especialmente aquelas de natureza psicológica, que
não envolvem contato, atualmente designadas "não letais" (ou, como preferem alguns, "menos
letais"). Som e música parecem ter servido a este propósito!

No entanto, coerção psicológica e a utilização do som para este fim são condutas de
difícil apuração e comprovação. E, por não produzirem danos corporais visíveis, dentre outros
motivos, a importância e divulgação destas condutas tende a ser restringida ou mesmo
minimizada. Acrescente-se ainda o fato de que a música está em geral associada à
espiritualidade, rituais, diversão e mesmo ao prazer. Causa surpresa que a música possa ter
utilidade para finalidades menos nobres.
-2-

O jornalista e escritor britânico Jon Ronson cita um relatório militar norte-americano


que data de 1997, trechos do qual teriam vazado para a Internet, que lista 21 "armas" em
diversas fases de desenvolvimento, que se utilizam de som, e faz um trabalho investigativo
nesta área em seu livro "The Men Who Stare at Goats"1

O grande público tomou conhecimento, através da mídia e da Internet, do uso do som


e especialmente da música em ações policiais e militares e em rotinas de tortura, coerção e
situações de abuso, como no cerco a Noriega na Embaixada do Vaticano no Panamá (1989),
no cerco a Waco (1993) e, mais recentemente, nos interrogatórios de presos no Afeganistão,
Iraque e Guantánamo.

Embora algumas entidades e estudos tenham se debruçado sobre este tema, muito
pouco se encontra em matéria de relatos oficiais ou estudos científicos, já que o
desenvolvimento e o uso de armas não letais sempre esteve cercado de sigilo.2 3

Porém, certas práticas, que de tempos em tempos vêm à tona, envolvendo som e
música (ou silêncio) com o intuito de causar dor ou desconforto físico e/ou psicológico para
fins de coerção (oficial ou não), dominação ou mero abuso, parecem bem difundidas e
estabelecidas. E, ao que tudo indica, na medida em que certos procedimentos têm uso
reiterado, é possível pressupor que os resultados pretendidos muito provavelmente estão
sendo alcançados.

Objetivos

Em razão das considerações acima, que por si só revelam a importância e a atualidade


do tema, este trabalho tem por objetivo identificar os métodos coercitivos atuais que se valem
do som e da música e, como objetivo específico, investigar a eventual utilização destes

1
RONSON, Jon. The Men Who Stare at Goats. New York: Simon & Schuster, 2004. p. 203.
2
DAVISON, Neil. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department of Peace Studies.
University of Bradford. Reino Unido. Occasional Paper No. 3: The Contemporary Development of 'Non-
Lethal' Weapons. Maio/2007. p. 17. Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso
em 10/6/2007.
3
NATO RESEARCH AND TECHNOLOGY ORGANISATION. The Human Effects of Non-Lethal
Technologies. RTO-TR-HFM-073. Agosto/2006. p.1. Disponível em:
<www.rta.nato.int/Pubs/rdp.asp?RDP=RTO-TR-HFM-073>. Acesso em 13/8/2007.
-3-

recursos no Brasil. Na medida do possível, e quando for o caso, também será indicada a
música ou o som utilizado em cada ocorrência.

Neste tocante, existe consenso acerca dos múltiplos efeitos que a música provoca nos
seres humanos. Nas palavras de Bruscia, a "música nos estimula e nos acalma" e "nos leva
para dentro e para fora de cada emoção humana".4 Benenzon, por sua vez, menciona que um
som pode produzir o que chama de uma resposta matriz (como dançar ou marchar), uma
resposta emotiva (como rir ou chorar), uma reposta orgânica (rubor, secreções, descontração),
uma resposta de comunicação e ainda uma resposta de conduta (como aprendizagem ou
condicionamento). Benezon em seu Manual de Musicoterapia de 1985 já afirmava que "...
não cabe dúvida da grande potência que possui o som e o fenômeno acústico, e, portanto
devemos ser muito cautelosos no uso dos mesmos".5 6

Outrossim, alertam os próprios musicoterapeutas, nacionais e estrangeiros, quanto ao


uso indiscriminado da música na prática clínica e seus potenciais efeitos iatrogênicos,
indicando, assim, que a música pode causar prejuízo à saúde.7 8
Benenzon dedicou um
capítulo inteiro de seu Manual de Musicoterapia a esta questão. Observa também que o uso
inadequado do som pode provocar o reforço do autismo e sua sintomatologia e exemplifica,
como também assim o faz Oliver Sacks, ataques e convulsões induzidas por diferentes sons e
músicas.9 10
Denise Grocke e Tony Wigram consideram contra-indicado o uso de sons da

4
BRUSCIA, Kenneth E.. Definindo Musicoterapia. Rio de Janeiro: Enelivros, 2ª edição, 2000. p. 2.
5
BENENZON, Rolando. Manual de Musicoterapia. Rio de Janeiro: Enelivros, 2ª edição, 1985. p. 100.
6
BENENZON, Rolando. Teoria da Musicoterapia. Contribuição ao conhecimento do contexto não verbal. São
Paulo: 2ª edição, Sumus Editorial, 1988. p. 23.
7
SILVA JÚNIOR, José Davison da e CRAVEIRO DE SÁ, Leomara. Musicoterapia e Bioética: Um Estudo
da Música como Elemento Iatrogênico. XVII Congresso Nacional da Anppom, 2007, São Paulo. Programa
de Pós-Gradução em Música - Instituto das Artes da Unesp.
8
BARCELLOS, Lia Rejane Mendes e SANTOS, Marco Antonio Carvalho. A Natureza Polissêmica da Música
e a Musicoterapia. Revista Brasileira de Musicoterapia. Ano I. Nº 1, 1996. Portal da Musicoterapia
Brasileira. Disponível em:
<www.ubam.mus.br/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=16&Itemi...>. Acesso em:
26/1/2008.
9
BENENZON, Rolando. Manual de Musicoterapia, Rio de Janeiro: Enelivros, 1985. p. 100-118.
10
SACKS, Oliver. Alucinações Musicais: Relatos sobre a música e o cérebro. São Paulo: Companhia das
Letras, 2007. p. 34-40.
-4-

natureza para pessoas com confusão como, por exemplo, em locais que abrigam pessoas com
demência, já que podem ter seus sintomas exacerbados.11

Benenzon recomenda, ainda, cautela no uso de sons eletrônicos e, além de mencionar


o excesso de ruído como fator nocivo sobre o sistema auditivo, lembra os sons "não audíveis
conscientemente, mas que também penetram e estimulam os sistemas de percepção". Sugere o
estudo criterioso dos infra-sons, estes últimos, conforme descreve, "... provocam impacto no
inconsciente do indivíduo, burlando os mecanismos de defesa de seu próprio Eu. Este fato
ocasiona riscos perigosos no uso de infra-sons, tanto quanto daqueles que não são, mas que
atuam da mesma forma, pois como os medicamentos psicotrópicos ou drogas, provocam e
mobilizam condutas e emoções não controláveis." 12 E, não menos importante, Bruscia lembra
dos padrões éticos que regulam e orientam a conduta de musicoterapeutas quando engajados
na prática (devendo ser observados os direitos de seus clientes), na teoria e na pesquisa.13
Aliás, o direito à saúde e à manutenção da integridade física e mental é postulado assegurado
em diversos textos legais, tanto no Brasil como em outros países.14

Tendo em vista as considerações acima, as técnicas atualmente utilizadas na coerção,


os seus efeitos invisíveis sobre o corpo e os vultuosos investimentos efetuados por alguns
órgãos governamentais, especialmente das nações mais desenvolvidas, em pesquisas e em
armamentos não-letais que incluem som, música e mesmo silêncio, estamos diante de uma
realidade que reclama a atenção de profissionais de diversas especialidades, inclusive dos
musicoterapeutas.

Convém lembrar que o som/música em rotinas de tortura, coerção, maus tratos ou


mero abuso, assim como armamentos acústicos, são freqüentemente utilizados em
combinação ou como coadjuvantes de outras práticas e que, embora não venham a ser

11
GROCKE, Denise e WIGRAM, Tony. Receptive Methods in Music Therapy. Great Britain: Athenaeum
Press, Gateshead, Tyne and Wear, 2007. p. 50.
12
BENENZON, Rolando. Teoria da Musicoterapia. Contribuição ao conhecimento do contexto não verbal. São
Paulo: 2ª edição, Sumus Editorial, 1988. p. 20-21; e Manual de Musicoterapia. Rio de Janeiro: Enelivros, 2ª
edição, 1985. p. 118.
13
BRUSCIA, Kenneth E.. Definindo Musicoterapia. Rio de Janeiro: Enelivros, 2ª edição, 2000. p. 32.
14
DINIZ, Maria Helena. O Estado atual do Biodireito. São Paulo: Saraiva, 4ª edição, 2007. p. 144-196.
-5-

devidamente reportadas ou destacadas neste estudo, nem por isto deixam de ter extrema
importância quando a intenção é infligir sofrimento.

Este estudo, porém, não se propõe a uma análise ou avaliação moral, jurídica, ética,
estética ou de qualquer outra natureza, de questões envolvendo soberania, guerra, patriotismo,
música, sistema prisional, tortura (ou mesmo maus tratos), dominação, ações policiais e
militares, armamentos não-letais, decisões de tribunais e resultados de relatórios. Tampouco
se propõe a endereçar o entretenimento de militares15, a utilização de tantos outros conhecidos
sons na guerra (tais como as marchas militares, o toque de recolher, sirenes que alertam
ataques) ou os efeitos da música como elemento catalisador em cultos religiosos. Ademais,
não serão endereçados os excessos de ruídos causados por vizinhos, templos e outros
estabelecimentos, que têm gerado grande número de disputas perante o Judiciário.16 Esta
monografia visa exclusivamente identificar, sem pretensão de esgotar o tema, como o som e a
música vêm sendo utilizados no Ocidente de forma intencional para submeter, subjugar ou
dominar.

Igualmente não será objeto de análise o fenômeno das canções e suas letras cuja força
e representação está vinculada à música, onde música e poesia formam uma combinação.17
Alexandre Felipe Fiúza aponta que nestes casos "... temos uma dupla sonoridade: uma trazida
pela melodia e outra que é inerente à própria palavra". Lembra também uma simples e
bonita explicação de Chico Buarque dada em uma entrevista: "Não acho que seja poema. Pra
mim, a letra e a música vão juntas. Prefiro ouvir com a música. Tenho a impressão que
publicar uma letra é metade de um trabalho. É um negócio filmado a cores e exibido em

15
SHOW BUSINESS - Militares oferecem entretenimento na Guerra do Iraque. Revista Consultor Jurídico. 13
de abril de 2004. Disponível em: <www.conjur.estadao.com.br/static/text/22978,1>. Acesso em 24/05/2007.
16
Por exemplo: Condenado a pagar indenização por danos morais por deixar, todos os dias, desde a parte da
manhã até as 22:00 hs. aparelho de som em alto volume, assim se manifestou o Supremo Tribunal de Justiça -
STJ ao examinar a matéria: "o incômodo, o transtorno, o aborrecimento e até mesmo o desespero do apelado,
que durante cerca de dois anos teve que aturar esta verdadeira tortura mental provocada pelo recorrente ao
deixar seu aparelho de som ligado em volume alto, acima do normal, diariamente" (Superior Tribunal de
Justiça - Decisão Monocrática STJ, Processo: Agravo de Instrumento 781831, RJ (2006/0112092-2).
Agravante: Juventus Tito Rodrigues de Sousa Pinheiro. Agravado: Salvador El Yachar. Relator: Ministro
Massami Uyeda. DJ 18.09.2006.
17
DREHER, Sofia Cristina. A Canção: um Canal de Expressão de Conteúdos Simbólicos e Arquetípicos.
Revista Brasileira de Musicoterapia. Ano X, nº 8, Goiânia: iineuro, 2006. p. 127-144.
-6-

preto e branco".18 Oliver Sacks observa, no entanto, que a rima, a métrica e o canto
constituem os mais poderosos recursos mnemônicos presentes em todas as culturas.19 Neste
sentido vale uma breve menção aos hinos nacionais, composições com caráter solene,
patriótico, geralmente usados em eventos oficiais.

O Hino Nacional Brasileiro, por exemplo, de autoria de Joaquim Osório Duque


Estrada e música de Francisco Manoel da Silva, é um dos quatro Símbolos Nacionais (junto
com a Bandeira Nacional, as Armas Nacionais e o Selo Nacional). Como muitos outros hinos,
é uma marcha militar, cuja letra se inicia com forte referência ao sonoro: "Ouviram do
Ipiranga as margens plácidas, De um povo heróico o brado retumbante...", conclamando à
luta, sem temor pela morte ("Mas se ergues da justiça a clava forte, Verás que um filho teu
não foge à luta, Nem teme, quem te adora, a própria morte.").20

Para os propósitos deste trabalho, som e música, bem como canção, ruído e barulho,
serão usados de forma intercambiável, não obstante as discussões em torno de suas definições.

Metodologia da Pesquisa

Tipo de Estudo

O método utilizado nesta monografia foi o da pesquisa bibliográfica e documental.

Local e Período da Busca de Dados

A pesquisa bibliográfica buscou autores em diversas fontes impressas como livros,


revistas, dissertações, teses e relatórios, algumas originárias de congressos e conferências. A
pesquisa documental centrou-se em reportagens divulgadas pela mídia impressa e eletrônica,
relatórios e decisões de organizações e tribunais de proteção aos direitos humanos, bem como
18
FIUZA, Alexandre Felipe. Entre cantos e chibatas: a pobreza em rima rica nas canções de João Bosco e
Aldair Blanc. 271f. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação,
São Paulo, 2001. p. 49-54.
19
SACKS, Oliver. Alucinações Musicais: Relatos sobre a música e o cérebro. São Paulo, Companhia das
Letras, 2007. p. 231.
20
Lei nº 5.700, de 01 de setembro de 1971, conforme alterada, e Decreto nº 70.274, de 09 de março de 1972,
conforme alterado.
-7-

em jurisprudência e documentação oficial nacional e estrangeira, dentre outras fontes. Nas


decisões (e relatórios) de organizações e tribunais de proteção aos direitos humanos e na
jurisprudência nacional e estrangeira, buscou-se primordialmente os fatos que possuam
relação direta com o objeto deste estudo (e não a exegese ou o desfecho ou conclusão final do
caso ou do relatório).

Os dados foram coletados em bibliotecas e sistemas de arquivo tradicionais e virtuais


de entidades privadas, de universidades, de órgãos e organizações governamentais e não-
governamentais, tanto nacionais quanto internacionais.

Inicialmente foi segregado o material resultante da busca. Ao depois, procedeu-se a


verificação do material encontrado e sua seleção em função de sua relevância (e qualidade)
para o objeto do estudo. Seguiu-se então a análise do conteúdo dos textos selecionados. Após
a leitura e organização do resultado, ordenou-se o material coletado o qual foi integral e
devidamente armazenado. Os dados utilizados e as fontes citadas neste estudo encontram-se
organizados e fundamentados nas respectivas fontes de consulta.

A coleta de dados foi feita no transcorrer do Curso de Pós-Graduação lato sensu


"Investigação em Musicoterapia", oferecido pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU),
no período de março de 2007 a março de 2008.

No processo de identificação das fontes as seguintes palavras chaves nortearam a


seleção de material bibliográfico e documental, a saber: música e guerra, música e tortura,
som e guerra, som e tortura, ruído e tortura, silêncio e tortura, não-letal, humilhação e música,
assédio moral e música, armas acústicas e os respectivos termos em inglês.

Consultou-se a bibliografia e documentação produzida nos últimos dez anos. Porém,


na medida em que foram identificadas informações relevantes para esta pesquisa referentes a
períodos anteriores, estas também foram objeto de referência.
-8-

Resultado
"Noise": Do latim "Nausea"21

1. Alguns Antecedentes

Suspeita-se que Deus mesmo teria sugerido a tática22, já que um dos primeiros relatos
na cultura ocidental do uso do som na guerra é encontrado na Bíblia, quando Josué liderou um
ataque a Jericó em torno de 1.400 a.C. (Josué 6:4 a 6:16). Os muros de Jericó ruíram ao som
de gritos e das trombetas (ou possivelmente do "shofar", um dos mais antigos instrumentos
ainda em uso23 24 - Fig. 1). O final dos tempos também promete ser ruidoso com o toque das sete
trombetas e as desgraças (acompanhadas de gritos e trovões) que cairão sobre a Terra.
(Apocalipse).

A relação da Igreja e da religião com a música constitui todo um tópico à parte que
não cabe aqui endereçar. É possível afirmar, porém, que a dualidade Bem-Mal que permeia
muitas das grandes religiões também está representada no som. José Miguel Wisnik refere-se
à "... ambivalência angelical e demoníaca que subjaz à música.".25 Bart Kosko (professor de
engenharia elétrica da Universidade da Califórnia) faz também alusão à dualidade em matéria
de ruído, e assevera: "Noções do que é ruim ("badness") variam de pessoa a pessoa. Este
tema percorre o Ruído: O sinal de uma pessoa é barulho/ruído para outra e vice-versa.
Chamamos esta relatividade reversível de papéis de dualidade do sinal - ruído ("noise signal
duality")"26.
21
MERRIAM WEBSTER On Line Dictionary. Definition of Noise. Disponível em: <www.m-
w.com/dictionary/noise>. Acesso em 16/11/2007.
22
DeGREGORY, Lane. Iraq'n roll. St. Petersburg Times OnLine Tampa Bay, 21 de novembro de 2004.
Disponível em: <www.stpetersburgtimes.com/2004/11/21/Floridian/Iraq_n_roll.shtml>. Acesso em:
07/01/2008.
23
ENCYCLOPAEDIA Judaica. Jerusalem: Keter Publishing House Jerusalem Ltd., Israel. Library of Congress
Catalog Card No. 72-90254. 14v. p. 1442-1447.
24
DAVIES, Alex. Acoustic Trauma: Bioeffects of Sound. BFA Honours. University of New South Wales, p.
4-5. Disponível em: <www.schizophonia.com/installation/trauma/trauma_thesis/index.htm>. Acesso em:
02/07/2007.
25
WISNIK, José Miguel. O Som e o Sentido - Uma Outra História das Músicas. 2ª ed. São Paulo: Companhia
das Letras, 2006. p. 143.
26
KOSKO, Bart. Noise, Nova Iorque: Viking Pinguin Group, EUA, 2006. p. 6.
-9-

Referências ao som e música ligados ao Mal (ou ao demônio) ou com a finalidade de


intimidar, assustar ou dominar são encontradas na mitologia, na literatura, no folclore, nos
contos, no cinema, na pintura27 - Fig. 2 e mesmo na música. Da mitologia grega, cite-se Pan,
criatura semi-humana, dotada de chifres, rabo e pés de cabra, e que criou sua conhecida flauta,
após perseguir sua ninfa (Sirinx), transformada em uma touceira de junco para escapar do
fauno. Sua música distante e súbitas aparições assustavam pastores e passantes, e daí a origem
da palavra "pânico", um susto ou medo sem motivo determinado. Acreditavam os pastores
que os ruídos do campo eram provocados por este deus.28 29 30 31 Fig. 3

É bem conhecido o dito popular "O diabo tem as melhores músicas". É com esta
chamada que Nigel Wilkins inicia seu ensaio "The Devil's Music" ("A Música do Diabo")32 e
a BBC News33 uma breve reportagem sobre um filme acerca da história do "heavy metal" que
se reporta ao trítono, intervalo de três tons, bastante conhecido pelos músicos, banido pela
Igreja na Idade Média, conhecido também como "Intervalo do Diabo" ou "Diabolus in
Musica"34. A reportagem da BBC News cita Black Sabbath, Gotterdammerung de Wagner,
West Side Story (Maria) e o tema dos Simpsons - todos fazem uso do trítono.

