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Departamento de Engenharia Mecânica

Resistência sob
Solicitações Estáticas

ENG03324 – Componentes Mecânicos I Prof. José A. Mazzaferro

Estado de tensões em um ponto

Para definir completamente o estado de tensões em um ponto qualquer


de um sólido, é necessário descrever a intensidade, direção e sentido em todos
os planos possíveis que possam passar pelo ponto. Isso pode ser feito
determinando todas as componentes de tensão atuando em um cubo infinitesimal
orientado de acordo com um sistema de coordenadas cartesianas posicionado no
ponto de interesse.
As tensões normais, σ, são descritas por um
único subscrito, correspondendo à direção normal
e sentido saindo do plano em que agem. São
positivas quando geram tração.

As tensões cisalhantes são descritas por dois


subscritos, indicando, respectivamente, o plano
em que se encontram e o sentido de atuação.
São positivas se a direção e sentido tiverem a
mesma orientação do eixo em que agem.

O estado de tensões em um ponto pode ser com-


Dieter, 1986 pletamente descrito através de 6 componentes.
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Estados de tensões e deformações
multiaxiais

Um componente mecânico ou equipamento, quando em


operação, pode estar submetido a uma combinação de cargas
axiais, cargas que produzam flexão, cisalhamento puro, torção e
outros tipos de solicitações, simultaneamente.

Independente da complexidade da geometria do


componente e da quantidade de cargas envolvidas, o sistema de
forças atuantes sempre pode ser reduzido a três forças e três
momentos, definidos em relação a um sistema de coordenadas x-
y-z arbitrariamente escolhido.

Exemplos de solicitações multiaxiais em componentes


mecânicos:
- eixo  bidimensional
- rolamento  tridimensional

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Solicitações em um plano inclinado

No estado bidimensional de solicitação, o


sistema de tensões será constituído por duas tensões
normais σx e σy, e uma tensão cisalhante xy. As
tensões atuantes em um plano oblíquo formando um
ângulo θ com o eixo x, são:

x y x  y
 x   cos 2   xy sen 2
2 2

x y x  y
 y   cos 2   xy sen 2
2 2

 y x
 x y   sen 2   xy cos 2
Dieter, 1986
2

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Variação das tensões com o ângulo θ

As equações para σx’, σy’ e x’y’ permitem descrever as


tensões normais e cisalhante em qualquer plano. As tensões
variam em função do ângulo θ, conforme mostrado na figura
Cabe observar que

- Os valores máximo e mínimo da


tensão normal no plano oblíquo
ocorrem quando a tensão cisalhante
é nula.

- Os valores máximo e mínimo para as


tensões normal e cisalhante estão
defasados de 90o.
Dieter, 1986

- As tensões cisalhantes máxima e


mínima ocorrem na metade do
ângulo entre as tensões normais
ENG03324 – Componentes Mecânicos I máxima e mínima.

Tensões principais

Para qualquer estado de tensões é sempre possível


definir um novo sistema de coordenadas cujos extremo sejam
perpendiculares aos planos em que agem as máximas tensões
normais e nos quais não se observa ocorrência de esforços
cortantes.

Estes planos são denominados planos principais e as


tensões normais a eles, tensões principais. Sempre existem três
tensões principais, embora algumas delas possam ser nulas. A
tensão principal 1 é a maior tensão normal que pode ocorrer,
para qualquer plano que passe pelo ponto O considerado.

Por convenção 1 > 2 > 3

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Tensões principais

Para o estado biaxial de tensões, as tensões principais


podem ser calculadas através das expressões
1/ 2
x y   x   y 
2

 max   1       xy 
2

2  2  

1/ 2
x y   x   y 
2

 min   2       xy 
2

2  2  

1/ 2
  x   y 
2

 max       xy 
2

 2  

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Círculo de Mohr – duas dimensões

As equações que definem σx’, σy’ e x’y’ (slide 4) podem ser


transformadas e reordenadas, resultando na seguinte expressão

 y   y
2 2
  
  x   x    x y    x    xy
2 2

 2   2 

que tem a mesma forma


da equação que descreve um círculo
de raio R e centro em (xo, yo)
Spiegel, 1973

( x  xo ) 2  ( y  yo ) 2  R 2

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Círculo de Mohr – duas dimensões
Em 1882 Mohr propôs que um círculo plotado no plano σ-
 pode se utilizado para representar qualquer estado de tensões
biaxial. Tal representação gráfica é conhecida como círculo de
Mohr.
Convenções para uso do
Círculo de Mohr

- Tensões normais trativas são


positivas.

