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BIOGRAFIA DO ARTISTA
Sua obra, surgiu através das conversas com sábios em volta da fogueira,
tornou-se um dos recursos mais potentes das artes visuais contra o apagamento da
cultura indígena no Rio Grande do Sul.
O diálogo e a integração com a comunidade Guarani Mbyá permitiram ao
artista o resgate e reconhecimento da própria ancestralidade.
Xadalu tem origem ligada aos indígenas que historicamente habitavam as
margens do Rio Ibirapuitã.
As águas que banharam sua infância na antiga terra chamada Ararenguá
carregam a história de Guaranis Mbyá, Charruas, Minuanos, Jaros e Mbones, assim
como dos bisavós e trisavós do artista.
De etnia desconhecida, eles eram parte de um fragmento indígena que
resistia em casas de barro e capim à beira do Ibirapuitã, dedicando-se à pesca e
vivendo ao redor do fogo mesmo depois do extermínio das aldeias da região.
Xadalu produz uma obra que quanto mais dispersada, mais eficiente é sua
comunicação.
Xadalu trata de deslocamentos territoriais, de sua saída do interior para a
capital até o reconhecimento da diáspora dos guaranis. Sua metáfora, os primeiros
trabalhos na rua enquanto catador de latinhas e gari, num percurso dos desterrados.
ÁREA INDÍGENA
Esta obra fala muito dessa pendulação que acontece aqui em Porto Alegre,
sobre as aldeias que se encontram nas periferias da cidade e precisam viajar até o
centro para vender seu artesanato, sua única forma de sustento. Nesse contexto de
idas e vindas, a comunidade começou a ser atacada e tentaram retirá-la das
calçadas. Começou a ficar tão forte essa coisa das expulsões que a comunidade
estava com muito medo desse enfrentamento.
Apesar de o centro de Porto Alegre ser uma antiga aldeia indígena, seria um
pouco utópico falar que Porto Alegre é terra indígena. Na criação da obra, até cogitei
essa coisa da terra, mas o que mais se relacionava com os fatos era a palavra
“área”. Então eu demarquei o centro colando esses cartazes. Saiu nos jornais e na
televisão o questionamento do que queria dizer aqueles cartazes. Alguns lojistas
pensaram que era uma lei municipal, outros acreditaram que haveria uma invasão
indígena.
O mais importante é que, em suas idas ao centro, a comunidade se colocava
embaixo dos cartazes, ocupava o espaço demarcado e a obra ficava completa. Eu
fui investigado pela Polícia Federal e detido. O que estava em questão no
julgamento não era colar os cartazes, mas o modo de pensar, proclamar a área
indígena. Depois o caso foi arquivado.
Em 2020, sua obra Atenção Área Indígena foi transformada em bandeira e hasteada
na cúpula do Museu de Arte do Rio.
NHERU NHE’RY: EXISTE UMA CIDADE SOBRE NÓS
ANÁLISE DO GRUPO
Percebeu-se que Xadalu por meio das suas obras de arte consegue mudar a
visão das coisas, pois, faz uma conexão entre a aldeia e a cidade. Sua produção é
diversificada vai desde a sticker art à fotografia, passando pela pintura e a serigrafia.
Nota-se também que o artista acredita muito no potencial da arte urbana e
seu objetivo é atingir por meio da arte todas as camadas sociais e poder
compartilhar informações.
Portanto, conclui-se que se tratando da arte contemporânea, especificamente
da arte urbana, Xadalu deixa claro que ela sempre foi muito discriminada no Rio
Grande do Sul, mas em virtude do sucesso das suas obras Xadalu é um artista
conhecido internacionalmente e essa experiência no exterior também ajuda a
mostrar a importância que a arte urbana tem fora do país e a valorizá-la no Brasil.