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NEWTON C.

BRAGA

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Como Funciona
Aparelhos, Circuitos e Componentes
Eletrônicos
Volume 42
Newton C. Braga

Patrocinado por

Mouser Electronics
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NEWTON C. BRAGA

Índice

Apresentação da Série 7
Princípios de radiotransmissão - ondas 11
Alcance 17
Velocidade, fase comprimento de onda e frequência 18
Antenas 22
Técnicas de Modulação AM/FM 29
Modulação em amplitude 31
Modulação em frequência 39
Conclusão 45
Transmissores 47
Ruídos - espúrios - parasitas - harmônicas 47
Soluções 54
Armadilhas de Onda 55
O que são e como funcionam 55
Como são usadas as armadilhas de onda 60
O Foco das Antenas Parabólicas 63
Conclusão 75
Antenas parabólicas compartilhadas 77
Os simetrizadores para recepção de TV 85
O simetrizador 90
Caixas para simetrizar 93
Redes sem fio e o padrão IEEE 802.11 97
IP móvel 100
As arquiteturas IEEE 9\802.11 101

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As camadas do padrão IEEE 802.11 103


Conclusão 107
O sistema PAL e o NTSC 109
Como as cores são transmitidas no NTSC 110
Os efeitos da mudança de fase 113
O sistema PAL 115
As vantagens do sistema PAL 116
A linha de retardo 121
Conclusão 123
MODEMS ADSL - Asymmetric Digital Subscriber Line 125
O que é a tecnologia ADSL 126
Como funciona 128
Assimetria - otimizando o sistema 131
O sistema na Prática 131
Conclusão 133
Redes sem fio (wireless) 135
Redes sem fio 136
Vantagens e desvantagens 139
As frequências 140
Topologias 144
Os Padrões 146
Convergência e VoIP 147
Conclusão 149
Nanoantenas 152
Aplicações 156
Conclusão 158
Fibras ópticas: a revolução no transporte das informações 160
Fibras ópticas & fios metálicos 161
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A natureza da luz 164


Reflexão, refração e ângulo crítico 166
História 173
O que é a fibra óptica 175
Perdas 179
Resposta espectral 181
Conclusão 183
Conectividade – 802.11n 184
Aumentando a velocidade 185
Conclusão 189
CODECs de áudio 192
Gravação Digital 194
Conclusão 201

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Apresentação da Série
Este é o quadragésimo segundo volume desta grande série de
livros que levamos aos nossos leitores sob patrocínio da Mouser
Electronics (www.mouser.com). Conforme os leitores que já
baixaram os volumes anteriores sabem, esta série é baseada na
enorme quantidade de artigos que escrevemos ao longo de nossa
carreira como escritor técnico e que publicamos em diversas revistas,
folhetos, livros, cursos e no nosso próprio site tanto em português,
como em espanhol e em inglês. São artigos que representam mais de
50 anos de evolução das tecnologias eletrônicas e, portanto, têm
diversos graus de atualidade. Os mais antigos foram analisados sendo
feitas alterações e atualizações que julgamos necessárias. Outros pela
sua finalidade didática, tratando de tecnologias antigas e mesmo de
ciência (matemática, física, química e astronomia) não foram muito
alterados a não ser pela linguagem, que sofreu modificações se bem
que em alguns casos mantivemos os termos originais da época em
que foram escritos. Não estranhem se alguns deles tiverem ainda a
ortografia antiga que foi mantida por motivos históricos. Os livros da
série consistirão numa excelente fonte de informações para nossos
leitores.
Os artigos têm diversos níveis de abordagem, indo dos mais
simples que são indicados para os que gostam de tecnologia, mas que
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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

não possuem uma fundamentação teórica forte ou ainda não são do


ramo. Neles abordamos o funcionamento de aparelhos de uso comum
como eletroeletrônicos, não nos aprofundando em detalhes técnicos
que exijam conhecimento de teorias que são dadas nos cursos
técnicos ou de engenharia.
Outros tratam de componentes e circuitos, ideais para os que
gostam de eletrônica e já possuem uma fundamentação quer seja
estudando ou praticando com as montagens que descrevemos em
nossos artigos. Estes já exigem um pequeno conhecimento básico da
eletrônica que também podem ser obtidos em artigos de nosso site,
livros e nossos cursos EAD. Estes artigos também vão ser uma
excelente fonte de consulta para professores que desejam preparar
suas aulas e alunos que desejam enriquecer seus trabalhos
Temos ainda os artigos teóricos que tratam de circuitos e
tecnologias de uma forma mais profunda com a abordagem de
instrumentação e exigindo uma fundamentação técnica mais alta. São
indicados aos técnicos com maior experiência, engenheiros e
professores.
Também lembramos que no formato virtual o livro conta com
links importantes, vídeos e até mesmo pode passar por atualizações
on-line que faremos sempre que julgarmos necessário.
Neste volume ainda trataremos do funcionamento de
equipamentos antigos em especial televisores, monitores antigos de

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computadores, gravadores de vídeo e games que utilizavam o padrão


da TV analógica., sendo especialmente indicado aos que desejam
recuperar este tipo de equipamento e já possuam um conhecimento
técnico, que estejam estudando ou que precisam de material de
consulta para suas aulas ou trabalhos práticos.
Trata-se de mais um livro que certamente será importante na
sua biblioteca de consulta, devendo ser carregado no seu tablet,
laptop ou celular para consulta imediata. Os livros podem ser
baixados gratuitamente no nosso site e um link será dado para os que
desejarem ter a versão impressa pagando apenas pela impressão e
frete.
Newton C. Braga
Nota sobre a ortografia: os artigos que coletamos para fazer
parte das edições da série Como Funcionam foram escritos a partir de
1965. Desde aquela época, a língua portuguesa passou por muitas
transformações, como a perda do trema em frequência, do acento em
polo, termos que foram substituídos por equivalentes modernos,
tanto em inglês como em português. O próprio uso da vírgula mudou.
Assim, em muitos casos, ao recuperar os artigos dependendo da
época, mantivemos a forma original (pelo valor histórico) como
também foram feitas alterações para o português moderno. Assim,
eventuais “erros” que o leitor encontre, não são erros, mas a
manutenção da forma original. Para usar estes artigos em eventuais

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

trabalhos, o leitor estará livre para manter a forma original, indicando


isso, ou de fazer alterações para o português moderno, onde se fizer
necessário, com a devida observação.

Conheça o Instituto Newton


C. Braga
https://www.newtoncbraga.com.br

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Princípios de radiotransmissão -
ondas
Existem conhecimentos básicos sobre a natureza e
comportamento das ondas de rádio que precisam estar muito bem
estabelecidos na mente do profissional de telecomunicações. Nessa
categoria enquadramos os conhecimentos sobre a natureza e
propriedades das ondas. Se bem que este assunto deva fazer parte dos
cursos profissionais (técnicos e de engenharia) nem sempre eles são
abordados com a devida profundidade e sempre existe a necessidade
de serem reciclados. Nesse artigo revisamos alguns dos conceitos
básicos da radiotransmissão o que pode ser de muita utilidade para
nossos leitores.
Na figura 1 mostramos o espectro de rádio com a
classificação pela denominação segundo a frequência.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

O comportamento das emissões em cada faixa varia


sensivelmente em relação às outras e isso determina sua utilização
prática. Essa variação do comportamento nos leva à diversas
denominações que analisamos a seguir:
a) Onda terrestre
As frentes de onda se propagam junto ao solo, acompanhando
a curvatura da terra, conforme mostra a figura 2.

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Como estas frentes de onda estão junto ao solo elas provocam


a indução de certa corrente já que o solo é condutor. Esta corrente
causa uma absorção do sinal que então se atenua à medida que se
propaga.
Num solo condutor ou sobre a água a atenuação é menor do
que no caso de solos rochosos, arenosos ou pedregosos de baixa
condutividade (secos). Quanto mais alta for a frequência do sinal,
maior será a atenuação que ocorre neste tipo de propagação.
Por esse motivo, as ondas terrestres são mais usadas em
comunicações de curto alcance na faixa de 300 kHz a 3 MHz. Como
exemplo podemos citar as ondas da faixa de HF (ondas médias) que,
pela sua baixa frequência, sofrem uma atenuação considerável
devido também à presença de obstáculos. Esta faixa de ondas e este
tipo de propagação não são afetados pelas horas do dia ou pelas
estações do ano.

b) Onda espacial
A propagação entre a antena transmissora e a antena receptora
ocorre sem a influência da terra. Um exemplo seria a comunicação
entre uma estação em terra e um avião. As faixas mais usadas para
este tipo de comunicação são as de VHF e UHF, eventualmente SHF.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

c) Onda celeste ou ionosférica


A onda celeste sofre reflexões na ionosfera e na troposfera. A
uma altura que varia entre 80 km e 400 km a atmosfera está ionizada,
ou seja, os átomos possuem cargas elétricas. Em consequência, a
trajetória dos sinais de rádio de certas faixas de frequências, pode ser
modificada fazendo que se curvem de volta para a terra, conforme
mostra a figura 3.

Essas ondas têm seu comportamento influenciado pelas horas


do dia, estações do ano e atividade solar. As ondas celestes estão na
faixa de 5 MHz a 30 MHz, mas este valor pode variar em função de
diversos fatores como a atividade solar. Se um transmissor emitir um
sinal que tenha componentes terrestres e ionosféricas, os dois
componentes cobrem regiões diferentes, conforme mostra a figura 4.

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Entre as duas regiões cobertas pelos sinais existe uma zona de


silêncio em que eles não podem ser recebidos.

d) Ondas diretas
A propagação entre dois pontos ocorre de forma que eles
devem estar numa linha direta, sem obstáculos, conforme mostra a
figura 5.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Os sinais acima de 30 MHz, principalmente nas faixas de


VHF, UHF e SHF são os mais usados nesta modalidade de
transmissão apresentando um comportamento que se aproxima mais
ao comportamento da luz em sua propagação. À medida que a
frequência aumenta, estas ondas são mais sensíveis à presença de
objetos sólidos, tais como prédios, morros, estruturas metálicas, etc.,
não passando através deles.
Frequências Classificação Modo de Alcance Utilização
Propagação mais típico prática
comum
10 kHz a 500 Quilométrica – Rente à superfície Algumas Radiofarol e
kHz VLF e LF da terra centenas de comunicação
acompanhando a quilômetros marítima
sua curvatura

500 kHz a 3 Hectométricas rente ao solo e à tipicamente Radiodifusão,


MHz MF noite com reflexão até 500 km radiofarol
na ionosfera
3 MHz a 30 Decamétricas – Reflexão na
milhares de Radiodifusão,
MHz HF ionosfera, quilômetros radioamadores,
principalmente à comunicações à
noite longa distância
30 MHz a 300 Métricas - VHF Linha direta ouAté 200 km TV, FM e
MHz cabos (*) (típico) comunicações
300 MHz a 3 Decimétricas – Linha direta e por
Até 200 km TV e
GHz UHF cabos (*) (típico) comunicações
3 GHz a 30 Centimétricas – Direta, guia de200 km em Comunicações,
GHz SHF ondas e satélites
terra e radar
ilimitada por
satélite
30 GHz a 300 Milimétricas Direta e guias de pouco uso comunicações
GHz onda ainda

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300 GHz em Micrométricas Guias de onda e uso em comunicações


diante fibras ópticas expansão

(*) Se considerarmos os fenômenos do espalhamento ou


difração, estas ondas podem chegar a distâncias maiores.

Alcance
Para uma onda direta, o alcance vai depender da altura das
antenas, conforme podemos observar pela figura 6.

Assim, uma antena de altura h, desprezando-se elevações


adicionais como ondulações do terreno, terá o alcance dado pela
fórmula:

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Veja que, neste caso, temos a soma dos catetos de dois


triângulos retângulos, e da mesma forma que no transmissor,
podemos simplificar a fórmula já que a altura da antena é desprezível
em relação ao raio da terra.

Velocidade, fase comprimento de onda e


frequência
As ondas eletromagnéticas se propagam através do vácuo
com uma velocidade finita em torno de 300 000 quilômetros por
segundo. Esta velocidade também depende do meio de propagação,
sendo menor nos meios mais densos. Assim, entre o instante em que
um sinal é produzido por um transmissor e ele chega ao receptor
existe um intervalo de tempo finito. O tempo de propagação entre
dois pontos para uma onda eletromagnética pode ser calculado pela
seguinte fórmula:
t = S/v
Onde:
t é o intervalo de tempo (em segundos)

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S é a distância percorrida (em metros)


v é a velocidade de propagação (em metros por segundo)
A propagação da onda em velocidade finita permite que
associemos a ela uma grandeza denominada “comprimento de onda”.
O comprimento de onda é a distância que ela percorre no intervalo de
tempo que corresponde a um ciclo completo, conforme mostra a
figura 7.