Nigel Wilkins anota que "qualquer que seja a forma que adote, o demônio sempre
explorou ou apreciou o poder da música, tanto para seu próprio prazer como instrumento
para sedução ou dominação das almas". E reforça: "É da própria natureza do demônio
assumir diferentes formas, de acordo com o tempo e a circunstância".35

27
Por exemplo, o Inferno de Hieronymus Bosch, pintor holandês (cerca de 1450 a 1516). Nesta pintura os
instrumentos servem para infligir sofrimentos corporais aos condenados. Os instrumentos de cordas são
suportes onde está crucificada a humanidade destinada ao castigo eterno. A pintura também é interpretada
como um libelo contra a luxuria e a sexualidade e onde o barulho dos instrumentos acompanha o tormento dos
condenados.
28
LA MUSIQUE, Repères Iconographiques. Paris: Editions Hazan, 2006, p. 78-83, 165-167.
29
PICKERING, Fran. Encyclopedia of Animals in Nature, Myth and Spirit. Great Bretain: The Element
Illustrated, 1999. p. 136-137.
30
DICIONÁRIO Houaiss de Língua Portuguesa. Instituto Antonio Houaiss de Lexicografia. 1ª edição. Rio de
Janeiro: Editora Objetiva Ltda., 2001. p. 2117-2118.
31
FONTERRADA, Marisa Trench de Oliveira. Música e Meio Ambiente. Ecologia Sonora. São Paulo: Irmãos
Vitale, 2004. p. 66.
32
WILKINS, Nigel. The Devil's Music. Goldberg: Early Music Magazine. East Sussex, nº 14, 2001. p. 48-59.
33
ROHER, Finlo. The Devil's Music. BBC News, 28 de abril de 2006. Disponível em:
<www.news.bbc.co.uk/2/hi/uk_news/magazine/4952646.stm>. Acesso em: 03/08/2007.
34
DICIONÁRIO Grove de Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994, p. 962.
35
WILKINS, Nigel. The Devil's Music. Goldberg: Early Music Magazine. East Sussex, nº 14, 2001. p. 48-49.
- 10 -

Lembra Wilkins, dentre diversos exemplos de diabos mais antigos, Nimrod, o gigante
caçador, que faz soar sua trompa, cujo som, conforme assevera Dante em sua viagem ao
Inferno, é mais terrível que a trompa de Orlando (sobrinho de Carlos Magno que tendo
retardado o pedido de socorro ao demorar em soar sua trompa provocou o massacre de sua
tropa pelos mouros em 778 a.D.)36; as sereias cuja música encanta os marinheiros e os conduz
à morte nas profundezas do oceano; o flautista de Hamelin que primeiro arrebatou ratos e
depois, por se sentir enganado, as crianças; e os músicos esqueletos que conduzem a dança da
morte. Diversos instrumentos também já foram associados ao demônio (como as gaitas de
fole). Outros, porém, serviram para afastar demônios e deter bruxas, como é o caso dos sinos
da Igreja.37 O "shofar", em razão de seu formato, também teria poderes mágicos, dentre os
quais, afastar o demônio e os maus espíritos.38

E qual seria a música do diabo? Sugere Wilkins que se considerada a dualidade Céu-
Inferno, a música do Inferno em contraste com a música Celestial seria, no mais das vezes,
ruidosa. A harmonia é transformada em barulho caótico (Quem não conhece a expressão
"ruído/som infernal"?). Assim, se com base na filosofia antiga e no pensamento medieval
místico, a harmonia musical corresponderia a uma ordem cósmica que permite entrar em
contato com o transcendental, a dissonância representaria uma inversão desta ordem. A
música encontra assim seu lugar no Inferno Cristão, servindo de tortura para aumentar e
realçar a agonia dos condenados, encorajar os algozes e assustar as almas perdidas. Conforme
representação de artistas medievais, a música está a cargo de criaturas monstruosas, com

36
"Menos que noite e menos do que dia,
só muito pouco víamos em frente;
e eis que o som de alta trompa se anuncia,
tanto que emudeceu por mais potente
os outros sons; contra o seu rumo olhando
fixei um ponto lá longe aparente:
nem ao findar a amarga rota, quando
Carlos Magno perdeu a santa gesta,
som tão terrível fez vibrar o Orlando." (ALIGHIERI, Dante. A Divina Comédia, Inferno. Tradução de Jorge
Wanderley. Rio de Janeiro: Editora Record, 2004 - Canto XXXI, p. 375).
37
WILKINS, Nigel. The Devil's Music. Goldberg: Early Music Magazine. East Sussex, nº 14, 2001. p. 48-59.
38
ENCYCLOPAEDIA Judaica. Jerusalem: Keter Publishing House Jerusalem Ltd., Israel. Library of Congress
Catalog Card No. 72-90254. 14v. p. 1442-1447.
- 11 -

chifres, rabo e pés de cabra que lembram Pan e os sátiros, símbolos da desordem e do
irracional, semeando terror.39 40

Na Roma Antiga os combates entre gladiadores na arena (por onde também passaram
muitos Cristãos) possuíam acompanhamento musical. Os instrumentos eram os mais ruidosos
à época. Além de instrumentos de sopro de metal, os embates também contavam com o órgão
hidráulico ("hydraulis"), invento do século III A.C. atribuído pelos historiadores ao
engenheiro grego de Alexandria, Ctesibius. A partir do século II A.C. foi utilizado em
ocasiões festivas romanas, nos teatros, arenas e até em acampamentos militares. Há registros
de músicas tocando em momentos críticos, enquanto se decidia pela vida ou morte de um
gladiador. Nero tocava o órgão e seu conhecido gosto pela música originou a lenda de que
teria tocado música enquanto Roma ardia em chamas (especula-se que talvez o instrumento
usado tenha sido o órgão e não a lira).41 42 43 44 Fig. 4

Relatos sobre gritos e sons não só para encorajar o ataque, mas também com a
finalidade de intimidar, assustar, causar pânico e até aterrorizar, remontam à Antiguidade,
como é o caso dos gritos de guerra. O "shofar" mesmo teria, dentre outros propósitos, chamar
à guerra e induzir o medo. Na Babilônia foi usado para anunciar a morte e na Idade Média em
excomunhões e funerais.45 Os gritos de guerra dos Polovtsys, povos da região das estepes da
Turquia, que devastaram a região da Rússia, foram reportados por gregos e árabes em
documentos históricos e eternizados em um poema de 1185 ("Slovo o Polku Igoreve"). As
trombetas dos escoceses/celtas (chamada Carnyx), instrumento da era do bronze, consistente
em um tubo, com término em formato de trompa representando a cabeça de um animal,
aterrorizaram os soldados romanos.Fig.5 As gaitas de fole também foram usadas com este

39
WILKINS, Nigel. The Devil's Music. Goldberg: Early Music Magazine. East Sussex, nº 14, 2001. p. 48-59.
40
LA MUSIQUE, Repères Iconographiques. Paris: Editions Hazan, 2006, p. 78-83, 165-167.
41
DICIONÁRIO Grove de Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994, p. 446 e 680.
42
CANDÉ. Roland de. Uma História Universal da Música. São Paulo: Ed. Martins Fontes, 2001, v.1. p. 84.
43
LA MUSIQUE, Repères Iconographiques. Paris: Editions Hazan. 2006. p. 303.
44
Q&A; THEY, TOO, ENJOYED WATCHING VIOLENCE AND DEATH. The New York Times. Entrevista
com Kathleen M. Coleman - professora que ministra o curso Jogos Romanos na Universidade de Harvard. 07
de julho de 2001. Disponível em:
<www.query.nytimes.com/gst/fullpage.html?res=9C0DE4DA1538F934A35754C0A9679...>. Acesso em:
09/02/2008.
45
ENCYCLOPAEDIA Judaica. Jerusalem: Keter Publishing House Jerusalem Ltd., Israel. Library of Congress
Catalog Card No. 72-90254. 14v. p. 1442-1447.
- 12 -

propósito. E ainda, os apitos de assaltantes de floresta imortalizados em um poema épico


russo ("Bylina"), que se refere a uma fábula do século XII. Estes apitos teriam sido utilizados
até o século XVIII. Mais recentemente, os aviões de guerra alemães ("stukas") recorreram às
sirenes durante os bombardeios rasantes sobre a população civil com o propósito de ampliar o
efeito psicológico e causar pânico e prostração (1941).46 47
Fala-se do uso das matracas
(instrumento de madeira com ruído semelhante ao das metralhadoras) pelos revolucionários
durante a Revolução Constitucionalista de 1932 para assustar as forças Getulistas.48

Em tempos de guerra, os governos recorrem à música e às canções. Em 1944, Mário


de Andrade, referindo-se aos Estados Unidos, noticia o uso da música para "obter a atenção
belígera de seu povo" e observa "um reflorescimento um tanto assanhado do tambor, que é
fácil de aprender e bem belígero". Reporta a existência de um "Advisory Committee on Music
Education" e sua divisão para música de guerra que editava o boletim "Schools at War",
responsável por muitos anúncios em revistas encorajando alunos e professores a comporem
canções para "salvar, servir e conservar a Vitória". Segue transcrição de suas observações
sobre a canção que mais se popularizou na época, de autoria de Owen Murphy49:

"Escrita inicialmente para um 'Victory film' da General Motors, num instante 'Vossa
Guerra' cantou em todas as rádios, escolas, reuniões, times de futebol e basquete. E
com efeito é uma canção admirável, com uma dessas melodias rítmicas dum dinamismo
prodigioso que embebeda mesmo o indivíduo, como o 'Tiperary' e o 'Nós somos da
pátria a guarda'. Quanto ao texto brutal, me parece bem útil para brasileiro. Diz assim:
'Discurso não ganha guerra, cacarejo não ganha guerra, inação não ganha guerra, e
nós queremos ganhar! queremos viver! (...) Esta guerra é sua, esta guerra é minha, esta
guerra é nossa, temos que ganhar! Este é o vosso ofício, esse é o meu ofício, esse é o
nosso ofício: temos que ganhar!' Cantado todos os dias, ao levantar e ao deitar, faz
uma nação ganhar a guerra. Arte, que desejas mais?..." (Correio da Manhã - Rio - 16-
01-1944)

46
VINOKUR, Roman. Acoustic Noise as a Non-Lethal Weapon. Sound and Vibration Magazine. 01 de
outubro de 2004. Disponível em: <www.less-lethal.org/web/articles.aspx?group=10>. Acesso em: 28/08/2007.
47
DICIONÁRIO Grove de Música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994, p. 353.
48
SANTOS, Orlando Batista dos. Caipiras em Guerra. Usina de Letras. Disponível em:
www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=39676&cat=Artigos&vinda=S. Acesso em: 19/01/2008.
49
ANDRADE, Mário de. Música, Doce Música. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2006. p. 356-360.
- 13 -

Em tempos de paz, temos os gritos das torcidas, mas também subsistem gritos de
"guerra". O que dizer dos gritos do conhecido Batalhão de Operações Especiais - BOPE
(PM/RJ): "O interrogatório é muito fácil de fazer/pega o favelado e dá porrada até doer/o
interrogatório é muito fácil de acabar/pega o bandido e dá porrada até matar"!50 51. A banda
Tihuana compôs "Tropa de Elite" em 1999: "Tropa de Elite, osso duro de roer/Pega um, pega
geral, também vai pegar você". O baterista da banda P.G. relatou que "a canção já fazia
sucesso entre os militares, como bombeiros e PMs, desde o início da década. Muito antes já
era usada para levantar o moral desses grupos".52 53 54
José Padilha, cineasta produtor do
filme Tropa de Elite durante entrevista ao Programa Roda Viva confirmou que a música do
filme é aquela utilizada pela polícia para subir o morro.55 Mais recentemente a imprensa
noticiou que o Conselho de Direitos Humanos de São Paulo pretende investigar vídeos do
YouTube que fazem apologia à violência e à tortura. Um destes vídeos, com suposta
participação de policiais militares de São Paulo, tem o título "Rota-Chumbo Quente", com
fotos de policiais e viaturas durante operações e ao fundo música com sons de tiros e o refrão:
"Sai da frente, lá vem eles minha gente, agora o chumbo é quente e eles têm toda razão. Não
fique aí se não quiser virar defunto, ir pra cidade dos pé junto [sic] dentro de um lindo
caixão".56

50
THEOPHILO, Jan e ARAÚJO, Vera. "Gritos de Guerra do BOPE assustam o Parque Guinle". O Globo, Rio
de Janeiro, 24 de setembro de 2003. 1º Caderno, p.1.
51
FÓRUM de Entidades Nacionais de Direitos Humanos. CD exalta violência de tropa de elite do Rio. 05 de
agosto de 2006. Disponível em:
<www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1651&Itemid=2>. Acesso em:
12/11/2007.
52
BAPTISTA, Renata. Policiais chegam para conter motim ouvindo 'Tropa de Elite'. Folha Online, 13 de
novembro de 2007. Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u345173.shtml>. Acesso
em: 13/11/2007.
53
HINO da 'Tropa de Elite' inspirou Batalhão de Choque no enfrentamento de rebelião. 13 de novembro de
2007. Último Segundo. Agência Nordeste. Disponível em:
<www.ultimosegundo.ig.com.br/brasil/2007/11/13/hino_da_tropa_de_elite_insipirou_batalhao_de_choque_no
_enfrentamento_d...>. Acesso em: 14/11/2007.
54
PLANTA, Paulo. Tihuana canta Tropa de Elite e leva o público ao delírio. Cosmo On Line. Agência
Anhanguera. Disponível em: <www.cosmo.com.br/diversaoarte/integraasp?id=213798>. Acesso em:
01/12/2007.
55
PROGRAMA RODA VIVA, TV Cultura. Entrevista com José Padilha (cineasta). 8 de outubro de 2007.
Apresentação: Paulo Markun.
56
CONSELHO de Direitos Humanos de SP Paulo quer investigação de vídeos do YouTube. Folha Online. 12
de fevereiro de 2008. Disponível em:
<www.tools.folha.com.br/print?site=emcimadahora&url=http%3A%2F%2Fwww1.folha.uol.com.br%2Ffolha
%2Finformatica%2...>. Acesso em: 13/2/08.
- 14 -

Mas, se para alguns, segundo Wilkins, o Inferno estaria cheio de ruído, para outros, o
Inferno se caracterizaria por silêncio completo e glacial. Afirma Wilkins, ademais, que há
aqueles para os quais a música do diabo é "doce, perturbadora, misteriosa, pairando na brisa
para seduzir a mente". Lembra as lendas dos músicos que encarnam o diabo, especialmente
violinistas, como é o caso de Paganini, e de Franz Liszt, este último compositor das valsas
Mephisto, da Sinfonia Fausto e da Sonata Dante.57 Na Sinfonia Fausto e na Sonata em Si
Menor (esta última considerada obra prima da literatura pianística do século XIX, com uma
abordagem das lendas de Fausto ou Lúcifer) Liszt demonstrou sua habilidade na técnica da
metamorfose de temas, remetendo assim às mazelas do demônio. E na Sonata Dante,
conforme observa Derek Watson: "Uma evocação ampla e vívida do Inferno é obtida através
de arrebatadores efeitos de teclado e de uso estrutural do trítono"58 59

Oliver Sacks assinala que "O tema da música sedutora mas perigosa sempre
despertou a imaginação". Além das sereias e seus cantos, menciona um conto de E.B. White
de 1933, "The Supremacy of Uruguay", em que aviões equipados com alto-falantes irradiam
frases musicais hipnóticas repetitivas, cujo som leva à insanidade, e registra que estes temas
também foram usados no cinema, como no filme "Marte Ataca", de Tim Burton, no qual
invasores são derrotados por uma música ("Indian love call") que faz com que suas cabeças
explodam.60

O crítico de música do "The New York Times", Alex Ross, faz alusão ao romance de
Thomas Mann ("A Montanha Mágica") e a passagem em que o personagem Hans Castorp se
encanta com o fonógrafo e fantasia o uso de uma canção para dominar o mundo, pilotando
seus colegas pelas maravilhas da discoteca. Observa que tanto Hitler quanto Stalin
patrocinaram encontros similares. Para Ross, no entanto, o auge da correlação da música com

57
WILKINS, Nigel. The Devil's Music. Goldberg: Early Music Magazine. East Sussex, nº 14, 2001. p. 48-59.
58
BARONI, Sílvio Ricardo. O Interprete-Pianista no fim do milênio. Tese de Doutorado em Artes. Escola de
Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. São Paulo, 1999. p. 58-59 e THE OXFORD Companion
to Music. Oxford: Alison Latham. Oxford University Press, 2002. p. 701; e DICIONÁRIO Grove de Música.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1994, p. 541-542.
59
WATSON, Derek. Liszt. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora, 1994. p. 201-205, 208-209.
60
SACKS, Oliver. Alucinações Musicais: Relatos sobre a música e o cérebro. São Paulo, Companhia das
Letras, 2007, p. 282.
- 15 -

o horror está no poema "Death Fugue", de Paul Celean, no qual um alemão de olhos azuis,
posando de maestro, instrui prisioneiros de um campo a cavarem suas sepulturas61.

E, ainda, Lev Tolstoi na sua obra "O que é Arte?" expressou sua preocupação com o
poder hipnótico da música, especialmente da ópera de Wagner.62 Esta mesma preocupação
incorporou no seu romance "A Sonata a Kreutzer", do final do século XIX, no qual seu
principal personagem (Pózdnichev) assim se expressa:

"A música transporta-me diretamente àquele estado de alma em que se encontrava


quem a escreveu. O meu espírito funde-se com o dele, e com ele me transporto de um
estado a outro, mas não sei por que o faço. Quem escreveu a música, por exemplo
Beethoven com a sua Sonata a Kreutzer, sabia por que se encontrava em semelhante
estado; este levou-o a praticar determinados atos, e por isso tal condição tinha para
ele um sentido, mas para mim ela não tem nenhum. E por isso a música apenas excita,
ela não conclui. Bem, quando se toca marcha belicosa, os soldados marcham aos seus
sons, a música atingiu-os; tocaram uma dança, eu dancei - a música também me
atingiu; bem, cantaram missa, eu comunguei, esta música também me atingiu, mas de
outro modo, tem-se apenas uma excitação, e não existe aquilo que se deve fazer nesse
estado de excitação. E é por isso que, às vezes, a música atua de modo tão terrível, tão
assustador. Na China, a música é um assunto de Estado. E assim deve ser. Pode-se
acaso permitir que todo aquele que o queira hipnotize outra pessoa, ou muitas outras, e
depois faça com elas o que quiser?.."63

Neste tocante, a força das canções e da própria música não foi subestimada por
governos totalitários que exerceram um controle rígido negativo sobre estas formas de
expressão, impondo proibições à difusão de certas canções, músicas ou compositores ou
submetendo-os à censura. É sabido que os nazistas baniram música com base em critérios
raciais. Na União Soviética ficou conhecido como "Decreto Histórico" uma norma do Comitê
Central, de 10 de fevereiro de 1948, que proibiu 42 obras, dentre elas a 6ª, 8ª e 9ª Sinfonias de
Shostakovich e a 6ª e 8ª Sonatas de Prokofiev. A censura à música e à canção durante o
período militar brasileiro ainda vive na memória de muitos de nós.64 65 Fig. 6

61
ROSS, Alex. The Rest is Noise. Listening to the Twentieth Century. 1ª ed. Nova Iorque: Farran, Straus and
Giroux, 2007. p. 334-335.
62
TOLSTÓI, Lev. O que é Arte?. São Paulo. Ediouro, 2002. p. 184-187.
63
TOLSTÓI, Lev. A Sonata a Kreutzer. 1ª ed., São Paulo: Editora 34, 2007. p. 83.
64
THE OXFORD Companion to Music. Oxford: Alison Latham. Oxford University Press, 2002. p. 514.
- 16 -

Relata Ross que os aliados empenharam esforços para resgatar obras primas da
tradição alemã, reconfigurando-as como emblemas na luta contra a tirania. Assim, as
primeiras notas da 5ª Sinfonia de Beethoven encontraram correspondência no Código Morse
na letra V de Vitória. Mário de Andrade lembra que a canção "Jovem Sentinela" muito
cantada pelos nazistas, teve seus versos adaptados pelos aliados com o título "Lili Marleen"
(que recebeu outras tantas paródias "de combate"). Foi assim muito ouvida nos dois lados da
trincheira. Outro conhecido ataque tático à moral alemã foi a execução da 7ª Sinfonia de
Shostakovich (conhecida como Leningrado), transmitida por alto-falantes, em 09 de agosto de
1942, durante o cerco da cidade pelos alemães (que durou 900 dias), malgrado as tentativas do
exército alemão de impedir a transmissão, fato que mereceu capa da Revista Time ("Amid
bombs bursting in Leningrad he heard the chords of victory" = "Entre bombas explodindo em
Leningrado ele ouviu os acordes da vitória")66 67.

