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Orgãos de Máquinas I - FEUP/DEMec

OUTRAS CARACTERÍSTICAS DOS ÓLEOS


LUBRIFICANTES

Densidade e Peso Específico

A densidade e/ou peso específico são utilizados para

caracterizar os óleos usados, servindo, por exemplo, para avaliar a

quantidade de gasolina existente no óleo de lubrificação de um

motor.

O peso específico é a relação existente entre a massa de um

determinado volume de óleo e a massa de igual volume de água, à

mesma temperatura. A temperatura de referência é geralmente

15,6ºC (60ºF).

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A densidade é a massa de um determinado volume de óleo,

em kg/m3.

Graus API = (141,5/gs) – 131,5

em que gs é o peso específico a 15,6ºC.

A densidade típica de um óleo mineral é cerca 850 Kg/m3 e a

densidade da água 1000 Kg/m3. Assim sendo o valor típico da

gravidade específica de um óleo mineral é de cerca 0,85.

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Calor específico

T = (1,63 + 0,0034 . θ ) gs0,5

em que T é o calor específico em KJ/KgºK; θ é a temperatura em

ºC e gs é o peso específico.

Condutividade térmica

(
K = ( 0,12 gs ) × 1 − 1,667 × 10 −4 . θ )

em que K é a condutividade térmica em W/mºK.

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Difusão térmica

Difusão térmica é o parâmetro que descreve a propagação da

temperatura nos corpos

χ = K ρσ

em que χ é a difusão térmica em m2/s e ρ a densidade em Kg/m3.

K é a condutividade térmica e σ o calor específico.

ÓLEO ÁGUA
MINERAL
Densidade a 20oC (Kg/m3) 700 – 1.200 1.000

Calor específico a 20oC (J/KgoK) 1670 4184

Condutividade Térmica a 100oC (W/moK) 0,14 0,58

Difusão Térmica a 100oC (x 10-6 m2/s) 0,059-0,102 0,16

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Temperaturas características dos


lubrificantes

Ponto de Inflamação

Temperatura mínima à qual o óleo liberta à sua superfície

uma concentração suficiente de vapores para se inflamarem

fugazmente quando se aproxima uma chama livre.

Ponto de Combustão

Temperatura mínima à qual os valores libertados pelo óleo são

suficientes para manterem uma combustão permanente.

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Ponto de Escorrimento ou Congelação

É a temperatura mais baixa a que o óleo escorre ou flui

quando arrefecido em determinadas condições. Depende da

velocidade de arrefecimento, da agitação mecânica e, também,

do tipo de óleo.

Temos como valores habituais para óleos minerais: -7 a –18ºC,

podendo-se encontrar valores mais baixos para óleos sintéticos.

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MASSAS LUBRIFICANTES

Definição e Composição

Massas lubrificantes são o produto da dispersão de um produto


espessante num óleo lubrificante, mineral ou sintético.
Normalmente, são ainda adicionados aditivos.

A maioria das massas lubrificantes contêm entre 4 a 20% de


espessante, 75 a 96% de óleo base e 0 a 5% de aditivos.

Óleos base: óleos minerais

Óleos sintéticos: condições extremas (aviação, ...)

Espessantes: sabões, que são sais metálicos de ácidos gordos.

Mais habituais: hidróxidos de lítio, cálcio, sódio, bário e


alumínio ou os seus componentes.

Outros espessantes: as argílas orgânicas e as políureias.

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As massas lubrificantes são preferidas aos lubrificantes


líquidos sempre que a alimentação contínua do contacto é
impraticável. Também são utilizados quando não existem uma
zona própria para reter o lubrificante líquido.

De salientar que cerca de 80% das chumaceiras de rolamentos


são lubrificados com massas

Características das Massas e Classificação

Consistência

A consistência é a medida da dureza da massa.

A consistência é geralmente avaliada pelo teste de penetração


pelo cone (ASTM D217). A penetração é a profundidade, avaliada
em décimos de milímetro, à qual penetra um cone normalizado
deixado cair sobre uma massa, em determinadas condições de
ensaio.

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Números NLGI da consistência das massas

Penetração

trabalhada
NLGI
ASTM (a 25oC)
000 445-475
00 400-430
0 355-385
1 310-340
2 265-295
3 220-250
4 175-205
5 130-160
6 85-115

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Viscosidade Aparente

 dv n
τ = τℓ +  µb 
 dh 

Em que τ é a tensão aplicada ao lubrificante, τℓ é a tensão de


escoamento plástico, µb é a viscosidade dinâmica do óleo base,
dv dh é a velocidade de deformação e n é uma constante de cada
massa.