Veja que é possível medir o comprimento de onda entre dois


pontos análogos de ciclos sucessivos da mesma onda. Está claro que
podemos relacionar este comprimento de onda com sua frequência e
a sua velocidade através da fórmula:
v=λxf
Onde:

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V é a velocidade de propagação em metros por segundo


λ é o comprimento de onda em metros
f é a frequência em hertz
A representação senoidal de uma onda nos permite associar
aos diversos pontos do sinal ângulos de fase. Dessa forma, um ciclo
completo de uma onda tem 360 graus, conforme mostra a figura 8.

Esse fato permite comparar dois sinais ou duas ondas no


tempo pelos pontos em que elas possuem a mesma intensidade, ou
seja, pontos de máximo, mínimos ou de um determinado ângulo de
fase. Sinais de mesma frequência estarão em fase quando os instantes
em que eles possuírem os máximos e mínimos coincidirem,
conforme mostra a figura 9.

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Sinais estarão defasados quando seus pontos de máximos e


mínimos não coincidirem. A figura 10 mostra que podemos medir a
separação destes pontos em graus e assim expressar a sua defasagem
na forma de um ângulo.

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Antenas
A função da antena é produzir ondas eletromagnéticas a partir
de correntes elétricas de alta frequência que lhes são aplicadas. Uma
antena transfere então a energia gerada pelo transmissor para o
espaço na forma de ondas. No receptor, a antena intercepta as ondas
induzindo correntes que são levadas então ao circuito.
Um sinal de alta frequência aplicado numa antena, como a
formada por dois condutores cria alternadamente campos elétricos e
magnéticos, conforme mostra a figura 11.

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Conforme podemos ver pela figura 12, corrente e tensão


numa antena deste tipo se distribuem de modo diferentes.

Nas extremidades a tensão é máxima e a corrente é mínima


enquanto no centro, a tensão é mínima e a corrente é máxima. Esta
configuração equivale a de um circuito ressonante ideal com a
configuração mostrada na figura 13.
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Nele, a reatância capacitiva é igual à reatância indutiva (XL


=XC) de modo a termos uma componente resistiva pura que é a
impedância da antena. Para uma antena deste tipo esta impedância
tem um valor fixo de 73 ohms. Na prática, adotamos como valor
mais apropriado para os cálculos 75 ohms. Influem nesta impedância
fatores como a espessura do fio usado, e a própria velocidade de
propagação da onda no material de que é feita a antena.

a) Ganho
Uma antena é um elemento passivo num sistema de
transmissão ou de recepção, não existindo elementos que possam
realmente introduzir um ganho efetivo num sinal de uma antena.
Dessa forma, o termo ganho serve para expressar a capacidade que
uma antena tem para receber sinais de uma determinada direção
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quando comparada com uma antena usada como referência. Uma


antena que tenha a capacidade de concentrar a energia transmitida
numa certa direção possui um ganho, conforme mostra a figura 14.

Igualmente, uma antena que consegue captar de uma forma


mais efetiva os sinais que chegam de uma determinada direção,
possui um ganho nesta direção. O ganho é calculado pela seguinte
fórmula:
Ga (dB) = 10 log (P1/P2)
Onde:
Ga = ganho em dB (decibel)
Log = logaritmo
P1 = potência da antena em mW
P2 = potência da antena padrão em mW

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Assim, se uma antena irradia 200 W numa direção quando a


antena padrão irradia 10 W, o ganho será:
Ga = 10 log 200/10 = 17 dB
Para medir o ganho na recepção compara-se a intensidade do
sinal recebido pela antena com a intensidade do sinal recebido no
mesmo local com uma antena padrão.

b) Diretividade
Uma antena ideal, teria o formato de uma esfera, irradiando
sinais com a mesma intensidade em todas as direções. Na prática,
entretanto, as antenas tendem a concentrar os sinais mais em
determinada direção, dependendo de sua forma, dimensões e
disposição de seus elementos.
Assim, a diretividade de uma antena é indicada por um
diagrama, conforme mostra a figura 15, no qual se colocam as
intensidades relativas do sinal (recebido ou transmitido) em função
das direções em torno da antena.

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Conforme podemos ver, uma antena possui um lóbulo maior


que corresponde aos sinais irradiados na direção para a qual ela está
apontada e outros lóbulos menores que indicam que naquelas
direções existem irradiações de menor intensidade. Também existem
direções em que nenhum sinal é irradiado (ou recebido). Quanto mais
estreito for o lóbulo, mais diretiva é a antena e maior é o seu ganho
na direção para a qual está apontada.
Uma antena mais diretiva tem a vantagem de rejeitar com
maior facilidade os sinais que incidam lateralmente, ou seja, que
venham de direções que não sejam aquela para a qual ela está
apontada. Observamos também nesse gráfico o que se denomina
relação frente/costa de uma antena.

c) Polarização
Os sinais emitidos pelas antenas possuem uma orientação
definida para as componentes elétrica e magnética da onda. Isso
significa que as antenas emitem sinais polarizados conforme seu
formato. Se uma antena tem uma polarização vertical e por isso os
sinais são emitidos com componentes orientadas segundo mostra a
figura 16, uma antena receptora que esteja posicionada de modo
diferente, ou seja, polarizada horizontalmente não receberá estes
sinais de maneira satisfatória.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

O melhor exemplo disso está nas transmissões comuns de TV


que são polarizadas horizontalmente e que por isso exigem que as
antenas receptoras sejam posicionadas de forma a receber este tipo
de sinal, com suas varetas na horizontal.

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Técnicas de Modulação AM/FM


Em artigo anterior nesta mesma revista analisamos os
diversos tipos de modulação empregados nos modernos
equipamentos de comunicação sem fio e mesmo estações de
radiodifusão. Continuando com o assunto, veremos neste artigo
algumas técnicas de modulação empregadas na prática,
principalmente algumas relacionadas com transmissores de alta
potência. O assunto é de grande interesse tanto para o profissional da
área como para os estudantes de engenharia.
Conforme sabemos, para transmitir informações como voz,
imagens e dados através de sinais de rádio, precisamos gerar uma
portadora de alta frequência a qual será modulada por essas
informações. Sabemos também que existem diversas técnicas de
modulação que envolvem alterações na frequência, amplitude, fase
ou qualquer outra característica do sinal de alta frequência que
permita uma recuperação da informação posteriormente.
Para os sistemas de alta potência empregados em
telecomunicações e radiodifusão os principais processos de
modulação são a modulação em amplitude e a modulação em
frequência. No primeiro caso, variamos a frequência de uma
portadora de acordo com as variações da amplitude do sinal
modulador, e no segundo caso variações a amplitude da portadora
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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

com a amplitude do sinal modulador. Mostramos os dois processos


na figura 1.

Na prática, quando trabalhamos com os circuitos que geram e


amplificam os sinais de alta frequência, o processo segundo o qual o
sinal modulador é aplicado pode variar bastante, existindo para essa
finalidade configurações que os profissionais devem conhecer.

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Modulação em amplitude
Um transmissor de AM típico pode conter diversos estágios
amplificadores que, a partir de um oscilador, chegam ao sinal final
que deve ser transmitido, conforme mostra a figura 2.

Em algumas configurações, cada etapa simplesmente


amplifica o sinal da etapa anterior até se chegar a potência final de
um sinal que vai ser aplicado à antena e dela transmitido. No entanto,
existem configurações em que o sinal é gerado numa frequência mais
baixa e cada etapa, além de amplificar esse sinal também dobra sua
frequência, conforme mostra a figura 3.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

A modulação de um transmissor que tenha essa estrutura


básica pode ser feita de diversas formas.
No caso específico de um transmissor de informações que
correspondam à voz (sons) como, por exemplo, de radiodifusão, o
que se faz é acoplar um amplificador de áudio no último estágio
amplificador, conforme mostra a figura 4.

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O amplificador usado deve ter uma potência que depende da


etapa final de RF no qual ele está acoplado de modo a se obter 100%
de modulação, conforme mostra a figura 5.

Para uma etapa transistorizada, a modulação realizada dessa


forma pode ter uma configuração como a mostrada na figura 6, em
que realizamos o que se denomina modulação por emissor.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

O sinal modulador é aplicado a um transformador cuja


finalidade é tanto isolar o circuito de modulação do circuito de RF
como casar suas impedâncias, controlando a corrente de emissor do
transistor amplificador e com isso a amplitude do sinal. A modulação
ocorre justamente em vista das características não lineares do
transistor. Evidentemente, a mesma configuração tem seu equivalente
nos circuitos valvulados, já que quando se trabalha com potências
muito altas, os transmissores ainda empregam válvulas. Na figura 7
temos um circuito valvulado para essa finalidade.

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Nesse tipo de circuito temos a vantagem de que a


amplificação do transistor ou válvula é aproveitada no processo de
modulação e com isso não precisamos de uma potência da mesma
ordem que a da etapa final de RF para obter 100% de modulação. A
desvantagem desse tipo de circuito está na elevada distorção
harmônica que ele introduz.
Por outro lado, quando se faz a modulação pelo anodo da
válvula, conforme mostra a figura 8, é preciso usar uma potência
muito alta para essa finalidade, da mesma ordem que a potência do
transmissor.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Um circuito modulador de potência muito alta trabalhando


com modulação pelo anodo de uma válvula como o mostrado na
figura 9 pode ser encontrado em alguns transmissores de
radiodifusão onde os transistores ainda não conseguem gerar um
sinal com a mesma intensidade.

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NEWTON C. BRAGA

Nesse circuito temos uma válvula triodo de alta potência


alimentada com uma tensão da ordem de 10 a 15 kV e que passa
através de um transformador modulador. A excitação desse
transformador modulador é feita por uma etapa em push-pull também
usando válvulas triodo. Um ponto importante que deve ser
considerado nesse circuito é a necessidade de neutralização dado que
o retorno de RF para a válvula pode fazer com que ela tenda a
oscilar.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Uma forma de se evitar os problemas de realimentação é com


o uso de válvulas tetrodo ou pentodo. na figura 10 temos um
exemplo de circuito de alta potência, do tipo encontrado em
emissoras de radiodifusão para modulação em amplitude.

Nessas configurações, o sinal modulador pode ser aplicado à


grade de blindagem. A desvantagem dessa configuração está na
distorção relativamente alta que ocorre. O uso de tetrodos, além de
proporcionar maior ganho, reduz os problemas de neutralização.
Nesse circuito é interessante observar os percursos dos sinais de altas
frequências e dos sinais moduladores de baixas frequências.

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NEWTON C. BRAGA

Se o transmissor tem uma potência muito alta, tornando-se


problemático o uso de um amplificador de áudio com potência
da mesma ordem para a modulação, o que se faz é modular o
sinal numa etapa intermediária de amplificação, conforme
mostra a figura 11.

Existem três configurações básicas destinadas à modulação


em etapas intermediárias com menor potência: Chireix, Ampliphase
e Doherty. Essas configurações se baseiam na combinação de sinais
com fases diferentes.

Modulação em frequência
Na modulação em frequência, a característica da portadora
que se altera com o sinal modulador é a sua frequência. A modulação
em frequência pode ser direta ou indireta. Na modulação direta
atua-se diretamente sobre o circuito oscilador que determina a
frequência do transmissor. A atuação pode ser feita diretamente sobre

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

os elementos L ou C deste circuito. Na figura 12 temos um circuito


modulador de reatância em que se emprega um MOSFET de porta
dupla num oscilador.

Nesse circuito, de modulação direta, normalmente opera-se


numa frequência mais baixa do que a de saída do transmissor, sendo
o seu sinal aplicado a etapas multiplicadoras de frequência e
amplificadoras.
Isso também é necessário porque, para maior estabilidade, o
circuito deve operar com um desvio pequeno na frequência gerada
quando modulado, esse desvio fica multiplicado nas etapas seguintes,
obtendo-se a profundidade de modulação desejada.
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NEWTON C. BRAGA

Uma desvantagem desse tipo de circuito está no fato de que


ao mesmo tempo que se obtém uma modulação em frequência, uma
alteração da amplitude do sinal também é inevitável. Isso ocorre
porque, saindo da frequência de ressonância, o ganho da etapa se
altera. Para se evitar esse problema, o sinal aplicado à etapa seguinte
deve passar por algum tipo de circuito limitador que mantenha sua
amplitude constante dentro da faixa de modulação.
Um outro ponto importante a ser considerado está na
possibilidade de geração de bandas laterais pelo batimento da
frequência de modulação com o sinal da portadora. Para que isso seja
evitado, o sinal aplicado ao modulador deve passar por um filtro que
elimine suas componentes de frequências mais altas. Uma forma
muito usada de se obter a modulação direta de frequência é através
de diodos de capacitância variável ou varicaps, conforme
configuração mostrada na figura 13.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Os diodos varicaps possuem uma característica de


capacitância que depende da tensão inversa que lhes seja aplicada,
conforme mostra a figura 14.