O fim da 2ª Guerra foi seguido por políticas da "desnazificação" ou "reeducação" que,


conforme Alex Ross, tiveram efeitos decisivos na música do pós-guerra. O projeto de
libertação da mente alemã implementado pelos norte-americanos foi denominado de
"reorientação", termo este originado da "Divisão Psicológica de Assuntos de Guerra", que
tinha por objetivo alcançar fins militares através de meios não militares e, no caso da música,
significava a promoção do jazz, da composição norte-americana (grande ênfase foi dada a
Aaron Copland, Ray Harris e Virgil Thomson), da música contemporânea internacional e de
outros sons para degradar o conceito de supremacia ariana. Fato notório promovido por esta
nova política foi a apresentação de Bernstein em Munich, em maio de 1948, que provocou
comentários de que um jovem americano conhecia música alemã melhor que os alemães. As
políticas relativas à música, conforme Ross, fizeram parte de um documento designado
"Music Control Instruction No. 1" que pode ser encontrado no "The National Archives,
College Park, Maryland". Ross cita alguns trechos do mesmo, a saber: "Acima de tudo é
essencial não dar a impressão de que tentamos arregimentar cultura da maneira nazista", ao

65
ROSS, Alex. The Rest is Noise. Listening to the Twentieth Century. 1ª ed. Nova Iorque: Farran, Straus and
Giroux, 2007. p. 252-256, 348.
66
ROSS, Alex. The Rest is Noise. Listening to the Twentieth Century. 1ª ed. Nova Iorque: Farran, Straus and
Giroux, 2007. p. 246, 306.
67
ANDRADE, Mário de. Música, Doce Música. Belo Horizonte: Editora Itatiaia, 2006. p. 358.
- 17 -

invés "A vida musical alemã deve ser influenciada por meios positivos e não meios negativos,
i.e., encorajando música que consideramos benéfica e evitando aquela que consideramos
perigosa". E, por fim, "teremos pouca dificuldade em dar um posicionamento internacional
positivo à vida musical alemã". Foram incluídos na categoria de perigosos: Richard Strauss,
Hans Pfitzner e Sibelius.68

Ross observa que no pós-guerra a "música clássica adquiriu uma aura sinistra na
cultura popular". Hollywood, que havia transformado músicos em frágeis heróis de filmes de
prestígio, passou a dar-lhes uma aparência sádica. Na opinião do crítico, durante os anos 70, a
"grande música" aliada ao barbarismo tornou-se uma prática cinematográfica. Sustenta seu
ponto de vista invocando os filmes "Laranja Mecânica" (no qual a 9ª Sinfonia de Beethoven
alimenta as fantasias de violência do protagonista) e "Apocalipse Now" (no qual soldados
americanos atacam uma vila vietnamita ao som de Wagner - "Ride of Valkyries"). Para o
crítico, sempre que um respeitável criminoso Hollywoodiano se prepara para escravizar a
humanidade, ouve música clássica para entrar no clima.69

2. Práticas não-letais - Os últimos 60 anos

O uso e desenvolvimento intencional de técnicas de tortura sem contato e mesmo de


tecnologias e armamentos "não-letais" (que inclui a utilização de som) como os conhecemos
hoje, remonta às décadas de 50-70 do século passado, e resulta de pesquisas científicas
envolvendo, inclusive, psicologia na guerra e no cativeiro.70

Com relação especificamente aos recentes eventos envolvendo abusos e tortura em


Guantánamo, no Afeganistão e no Iraque, para Alfred W. McCoy, estes tiveram sua origem
em técnicas desenvolvidas pela CIA entre 1950 e 1962. Seus trabalhos foram catalisados pela
percepção de que a União Soviética e a China estavam explorando e utilizando novas técnicas
de persuasão, até porque, como os historiadores relatam, a dor física, não importa quão
68
ROSS, Alex. The Rest is Noise. Listening to the Twentieth Century. 1ª ed. Nova Iorque: Farran, Straus and
Giroux, 2007. p. 345-350.
69
ROSS, Alex. The Rest is Noise. Listening to the Twentieth Century. 1ª ed. Nova Iorque: Farran, Straus and
Giroux, 2007. p. 306.
70
MAYER, Jane. The Experiment. The New Yorker. 11 de julho de 2005. p. 2. Disponível em:
<www.newyorker.com/archive/2005/07/11fa_fact4?printable=true>. Acesso em: 09/04/2007.
- 18 -

extrema, não raro não vence a resistência de alguns homens.71 72 Assim, expressivos esforços
e investimentos (na faixa de bilhões de dólares) passaram a ser destinados ao estudo da mente.
Programas desenvolvidos por serviços de inteligência e por militares - não só norte-
americanos, mas também ingleses, canadenses e israelenses e de outros países em menor
escala - financiaram pesquisas em renomadas universidades, tais como Yale, Cornell, McGill,
Pennsylvania State University e New Hampshire e resultaram em um novo enfoque para a
tortura mais de cunho psicológico (e menos físico) e que atualmente se designa tortura sem
contato ("no touch") ou até "torture light"73 74 75 76 77.

McCoy conclui que a CIA reuniu dois métodos, quais sejam "desorientação sensorial"
e "sofrimento auto-infligido", cuja combinação leva a vítima a se considerar responsável pelo
seu próprio sofrimento, o que a faz capitular mais rapidamente. O historiador define o termo
"desorientação sensorial" como "um ataque em todos os sentidos e sensibilidades - auditivo,
visual, tátil, temporal, térmico, sobrevivência, sexual e cultural. Refinado através de anos de
prática este método utiliza procedimentos simples e até banais - isolamento, ficar em pé,
calor e frio, luz e escuridão, ruído e silêncio - para um ataque sistemático de todos os
sentidos humanos. A fusão destas duas técnicas, desorientação sensorial e sofrimento auto-
infligido, cria a sinergia de trauma físico e psicológico cuja soma resulta na destruição dos
fundamentos da identidade pessoal".78 (grifei)

71
McCOY, Alfred W. A Question of Torture: Cia Interrogation from the Cold War to the War on Terror.
1ª ed. Nova Iorque: Owl Books, Henri Holt and Company, LLC, 2006. p. 8.
72
JURICIC, Paulo. Crime de Tortura. 2ª edição. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2003. p. 7-17.
73
McCOY, Alfred W. A Question of Torture: Cia Interrogation from the Cold War to the War on Terror.
1ª ed. Nova Iorque: Owl Books, Henri Holt and Company, LLC, 2006. Capítulos 1 e 2.
74
CUSICK, Suzanne G. Music as Torture / Music as Weapon e La Musica como Tortura / La Musica como
Arma.. Revista Transcultural de Música. Nº 10. Dezembro/2006. Disponível em:
<www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_eng.htm> e <www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_cas.htm>.
Acesso em: 06/4/2007 e 27/05/2007..
75
DAVISON, Neil. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department of Peace Studies.
University of Bradford. Reino Unido. Occasional Paper No. 1: The Early History of 'Non-Lethal'
Weapons. Dezembro/2006. Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso em
10/6/2007.
76
PROFESSOR McCoy exposes the History of CIA Interrogation, From the Cold War to the War on Terror.
Democracy Now! The War and Peace Report. 17 de fevereiro de 2006. Disponível em:
<www.democracynow.org/2006/2/17/professor_mccoy_exposes_the_history_of>. Acesso em 28/2/2008.
77
BAPTISTA, Manuela Rahal. Tortura. Assim é o terrorismo de Estado. Valor. Fim de Semana EU&. 29 de
fevereiro, 1 e 2 de março de 2008. p. 7.
78
McCOY, Alfred W. A Question of Torture: Cia Interrogation from the Cold War to the War on Terror.
1ª ed. Nova Iorque: Owl Books, Henri Holt and Company, LLC, 2006. p. 8.
- 19 -

Os resultados das pesquisas da CIA foram incorporados no "Kubark


Counterintelligence Interrogation Manual", que data de 1963, e mais tarde no Manual de
Treinamento para Honduras, que data de 1983, e assim disseminados pela Ásia, América
Latina, Irlanda do Norte e América Central nos anos 1970-198079 80
. Há evidência que as
técnicas desenvolvidas pela CIA fizeram parte do "curriculum" da conhecida Escola das
Américas, que teria dado treinamento a forças policiais e militares na América Latina naquele
período.81

Jon Ronson dedica seu livro "The Men Who Stare at Goats" à investigação e análise
das atividades desenvolvidas por certos militares norte-americanos também no campo de
"operações psicológicas", remetendo à organização de uma unidade militar, aparentemente
secreta, criada no final da década de 70 com a missão de explorar os recursos da mente.
Integrantes deste grupo conhecido como o "The First Earth Battalion" acreditavam que
poderiam atravessar paredes e até matar cabras meramente fitando-as. Embora os resultados
destes exercícios sejam obscuros, acredita o autor que diversas práticas hoje em uso podem ter
germinado neste grupo82.

Partindo da premissa que as muitas referências que encontramos na Internet ao Manual


do "The First Earth Batallion" têm alguma credibilidade, extraímos dentre as diversas
práticas e orientações propostas o seguinte: "O uso intencional de som consoante ou
dissonante para obter respostas físicas (tanto audíveis, quanto hipersônicas) e.g., todos os
veículos usarão alto-falantes no ataque e tocarão rock ácido ... fora de sincronia. Enquanto
isto, dentro de nossos transportes armados haverá música rítmica positiva pulsante de
caráter organizador. Freqüências subsônicas bombardearão o inimigo derrubando sua

79
McCOY, Alfred W. A Question of Torture: Cia Interrogation from the Cold War to the War on Terror.
1ª ed. Nova Iorque: Owl Books, Henri Holt and Company, LLC, 2006. p. 10, 11, 92, 93.
80
CUSICK, Suzanne G. Music as Torture / Music as Weapon e La Musica como Tortura / La Musica como
Arma. Revista Transcultural de Música. Nº 10. Dezembro/2006. Disponível em:
<www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_eng.htm> e <www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_cas.htm>.
Acesso em: 06/4/2007 e 27/05/2007..
81
CUSICK, Suzanne G.. "You are in a place that is out of the world…": Music in the Detention Camps of the
"Global War on Terror". Journal of the Society for American Music (2008). vol. 2, nº 1. p. 3. Disponível
em: <www.journals.cambridge.org/production/action/cjoGetFulltext?fulltextid=1674936->. Acesso em:
03/03/2008.
82
RONSON, Jon. The Men Who Stare at Goats. New York: Simon & Schuster, 2004. p. 203.
- 20 -

inteligência". Em resumo: "Rock ritmado [música] em nossos ouvidos; Sons discordantes


para eles [o inimigo]83.

Contribuíram também para o desenvolvimento das tecnologias não-letais a


necessidade das forças policiais norte-americanas de conter com eficiência os protestos e
tumultos da década de 70. Consta que só a partir de 1960 um grupo de recursos passou a ser
designado "não-letal", sendo o primeiro deles os agentes químicos.84

Quanto aos armamentos militares propriamente ditos, durante o período da Guerra Fria
o foco estava concentrado na corrida armamentista, especialmente nas armas nucleares. Com
o fim da Guerra Fria, porém, o novo contexto passou a exigir das forças armadas norte-
americanas o uso de recursos apropriados para tropas de paz e para o controle de conflitos
regionais de baixa intensidade. Os projetos militares envolvendo armas não-letais ganharam
força a partir dos anos 80-90, foram posteriormente impulsionados pelo desastre do cerco a
David Koresh e seus seguidores em WACO, Texas, em 1993 (que resultou na morte de 76
pessoas e mais de 20 crianças)85 e, mais recentemente, pelos ataques terroristas.

Cerco a WACO: o FBI utilizou-se dos sons de cantos tibetanos budistas,


gaitas de fole, gritos das gaivotas, rotação de hélices de helicópteros, aparelhos
de dentista, sirenes, coelhos moribundos, trem e a música de Nancy Sinatra
"These Boots are Made for Walking". Conforme relato de um dos sobreviventes,
raramente uma música era tocada até o final. Os sons eram distorcidos, ora
retardando-os ou acelerando-os. Sugere-se, inclusive, o uso de mensagens
subliminares.86

Atualmente, diversos são os órgãos governamentais, especialmente das nações mais


abastadas, voltados ao estudo e desenvolvimento de armamentos e tecnologias não-letais. A

83
CHANNON, Jim. The First Earth Battalion: Dare to Think the Unthinkable, Ideas and Ideals for Soldiers
Everywhere. Journal of Non-Lethal Combatives. Fevereiro/2000. Disponível em:
<www.ejmas.com/jnc/jncart_channon_0200.htm>. Acesso em: 06/04/2007.
84
DAVISON, Neil. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department of Peace Studies.
University of Bradford. Reino Unido. Occasional Paper No. 1: The Early History of 'Non-Lethal'
Weapons. Dezembro/2006. Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso em
10/6/2007.
85
DAVISON, Neil. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department of Peace Studies.
University of Bradford. Reino Unido. Occasional Paper No. 2: The Development of 'Non-Lethal' Weapons
During the 1990's. Março/2007. p. 5. Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso
em: 10/06/2007.
86
RONSON, Jon. The Men Who Stare at Goats. New York: Simon & Schuster, 2004. p. 187-188.
- 21 -

título exemplificativo, em 1986 o National Institute of Justice ("NIJ"), agência do


Departamento de Justiça norte-americano, instituiu o Less Lethal Program e, em 1997, o
Departamento de Defesa norte-americano instituiu o "Joint Non-Lethal Weapons Program"
("JNLWP"), coordenado pelo "Joint Non-Lethal Weapons Directorate" ("JNLWD"), com
incumbência de pesquisar e desenvolver armas não-letais e que tem dado ênfase considerável
aos armamentos acústicos.87 De longe, os militares norte-americanos são atualmente
responsáveis pelos maiores investimentos em pesquisa e armamentos não-letais.88 89

Em 1990, por ocasião do 8º Congresso das Nações Unidas para a Prevenção do Crime
e o Tratamento dos Delinqüentes, foram aprovados os "Princípios Básicos sobre a Utilização
da Força e de Armas de Fogo pelos Funcionários Responsáveis pela Aplicação das Leis" que
recomendou a busca de armamentos alternativos com o fim de limitar o recurso a meios que
possam causar mortes ou lesões corporais.

Em 1994, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) tomou a iniciativa de


criar um grupo de estudo para analisar a contribuição de armamentos não-letais para a
administração de crises e operações de paz. Em 2000, foram instituídos três grupos técnicos
voltados aos armamentos não-letais, um dos quais destinado especificamente à avaliação dos
impactos em humanos das tecnologias não-letais, incluindo as tecnologias e recursos
acústicos em uso e em desenvolvimento. Dentre as justificativas para estes estudos consta a
indisponibilidade de informações por questões proprietárias ou de segurança nacional.90

Vale citar que o departamento de estudos da paz da Universidade de Bradford na


Inglaterra mantém um projeto de pesquisa de armas não-letais designado "The Bradford Non-
87
JOINT NON-LETHAL WEAPONS PROGRAM - Acquisition Programs (Acoustic Hailing Device and
Improved Flash Bang Granade). 11 de outubro de 2007. Disponível em: <www.jnlwp.com/acqprograms.asp>.
Acesso em: 16/11/2007.
88
NICK, Lewer. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department of Peace Studies.
University of Bradford. Reino Unido. Research Report No. 2. Junho/1998. Disponível em:
<www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso em: 10/06/2007.
89
DAVISON, Neil. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department of Peace Studies.
University of Bradford. Reino Unido. Occasional Paper No. 3: The Contemporary Development of 'Non-
Lethal' Weapons. Maio/2007. p. 26. Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso
em: 10/06/2007.
90
NATO RESEARCH AND TECHNOLOGY ORGANISATION. The Human Effects of Non-Lethal
Technologies. RTO-TR-HFM-073. Agosto/2006. p.1. Disponível em:
<www.rta.nato.int/Pubs/rdp.asp?RDP=RTO-TR-HFM-073>. Acesso em: 13/08/2007.
- 22 -

Lethal Weapons Research Project" ("BNLWRP") que tem por objetivo, dentre outros, rever e
descrever as armas e tecnologias não-letais em uso e em desenvolvimento, inclusive
tecnologias acústicas. Diversos e extensos relatórios foram produzidos desde 1997 com foco
preponderante nos projetos desenvolvidos pelos norte-americanos e respectivos
91
investimentos.

Não menos importante são os estudos abrangentes e investigativos publicados por


Suzanne G. Cusick (New York University) acerca do uso recente de armas acústicas e música
pelos norte-americanos nos campos de batalha e nos centros de detenção, no período que se
seguiu ao fim da Guerra Fria, designados: "Music as Torture/Music as Weapon" e "'You are in
a place that is out of the world...': Music in the Detention Camps of the 'Global War on
Terror'". Ressalta que a primeira vez que esta prática veio a público foi em 1989 quando
tropas americanas usaram música em alto-volume durante o cerco a Noriega no Panamá e
analisa os fatos que vieram à luz no tocante a rotinas com música durante os interrogatórios
de presos no Afeganistão, Iraque e Guantánamo e que serão endereçadas mais adiante.92 93

Cerco à Embaixada do Vaticano no Panamá: grupos de operações


psicológicas norte-americanos trouxeram alto-falantes presos em caminhões,
irradiando rock: "Welcome to the Jungle" - de Guns N' Roses, Led Zeppelin e
Twisted Sister. Consta que Noriega era apreciador de ópera e que "rock and roll"
era muito do seu desagrado.94 95 96

91
www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/
92
CUSICK, Suzanne G. Music as Torture / Music as Weapon e La Musica como Tortura / La Musica como
Arma.. Revista Transcultural de Música. Nº 10. Dezembro/2006. Disponível em:
<www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_eng.htm> e <www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_cas.htm>.
Acesso em: 06/4/2007 e 27/05/2007.
93
CUSICK, Suzanne G.. "You are in a place that is out of the world…": Music in the Detention Camps of the
"Global War on Terror". Journal of the Society for American Music (2008). vol. 2, nº 1. p. 1-26. Disponível
em: <www.journals.cambridge.org/production/action/cjoGetFulltext?fulltextid=1674936->. Acesso em:
03/03/2008.
94
RONSON, Jon. The Men Who Stare at Goats. New York: Simon & Schuster, 2004. p. 192.
95
TORTURER'S JUKEBOX. The Guardian. 24 de abril de 2007. Disponível em:
<www.guardian.co.uk/guantanamo/story/0,,2064092,00.html>. Acesso em: 10/06/2007.
96
SURRENDING after facing the music. The New York Times. 09 de novembro de 1997. Disponível em:
<www.query.nytimes.com/gst/fullpage.html?sec=health&res=9C01E3D61439F93AA35752...>. Acesso em:
10/06/2007.
- 23 -

Em fevereiro de 2007, a Sociedade de Etnomusicologia (sediada no campus da


Universidade de Indiana, Estados Unidos), aprovou uma declaração expressamente
condenando o uso da música em tortura.97

2.1. Práticas não-letais - Brasil

As armas não-letais parecem menos conhecidas e difundidas no Brasil do que em


algumas outras partes do mundo. Um estudo elaborado por um coronel da polícia militar
analisa o uso de meios não-letais na ação policial e informa que em 2000 houve uma alteração
nos currículos policiais relacionado ao uso da força, embora o autor indique que um
contraponto às armas não-letais seja o seu eventual uso na tortura (exigindo controle para
evitar a utilização com fins criminosos).98

Em julho de 2006, realizou-se em Brasília o 1º Seminário Internacional de


Tecnologias Não-Letais com a presença de autoridades e renomados especialistas locais e
internacionais.99

No Brasil, as armas não-letais estão sujeitas ao controle e fiscalização do Exército e


somente podem ser adquiridas por entidades devidamente autorizadas (como é o caso das
forças armadas, polícias, guardas municipais e empresas de segurança). As armas não-letais
mereceram atenção da imprensa por ocasião dos Jogos Pan-Americanos em 2007;100 101 fazem

97
THE SOCIETY FOR ETHNOMUSICOLOGY. Position Statement on Torture. 02 de fevereiro de 2007.
Acesso em: <www.webdb.iu.edu/sem/scripts/aboutus/aboutsem/positionstatements/position_statement...>.
Acesso em: 12/10/2007.
98
SANDES, Wilquerson Felizardo. Uso não-letal da Força na Ação Policial: Inteligência, Pesquisa,
Tecnologia e Intervenção Sócio-Educativa. Fórum Brasileiro de Segurança Pública. 24 de setembro de
2007. Disponível em: <www.forumseguranca.org/br/artigos/uso-nao-letal-da-forca-na-acao-policial>. Acesso
em: 12/10/2007.
99
BEDINELLI, Talita. Evento promove o uso de arma não-letal. Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento - Brasil. 21 de julho de 2006. Disponível em:
<www.pnud.org.br/seguranca/reportagens/index.php?id01=2145&lay=jse>. Acesso em: 02/09/2007.
100
ARMAS NÃO LETAIS. Fantástico. Globo. 23 de julho de 2006. Disponível em:
<www.fantastico.globo.com/Portal/jornalismo/fantastico/cda/artigo/glb_fantastico_versao_im...>. Acesso em:
01/08/2007.
101
ALVES, Ernani. Rio: polícia deve usar armas não-letais após o Pan. Terra. 09 de julho de 2007. Disponível
em: <www.noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI1745178-EI5030,00.html>. Acesso em:: 01/08/2007.
- 24 -

parte, por exemplo, do arsenal do BOPE,102 103


e seu uso é cada vez mais noticiado pela
imprensa.

3. Arsenal Acústico

De modo geral, armamentos que se utilizam de energia acústica visam produzir


preponderantemente efeitos no sistema auditivo ou, através do impacto das ondas, em outras
partes do corpo humano, sem prejuízo do efeito psicológico (medo e pânico).104 John B.
Alexander (militar norte-americano e autor de obras sobre armas não-letais) relata a influência
do som nas freqüências audíveis (i.e., entre 20 e 20.000 Hz) no comportamento e no estado
emocional, lembrando do efeito da música e dos sons nos filmes.105

O jornalista David J. Peisner, em sua entrevista para o programa "On the Media", em
setembro de 2007, produzido pela WNYC - New York Public Radio, disse ter tido contato
com um integrante de uma unidade PsyOp (operações psicológicas) norte-americana106 do
Vietnã que declarou que o episódio "Wagner" em "Apocalypse Now" não aconteceu na
realidade. Porém, mencionou a existência de uma gravação chamada "The Wandering Soul"
("A Alma que Perambula") que representaria uma fábula vietnamita contando aos VietCongs
que eles iriam morrer e que suas almas percorreriam a terra para sempre, tendo ao fundo sons
atonais arrepiantes. Esta fita teria sido tocada nos barcos subindo os rios com o intuito de
fazer com que os VietCongs saíssem da floresta. Os resultados, porém, reconhece Peisner, são
difíceis de mensurar.

