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Aterramento - Temas Gerais

1- Função do aterramento:
1.1- Estabelecer o referencial de potencial zero.

2- Aplicações:
2.1- Sistemas de pára-raio (SPDA).
2.2- Proteção do usuário contra cargas estática ou falhas na isolação da
instalação ou equipamento.
2.3- Blindagem eletromagnética, facilitar o funcionamento de equipamentos
como dispositivos DR, disjuntores e relês por justamente estabelecer a
referencia ao potencial zero.

3- Diferenças:
3.1- ponto de aterramento: a haste ou conjunto de hastes enterradas
formando muitas vezes uma malha de aterramento para equipotencializar a
área.
3.2- condutor terra: o fio que liga o aparelho elétrico ao ponto de
aterramento
3.3- sistemas de aterramento: a maneira como o condutor terra é ligado ao
ponto de aterramento.

4- Terra vs Neutro:
Tratando-se de alimentação elétrica de computadores, o terra tem apenas a
função de proteção do usuário contra cargas estática ou falhas na isolação
da instalação ou equipamento (2.2), ou seja, o aterramento protege você,
não o computador.
A concessionária disponibiliza para o consumidor uma fase (no caso
consumidor monofásico) e um neutro. Esse neutro é aterrado na entrada,
junto ao medidor de energia. Isso ocorre para proteger a rede elétrica
pública caso ocorra uma falha de isolamento entre fase e neutro na
instalação do consumidor.
Podemos nos perguntar o seguinte: se o neutro é aterrado, qual a diferença
entre terra e neutro?
A diferença básica é que no neutro há circulação constante de corrente
elétrica (é por onde há o retorno da corrente proveniente da fase), já no
terra (3.2) só circula corrente em caso de problemas e falhas da instalação.

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5- Aterrando seu computador:
Contudo, podemos aproveitar o ponto de aterramento (3.1) do neutro para
fazer o aterramento do micro.
5.1- Sistema TN-C:

O mais comum e mais arriscado. Note que o condutor terra (PE) é ligado ao
neutro (N).
Se ocorrer uma falha de isolação entre fase e neutro a tensão de fase será
transferida para a carcaça do micro.
5.2- Sistema TN-S:

Condutor neutro (N) e terra (PE) são distintos, mas possuem apenas um
referencial de potencial zero - o mais recomendado
5.3- Sistema TT:

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Condutores e pontos de aterramento distintos.

6- Soluções
Pelo fato de na maioria das residenciais não ser disponibilizado o pino terra
na tomada, uma alternativa comum é ligar o terra do computador ao neutro
da tomada (sistema TN-C) que como vimos no ítem 5.1 é arriscado,
contudo podemos utilizar de equipamentos como o “terra eletrônico” ou
“módulos isoladores” que fazem essa ligação de maneira segura. Sem essa
“segurança” é melhor esquecer o aterramento, isolando o pino terra com
um adaptador de 3 pinos para 2, deixando o micro plugado só entre fase e
neutro.
E por falar em fase e neutro, deve-se prestar muita atenção na “polaridade”
da tomada.
Dispositivos como o “terra eletronico” só vão funcionar corretamente se a
tomada estiver com polaridade certa, sem falar que para o perfeito
funcionamento do micro é imprescindível tal observação.
Muitos problemas atribuídos à falhas de aterramento são na verdade
causados por essa inversão.

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Aterramento, ruído e segurança
Informação técnica para usuários de produtos de áudio profissional da Yamaha

O aterramento inadequado pode criar risco mortal. Mesmo que não venha a
causar perigo, os “loops de terra” são a causa mais comum de ruído (“hum”) da
rede elétrica nos sistemas de áudio. Portanto, é útil aprender sobre aterramento, e
usar esse conhecimento.

O que é um loop de terra?

Um loop de terra (“ground loop”) ocorre quando existe mais de um caminho de


aterramento entre duas partes do equipamento. O caminho duplo forma o
equivalente ao loop de uma antena, que muito eficientemente capta as correntes
de interferência. A resistência dos terminais transformam essa corrente em
flutuações de voltagem, e por causa disso a referência de terra no sistema deixa
de ser estável, e o ruído aparece no sinal.

Os loops de terra podem ser eliminados?

Mesmo engenheiros de áudio experientes podem ter dificuldade em isolar os loops


de terra. Às vezes, em equipamentos de áudio mal projetados (mesmo
equipamentos caros), os loops de terra ocorrem dentro do chassis do
equipamento, mesmo este possuindo entradas e saídas balanceadas. Nesse
caso, pouco se pode fazer para eliminar o “hum” a menos que a fiação interna de
aterramento seja refeita. Os equipamentos da Yamaha são projetados com muito
cuidado em relação ao aterramento interno. Você deve evitar equipamentos de
áudio profissional com conexões não balanceadas (a menos que todos os
equipamentos estejam muito próximos, conectados à mesma linha da rede
elétrica, e não sujeitos a campos fortes de indução da rede elétrica). Na verdade,
se todas as conexões forem balanceadas e o equipamento tiver sido projetado e
construído adequadamente, os loops de terra externos não induzirão ruído. Pelo
fato dos equipamentos Yamaha serem menos suscetíveis a problemas com loops
de terra, em geral é mais fácil e mais rápido colocá-los em operação.

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A Fig.1 ilustra uma situação típica de loop de terra. Dois equipamentos
interconectados estão ligados a tomadas de energia em lugares separados, e o
terceiro pino está aterrado em cada uma delas. O caminho do aterramento das
tomadas e o caminho do aterramento pela blindagem do cabo formam um loop
que pode captar interferência. Se o equipamento não tiver sido bem construído,
essa corrente (que age como sinal) circulando pelo aterramento atravessa
caminhos que não deveriam conter qualquer sinal. Essa corrente, por sua vez,
modula o potencial da fiação de sinal e produz então ruídos e “hum” que não
podem ser separadas facilmente do sinal propriamente dito, no equipamento
afetado. O ruído, portanto, é amplificado junto com o sinal.

O que fazer para evitar os loops de terra?

Existem quatro abordagens para se tratar o aterramento em sistemas de áudio:


ponto único, multi-ponto, flutuante, e blindagem telescópica. Cada uma tem
vantagens específicas em diferentes tipos de sistemas.

A Fig.2 ilustra o aterramento por ponto único. O aterramento do chassis de cada


equipamento individual é conectado ao terra da tomada; o sinal de aterramento é
ligado entre os equipamentos e conectado ao terra num ponto central. Essa
configuração é muito eficaz para eliminar ruídos da rede elétrica e de
chaveamento, mas é mais fácil usar em instalações permanentes. O aterramento
por ponto único é muito usado em instalações de estúdio, e é também eficaz em

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fiações de racks individuais de equipamentos. No entanto, é quase impossível
implementá-lo em sistemas de sonorização complexos e portáteis. A Yamaha não
recomenda esse esquema em seus equipamentos de sonorização.

O aterramento multi-ponto (Fig.3) é o encontrado em equipamentos com conexões


não balanceadas nos quais o aterramento é ligado ao chassis. É um esquema
muito simples na prática, mas não muito confiável, particularmente se a
configuração do sistema é alterada freqüentemente.

Os sistemas com aterramento multi-ponto que empregam circuitos balanceados


com equipamentos projetados adequadamente em geral não apresentam
problemas de ruído. Este esquema é adequado para a maioria dos equipamentos
Yamaha.

A Fig.4 mostra princípio do terra flutuante. Observe que o sinal de aterramento


está completamente isolado do terra propriamente dito. este esquema é útil
quando o terra contém ruído excessivo. No entanto, ele depende do estágio de
entrada do equipamento rejeitar a interferência induzida nas blindagens dos
cabos, e dessa forma é preciso que o circuito de entrada seja o melhor possível.

A Fig.5 ilustra o princípio da blindagem telescópica. Este esquema é muito eficaz


para eliminar loops de terra. Quando o ruído entra numa blindagem conectada
apenas à terra, aquele ruído não pode entrar no caminho do sinal. Para
implementar esse esquema é preciso ter linhas balanceadas e transformadores,
uma vez que o aterramento não é compartilhado entre os equipamentos.

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Uma desvantagem é que os cabos podem não ser iguais, pois alguns podem ter a
blindagem conectada em ambas as extremidades, e outros não, dependendo do
equipamento, o que torna mais complicado a escolha dos cabos na montagem e
desmontagem de sistemas portáteis.

• Aqui vai um resumo das regras básicas para ajudar na escolha de um


esquema de aterramento:
• Identifique sub-sistemas ou ambientes de equipamentos que possam estar
contidos numa blindagem eletrostática que se conecta ao terra.
• Conecte ao terra o aterramento de cada sub-sistema separado, num único
ponto.
• Garanta o máximo isolamento nas conexões entre os sub-sistemas, usando
conexões balanceadas com acoplamento a transformador.

O aterramento não é essencial para evitar ruído -


mas a segurança é outro assunto!

Um equipamento não precisa estar aterrado para evitar a entrada de ruído no


sistema. A principal razão para se aterrar os equipamentos de áudio é a
segurança; o aterramento adequado pode evitar choques mortais. A segunda
razão para aterrar um sistema que possua equipamentos alimentados por tensão
AC é que, sob determinadas condições, um aterramento adequado pode reduzir a
captação de ruído externo.

Ainda que o aterramento adequado nem sempre possa reduzir a captação de


ruído externo, um aterramento inadequado podem piorar a captação de ruído
externo.