Assim, se não houver tensão aplicada a esses diodos, a junção


tem sua largura mínima atuando como o dielétrico de um capacitor,
resultando assim numa capacitância máxima. Com uma tensão
inversa aplicada, a largura da junção aumenta e com isso a
capacitância diminui.
Se aplicarmos ao diodo varicap um sinal de baixa frequência,
e ele estiver ligado no circuito oscilante, o resultado será uma
modulação em frequência do sinal de alta frequência gerado pelo
oscilador. Na figura 15 temos um circuito típico de um oscilador
modulado em frequência por um varicap.

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Na modulação indireta o que se faz é aplicar o sinal


modulador num circuito modulador de fase, conforme mostrado na
figura 16.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Podemos então usar um oscilador controlado por cristal o que


garante excelente estabilidade de funcionamento. Nesse circuito, o
sinal gerado pelo oscilador é aplicado ao modulador de fase
juntamente com o sinal modulante. Na saída deste circuito temos a
portadora modulada em fase ou MPH. Uma desvantagem desse
sistema é que o desvio de frequência obtido é muito pequeno e existe
muita distorção e ruído.
Podemos ter um sistema muito melhor para modular um sinal
em frequência se associarmos os dois processos vistos anteriormente.
Na figura 17 temos então um diagrama de blocos em que utilizamos
um oscilador controlado a cristal e um oscilador modulador.

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O sinal modulador é aplicado diretamente ao oscilador de


onde é obtida uma amostra da frequência que está já modulada. Esse
sinal é comparado com o sinal gerado pelo oscilador controlado a
cristal, gerando assim uma tensão de erro. Essa tensão de erro é
reaplicada ao oscilador livre de modo a controlar sua frequência.

Conclusão
Nos processos práticos de modulação podemos ver diversas
tecnologias encontrando configurações que dependem não só dos

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

componentes utilizados, mas também da potência do equipamento e


do desempenho desejado.
As tecnologias que vimos são básicas e muitos
desenvolvimentos têm sido observados nesse campo com circuitos
que permitem obter sinais modulados de alta qualidade.
O que vimos nesse artigo é apenas uma breve introdução
teórica que permite ao leitor ter uma ideia de como os circuitos
moduladores podem ser elaborados na prática.

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NEWTON C. BRAGA

Transmissores

Ruídos - espúrios - parasitas - harmônicas


Um dos maiores problemas que ocorrem quando se pretende
colocar no ar um transmissor de construção caseira ou um
equipamento não muito bem elaborado é a produção de sinais que
não correspondem à frequência que se deseja realmente transmitir e
que podem causar interferências. Em especial, este problema tem
sido enfrentado pelas pequenas emissoras experimentais de FM,
denominadas "comunitárias", ou mesmo pelas "piratas", e que podem
causar sérias interferências principalmente em serviços de orientação
de aeronaves, devido às proximidades das frequências. Veja neste
artigo quais são os principais tipos de sinais indevidos produzidos
pelos transmissores.
Um transmissor que produz uma onda portadora pura deve
emitir sinais numa única frequência. No entanto, quando este
transmissor é modulado, o sinal modulador faz com que novas
frequências apareçam, ocupando normalmente uma pequena faixa
em torno da frequência do sinal portador, conforme mostra a figura 1.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Na prática, entretanto, os sinais de um transmissor modulado


não ficam restritos apenas a esta faixa estreita, mas espalham-se pelo
espectro podendo causar diversos tipos de problemas. Na figura 2
temos um gráfico que mostra o que pode ocorrer com um transmissor
em condições reais de funcionamento (e que estão longe das
condições ideais).

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NEWTON C. BRAGA

O sinal principal e de maior amplitude é, naturalmente, a


portadora gerada pelo transmissor. Em condições normais, toda a
energia do transmissor deveria ser concentrada nesta frequência e
irradiada. Contudo, na prática não é isso que ocorre. Apenas para
simplificar nossa análise vamos supor um transmissor que deva
emitir uma portadora (sem modulação) e ver que tipos de sinais
indevidos ele vai produzir.

a) Ruído de Fase
Quando um transmissor gera o sinal que deve transmitir, os
componentes usados não são absolutamente lineares, o que quer
dizer que não temos a produção de um sinal senoidal perfeito e nem
ao menos de forma absolutamente sincronizada.
Isso significa que as pequenas diferenças entre as fases dos
sinais gerados a cada instante podem modular a portadora, criando
assim algumas faixas de sinal que são emitidas juntamente com ela.
Estes sinais vão se concentrar nas frequência próximas da portadora,
um pouco acima e um pouco abaixo.

b) Ruído de fonte
Qualquer tipo de sinal indevido que esteja presente no
circuito de um transmissor pode servir de fonte de modulação. A
própria fonte de alimentação é uma fonte de sinal, gerando assim um

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

sinal modulador que será combinado com a frequência portadora,


transmitido com menor intensidade e se espalhando pelo espectro.
Este sinal, que aparece na forma de ronco, depende
justamente do ripple da fonte usada para alimentar o transmissor, daí
a necessidade de circuitos com excelente filtragem para este tipo de
aplicação. Na maioria dos casos, como a fonte de alimentação tem
retificação em onda completa, estes sinais se espalham pelo espectro
em intervalos de 120 Hz, tanto acima como abaixo da frequência da
portadora.

c) Harmônicas
Um sinal puro é um sinal senoidal perfeito. No entanto, na
prática, os sinais gerados pelos transmissores não são senoides
perfeitas, dada justamente a não linearidade dos circuitos usados para
isso. Isso quer dizer que, conforme Fourier explica, um sinal
complexo de certa frequência como o produzido por um transmissor,
é formado por um sinal senoidal de determinada frequência
(fundamental) e sinais senoidais de frequências múltiplas
(harmônicas) que se estendem pelo espectro com intensidade cada
vez menor, mas até o infinito, de acordo com a figura 3.

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NEWTON C. BRAGA

Estes sinais de menor intensidade e frequências múltiplas são


irradiados e podem causar problemas de interferências. Dependendo
de como o sinal do transmissor seja gerado, as harmônicas podem ter
intensidade suficiente para causar sérios inconvenientes. Um
transmissor de 1000 watts pode ter harmônicas tão fortes quanto
algumas dezenas de watts, alcançando muitos quilômetros de
distância e, com isso, causando problemas, se caírem numa faixa
utilizada por outro serviço.
Circuitos especiais devem ser agregados às saídas dos
transmissores de modo a evitar a passagem das harmônicas ou pelo

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

menos reduzir sua intensidade a níveis tais que não possam causar
problemas, como o mostrado na figura 4.

Neste circuito temos um filtro passa-baixas que deixa passar o


sinal fundamental, mas não as harmônicas com o dobro, o triplo, o
quádruplo, etc. da frequência.

d) Espúrios
Em certos circuitos de transmissores podem surgir
realimentações de sinais que vão atingir circuitos diferentes do
mesmo aparelho como, por exemplo, amplificadores de áudio, de
modulação e mesmo a fonte de alimentação, causando problemas.
Com esta realimentação, os circuitos afetados tendem a entrar em
oscilação gerando sinais que passam a ser transmitidos em
frequências mais baixas e mais altas do que a portadora.
Um caso comum que encontramos deve-se ao fato de que os
capacitores eletrolíticos usados em fontes de alimentação podem ser
de papel enrolado, formando assim uma estrutura que além da
capacitância tem uma certa indutância. Esta indutância pode ser

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NEWTON C. BRAGA

importante nos circuitos de alta frequência, fazendo com que os


eletrolíticos passem a representar uma alta impedância para estes
sinais.
Numa fonte que tenha somente capacitores eletrolíticos, esta
indutância pode ser responsável por realimentações e, com isso, pela
emissão de espúrios. Um artifício para se evitar este tipo de problema
é a ligação de um capacitor cerâmico de 100 nF em paralelo com o
eletrolítico, veja a figura 5.

Os capacitores cerâmicos não são indutivos e por isso


fornecem um percurso para os sinais de RF que poderiam realimentar
o circuito.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

e) Divisão de frequência
Os transistores bipolares quando usados em transmissores
tendem a apresentar um fenômeno interessante que consiste na
produção de uma oscilação parasita com metade da frequência
original.

Soluções
Evidentemente, não podemos deixar que um transmissor
irradie energia em frequências que não sejam especificamente
aquelas em que ele deve operar. Problemas de interferências são
graves e, por isso, proibidos pelas leis vigentes. Inicialmente, um
bom projeto de transmissor, que tenha características que reduzam ao
máximo a emissão de sinais indevidos, é fundamental, quando se
pensa numa aplicação prática de maior potência.
É por este motivo que existem restrições ao uso de
transmissores de construção caseira, principalmente para as faixas
mais sensíveis como as de FM e de VHF. Em segundo lugar, o
circuito deve ter todos os recursos que eliminem a possibilidade de
que sinais indevidos sejam transmitidos. Filtros, blindagens e
desacoplamentos precisam ser colocados cuidadosamente nos locais
em que qualquer problema possa vir a ocorrer.

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NEWTON C. BRAGA

Armadilhas de Onda

O que são e como funcionam


Um tipo de configuração muito comum nos televisores é a
formada por um conjunto de circuitos ressonantes que impede a
passagem de sinais de determinadas frequências ou que muda a
resposta de frequência do mesmo circuito para uma determinada
faixa de operação. Estes circuitos que contém basicamente bobinas e
capacitores são popularmente conhecidos como "armadilhas de
onda" e exercem uma função de grande importância para o bom
funcionamento de televisores, videocassetes e muitos outros
equipamentos que operam com sinais de vídeo. Neste artigo vamos
explicar como funcionam tais "armadilhas" e como elas devem ser
ajustadas.
Nos cursos básicos de eletrônica todo técnico aprende que
existem dois tipos de circuitos ressonantes, ou seja, que respondem a
uma determinada frequência: os circuitos ressonantes paralelos e os
circuitos ressonantes série. O circuito ressonante paralelo é formado
por um capacitor e um indutor (bobina) que são ligados da forma
indicada na figura 1.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Na frequência de ressonância este circuito apresenta uma


impedância muito alta, teoricamente infinita, para o sinal que lhe é
aplicado, o que resulta na curva de reposta mostrada ao lado da
própria figura 1. Na prática um circuito ressonante em paralelo não
tem a resposta indicada, isso porque existe a presença de elementos
parasitas como a resistência dos fios da bobina e da própria conexão
ao capacitor. Assim, a curva real de resposta do circuito se alarga
tendo na prática o formato mostrado na figura 2.

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NEWTON C. BRAGA

Isso significa que, enquanto na teoria, o circuito ideal


responde realmente a uma única frequência, na prática o circuito
responde a uma faixa de frequências. Essa faixa será tanto mais larga
quanto menor for o fator Q, ou fator de qualidade ou seletividade do
circuito. Podemos modificar esta seletividade com a ligação de
resistores em paralelo com o circuito conforme mostra a figura 3.

Para o circuito ressonante em série temos uma configuração


mostrada na figura 4 em que também mostramos a sua curva de
resposta.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Conforme podemos ver, o comportamento do circuito série é


"inverso" do circuito paralelo: na frequência de ressonância ele
apresenta uma impedância muito baixa, se comportando como um
"curto-circuito" para os sinais. Na prática a curva de resposta deste
circuito também não é tão aguçada em vista da presença de
elementos parasitas como por exemplo a resistência do fio da bobina.
Assim, conforme vemos pela figura 5, a impedância deste
circuito começa a cair quando nos aproximamos da frequência de
ressonância até o ponto dela se tornar praticamente nula. A partir
desse ponto a impedância se eleva até atingir seu máximo.

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NEWTON C. BRAGA

Podemos, da mesma forma que no circuito ressonante


paralelo, mudar a faixa de frequências de atuação pela ligação de
resistores em série. Estes resistores mudam a seletividade do circuito
de modo a alargar ou estreitar a sua faixa de atuação, conforme
mostra a figura 6.

Veja o leitor que nos dois casos, a frequência de atuação, ou


seja, o pico de resposta é determinado pelo valor do capacitor e do
indutor. Na prática, podemos ter um indutor variável, com um núcleo

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

que possa se deslocar no seu interior de modo a mudar sua


indutância.
Assim, quando o núcleo é empurrado para o interior da
bobina num ajuste, a indutância da bobina aumenta e com isso temos
uma redução da frequência de ressonância. Observe que este ajuste
não muda a forma como o circuito responde aos sinais, mas tão
somente desloca a curva da maneira indicada na figura 7.

Como são usadas as armadilhas de onda


Circuitos ressonantes do tipo série ou paralelo, conforme os
indicados, podem ser usados para rejeitar ou deixar passar
determinadas frequências. Eles se comportam como espécies de
"armadilhas" onde os sinais de determinadas frequências indesejáveis
"caem" e com isso são eliminados.