A deformação de Newton é muitas vezes utilizada

dv
τ = µa
dh

Em que µa é a viscosidade aparente da massa.

Varia com o tempo quando a massa é submetida a ciclos de


deformação.

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Ponto de gota

O ponto de gota é a temperatura à qual uma massa passa de


um estado semi-sólido ao estado líquido, em determinadas
condições.

O ponto de gota representa a temperatura máxima à qual a


massa pode ser utilizada, embora na prática o valor seja mais
baixo, pois o processo de liquefação não é instantâneo e logo que
a massa desce abaixo de uma determinada consistência deixa de
ser utilizável.

Temperatura máxima
Ponto de gota
Espessante o
em utilização contínua
C o
C
Lítio 190 120
Lítio complexo + 260 180
Cálcio hidratada 88 65
Cálcio complexo + 260 180
Sódio 180 120
Bário 205 120
Argila orgânica + 260 180
Poliureia 240 180

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Outras Características

Resistência à água.

Temperatura mínima de funcionamento.

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BIODEGRADIBILIDADE DOS LUBRIFICANTES

A biodegradibilidade pode-se definir como sendo o processo de

separação química dos elementos ou transformação de uma

substância causada por micro-organismos ou enzimas.

Biodegradibilidade completa: quando o lubrificante foi

completamente dissolvido na natureza.

Biodegradibilidade incompleta: quando pelo menos um

componente não se dissolveu na natureza.

Lubrificantes biodegradáveis:

1. Fluídos miscíveis na água

2. Óleos de origem vegetal

3. Óleos sintéticos à base de éster

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Exemplos:

1: PAG – Poliaquilneglicois
PEG - Poliequilneglicois

Boas propriedades físicas e elevada biodegradibilidade


Não são miscíveis com óleos minerais e atacam os vedantes
(“selos”)

2: Óleo de girassol
Óleo de milho
Óleo de rícino (“rapeseed”)

Boas propriedades lubrificantes, isto é, formam um bom filme


lubrificante
Oxidam rapidamente a temperaturas superiores a 90ºC, fluem mal
a baixas temperaturas, vida mais curta que os minerais

3: Óleos sintéticos à base de éster

Biodegradibilidade semelhante à dos óleos vegetais


Propriedades lubrificantes semelhantes às dos óleos minerais
Excelente estabilidade térmica
Custo elevado

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Normas de avaliação de biodegradibilidade

ASTM D5684-95 - “Standard Test for Determining Aerobic


Aquatic Biodegradation of Lubricants or their
Components”

OECD Test Protocols 301A-F

CEC L-33-A-94 (para motores de dois tempos, “fora de borda”)

Utilização preferencial destes óleos:

Motores marítimos a dois tempos, “fora de borda”


Óleos para serras mecânicas
Óleos para carris do caminho de ferro
Óleos desmoldantes
Óleos para os sistemas hidráulicos de maquinaria de
construção civil e equipamento agrícolas
Óleos para equipamentos da indústria alimentar
Etc...

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TOXICIDADE

A toxicidade é avaliada pelos regulamentos estabelecidos no

“OSHA (Occupational Safety and Health Administration) - Hazard

Communication Rule”

É a medida pelo LD50 :

quantidade de material quando absorvida oralmente ou

através da pelo que provoca 50% de mortes em ensaios

com animais, geralmente ratos. Expressa-se em

miligramas por kilo do peso do animal de ensaio.

Os produtos com cloro como os “PCB – Polychlorinated

biphenils”, usados antigamente nos transformadores e

permutadores de calor, foram banidos por darem origem a

dioxinas.

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EMULSÕES E LUBRIFICANTES AQUOSOS

Água + Óleo

“W/O” são suspensões de gotas de água no óleo e são

sobretudo utilizadas como fluídos hidráulicos resistentes ao fogo,

tendo uma grande aplicação na indústria mineira.

“O/W”, suspensões de gotas de óleo na água, são utilizadas

como fluídos de corte, para lubrificação e refrigeração do

contacto.

Os lubrificantes aquosos, misturas de hidrocarbonetos solúveis

na água, são também utilizados como fluídos de corte.

Devido à presença da água, estes lubrificantes podem sofrer

contaminações microbiológicos.

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