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Palestra sobre Pentateuco.

Introdução

Objetivo: Apresentar de relance a doutrina sobre a Palavra de Deus. O que ela


diz a respeito de si mesma?

Conteúdo: 1) A Bíblia é a Palavra de Deus. 2) A Bíblia é compreensível. 3) A


Bíblia nos leva a um relacionamento com Deus. 4) A Bíblia revela a vontade de Deus. 5)
A Bíblia exige uma resposta de nós. 6) Análise de 2º Timóteo 3.14-17

Qual o significado da palavra “Bíblia”? Significa: livros. A ‘Bíblia Sagrada’ nada


mais é do que uma biblioteca sagrada. É uma biblioteca pois contém 66 livros. O
Antigo Testamento possui 39 e o Novo Testamento 27. Por meio da Bíblia, que é a
Palavra de Deus, conhecemos o caráter e as obras de Deus.

1. Ela foi escrita por aproximadamente 40 escritores num período de 1500 anos e em
vários estilos literários (histórias, leis, poesias, profecias, cartas, etc.). Apesar disto, ela
é perfeitamente harmônica o que atesta sua inspiração, isto é, sua origem divina (2 Pe
1.20-21). (Acrescentar o que a CFW diz).

2. A Bíblia é compreensível. A Bíblia é a prova que Deus resolveu se revelar, Ele quis ser
conhecido por nós, Seu povo. Mas para ser Conhecido, Ele precisa ser Compreendido.
Por isso, ao falar conosco Ele resolveu falar de modo que entendamos. Na linguagem
do grande reformador João Calvino, Ele se acomodou a nossa capacidade de
compreensão. Sobre isto, certo estudioso bíblico chamado Alister McGrath ensina:

Deus, ao se revelar a nós, acomodou-se aos nossos níveis de entendimento


e às nossas preferências naturais por meios ilustrativos de compreendê-lo.
Deus se revela, não como ele é em si mesmo, mas em formas adaptadas à
nossa capacidade humana. Assim, a Bíblia fala de Deus tendo braços, boca, e
assim por diante – mas essas são apenas metáforas vivas e memoráveis,
apropriadas de maneira ideal às nossas habilidades intelectuais. Deus se
revela de formas adequadas, convenientes às habilidades e situações
daqueles para quem a revelação foi originalmente dada

Assim como uma mãe precisa se adaptar a linguagem do seu bebê para que este a
compreenda, Deus fala conosco de modo que venhamos a compreender.
Posto isto, precisamos fazer duas ressalvas:

Em primeiro lugar, Deuteronômio 29.29 diz: “As coisas encobertas pertencem


ao Senhor, nosso Deus, porém as reveladas nos pertencem, a nós e aos nossos filhos,
para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei”. Este texto nos ensina
que existem ‘coisas encobertas’, coisas ocultas, que não podem ser vistas. Por
exemplo: a Bíblia claramente ensina que Deus é uma Trindade. Deus é Pai, Filho e
Espírito Santo. Mas a Bíblia não ensina como que isto acontece. Como é possível 1 ser
3 e 3 ser 1. Eu posso compreender que Deus é assim, mas não posso explicar porque
ou como Ele é assim. Isto é um mistério. Portanto, precisamos imitar a atitude de um
certo ‘pai da igreja’ chamado Tertuliano de Catargo. Sobre o que a Bíblia fala, nós
falamos. Sobre o que a Bíblia se cala, nós nos calamos. Confessamos o mistério.

Em segundo lugar, a Bíblia é compreensível, mas o Espírito Santo precisa


iluminar nosso entendimento dela. É isto o que o salmista ora no salmo 119.18:
“Desvenda os meus olhos para que eu contemple as maravilhas da tua lei”. A palavra
lei significa ensino. Ela está relacionada a ideia de lançar algo. Portanto, o sentido é
que a lei de Deus é aquilo que Deus envia em nossa direção para que a recebamos.
Mas nossos olhos vejam essa lei, eles precisam ser desvendados. Se o Senhor não nos
iluminar, não compreenderemos sua Palavra. Os discípulos no caminho de Emaús não
reconheceram que estavam falando com Jesus seus olhos foram abertos (Lc 24.31). Os
próprios apóstolos só entenderam as profecias do Antigo Testamento a respeito de
Jesus depois que o Mestre “lhes abriu o entendimento” (Lc 24.45). “O homem natural
não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entende-
las, porque elas se discernem espiritualmente”. Por isso, nossa atitude diante da
Palavra deve ser de quebrantamento e oração, suplicando graça ao Espírito que a
inspirou para também iluminar os olhos de nosso coração.