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NEWTON C. BRAGA

Temos duas maneiras de usar estas armadilhas.


Uma delas consiste na ligação em série, ou seja, de modo que
não tenha de passar pelo circuito ressonante, conforme mostra a
figura 8.

No circuito indicado, os sinais de frequências que


correspondem à sintonia da armadilha encontram nela uma
impedância muito alta e não podem passar. Os demais sinais passam
sem sofrer uma atenuação sensível. Em outras palavras, neste tipo de
circuito, a armadilha impede a passagem dos sinais da frequência
indesejável. A outra maneira de se usar uma armadilha é mostrada na
figura 9 e consiste na ligação paralela.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Nesta configuração os sinais da frequência indesejável


encontram no circuito uma baixa impedância e são curto-circuitados
para a terra. Passam apenas os sinais das outras frequências que
podem então ser processados pelos circuitos seguintes.

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NEWTON C. BRAGA

O Foco das Antenas Parabólicas


A posição do alimentador num sistema de recepção de sinais
de TV via satélite é fundamental para se garantir que tudo funcione
corretamente. Se bem que, em função da geometria da antena, seja
óbvio para a maioria dos leitores que o alimentador deva ficar no
centro geométrico do "prato" parabólico, nem sempre isso é verdade
e neste artigo mostramos que existem algumas variações possíveis
para o projeto dos refletores. Trata-se, sem dúvida de um artigo bem
interessante para os leitores que se dedicam à instalação de antenas
parabólicas.
Os sinais de altas frequências na faixa de gigahertz que são
enviados pelos satélites possuem um comportamento peculiar que se
aproxima bastante do comportamento da luz. Assim, com base em
muitas leis da óptica física e da óptica geométrica podem ser
projetados os dispositivos que vão operar com estes sinais. Por este
motivo, ao falarmos em sistemas de antenas de TV via satélite,
muitos dos dispositivos possuem um comportamento que fica muito
mais fácil de explicar se analisarmos os sinais captados como se eles
fossem luz, ou seja, sinais luminosos emitidos por um ponto no
espaço, que é o satélite (figura 1).

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Para analisarmos então o porquê do formato das chamadas


antenas parabólicas devemos começar justamente com uma primeira
lei da óptica. Esta lei nos diz que a reflexão de um raio de luz que
incida sob um determinado ângulo numa superfície sempre reflete
segundo o mesmo ângulo em relação a uma vertical denominada
normal (N) e ainda de tal forma que o raio refletido e o raio incidente
fiquem no mesmo plano, conforme mostra a figura 2.

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NEWTON C. BRAGA

As micro-ondas emitidas pelos satélites usados nas emissões


de TV se comportam da mesma forma, e praticamente qualquer
superfície de metal pode servir como refletor, diferentemente da luz
que, por seu comprimento de onda extremamente pequeno, necessita
que ela seja polida. Um tipo de refletor importante tanto para a óptica
como para as comunicações com micro-ondas é o que tem a forma
parabólica.
Esta forma vem de uma curva bastante conhecida dos
estudantes do segundo grau que é a parábola que pode ser descrita
por meio de uma equação do segundo grau, conforme mostra a figura
3.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Se uma curva, cuja equação que a descreva seja do segundo


grau girar em torno do seu eixo de simetria que no caso da figura 3 é
o eixo Y, teremos a produção de uma superfície denominada
"paraboloide", conforme mostra a figura 4.

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NEWTON C. BRAGA

Um parabolóide como o descrito pode ser "cortado" segundo


diversos ângulos por meio de planos, caso em que obtemos
superfícies parabólicas de diversos tipos, conforme mostra a figura 5.

Estas superfícies, se transposta da matemática que as analisa


como entidades imaginárias, para a física que as torna reais, passam a
apresentar propriedades interessantes em relação à luz e às
micro-ondas. Tomemos inicialmente a superfície parabólica que seja
cortada segundo um plano perpendicular ao eixo Y, ou seja, que
tenha um eixo conforme mostra a figura 6.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Todos os sinais de micro-ondas ou a luz que incidir nesta


superfície paralelamente ao seu eixo, ao se refletir passa por um
ponto único denominado foco. Em outras palavras, uma superfície
refletora como esta pode concentrar os sinais que venham segundo a
direção de seu eixo no seu foco que, neste caso está na perpendicular
ao seu centro geométrico.
Este é o formato da maioria das antenas que estamos
acostumados a ver e que posicionam o alimentador com o LNB
justamente neste foco, conforme mostra a figura 7, de modo que toda

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NEWTON C. BRAGA

a energia captada possa ser concentrada num único ponto, onde ela é
necessária.

No entanto, para termos o mesmo efeito não é absolutamente


necessário que o corte da superfície seja feita da forma indicada.
Assim, se fizermos um corte inclinado, conforme mostra a figura 8,
passamos a ter uma configuração bastante interessante e cômoda para
uma antena parabólica ou mesmo um refletor usado num telescópio.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Veja então que passamos a ter um foco deslocado, mas o


funcionamento é absolutamente o mesmo. Na verdade, esta antena
pode até ter uma vantagem em relação ao tipo tradicional: enquanto
na antena com o alimentador na frente parte do sinal é bloqueada
pelo próprio alimentador, nesta não! As antenas com o alimentador
no centro são denominadas do tipo "offset" enquanto as que têm o
alimentador lateralmente são denominadas "prime focus".
Na verdade, podemos até citar algumas vantagens adicionais
para as antenas com o foco deslocado, além do alimentador não ficar
na frente. Uma delas é que a antena prime focus pode ficar numa
posição mais favorável para a captação dos sinais do que a offset.
Estando "mais inclinada" ela tem menos possibilidade de acumular

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NEWTON C. BRAGA

água, sujeira ou neve, se não for do tipo de tela, conforme mostra a


figura 9.

Outra consideração importante que pode ser feita ainda em


relação ao formato das antenas é a sua abertura. O importante numa
antena é que a superfície que a gere seja uma parábola e para esta
finalidade podemos tomar qualquer trecho da curva. Isso significa
que, conforme mostra a figura 10, podemos obter antenas mais
abertas ou fechadas conforme o trecho considerado da curva
geradora.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

A abertura de uma antena parabólica é importante no sentido


de serem evitadas interferências locais, principalmente devido a links
terrestres. Uma antena mais profunda, ou seja, que tenha uma
curvatura maior, é menos sensível a ruídos e interferências
ambientes. O que ocorre é que em condições normais poucas são as
fontes comuns de radiação na faixa de micro-ondas.
No entanto, em algumas localidades podem existir links na
faixa de microondas operados por serviços de telecomunicações.
Estes links, conforme mostra a figura 11, operam na faixa de
micro-ondas que pode abranger a utilizada pelos satélites ou que
podem ter harmônicas ou espúrias em tais faixas.
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NEWTON C. BRAGA

Como os sinais que vêm dos satélites são extremamente


fracos devido à sua distância (36 000 quilômetros) qualquer fonte de
sinal próxima, por fraca que seja, pode ser ainda mais forte que o
sinal que chega à antena e com isso provocar interferências,
conforme mostra a mesma figura. Estes sinais podem ter uma
reflexão irregular no próprio prato e com isso parte dele pode chegar
ao alimentador causando interferências.
Uma antena mais profunda é menos sensível a este problema,
daí pode ser feita a escolha do tipo em função da existência deste tipo
de interferência. O próprio posicionamento da antena é importante no
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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

sentido de se evitar a captação desses sinais e neste ponto, uma


antena de foco lateral pode ficar em situação desfavorável se a
direção do satélite for a mesma da fonte de interferência (link
terrestre) conforme mostra a figura 12.

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NEWTON C. BRAGA

Conclusão
A forma dos refletores dos sistemas de TV via satélite não é
apenas ditada por comodidade ou estética, mas sim por leis físicas
muito bem estabelecidas. O técnico deve estar atento a estas formas e
também ao posicionamento no sentido de não ter surpresas e
entender melhor os problemas que ocorrerem quando for necessário
encontrar uma solução.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

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NEWTON C. BRAGA

Antenas parabólicas
compartilhadas
A ideia de se ligar mais de um receptor a uma mesma antena
parabólica pode ser muito interessante em pequenas comunidades,
prédios ou mesmo numa residência que possua dois ou mais
televisores de uso independente. Como fazer isso é mais fácil do que
se pensa, principalmente com a disponibilidade de componentes
próprios. Neste artigo focalizamos o problema e damos as soluções.
Na figura 1 temos a estrutura básica de um sistema de recepção de
TV comum via satélite.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Conforme podemos ver, os sinais colhidos pelo refletor


parabólico são refletidos para o alimentador onde excitam o sistema
de recepção que consiste no LNB. No LNB depois da amplificação
inicial na frequência original, os sinais são convertidos para uma
frequência menor, na faixa de 940 a 1440 MHz e daí levados ao
receptor.
No receptor é feita nova conversão que abaixa o sinal para 70
MHz e depois de amplificação é feita a extração da componente de
vídeo e áudio. O sinal de vídeo e áudio do canal sintonizado pode ser
aplicado diretamente às entradas correspondentes do televisor. No
entanto, também se pode dispor deste sinal num canal livre (2 ou 3)
após passar por um circuito modulador.
Nos sistemas mais antigos utilizava-se um conversor
descendente logo após a saída do LNB de modo que a transmissão do
sinal da antena ao receptor fosse feita numa frequência mais baixa
(70 MHz). No entanto, em tal caso, era preciso comandar a distância
o oscilador deste conversor de modo a levá-lo ao canal que se deseja
ver, o que significava a utilização de cabos especiais.
Assim, a transmissão de sinais em frequências mais baixas,
mas com cabos múltiplos, foi substituída pela transmissão de sinais
em frequências mais altas, mas com menor condutores. Um problema
que ocorre num sistema simples quando desejamos compartilhar o
mesmo sistema de antena entre diversos receptores, é que o

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NEWTON C. BRAGA

alimentador trabalha com um polarizador que é controlado a


distância (no receptor) e que determina se os sinais recebidos serão
polarizados verticalmente (V) ou horizontalmente (H), conforme
mostra a figura 2.

Assim, um sistema primitivo de compartilhamento só


permitia que os dois receptores recebessem ao mesmo tempo sinais
com a mesma polarização e que seria determinada por um receptor
mestre conforme mostra a figura 3.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

O sistema foi aperfeiçoado com a utilização de alimentadores


duplos, ou seja, com a possibilidade de receber sinais com as duas
polarizações e com o desenvolvimento de chaves coaxiais capazes de
fazer a comutação destes sinais conforme a necessidade dos
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NEWTON C. BRAGA

receptores. As primeiras chaves utilizavam relés na comutação, mas


o sistema foi aperfeiçoado e hoje já se dispões desses elementos, de
fabricação nacional que empregam na comutação dispositivos de
estado sólido.
Assim, nas configurações modernas, com o uso de Chaves
Coaxiais, é possível ter a comutação independente de sinais que
sejam polarizados verticalmente ou horizontalmente e com isso
empregar-se dois receptores ou mais em pontos separados, cada qual
tendo acesso aos dois tipos de sinais.
A ASR (Antenas Santa Rita) possui em sua linha de produtos
dois tipos de chaves coaxiais que permitem o compartilhamento de
antenas parabólicas. Na figura 4 temos dois tipos de chaves coaxiais
que podem ser utilizadas no compartilhamento de antenas
parabólicas.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

O tipo COX-1-M é indicado para pontos de recepção ímpares


enquanto a COX-2-E é indicada para pontos de recepção pares. O
princípio de funcionamento destas chaves é fácil de ser entendido:
em cada uma das entradas destas chaves temos disponíveis os sinais
H ou V dos LNBs duplos junto ás antenas parabólicas.
Conforme o comando (pulse) vindo de cada um dos
receptores, o comutador interno correspondente faz a ligação da
saída para este receptor no sinal de polarização escolhida, e de forma

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NEWTON C. BRAGA

independente. O dispositivo deve ser alimentado com 5V, tensão


normalmente disponível nos cabos que alimentam os LNBs. Na
figura 5 temos um sistema que permite que dois vizinhos
compartilhem da mesma antena parabólica, devendo apenas cada um
ter seu próprio receptor.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Entretanto, deve-se considerar que a utilização de um LNB


duplo somada ao preço de uma chave coaxial não está muito longe
de um novo prato com um LNB simples, o que quer dizer que este
sistema só se torna interessante se as chaves coaxiais utilizadas
forem de mais de duas saídas, ou seja, se o compartilhamento for de
mais de dois receptores. É claro que numa residência única ou ainda
num local com problemas de espaço, a utilização do
compartilhamento com apenas dois receptores deve ser analisado
como possível melhor solução.