102
PARRINI, Luigi. Uso de força não-letal é rotina nas abordagens policiais. USP Notícias. 21 de agosto de
2007. Disponível em: <www.noticias.usp.br/acontece/obterNoticia?codntc=17464&codnucjrn=1>. Acesso em:
07/09/2007.
103
A TROPA REVELADA. Revista Super Interessante. Editora Abril. Novembro/2007. Nº 245. p. 60-67.
104
VINOKUR, Roman. Acoustic Noise as a Non-Lethal Weapon, Sound and Vibration Magazine. 01 de
outubro de 2004. Disponível em: <www.less-lethal.org/web/articles.aspx?group=10>. Acesso em: 28/08/2007;
AMNESTY INTERNATIONAL. The Pain Merchants. Security Equipment and its use in torture and
other ill treatment. AI Index: ACT 40/008/2003. 02 de dezembro de 2003. p. 39. Disponível em:
<www.amnesty.org/library/Index/ENGACT400082003?open&of=ENG-398>. Acesso em: 05/09/2007.
105
ALEXANDER, John B. Armas Não-Letais: Alternativas para Conflitos do Séc. XXI. Rio de Janeiro:
Welser-Itage: Condor, 2003, Parte II - Tecnologias - Acústicos. p. 135-145.
106
THE SOUND of Pain. On the Media, produzido pela WNYC - New York Public Radio, 14 de setembro de
2007. Disponível em: <www.onthemedia.org/transcripts/2007/09/14/07?printable>. Acesso em: 18/09/2007.
- 25 -

Apesar de amplamente divulgados e objeto de pesquisa, há aqueles que questionam os


efeitos propagados acerca do emprego do som ou da eficácia do seu uso com fins não-letais
(quer porque as pesquisas até o momento não confirmam os resultados, quer porque seu uso
em determinadas circunstâncias exige equipamento com mobilidade restrita, especialmente no
caso do infra-som, ou mesmo pelos danos físicos que podem causar, como por exemplo, perda
da audição).107 108

Suzanne G. Cusick diferencia o uso do som no campo de batalha do uso do som nas
salas de interrogatório. No primeiro caso, enfatiza-se os efeitos no corpo humano, enquanto
que no segundo o objetivo é a destruição da subjetividade.109

Outra vantagem apregoada no uso de armas acústicas consiste na boa propagação de


ondas acústicas na presença de fumaça, fogo e poeira e na não contaminação das áreas onde
são utilizadas, ao contrário, por exemplo, do que sucede quando se recorre a agentes
químicos.110

Segue abaixo um resumo simplificado e não exaustivo do arsenal acústico atualmente


em uso:

3.1. Explosivos de Luz e Som ("flash-bang") - São dispositivos multi-sensoriais


que consistem essencialmente em granadas e atiradores que produzem estrondo em alto
volume e clarões cujo objetivo específico é desorientar (podendo, no entanto, causar cegueira,

107
NATO RESEARCH AND TECHNOLOGY ORGANISATION. The Human Effects of Non-Lethal
Technologies - Annex G - NLT and Their Human Effects. RTO-TR-HFM-073. Agosto/2006. p.1. Disponível
em:
<www.rta.nato.int/Pubs/rdp.asp?RDP=RTO-TR-HFM-073>. Acesso em 13/8/2007.
108
JAUCHEM, James R. High-Intensity Acoustics for Military Non-Lethal Applications: A Lack of Useful
Systems. Military Medicine. v. 172. No. 2. Association of Military Surgeons of the U.S.. Fevereiro/2007.
Disponível em: <www.findarticles.com/p/articles/mi-qa3912/is_200702/ai_n18632410/print>. Acesso em:
02/08/2007.
109
CUSICK, Suzanne G. Music as Torture / Music as Weapon e La Musica como Tortura / La Musica como
Arma.. Revista Transcultural de Música. Nº 10. Dezembro/2006. Disponível em:
<www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_eng.htm> e <www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_cas.htm>.
Acesso em: 06/4/2007 e 27/05/2007..
110
ALEXANDER, John B. Armas Não-Letais: Alternativas para Conflitos do Séc. XXI. Rio de Janeiro:
Welser-Itage: Condor, 2003, Parte II - Tecnologias - Acústicos. p. 136-137.
- 26 -

surdez temporária e dor). Armas que usam este princípio estão em uso há mais de 30 anos e
em constante desenvolvimento para incluir, por exemplo, químicos e mau odor.111 112 113 114

Brasil: Os explosivos de luz e som foram bastante noticiados no Brasil por ocasião
dos jogos Pan-Americanos,115 116 117 118
e estão disponíveis no País.119

3.2. Aparelhos Acústicos para Saudação/Chamada - Estes dispositivos se


utilizam de energia acústica audível e têm por objetivo, dentre outros, distrair, repelir e de
modo geral causar sobrecarga sensorial.120

O aparelho mais conhecido é o LRAD ("Long Range Acoustic Device" ou Dispositivo


Acústico de Longa Distância) desenvolvido pela "American Technology Corporation". Trata-
se de um dispositivo que contém emissores acústicos destinados a projetar som audível de alta
intensidade a longa distância em um feixe direcionado, de maneira que só as pessoas dentro
do feixe ouçam o som emitido. Transmite avisos e instruções e também ruído muito alto e

111
DAVISON, Neil. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department of Peace Studies.
University of Bradford. Reino Unido. Occasional Paper No. 3: The Contemporary Development of 'Non-
Lethal' Weapons. Maio/2007. p. 20-23, 32. Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>.
Acesso em 10/6/2007.
112
DAVISON, Neil e LEWER, Nick. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department
of Peace Studies. University of Bradford. Reino Unido. Research Report No. 5. Maio/2004. p. 9. Disponível
em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso em 10/6/2007.
113
JOINT NON-LETHAL WEAPONS PROGRAM. Disponível em: <www.jnlwp.com>.
114
NATO RESEARCH AND TECHNOLOGY ORGANISATION. The Human Effects of Non-Lethal
Technologies. RTO-TR-HFM-073. Agosto/2006. p.1. Disponível em:
<www.rta.nato.int/Pubs/rdp.asp?RDP=RTO-TR-HFM-073>. Acesso em 13/8/2007.
115
ALVES, Ernani. Rio: polícia deve usar armas não-letais após o Pan. Terra. 09 de julho de 2007. Disponível
em: <www.noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI1745178-EI5030,00.html>. Acesso em:: 01/08/2007.
116
GOVERNO do Estado da Paraíba. Estado adquire armas não-letais para uso das polícias. 29 de novembro
de 2006. Disponível em: <www.paraiba.pb.gov.br>. Acesso em: 01/08/2007.
117
ANDREOLA, Márcia. Polícia Militar usará armas não-letais em eventos em massa. Instituto de Terras de
Mato Grosso (Intermat). 07 de agosto de 2006. Disponível em:
<www.intermat.mt.gov.br/html/noticia.php?codigoNoticia=1246&f_assunto=0&f_grup...>. Acesso em:
01/08/2007.
118
ARMAS NÃO LETAIS. Fantástico. Globo. 23 de julho de 2006. Disponível em:
<www.fantastico.globo.com/Portal/jornalismo/fantastico/cda/artigo/glb_fantastico_versao_im...>. Acesso em:
01/08/2007.
119
Condor Tecnologias Não-Letais. Disponível em: www.condornaoletal.com.br. Acesso em: 17/01/2008.
120
NATO RESEARCH AND TECHNOLOGY ORGANISATION. The Human Effects of Non-Lethal
Technologies. Annex G - NLT and Their Human Effects. RTO-TR-HFM-073. Agosto/2006. p.1. Disponível
em:
<www.rta.nato.int/Pubs/rdp.asp?RDP=RTO-TR-HFM-073>. Acesso em 13/8/2007.
- 27 -

irritante. Conforme alguns relatos, produz som de alta freqüência semelhante (ou até mais
forte) ao alarme de detectores de fumaça.121 122
Estes aparelhos podem também causar
explosões de intensa energia acústica para incapacitar e causar desorientação espacial.123 124

O uso de protetores aparentemente não ofereceria proteção suficiente.125

O LRAD, que não é considerado uma arma, alcança distâncias que podem exceder
300-500 m com som que atinge 145dB - 151dB (dependendo do aparelho), sendo destinado a
uso comercial (e.g., proteção de embarcações, plataformas de gás e petróleo), governamental
(e.g., controle de protestos, em barreiras) e militar. Consta no site da American Technology
Corporation que o LRAD foi desenvolvido em resposta ao ataque terrorista ao navio US Cole
em 2000 e é um "dispositivo acústico de saudação e advertência destinado a comunicar com
autoridade, afetar comportamento e auxiliar na determinação da intenção".126 - Fig. 7

Aparelhos com características do LRAD, conforme a distância e potência empregada,


podem causar desconforto, dor, perda de equilíbrio, vômitos, enxaqueca e até perda auditiva
(além de efeitos psicológicos como o pânico)127.

Outras empresas estão desenvolvendo aparelhos similares. Os israelenses criaram um


aparelho com nome bastante sugestivo, "The Scream", que emite um feixe acústico de alta
freqüência destinado a incapacitar pessoas. Pode causar tontura, náusea e perda auditiva.128

121
ARMAS DO FUTURO. Arma LRAD. Discovery Channel. Disponível em:
<www.discoverybrasil.com/armasdofuturo/galeria_armas/6/index.shtml>. Acesso em: 06/01/2008.
122
TECHNOLOGY: Troops get high-tech noisemaker. CNN.com. 03 de março de 2004. Disponível em:
<www.cnn.com/2004/TECH/ptech/03/03/sonic.weapon.ap/>. Acesso em: 11/10/2007.
123
CUSICK, Suzanne G. Music as Torture / Music as Weapon e La Musica como Tortura / La Musica como
Arma.. Revista Transcultural de Música. Nº 10. Dezembro/2006. Disponível em:
<www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_eng.htm> e <www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_cas.htm>.
Acesso em: 06/4/2007 e 27/05/2007..
124
NON-LETHAL DIRECTED ENERGY WEAPONS. 05 de maio de 2006. Disponível em: <www.defense-
update.com/features/du-1-05/nlw-dew.htm>. Acesso em 27/05/2007.
125
VINOKUR, Roman. Acoustic Noise as a Non-Lethal Weapon, Sound and Vibration Magazine. 01 de
outubro de 2004. Disponível em: <www.less-lethal.org/web/articles.aspx?group=10>. Acesso em: 28/08/2007.
126
www.atcsd.com - American Technology Corporation
127
VINOKUR, Roman. Acoustic Noise as a Non-Lethal Weapon, Sound and Vibration Magazine. 01 de
outubro de 2004. Disponível em: <www.less-lethal.org/web/articles.aspx?group=10>. Acesso em: 28/08/2007.
128
DAVISON, Neil e LEWER, Nick. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department
of Peace Studies. University of Bradford. Reino Unido. Research Report No. 8. Março/2006. p. 35.
Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso em 10/6/2007.
- 28 -

Ênfase considerável tem sido dado às pesquisas e tecnologias envolvendo recursos acústicos
e, em especial, os direcionados.129 130 131 132 133

Suzanne G. Cusick134 menciona que estes aparelhos podem também direcionar música
e sugere que muito provavelmente os LRADs foram usados para preparar o campo de batalha
na tomada de Fallujah (Iraque), bombardeando a cidade com as músicas "Hells Bells" e
"Shoot to Thrill" (AC/DC), entre outras. Conforme relato de um porta-voz do comando de
operações psicológicas norte-americano (os conhecidos PsyOps), tais recursos têm ótimos
resultados em centros urbanos como Fallujah onde o som reverbera nas paredes, com o
objetivo de desorientar o inimigo e ganhar vantagem tática. O porta-voz afirma que: "O heavy
metal que tortura os Iraquianos ajuda os soldados Norte-Americanos com saudades de casa";
e que: "Quase tudo que você faça para demonstrar sua onipotência ou ausência de medo
serve para derrubar o inimigo". Afirma, ademais, que ao impedir o descanso, diminui-se a
habilidade do inimigo para a luta. Consta também que embora o uso do som tenha sido
decidido pelo comando, a escolha da música foi feita pelos soldados em campo. Mas, alerta o
porta-voz militar norte-americano, estas táticas podem ter efeito inesperado e motivar o
inimigo e que é necessário conhecer os ouvidos que serão atacados. Lembra que na 2ª Guerra

129
DAVISON, Neil e LEWER, Nick. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department
of Peace Studies. University of Bradford. Reino Unido. Research Report No. 4. Dezembro/2003. p. 8.
Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso em 10/6/2007.
130
DAVISON, Neil e LEWER, Nick. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department
of Peace Studies. University of Bradford. Reino Unido. Research Report No. 7. Maio/2005. p. 17.
Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso em 10/6/2007.
131
DAVISON, Neil. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department of Peace Studies.
University of Bradford. Reino Unido. Occasional Paper No. 3: The Contemporary Development of 'Non-
Lethal' Weapons. Maio/2007. p. 22,23,34,38,39. Disponível em:
<www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso em 10/6/2007.
132
TECHNOLOGY. Joint Non-Lethal Weapons Program. Disponível em: <www.jnlwp.com/technology.asp>.
Acesso em: 17/06/2007.
133
NATO RESEARCH AND TECHNOLOGY ORGANISATION. The Human Effects of Non-Lethal
Technologies. Annex G - NLT and Their Human Effects. RTO-TR-HFM-073. Agosto/2006. p.1. Disponível
em:
<www.rta.nato.int/Pubs/rdp.asp?RDP=RTO-TR-HFM-073>. Acesso em 13/8/2007.
134
CUSICK, Suzanne G. Music as Torture / Music as Weapon e La Musica como Tortura / La Musica como
Arma.. Revista Transcultural de Música. Nº 10. Dezembro/2006. Disponível em:
<www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_eng.htm> e <www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_cas.htm>.
Acesso em: 06/4/2007 e 27/05/2007..
- 29 -

a propaganda alemã e japonesa (Tokyo Rose) contra os aliados era intercalada por música
apreciada pelos soldados norte-americanos.135

Brasil: Também aqui o uso de alto-falantes em operações militares já foi bastante


noticiado. O conhecido "Caveirão" é um carro blindado semelhante a um carro-forte,
adaptado para fins militares, e tem este nome em virtude do emblema do BOPE - uma caveira
empalada numa espada sobre duas pistolas na lateral do veículo. Possui uma torre de tiro e
tem capacidade para transporte de policiais com armas pesadas. Os "Caveirões" possuem alto-
falantes montados na parte externa anunciando sua chegada. Irradiam música com mensagens
intimidativas ("Se você deve, eu vou pegar a sua alma"; "Homem de preto, qual é a sua
missão: é invadir barraco e deitar corpo no chão").136 Há relatos da postura agressiva do
"Caveirão" que já foi inclusive objeto de relatórios da Anistia Internacional de 2006 e de
2007. 137 138 139 - Fig. 8

3.3. O Mosquito - Embora sem propósitos bélicos, este dispositivo emite som de
alta freqüência inaudível para adultos semelhante ao barulho do mosquito e tem por finalidade
afastar adolescentes.140 141

135
DeGREGORY, Lane. Iraq'n roll. St. Petersburg Times OnLine Tampa Bay, 21 de novembro de 2004.
Disponível em: <www.stpetersburgtimes.com/2004/11/21/Floridian/Iraq_n_roll.shtml>. Acesso em:
07/01/2008.
136
ANISTIA INTERNACIONAL. Vim Buscar sua Alma: o caveirão e o policiamento no Rio de Janeiro (We
have come to take your souls: The caveirão and policing in Rio de Janeiro). Índice AI: AMR 19/007/2006.
Disponível em: <www.amnesty.org/en/report/info/AMR19/007/2006>. Acesso em: 06/01/2008; e "Brasil -
Entre o ônibus em chamas e o caveirão": em busca da segurança cidadã. Índice AMR 19/010/2007.
Disponível em <www.br.amnesty.org/imprimir_noticia.shtml?cmd[391]=i-391-
89a1512abdc6a91778a02be...>. Acesso em 19/11/2007.
137
LOIOLA, Mariana. Terror Oficial. Fórum de Entidades Nacionais de Direitos Humanos. 09 de junho de
2006. Disponível em:
<www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1440&Itemid=2>. Acesso em:
22/08/2007.
138
LÍDERES DO ALEMÃO denunciam abuso de Policiais. Tribuna da Imprensa Online. 25 de maio de 2007.
Disponível em: <www.tribuna.inf.br/anteriores/2007/maio/25/noticia.asp?noticia=pais07>. Acesso em:
23/08/2007.
139
AILDICAPANI, Rafael. A navalha e o caveirão. Jornal de Jundiaí. 02 de junho de 2007. Disponível em:
<www.portaljj.com.br/interna.asp?Int_IDSecao=6&int_id=20909>. Acesso em: 14/10/2007.
140
DAVISON, Neil e LEWER, Nick. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department
of Peace Studies. University of Bradford. Reino Unido. Research Report No. 8. Março/2006. p. 35.
Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso em 10/6/2007.
141
BARRY. Mosquito Repels Youths. CBN News. País de Gales. 5 de dezembro de 2005. Disponível em:
<www.cbsnews.com/stories/2005/12/05/earlyshow/living/main/1095665.shtml>. Acesso em: 19/04/2007.
- 30 -

3.4. Explosões Sônicas - Há relatos do uso por israelenses contra civis em


territórios palestinos e na 1ª Guerra do Golfo de aviões militares supersônicos durante
períodos sucessivos, especialmente à noite, rompendo a barreira do som e criando
"explosões", que causam desconforto auditivo, sangramento de nariz, tremores, ataques de
pânico, estresse e abortos.142 143

Com relação aos recursos abaixo, é possível inferir do material disponível que:

3.5. Ultra-Som - Há pesquisas em andamento envolvendo o uso de energia acústica


em freqüências inaudíveis (acima de 20 Khz), em especial o uso de feixes ultrassônicos que
combinados causariam freqüências audíveis e também de energias direcionadas para produzir
desconforto ou dor na superfície do corpo.144

3.6. Infra-Som - A informação disponível sobre a pesquisa e o uso do infra-som


(i.e., freqüências inferiores a 20Hz) é controvertida. Os efeitos no corpo humano incluiriam
desde incômodo, distração, desorientação, náusea, vômitos, dor intestinal, diarréia,
sangramentos e ruptura de tecidos, podendo ser letal, e seriam variáveis em função das
particularidades de cada caso (i.e., freqüência, pressão, características do indivíduo). Alguns
cientistas afirmam que há muita especulação e pouco de concreto nesta área. Ao que tudo
indica, os resultados das pesquisas ainda não endossam a utilização do infra-som como
recurso não-letal. Tendo em vista a dificuldade de direcionamento e a energia exigida, dentre

142
DAVISON, Neil e LEWER, Nick. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department
of Peace Studies. University of Bradford. Reino Unido. Research Report No. 8. Março/2006. p. 35.
Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso em 10/6/2007.
143
CUSICK, Suzanne G. Music as Torture / Music as Weapon e La Musica como Tortura / La Musica como
Arma.. Revista Transcultural de Música. Nº 10. Dezembro/2006. Disponível em:
<www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_eng.htm> e <www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_cas.htm>.
Acesso em: 06/4/2007 e 27/05/2007..
144
NATO RESEARCH AND TECHNOLOGY ORGANISATION. The Human Effects of Non-Lethal
Technologies - Annex G - NLT and Their Human Effects. RTO-TR-HFM-073. Agosto/2006. Disponível em:
<www.rta.nato.int/Pubs/rdp.asp?RDP=RTO-TR-HFM-073>. Acesso em 13/8/2007.
- 31 -

outras causas, aparentemente as pesquisas nesta área teriam sido suspensas pelo JNLWP.145
146 147 148 149 150 151 152

3.7. "Círculos Vortex" - Há indicação de dispositivos em desenvolvimento que


produziriam ruído, ondas de impacto e "vortices", os quais poderiam ser usados para o
transporte de produtos químicos. Relatos dão conta de dispositivos que produzem um vortex
de 30 a 50 m por segundo.153 154 155