O fio de aterramento do cabo de força conecta o chassis do equipamento ao fio da


tomada que está conectado ao terra da instalação elétrica do prédio. Este
aterramento, exigido por normas em qualquer lugar, pode contribuir para a
existência de loops de terra (veja Fig.6).

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Evite a tentação de cortar o 3o pino

Com apenas um caminho para o aterramento, não pode haver loop de terra.
Poderia haver um loop de terra com um cabo de áudio unindo um mixer a um
amplificador de potência? Sim! Uma conexão de aterramento através dos cabos
de força e os chassis dos dois equipamentos completa o segundo caminho.

Uma forma de cortar esse loop de terra é desconectar o terra da rede em um dos
equipamentos, tipicamente no amplificador de potência, usando um adaptador de
dois para três pinos. Deixando o terceiro pino do adaptador não conectado faz
interromper o loop de terra, mas também remove o aterramento de proteção da
rede elétrica. O sistema agora confia apenas no cabo de áudio para fornecer o
aterramento, uma prática que pode ser arriscada. Lembre-se, esse tipo de loop de
terra não causa necessariamente ruído, a menos que o equipamento possui
conexões não balanceadas ou um aterramento interno inadequado.

Em certas situações pode-se desconectar a blindagem do cabo de áudio em uma


das extremidades (usualmente na saída), e assim eliminar o possível caminho da
corrente do loop de terra. Numa linha balanceada, a blindagem não carrega sinal
de áudio; ela protege contra ruídos estáticos e interferências de freqüências de
radio, e continua a fazê-lo mesmo se desconectada numa das extremidades.
Entretanto, não corte a blindagem de um cabo de microfone que carrega “phantom
power”, pois isso cortará a alimentação do microfone. Interromper o aterramento
numa das extremidades de um cabo não é uma solução prática para os problemas
de loop de terra em sistemas portáteis porque isso requer cabos especiais.

Alguns equipamentos profissionais possuem chaves de interrupção de

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aterramento (“ground lift”) mas entradas balanceadas. Os mixers e consoles da
Yamaha não vêm mais com chave de “ground lift” pelas seguintes razões:

• possibilidade de uso errôneo


• aterramento interno é adequado e dispensa essa chave

A interrupção do aterramento pode ser letal! A interrupção do aterramento


pode parecer essencial quando vários cabos de áudio não balanceados ligam
dois equipamentos, mas pelo menos uma das blindagens deve permanecer
conectada em ambas as extremidades para manter o lado inferior da conexão
de áudio. A chance de uma perda total da continuidade do aterramento faz
dessa prática arriscada, para não dizer perigosa. Se você quiser evitar a
interrupção do aterramento, tente amarrar os cabos bem juntos, o que reduz o
“efeito antena” do loop de terra.

Maximize a segurança e evite os ruídos de loops de terra

Não interrompa o aterramento de segurança em qualquer equipamento, a


menos que isso reduza significativamente o nível de ruído. Estabeleça um
esquema que não requeira a interrupção do aterramento. NUNCA elimine o
aterramento de segurança da rede elétrica num mixer ou outro tipo de
equipamento que esteja conectado diretamente a microfones. Os microfones
são prioridade no aterramento de segurança porque as pessoas que os
seguram podem tocar em alguma parte aterrada no palco, inclusive o próprio
piso molhado do palco... e então...

Onde for possível, ligue todos os equipamentos num mesmo circuito da rede
elétrica. Isso inclui a mesa de mixagem, processadores de efeitos, e
instrumentos elétricos, tais como amplificadores de guitarra, teclados, etc. Isso
não só reduz o potencial de ruído se ocorrer um loop de terra, mas também
reduz o perigo de um choque elétrico.

No sistema de distribuição de energia, sempre conecte iluminação, ar


condicionado, motores, etc, a uma fase (ou circuito) diferente da que está
sendo usada para os equipamentos de áudio.

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Posição correta:

Código:

__TOMADA_de_FRENTE__
| |
| neutro fase |
| () () |
| Terra |
| () |
|____________________|

Podemos verificar a polaridade correta com uma chave teste (aquela que acende
uma luz) ou com um multimetro. Se a fase não estiver do lado direito, conforme
ilustração acima, devemos chamar um eletricista para fazer tal mudança.

7- Conclusão:
Meu objetivo foi apontar os aspectos principais de um aterramento residencial
para microcomputadores. Espero ter sido claro e estou a disposição para
perguntas e questionamentos. Valeu!

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"Aterramento no Brasil é simplesmente
aterrador"
Em certos casos, a segurança seria maior sem os pára-raios incorretamente
instalados

Embora o Brasil seja detentor de tecnologia de ponta em termos de proteção contra


descargas atmosféricas, no cotidiano os sistemas de aterramento utilizados nos
prédios e nas casas – quando existem – deixam muito a desejar. Em certos casos, as
pessoas estariam mais seguras se eles não estivessem instalados.

Uma norma básica do aterramento elétrico é a IEC 200 dos Estados Unidos, segundo a
qual todos os aterramentos têm de estar interligados fisicamente, em toda a estrutura
física de uma cidade. Os cabos elétricos naquele país possuem três pólos: fase, neutro
e terra. Cada prédio novo que é construído deve interligar seu fio terra com os dos
demais. Isso cria uma “gaiola de Faraday”, uma espécie de malha ou rede subterrânea
que evita a diferença de potencial no solo.

É que se dois prédios vizinhos possuem aterramentos diferentes e não interligados, e


um registra 5 ohms enquanto o outro tem 20 ohms, por exemplo, quando a descarga
elétrica bate no solo, retorna pelo fio-terra do prédio onde há menor resistência
elétrica, com todas as conseqüências como se o raio tivesse caído nesse outro prédio.

No Brasil, o especialista Ariosvaldo Tomaz de Lima já encontrou numa instalação


estatal (situada no Paraná) 68 pontos de aterramento numa área de apenas 1.200
metros quadrados, cada qual com nível de resistência elétrica diferente. Num caso
como esse, os funcionários estariam mais seguros se não houvesse qualquer tipo de
aterramento. E não se trata de um caso isolado, essa costuma ser a regra entre as
instalações feitas no Brasil.

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Aberrações – Se um raio atinge um circuito microprocessado, fatalmente o circuito
“queimará”, deixando de funcionar. Aliás, nem é preciso tanto: se uma pessoa andar
um pouco sobre um carpete e em seguida pegar num desses circuitos, é quanto basta
para destruí-lo, só com o efeito da eletricidade estática, que chega a vários volts (o
mesmo de quando você passa uma caneta esferográfica sobre um tecido de lã: em
seguida, a caneta começa a atrair partículas de papel ou os pelos do braço, devido à
eletricidade gerada pelo atrito com a lã – ou do sapato no carpete).

Em Santos mesmo, Ariosvaldo enfrentou o caso de um elevador de prédio residencial


que costumava parar após tempestades com raios: desligou provisoriamente o fio-
terra do elevador, mesmo perdendo a garantia de fábrica, pois as centelhas elétricas
estavam subindo pelo fio-terra e queimando o circuito microprocessado que controla o
elevador.

Devido ao seu trabalho anterior com proteção a instalações telefônicas – que também
passaram a ser microprocessadas -, o especialista procurou soluções para o problema
dos raios, e hoje detém uma coleção de aparelhos apresentados como protetores anti-
raio que chegavam a representar um crime contra o consumidor, pelos riscos a que
este era exposto. Por exemplo, um desses aparelhos, parecido em tamanho e formato
com um pequeno transformador para eletrodoméstico, tinha um fio-terra que deveria
ser ligado a um parafuso ou prego espetado na parede. Durante uma tempestade, se
um raio caísse chegasse a esse aparelho pela fiação elétrica, quem encostasse nas
paredes próximas ou andasse descalço pelo aposento correria sério risco de vida.

Estabilizadores de tensão e principalmente filtros de linha elétrica comuns também não


apresentam qualquer proteção contra descargas elétricas, lembra ainda o especialista,
citando que os organismos de proteção ao consumidor estão preparando campanha
para alerta ao público sobre divulgações enganosas nesse sentido. Aliás, a tendência é
que esses equipamentos saiam do mercado em breve, pois os no-breaks estão

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ampliando sua participação no mercado e apresentando preços cada vez menores, e
além de estabilizarem a corrente elétrica permitem proteção contra sub e sobretensão.

Início errado – Ariosvaldo explica que apesar de possuir tecnologia avançada no


setor, o Brasil teve um início errado, pois a rede elétrica não tem o terceiro pólo e cada
edificação tem – quando tem – um sistema de aterramento diferente. E, no caso de
Santos, o solo geralmente não é preparado devidamente para o aterramento, o que
complica ainda mais o problema.

Ainda se salvam os postos de gasolina, que seguem uma norma técnica específica para
as instalações dos depósitos de gasolina: eles devem ficar enterrados no solo e
vedados contra a entrada de oxigênio, o que evita a explosão do combustível: a
descarga elétrica passa pelo tambor e se dissipa no solo. Além disso, a estrutura de
cobertura deve ser metálica, para que a descarga elétrica seja conduzida para o solo.
Existe apenas um raro momento de perigo: quando o frentista está abastecendo um
veículo, em meio à tempestade, e alguma bolha de oxigênio possa passar pela
mangueira para o tanque subterrâneo de combustível. Neste caso, um raio poderia
provocar uma explosão do posto, como aconteceu nos Estados Unidos, em que uma
centelha de um raio caído nas vizinhanças do posto atingiu a bomba de gasolina,
causando a explosão.