3. A Bíblia possibilita um relacionamento com Deus. Um relacionamento é


basicamente feito de falar e ouvir. Quando oramos, falamos com Deus. Quando lemos
e meditamos na Palavra, Deus fala conosco. Quando Deus fala conosco passamos a o
conhecer como Pai, Amigo, Rei, Senhor, Santo, Glorioso, etc.
4. A Bíblia revela a vontade de Deus. A Bíblia é nossa única regra de fé e
prática. Ela é a verdade final e absoluta. Ela é o critério pelo dizemos se algo é
verdadeiro ou falso. Ela é “lâmpada para nossos pés e luz do nosso caminho” (Sl
199:05). Ela é a bússola que nos mostra a direção. Por meio da Bíblia, compreendemos
o que Deus espera de nossas vidas. Quando não conhecemos a Escritura e o poder de
Deus, erramos (Mt 22.29). A Confissão de Fé de Westminster no capítulo I, parágrafo I,
diz:

Ainda que a luz da natureza e as obras da criação e da providência de tal


modo manifestem a bondade, a sabedoria e o poder de Deus, que os
homens ficam inescusáveis, contudo não são suficientes para dar aquele
conhecimento de Deus e da sua vontade necessário para a salvação; por isso
foi o Senhor servido, em diversos tempos e diferentes modos, revelar-se e
declarar à sua Igreja aquela sua vontade; e depois, para melhor preservação
e propagação da verdade, para o mais seguro estabelecimento e conforto da
Igreja contra a corrupção da carne e malícia de Satanás e do mundo, foi
igualmente servido fazê-la escrever toda. Isto torna indispensável a Escritura
Sagrada, tendo cessado aqueles antigos modos de revelar Deus a sua
vontade ao seu povo.

5. A Bíblia exige uma resposta. A Bíblia não é apenas um livro que fala sobre
Deus, sobre a Igreja, sobre família. Ela não é apenas um livro que traz informações.
Antes, ela nos desafia a mudança, por meio da fé, do arrependimento e da obediência.
Em Isaías 55, Deus faz um convite ao Seu povo e espera uma resposta dos seus
ouvintes (v.1-7), isso porque a Palavra jamais volta vazia (v.11). Seremos julgados pelo
que aprendemos de Deus por meio de Sua Palavra. É por isto que Tiago 3.1 diz: “Meus
irmãos, não vos torneis, muitos de vós, mestres, sabendo que havemos de receber
maior juízo”.

Por fim, posto que estamos refletindo sobre o tema da doutrina da Palavra de
Deus, meditemos em 2º Timóteo 3.14-17 onde Paulo dá um valioso conselho para um
jovem obreiro chamado Timóteo.

Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado,


sabendo de quem o aprendeste e que, desde a infância, sabes as sagradas letras, que
podem tornar-te sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. Toda a Escritura é
inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a
educação na justiça, afim de que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente
habilitado para toda boa obra.

Esta é a última carta de Paulo. Ele se dirige ao seu amado filho Timóteo antes
de enfrentar a espada de Roma. Sua morte é chegada, sua partida está próxima.
Timóteo precisa continuar o ministério, mesmo com a morte de seu incrível mentor.
Para tanto, ele recebe conselhos. Dentre os vários conselhos que Timóteo recebe, este
recebe destaque em nossa reflexão.

Paulo começa sua exortação com o “tu, porém”. É como se Paulo estivesse
dizendo: “Mas você Timóteo... não se envolva com isto”. O que é isto que gera
preocupação em Paulo ? No verso 1 deste capítulo, o apóstolo diz que os últimos dias
serão “difíceis”. Essa palavra quer dizer algo selvagem, perigoso, difícil de pegar com a
mão, algo capaz de causar grande estrago. Os últimos dias seriam assim: complicados e
nos fariam sofrer. Isso porque a maldade entraria avassaladoramente na igreja. Muitas
pessoas teriam aparência de piedade, mas negariam o poder dela. Muitos pareciam
cristãos, mas negariam a essência do cristianismo. Existirão muitos falsos pastores, que
seduzem mulherinhas sobrecarregadas de pecado. Existirão muitas falsas irmãs e
irmãos, que dirão ser de Jesus mas que serão imitadores do diabo. A batalha será
árdua. Os maiores problemas do obreiro não são os incrédulos no mundo, mas são os
incrédulos na igreja. E sempre há o risco de sermos contaminados pelo mal que há no
mundo e, principalmente, na igreja. Daí a importância do conselho paulino. O que
fazer para sair ‘ileso’ de toda essa maldade que crescerá no meio da igreja ?