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NEWTON C. BRAGA

Os simetrizadores para recepção


de TV
A preocupação com a qualidade de uma recepção de TV por
meios convencionais ainda está presente na maioria das pessoas,
principalmente naquelas que moram em locais de difícil recepção e
que não podem contar com a ajuda de um sistema de TV via satélite
(antena parabólica). No entanto, a disponibilidade de dezenas de
dispositivos simples, e de baixo custo, que podem ser agregados a
qualquer sistema de antenas comuns permite que uma recepção
satisfatória seja conseguida, sempre que o sinal chegar ao local sem
problemas. Um desses dispositivos é o simetrizador, que muitos
antenistas e técnicos não conhecem e que será analisado neste artigo.
O tipo mais conhecido de cabo de conexão da antena à
entrada do televisor é a linha paralela de 300 ohms, que também é
conhecida como linha balanceada. Este nome é dado pelo fato de que
não há uma polaridade para a condução dos sinais, pois os dois lados
ou polos do fio são ligados aos elementos do dipolo que forma a
antena, que têm as mesmas características, conforme mostra a figura
1.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Por outro lado, a impedância de 300 ohms, que é confundida


por muitos técnicos como a resistência que o fio apresenta, indica
apenas a maneira como se comporta o sistema na transferência do
sinal. Assim, independentemente do comprimento do fio paralelo de
300 ohms, ele terá uma "entrada" que representa uma impedância de
300 ohms e uma "saída" de igual impedância. Como a antena tem
esta impedância e a entrada do televisor também, temos um
casamento de impedâncias perfeito e o sinal poda passar da antena ao
televisor sem sofrer perdas ou reflexões que causam fantasmas,
conforme mostra a figura 2.

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NEWTON C. BRAGA

No entanto, as linhas paralelas de 300 ohms não são muito


boas para se transferir o sinal de uma antena a um televisor em locais
muito sujeitos a interferências e ruídos ou ainda quando a distância
entre os dois é grande. Esta linha, por ter os dois condutores
praticamente expostos, e os dois condutores são "vivos", ou seja,
conduzem sinais, pode funcionar como uma antena, captando ruídos
e interferências, conforme mostra a figura 3.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Nas instalações modernas de TV, entretanto, a ligação da


antena ao televisor não mais é feita com cabo paralelo de 300 ohms,
salvo os casos menos compromissados com a qualidade de recepção
quer seja pela pequena distância da antena ou pela intensidade do
sinal. Muito melhor que este tipo de cabo é o cabo coaxial de 75
ohms. Entretanto, este cabo não é balanceado, ou seja, não tem os

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NEWTON C. BRAGA

dois condutores equivalentes em polaridade. Um deles é o condutor


do sinal (mais interno) e o outro funciona como blindagem, conforme
mostra a figura 4.

Isso significa que na conexão deste tipo de cabo deve ser


observada a polaridade e mais que isso, deve ser feito um casamento
de suas características com a da antena e da entrada do televisor, se
quisermos ter uma correta transferência de sinais. Se ligarmos um
cabo coaxial de 75 ohms diretamente numa antena de 300 ohms, ou
na entrada de um televisor de 300 ohms teremos dois problemas
graves a considerar:
O primeiro é que não teremos a total transferência de sinais
da antena para o cabo e do cabo para o televisor, ocorrendo perdas
que afetam a qualidade da recepção. O segundo é que ocorrem
reflexões nos pontos de conexão, ou seja, o sinal que não passa
"volta" refletindo-se várias vezes no cabo causa o aparecimento de

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

"fantasmas" que são imagens superpostas ou sombras, conforme


mostra a figura 5.

Para fazer o casamento de impedâncias e também transformar


uma saída/entrada não balanceada em balanceada e vice-versa são
usados dispositivos denominados simetrizadores.

O simetrizador
Em inglês balanceado é balanced e não balanceado é
unbalanced, e o simetrizado também passou a receber o nome de
Balanced-To-Unbalanced ou abreviadamente Balun. Trata-se de um
pequeno transformador, com a aparência mostrada na figura 6.

90
NEWTON C. BRAGA

Existem basicamente dois tipos de Simetrizadores para uso


com antenas de TV. Na figura 7, por exemplo, temos o simetrizador
para sinais de VHF e UHF da Thevear Código 809-2-E indicado para
uso interno, ou seja, para acoplar um cabo de 75 ohms à entrada de
300 ohms de um televisor.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Evidentemente, este simetrizador é usado nos televisores que


não possuam entradas de 75 ohms. Este tipo de entrada já é comum
na maioria dos televisores modernos. Na figura 8 temos um
simetrizador para uso externo, ou seja, para ser ligado próximo da
antena, quando o cabo de conexão a antena (que deve ser o mais
curto possível) for do tipo paralelo de 300 ohms.

Este simetrizador, modelo 809-1E, também da Thevear, tem


uma construção com características que permitam trabalhar nas
condições climáticas adversas que reinam junto à uma antena
externa. É interessante observar que muitos Boosters, que são ligados
junto às antenas com a finalidade de amplificar seus sinais, já
92
NEWTON C. BRAGA

possuem um balun interno que permite a conexão tanto de antenas de


300 ohms como de 75 ohms. Na escolha de um simetrizador é muito
importante observar suas características.
Além das impedâncias de 300 e 75 ohms que são obrigatórias,
também devemos verificar se este dispositivo não atenua muito o
sinal na sua passagem. A finalidade do simetrizador é apenas
modificar as características do sinal que passa, sem, entretanto,
reduzir sua intensidade. Na prática sempre ocorre uma pequena
perda, e o melhor simetrizador é o que apresenta menores perdas.
Os dois tipos indicados da Thevear têm perdas menores que
0,5 dB na faixa de 20 a 900 MHz, o que é excelente.

Caixas para simetrizar


Um outro tipo de dispositivo com a mesma função e que é
utilizado junto a uma antena é a caixa para simetrizar. Na figura 9
temos uma caixa para ser usada na própria antena.

93
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

A finalidade desta caixa é permitir a conexão de uma antena


de 300 ohms de impedância a uma linha de 75 ohms, o que é muito
comum em sistemas de antenas coletivas. Estes dispositivos são
fixados na própria gôndola da antena de modo a ficarem o mais
próximos possíveis dos elementos ativos da antena, evitando-se
assim uma conexão com cabo de 300 ohms até a antena.
A Thevear possui 3 modelos de caixas para simetrizar. A
primeira, Código 814-E é a que mostramos na figura 9 e é utilizada
com antenas de VHF. A segunda, é mostrada na figura 10 e tem o
código 814-E e é empregada em antenas de UHF modelos 418C,
419C e 420C.

94
NEWTON C. BRAGA

Finalmente, temos o modelo 814-E que inclui um misturador


que combina os sinais captados por uma antena de UHF com os
sinais captados por uma antena de VHF, jogando-os numa saída
única de 75 ohms.
Este modelo é mostrado na figura 11.

Nos três modelos as atenuações que ocorrem pela passagem


do sinal são inferiores a 0,2 dB.

95
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

96
NEWTON C. BRAGA

Redes sem fio e o padrão IEEE


802.11
O futuro está na comunicação se, fio ou “wireless”. O
emaranhado de conexões necessárias para interligar diversos
dispositivos que trocam informações ou mesmo para se fazer o
acesso a Internet ou um banco de dados não vai precisar mais de fio e
isso já começa a ocorrer agora. Diversos produtos foram
desenvolvidos para atender às necessidades das comunicações de
dados em alta velocidade sem o uso de conexões físicas, ou seja, sem
fios, com a possibilidade de um compartilhamento em escala
mundial desses dados. Os produtos são baseados em alguns padrões
que já equipam equipamentos disponíveis e um deles é justamente o
IEEE802.11 que vamos abordar nesse artigo que pode ser
considerado um verdadeiro tutorial.
Nota: este artigo aborda o padrão 802.11 na época em que foi
escrito em 2003. Hoje temos muitas outras variações incluindo as
tecnologias que apareceram ao longo do tempo.
A possibilidade de se interligar dispositivos diversos para
compartilhar informações em redes locais (LANs) foi adotada quase
que universalmente, e padrões como o Ethernet que pode operar em

97
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

velocidades relativamente altas com conexões simples e baratas são


vistos em toda parte.
No entanto, as LANs são limitadas por uma infraestrutura
física formada pelos cabos de interligação. A ideia de LANs sem fio
ou “wireless” se adotarmos o termo inglês já popularizado, traz
benefícios a um grupo muito grande de usuários nos quais podemos
incluir médicos, indústrias e universidades.
Com as LANs Wireless aumenta-se a mobilidade,
eliminando-se a necessidade de conexões físicas e com isso o acesso
pode ser feito por qualquer um, de qualquer parte, conforme mostra a
figura 1.

Médicos podem fazer o diagnóstico dos pacientes em


qualquer parte enviando as informações para onde quiserem;
profissionais de manutenção industrial podem diagnosticar um

98
NEWTON C. BRAGA

problema de uma máquina em qualquer parte, independentemente da


presença de uma conexão física à internet. Estudantes universitários
podem plugar-se à Internet de qualquer lugar do campo, usando
notebooks sem a necessidade de conexões físicas.
Na figura 2 mostramos a configuração básica de um sistema
baseado no padrão IEEE 802.11/

O leitor pode fazer a sua imaginação para perceber que essa


possibilidade de se conectar diretamente seu computador a uma rede
sem a necessidade de fios, tem aplicações ilimitadas. Mesmo nos
locais em que é possível usar uma rede física, a adoção de uma LAN
sem fio pode ter suas vantagens.
Em construções antigas o custo de se adaptar os dutos para a
passagem de fios além de problemas de se localizar estes fios pode

99
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

ser maior do que o de uma rede sem fio. Numa universidade, se bem
que possam ser usados pontos de conexão física em diversos locais
do campus, a possibilidade se de movimentar com um computador
portátil conectado ou ainda de se acomodar em qualquer parte sem a
necessidade de se preocupar se nas suas proximidades existe um
ponto de acesso é algo a ser levado em conta.

IP móvel
O IP Móvel foi sugerido como meio de se obter redes sem fio,
focalizando na Camada de Rede, trabalhando com os Protocolos de
Internet na versão 4.
Neste protocolo o endereço IP da máquina móvel não muda
quando ela se desloca de um endereço para outro. Para manter as
conexões entre o nodo móvel e o resto da rede, uma rotina de
acompanhamento é implementada.

100
NEWTON C. BRAGA

Assim, quando uma estação se movimenta do ponto de


serviço básico para um outro ponto de acesso, conforme mostra a
figura 3, uma rotina permite que a rede reconheça esse movimento e
ela se mantém contatada normalmente. Os pacotes de informação
que ela envia continuam sendo recebidos pela estação remota e ela
continua recebendo os pacotes de informação a ela destinados.

As arquiteturas IEEE 9\802.11


No padrão proposto pelo IEEE para as LANs sem fio (IEEE
802.11) existem duas formas diferentes de se configurar uma rede:
ad-hoc e infra-estrutura. Na rede ad-hoc, os computadores são
colocados juntos para formar uma rede flutuante, sem nenhuma
estrutura conforme mostra a figura 4.

101
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Um exemplo desse tipo de conexão ocorre se diversos


funcionários de uma empresa se reunirem numa sala tendo seus
computadores trocando informações apenas entre eles. Na rede com
infraestrutura existem pontos de acesso fixos com os quais os nodos
móveis podem se comunicar, conforme mostra a figura 5.

Trata-se de uma estrutura similar à que existe nos serviços de


telefonia celular em que se empregam estações rádio-base (ERBs)
localizadas em pontos específicos para a cobertura do acesso numa
região.

102
NEWTON C. BRAGA

As camadas do padrão IEEE 802.11


O padrão IEEE 802.11 estabelece especificações tanto para as
camadas da rede física (PHY) como para o meio de controle de
acesso (MAC), as quais manuseiam oa transmissão de dados entre os
nodos. Diversas técnicas de transmissão são usadas como espectro
espalhado, saltos de frequência espalhada ou ainda modulação de
posição de pulso na transmissão infravermelha (IR).
As velocidades de dados podem variar entre 1 Mbps ou 2
Mbps em bandas de frequências de 2,4 – 2,4835 GHz (no caso da
transmissão de espectro espalhado) que é uma faixa não licenciada
para uso médico, industrial e científico (ISM) e de 300 – 428,000
GHz para transmissões em infravermelho.
As transmissões em infravermelho são consideradas mais
seguras já que possibilitam a linha direta do sinal entre as estações,
se bem que sejam limitadas pela presença de obstáculos. Por outro
lado, as transmissões em RF podem atravessar paredes e outros
obstáculos podendo ser interceptadas de forma indesejável.
A camada MAC é um conjunto de protocolos que visa manter
a ordem no compartilhamento do meio. Na figura 6 mostramos como
é organizado o compartilhamento dos meios pelas diversas variações
deste protocolo.