Por isso, embora pareça uma providência radical, o certo seria os postos de
combustível interromperem a venda de combustível aos motoristas durante o clímax
da tempestades com maior incidência de raios, e uma distribuidora de combustível
inclusive passava essa recomendação, em cursos para os frentistas dos postos.
Já em certas garagens de ônibus, o perigo pode ser grande. Por exemplo, num caso
encontrado na capital paulista, a empresa tinha um pára-raios comum no alto de uma
caixa d’água, e bombas de combustível nas proximidades, de tal forma que havia
grande probabilidade de o raio, ao atingir o pára-raios, emitir centelhas em direção às
bombas de combustível.

Aeronaves – Nos aviões, existia uma situação parecida: depois de um acidente aéreo
ocorrido cerca de 20 anos atrás, os tanques de combustível da aeronave são instalados
de forma a “flutuar” sobre “coxinhos” de borracha, de forma a não ter contato algum
com a carcaça da aeronave.

Os aviões são costumeiramente atingidos pelos raios, porém como estão imersos no
ambiente ionizado, o raio passa pela carcaça metálica (que forma também uma “gaiola
de Faraday”) e continua a descida em direção ao solo, sem afetar os instrumentos de
bordo. No caso do acidente citado, o tanque de combustível tinha um minúsculo
orifício, e devido ao contato com a carcaça do avião, antes de ser adotado o sistema
de isolamento, isso permitiu que a descarga elétrica provocasse a explosão do
combustível... e do avião.

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Oh, raios!

A cada segundo, cerca de cem raios caem sobre a terra, produzidos por cerca de
duas mil tempestades, conforme dados do Lightning Imaging Sensor da NASA. Com a
dependência cada vez maior de computadores e redes de comunicação, o mais antigo
motivo de medo da Humanidade ganha uma nova razão. Os raios já foram
responsáveis até pelo lançamento de um foguete norte-americano (aconteceu em
1987, na plataforma da ilha Wallop, confessa a NASA). Mesmo os astronautas da
Apollo 12 perderam por algum tempo o controle da nave, devido a um raio que afetou
os computadores de bordo.

Mesmo em atividades mais comuns, até uns oito anos atrás, um bom sistema de
aterramento e um pára-raios resolviam, quando as nuvens negras surgiam no céu. Na
medida em que os equipamentos microprocessados – computadores, equipamentos
telefônicos e de fax, televisores, fornos microondas, equipamentos para receber sinais
televisivos por cabo ou satélite - invadiram escritórios e residências, a situação mudou
radicalmente. O velho pára-raios protege a estrutura física do prédio ou da casa, mas
não os aparelhos eletrônicos que estejam ligados às tomadas, aos fios telefônicos, aos
cabos de televisão ou às antenas.

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Futebol não combina com tempestade

Em campo aberto, o melhor é deitar no chão

Durante uma tempestade com raios, o melhor a fazer é não sair de casa. Mas,
existem situações em que as pessoas são surpreendidas pelo mau tempo em áreas
abertas. Valem nesse caso as velhas recomendações do tempo dos avós, mas há
outras ditadas pelo uso de modernas tecnologias.

A tradicional recomendação de não se abrigar sob as árvores é mantida, pois se um


raio tiver de cair, as árvores, num campo aberto, são o local mais provável para isso
acontecer. O melhor que a pessoa pode fazer, por mais estranho e constrangedor que
pareça, é deitar completamente no chão, pois com isso a massa corporal (que é 80%
constituída de água) se espalha e fica equalizada com o solo, deixando de haver a
diferença de potencial elétrico que atrairia o raio. Há mais chance de que algum outro
objeto nas proximidades seja mais atrativo para a corrente elétrica.

No campo de futebol, o jogo deve ser imediatamente interrompido, pois se um raio


cair, vai afetar provavelmente mais de um jogador ao mesmo tempo. Nos campos
situados entre edificações com pára-raios, uma centelha elétrica do raio que está
caindo no prédio pode incidir no campo de futebol. É o que aconteceu em 1993 com o
meia-direita Carlos Alberto Borges, do clube Palmeiras, no Parque Antártica. Ele só
sobreviveu por haver outras pessoas por perto que o reanimaram imediatamente, já
que poucos minutos após a parada cardíaca causada pelo raio, não sendo reiniciada a
oxigenação do sangue, ocorre a morte cerebral.

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Não basta desligar os aparelhos eletrônicos da casa ou do escritório, durante a
tempestade. Como as descargas elétricas podem chegar tanto pela rede telefônica,
pelo cabeamento de televisão e principalmente pelas antenas de TV, é preciso
desconectar os aparelhos também da rede telefônica e dos cabos de televisão.

E desligar o aparelho também não basta: é preciso desconectá-lo da tomada, pois a


descarga elétrica que atingir a edificação vai percorrer todos os aparelhos elétricos em
busca do caminho de saída para a terra e, ao passar pelos circuitos microprocessados,
danificará os circuitos.

Desligar o disjuntor no quadro geral de eletricidade também não é suficiente. Como a


distância entre os pólos do disjuntor é pequena, poderá haver uma centelha elétrica
que pule de um pólo ao outro, continuando seu caminho até passar pelos
equipamentos elétricos.

Pelo telefone – Enquanto o telefone celular não apresenta risco para o usuário, por
não ter ligação física com a terra – e portanto pode ser usado mesmo durante a
tempestade – o telefone convencional está ligado ao cabo telefônico. Além do choque,
um raio pode causar, entre outros danos, a surdez da pessoa que estiver usando o
telefone nesse momento.

Num automóvel, os ocupantes devem evitar encostar nas partes metálicas. Se um raio
cair sobre o carro, percorrerá a carroçaria e acabará centelhando para o solo,
ocorrendo assim a dissipação, apesar de não haver contato direto com o solo (os
pneus são de borracha, isolantes). Por isso, não se deve sair do carro nos primeiros
instantes após a queda do raio. Curiosamente, a chamada eletrônica embarcada não
sofre os efeitos da descarga elétrica: a carroçaria metálica do veículo funciona (como
no caso do avião) como uma gaiola de Faraday, de forma que a descarga elétrica não
passa pelos componentes microprocessados existentes no veículo.

Já no caso de uma embarcação – um navio – o raio poderá atingir os equipamentos de


telecomunicação e navegação, bem como os computadores de bordo, antes de ser
dissipado pelo casco na água. É por isso que a empresa produtora dos equipamentos
anti-raio está iniciando um trabalho de divulgação desses produtos também no meio
marítimo, até porque como a água é excelente atratora de raios, o navio que se
interpõe entre o raio e a água tem mais possibilidades de ser atingido pelas descargas
atmosféricas e ter os equipamentos eletrônicos danificados. A propósito, pela mesma
razão se recomenda sair imediatamente de piscinas ou do mar no caso de se iniciar
uma tempestade com raios...

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Pesquisas reformulam conceitos sobre as
descargas atmosféricas

Existem diversos conceitos sobre os raios que estão sendo ultrapassados pelas
pesquisas. Por exemplo, é comum se dizer que existem raios que sobem da terra para
a nuvem. Na verdade, quando se cria uma diferença de tensão elétrica entre a terra e
a nuvem que passa, o que sobe é uma corrente bastante fraca, por si só inofensiva,
que é o raio traçador, também chamado de descarga conectante. Sua função é
estabelecer a ligação entre os pontos positivos e negativos, e é pelo caminho assim
formado que o raio efetivamente desce da nuvem.

O raio traçador que sobe encontra outro que desce, chamado de “líder escalonado”,
rompendo o campo dielétrico e criando a diferença de potencial que permite a
passagem da corrente (chamada de “descarga de retorno”). Esse encontro ocorre
numa altura de dois a três metros acima do pára-raios ou cerca de 50 m do solo.
Nesse momento, ouve-se um som como o de um estilhaçamento – é quando podem
ser expedidas centelhas para pontos nas proximidades -, seguido um instante após

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pelo som do trovão. Se o raio efetivamente atingisse o pára-raios, nada sobraria da
peça, pois não há material que resista a tal descarga.

As pesquisas demonstram que, embora um raio possa ter até 100 mil ampères ao
descer, a grande parte dos raios na verdade inicia a descida com 35 mil ampères. Ao
atingir uma edificação, devido à forte dissipação já ocorrida no percurso, a corrente já
está com seis mil ampères. No momento em que atinge a casa ou o prédio, não
havendo o pára-raios, a corrente seguirá pela estrutura férrea existente nas paredes
até o solo.

O pára-raios tem apenas a função de facilitar essa passagem, evitando danos à


estrutura física do prédio, mas ele não protege os equipamentos elétricos existentes no
interior da edificação. Se um raio chega por um fio telefônico ou elétrico, ou pela
antena de televisão, vai percorrer os aparelhos conectados à rede (mesmo que
desligados), em busca de uma saída para o solo, e nesse percurso vai queimar os
circuitos que encontrar.

Detalhe importante é que só o fato de uma nuvem escura (eletricamente carregada)


estar passando já causa problemas, mesmo que não estejam ocorrendo raios e
trovões. É que nesse momento já estão ocorrendo pequenas descargas na atmosfera,
como pode ser verificado nas caixas de passagem de certas centrais elétricas e
telefônicas: as pequenas centelhas são visíveis, e se não houver proteção para o
equipamento eletrônico, este pode ser danificado já neste momento, antes de qualquer
descarga de maior porte ser avistada sobre os telhados das edificações.