145
DAVISON, Neil. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department of Peace Studies.
University of Bradford. Reino Unido. Occasional Paper No. 3: The Contemporary Development of 'Non-
Lethal' Weapons. Maio/2007. p. 34. Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso
em 10/6/2007.
146
DAVISON, Neil. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department of Peace Studies.
University of Bradford. Reino Unido. Occasional Paper No. 2: The Development of 'Non-Lethal' Weapons
During the 1990's. Março/2007. p. 15. Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>.
Acesso em 10/6/2007.
147
ALTMANN, Jurgen. Acoustic Weapons - A Prospective Assessment. Science & Global Security. Taylor &
Francis. 2001. v. 9. p. 165-234.
148
DAVIES, Alex. Acoustic Trauma: Bioeffects of Sound. BFA Honours. University of New South Wales, p.
4-5. Disponível em: <www.schizophonia.com/installation/trauma/trauma_thesis/index.htm>. Acesso em:
02/07/2007.
149
NATO RESEARCH AND TECHNOLOGY ORGANISATION. The Human Effects of Non-Lethal
Technologies - Annex G - NLT and Their Human Effects. RTO-TR-HFM-073. Agosto/2006. Disponível em:
<www.rta.nato.int/Pubs/rdp.asp?RDP=RTO-TR-HFM-073>. Acesso em 13/8/2007.
150
JAUCHEM, James R. High-Intensity Acoustics for Military Non-Lethal Applications: A Lack of Useful
Systems. Military Medicine. v. 172. No. 2. Association of Military Surgeons of the U.S.. Fevereiro/2007.
Disponível em: <www.findarticles.com/p/articles/mi-qa3912/is_200702/ai_n18632410/print>. Acesso em:
02/08/2007.
151
ALTMANN, Jurgen. 4th European Symposium of Non-Lethal Weapons. Ettlingen. Alemanha. 21-23 de maio
de 2007. Discussion Forum 1, Acoustic Weapons and Hailing Devices. Disponível em: <www.non-lethal-
weapons.com/sys04/F1_acoustic_weapons_and_hailing_devices.pdf>. Acesso em: 07/01/2008.
152
VINOKUR, Roman. Acoustic Noise as a Non-Lethal Weapon, Sound and Vibration Magazine. 01 de
outubro de 2004. Disponível em: <www.less-lethal.org/web/articles.aspx?group=10>. Acesso em: 28/08/2007.
153
NATO RESEARCH AND TECHNOLOGY ORGANISATION. The Human Effects of Non-Lethal
Technologies - Annex G - NLT and Their Human Effects. RTO-TR-HFM-073. Agosto/2006. Disponível em:
<www.rta.nato.int/Pubs/rdp.asp?RDP=RTO-TR-HFM-073>. Acesso em 13/8/2007.
154
ALTMANN, Jurgen. 4th European Symposium of Non-Lethal Weapons. Ettlingen. Alemanha. 21-23 de maio
de 2007. Discussion Forum 1, Acoustic Weapons and Hailing Devices. Disponível em: <www.non-lethal-
weapons.com/sys04/F1_acoustic_weapons_and_hailing_devices.pdf>. Acesso em: 07/01/2008.
155
JAUCHEM, James R. High-Intensity Acoustics for Military Non-Lethal Applications: A Lack of Useful
Systems. Military Medicine. v. 172. No. 2. Association of Military Surgeons of the U.S.. Fevereiro/2007.
Disponível em: <www.findarticles.com/p/articles/mi-qa3912/is_200702/ai_n18632410/print>. Acesso em:
02/08/2007.
- 32 -

4. Tortura: Breves Considerações Gerais

A tortura foi historicamente utilizada como meio de obtenção de provas (através da


confissão e delação) e informações e como pena (satisfação do crime e, para alguns, dos
instintos sádicos do torturador ou mesmo da multidão)156 157. Foi por séculos a tortura também
empregada (inclusive no Brasil) contra aqueles que afrontavam o poder, sendo esta a razão
dos suplícios serem públicos.158 A partir de meados do século XVIII e começo do XIX, no
entanto, verificou-se uma modificação nas práticas punitivas, que passaram a ser menos
físicas, desaparecendo então os suplícios. Para Michel Foucault as práticas punitivas se
tornaram pudicas, definindo-se uma nova moral ao próprio ato de punir: "Não tocar mais no
corpo, ou o mínimo possível, e para atingir nele algo que não é corpo propriamente". E, aduz
mais adiante: "Se não é mais ao corpo que se dirige a punição, em suas formas mais duras,
sobre o que, então, se exerce? A resposta dos teóricos - daqueles que abriram, por volta de
1.780, o período que ainda não se encerrou - é simples, quase evidente. Dir-se-ia inscrita na
própria indagação. Pois não é mais o corpo, é a alma. A expiação que tripudia sobre o corpo
deve suceder um castigo que atue, profundamente, sobre o coração, o intelecto, a vontade, as
disposições ...". E, ainda, "Para efeito dessa nova retenção, um exército inteiro de técnicos
veio substituir o carrasco, anatomista imediato do sofrimento: os guardas, os médicos, os
capelães, os psiquiatras, os psicólogos, os educadores, ...".159

Brasil: No Brasil, a tortura é "prática social solidamente incorporada à nossa


tradição cultural"160, herança dos métodos da inquisição, do período escravagista e das
ditaduras. Apesar de vedada pela Constituição de 1988, pela legislação ordinária e por
convenções internacionais subscritas pelo Brasil, são constantes as denúncias sobre sua

156
BIAZEVIC, Daniza Maria Haye. A História da Tortura. Doutrina Jus Navegandi. Dezembro/2004.
Disponível em: <www.jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8505>. Acesso em: 01/10/2007.
157
MANNIX, Daniel P. The History of Torture. 2ª edição. Nova Iorque: Dell Publishing Co. Inc.. 1983. p. 39.
158
COIMBRA, Cecília Maria Bouças. Tortura no Brasil como Herança Cultural dos Períodos Autoritários.
Revista CEJ. Brasília. Maio/agosto 2001. Nº 14. p. 5-13. Disponível em:
<www.cjf.gov.br/revista/numero14/artigo1.pdf >. Acesso em: 06/01/2008.
159
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir. 33ª Edição. Petrópolis: Editora Vozes. 2007. p. 12 -18.
160
BIAZEVIC, Daniza Maria Haye. A História da Tortura. Doutrina Jus Navegandi. Dezembro/2004.
Disponível em: <www.jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8505>. Acesso em 01/10/2007.
- 33 -

prática cometida em geral por forças policiais, agentes penitenciários e funcionários de


centros de internação de adolescentes.161 162 163 164

Uma pesquisa encomendada por Veja por ocasião do lançamento do filme Tropa de
Elite constatou que 51% dos espectadores - uma apertada maioria - desaprova a tortura com o
fim de obter confissões.165 Um relatório recente da Organização das Nações Unidas alerta
acerca da tortura no País.166

5. Som: Tortura - Abusos - Maus Tratos

São diversos os relatos na imprensa e provenientes de organizações de direitos


humanos acerca do uso de som ou sua ausência na tortura e nas prisões (não só pelos norte-
americanos), geralmente cumulado com outras práticas destinadas a atacar o indivíduo
sensorialmente (e.g., isolamento, encapuzamento, alternância de temperatura, privação de
sono, posições de stress, luzes).

Nos anos 70, no caso Irlanda v. Reino Unido, a Corte Européia de Direitos Humanos
examinou procedimentos utilizados durante interrogatórios pelos ingleses, que incluíam ruído

161
BRASIL. Constituição Federal (1988). Art. 5º, III e XLIII; BRASIL. Lei nº 9.455, de 07 de abril de 1997, com
a redação da Lei nº 10.741, de 2003 (Define os crimes de tortura e dá outras providências); Convenção das
Nações Unidas Contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes de 1984,
aprovada pelo Decreto Legislativo nº 4, de 23 de maio de 1989 e promulgada pelo Decreto nº 40, de 15 de
fevereiro de 1991; Convenção Interamericana para Prevenir e Punir a Tortura concluída em Cartagena em
dezembro de 1985, aprovada pelo Decreto Legislativo nº 5, de 31 de maio de 1989 e promulgada pelo Decreto
nº 98.386, de 09 de novembro de 1989.
162
COIMBRA, Cecília Maria Bouças. Tortura no Brasil como Herança Cultural dos Períodos Autoritários.
Revista CEJ. Brasília. Maio/Agosto 2001. Nº 14. p. 5-13. Disponível em:
<www.cjf.gov.br/revista/numero14/artigo1.pdf >. Acesso em: 06/01/2008.
163
COIMBRA, Cecília Maria Bouças. Tortura Ontem e Hoje: Resgatando uma Certa História. Psicologia em
Estudo. Julho/Dezembro 2001. v. 6. Nº 2. p. 11-19. Disponível em:
<www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1413-
73722001000200003&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 30/10/2007.
164
MESQUITA, Paulo e MARQUES, Gorete. Prevenção e Controle da Tortura no Brasil. Núcleo de Estudos
da Violência. 2007. Disponível em:
<www.nevusp.org/portugues/index.php?option=com_content&task=view&id=986&I...>. Acesso em
27/2/2008.
165
CARNEIRO, Marcelo. A realidade, só a realidade. Veja.com. Edição 2030. 17 de outubro de 2007.
Disponível em: <www.veja.abril.com.br/171007/p_080.shtml>. Acesso em: 07.01.2008.
166
UNITED NATIONS. Committee against Torture. 23 de novembro de 2007. CAT/C/39/2. Report on Brazil
produced by the Committee under Article 20 of the Convention and Reply from the Government of
Brazil.
- 34 -

incessante (durante uma semana), sibilante e em alto volume. Há referências a ruído contínuo
e monótono. Ao que tudo indica usou-se ruído apenas e não música. Alguns interrogados se
lembram de ruídos de turbinas de avião, de ar comprimido escapando e de helicópteros.167 Os
irlandeses detidos recordam que a submissão ao ruído foi de tal ferocidade que acabou sendo
para eles a pior parte do sofrimento. Uma das vítimas desenvolveu hipersensibilidade a ruído
a ponto de se incomodar com o som de um pente ao ser colocado sobre a prateleira do
banheiro.168 169

O uso de música em alto volume (dentre outras práticas) durante interrogatórios pelas
forças de segurança israelenses também foi submetido em 1999 ao crivo da Suprema Corte de
Israel, em sessão plenária. Em realidade, o uso de música em alto volume por períodos
prolongados durante interrogatórios já havia sido questionado pelo Comitê contra Tortura das
Nações Unidas em 1997, considerando inclusive a combinação de outros procedimentos (i.e.,
posições dolorosas, encapuzamento, privação de sono, ameaças, sacudidas e baixas
temperaturas)170 171 172 173 174

Um relatório produzido pela organização Human Rights Watch em 1994 já descrevia o


uso da música durante interrogatórios pelas forças de segurança israelenses e oferece mais

167
CONROY, John. Unspeakable Acts, Ordinary People. The Dynamics of Torture. An Examination of the
Practise of Torture in Three Democracies. California: University of California Press. 2001. p. 6-42.
168
BAYOUMI, Moustafa. Disco Inferno. The Nation. 26 de dezembro de 2005. Disponível em:
<www.thenation.com/doc/20051226/bayoumi>. Acesso em 12/10/2007.
169
EUROPEAN COURT OF HUMAN RIGHTS. Ireland v. The United Kingdom - 5310/71 [1978] ECHR 1
(18 de Janeiro de 1978), items 19, 20, 96. Disponível no European Court of Human Rights Portal - HUDOC
Collection (ECHR Document Collections).
170
UNITED NATIONS. Convention Against Torture and Other Cruel, Inhuman or Degrading Treatment or
Punishment. CAT/C/54 Add. 1. 04 de julho de 2001. Committee against Torture. Consideration of Reports
Submitted by States Parties under Article 19 of the Convention. Addendum Israel. Disponível em UN
Search: <www.unhchr.ch/tbs/doc.nsf(symbol)CAT.C.54.Add.1.En?Opendocument>. Acesso em: 25/09/2007.
171
UNITED NATIONS. Office of the High Commissioner for Human Rights. Concluding observations of the
Committee against Torture: Israel. 09/05/1997. A/52/44. p. 253-260. Disponível em UN Search:
www.unhchr.ch/tbs/doc.nsf/0/69b6685c93d9f25180256498005063da?Opendocument>. Acesso em:
07/01/2008.
172
BIAZEVIC, Daniza Maria Haye. A História da Tortura. Doutrina Jus Navegandi. Dezembro/2004. p. 15.
Disponível em: <www.jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=8505>. Acesso em: 01/10/2007.
173
ISRAEL Supreme Court bans interrogation abuse of Palestinians. CNN.com. 06 de setembro de 1999.
Disponível em: <www.edition.cnn.com/World/meast/9909/06/israel.torture/>. Acesso em: 27/01/2008.
174
THE Supreme Court of Israel sitting as the High Court of Justice. The Graduate Institute, Geneva, L'Institut de
haute etudes internationals et du developpement. Disponível em:
<hei.unige.ch/~clapham/hrdoc/docs/terrorisraeljudgment.pdf>. Acesso em 27/1/2008.
- 35 -

detalhes. Conforme depoimentos dos interrogados, estes acreditavam tratar-se de música


clássica ocidental ou operística, para alguns bizarra e não familiar. O programa musical
variava nas diversas alas de interrogatórios. Um detido informa que foi amarrado à tubulação
na parede e ao ouvir a música a sensação era de que iria morrer. E ainda, quando encapuzado
e submetido a música em alto volume, esta parecia estranha, não natural, como em um
pesadelo ("música de terror"). São descritos sons de mulheres gritando ou brincando com
crianças, a semelhança dos sons usados em filmes de terror e também a intercalação de
silêncio com música em alto volume (com muitos instrumentos tocando ao mesmo tempo,
cada um deles em tempos diferentes). Alguns interrogados afirmam que, embora parecida
com música clássica, jamais tinham ouvido música assim (nem na televisão, nem no rádio).
Há referência a uma fita cassete, que ao final era repetida com som de tambores e guitarras,
dentre outros instrumentos, com variação do tempo, ora muito rápido e ora lento, mas sempre
no mesmo volume. Um detido teria dito que a música era um fragmento de música clássica,
rápida e em alto volume, muito aguda, acompanhada de uma voz fraca.175 As forças de
segurança da Aliança Palestina também foram acusadas de usar música em alto volume e
outras técnicas semelhantes àquelas usadas pelos israelenses durante interrogatórios.176

Em 2000, grupos paramilitares entraram em El Salado, uma pequena vila na Colômbia


e, durante três dias realizaram julgamentos informais. As Forças Armadas e policiais
mantiveram-se à distância. Os paramilitares torturaram, espancaram, esfaquearam e
assassinaram 36 pessoas consideradas simpatizantes da guerrilha esquerdista. Consta que a
operação foi conduzida de forma metódica, em clima de festa macabra. Os paramilitares
ordenaram bebidas e música e iniciaram a violência. Violão, acordeão e tambores foram
tocados. O uso por grupos paramilitares de música em alto volume com o intuito de ameaçar e
intimidar também é reportado pela Anistia Internacional em um episódio acontecido em
2004.177 178 179

175
HUMAN RIGHTS WATCH. Torture and Ill Treatment, Israel's Interrogation of Palestinians from the
Occupied Territories. Junho/1994. Disponível em: <www.hrw.org/reports/1994/israel/>. Acesso em:
27/05/2007.
176
HUMAN RIGHTS WATCH. Palestinian Self-Rule Areas. Torture and Physical Abuse by the Security Forces.
Disponível em: <www.hrw.org/reports/1997/palestina/Israel-05.htm>. Acesso em 21.02.2008.
177
ROHTER, Larry. Exército tolera massacres na Colômbia. Folha Online, 15 de julho de 2000. Disponível em:
<www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft1507200009.htm>. Acesso em: 28/01/2008; e ROHTER, Larry.
Colombians Tell of Massacre, as Army Stood By. The New York Times. 14 de julho de 2000. Disponível em:
- 36 -

Da Europa vem notícias de abusos em delegacias italianas com canções com letras
racistas, resultado de protestos em Genova durante um encontro do G-8 em 2001: "Enquanto
nos batiam, os policiais cantarolavam uma música horrenda que acabei decorando: 'Uno,
due, tre, viva Pinochet, quattro, cinque, sei, a morte gli ebrei, sette, otto, nove, il negretto non
commuove' (Um, dois, três, viva Pinochet, quatro, cinco, seis, morte aos judeus, sete, oito,
nove, o negrinho não comove)".180 Um relatório da Anistia Internacional de 2002 informa que
em um distrito policial da Dinamarca, em pequenos quartos de 2,8m2 destinados a abrigar
detentos, sem ventilação ou iluminação, a fiação das luzes era ligada ao equipamento de som
que tocava música em alto volume quando as luzes se acendiam.181

A BBC noticiou em 2003 que extremistas brancos presos, suspeitos de traição, foram
forçados a ouvir música da preferência negra (por exemplo: rap e ritmo sul-africano kwaito,
que seria uma mistura de hip hop e ritmos tradicionais sul africanos) incessantemente e em
alto volume e que estes alegaram que estavam sendo submetidos a tortura psicológica.182

Também em 2003, a BBC noticiou que prisioneiros de guerra no Iraque estavam sendo
expostos a longos períodos de música repetitiva, sendo o repertório favorito as trilhas sonoras
das séries infantis Vila Sésamo e Dinossauro Barney ("I Love You"), do filme XXX
("Bodies") e rock, especialmente do Grupo Metallica ("Enter Sandman"). O objetivo seria

<www.query.nytimes.com/gst/fullpage.html?res=9A00E1DE173BF937A25754C0A9669C8...>. Acesso em:


30/1/2008..
178
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Disponível em: <www.amnesty.org/en/alfresco_asset/0f5c371d-a2c9-11dc-8d74-
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179
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against Torture. Comisión Colombiana de Juristas. Outubro de 2003. Disponível em:
<www.hhri.org/pr/colombia.pdf>. Acesso em: 30/01/2008.
180
LOPES, Raul Justes. Europa em Choque: seus jovens foram torturados. Depois da confusão em Genova,
aparecem histórias sobre o que aconteceu nas delegacias italianas. Veja Online. 01 de agosto de 2001.
Disponível em: <www.veja.abril.com.br/010801/p_052.html>. Acesso em: 31/10/2007.
181
AMNESTY INTERNATIONAL. Concerns in Europe and Central Ásia: July to December 2002 -
Denmark. International Scrutiny. Disponível em:
<www.amnesty.org/library/Index/ENGEUR010022003?open&of=ENG-EST>. Acesso em: 25/09/2007.
182
EXTREMISTAS sul africanos são torturados com rap. BBC Brasil.com. 20 de agosto de 2003. Disponível
em: <www.bbc.co.uk/portuguese/cultura/story/2003/08/030820_kwaitofr.shtml>. Acesso em: 14/12/2007.
- 37 -

reduzir a resistência dos prisioneiros através da privação do sono e de música culturalmente


ofensiva.183

Outra notícia de impacto foi o relato da Revista Time em 2005 sobre o tratamento
dado em Guantánamo entre 2002-2003 ao prisioneiro Mohammed al-Qahtani. Considerado o
possível 20º seqüestrador (do ataque terrorista de 11 de setembro de 2001), foi submetido a
procedimentos que incluíram desde longos períodos de isolamento, exploração de fobias (e.g.,
medo de cachorros) e de questões culturais (remoção de roupas e barba), sufocamento por
água, privação de sono, "ruído branco" (i.e., que os relatórios definem como som em alto
volume que não se pode distinguir) e música contínua em alto volume (especialmente
Christina Aguilera).184 185 186
Mohamed Farag Bashmilah denunciou ter sido detido nas
prisões conhecidas como "buracos negros" entre outubro de 2003 e maio de 2005, nos quais
alto-falantes emitiam continuamente ruído branco ou música rap, 24 horas por dia, com as
luzes constantemente acesas.187

Prisioneiros detidos em Kabul entre 2002 e 2004, em local conhecido como "Prisão
Escura" ou "Prisão da Escuridão" ("Dark Prison" ou "Prision of Darkness"), relatam que
foram acorrentados a paredes, sem comida ou bebida, mantidos em total escuridão e
submetidos a música rap e heavy metal e outros sons em alto volume por semanas seguidas
(são citados Eminem, SlimShady e Dr. Dre). Os relatos mencionam também o uso de luzes
estroboscópicas.188

183
SESAME STREET breaks Iraqi POWs. BBC News. 20 de maio de 2003. Disponível em:
<www.news.bbc.co.uk/2/hi/middle_east/3042907.stm>. Acesso em 27/05/2007; EUA usam heavy metal para
amolecer prisioneiros. BBC Brasil.com. 20 de maio de 2003. Disponível em:
<www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2003/030520_prisioneiroaf.shtml>. Acesso em: 07/01/2008.
184
TIME EXCLUSIVE: Inside the Wire at Gitmo. Time. 12 de junho de 2005. Disponível em:
<www.time.com/time/printout/0,8816,1071230,00.html>. Acesso em 15/07/2007.
185
ZAGORIN, Adam e DUFFY, Michael. Inside the Interrogation of Detainee, 063. Time. 12 de junho de 2005.
Disponível em: <www.time.com/time/printout/0,8816,1071284,00.html>. Acesso em: 15/07/2007.
186
AMNESTY INTERNATIONAL. Close Guantanamo. USA. Guantánamo. Torture and Other Ill Treatment.
AI Index: AMR51/189/2006. 08 de dezembro de 2006. Disponível em:
<www.web.amnesty.org/library/Index/ENGAMR511892006?open&of=ENG-USA>. Acesso em: 15/07/2007.
187
BENJAMIN, Mark. Inside the CIA's notorious "black sites". Salon.com. 14 de dezembro de 2007. Disponível
em:
<www.salon.com/news/feature/2007/12/14/bashmilah>. Acesso em 18/12/2007.
188
HUMAN RIGHTS WATCH. U.S. Operated Secret 'Dark Prison' in Kabul. 19 de dezembro de 2005.
Disponível em: <www.hrw.org/english/docs/ 2005/12/19/afghan12319_txt.htm>. Acesso em: 24/05/2007.
- 38 -