103
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Neste protocolo, quando um nodo recebe um pacote para ser


transmitido, ele inicialmente verifica se nenhum outro nodo está
transmitindo. Se o canal está livre então ele transmite o pacote. Caso
contrário, ele escolhe um fator aleatório de “backoff” que determina
o tempo que não precisa esperar até que seja permitido transmitir o
pacote.
Durante os intervalos em que o canal está livre o contador
backoff tem sua contagem de tempo decrescente. Quando o canal
está ocupado esta contagem é paralisada. Quando o contador backoff
chega a zero, o nodo transmite o pacote.
Partindo do fato de que a probabilidade de que dois canais
alcancem o instante zero da contagem ao mesmo tempo é muito
pequena, as colisões entre os pacotes são minimizadas. A colisão

104
NEWTON C. BRAGA

detectada na Ethernet não pode ser usada em transmissões por


radiofrequência pelo padrão IEEE 802.11.
O motivo é porque quando um nodo está transmitindo, ele
não tem como receber nenhum outro sinal de algum outro nodo do
sistema, já que seu sinal está cobrindo qualquer outro que
eventualmente chegue até ele.
Quando um pacote está sendo transmitido, o nodo transmissor
inicialmente vencia um curto sinal “ready-to-send” (RTS ou pronto
para transmitir) contendo informações sobre o tamanho do pacote. Se
o nodo receptor “ouve” o RTS, ele responde com um curto sinal
“clear-to-send” (CTS ou livre para transmitir),
Depois desta troca, o nodo transmissor envia seu pacote.
Quando o pacote for recebido sem problemas, como
determinado pelo ciclo de checagem de redundância (CRC), o nodo
receptor transmite um pacote de reconhecimento (ACK). Na figura 7
mostramos um gráfico com a distribuição destes sinais.

105
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Essa transferência nos dois sentidos é necessária para evitar


um problema de nodo perdido, como ilustrado na figura 8.

Vemos, por esta figura, que o nodo A pode se comunicar com


o nodo B e o nodo B pode se comunicar com o nodo C. No entanto, o
nodo A não pode se comunicar com o nodo C. Em função disso, o
nodo A pode receber uma informação de o canal está livre apesar do
nodo C estar transmitindo para o nodo B. O protocolo descrito, alerta
o nodo A que o nodo B está ocupado e então deve estar antes de
transmitir seu pacote de dados.

106
NEWTON C. BRAGA

Conclusão
O uso do padrão IEEE 802.11 em diversos dispositivos que
tenham tecnologia de comunicação de dados sem fio é uma excelente
alternativa em nossos dias.
Se bem que outras tecnologias existam proporcionando os
mesmos recursos como a Bluetooth, Home RF é importante analisar
os benefícios de cada uma e seus custos antes de fazer a escolha.
Nesse artigo demos uma breve visão de como ela funciona, como
ponto de partida para os leitores que desejarem se aprofundar mais
no assunto.

107
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

108
NEWTON C. BRAGA

O sistema PAL e o NTSC


Perto da definição de um padrão para a TV digital, os
televisores e videocassetes mais antigos ainda operam com os dois
sistemas mais tradicionais NTSC e PALM. Por que adotamos o
sistema PAL-M em nosso país é algo desconhecido pela maioria dos
leitores, mesmos os profissionais que trabalham continuamente com
televisão em cores. Não entrando em aspectos políticos, que não
interessam no momento ao nosso público, nosso objetivo é explicar
os motivos técnicos que permitem dizer que, para a transmissão de
sinais em cores o sistema PAL tem diversas vantagens em relação ao
NTSC. Neste artigo, em que abordamos alguns aspectos históricos
que envolvem o aparecimento dos dois sistemas, também analisamos
as vantagens e desvantagens de cada um deles, levando aos leitores
conhecimentos técnicos bastante importantes. O sistema NTSC,
criado originalmente nos Estados Unidos para substituir o antigo
sistema CBS (que utilizava recursos mecânicos, bastante incômodos)
foi oficialmente adotado nos Estados Unidos no dia 17 de dezembro
de 1953 e tem por principais características a sua simplicidade e a
sua compatibilidade.
A simplicidade significou a possibilidade de se fabricar
televisores de baixo custo e portanto acessíveis a muitas pessoas. A
compatibilidade significou que todos os televisores em branco e
109
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

preto fabricados anteriormente e mesmo depois da adoção do sistema


poderiam receber e reproduzir as mesmas imagens, somente não
tendo as cores.

Como as cores são transmitidas no NTSC


Nesse sistema, o canal contém a portadora de imagem
modulada em amplitude com a faixa lateral superior completa e a
faixa inferior residual e a portadora de som modulada em frequência,
exatamente como no canal padrão de TV monocromática. No
entanto, além desses sinais, o canal NTSC contém a informação de
crominância que é transmitida de forma diferencial.

Em lugar de usar os sinais (B-Y) e (R-Y), são usados dois


outros sinais denominados I e Q que são obtidos pela composição
dos sinais originais (B-Y) e (R-Y) conforme mostra a figura 2.

110
NEWTON C. BRAGA

Esses sinais I e Q, carregam, portanto, a informação em cada


instante sobre a cor com que deve ser reproduzido cada ponto da
imagem. Conforme podemos ver pelo gráfico as frequências
principais dos sinais são mantidas, ficando a subportadora de
crominância separada de 3,58 MHz (aproximadamente) da portadora
de vídeo.
Evidentemente, como sabemos as cores são obtidas pela
informação correspondente a três cores primárias, e no entanto, são
transmitidos apenas dois sinais. O que ocorre é que o terceiro pode
ser obtido diferentemente: o que falta da soma dos dois para se
completar 100% , o sinal correspondente é justamente terceira cor.
Assim, com dois sinais apenas, I e Q podemos recompor os três
sinais de vídeo que acionam os três canhões do cinescópio em cores.

111
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Conforme podemos observar, a fase dos sinais I e Q ao serem


transmitidos é que representa a cor (matiz) que deve ser reproduzida,
enquanto que a intensidade representa a saturação. Isso significa que,
para termos a reprodução das cores de forma exata, a transmissão e a
recepção dos sinais não introduzem alterações importantes nessas
duas grandezas.
Para que o leitor entenda que tipo de problemas podem
ocorrer na recepção vamos analisar de maneira simples como esse
sinais são recuperados. Como a subportadora não é transmitida, para
a demodulação é necessário gerar no receptor um sinal de mesma
frequência e fase do sinal da portadora original suprimida.
Esse sincronismo é feito pela salva de subportadora ou sinal
burst que faz com que os sinais I e Q obtidos tenham amplitudes e
fase de acordo com o original. O processo de separação desses dois
sinais recebe o nome de demodulação síncrona. Tudo seria perfeito,
se os sinais que saem do transmissor chegassem a este circuito sem
qualquer alteração.
No entanto, enfraquecimento do sinal devido a refrações e
reflexões em obstáculos podem afetar a fase dos sinais I e Q e isso
tem efeitos sobre a reprodução de cores nos televisores.

112
NEWTON C. BRAGA

Os efeitos da mudança de fase


Tomemos como exemplo o gráfico que representa um ponto
de imagem vermelho transmitido no sistema NTSC. O vetor OR
representa este sinal e suas componentes I e Q são dadas pelas
projeções desse vetor nos eixos correspondentes, conforme mostra a
figura 3.

O ângulo de fase deste sinal é alfa (α), medido, por


convenção, a partir do eixo I. Vamos supor que na propagação do
transmissor até o receptor, este sinal tenha um certo deslocamento de
fase, chegando da forma indicada na figura 4.

113
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

O deslocamento indicado faz com que as componentes I e Q


obtidas a partir do novo vetor não gerem mais um ponto vermelho. O
novo vetor OM está agora na região do magenta e o ponto que
deveria ser vermelho tem sua cor alterada.
Observamos que o comprimento do vetor também foi
alterado, o que significa que a saturação ou pureza da cor sofreu uma
alteração. Evidentemente, existe uma certa tolerância para as
mudanças de fase, já que, como o ouvido, o olho humano não
consegue fazer distinções de cores muito próximas. Existem normas
que fixam em 10% o desvio máximo de fase que pode ser tolerado na
reprodução das cores, mas a maioria das pessoas não consegue
distinguir desvios de até 5%.

114
NEWTON C. BRAGA

Os telespectadores mais tolerantes, entretanto, admitem


desvios de até 12% no ângulo de fase, sem problemas.
Evidentemente, nada mais desagradável num programa de TV do que
ver tomates em cor magenta, ou ainda um rosto pálido de um
apresentador se tornando avermelhado ou alaranjado! Esta
deficiência do sistema NTSC, entretanto foi contornada de forma
elegante com o advento do sistema PAL, conforme veremos a seguir.

O sistema PAL
Quando os europeus resolveram estudar um sistema de TV
em cores já estava a um bom tempo em funcionamento nos Estados
Unidos o sistema NTSC. Assim, os pesquisadores tiveram tempo de
analisar as deficiências e criar uma nova forma de transmissão que
fosse melhor.
Na França os pesquisadores criaram o sistema SECAM que
posteriormente também foi adotado na antiga União Soviética. Nessa
época, na Alemanha, o Dr. Walter Bruch da Telefunken anunciava
um novo sistema denominado PAL (Phase Alternation Line) que se
mostrou muito interessante, já que não era sensível às alterações de
cor com a mesma intensidade que o NTSC.
As experiências que foram feitas no sentido de se testar a
qualidade do sistema foram decisivas para sua adoção. De fato, por

115
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

meio de repetidoras imagens em PAL foram transmitidas de Londres


a Moscou, mantendo uma excelente fidelidade.
Diversos países adotaram então o novo sistema para suas
transmissões de TV em cores como a Alemanha, Inglaterra, Áustria,
Suíça, Suécia, Dinamarca, Itália, Holanda, etc. No Brasil, o sistema
foi adaptado para o nosso padrão existente, daí ser denominado
Padrão PAL-M. Esse padrão foi adotado pela resolução número 20
em 1967 do Conselho Nacional de Telecomunicações (CONTEL).
Mas, por que o sistema PAL pode ser considerado melhor do
que o NTSC na transmissão em cores?

As vantagens do sistema PAL


Conforme vimos, o principal problema que ocorre com a
fidelidade da reprodução da imagem em cores no sistema NTSC
ocorre devido a defasagem do sinal de crominância que, ao ser
demodulado altera os valores dos sinais I e Q que determinam a cor
do pixel que deve ser reproduzido. Nas fases iniciais de
desenvolvimento, o sistema PAL utilizava os mesmos sinais
diferenciais de crominância I e Q do sistema NTSC, mas a obtenção
de tais sinais encarecia os aparelhos.
Assim, os sinais originais (B-Y) e (R-Y) foram utilizados
diretamente com os coeficientes constantes de 0,493 e 0,877 sendo

116
NEWTON C. BRAGA

seus produtos designados por sinais U e V. Evidentemente, a partir


desses dois sinais, a recuperação do terceiro é simples, não havendo
necessidade da sua transmissão. Na figura 5 temos um gráfico em
que mostramos as posições do vetor que representa o sinal de
crominância para as diversas cores, em relação aos eixos U e V.

No sistema PAL, diferentemente do sistema NTSC, a cada


linha ocorre uma inversão da fase do sinal de crominância V. Assim,
em linhas alternadas temos o sinal com a fase correta e com a fase
invertida, processo que dá nome ao sistema. Essa alternância de fase
é feita da seguinte maneira: na varredura de uma linha, os pontos da
imagem são explorados e suas cores são transmitidas com os sinais
de crominância U e V corretos.
117
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Na linha seguinte, o sinal U se mantém, mas a fase do sinal V é


invertida, ou seja, sofre uma rotação de 180 graus. A representação
por meio de gráfico na figura 6 mostra o que ocorre.

Lembramos que o tempo de passagem por cada linha de


varredura é de 63,5 us, o que significa que pixéis adjacentes mas de
duas linhas diferentes estão separados no tempo de 63,5 us. Observe
pelo gráfico que na alternância da linha a amplitude dos sinais U e V
se mantém, mas o ângulo de fase fica totalmente modificado.
Se, no caminho do transmissor ao receptor não houver
nenhum desvio de fase, a recuperação dos sinais que correspondem
às cores originais é simples, pois basta inverter nos momentos certos
a fase do sinal que está invertido. Essa função, como a maioria dos
profissionais sabe, é executada pela chave PAL que consiste
118
NEWTON C. BRAGA

basicamente num multivibrador sincronizado pelo sinal de burst e


que aciona um circuito apropriado. Mas, e se ocorrerem desvios de
fase no percurso do sinal até o televisor?
Vamos supor que a área de uma determinada cor focalizada
pela câmera seja tal que ocupe algumas linhas de varredura,
conforme mostra a figura 7.