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Fatos curiosos sobre os raios

Embora eles possam surgir até num céu limpo, em tempestades de areia ou gelo, os
raios são gerados em apenas um tipo de nuvem: a cumulonimbo, diferente das outras
por ter maior extensão vertical (sua base está situada a 2 km de altura do solo,
enquanto o topo fica 18 km acima). O ar quente e úmido próximo ao solo, mais leve
que o ar frio da alta atmosfera, sobe e vai esfriando, até chegar ao topo da nuvem,
que registra cerca de 30 graus centígrados negativos. Então, o vapor de água que
estava misturado ao ar quente vira granizo e despenca, atritando com outras
partículas menores, como cristais de gelo, fazendo com que ambos fiquem
eletricamente carregados. O granizo - que acumulou carga negativa - vai para a base
da nuvem, enquanto os cristais de gelo, com carga positiva, continuam a ascensão
para o topo da nuvem, por serem mais leves. Quando a diferença entre as cargas do
topo (positivo) e a base (negativa) da nuvem fica muito intensa, ocorre o relâmpago.

A diferença de tempo entre o relâmpago e o correspondente trovão ocorre porque a


luz é muito mais veloz (300 mil km/segundo) que o som (362 m/s no ar, à
temperatura de zero grau centígrado), chegando assim muito mais rápido ao
observador. Pode-se até calcular a distância de onde o raio caiu até o observador pelo
tempo que demora para ser ouvido o trovão: cada três segundos do tempo entre o
relâmpago e o trovão eqüivalem a aproximadamente um quilômetro de distância (cinco
segundos eqüivalem a uma milha). O trovão é causado pela rápida expansão do ar -
que é aquecido pelo raio a cerca de 30 mil graus centígrados, cinco vezes mais que a
temperatura na superfície do Sol.

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Página da agência espacial Nasa sobre raios e trovões

Os relâmpagos aparecem todos recortados no céu porque as descargas procuram os


caminhos de menor resistência numa atmosfera cheia de cargas elétricas variáveis.
Geralmente, as mudanças de direção (ziguezague) do raio que está caindo ocorrem a
cada 50 metros.

A maior tempestade de raios conhecida foi a de março de 1993 sobre a Flórida, nos
Estados Unidos: cerca de cinco mil raios por hora durante um dia inteiro. E uma das
pessoas mais atingidas por raios (sete vezes) foi certamente o guarda-florestal Roy
Sullivan, do estado norte-americano de Virginia: em 1942, perdeu uma unha do pé;
em 1969, 1970, 1972 e 1973, teve queimaduras leves; em 1976, ficou com o
tornozelo ferido; em 1977, foi a vez do peito e da barriga ficarem queimados. Não
morreu com as descargas elétricas, mas se suicidou em 1983.

O inventor do pára-raios, Benjamin Franklin (1706-1790), fez em 1752 uma


experiência que quase lhe custou a vida: usou um fio de metal num papagaio (pipa)
que empinou numa tempestade, preso a uma chave, que por sua vez era manobrada
através de um fio de seda. Sua sorte foi que apenas algumas cargas elétricas leves
desceram por esse dispositivo, pois se tivesse realmente atraído um raio, teria morrido
eletrocutado, como aconteceu com o físico russo Georg Richmann, que tentou repetir a
experiência. Já a linha fina usada nos papagaios comuns não tem grande capacidade
de condução de cargas elétricas (devido à pequena espessura do fio e às
características da linha, a condutividade é mínima).

A energia transferida pelo raio entre a nuvem e a terra é em média de 1012 watts
(uma lâmpada comum de 100 watts consome essa energia se ficar ligada pouco mais

21
de dez horas...). O que mata, no raio, é o choque e o calor produzidos por sua alta
amperagem. Os homens são mais atingidos que as mulheres, pelo simples fato de
haver mais homens que mulheres fora das casas, quando ocorrem as tempestades.

Ao contrário do dito popular, um segundo raio tem muitas possibilidades de cair no


mesmo lugar que o primeiro, pois o campo elétrico que atraiu o primeiro raio ainda
permanece por algum tempo, podendo atrair o segundo...

Os pesquisadores lembram que os cabos de fibra óptica não apresentam problemas


com os raios, pois o que circula dentro deles são impulsos luminosos, e o revestimento
não é condutor de eletricidade. Além disso, por serem finos e flexíveis, as normas
recomendam que eles sejam instalados em passagens subterrâneas.

Página da Nasa explica a formação dos raios

O raio só se torna visível na fase final do processo, quando ocorre a chamada


descarga de retorno. Pode ser positivo ou negativo, sendo que o positivo (mais raro)
tem o dobro da amperagem do negativo e sua corrente elétrica contínua dura cerca de
200 milésimos de segundo, mais que o dobro da tempo verificado no raio negativo (daí
serem os raios positivos mais destrutivos, podendo iniciar um incêndio florestal). A
diferença é que os negativos partem da base da nuvem, enquanto os positivos surgem
do topo do cumulonimbo, carregado positivamente. Na Região Sudeste do Brasil,

22
curiosamente, 60% dos raios são positivos (contra a média mundial de apenas 10%),
não sendo conhecida ainda uma explicação definitiva para o fenômeno (suspeita-se
que seja pela reunião de grande número de cumulonimbos com as correntes
atmosféricas procedentes da Antártida, formando um campo elétrico positivo no topo
das nuvens tão forte e distante das bases dessas nuvens que trocaria energia
diretamente com a terra.

Muitos pensam que as bolas de cor alaranjada colocadas na fiação entre torres de
alta tensão se destinam apenas a facilitar a visualização dos cabos entre as torres, por
pilotos de aviões e helicópteros. Na verdade, essas bolas - tecnicamente chamadas de
esferas dissipadoras eletro-geométricas - são colocadas nos cabos de aço entre as
torres - e nunca nos fios de alta tensão, servindo para atrair os raios que possam
atingir os fios e jogá-los pelo cabo de uma esfera para a outra, até que a corrente
chegue à estrutura metálica das torres, e por ela atinja o solo. É que se torna inviável
colocar pára-raios nos fios, e aquela solução evita que o raio parta os cabos e os atire
sobre as estradas - o que poderia provocar graves acidentes.

Ainda sobre o assunto estradas, vale observar que se um motorista dirige


seguidamente por muito tempo, ao sair do carro pode sofrer um choque causado pela
eletricidade estática, pois o veículo ficou muito tempo em atrito com o ar, acumulando
a carga elétrica (o atrito arranca elétrons - cargas negativas - do metal do veículo, que
fica assim com prótons - as cargas positivas - a mais), e o motorista acaba fazendo a
ligação entre as partes metálicas e o solo, ao colocar os pés no chão.

Aliás, é por essa razão que os caminhões-tanque possuem correntes que arrastam
pelo chão: elas servem para descarregar a eletricidade estática do veículo, evitando
eventual explosão do combustível transportado. Nas corridas de Fórmula-1, por
exemplo, os boxes das equipes têm o chão revestido de chapas flexíveis de cobre, que
retiram as cargas positivas da lataria dos carros de corrida, restabelecendo o equilíbrio
elétrico, como se fosse um fio-terra. Assim, o reabastecimento dos veículos pode ser
feito em segurança.

23
Página da Neil Herbst sobre raios e relâmpagos

E, voltando ao assunto computador, técnicos de manutenção de equipamentos -


como Marcelo Converso, da Taco Informática - observam que se a rede de
computadores possui aterramento, a descarga elétrica que chegue pela via telefônica é
dissipada através do terra da rede, mas quando o aterramento inexiste ou é
ineficiente, todas as placas de rede dos computadores são queimadas na passagem
dessa descarga elétrica...

Um raio que caia nas proximidades de um computador poderá danificar o circuito


elétrico, ocasionando a parada do equipamento e a inevitável perda dos dados que
estejam na memória de trabalho. Porém, não afetará a memória magnética, ou seja,
os programas contidos no disco rígido. Aliás, o efeito do raio que não atinja a corrente
elétrica que alimenta o computador é semelhante ao observado por pessoas e
empresas que usam computadores perto de pedreiras: no momento da detonação dos
explosivos, surgem ondas de choque com a capacidade de alterar a corrente elétrica
nos chips dos computadores situados nas proximidades. Caso não haja danos, basta
nesse caso religar o computador e refazer o trabalho a partir da última vez em que os
dados foram salvos no disco rígido.

24
Um glossário eletrizante

Acumulador elétrico – Dispositivo que transforma a energia química em energia


elétrica e vice-versa (as pilhas elétricas não permitem essa reversão de energia
elétrica para química), podendo assim acumular energia elétrica.

Ampère – Unidade de medida de correntes elétrica que corresponde à corrente que


separa em um segundo 1,118 mg de prata de uma solução de nitrato de prata, ou
seja, é a unidade prática de medida elétrica correspondente à intensidade de uma
corrente elétrica que, com a força eletromotriz de 1 volt, percorre um circuito com a
resistência de 1 Ohm.

Capacitor – Condensador. Dispositivo que consegue armazenar uma carga elétrica


num espaço bastante reduzido. Normalmente, são placas ou folhas condutoras
separadas por camadas finas de um dielétrico (ar, papel parafinado ou mica), sendo as
placas em lados opostos das camadas dielétricas carregadas de eletricidade de sinais
contrários, por uma fonte de voltagem. A energia do sistema carregado é armazenada
no dielétrico polarizado, com a capacitância proporcional à área e à constante dielétrica
da camada dielétrica, e inversamente proporcional à sua espessura.