Prisioneiros na Turquia também alegam que foram forçados a ouvir música em alto
volume e gritos. São citadas músicas militares, marciais, nacionalistas e músicas árabes.189 190

Jon Ronson menciona um relato que recebeu de um jornalista da revista NewsWeek


que esteve no Iraque em maio de 2003. O jornalista descreveu um conjunto de contêineres
mantidos por militares norte-americanos em uma área atrás de uma estação de trem no Iraque,
na pequena cidade de Al-Qā'im, que parecia uma estranha discoteca. Ouviu música em alto
volume que se repetia (com som metálico) que reconheceu como sendo "Enter Sandman"
(Metallica). Avistou um militar manipulando luzes fortes que piscavam enquanto o som
reverberava nas paredes de aço do contêiner. Jon Ronson levanta a hipótese de os militares
estarem simulando o que no jargão próprio destes se designa "Efeito Bucha".191 192 - Fig. 9
O
próprio FBI manifestou preocupação com o uso de luz estroboscópica e música em alto
volume durante interrogatórios.193

O Efeito Bucha seria causado por luz estroboscópica de alta intensidade que pulsa
próximo à freqüência do cérebro humano causando vertigem, desorientação e vômito. Este
fenômeno foi detectado pelos militares norte-americanos na década de 50 com a queda de
helicópteros na Somália sem razão aparente. Após voarem normalmente por algum tempo, os
pilotos sentiam-se nauseados, tontos e debilitados e perdiam o controle. Concluiu-se que o
movimento das hélices causava efeito estrobo na luz do sol e quando se aproximava da
freqüência do cérebro humano interferia com a capacidade de coordenação com o resto do

189
EUROPEAN COURT OF HUMAN RIGHTS:
- Caso Elci e Outros v. Turquia. Applications Nos. 23145/93 e 25091/94. Julgamento - Strasbourg. 13 de
novembro de 2003. Final 24/03/2004.
- Caso ASAN e Outros v. Turquia. Application No. 56003/00. Julgamento - Strasbourg. 31/07/2007.
- Caso Çolak and FILIZER v. Turquia. Applications Nos. 32578/96 e 32579/96. Julgamento - Strasbourg. 08
de janeiro de 2004. Final 08/04/2004.
190
Human Rights Watch. Turkey: Isolation and Beatings in New Prisons Must Stop Now. 06 de janeiro de
2001. Disponível em: <www.hrw.org/english/docs/2001/01/09/turkey227.htm>. Acesso em 21/02/2008.
191
RONSON, Jon. The Men Who Stare at Goats. New York: Simon & Schuster, 2004. p. 117-121, 146-148.
192
DAVISON, Neil e LEWER, Nick. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department
of Peace Studies. University of Bradford. Reino Unido. Research Report No. 7. Maio/2005. p. 12.
Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso em 10/6/2007.
193
FBI alertou sobre abusos cometidos por militares em Guantánamo. JB Online - Jornal do Brasil. 21 de
dezembro de 2004. Disponível em: <www.quest1.jb.com.br/extra/2004/12/21/e2112511.html>. Acesso em:
25/11/2007; FBI Documents - Released by the Government 12/15/04, released by the ACLU 12/20/04.
Disponível em: <www.aclu.org/torturefoia/released/22004.html>. Acesso em: 20/06/2007.
- 39 -

organismo. Após estes acidentes, medidas de segurança foram instituídas para proteger os
pilotos.194

David Peisner entrevistou diversos ex-detentos e interrogadores e concluiu que no


caso de Guantánamo as músicas eleitas tinham as seguintes características: agressividade, alto
volume, repetição e conteúdo ofensivo (no caso, à religião muçulmana). No seu artigo "War is
Loud", cita que em 2002-2003 os interrogadores colocavam gravações do Alcorão, que eram
em seguidas "afogadas" por música em alto volume. Enfatizam-se as músicas pró-americanas:
Neil Diamond (America - On the boats and on the planes, they are coming to America...),
Bruce Springsteen (Born in the U.S.A.) e Eminem (White America). Dentre as músicas com
conteúdo agressivo, Peisner cita a Banda Rage Against the Machine (Up and Under - It has to
start somewhere. It has to start sometime. What better place than here. What better time than
now.) e o grupo Drowning Pool (Bodies - Let the bodies hit the floor...) este "as a favorite for
both psyching up U.S. soldiers and psyching out enemies and captives".195 196

Interessante o relato apresentado por Suzanne G. Cusick de um norte-americano


veterano da Marinha, detido por 97 dias em meados de 2006 no Iraque, que havia sido
treinado para resistir a técnicas de interrogatório. Disse que de início era irritante, mas que,
não obstante, era impossível por vezes resistir à música que lhe era familiar, até cantando
junto com ela. Tal fato também o abalou e escutar música que ouvia em casa levava-o às
lágrimas. Sabia, porém, que a música tinha por finalidade mascarar seus pensamentos e
impedi-lo de ter os seus próprios. Utilizou-se de técnicas de enfrentamento, que incluem falar
com si próprio em voz alta e animadamente e outras formas de ocupar a mente mas que, por
vezes, resultam vencidas, dentre outros motivos, pelo cansaço, pela fome e pela mente que
divaga.197

194
RONSON, Jon. The Men Who Stare at Goats. New York: Simon & Schuster, 2004. p. 147.
195
THE SOUND of Pain. On the Media, produzido pela WNYC - New York Public Radio, 14 de setembro de
2007. Disponível em: <www.onthemedia.org/transcripts/2007/09/14/07?printable>. Acesso em: 18/09/2007.
196
PEISNER, David. War is Loud. Spin Magazine. Dezembro de 2006. p. 87-92. Disponível em:
<www.djpeisner.com/articles.html>. Acesso em 15/11/2007.
197
CUSICK, Suzanne G.. "You are in a place that is out of the world…": Music in the Detention Camps of the
"Global War on Terror". Journal of the Society for American Music (2008). vol. 2, nº 1. p. 19-23.
Disponível em: <www.journals.cambridge.org/production/action/cjoGetFulltext?fulltextid=1674936->. Acesso
em: 03/03/2008.
- 40 -

O advogado Clive Stafford Smith que representa mais de três dezenas de ex-detentos
de Guantánamo, reporta que para um de seus clientes (Binyam Mohammed) o pior sofrimento
foi o psicológico, que incluía drogas e música (Eminem, em alto volume, 24 horas por dia
durante 20 dias). A dor física, na opinião deste ex-detento, é terrível, mas sabe-se o que será e
sua duração. No caso do sofrimento psicológico, a consciência de estar perdendo controle era
muito mais assustadora.198 O medo de perder a sanidade mental também foi relatado como
assustador por um dos torturados no caso dos irlandeses e pelo norte-americano detido para
interrogatório, nos casos retro citados.199 200

O uso de som em alto volume (música ou outra forma de sons/ruídos), contínuo e


repetitivo, ou mesmo intermitente (iniciado e interrompido de forma aleatória), conjugado
com o uso de luzes, constantes ou piscando, ou mesmo total escuridão, dentre outras práticas,
é extensamente relatado por detidos durante interrogatórios, em torturas e celas,
incorporando-se, por referência, exemplos adicionais.201 202 203 204 205 206 207 208 209 210 211 212 213

198
THE SOUND of Salvation. On the Media, produzido pela WNYC - New York Public Radio. 14 de setembro
de 2007. Disponível em: <www.onthemedia.org/transcripts/2007/09/14/08?printable>. Acesso em:
18/09/2007.
199
CONROY, John. Unspeakable Acts, Ordinary People. The Dynamics of Torture. An Examination of the
Practise of Torture in Three Democracies. California: University of California Press. 2001. p. 130.
200
CUSICK, Suzanne G.. "You are in a place that is out of the world…": Music in the Detention Camps of the
"Global War on Terror". Journal of the Society for American Music (2008). vol. 2, nº 1. p. 22-23.
Disponível em: <www.journals.cambridge.org/production/action/cjoGetFulltext?fulltextid=1674936->. Acesso
em: 03/03/2008.
201
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Technologies - Annex G - NLT and Their Human Effects. RTO-TR-HFM-073. Agosto/2006. Disponível em:
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203
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Accountability on the War on Terror. AI Index: AMR 51/145/2004. 27 de outubro de 2004. p. 4, 10, 11, 24,
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204
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and Health Consequences. 14 de maio de 2004. Disponível em:
<www.physiciansforhumanrights.org.library/documents/reports iraq-medical-consequences-of.pdf >. Acesso
em: 07/01/2008.
- 41 -

Fig. 10
É conhecida a expressão "bombardeio de luz e som", que faz parte das "cinco técnicas"
utilizadas nos interrogatórios realizados nos anos 70 na Irlanda do Norte e que constituiriam
refinamento de métodos utilizados pela KGB.214 215 216 O filme/documentário "Caminho para
Guantánamo" contem cenas de tortura com música em alto volume e luzes piscando.217 Não é
impossível que os fatos recentemente presenciados em diversas localidades constituiram um
grande experimento humano.218 219

Suzanne G. Cusick, ao se imaginar dentro de uma cela de tortura "sem toque", lembra
do efeito do ritmo e do som da guitarra sobre os seus ossos e da vibração do ar sobre o corpo.
Observa que esta experiência não é tão apenas psicológica, mas incrementada pela subida da
adrenalina, pressão sanguínea e ritmo cardíaco. Assim conclui, um detento experiencia a

207
MEDICAL FOUNDATION FOR THE CARE OF VICTIMS OF TORTURE. Medical Foundation Says
Alleged Brutality at Guantánamo Bay Rings True. 04 de agosto de 2004. Disponível em:
<www.torturecare.org.uk/news/latest_news/142>. Acesso em: 22/08/2007.
208
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Fears that 'War on Terror' Detainees Face Further Torture. 28 de setembro de 2006. Disponível em:
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209
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disappeared in the war on terror. AI Index: AMR 51/108/2005. Disponível em:
<www.amnesty.org/library/index/engamr511082005>. Acesso em: 05/09/2007.
210
AGENTES descrevem tortura em Guantánamo. Do New York Times. Folha de São Paulo. 17 de outubro de
2004. Disponível em: <www.folha/uol.com.br/fsp/mundo/ft1710200406.htm>. Acesso em 10/09/2007.
211
BAYOUMI, Moustafa. Disco Inferno. The Nation. 26 de dezembro de 2005. Disponível em:
<www.thenation.com/doc/20051226/bayoumi>. Acesso em 12/10/2007.
212
PEISNER, David. War is Loud. Spin Magazine. Dezembro de 2006. p. 87-92. Disponível em:
<www.djpeisner.com/articles.html>. Acesso em 15/11/2007.
213
CUSICK, Suzanne G.. "You are in a place that is out of the world…": Music in the Detention Camps of the
"Global War on Terror". Journal of the Society for American Music (2008). vol. 2, nº 1. p. 1-26. Disponível
em: <www.journals.cambridge.org/production/action/cjoGetFulltext?fulltextid=1674936->. Acesso em:
03/03/2008.
214
PHYSICIANS FOR HUMAN RIGHTS. Leave no Marks: Enhanced Interrogation Techniques and the
Risk of Criminality. Agosto de 2007. Disponível em:
<www.physiciansforhumanrights.org/library/documents/reports_2007-phr.hrf-summary.pdf>. Acesso em:
03/08/2007.
215
MEDICAL FOUNDATION FOR THE CARE OF VICTIMS OF TORTURE. Have We Learned Nothing?.
19 de outubro de 2006. Disponível em: <www.torturecare.org.uk/news/features/756>. Acesso em: 22/08/2007.
216
CONROY, John. Unspeakable Acts, Ordinary People. The Dynamics of Torture. An Examination of the
Practise of Torture in Three Democracies. California: University of California Press. 2001. p. 6, 45, 47,
127.
217
THE ROAD TO GUANTANAMO. Diretores: Mat Whitecross e Michael Winterbottom. 2006. Studio Sony
Pictures.
218
MAYER, Jane. The Experiment. The New Yorker. 11 de julho de 2005. p. 3-7. Disponível em:
<www.newyorker.com/archive/2005/07/11fa_fact4?printable=true>. Acesso em: 09/04/2007.
219
RONSON, Jon. The Men Who Stare at Goats. New York: Simon & Schuster, 2004. p. 146, 147, 148, 167,
177.
- 42 -

sensação de ser tocado sem de fato ser tocado.220 Outrossim, reporta que o uso da música em
alto volume durante os interrogatórios faz parte de técnicas militares norte-americanas
designadas "futilidades", que juntamente com coerção envolvendo aspectos sexuais, visam
demonstrar ao detido que sua resistência é fútil. Tais técnicas resultariam em dor psíquica
auto-infligida causando o que Suzanne G. Cusick descreve como "... auto-traição no espaço
intra-subjetivo que muitas tradições religiosas chamam de alma. Quando alma e corpo
entram em colapso conjuntamente na catástrofe da auto-traição a resistência não é só fútil
mas impossível."221

Não é possível encerrar este capítulo sem mencionar os tópicos abaixo, ainda que de
forma breve:

5.1. Som e Metal: A amplificação do som com metal na tortura está documentada.
Os chineses colocavam o torturado dentro de uma campainha soando-a ritmicamente, os
soviéticos colocavam um balde sobre a cabeça do prisioneiro e, na Bolívia, "la campana",
golpeada sucessivamente, produzia som e vibração.222 223
Conforme já mencionado
anteriormente inclusive, há relatos de prisioneiros atados à tubulação enquanto música era
tocada,224 e som reverberando em paredes de contêineres,225 além de batidas de pés das
equipes disciplinares no piso de metal das celas.226 E, vale reportar um campo em

220
CUSICK, Suzanne G. Music as Torture / Music as Weapon e La Musica como Tortura / La Musica como
Arma.. Revista Transcultural de Música. Nº 10. Dezembro/2006. Disponível em:
<www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_eng.htm> e <www.sibetrans.com/trans/trans10/cusick_cas.htm>.
Acesso em: 06/4/2007 e 27/05/2007..
221
CUSICK, Suzanne G.. "You are in a place that is out of the world…": Music in the Detention Camps of the
"Global War on Terror". Journal of the Society for American Music (2008). vol. 2, nº 1. p. 11-19.
Disponível em: <www.journals.cambridge.org/production/action/cjoGetFulltext?fulltextid=1674936->. Acesso
em: 03/03/2008.
222
MANNIX, Daniel P. The History of Torture. 2ª edição. Nova Iorque: Dell Publishing Co. Inc.. 1983. p. 155-
210.
223
KELLAWAY, Jean. The History of Torture & Execution, From Early Civilization Through Medieval
Times to the Present. Londres: 2005. Mercury Books. p. 159.
224
HUMAN RIGHTS WATCH. Torture and Ill Treatment, Israel's Interrogation of Palestinians from the
Occupied Territories. Junho/1994. Disponível em: <www.hrw.org/reports/1994/israel/>. Acesso em:
27/05/2007.
225
CUSICK, Suzanne G.. "You are in a place that is out of the world…": Music in the Detention Camps of the
"Global War on Terror". Journal of the Society for American Music (2008). vol. 2, nº 1. p. 9-11. Disponível
em: <www.journals.cambridge.org/production/action/cjoGetFulltext?fulltextid=1674936->. Acesso em:
03/03/2008.
226
Interview with Moazzan Begg. CagePrisioners.com. 06 de março de 2006. Disponível em:
<www.cageprisoners.com/articles.php?id=12649>. Acesso em 21/03/2008.
- 43 -

Guantánamo aberto em dezembro de 2006 (conhecido como Campo 6) em cujas celas


individuais, totalmente isoladas, as paredes, portas, piso, teto e passagens são de metal, com
patrulhamento a cada 2-3 minutos, causando constante reverberação, eco e som amplificado.
O ruído é constante, causando privação de sono e stress. Um advogado teria dito que a estadia
no Campo 6 é "uma combinação de ausência de paz e de não ter o que fazer".227 228

5.2. O Silêncio: Embora o ruído elevado fosse tradição nas prisões até o século
XVIII, no século XIX certas prisões passaram a adotar o confinamento silencioso e solitário.
Em uma prisão da Filadélfia aberta em 1829, prisioneiros foram mantidos em confinamento
solitário por até cinco anos. Conversas eram proibidas, bem como qualquer tipo de reunião.
Em muitos casos os prisioneiros eram vendados e identificados por um número apenas. A
única comunicação possível era através de sinais e batidas na tubulação. O confinamento
solitário provou afetar diretamente a saúde mental dos prisioneiros e, de modo geral, a prática
teria sido, em princípio, abandonada no início do século XX. Charles Dickens (1812-1870)
asseverou: "I hold this slow and daily tampering with the mysteries of the brain to be
immensurably worse than any torture of the body" ("Acredito que esta lenta e diária
interferência com os mistérios da mente é imensuravelmente pior que qualquer tortura do
corpo").229

Cabe lembrar, no entanto, que Alcatraz (1934-1963) possuía sua cela solitária
designada "the Hole" e até hoje o regime de confinamento solitário ou o que se designa
regime disciplinar diferenciado ("RDD") é utilizado, inclusive no Brasil. Há acusações de que
prisioneiros nos Estados Unidos seriam mantidos em isolamento nos estabelecimentos
conhecidos como "Super-Max" e que tal prática seria também adotada em Guantánamo (uma
destas prisões possui inclusive o curioso nome "Campo Echo").230 231
Recente relatório da

227
AMNESTY INTERNATIONAL. United States of America. Cruel and Inhuman: Conditions of isolation
for detainees at Guantánamo Bay. AI Index: AMR51051/2007. 05 de abril de 2007. Disponível em:
<www.web.amnesty.org/library/Index/ENGAMR510512007?open&of=ENG-2AM>. Acesso em: 15/07/2007.
228
MELLO, Patrícia Campos. Condenada, prisão da guerra ao terror ainda causa controvérsia. O Estado de São
Paulo. Internacional. 02 de março de 2008. p. A-16-18.
229
KELLAWAY, Jean. The History of Torture & Execution, From Early Civilization Through Medieval
Times to the Present. Londres: 2005. Mercury Books. p. 98-99.
230
McCOY, Alfred W.. The Outcast of Camp Echo. The Punishment of David Hicks. The Monthly. Nº 13, junho
de 2006. Disponível em: <www.themonthly.com.au/tm/node/299/>. Acesso em: 21/03/2008.
231
COJEAN, Annick. Lawyer in the Hell of Guantanamo. Le Monde. Truthout Issues. 14 de novembro de 2006.
Disponível em: <www.truthout.org/cgi-bin/artman/exec/view.cgi/66/23977>. Acesso em: 21/03/2008.
- 44 -

ONU registra que detentos no Brasil em RDD são mantidos isolados em celas especiais, sem
acesso a rádio ou televisão.232

Mais recentemente, prisioneiros detidos no Irã dão conta de técnicas introduzidas em


2000-2001, especialmente de solitárias nas quais inexiste som e o único ruído que se ouve são
as próprias vozes, descrito como aterrador. Após três dias tudo o que se quer é ouvir vozes,
ainda que sejam pronunciadas durante um interrogatório violento.233 E ainda, suspeitos de
terrorismo capturados ao serem transferidos para locais desconhecidos tiveram protetores de
espuma inseridos nos ouvidos, olhos vendados, bocas cobertas com máscaras cirúrgicas,
foram encapuzados e sobre os ouvidos foram colocados abafadores para deter o som. Um
prisioneiro declarou que "perde-se a maioria dos sentidos" mas, ainda assim, algumas
sensações permanecem.234

Oscar Wilde (1854-1900), condenado à prisão na Inglaterra no final do século XIX,


escreveu a célebre Balada do Cárcere de Reading ("The Ballad of Reading Gaol"), cujo trecho
a seguir bem retrata as questões acima:

"... "...
With midnight always in one's heart, Com a meia-noite sempre no coração,
And twilight in one's cell, E o crepúsculo na cela,
We turn the crank, or tear the rope, Giramos a manivela, ou rasgamos a corda,
Each in his separate Hell, Cada um em seu Inferno isolado,
And the silence is more awful far E o silêncio é mais terrível de longe
Than the sound of a brazen bell. Que o som de um sino de bronze
…"235 ..."