- Tensões cisalhantes são


positivas se produzem
conjugado no sentido horário.
- O ângulo no círculo

Collins, 2006
corresponde a 2θ
2. xy
2  tan 1 ( )
 x  y
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Exemplo

Um elemento de tensão possui as seguintes


características:

σx = 80 MPa

xy = 50 MPa (sentido horário)

 Determine as tensões principais e o ângulo de


inclinação do elemento

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Teorias de falha

Quando o componente ou estrutura está sujeito a um


estado uniaxial de tensões, a previsão de falha deste componente
pode ser feita facilmente comparando esta solicitação com as
propriedades do material obtidas através do ensaio uniaxial de
tração.
Componentes de máquinas geralmente estão sujeitos a
solicitações combinadas (estado de tensão multiaxial). Para prever
a falha nesta situação, são utilizadas teorias de falha validadas
experimentalmente que relacionem a falha neste estado multiaxial
com a falha pelo mesmo modo em um estado uniaxial de tensões.
As principais teorias podem ser agrupadas em três
categorias:
- Teoria da máxima tensão normal;
- Teoria da máxima tensão cisalhante;
- Teoria da máxima energia de distorção.

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Teoria da máxima tensão normal

Nesta categoria enquadram-se as teorias de Lamet,


Clapeyron e Rankine.

Considera que a falha ocorre em um estado de tensões


multiaxial quando a tensão normal principal máxima torna-se igual,
ou superior, à tensão normal máxima no instante de falha de um
ensaio de tração uniaxial simples, utilizando corpo de prova do
mesmo material.

A falha ocorre quando σ1 ≥ σrt ou quando σ3 ≤ σrc.

Esta teoria fornece bons resultados para materiais frágeis


mas não é adequada para materiais dúcteis.

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Teoria da máxima tensão cisalhante

Nesta categoria enquadram-se as teorias de Guest e


Tresca.

Considera que a falha ocorre em um estado de tensões


multiaxial quando o valor da tensão de cisalhamento máxima torna-
se igual, ou superior, à tensão de cisalhamento máxima no instante
de falha de um ensaio de tração uniaxial simples, utilizando corpo
de prova do mesmo material.

A falha ocorre quando σ1 ≥ σe ou quando

1   3 e
 max   max 
2 2
Esta teoria fornece bons resultados para materiais dúcteis
mas não é adequada para materiais frágeis.

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Teorias da máxima energia de


distorção
Nesta categoria enquadra-se as teorias de von Mises e
Hencky
Considera que a falha ocorre em um estado de tensões
multiaxial quando a energia de distorção por unidade de volume torna-
se igual, ou superior, à energia de distorção por unidade de volume no
instante de falha de um ensaio de tração uniaxial simples, utilizando
corpo de prova do mesmo material.

A energia de distorção por unidade 1 2


ud  e
de volume pode ser calculada como 3 .E
A tensão equivalente de von Mises pode ser expressa por

' 
1
2
 x
2 2 2

  y    y   z    z   x   6  xy2   yz2   zx2 
1
2

Esta é a teoria mais utilizada para materiais dúcteis mas não é


adequada para materiais frágeis.
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Efeito de concentração de tensões

Considere que a chapa ao lado


esteja submetida a uma força axial F

A tensão resultante da aplicação da


carga será constante ao longo da seção
transversal

o Tensão na
seção da chapa

Podendo ser calculda como

F
o 
A
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Efeito de concentração de tensões

Inglis (1913)
Expressão analítica para concentração
de tensão produzida por furo elipsoidal

a
Kt  1 2  max  K t . o
2c

o Tensão na
seção da chapa

furo circular (a=c) Kt = 3

trincas (a=0) Kt = 1

(c=0) Kt  ∞

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Referências Bibliográficas

- Collins, J.A., Projeto Mecânico de Elementos de Máquinas.


LTC, 2004.

- Dieter, G.E., Mechanical Metallurgy, McGraw-Hill, 3a ed., 1986.

- Spiegel, M.R., Manual de Fórmulas e Tabelas Matemáticas.


McGraw-Hill, 1973.

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