Centelhador – Dispositivo que consiste em dois elétrodos arranjados de modo a


permitir a passagem entre eles de cargas disruptivas em forma de centelhas, servindo
para descarregar baterias ou acumuladores.

Circuito microprocessado – Circuito é um sistema de condutores e elementos


elétricos relacionados, através do qual passa a corrente elétrica. O circuito
microprocessado utiliza microprocessadores (chips), onde circula uma corrente elétrica
mínima, sendo por isso bem mais sensíveis a variações elétricas.

Corrente elétrica – Passagem dos elétrons através de um condutor, do pólo positivo


para o negativo. Corrente contínua (CC) é aquela em que os elétrons seguem continua
e invariavelmente do pólo positivo para o negativo, como nas pilhas de uma lanterna.
Corrente alternada (CA) é o fluxo de elétrons ora num sentido ora noutro, sendo essa
inversão de forma cíclica, em períodos de tempo constantes. Ciclo é a série de valores
que a corente adquire durante um período. No Brasil, a frequência legal é de 60 ciclos
por segundo, ou seja, 60 Hertz. Em outros países, pode ser de 50 Hertz, daí porque
certos equipamentos (relógios elétricos, por exemplo) comprados no exterior podem
apresentar funcionamento anormal quando usados no Brasil.

Descarga atmosférica – Raio, com alta tensão e amperagem, ocorrida por diferença
de potencial entre duas cargas elétricas opostas, buscando reequilibrá-las.

Descarga atmosférica transversal – Ocorre quando a tensão, rica em corrente,


caminha pelo condutor sem diferença de potencial entre as fases, ou fase e neutro,
formando um único campo elétrico. Tal caso é pouco freqüente na rede elétrica, pois
se o equipamento eletro-eletrônico alimentado nesta rede não estiver aterrado, não
será atrativo para a descarga atmosférica. O próprio transformador e o quadro de
distribuição são mais atrativos para esse tipo de descarga, por estarem aterrados.
Caso o equipamento eletro-eletrônico esteja aterrado, a descarga passará pelo
equipamento, danificando-o. Na rede telefônica e nas antenas, 90% das descargas

25
atmosféricas ocorrem de forma transversal, pois não há diferença de potencial entre os
seus pólos, mas há o atrativo no equipamento eletro-eletrônico acoplado à rede
elétrica, servindo como elemento condutor e consequentemente danificado.

Descarga atmosférica longitudinal – Representa 98% dos casos em que a rede


elétrica é atingida e consiste em a descarga se propagar apenas por uma das fases (ou
neutro). Seu atrativo é a outra fase (ou neutro), pois haverá entre elas uma grande
diferença de potencial, sendo a interligaçao feita através do equipamento eletro-
eletrônico conectado à rede elétrica.

Dielétrica – Substância que não conduz corrente elétrica: transmite efeitos elétricos
por indução, mas não por condução.

Disjuntor – Tipo de fusível que em lugar de se destruir apenas se desarma, sempre


que ocorrer um curto-circuito nos condutores da rede elétrica, antes que os efeitos
térmicos e mecânicos desta corrente possam se tornar perigosos às próprias
instalações. Também desarma se houver excesso de consumo de corrente (ampères)
dos equipamentos que alimenta, para não sobrecarregar os condutores (fiação).
Resolvido o problema na instalação, o disjuntor pode ser rearmado. Não protege
contra descargas atmosféricas, pois seu tempo de resposta é lento em relação ao raio.

Estabilizador – Equipamento destinado a alimentar os equipamentos eletro-


eletrônicos a ele acoplados com energia elétrica estabilizada na voltagem requerida
(geralmente 110 ou 220 volts). Pode ter acessoriamente funções de transformador e
filtro de linha, mas o equipamento em si não se destina a proteger contra falta de
energia e transientes.

Filtro de linha – Tem a função de filtrar da rede elétrica “ruídos” que poderiam ser
prejudiciais a equipamentos eletro-eletrônicos sensíveis, como os microcomputadores.
Não tem capacidade para proteger os equipamentos contra descargas atmosféricas ou
mesmo para estabilizar o fornecimento de energia.

Fusível – peça contendo um fio mais fino que o utilizado na rede elétrica, e portanto
mais sensível às variações de tensão, partindo-se e assim cortando o fornecimento de
energia elétrica. Com isso, a rede elétrica (e/ou telefônica) é protegida contra o
equipamento que já tenha sofrido curto-circuito, e se evita que o equipamento
defeituoso seja ainda mais danificado pela continuidade do fornecimento elétrico.

Gaiola de Faraday – Princípio de Física em que, no interior de uma superfície


fechada, o campo elétrico é nulo. Com o objetivo de blindar, proteger um corpo
qualquer contra o efeito de um campo elétrico, constróem-se dispositivos chamados
Gaiolas de Faraday, constituídos de malhas metálicas que envolvem esse corpo,
baseadas nesse princípio, desenvolvido pelo cientista inglês Michael Faraday (1791-
1867)

Indução elétrica – Um corpo carregado com certa carga elétrica, próximo a outro
corpo, induz (provoca) o aparecimento, nesse outro corpo, de uma carga igual e de
sinal contrário (positivo x negativo).

Ionização – Aceleração de elétrons que resulta na produção de gás condutor.


Decomposição de uma substância em solução em seus íons constituintes. Íon é uma
partícula com carga elétrica positiva ou negativa, do tamanho de um átomo ou

26
molécula, que resulta da perda ou ganho de um ou mais elétrons por um átomo ou
molécula neutros, ou da dissociação eletrolítica de moléculas em soluções em razão da
variação de temperatura. O desprendimento de elétrons requer a adução de energia,
quer por radiação ou por choque, quer por altas temperaturas.

No-break – Equipamento destinado a suprir a alimentação elétrica dos equipamentos


a ele acoplados, quando é interrompido o fornecimento pela concessionária de energia
elétrica, evitando a paralisação da atividade realizada nos aparelhos a ele acoplados.
Para isso, o no-break (em inglês, “sem parada”) utiliza baterias de 12 volts de corrente
contínua que são transformados em 110 ou 220 volts de corrente alternada. O tempo
de funcionamento do no-break durante a falta de energia da rede elétrica dependerá
da potêncua das baterias. O short-break é um tipo de no-break que mantém o
fornecimento elétrico por uns poucos minutos (tempo suficiente apenas para se fazer o
correto encerramento dos programas em uso num computador e o seu desligamento
normal).

Ohm – O cientista Georg Simon Ohm observou a relação entre a tensão aplicada sobre
uma resistência e a corrente que por ela flui: para uma mesma resistência, um
aumento da tensão aplicada corresponde a um aumento proporcional na corrente que
flui através da mesma. Mantendo constante a tensão, um aumento no valor da
resistência corresponde a uma diminuição proporcional da corrente que flui. Surgiu
assim a Lei de Ohm: “A corrente que flui através de uma resistência é diretamente
proporcional à tensão aplicada e inversamente proporcional à resistência”. A unidade
de resistência elétrica é o Ohm, que corresponde à resistência de um fio de mercúrio
com seção de 1 milímetro quadrado e 1,063 m de comprimento, a zero grau
centígrado.

Pára-raio – Haste colocada no ponto mais alto de uma edificação, ligada a um fio que
segue até outra haste colocada no interior do solo, com a função de conduzir os raios
de forma segura, protegendo a estrutura da edificação. Não protege os equipamentos
eletro-eletrônicos existentes em suas proximidades, porque durante a transferência da
corrente entre as duas hastes sobra uma corrente eletrostática com tensão e corrente
suficientes para danificar os equipamentos. A área de proteção de um pára-raio forma
um cone desde seu ponto mais alto até o solo, com abertura de 127 graus. Assim, o
pára-raios protege uma área no solo correspondente a um círculo cujo diâmetro é
quatro vezes a altura da ponta superior desse pára-raios.

Raio – Descarga elétrica, acompanhada de explosão (trovão) e de luz (relâmpago) que


se produz entre duas nuvens eletrizadas ou entre a terra e as nuvens; centelha,
corisco, faísca elétrica.

Relâmpago – Clarão vivo e rápido, proveniente de descarga elétrica entre duas


nuvens ou entre uma nuvem e a terra.

Resistência – Nenhum material é perfeito condutor de corrente elétrica, todos


oferecem algum nível de oposição à sua passagem, semelhante ao atrito entre a água
e os canos por onde ela passa. A resistência elétrica sempre produz calor e queda de
tensão, e é medida em ohms.

Transiente – Também chamado de surto, é um pico de tensão, transitório,


geralmente com duração da ordem de uns microsegundos. Ou seja, é uma elevação
abrupta de tensão muito rápida, que pode ter origem interna ou externa. Interna,

27
quando equipamentos de grande porte, como condicionadores e compressores de ar,
motores potentes etc. são desligados: a energia sobressalente é distribuída na rede
elétrica, formando um surto transitório, danoso aos equipamentos eletro-eletrônicos.
Externa, ainda mais danosa, por ter sua origem relacionadas a raios descarregados nas
proximidades dos equipamentos eletro-eletrônicos, com duração de alguns
microsegundos; pode ocorrer também no restabelecimento da energia elétrica após
uma interrupção do fornecimento.