Timóteo precisa permanecer naquilo que ele aprendeu e que foi inteirado. A
palavra permanecer significa “continuar determinado estado, condição ou atividade”.
Não arrede daquilo que você aprendeu e foi inteirado, ou seja, convencido. O que ele
aprendeu? De que ele foi inteirado? O verso 15 responde: as sagradas letras. Ele
precisa permanecer alicerçado nas Escrituras, não pode abandoná-las. Qual a razão?
Eles podem nos tornar sábios para a salvação pela fé em Cristo Jesus.

Uma outra possível tradução seria: “as sagradas letras tem o poder e a
capacidade de te fazer sábio (...)”. A palavra traduzida por ‘podem’ é dunámená. Esta
relacionada a palavra ‘dinamite’, é algo poderoso, é algo empoderador, capacitador.
As sagradas letras não são meras informações sobre Deus, antes são um meio de Deus
nos capacitar para alcançarmos a verdadeira sabedoria. Um obreiro precisa de
sabedoria e a sabedoria que ele precisa se encontra nas sagradas letras. E o ápice
dessa sabedoria é crer em Jesus Cristo.

“Pela graça sois salvos mediante a fé”, a salvação não é por obras meritórias,
mas pela fé na obra de Cristo. No entanto, para chegarmos a crer nisto precisamos ser
capacitados e essa capacitação vem das sagradas letras, por meio da ação do Espírito
de Deus em nossas vidas. A Bíblia é a “espada do Espírito”, ou seja, é a espada que o
Espírito Santo usa para nos convencer do pecado, da justiça e do juízo, para vencer a
maldade em nosso ser. Sem a Bíblia não creríamos e Paulo diz: permaneça nela, se fixe
nela, tudo o que você precisa para ser salvo está nela, não a abandone. Dito isto, ele
apresenta as características e a utilidade da Bíblia.

Ele afirma que a Escritura é inspirada por Deus. Ela foi soprada por Deus, vem
da boca de Deus, foi produzido pelo próprio Espírito de Deus. Traz a ideia de carregar a
vida de Deus, pois foi pelo sopro de Deus que o ser humano virou alma vivente. Por
conta disto, ela é útil para: o ensino, para a repreensão, para a correção, para a
educação na justiça.

Em primeiro lugar, para o ensino. Didaskalia. Por meio da Bíblia, os


conhecimento espirituais são transmitidos. Ela é a fonte da nossa doutrina, não são
experiências ou achismos, mas a Escritura.

Em segundo lugar, para a repreensão. Elegmon. Por meio da Bíblia, podemos e


devemos criticar e censurar aquilo que está errado, tanto em nossa própria vida
quanto na igreja (em tudo, sabedoria e amor). Não podemos entender mal o que Jesus
quis dizer com “não julgueis”. Não julgueis no sentido de sermos hipócritas ou
julgamos sem os critérios corretos.

Em terceiro lugar, para correção. Epanorthosin. Por meio da Bíblia, não apenas
criticamos o erro, mas também oferecemos a solução. O obreiro com a Palavra aberta
denuncia o pecado, mas também traz a cura para os arrependimentos. É por meio da
Bíblia que somos aperfeiçoados.
Em quarto lugar, para educação na justiça. Paideian. Essa palavra geralmente é
utilizada na Bíblia para se referir a maneira como os pais treinam os filhos para a vida,
para serem bons seres humanos. O sentido é que por meio da Bíblia, Deus nos ensina a
viver como seus filhos, numa vida justa.

Tudo isto nos leva a conclusão, no verso 17. Para o que o homem de Deus seja
perfeito. Quando permanecemos nas sagradas letras, nos tornamos perfeitos. Artios. É
alguém completo, capaz. Alguém que não precisa que nada seja acrescentado ou
tirado do seu caráter. Um diamante polido. Mas também perfeitamente habilitado
para toda boa obra. Alguém pronto para servir a Deus com fidelidade e ser útil neste
trabalho. A Bíblia, as sagradas letras, são essenciais e precisamos permanecer nelas,
todos os dias.

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