Se o desvio de fase de uma linha que tenha a varredura


normal for de um determinado valor que chamaremos de alfa, na
linha seguinte, com a inversão de fase, teremos um desvio alfa que
será em sentido contrário, conforme mostra a figura 8.

119
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Assim, na inversão do sinal, este desvio será tal que


compensa o desvio anterior. Desta forma, se na transmissão original
tivermos uma cor vermelha e o desvio na linha normal for para o
magenta, na linha de fase invertida o desvio ser para o laranja.
Ora, como os pontos de imagem considerados estão muito
próximos (adjacentes) mas em linhas diferentes, nossa visão não os
separa mas combina seus efeitos e o resultado uma coloração que
corresponde ao original vermelho, com poucas diferenças. Em outras
palavras, as crominâncias são alteradas de linha para linha em caso
de desvio de fases, mas de modo tal que há uma compensação que
recompõe a cor original.
120
NEWTON C. BRAGA

Evidentemente, como o desvio de fase provoca uma pequena


alteração no valor absoluto do vetor, a saturação não pode ser
recomposta, mas os resultados são bem melhores do que os mesmos
desvios se ocorrerem no sistema NTSC. Em resumo, a utilização das
inversões de fase do sistema PAL tornam este sistema muito menos
sensível aos desvios de fase que ocorrem pelas reflexões dos sinais
no percurso da estação até o receptor e outros problemas que podem
aparecer. Mas, não é somente com a inversão de fase que podemos
obter uma compensação visual dos efeitos do desvio de fase.

A linha de retardo
A compensação dos desvios de fase que podem alterar a cor
original de uma imagem também pode ser feita eletronicamente com
a ajuda de uma linha de retardo.
As linhas de retardo são dispositivos eletromecânicos: elas
convertem o sinal elétrico num sinal ultrassônico de mesma
frequência que então se propaga pelo material com uma velocidade
muito menor e depois de sofrer sucessivas reflexões alcança um
microfone, conforme mostra a figura 9.

121
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Neste transdutor, o sinal, novamente recuperado na forma


elétrica, mas com um atraso que depende do percurso percorrido pela
vibração mecânica. Dimensionando apropriadamente este dispositivo
podemos obter um retardo de 63,5 us que corresponde justamente ao
tempo de varredura horizontal ou uma linha.
Isso significa que, passando os sinais de crominância por esta
linha e depois por um somador, temos o efeito da combinação de
pixels de linhas sucessivas que a visão consegue perceber, mas de
maneira eletrônica.
Explicamos melhor:
Vamos supor que o sinal que corresponde ao pixel de uma
linha deva ser produzido. Como o sinal deve passar pela linha de
retardo, ele chega ao circuito atrasado de tal modo a encontrar o sinal
da linha seguinte ao qual se soma. Como a linha seguinte no sistema
PAL tem a fase invertida, com a soma, o efeito da defasagem é
compensado e este sinal é corrigido.

122
NEWTON C. BRAGA

Assim, como cada linha é reproduzida com um certo retardo


em relação ao momento em que ela chega ao circuito, dando tempo
para a linha seguinte estar presente, esta linha seguinte serve para
corrigir as distorções de fase. Na figura 10 mostramos com vetores
representando os sinais o que ocorre.

Conclusão
O leitor já deve ter percebido de que modo uma pequena
diferença na maneira como um sinal ‚ transmitido pode influir na
qualidade de imagem na recepção de TV. Assim, quando lhe
perguntarem qual dos dois sistemas é o melhor e houver necessidade
de uma explicação fundamentada, o que analisamos nas linhas
anteriores certamente lhe serão de grande utilidade.
123
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Nada mais importante para o profissional da eletrônica do que


mostrar conhecimentos sólidos do que faz. Não basta saber consertar
televisores em cores ou fazer adaptações de sistemas em
vídeo-cassetes, vídeo-games e outros aparelhos: o profissional
completo domina o assunto em toda sua amplitude.
Com a chegada da TV digital, novos conceitos que
possibilitam a transmissão de imagens muito mais perfeitos estarão
sendo adotados, mas mesmo assim os milhões de videocassetes,
televisores e games que ainda usarão os velhos sistemas analógicos
estarão em uso e o profissional ainda terá serviço com sua
manutenção durante muito tempo!

124
NEWTON C. BRAGA

MODEMS ADSL - Asymmetric


Digital Subscriber Line
As novas tecnologias de telecomunicações visam levar as
informações cada vez com maior velocidade, uma exigência da
Internet. No entanto, a rapidez com que estas novas tecnologias são
desenvolvidas faz com que os leitores da área da técnica nem sempre
consigam fazer seu acompanhamento obrigando-os sair em busca de
informações sobre seu princípio de funcionamento, tecnologia
empregada e aplicações. Nem sempre estas informações são
acessíveis ou fáceis de entender e o leitor que precisa estar em dia
com o que há de novo se vê em dificuldades. A tecnologia ADSL é
um desses casos e neste artigo procuramos explicar aos nossos
leitores exatamente o que ela significa.
A tecnologia comum usada para as comunicações telefônicas
que faz uso de sinais analógicos não é a mais apropriada para as
necessidades crescentes de transportar um volume enorme de
informações. Cada vez mais pessoas estão ligadas à Internet e cada
vez maior velocidade na transmissão dos dados é exigida.
Para que o leitor tenha uma ideia de como são lentas as linhas
telefônicas comuns, basta dizer que usando um modem de 28,8 kbps
precisamos de 25 minutos para transmitir um arquivo de 10
125
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

megabytes. O problema para a ocupação das linhas telefônicas por


longos intervalos não está apenas na conta que precisamos pagar.
As linhas telefônicas são projetadas para manusear "pacotes"
de chamadas de 3 minutos e nos horários de pico os pacotes
máximos previstos são de 9 minutos. A ocupação da linha por mais
de 10 minutos seguidos é algo que traz problemas inclusive para as
empresas de telefonia.
Com a finalidade de adequar as linhas telefônicas tradicionais
de modo que elas possam manusear informações transmitindo-as
com muito maior velocidade foi criada a tecnologia ADSL
(Asymmetric Digital Subscriber Line) ou Linha de Assinante
Assimétrica Digital.

O que é a tecnologia ADSL

ADSL é uma tecnologia de processamento de sinais digitais


para comutação e roteamento através de linhas telefônicas com alta
velocidade. O ponto principal da tecnologia ADSL é proporcionar
faixa passante mais larga para os sinais que possam atender as
exigências de demanda da Internet.
Originalmente a tecnologia ADSL foi criada em 1994 para
proporcionar a possibilidade de se usar as linhas telefônicas para

126
NEWTON C. BRAGA

jogos interativos, multimídia e teleconferência. Em 1997 um estudo


feito pelo NOP Reserach Group mostrou que mais de 250 000
ingleses compravam alguma coisa pelo sistema on-line cada mês.
Este mesmo estudo mostrou que 10% das mais de 4,5 milhões de
pessoas na Inglaterra que estariam plugadas na Internet eram
mulheres e estariam fazendo compras por este sistema.
Tudo isso exigia a criação de um sistema mais rápido de
transferir dados pelas linhas telefônicas. A tecnologia ADSL pode
transferir dados pela linha telefônica numa velocidade perto de 200
vezes maior do que as linhas comuns e mais de 90 vezes mais rápido
que as linhas ISDN.
Basicamente a tecnologia ADSL oferece as seguintes
vantagens:
● Ë mais rápida. Um arquivo de 10 Mbps pode ser transferido
em apenas 10 segundos usando um modem ADSL. Modems
super-rápidos ADSL podem transmitir dados numa velocidade
de 8 megabits por segundo.
● É fácil de instalar. As linhas de pares trançados podem ser
usadas para transmissão dos dados ADSL não havendo
necessidade de novas instalações.
● É barata

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Como funciona
O ponto crítico das instalações telefônicas é a chamada "last
mile" ou última milha que corresponde ao pedaço de fio que vai da
casa do assinante até o cabo mais próximo de sinais. Esta "última
milha" na verdade pode chegar até a 6 quilômetros em alguns casos,
dependendo da “qualidade” das conexões e de algumas outras
condições locais.
O par trançado que é usado neste caso ou fio comum
apresenta indutâncias e capacitâncias reduzem a banda passante e
que oferecem uma séria dificuldade para a transmissão de dados de
alta velocidade, conforme sugere a figura 1.

128
NEWTON C. BRAGA

Conforme mostra a figura 2 a faixa passante da maioria das


linhas telefônicas não vai além de 4 kHz o que permite o uso (e
sofrível) apenas da voz para as comunicações.

Na verdade, quando o telefone foi inventado ninguém poderia


imaginar que ele poderia ser usado para transmitir algo mais que não
fosse a voz! Os modems modernos manuseando a fase, nível dos
sinais e outras características conseguem milagres aumentando a
capacidade de transmissão de uma linha telefônica para até 56 kbps
mas isso é o limite.
A ideia básica do ADSL é usar uma técnica sofisticada de
processamento de sinais através de modems especiais que
possibilitem a utilização dos fios comuns telefônicos sem precisar de
uma faixa passante mais larga que a existente e mesmo assim
transmitir uma quantidade muito maior de dados. Com a tecnologia
ADSL é possível estender a faixa passante para 1 MHz em linhas
comuns e manuseando os dados dentro desta faixa, conseguir
129
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

velocidades de até 8 Mbps. Para isso, a informação dentro da faixa é


dividida em três canais, conforme mostra a figura 3.

Um canal para baixar informações (downstream) de alta


velocidade é colocado na faixa mais alta de frequências, um canal
intermediário de alta velocidade bidirecional (downstream/upstream)
e um canal convencional de voz. Disponibilizando os três canais
pode-se ao mesmo tempo, por exemplo, utilizar o canal de alta
velocidade para se fazer o download de um filme, o canal de
velocidade média para ler ou enviar um E-mail e o canal de voz para
manter uma conversação comum.

130
NEWTON C. BRAGA

Veja que a grande vantagem deste sistema é preservar o


sistema convencional das comunicações de voz, simplesmente
acrescentando novas possibilidades à mesma linha. Com a utilização
da capacidade completa do canal pode-se ir além trabalhando-se com
quatro canais MPEG de vídeo comprimido sem interrupção nos
serviços normais de telefonia.

Assimetria - otimizando o sistema


A assimetria vem do fato de que usando a Internet as pessoas
tendem a movimentar dados em maior quantidade numa direção do
que em outra. De fato, passamos a maior parte do tempo recebendo
dados do que enviando. Levando em conta isso, a tecnologia ADSL
disponibiliza uma velocidade maior para o downstream do que para o
upstream.
Assim, para movimentar dados para a casa do assinante temos
uma velocidade de 8 Mbps enquanto da casa do assinante para a rede
a velocidade é de apenas no máximo de 640 Mbps.

O sistema na Prática
Na figura 4 temos o modo como funciona um sistema usando
modems ADSL.

131
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Os modems ADSL são ligados ao computador, vídeo e


também ao telefone comum conectando com roteadores para Internet
e também para sistemas que transferem a voz para os telefones
chamados. Na casa do assinante fica um dos modems enquanto na
empresa telefônica ficam os conjuntos de modems em racks.
Os modems da empresa telefônica separam o que é voz do
que é dado enviando-os aos circuitos apropriados. As chamadas de
voz são enviadas à rede telefônica comum enquanto os dados são
enviados via uma Ethernet e roteador, eventualmente uma linha de

132
NEWTON C. BRAGA

alta velocidade OC-3 de 155 Mbps ao provedor local de acesso à


Internet.

Conclusão
Apesar do acesso via modem ADSL ser dos mais comuns em
nossos dias, muitas alternativas já aparecem para atender os que
desejam outras formas de acesso à Internet.
Assim, temos muitas empresas de TV à cabo que oferecem
um acesso rápido e barato, além de empresas que o fazem por links
sem fio.

133
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

134
NEWTON C. BRAGA

Redes sem fio (wireless)


A tendência atual é de que cada vez mais equipamentos
eletrônicos dos mais diversos tipos troquem dados entre si. Não
apenas computadores e periféricos, mas também eletroeletrônicos
como eletrodomésticos, celulares, televisores e outros equipamentos
façam parte de um sistema único capaz de compartilhar dados.
Evidentemente, a presença de uma grande quantidade de fios ligando
tais equipamentos é um problema e esse problema é resolvido pelo
uso de redes sem fio. Como funcionam essas redes é o que veremos
nesse artigo.
Nada mais desagradável do que vermos uma enorme
quantidade de fios por trás de nossos computadores interligando
periféricos como o monitor, impressora, câmera de vídeo, microfone,
modem e muito mais. A figura 1 mostra isso.