Trovão – Estrondo produzido por descarga de eletricidade atmosférica.

Volt – Unidade de tensão elétrica, diferença de potencial ou força eletromotriz.


Corresponde à tensão que, aplicada sobre a resistência de 1 Ohm, produz a corrente
de 1 ampère.

Watt – Unidade de medida da potência solicitada da linha pela carga, representa o


consumo de energia de um equipamento. É igual à potência de um joule por segundo,
conforme a definição do inventor escocês James Watt (1736-1819)

28
Riscos da Eletricidade

A eletricidade é vital na vida moderna é desnecessário ressaltar sua importância, quer


propiciando coforto aos nossos lares, quer atuando como insumo nos diversos segmentos da
economia. Por outro lado o uso da eletricidade exige do consumidor a aplicação de algumas
preucações em virtude do risco que a eletricidade representa, muitos não sabem,
desconhecem ou desconsideram este risco. Os acidentes ocorridos com eletricidade, no lar e
no trabalho, são os que ocorrem com maior frequência e comprovamente os que trazem as
mais graves consequencias. As normas de segurança estabelecem que que pessoas devem
ser informadas sobre os riscos a que se expõem, assim como conhecer os seus efeitos e as
medidas de segurança aplicaveis.As atividades com eletricidade apresentam os seguintes
riscos a seus usuários :

a) Choque Elétrico

b) Danos econômicos ( incêndio, explosões )

No dia a dia, seja no lar ou na indústria a maior preucupação sem dúvida é com o choque
elétrico, visto que este é o tipo de acidente que ocorre com maior frequência . Incêndios e
explosôes causados pela eletricidade são sinistros que ocorrem com menor frequência. É
importante aletar que os riscos do choque elétrico e os seus efeitos estão diretamente
ligados aos valores das tensões ( Voltagens ) da instalação, e é bom lembrar que apenas
altas tensões provocam grandes lesões. Mas por um outro lado existem mais pessoas
expostas à baixa tensão do que às altas tensões e que leigos normalmente não se expõem às
altas, proporcinalmente podemos considerar que as baixas tensões são as mais perigosas. O
maior risco no trabalho com a eletricidade é o contato direto, que pode ser definido como o
ocorrido quando uma pessoa tem acesso a alguma parte emergizada de uma instalação,
provocando uma passagem de corrente através do corpo, uma vez que este é condutor e
fecha um curto-circuito entre a massa e a terra. O que torna a eletricidade mais perigosa do
que outros riscos fisícos como o calor, o frio e o ruído é que ela só é sentida pelo organismo
quando o mesmo está sob sua ação. Para quantificar melhor os riscos e a gravidade do
problema apresentamos alguns dados estatísticos :

43% dos acidentes ocorrem na residencia

30% nas empresas

27% não foram especificados.

29
O Choque Elétrico

Choque elétrico é o conjunto de perturbações de natureza e efeitos diversos, que se


manifestam no organismo humano ou animal, quando este é percorrido por corrente
elétrica. As manifestações relativas ao choque elétrico dependendo das condições e
intensidade da corrente, podem ser desde uma ligeira contração superficial até uma violenta
contração muscular que pode provocar a morte. Até chegar de fato a morte existem estágios
e outras consequências que veremos adiante. Os tipos mais prováveis de choque elétrico
são aqueles que a corrente elétrica circula da palma de uma das mãos à palma da outra mão,
ou da palma da mão até a planta do pé.Existem 3 categorias de choque elétrico :

a) Choque produzido por contato com circuito energizado

Aqui o choque surge pelo contato direto da pessoa com a parte energizada da instalação, o
choque dura enquanto permanecer o contato e a fonte de energia estiver ligada. As
consequências podem ser pequenas contrações ou até lesões irreparáveis.

b) Choque produzido por contato com corpo eletrizado

Neste caso analisaremos o choque produzido por eletricidade estática, a duração desse tipo
de choque é muito pequena, o suficiente para descarregar a carga da eletricidade contida no
elemento energizado. Na maioria das vezes este tipo de choque elétrico não provoca efeitos
danosos ao corpo, devido a curtissima duração.

c) Choque produzido por raio ( Descarga Atmosférica )

Aqui o choque surge quando acontece uma descarga atmosférica e esta entra em contato
direto ou indireto com uma pessoa, os efeitos desse tipo de choque são terriveis e
imediatos, ocorre casos de queimaduras graves e até a morte imediata.

Avaliação da Corrente Elétrica Produzida por Contato com Circuito Energizado

Para avaliação da corrente elétrica que circula num circuito vamos utilizar a Lei de Ohm,
que estabelece o seguinte : I = V/R, onde : I = Corrente em Ampéres

V = Voltagem em Volts

R = Resistência em Ohms

Lei de Ohm estabelece que a intensidade da corrente elétrica que circula numa carga é tão
maior quanto maior for a tensão, ou menor quanto menor for a tensão. No caso do choque
elétrico o corpo humano participa como sendo uma carga, o corpo humano ou animal é
condutor de corrente elétrica, não só pela natureza de seus tecidos como pela grande
quantidade de água que contém.O valor a resistência em Ohms do corpo humano varia de
individuo para individuo, e tambem varia em função do trajeto percorrido pela corrente

30
elétrica. A resistência média do corpo humano mediada da palma de uma das mãos à palma
da outra, ou até a planta do pé é da ordem de 1300 a 3000 Ohms, de acordo com a Lei de
Ohm, e com base no valor da resistência do corpo humano podemos avaliar a intencidade
da corrente elétrica produzida por um choque elétrico, isso serve de análise dos efeitos
provocados pela corrente elétrica em função de sua intensidade.

Efeitos da Eletricidade no Corpo Humano

Ao passar pelo corpo humano a corrente elétrica danifica os tecidos e lesa os tecidos
nervosos e cerebral, provoca coágulos nos vasos sanguineos e pode paralisas a respiração e
os músculos cardíacos.A corrente ele'trica pode matar imediatamente ou pode colocar a
pessoa inconsciente, a corente faz os músculos se contrairem a 60 ciclos por segundo, que é
a frequência da corente alternada.A sensibilidade do organismo a passagem de corrente
elétrica inicia em um ponto conhecido como Limiar de Sensação e que ocorre com uma
intensidade de corrente de 1mA para corrente alternada e 5mA para corrente contínua.
Pesquizadores definiram 3 tipos de efeitos manifestados pelo corpo humano quando da
presença de eletricidade.

a) Limiar de Sensação ( Percepção )

O corpo humano começa a perceber a passagem de corrente elétrica a partir de 1 mA.

a) Limiar de Não Largar

Esta associado às contrações musculares provocadas pela corrente elétrica no corpo


humano, a corrente alternada a partir de determinado valor, excita os nervos provocando
contrações musculares permanentes, com isso cria se o efeito de agarramento que impede a
vítima de se soltar do circuito, a intensidade de corrente para esse limiar varia entre 9 e 23
mA para os homens e 6 a 14 mA para as mulheres.

b) Limiar de Fibrilação Ventricular

O choque elétrico pode variar em função de fatores que interferem na intensidade da


corrente e nos efeitos provocados no organismo, os fatores que interferem são :

- Trajeto da corrente elétrica no corpo humano

- Tipo da corrente elétrica

- Tensão nominal

31
- Intensidade da corrente

- Duração do choque elétrico

- Resistência do circuito

- Frequencia da corrente

a) Trajeto da corrente elétrica no corpo humano

O corpo humano é condutor de eletricidade e sua resistência varia de pessoa para pessoa e
ainda depende do percurso da corrente. A corrente no corpo humano sofrerá variações
conforme for o trajeto percorrido e com isso provocará efeitos diferentes no organismo,
quando percorridos por corrente elétrica os órgãos vitais do corpo podem sofrer
agravamento e até causar sua parada levando a pessoa a morte.

b) Tipo da corrente elétrica

O corpo humano é mais sensível a corrente alternada do que á corrente continua, os efeitos
dests no organismo humano em geral são os mesmos, passando por contrações simples para
valores de baixa intensidade e até resultar em queimaduras graves e a morte para valores
maiores. Existe apenas uma diferença na sensação provocada por correntes de baixa
intensidade; a corrente continua de valores imediatamente superiores a 5 mA que é o
Limiar de Sensação, cria no organismo a sensação de aquecimento ao paso que a corrente
alternada causa a sensação de formigamento, para valores imediatamento acima de 1 mA.

c) Tensão nominal

A tensão nominal de um circuito é a tensão de linha pela qual o sistema é designado e à


qual são referidas certas carcterísticas operacionais do sistema.De acordo com os padrões
atuais norte-americanos, as tensões nominais dos sistemas são classificados em :

Baixa Tensão 0V >1000 V


Média Tensão >1000 V < 72500 V
Alta Tensão > 72500 V < 242000 V
Extra- alta Tensão >242000 V < 800000 V

Partindo das premissas que os efeitos danosos ao organismo humano são provocados pela
corrente e que esta pela Lei de Ohm é tanto maior quanto maior for a tensão, podemos
concluir que os efeitos do choque são mais graves à medida que a tensão aumenta, e pela
mesma Lei de Ohm quanto menor a resistencia do circuito maior a corrente, portanto
concluimos que não existem valores de tensões que não sejam perigosas.Para condições
normais de influências externas, cosidera se perigosa uma tensão superior a 50 Volts, em
corrente alternada e 120 Volts em corrente continua, o corpo humano possui em média uma