232
UNITED NATIONS. Committee against Torture. 23 de novembro de 2007. CAT/C/39/2. Report on Brazil
produced by the Committee under Article 20 of the Convention and Reply from the Government of
Brazil. p. 32.
233
HUMAN RIGHTS WATCH. Like the Dead in Their Coffins: Torture, Detention and the Crushing of
Dissent in Iran: V. Detention Centers and Ill-Treatment. Disponível em:
<www.hrw.org/reports/2004/iran0604/5.htm>. Acesso em: 07/01/2008.
234
AMNESTY INTERNATIONAL. United States of America. Below the radar: Secret flights to torture and
disappearance. AI Index: AMR 51/051/2006. 05 de abril de 2006. p. 7, 10. Disponível em:
<www.amnesty.org/library/Index/ENGAMR510512006?open&of=ENG-398>. Acesso em: 05/09/2007.
235
ALDINGTON, Richard e WEINTRAUB, Stanley. The Portable Oscar Wilde. New York: Penguin Books.
1981. p. 687.
- 45 -

6. Som: Tortura - Abusos - Maus Tratos - Brasil

6.1. Ditadura Militar (1964-1985)

O jornalista Elio Gaspari noticiou uma nova modalidade de suplícios ao relatar que em
1968 o Brasil recebeu uma equipe britânica especializada em técnicas de interrogatório.
"Buscava-se a tortura limpa". Apresentou-se assim um projeto de "salas refrigeradas,
totalmente escuras, sem janelas e com um ruído sonoro de alta freqüência". Construíam-se
cubículos com diversas características, um deles uma "câmara de ruídos", instalados no Rio
de Janeiro.236

Interrogados (e interrogadores) descrevem som proveniente do teto, estridente,


ensurdecedor, capaz de produzir sensações de desequilíbrio e levar à loucura. Dos alto-
falantes instalados no teto ouviam-se xingatórias, ruídos eletrônicos tão fortes e intensos que
não era possível ouvir a própria voz, que variavam de barulho de turbina de avião a estridente
sirene de fábrica. Há também relato de sons diversos (como sirene e bombardeiros)
intercalados com períodos de absoluto silêncio.237 238 239

Aparentemente as câmaras de ruídos foram utilizadas apenas no Rio de Janeiro,


possivelmente em função de seus altos custos. Assim, ao que tudo indica, o rádio (e mesmo a
televisão), em alto volume, foram presença constante nas sessões de tortura, cujo objetivo
principal consistiria em encobrir os gritos dos torturados e evitar a comunicação entre presos.
Mariana Joffily refere-se aos "... célebres ruídos de rádio ligados no último volume..."240. O
jornalista Paulo Markun assim descreve parte de sua passagem pelo DOI-Codi em São Paulo:
"No DOI-Codi, Dilea e eu fomos inicialmente colocados num banco de madeira comprido.

236
GASPARI, Elio. A ditadura escancarada. São Paulo: Companhia das Letras. 2007. p. 189-190.
237
ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO. Brasil Nunca Mais. 35ª edição (1985). Ed. Petrópolis: Editora Vozes,
2007. p. 37-38.
238
ALBUQUERQUE, Severino. Ex-soldado decide falar sobre torturas a presos políticos. Folha de São Paulo,
19 de setembro de 1986, Política, p. 6.
239
POMAR, Pedro Estevam da Rocha. Massacre na Lapa. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2006.
p. 62-64 e 165.
240
JOFFILY, Mariana. No Centro da Engrenagem. Os interrogatórios na Operação Bandeirante e no DOI
de São Paulo (1969-1975). Tese de Doutorado. História Social. Departamento de História, Letras e Ciências
Humanas da Universidade de São Paulo. 2008. p. 301
- 46 -

Por baixo do capuz, pude notar outras pessoas na mesma situação. O mais assustador era
aquela mistura de ruídos. Portas batidas com força, gritos dos torturadores, urros de dor
vagos e impreciso, um rádio muito alto..." 241. Aldo Arantes e Joaquim Celso de Lima também
reportam o rádio estridente durante torturas.242 Vladimir Herzog foi torturado ao som do
rádio.243

O embaixador do Brasil em Cuba, Tilden Santiago, foi torturado ao som do samba


"Você Abusou".244 Jarbas Marques foi torturado em uma sala com três alto-falantes ao som da
música "Luciana" cantada por Evinha (os torturadores buscavam uma tal Luciana)245.
Theodomiro Romeiro dos Santos, integrante do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário
(PCBR), sofreu torturas acompanhadas do cantar diabólico da música BR-3 ("A gente corre, a
gente morre na BR-3")246

Marco Antônio Tavares Coelho, jornalista detido pelos militares em 1975 e mantido
preso por quatro anos, editou trechos de cartas que escreveu enquanto preso. Vale a pena
transcrever um dos trechos intitulado "Os sons na prisão":

"De passagem, lembro-me de dizer uma coisa fundamental que qualquer preso
descobre na prisão, notadamente naquelas como o DOI, onde o 'segredo é a alma
do negócio': ajuda consideravelmente manter os ouvidos afiados, aprender logo a
identificar todos os sons, ouvir restos de conversas, enfim, aprender como o cão de
Pavlov (o dos reflexos condicionados).

Eu tinha um ouvido de tuberculoso, como você fala, apesar de, por muito tempo,
terem ficado zunindo na cabeça sons estranhos, em conseqüência dos choques nos
tímpanos e dos 'telefones' que recebia ('telefones' são murros simultâneos nos dois
ouvidos, o que, além de doer muito, deixa a gente surda por uns tempos).

241
MARKUN, Paulo. Meu Querido Vlado. A História de Vladimir Herzog e do Sonho de uma Geração. Rio
de Janeiro: Objetiva. 2005. p. 103 e 115.
242
POMAR, Pedro Estevam da Rocha. Massacre na Lapa. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2006.
p. 62-64 e 165.
243
PAULO FILHO, Pedro. Grandes advogados, grandes julgamentos. Depto. Editorial OAB-SP apud RAMOS,
Saulo. Código da Vida, São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007. p. 249.
244
BERGAMO, Mônica. Pagode Tortura. Folha de São Paulo. 22 de março de 2006. Disponível em:
<www.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2203200608.htm>. Acesso em: 10/09/2007.
245
ATTA, Rafaela. A luta continua. Instituto Brasileiro de Educação Superior de Brasília. 06 de novembro de
2007. Disponível em: <www.iesb.br/grad/jornalismo/na_pratica/noticias_detalhes.asp?id_artigo=9884>.
Acesso em 14/12/2007.
246
JOSÉ, Emiliano. Parte 1 - A prisão de Theodomiro. Disponível em:
<www.emilianojose.com.br/especiais/especial_theodomiro2.htm>. Acesso em 14/12/2007.
- 47 -

Dia e noite, conforme me era possível, tentava saber o que se passava no quartel.
Sistematicamente 'pescava' informações dos mais boquirrotos, que, mesmo lá,
existem. Mas, minha grande arma eram os ouvidos. Mas, 'eles' também sabem
disso. E por isso, usavam constantemente dois rádios, ligados quase sempre em alto
volume, notadamente na hora de torturar um preso, desde que as dores são tão
fortes que arrancam urros que atravessam o revestimento acústico existente nas
salas de torturas. Se os rádios eram ligados em volume altíssimo podia-se concluir:
começou uma 'sessão' de torturas.

Hoje, quando escuto uma canção que o Benito de Paula canta — Meu amigo
Charlie Brown, ou coisa semelhante - sinto uma dor no coração. Em fins de janeiro
e fevereiro tal canção estava na 'parada de sucessos', sendo tocada diversas vezes
ao dia. Eu a ouvia quase sempre quando me torturavam. Criei, assim, uma
inevitável associação de idéias, injusta para a canção.

Eu comentava a respeito da minha permanente preocupação em acompanhar os


sons e ruídos no DOI, a fim de descobrir coisas e ter certa idéia do que iria
acontecer. Depois de um mês já identificava os torturadores pela voz, já sabia qual
campainha havia tocado, que cela havia sido aberta etc. Esse controle de sons era
vantajoso, mas algumas vezes eu sofria por antecipação. Por exemplo, sabia que
vinham me retirar da cela porque o auxiliar de carceragem, ou o próprio
carcereiro, trazia um molho de chaves que tilintava sinistramente. (Referência à
cela forte.)

Algumas vezes o cansaço trazia sono ou um torpor e assim não atentava para o
barulho das chaves, ou para o rumor dos passos dos carcereiros. Então era
despertado pelo levantamento de uma pequena chapa de ferro, que recobre o fecho
da cela (embutido nas paredes grossas). Esse estrépito dessas chapas sempre
anunciava a abertura das celas, para a retirada de um preso. Quase sempre essa
movimentação do preso significa a desgraça, raramente indica boa notícia — como
a liberação do preso para o DOPS." 247

Há notícia de que a música também foi usada durante a Guerrilha no Araguaia, porém
com finalidade diversa. Para que colaborassem com o exército, moradores locais foram
presos, em sua maioria homens, alguns idosos, e submetidos a torturas e humilhações. Os
presos enfileirados eram obrigados a cantar e apanhavam caso errassem: "É um tal de soca
soca, é um tal de pula pula, quem tem culpa se enrola, quem não tem logo se apura".248

247
COELHO, Marco Antônio Tavares. Memórias de um Comunista. Estudos Avançados. v. 13. Nº 37.
Setembro-dezembro/1999. Dossiê Memória. Disponível em:
<www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-40141999000300003 >. Acesso em: 30/10/2007.
248
GASPARI, Elio. A ditadura escancarada. São Paulo. Companhia das Letras: 2007. p. 438.
- 48 -

Outras ditaduras contemporâneas na América Latina não foram essencialmente


diferentes. Consta que no Uruguai a tortura psicológica foi utilizada em larga escala entre
1973 e 1985, e também incluía submissão a silêncio total ou música em alto volume.249 No
Paraguai, durante a ditadura Stroessner, o advogado Martin Almada foi torturado em 1974
com música brasileira, especialmente "Cidade Maravilhosa".250

O filme "Bananas" de 1971, escrito, dirigido e estrelado pelo próprio Woody Allen,
faz alusão, com humor, ao envolvimento norte-americano na política das ditaduras da
América do Sul e contem cena de um prisioneiro sendo torturado ao som de operetas.251

6.2. Seqüestros

Antes de surgirem as denúncias de tortura no Iraque, Afeganistão e Guantánamo, as


técnicas lá utilizadas já haviam sido aplicadas no Brasil de forma semelhante nos que se
tornaram os mais notórios seqüestros ocorridos no País:

Abílio Diniz: Caso bastante conhecido é o do seqüestro do empresário Abílio Diniz


no final de 1989, no qual os seqüestradores alegaram motivações políticas. Diniz foi
confinado em uma cisterna localizada alguns metros abaixo do solo, que possuía um sistema
de circulação de ar e um "alto-falante emitia músicas sertanejas em alto volume, impondo ao
cativo uma tortura medieval", conforme constou da denúncia.252

Washington Olivetto: Washington Olivetto foi seqüestrado em 2001 por um grupo


que também invocou motivações políticas. Durante 53 dias ficou confinado em um pequeno
compartimento (1m por 2,5m), isolado acusticamente, sujeito a uma série de regras
draconianas, dentre elas, não encostar nas paredes e não produzir ruídos. O ar era insuflado

249
CONROY, John. Unspeakable Acts, Ordinary People. The Dynamics of Torture. An Examination of the
Practise of Torture in Three Democracies. California: University of California Press. 2001. p. 36-37.
250
CASADO, José. Terror no Cone Sul. Revista Época. Ed. 38, 08/02/1999. Disponível em:
<www.epoca.globo.com/edic/19990208/mundo1.htm>. Acesso em 14/12/2007.
251
BANANAS. Diretores: Woody Allen e Mickey Rose. 1971. Jack Rollings & Charles H. Joffe Productions.
252
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Recurso Extraordinário nº 160841-2. Tribunal Pleno. Recorrente:
Humberto Eduardo Paz e Outros. Recorrido: Ministério Público Estadual. Relator: Ministro Sepúlveda
Pertence. 21 de junho de 1995.
- 49 -

através de um pequeno tubo de plástico.253 Havia um alto-falante acima de sua cabeça e a luz
no teto (uma lâmpada) ficou acesa durante os 53 dias. Foi monitorado através de câmera de
vídeo e um olho mágico e obrigado a ouvir música constante e em alto volume. Algumas
músicas foram repetidas seguidamente mais de dez vezes. O Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo condenou os seqüestradores por diversos crimes, dentre eles, o de tortura.254

Washington Olivetto declarou à imprensa que: "Foram 53 dias muito estranhos, nos
quais jamais ouvi uma voz"; "... Tive acesso sobre qual era a regra do jogo, porque, assim
como nos hotéis normalmente existe um negócio escrito atrás da porta, lá também tinha. Não
podia encostar nas paredes produzindo ruídos, não deveria jamais falar"; "Tinha música dia
e noite. Ela fazia com que eu conseguisse calcular o tempo porque sabia mais ou menos
quanto dura um CD inteiro [47 minutos]. Música por música eu ia calculando. Como a
música era muito alta, falei: Pô, isso não acaba mais, isso vai me estourar o tímpano".255 Os
seqüestradores, porém, descobriram o fato que a música contínua permitia o monitoramento
do tempo e passaram a trocar os CDs a cada cinco, dez ou quinze minutos.256 257

Os responsáveis pela guarda de Washington Olivetto controlavam todos os fatos do


dia. A troca dos CDs era anotada pelos plantonistas. Em 22 de janeiro de 2002, foi registrada
a seguinte seqüência musical: Bob Marley, Chico Buarque, Cranberries, Unos Tangos, Rita
Lee, Tchaikovsky, Djavan, Chitãozinho e Xororó, Bob Marley, Madonna, Ira, Caetano
Veloso, Jorge Benjor, Rachmaninoff, Zezé di Camargo, Madonna, Chico Buarque,

253
19ª VARA CRIMINAL. Processo: 050.02.004.398.2. 15 de julho de 2002. Revista Consultor Jurídico. 16 de
julho de 2002. Disponível em: <www.conjur.estadao.com.br/static/text/11741,1>. Acesso em 17/09/2007.
254
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO. Apelação Criminal 397.278-3/0 - São
Paulo/Varas Criminais. Apelante: Assistente do Ministério Público. Apelados: Alfredo Augusto Canales
Moreno e Outros. Relator: Ribeiro dos Santos. Acórdão registrado sob nº 00633959, de 13 de novembro de
2003.
255
ROCHA, Almeida. Tortura musical serviu para medir tempo. Folha de São Paulo. 08 de fevereiro de 2002.
Disponível em: <www.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0802200204.htm>. Acesso em 10/09/2007.
256
MORAIS, Fernando. Na toca dos leões. A história da W/Brasil, uma das agências de propaganda mais
premiadas do mundo. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2005. p. 471.
257
GARCIA, Adriana. Washington Olivetto: o relato de um seqüestro. UOL Últimas Notícias, São Paulo
(Reuters), 07 de fevereiro de 2002. Disponível em
<www.noticias.uol.com.br/inter/reuters/2002/02/07/ult27u19102.jhtm>. Acesso em 18/12/2007.
- 50 -

Beethoven, Beatles, Jorge Aragão, Bono Vox, Jorge Benjor, Frank Zappa, Rachmaninoff e
Zezé di Camargo.258

O caso Olivetto guarda semelhanças com o seqüestro do empresário chileno, Cristian


Eduardo del Rio, executivo do jornal "El Mercúrio", em 1991, o qual permaneceu em
cativeiro por 150 dias com música ambiente constante.259

Uma reportagem da Veja relacionou 28 características do seqüestro de Washington


Olivetto e de três outros conhecidos seqüestros no Brasil: dos empresários Abílio Diniz
(1989) e Luiz Sales (1989) e do vice-presidente do Bradesco Antonio Beltran Martinez
(1986). Além do confinamento em cubículos com revestimento acústico, sem janelas, só com
duto para ventilação, nestes quatro seqüestros o som ficou ligado o tempo todo e a luz acesa
constantemente.260

Especialistas em segurança reconhecem múltiplas finalidades para o uso do som em


cativeiro, quais sejam: dificultar que a vítima escute algo que possa auxiliar nas investigações,
encobrir gritos e provocar distúrbios neurológicos (cansaço e apatia).261

6.3. Operações de Busca

Excessos em operações policiais na periferia são noticiados com certa freqüência.


Durante mega-operações em 2003, no Sapopemba, zona leste da Cidade de São Paulo, as
viaturas equipadas com alto-falantes irradiavam música clássica (Vivaldi) em alto volume. A
reportagem "Guerreiras do Brasil" do Jornal da Record, de março de 2007, aborda a violência

258
MORAIS, Fernando. Na toca dos leões. A história da W/Brasil, uma das agências de propaganda mais
premiadas do mundo. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2005. p. 440-447, 470.
259
Caso Olivetto é semelhante ao seqüestro de empresário chileno. Folha Online. 04 de fevereiro de 2002.
Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u45302.shtml>. Acesso em 03/07/2007.
260
SECCO, Alexandre e OYAMA, Thais. Olivetto, Abílio, Beltran e Luiz Sales: coincidências demais. Veja
Online, 13 de fevereiro de 2002, Edição 1738. Disponível em: <www.veja.abril.com.br/130202/p_024.html>.
Acesso em 17/12/2007.
261
CAMPOS VERDE, Marcy José de. Prevenção de Seqüestros - Aspectos da Segurança Pessoal. Disponível em:
<www.viaseg.com.br/artigos/prevencaosequestros.htm>. Acesso em 27/12/2007.
- 51 -

e o uso da música durante estas ações. A reportagem recebeu o XXIX Prêmio Jornalístico
Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos em outubro de 2007. 262 263

6.4. Helicópteros e Sirenes

A imprensa tem relatado o uso de helicópteros no reconhecimento e combate de


rebeliões, permitindo o rápido transporte das tropas e desembarques táticos. Sobrevoam
repetidamente os complexos onde há amotinados e iluminam o local, quando necessário.

Vale reportar a ação de reparação de danos morais e materiais proposta contra o


Estado de Minas Gerais em vista de violência policial cometida na cadeia pública de Passo.
Policiais militares, ao realizarem busca pessoal nas celas teriam submetido os presos a tortura
física, moral e psicológica. Consta que, para abafar gritos de socorro e pânico, os policiais
contaram com apoio de um helicóptero militar. O sobrevôo do helicóptero coincidiu com o
momento das agressões.264

Um acórdão de 1992, do Supremo Tribunal Federal, que teve por objeto questões
relativas a discussões políticas travadas durante campanhas eleitorais, contem interessantes
frases atribuídas ao governador do Estado do Rio de Janeiro Leonel de Moura Brizola:

"Disse Brizola:
...
- 'há policiais que gostam de utilizar helicóptero. Proibi o uso deles para intimidar os
pobres, mas há policiais que ficam furiosos. Às vezes, eu me detenho a escutar o rádio
da polícia e me chamam até daquilo'.

