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1.

APRESENTAÇÃO
Este Pré-Projeto é desdobramento do trabalho monográfico Oficinas de vídeo com povos
Guarani – contribuições de uma antropologia compartilhada e visual para a disciplina de
sociologia no ensino médio. O qual tinha como eixo fundamental da discussão e da prática a
autoria e o processo investigativo compartilhados.
Participei nas oficinas de 2013 a 2015, que faziam parte do Projeto de Extensão Vídeo e
Transmissão de conhecimentos entre os povos Guaraní, Mbyá e Kaiowá, coordenado pela
professora do Departamento de Antropologia da UFF, Ana Lúcia Marques Camargo Ferraz, e
os integrantes do Laboratório do Filme Etnográfico.
[TEXTO SOBRE O PROJETO]
Todas as oficinas contaram com o apoio da Associação Cultural de Realizadores Indígenas
(Ascuri), da Escuela de Cine y Artes Audiovisuales de La Paz (ECA) e da Licenciatura
Intercultural da Universidade Federal de Grande Dourados (FAIND), no Mato Grosso do Sul.
Inicialmente, as oficinas se instalavam na universidade e tinham como objetivo final a
produção de material didático para essa nova licenciatura em formação.
Na edição seguinte, a oficina se expandiu e se deslocou para a aldeia. Reunimos Mbyás de
Maricá, Kaiowás de Dourados e Guaranís de Limão Verde, de Amambay e de Porto Lindo,
na aldeia Pirajuy. O tom desta oficina foi de encontro e reencontro. Fazia 40 anos que os
Guaraní de Pirajuy não performavam o canto e dança tradicionais.
Os filmes também não foram exceção e deflagravam esse tom. De filmes como material
didático para filmes de retomada da terra, Ocupação Potrero, retomada da palavra guaraní,
da relação com os anciãos, como Yy ou Nascentes, entre outros.
Hoje, os três kaiowás receberam uma bolsa de estudo na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no
centro do Rio de Janeiro. Michele está inscrita no curso de direção, Geeh está no curso de
roteiro e Kiki no curso de montagem. Todos terão disciplinas de linguagem fílmica, teoria do
cinema, cinema brasileiro, além de suas disciplinas teóricas e práticas específicas. A cada
semestre, eles devem produzir um curta-metragem em grupo e, ao final, no primeiro semestre
de 2019, eles devem apresentar, individualmente seus trabalhos de conclusão de curso.
Há uma produção difusa e heterogênea … [bike de nhanderu, checar outros no texto do
andré]
O que parece ser irrevogável é a sua relação com o fora. O fora de campo se resume nas
relações de produção do filme, quem filma e quem é filmado, quem são os espectadores
presumidos. Apesar da produção difusa e heterogênea, o jovem indígena assume sua prática
não de forma profissionalmente circunscrita nem como atividade estética, mas como uma
prática coletiva, tendo o seu próprio povo como espectador e negociador das imagens que
irão constituir o filme.
A relação com o fora é estendida a hipótese do cinema como máquina xamânica. A partir do
corpo que filma, o fora-de-campo é o lugar onde seria possível de ser gravado, mesmo que
em tessituras finas do filme, as relações com o invisível: propriedades espaciais e temporais
do universo, os tipos de seres que nele se encontram, os princípios ou potências que regulam
ou animam sua origem, que atravessam sua experiência histórica*.
[uma ontologia da imagem que incluía esse fora-de-quadro e que determinava a possibilidade
ou não de sua exposição

Seria possível assim começar a falar de uma estética indígena, de uma estética por vir, no
mínimo.
[RELAÇÃO COM O FORA E CONSEQUÊNCIAS TEÓRICAS]

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