32
resistência na faixa de 1300 a 3000 Ohms, assim uma tensão de contato no valor de 50 V,
resutará numa corrente de :

I = 50 / 1300 = 38,5 mA

O valor de 38,5 mA em geral não é perigoso ao organismo humano, abaixo apresentamos o


valor de duração máxima de uma tensão em contato com o corpo humano, os valores
indicados baseiam se em valores limites de corrente de choque e correspondem a condições
nas quais a corrente passa pelo corpo humano de uma mão para outra ou de uma mão para a
planta do pé, sendo que a superfície de contato é considerada a pele relativamente úmida :

Duração máxima da tensão de contato CA


Tensão de Contato ( V ) Duração Máxima ( Seg. )
<50 infinito
50 5
75 0,60
90 0,45
110 0,36
150 0,27
220 0,17
280 0,12
Duração máxima da tensão de contato CC
Tensão de Contato ( V ) Duração Máxima ( Seg. )
<120 infinito
120 5
140 1
160 0,5
175 0,2
200 0,1
250 0,05
310 0,03

d) Intensidade da corrente

As perturbações produzidas pelo choque elétrico dependem da intensidade da corrente que


atravessa o corpo humano, e não da tensão do circuito responsável por essa corrente. Até o
limiar de sensação, a corrente que atravessa o corpo humano é praticamente inócua,
qualquer que seja sua duração, a partir desse valor, á medida que a corrente cresce,a
contração muscular vai se tornando mais desagradável. Para as frequências industriais ( 50 -

33
60 Hz ), desde que a intensidade não exceda o valor de 9 mA, o choque não produz
alterações de consequências graves, quando a corrente ultrapassa 9 mA, as contrações
musculares tornam se mais violentas e podem chegar ao ponto de impedir que a vítima se
liberte do contato com o circuito, se azona torácicc for atingida poderão ocorrer asfixia e
morte aparente, caso em que a vítima morre se não for socorrida a tempo.Correntes maiores
que 20 mA são muito perigosas, mesmo quando atuam durante curto espaço de tempo, as
correntes da ordem de 100 mA, quando atingem a zona do coração, produzem fibrilação
ventricular em apenas 2 ou 3 segundos, e a morte é praticamente certa. Correntes de alguns
Ampéres, além de asfixia pela paralisação do sistema nervoso, produzem queimaduras
extremamente graves, com necrose dos tecidos, nesta faixa de corrente não é possivel o
salvamento, a morte é instantânea.

Duração máxima da tensão de contato CC


Estado
Perturbações prováveis após o Salvamento Resultado Final
( mA )
choque
1 Nenhuma Normal ----- Normal
Sensação cada vez mais
desagradável à medida que a
1-9 Normal Desnecessário Normal
intensidade aumenta.
Contrações musculares.
Sensação dolorosa,
Morte Respiração
9 - 20 contações violentas, Restabelecimento
aparente artificial
perturbações circulatórias
Sensação insuportável,
contrações violentas,
asfixia, perturbações Morte Respiração Restabelecimento
20 - 100
circulatórias graves aparente artificial ou morte
inclusive fibrilação
ventricular
asfixia imediata, fibrilação Morte
>100 Muito difícil Morte
venticular aparente
Morte
Varios Asfxia imediata, aparente Praticamente
Morte
Aaperes queimaduras graves ou impossível
imediata

e) Duração do choque

O tempo de duração do choque é de grande efeito nas cosêquencias geradas, as correntes de


curta duração tem sido inócuas, razão pela qual não se considerou a eletricidade estática,
por outro lado quanto maior a duração mais danosos são os efeitos.

34
f) Resistência do circuito

Quando o corpo humano é intercalado ao circuito elétrico, ele passa a ser percorrido por
uma corrente elétrica cuja intensidade de acordo com a lei de Ohm é em função da tensão e
da ressitência. Dependendo das partes do corpo intercaladoas ao circuito a resistência do
conjunto pode variar, e com isso a corrente tambem será alterada.

g) Frequência da corrente

O Limiar de Sensação da corrente cresce com o aumento da frequência, ou seja correntes


com frequências maiores são menos sentidas pelo organismo, estas correntes de altas
frequências acima de 100000 Hz, cujos efeitos se limitam ao aquecimento são amplamente
utilizadas na medicina como fontede febre artificial. Nessas condições pode se fazer
circular até 1 A sobre o corpo humano sem causar perigo. O quadro abaixo lista diversos
valores de Limiar de Sensação em função do aumento da frequência da corrente elétrica.

Frequência da Corrente Elétrica


Frequência (Hz) 50-60 500 1.000 5.000 10.000 100.000
Limiar de Sensação (mA) 1 1,5 2 7 14 150

Primeiros Socorros à Vítima de Choque Elétrico

As chances de salvamento da vítima de choque elétrico diminuem com o passar de alguns


minutos, pesquisas realizadas apresentam as chances de salvamento em função do número
de minutos decorridos do choque aparentemente mortal, pela análise da tabela abaixo
esperar a chegada da assitência médica para socorrer a vítima é o mesmo que assumir a sua
morte, então não se deve esperar o caminho é a aplicação de técnicas de primeiros socorros
por pessoa que esteja nas proximidades.O ser humano que esteja com parada repiratório e
cardíaca paasa a ter morte cerebral dentro de 4 minutos, por isso é necessário que o
profissional que trabalha com eletricidade deve estar apto a prestar os primeiros socorros a
acidentados, especialmente através de técnicas de reanimação cádio-respiratória.

Chances de Salvamento
Tempo após o choque p/ iniciar respiração artificial Chances de reanimação da vítima
1 minuto 95 %
2 minutos 90 %
3 minutos 75 %
4 minutos 50 %

35
5 minutos 25 %
6 minutos 1%
8 minutos 0,5 %

Método da respiração artificial "Hoger e Nielsen", para reanimação de vítimas de


choque elétrico.

A respiração artificial é empregada em todos os casos em que a respiração natural é


interrompida. O método de "Holger e Nielsen"consiste em um conjunto de manobras
mecânicas por meio das quais o ar , em certo e determinado ritmo, é forçado a entrar e sair
alternadamente dos pulmões. As instruções gerais referentes à aplicação desse método são
as seguintes :

Antes de tocar o corpo da vítima, procure livrá la da corrente elétrica, com a máxima
segurança possível e a máxima rapidez, nunca use as mãos ou qualquer objeto metálico ou
molhado para interromper um circuito ou afastar um fio.

Não mova a vítima mais do que o necessário à sua segurança.

Antes de aplicar o método, examine a vítima para verificar se respira, em caso negativo,
inicie a respiração artificial.

Quanto mais rapidamente for socorrida a vítima, maior será a probabilidade de êxito no
salvamento.

Chame imediatamente um médico e algém que possa auxiliá lo nas demais tarefas, sem
prejuizo da respiração artificial, bem como, para possibilitar o revezamento de operadores.

Procure abrir e examinar a boca da vítima ao ser iniciada a respiração artificial, afim de
retirar possíveis objetos estranhos (dentadura, palito, alimentos, etc.), examini também
narinas e garganta.Desenrole a língua caso esteja enrolada, em caso de haver dificuldade
em abrir a boca da vítima, não perca tempo, inicie o método imediatamente e deixe essa
tarefa a cargo de outra pessoa.

Desaperte punhos, cinta, colarinho, ou quaisquer peças de roupas que por acaso apertem o
pescoço, peito e abdômem da vítima.

Agasalhe a vítima, a fim de aquecê la, outra pessoa deve cuidar dessa tarefa de modo a não
prejudicar a aplicação da respiração artificial.

Não faça qualquer interrupção por menor que seja, na aplicação da respiração artificial.

Não faça qualquer interrupção por menor que seja, na aplicação do método, mesmo no caso
de se tornar necessário o transporte da vítima a aplicação deve continuar.

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Não distraia sua atenção com outros auxílios suplementares que a vitima necessita,
enquanto estiver aplicando o método, outras pessoas devem ocupar se deles.

O tempo de aplicação é indeterminado, podendo atingir 5 horas ou mais, enquanto houver


calor no corpo da vítima e sta não apresentar rigidez cadavérica há possibilidade de
salvamento.

O revezamento de pessoas, durante a aplicação deve ser feito de modo a não alterar o ritmo
da respiração artificial.

Ao ter neinício a respiração natural, sintonize o ritmo da respiração artificial com a natural.

Depois de recuperada a vítima, mantenha a em repouso e agasalhada, não permitindo que se


levante ou se sente, mesmo que para isso precise usar força, não lhe de de beber, a fim de
evitar que se engasgue, após a recuperação total da vítima, pode dar lhe então café ou chá
quente.

Não aplique injeção alguma, até que a vítima respire normalmente.

Este caso aplica se em qualquer caso de colapso respiratório, como no caso de pessoas
intoxicadas por gases venenossos ou que sofram afogamentos.

Na maioria dos casos de acidente por choque elétrico, a MORTE é apenas APARENTE,
por isso socorra a vítima rapidamente sem perda de tempo.

Método da salvamento artificial "Hoger e Nielsen", para reanimação de vítimas


de choque elétrico.

1-Deite a vítima de bruços com a cabeça voltada para um dos lados e a face apoiada sobre
uma das mãos tendo o cuidado de manter a boca da vítima sempre livre.

2-Ajoelhe se junto à cabeça da vítima e coloque as palmas das mãos exatamente nas costas
abaixo dos ombros com os polegares se tocando ligeiramente.