262
FAGUNDES, Ana. Sapopemba: política de matança na periferia de São Paulo. Rede Social de Justiça e
Direitos Humanos. Relatório 2003. Disponível em: <www.social.org.br/relatorio_2003/relatorio023.htm>.
Acesso em 16/09/2007.
263
SÉRIE "Guerreiras do Brasil" (2ª reportagem). Jornal da Record - TV Record. 13 de março de 2007.
264
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE MINAS GERAIS. Ap. Cível nº 000.280.787-3/00, Comarca de Passos.
Apelante(s): JD 1ª VCV da Comarca de Passos e Outros. Apelado(s): Os mesmos. Relator: Desª Maria Elza.
28 de novembro de 2002. Disponível em: <www.saraivajur.com.br/assinantes/previewPrint.htm>. Acesso em
04/06/2007.
- 52 -

- 'não admito que helicópteros façam rasante encima das favelas para amedrontar as
pessoas'."265

Para quem já esteve próximo de um helicóptero em baixa altitude, não é difícil


recordar a sensação e a intensidade do som e o deslocamento do ar e a vibração, só para
mencionar os efeitos físicos. Há indicações de infra-som e sons de baixa freqüência nestes
ruídos.266 267
A imprensa anunciou, no final de 2007, a aquisição de um helicóptero blindado
("Caveirão do Ar") para uso em operações em favelas.268

Nas rebeliões, não só as bombas de efeito moral, mas também helicópteros, luzes e
sirenes, têm igualmente por finalidade vencer os rebelados pelo cansaço, fato confirmado por
um diretor de uma penitenciária em Contagem.269 Sirenes para intimidar foram utilizadas em
um cerco policial, quando bandidos mantiveram 6 reféns por 15 horas em uma lanchonete do
McDonald's em Poços de Caldas, conforme declarou um policial à imprensa.270 Sirenes têm
sido freqüentemente empregadas como armamento não-letal no enfrentamento e controle de
protestos.271

6.5. Delegacias Policiais (DPs), Casas de Detenção e Penitenciárias

Denúncias de práticas de tortura no 26º (Sacomã) e no 97º (Americanopólis) DPs


alertam que presos, além de sofrerem violências físicas com espancamento "são alvo de
humilhações como enfileiramento de cuecas em celas na noite de natal para cantar músicas

265
SUPREMO Tribunal Federal. Inquérito nº 503-7-RJ Tribunal Pleno. Brasília, 24 de junho de 1992. DJ
26/03/1993. Relator: Min. Sepúlveda Pertence. Autor: Ministério Público Federal. Indiciado: Ronaldo Cesar
Coelho. Vítima: Leonel de Moura Brizola. Biblioteca Digital Lex. Lex - STF - volume 179. p. 357.
266
STOP the helipad noise levels - Stop the SF General Hospital Helipad. Disponível em:
<www.stophelipad.org/noise-levels.shtml>. Acesso em 16.11.2007.
267
Barulho e tremedeira em janelas levam moradores à 'guerra aérea'. Folha Online. 08 de maio de 2006.
Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u121201.shtml >. Acesso em: 19/11/2007.
268
RODRIGUES, Alexandre. "Caveirão do Ar" é a nova arma da polícia do Rio para combater tráfico. O Estado
de São Paulo, São Paulo, 6 de dezembro de 2007. Caderno Cidades/Metrópole, C7
269
REBELIÃO leva vereadores à penitenciária Ariosvaldo Campos Pires. Câmara Municipal de Juiz de Fora. 14
de junho de 2005. Disponível em: <www.isal.camarajf.mg.gov.br/jornal/noticias/not140620053.html>. Acesso
em: 15/11/2007.
270
FAVARO, Tatiana. Bandidos mantêm 6 reféns por 15 h em lanchonete de Poços de Caldas. O Estado de São
Paulo, São Paulo, 5 de dezembro de 2007. Caderno Cidades/Metrópole, C4.
271
VINOKUR, Roman. Acoustic Noise as a Non-Lethal Weapon. Sound and Vibration Magazine. 01 de
outubro de 2004. Disponível em: <www.less-lethal.org/web/articles.aspx?group=10>. Acesso em: 28/08/2007.
- 53 -

festivas e cumprimentar os agentes".272 273


Um caso em Santa Catarina que chegou ao
Judiciário refere-se a abuso e tortura em cela que incluiu a raspagem de pelos do corpo,
sobrancelhas e cabelo, usar calcinha feminina e dançar a música "Na boquinha da garrafa"
sob coação.274

Não muito diferente é a denúncia de abusos e espancamentos na Casa de Detenção Dr.


José Mário Alves, conhecida como "Urso Branco", em Rondônia, em outubro de 2007. Os
detentos após sofrerem violências eram obrigados a se despir, a andar de "quatro pés"
imitando o som de patos.275

O relatório das Nações Unidas de 2007, referente à prática de tortura no Brasil, indica
que em delegacias detidos seriam intimidados por guardas através da produção de ruído e
batidas nas grades das celas. Explosivos de som também seriam utilizados.276

6.6. Desocupação de Áreas

Em março de 2006, noticiou-se que a força policial gaúcha usou som de sirene e moto-
serra e música alta amplificada em cornetas fixadas em postos próximos aos alojamentos (a
chamada "rádio-inferno") para manter acordados os sem-terra (Fazenda Guerra, Coqueiros do
Sul - RS). Foi relatado o uso do sistema de som para fazer chacota com as palavras de ordem,
valores e música dos sem-terra e a reprodução de trechos da música "Prá lá de Bagdá" da
dupla sul-matogrossense João Bosco e Vinícius: "Vou fazer você dançá, sem cansá até raiá o
sol". Os procedimentos utilizados pela força militar gaúcha foram denunciados à Procuradoria

272
CDH (Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP) recebe denúncia de tortura em DPs. 16 de janeiro de 2003.
Disponível em: <www.oabsp.org.br/noticias/2003/01/16/1674>. Acesso em 05/10/2007.
273
TORTURA. Comentários do Governo Brasileiro ao Informe do Relator Especial sobre a Tortura da Comissão
de Direitos Humanos das Nações Unidas de 11 de abril de 2001. Anexo. Item 280. Disponível em:
<www.mj.gov.br/sedh/ct/tortura/anexo.htm>. Acesso em 16/11/2007.
274
2ª CÂMARA CRIMINAL do Estado de Santa Catarina. Habeas Corpus nº 00.013206-3 de Tijucas. Relator:
Dês. Maurílio Moreira Leite. 12 de setembro de 2000.
275
PEDREIRO denuncia no MP e na Corregedoria da Seapen maus-tratos e prática de violência por agentes
contra apenados no "Urso Branco". Rondoniaaovivo.com. 03 de novembro de 2007. Disponível em:
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276
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produced by the Committee under Article 20 of the Convention and Reply from the Government of
Brazil. p. 20-21.
- 54 -

da Justiça e na Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa Gaúcha.277 278


A
imprensa informa que nos enfrentamentos com a polícia os sem-terra também cantam
músicas.279

Quando da desocupação por 400 famílias de sem-teto de um antigo clube da Telergipe,


na Rodovia José Sarney (Sergipe), em agosto de 2007, recorreu-se igualmente à música,
porém com finalidade um pouco diferente. A banda da Polícia Militar teria tocado a música
"Amigos para sempre" enquanto os sem-teto eram despejados e recolhiam seus pertences na
presença da Tropa de Choque da Polícia Militar, contra o que protestaram os sem-teto.280

6.7. Humilhação e Situação Vexatória nas Empresas

E o que dizer dos vexames impostos àqueles que chegam atrasados ou não atingem as
metas estabelecidas por seus empregadores? Conhecidas empresas nos setores de telefonia e
cerveja foram acusadas de exigir que seus empregados (de ambos os sexos) cantem e dancem
na frente dos colegas músicas de axé, especialmente a conhecida música "Na Boquinha da
Garrafa". Outras músicas citadas incluem: "Bonde do Tigrão" e "Dança da Motinha".281 282

277
SOMACAL, Cláudio. CPT Mostra Imagens de BM Queimando Alimentos de Sem-Terras em Acampamento.
Comissão de Cidadania e Direitos Humanos. Comissões Permanentes. Notícias. 22 de março de 2006.
Disponível
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278
COMITÊ contra a tortura no rs ouvirá pm sobre Fazenda Guerra. Fórum de Entidades Nacionais de Direitos
Humanos. 04 de julho de 2006. Disponível em:
<www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1517&Itemid=2>. Acesso em
22/08/2007.
279
SEM-TERRA e PMs entram em confronto no RS. Globo.com. 12 de fevereiro de 2007. Disponível em:
<www.g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL5350-5598,00.html>. Acesso em 31/10/2007.
280
DESPEJO dos sem-teto: um roteiro para Benigni. Jornal da CUT. Disponível em: <www.cut-
se.org.br/novo/noticias_interna.asp?id=240>. Acesso em: 29/10/2007; NUNES, Cláudio. Constrangimento
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<www.infonet.com/br/claudionunes/ler.asp?id=64878&titulo=claudionunes>. Acesso em 28/10/2007.
281
Tribunal Regional do Trabalho da 21ª Região. Recurso Ordinário nº 01034-2005-001-21-00-6. Juíza Relatora:
Joseane Dantas dos Santos. Recorrentes: Companhia de Bebidas das Américas - Ambev e Ministério Público
do Trabalho. Recorridos: Os mesmos. 15 de agosto de 2006; Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região.
Recurso Ordinário e Adesivo nº 00939-2004-004-15-00-0. Juiz Sentenciante: Márcia Cristina Sampaio
Mendes. Recorrentes: Companhia Brasileira de Bebidas e outros. Recorridos: Os mesmos. 27 de junho de
2005.
282
Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região. Recurso Ordinário nº 01430.2004.008.17.00.9. Juíza Relatora:
Cláudia Cardoso de Souza. Recorrente: Viviane da Silva Firmino. Recorridos: Brasilcenter Comunicações
Ltda. e Empresa Brasileira de Telecomunicações S.A. - Embratel. 12 de janeiro de 2006; Tribunal Regional do
Trabalho da 17ª Região. Recurso Ordinário nº 01689.2004.008.17.00.00. Juíza Relatora: Sônia das Dores
- 55 -

Uma também conhecida rede de supermercados foi alvo de ação por reparação por
danos morais por exigir que um funcionário dançasse a música tema da novela Escrava Isaura
na presença de colegas.283 Uma escola de línguas foi acionada por obrigar funcionários a
pagarem "prendas": as mulheres tinham que desenhar um número no quadro com o quadril
enquanto dançavam ao som de música na presença de 30 a 40 pessoas, inclusive a gerência.284
Uma distribuidora de refrigerantes teria submetido seus funcionários a treinamento militar,
tendo contratado um sargento ou capitão que os obrigou a jurar a bandeira e a emitir gritos de
guerra, dentre outras atividades. Um funcionário precisou marchar no pátio da empresa,
"cantando uma determinada música sob o comando de um sargento do exército".285

7. Alguns Fatos Curiosos

7.1. Som - Pena

Um juiz do Estado do Colorado (Estados Unidos) tem condenado aqueles que


desrespeitam horários de silêncio a ouvirem uma hora de música romântica. A seleção
musical inclui músicas dos cantores Barry Manilow, Dolly Parton e Carpenters e do programa
infantil Barney.

Durante a escuta os réus são acompanhados por oficiais de justiça e impedidos de


comer, ler ou beber. Na opinião do juiz, submeter aqueles que tocam rap em alto volume a

Dionísio. Recorrentes: Brasilcenter Comunicações Ltda.; Lorena Pina dos Santos. Recorrentes: Lorena Pina
dos Santos, Brasilcenter Comunicações Ltda., Empresa Brasileira de Telecomunicações S.A. - Embratel. 27 de
setembro de 2005; Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região. Recurso Ordinário 01524.2005.006.17.006.
Juiz Relator: José Luiz Serafim. Recorrentes: Fabíola Freitas de Almeida Rodrigues e Brasilcenter
Comunicações Ltda. Recorridos: Brasilcenter Comunicações Ltda., Fabiola Freitas de Almeida Rodrigues,
Empresa Brasileira de Telecomunicações S.A. - Embratel. 05 de dezembro de 2006.
283
3ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Recurso Ordinário nº 02738.2002.261.02.007. Juíza
Relatora: Mércia Tomazinho. Recorrentes: Antonio de Oliveira Vallin Neto, Companhia Brasileira de
Distribuição. Recorridos: Os mesmos.
284
6ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região. Recurso Ordinário nº 02467.2004.041.02.00-0. Juiz
Relator: Valdir Florindo. Recorrente: Valéria Cristina Centenário. Recorrido: Centro de Ensino de Língua
Inglesa Ltda. 18 de abril de 2006.
285
SENTENÇA. 1 Dano Moral. Revista Eletrônica - Rio Grande do Sul - Tribunal Regional do Trabalho da 4ª
Região. 2ª quinzena de junho de 2006. Ano II. Nº 27. p. 16-22. Disponível em:
<www.trt4.gov.br/portal/page/portal/Internet/NAV_REVISTA_ELETRONICA/27edicao.doc>. Acesso em:
27/1/2008.
- 56 -

sentar e ouvir Barry Manilow é um terrível castigo, mas não tão grave quanto a prisão ou o
pagamento de multa. Esta pena vem sendo aplicada pelo juiz quatro vezes por ano.286 287

7.2. Som - Músicas Natalinas

Sindicatos e grupos que questionam a poluição sonora na Grã-Bretanha propuseram


tomar medidas em prol de funcionários obrigados a ouvir música natalina no período das
festas, em muitos casos tocadas contínua e repetidamente de um mesmo CD, o que para eles
em nada difere de ser torturado. Trabalhadores na Tchecoslováquia já fizeram passeata em
protesto e em 2003 um sindicato da Áustria teve sucesso em sua campanha de impedir que
música natalina lhes seja imposta.288 289

8. Futuro: O que esperar

As pesquisas propostas e aquelas em andamento, especialmente em centros ligados aos


militares norte-americanos, incluem, além de dispositivos acústicos de longa distância,
estudos envolvendo estímulo acústico, sons percussivos e contínuos, e os efeitos no ser
humano de freqüências acústicas. Um dos objetivos de longo prazo é o desenvolvimento de
armamentos visando determinar comportamento e causar efeitos incapacitantes que seriam
induzidos ao se interferir com os sentidos humanos de audição, visão, tato e olfato.290 291 Para
alguns, trata-se de usar a biologia e a neurologia para desenvolver armamentos não-letais

286
JUIZ condena barulhentos a ouvir música romântica. Terra. 17 de setembro de 2007. Disponível em:
<www.noticias.terra.com.br/popular/interna/0,,OI1914727-EI1141,00.html>. Acesso em: 17/09/2007.
287
OFFENDERS forced to listen to Barry Manilow. The Daily Telegraph. 17 de setembro de 2007. Disponível
em: <www.news.com.au/dailytelegraph/story/0,22049,22431662-5001028,00.html>. Acesso em: 17/09/2007.
288
GOVERNMENT asked to investigate Christmas music torture. The Register. 14 de dezembro de 2006.
Disponível em: <www.theregister.co.uk/2006/12/14/christmas_music_torture/print.html>. Acesso em:
12/10/2007.
289
ATTACK on Festive Hits Torture. Guardian Unlimited. 24 de dezembro de 2006. Disponível em:
<www.guardian.co.uk/christmas2006/story/0,,1978600,00.html>. Acesso em: 12/10/2007.
290
DAVISON, Neil. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department of Peace Studies.
University of Bradford. Reino Unido. Occasional Paper No. 3: The Contemporary Development of 'Non-
Lethal' Weapons. Maio/2007. p. 23-28. Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>.
Acesso em 10/6/2007.
291
DAVISON, Neil e LEWER, Nick. Bradford Non-Lethal Weapons Research Project (BNLWRP). Department
of Peace Studies. University of Bradford. Reino Unido. Research Report No. 7. Maio/2005. p. 17-19.
Disponível em: <www.brad.ac.uk/acad/nlw/research_reports/>. Acesso em 10/6/2007.
- 57 -

destinados a controlar a mente.292 Talvez a conhecida cena de tortura do seriado "Lost" (3ª
temporada, episódio nº 7 - "Not in Portland")293 não seja afinal mera ficção científica.

A Revista Veja, em edição de fevereiro de 2008, relata que a interferência no cérebro


para alterar comportamento sempre despertou controvérsias de caráter ético. Informa que um
grupo de pesquisadores gaúchos ligados a duas universidades anunciaram projeto para estudo
de jovens homicidas. Uma máquina de ressonância magnética analisará as suas atividades
cerebrais enquanto submetidos a imagens e sons violentos.294 Fig. 11

Conclusão

Os fatos descritos são o resultado deste (curto) período de um ano de pesquisa acerca
dos métodos coercitivos atuais que se valem do som, inclusive no Brasil: som em alto volume,
ininterrupto, música repetitiva e/ou canções humilhantes ou, ainda, o silêncio. Estes são
ingredientes geralmente utilizados com o objetivo de debilitar ou mesmo incapacitar física
e/ou psicologicamente.

Os relatos talvez sejam insuficientes para suportar uma conclusão segura de que o uso
do som nas circunstâncias objeto deste estudo deriva de políticas e condutas oficiais de
agentes governamentais ou mesmo de empresas. O que se constatou já é, porém, suficiente
para se afirmar que não estamos na presença de meras coincidências ou fatos isolados. No
mínimo, tratam-se de condutas incorporadas de forma empírica nas rotinas de quem as
emprega e que tem merecido pouca atenção de modo geral. Este fato não causa surpresa se
considerarmos a ausência de danos físicos perceptíveis e a relativa passividade da população
frente à poluição sonora.

292
EUA estudam controlar mente e emoção como arma. Último Segundo. 17 de dezembro de 2006. Disponível
em: <www.ultimosegundo.ig.com.br/materias/mundo/2629501-2630000/2629708/2629708_1.x>. Acesso em:
13/08/2007; e, MELLO, Patrícia Campos. EUA estudam usar controle da mente e da emoção como arma não-
letal. O Estado de São Paulo. 17 de dezembro de 2006. Disponível em:
<www.estado.com.br/editorias/2006/12/17/int-1.93.9.20061217.7.1.xml> . Acesso em 06/03/2008.
293
Lost, 3ª temporada, episódio nº 7 (Not in Portland), Buena Vista Home Entertainment, 2007.
294
NEIVA, Paula e VIEIRA, Vanessa. O dilema de mexer na mente. Revista Veja. 13 de fevereiro de 2008. p.
83.
- 58 -

Ainda que algumas fontes ou depoentes possam ter a veracidade ou fidelidade de seus
pronunciamentos questionados, a quantidade de informação coincidente disponível oriunda de
fontes distintas também nos permite concluir que determinados padrões de conduta são
reincidentes.

É certo que o som é historicamente utilizado no campo de batalha, muitas vezes com
mais de uma função: de um lado, organizar e estimular o ataque e, de outro, desorientar,
intimidar e fragilizar o inimigo. O som comparece cada vez mais nas salas de tortura, durante
interrogatórios e em outros cenários de abuso, também possivelmente com a função, além de
encobrir ruídos e impedir comunicação, de estimular o algoz e disciplinar, intimidar, fragilizar
psicologicamente e minar a resistência da vítima.

Considerando os investimentos, as pesquisas e os avanços tecnológicos, tudo indica


que o uso do som como instrumento de dominação deve continuar na agenda.

Alex Ross, que absolve a música (mas não o homem) de eventuais precipitadas
acusações especula que: "A música pode não ser inviolável, mas é infinitamente variável,
adquirindo uma nova identidade na mente de cada novo ouvinte. Está sempre no mundo, nem
culpada, nem inocente, sujeita à constante mudança da paisagem humana em que se
move".295

Por outro lado, o musicólogo Sierguei Tolstoi, um dos filhos de Lev Tolstoi, registrou
a enorme angústia que a música causava a seu pai, o qual, ao que parece, por vezes colocava a
própria música no banco dos réus: "Uma perturbação sem motivo e um enternecimento eram
o que lhe provocava a música. Às vezes, ela o perturbava contra sua vontade, torturava-o até,
e ele dizia: 'Que me veut cette musique?" ("O que quer de mim esta música?")296

Susan Christina Forster


(scf@fischerforster.com.br)

295
ROSS, Alex. The Rest is Noise. Listening to the Twentieth Century. 1ª ed. Nova Iorque: Farran, Straus and
Giroux, 2007. p. 307.
296
TOLSTÓI, Sierguéi. Ótcherki bilovo (Crônicas sobre o passado), Moscou: Goslitizdát (Editora Estatal de
Literatura), 1956, 2ª ed., p. 373 apud TOLSTÓI, Lev. A Sonata a Kreutzer. 1ª ed., São Paulo: Editora 34,
2007. Posfácio Boris Schnaiderman. p. 107-108.
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ANEXO I

Fig. 1

Disponível em:
www.click21.mypage.com.br/hosp_cliente_sc/m/a/r/marceloleao.myblog.com.br/VozdoDeserto.jpg.
Acesso em: 23/01/2008.
ANEXO I

Fig. 2

Hieronymus Bosch. O Inferno.


BOSING, Walter. A Obra de Pintura. Singapura: Paisagem Distribuidora de Livros Ltda., 2006. p. 54.
ANEXO I

Fig. 3

Franz von Stuck, Dissonances, 1910, Munich, villa Stuck

LA MUSIQUE, Repères Iconographiques, Paris: Editions Hazan, 2006, p. 83.


ANEXO I

Fig. 4

Mosaico, sec. I, Saarbrucken, Museum für Von-und Fruhgeschichte


LA MUSIQUE, Repères Iconographiques, Paris: Editions Hazan, 2006, p.303.

Disponível em: <www.depthome.brooklyn.cuny.edu/classics/gladiatr/arena.htm>. Acesso em 09/02/2008.


ANEXO I

Fig. 5

Parte do Caldeirão
Gundrup – 1º ou 2º
Século AC

Moeda Romana
(Denarius) de
Prata – 48 A.C.

Disponível em: www.arbre-celtique.com/.../guerre/carnyx1b.jpg; www.kernunnos.com/culture/warriors/gallia.jpe;


www.hallstattzeit.de/Carnyx_aalen.jpg. Acesso em 23/01/2008.
ANEXO I

Fig. 6

"O Estado de São Paulo, 22 de setembro de 2007 – A-22


ANEXO I

Fig. 7

Disponível em: dsc.discovery.com/.../photo_07.html; www.atcsd.com/images/lrad-govt.jpg. Acesso em:


23/01/2008.
ANEXO I

Fig. 8

Disponível em: www.amnesty.ca/.../brazil_policing_rio.jpg; digago.com/images/img_681.jpg. Acesso em:


23/01/2008.
ANEXO I

Fig. 9

RONSON, Jon. The Men Who Stare at Goats. New York: Simon & Schuster, 2004. p. 197.

Fig. 10

"The Economist", 13 de outubro de 2007. p.10.


ANEXO I

Fig. 11

Revista Veja, Edição 2047, ano 41, nº 6, 13 de fevereiro de 2008, Ed. Abril, p. 82.

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