3-Em seguida lentamente transfira o peso do seu corpo para os braços esticados, até que

estes fiquem em posição vertical, exercendo pressão firme sobre i tórax.

4-Deite o corpo para trás, deixando as mãos escorregarem pelos braços da vítima até um
pouco acima dos seus cotovelos; segure os com firmeza e continue jogando o corpo para
trás, levante os braços da vítima até que sinta resistência: abixe os então até a posição
inicial, completando o ciclo, repita a operação no ritmo de 10 a 12 vezes por minuto.

Método da respiração artificial Boca - a - Boca

1. Deite a vítima da costas com osbraços estendidos.

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2. Restabeleça a respiração : coloque a mão na nuca do acidentados e a outra na testa,
incline a cabeça da vítima para trás.
3. Com o polegar e o indicador aperte o naris, para evitar a saída do ar.
4. Encha os pulmões de ar.
5. Cubra a boca da vítima com a sua boca, não deixando o ar sair.
6. Sopre até ver o peito erguer se.
7. Solte as narinas e afaste os seus lábios da boca da vítima para sair o ar.
8. Repita esta operação, a razão de 13 a 16 vezes por minuto.
9. Continue aplicando este método até que a vítima respire por si mesma.

Aplicada a respiração artificial pelo espaço aproximado de 1 minuto, sem que a


vítima dê sinais de vida, poderá tratar se de um caso de Parada cardíaca.

Para verificar se houve Parada Cardíaca, existem 2 processos :

1. Pressione levemente com as pontas dos dedos indicador e médio a carótida, quase
localizada no pescoço, junto ao pomo de Adão ( Gogó ).
2. Levante a palpebra de um dos olhos da vítima, de a pupila ( menina dos olhos ) se
contrair, é sinal que o coração está funcionando, caso contrario, se a pupila
permanecer dilatada, isto é, sem reação, é sinal de que houve uma parada cardíaca.

Ocorrendo a Parada Cardíaca :

Deve se aplicar sem perda de tempo, a respiração artificial e a massagem cardíaca,


conjugadas.

1. Esta massagem deve ser aplicada sobre o coração, que esta localizado no centro do
Tórax entre o externo e a coluna vertical.
2. Colocar as 2 mãos sobrepostas na metade inferior do externo, como indica a figura.
3. Pressionar, com suficiente vigor, para fazer abaixar o centro do Tórax, de 3 a 4 cm,
somente uma parte da mão deve fazer pressão, os dedos devem ficar levantados do
Tórax.
4. Repetir a operação : 15 massagens cardíacas e 2 respirações artificiais, até a
chegada de um médico

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Prevenção de Acidentes com Eletricidade

Quando se trata de medidas preventivas de choque elétrico torna se


obrigatório consultar 2 normas brasileiras : NBR 5410 e a NR 10.

A NBR 5410, intitulada de "Instalações Elétricas de Baixa Tensão", fixa


condições de segurança nas instalações com tensão até 1000 Volts em
corrente alternada e de até 1500 Volts em corrente continua.

Já a a norma regulamentadora NR-10 - Instalações e serviços com


eletricidade, recomenda condições mínimas para garantir a segurança
das pessoas, e estabelece critérios para proteção contra os riscos de
contato, incêndio e explosão, dentre outros.

No ambiente de trabalho a responsabilidade dos serviços é do pessoal


da manutenção, que detém grande experiência profissional no assunto,
com isso a grande maioria dos trabalhadores se coloca na condição de
usuário, cabe aqui uma ressalva ; os limites de atuação do usuário e do
mantenedor são bem definidos.

Na ótica do usuário devemos destacar alguns aspectos :

a) O zelo pela conservação das máquinas e aparelhos operados é


fundamental para preservar as condições de segurança.

b) É importante deixar as máquinas ligadas somente o tempo necessário


para o uso, além de econômico a possibilidade de acidentes esta
relacionada com o tempo de funcionamento da máquinas.

c) Não deixar cair pequenos objetos, dentro das máquinas, liquidos e


outros materiais que possam provocar curto-circuito.

d) Não utilizar de improvisações, comunicar ao setor de manutenção


qualquer irregularidade verificada nas máquinas e instalações.

REGRAS BÁSICAS

a) Utilizar materias, ferramentas e equipamentos dentro das normas


técnicas.

b) Para medição dos circuitos utilizar apenas os instrumentos


adequados, como Multimetros, Voltimetros e Amperimetros, evitando as
improvisações, que costumam ser danosas.

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c) Para trabalhar em segurança é necessário primeiro saber a maneira
correta de funcionamento da máquina, qual o tipo de serviço a ser
realizado, observar bem o local de trabalho levantando as possiveis
interferências que poderão causar algum dano.

d) Trabalhar sempre com o circuito elétrico desligado, utilizar placas de


sinalização indicando que o circuito ou a máquina estão em
manutenção, evitar o uso de anéis, aliança, pulseiras, braceletes e
correntes.

e) Ao abrir chaves, não permanecer muito próximo para evitar o efeito


do arco voltaico, sempre que realizar manobras em chaves seccionadora
ou disjuntores pelo punho pr'prio de acionamento, utilizar luvas de PVC
com isolamento de acordo com a classe de tensão do circuito a operar.

f) Na alta tensão, alem de fazê-lo com o circuito desligado deve-se


providenciar um aterramento multiplo das 3 fases do circuito.

g) E nunca é demais lembrar : EM SE TRATANDO DE LETRICIDADE A


GRANDE ARMA DA PREVENÇÃO DE ACIDENTES É O PLANEJAMENTO.

A eletricidade não adimite improvições, ela não tem cheiro, não tem côr,
não é quente nem fria, ela é fatal.

Aterramentos

Denomina - se aterramento a ligação com a massa condutora da terra, os aterramentos


devem assegurar de modo eficaz a fuga de corrente para a terra, propiciando as
necessidades de segurança e de funcionamento de uma instalação elétrica.O valor da
resistência de aterramento deve satisfazer às condições de proteção e funcionamento da
instalação elétrica, de acordo com os esquemas de aterramento.

Esquemas de Aterramento

A NB-3 fixa os seguintes esquemas de aterramento : Obs.: Para classificar os esquemas de


aterramento é utilizada a seguinte simbologia :

• A primeira letra representa a situação da alimentação em relação a terra


o T = um ponto diretamente aterrado.
o I = isolação de todas as partes vivas em relação à terra ou aterramento de um
ponto através de uma impedância.

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• A segunda letra representa a situação das massas da instalação elétrica em relação à
terra
o T = massas diretamente aterradas, independente do aterramento eventual de
um ponto da alimentação.
o N = massas ligadas diretamente ao ponto da alimentação aterrado ( em CA o
ponto aterrada é normalmente o neutro );
• outras letras indicam a disposição do condutor neutro e do condutor de proteção
o S = funções de neutro e de proteção asseguradas por condutores distintos.
o C = funções de neutro e de proteção combinadas em um unico condutor.(
condutor PEN )

Esquema TN

Este esquema possui um ponto de alimentação diretamente aterrado, sendo as massas


ligadas a esse ponto através de condutor de proteção, são considerados 3 tipos de esquemas
TN :

o TN-S, o condutor neutro e o de proteção são distintos


o TN-C-S, o condutor neutro e o de proteção são combinados em um único
condutor em uma parte da instalação.
o TN-C, o condutor neutro e o de proteção são combinados em um único
condutor ao longo de toda a instalação.

Esquema TT

Este esquema possui um ponto de alimentação diretamente aterrado, estando as massas da


instalação ligadoas a eletrodos de aterramento eletricamente distintos do eletrodo de
aterramento da alimentação.

Esquema IT

Este esquema não possui nenhum ponto de alimentação diretamente aterrado, somente as
massas da instalação são aterradas

Ligações à Terra

Os aterramentos podem ser ligados em conjunto ou separadamente, para finalidades de


proteção ou funcionais de acordo com as exigências da instalação, no Brasil a maioria das
instalações são separadas apesar da terra ser sempre terra, as concessionárias de força e de
telefonia sempre exigem seus terras independentes, sem falar das companhias de
informática que também querem o seu. Aterramentos separados causam diferença de
potencial entre eles o que pode causar problemas na instalação, a NB-3 recomenda que seja
instalado um condutor principal de equipotencialidade que reúna :

• condutor de proteção principal


• condutor de aterramento principal

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• condutor de aterramento dos sistemas

Eletrodos de Aterramento

O tipo e a profundidade de instalação dos eletrodos de aterramento devem ser de acordo


com as condições da solo, a eficiência de qualquer eletrodo depende das condições do local,
o projeto deve considerar o desgaste do eletrodo devido a corrosão, aqui no Brasil os
eletrodos mais usados são os do tipo Copperwel. Na instalação dos eletrodos deve tomar o
cuidado do tipo de fechamento da malha se em triangulo ou linear, todos sabemos que para
efeito de curto - circuito o fechamento linear é mais eficiente, para correntes de descarga
atmosféricas o fechamento mais indicado é o triangulo. Mas como atender aos 2 casos se
deve haver equipotencialidade entre os aterramentos ? É simples o que interessa a corrente
de fuga é como ela vê o aterramento antes de sua chegada a malha, ou seja os cabos de
descida dos sistemas de para-raios devem ser interligados em eletrodos que inicialmente
possam propiciar fácil escoamento, ou seja as primeiras hastes devem estar interligadas na
forma de triangulo, o restante da malha não interessa.

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