135
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Além dos problemas estéticos, esse emaranhado de fios


também é um convite a falhas que podem ocorrer facilmente e em
alguns darem muito trabalho para serem localizadas. Evidentemente,
a utilização do USB (Universal Serial Bus) ajuda a reduzir esses
problemas, mas não é a solução ideal.
A tendência atual é a mobilidade e mais do que isso, a
possibilidade de qualquer equipamento compartilhar dados com
outro. O celular pode enviar fotos ao computador, o computador
pode ordenar ao microondas que ligue em determinado horário e
assim por diante. É claro que tudo isso tem de ser feito sem a ajuda
de fios e é nesse ponto que entra o que se denomina tecnologia
Wireless ou “sem fio”.

Redes sem fio


Uma rede que integre computador e outros equipamentos
usando fios tem uma topologia que depende de seu uso, conforme
mostra a figura 2.

136
NEWTON C. BRAGA

Os diversos equipamentos que fazem parte dessas redes


trocam dados usando cabos. Evidentemente, para que isso funcione,
os equipamentos devem usar uma linguagem comum. No caso das
redes sem fio, o meio físico que interliga os equipamentos é
eliminado podendo ser substituído por três diferentes tecnologias:
infravermelho, laser ou RF (radiofrequência).
O Laser e o Infravermelho (IR) têm a desvantagem de serem
direcionais e não atravessarem obstáculos físicos, conforme sugere a
figura 3,

137
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Por esse motivo essas tecnologias são apenas empregadas nos


casos em que esses problemas não existem. O mais comum é o usado
dos sinais de rádio (RF) que, além de terem um alcance maior sob
determinadas condições, podem atravessar obstáculos, conforme
mostra a figura 4.

138
NEWTON C. BRAGA

Nesse caso, cada equipamento possui um transmissor e um


receptor de rádio, sintonizados nas mesmas frequências de modo que
possam se comunicar.

Vantagens e desvantagens
Existem vantagens e desvantagens na utilização de sinais de
rádio para que dispositivos troquem dados.
As desvantagens são:
a) Os sinais de rádio são sensíveis à interferências – se o
ambiente tiver fontes de ruídos ou interferência, o
desempenho de uma rede sem fio pode ser comprometido.
b) Segurança – os sinais de rádio se espalham em todas as
direções. Por isso, existe a possibilidade de que um sistema
não autorizado intercepte os dados trocados entre outros dois
equipamentos, conforme mostra a figura 5.

c) Alcance – a presença de obstáculos pode reduzir o alcance do


sistema.

139
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

d) Desempenho – nem sempre é possível fazer a troca de dados


na velocidade que a aplicação exige.
As vantagens são:
a) Mobilidade total dos equipamentos que podem ser totalmente
portáteis.
b) Preservação da estética não existindo mais a grande
quantidade de cabos visíveis.
c) Facilidade de implantação de uso

As frequências
O espectro das radiofrequências está congestionado com uma
infinidade de aplicações que vão das comunicações móveis e a
radiodifusão a TV e o radar.
Assim, um dos problemas iniciais foi a escolha de uma
frequência para esse tipo de aplicação. Foram escolhidas as faixas
denominadas ISM (Industrial Scientific Medical) usadas justamente
para aplicações industriais, científicas e médicas nas faixas de 900
MHz, 2,4 GHz e 5 GHz.
No Brasil foram adotados 11 canais da faixa de 2,4 GHz
conforme mostra a figura 6.

140
NEWTON C. BRAGA

Esses canais vão de 2,400 GHz a 2,484 GHz estando,


portanto, na faixa das microondas. Pela sua frequência, esses sinais
são bastante sensíveis podendo sofrer principalmente com a presença
de obstáculos o que reduz de certa forma o seu alcance.
Assim, no projeto de redes sem fio que operem nessa faixa de
frequência são bastante críticos as antenas, a construção do
equipamento, o local em que ele vai funcionar, etc. Sinais absorvidos
por obstáculos, sinais refletidos são alguns problemas que podem
afetar o desempenho de uma rede sem fio.
Isso significa que os equipamentos que vão fazer parte dessa
rede devem possuir transmissores e receptores aptos a funcionar nos

141
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

canais indicados, com antenas bem localizadas e quando em


operação devem ficar em locais que permitam uma comunicação
eficiente.
Para essa finalidade existem diversos tipos de placas ou
acessórios que permitem dotar um equipamento de recursos para a
comunicação sem fio, ou seja, para incorporarem redes sem fio. A
primeira solução consiste no uso de placas de rede sem. Essas placas,
conforme mostra a figura 7, podem ser do tipo PCI, PCMCIA ou
USB, sendo encaixadas ou conectadas a desktops ou notebooks ou
outros equipamentos que tenham recursos para sua instalação.

Figura 7 – Placa adaptadora PCI Wireless – Observe a


posição da antena

142
NEWTON C. BRAGA

Uma outra forma de se fazer contacto sem fio que


dispositivos que usem essa tecnologia é através de pontos de acesso
ou “access point”. Esse ponto de acesso consiste num transceptor que
é ligado a uma rede que faça uso de fios. Através dele, os elementos
dessa rede podem se comunicar com outros que fazem uso da
tecnologia sem fio e que estejam dentro do seu alcance, conforme
mostra a figura 8.

Figura 8 – Usando o ponto de acesso

143
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Topologias
Para que os diversos dispositivos troquem dados de forma
coerente e segura é preciso haver uma certa organização. Essa
organização, ou a forma como os dispositivos podem trocar os dados
é denominada “topologia”. Para as redes sem fio existem duas
topologias.

a) Topologia estruturada
Nessa topologia, conforme mostra a figura 9, existe um ponto
de acesso que gerencia a troca de dados entre os dispositivos que
desejam se comunicar.

144
NEWTON C. BRAGA

O alcance vai depender justamente do ponto de acesso, pois


somente os dispositivos que estiverem dentro de seu raio de ação
podem se comunicar.

b) Topologia ad hoc
Nesta topologia, não existe uma organização, conforme
mostra a figura 10.

Basta que dois dispositivos quaisquer consigam enviar e


receber sinais para que eles possam trocar dados. O alcance vai
depender, portanto,, da capacidade de enviar e receber sinais dos
dispositivos que devem trocar dados.

145
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Os Padrões
Evidentemente, para que dois dispositivos possam trocar
dados através de sinais de rádio eles devem “falar” a mesma língua.
Existe, portanto, uma padronização que é dada pela norma IEEE
(Instituto dos Engenheiros Eletrônicos e Eletricistas dos Estados
Unidos), denominada IEEE 802.11. Essa norma estabelece os
protocolos, ou seja, as regras de acesso ao meio (MAC) da camada
física (PHY), ou seja, o modo como os sinais são enviados e
modulados.
Nessa norma a transmissão é feita pelo que se denomina
Espectro Espalhado (Spread Spectrum) com saltos de frequência
(Frequency Hoping). O que esse processo faz é mudar
constantemente a frequência usada nos pacotes de informação de
modo a contornar interferências, evitar conflitos de dados, garantindo
assim a sua integridade. Na 802.11 a taxa de transmissão é de 1 ou 2
Mbps (Megabits por segundo) na faixa de frequências de 2,4 GHz.
A 802.11 sofreu uma série de aperfeiçoamentos, vindo logo a
seguir a 802.11a e b.
Nesse padrão a velocidade de troca de dados aumentou para
até 54 Mbps e em lugar do spread spectrum ela trabalha com o
OFDM, que é uma técnica mais eficiente de transmissão. Os
equipamentos que usam padrão são capazes de fazer o “fall back”, ou

146
NEWTON C. BRAGA

seja, eles vão testar a velocidade que o sistema aceita reduzindo


gradualmente para 48, 36, 24 Mbps, etc até encontra o melhor valor
para uma troca eficiente de dados.
A faixa de frequências usada é 5 GHz, ela é menos sujeita a
interferências de outros equipamentos que usam a faixa de 2,4 GHz.
Existe ainda o padrão 802.11g que é uma extensão do 802.11b que
também apresenta características próprias para determinados tipos de
aplicação.

Convergência e VoIP
Uma tendência irreversível ao nosso ver mostrada pela
tecnologia da informação é a convergência. Entendemos por
convergência a possibilidade de qualquer dispositivo que trabalhe
com dados, som e imagem poderem se comunicar, conforme mostra
a figura 11.

147
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Não apenas computadores poderão trocar dados entre si, mas


também dispositivos que trabalhem com sons e imagens como
telefones comuns, telefones celulares, televisores, eletrodomésticos,
câmaras fotográficas e muito mais. Nessa tecnologia destaca-se o que
se denomina VoIP ou Voz sobre IP, onde IP é o Internet Protocol ou
Protocolo de Internet.
O que se faz nesse caso é digitalizar a voz de modo que ela
possa ser transmitida na forma de pacotes de dados, de forma
semelhante a usada na internet. Qualquer dispositivo que possa
receber dados ou transmitir na forma digital poderá trabalhar com a
voz.
Uma primeira possibilidade para isso está na possibilidade de
se usar o telefone através da Internet, conforme mostra a figura 12.

148
NEWTON C. BRAGA

Isso evita a tarifação, e além disso outros serviços como envio


de imagens também podem ser implementados. Para que o VoIP
possa ser usado, basta ter o software apropriado como o PC Phones.

Conclusão
A tecnologia wireless está aí. VoIP, eletrodomésticos que se
comunicam sem fio com seu computador ou com qualquer outro
ligado à Internet. Celulares que enviam fotos para o PC sem fio,
memórias de bolso que transferem dados para o PC ou outro
equipamento são alguns exemplos do que essa tecnologia está
trazendo.
Muitos do que a tecnologia Wireless pode oferecer já está ao
nosso alcance ou sendo usado em muitos locais que frequentamos.

149
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Saber como ela funciona é de grande importância para todos que


trabalham com eletrônica ou estão envolvidos com ela de alguma
forma.

150
NEWTON C. BRAGA

151
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Nanoantenas
As dimensões dos componentes integrados num chip estão se
tornando cada vez menores. Com a aproximação dessas dimensões
dos comprimentos de onda da luz infravermelha e mesmo visível,
essas radiações podem ser tratadas de uma forma diferenciada:
irradiadas e recebidas por antenas exatamente como as ondas
eletromagnéticas de maior comprimento usadas em
telecomunicações. Essa possibilidade abre campos inteiramente
novos para a optoeletrônica.
O reduzido comprimento de onda das radiações
infravermelha, visível e mesmo ultravioleta impede que elas recebam
o mesmo tratamento que as ondas eletromagnéticas de maior
comprimento usadas em telecomunicações.
Essas ondas são tratadas com “recursos ópticos” diferentes
que incluem as lentas, espelhos e refletores parabólicos. No entanto,
a nanotecnologia, conseguindo levar os dispositivos integrados num
chip às mesmas dimensões das ondas luminosas, abre a possibilidade
dessas ondas serem tratadas da mesma forma que as ondas de maior
comprimento.
Integrando antenas que tenham a mesma ordem de grandeza
das ondas luminosas é possível fazer sua emissão ou recepção de
forma eficiente, com concentração da energia na direção desejada e
152
NEWTON C. BRAGA

também com a sua polarização, sem a necessidade de filtros.


Conforme mostra a figura 1, é possível integrar antenas com barras
de ouro de apenas alguns nanômetros de comprimento, as quais
atuam como antenas, focalizando a radiação emitida sem a
necessidade de lentes.

Essas antenas funcionam exatamente como uma antena


convencional de rádio, concentrando sinais com a obtenção de um
ganho em determinada direção. A grande diferença é que elas podem
trabalhar com luz infravermelha e visível consistindo, portanto, num
meio ideal de se fazer o interfaceamento entre dispositivos ópticos e
eletrônicos.
Os dispositivos desenvolvidos por cientistas da Universidade
de Basel na Suíça consistem em tiras de ouro de apenas 45
nanômetros de largura e de 200 a 400 nanômetros de comprimento,
tendo entre elas espaços de 20 nanômetros. Essas antenas, conforme
mostra a figura 2 fazem com a luz seja irradiada pela parte central

153
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

sendo que as partes extremas da antena atuam como elementos


focalizadores.

A grande vantagem dessas antenas é a sua resolução que


chega a ser 50 vezes melhor do que uma lente comum. Uma
aplicação interessante disso é na microscopia convencional.
Uma lente comum não consegue focalizar um objeto que seja
muito menor do que o comprimento da luz usada. Por exemplo, para
a luz visível de 400 nanômetros a 800 nanômetros, o menor objeto
focalizado tem 200 nanômetros. Com as nanoantenas isso muda, pois
sua resolução chega a permitir que objetos menores do que 5
nanômetros sejam resolvidos.
Antes, para a observação de objetos dessas dimensões era
necessário usar radiações de menor comprimento de onda, como o
caso do microscópio eletrônico ou de raios X, conforme mostra a

154
NEWTON C. BRAGA

figura 3. Nessa foto damos uma ideia da complexidade de um


microscópio eletrônico, que tem um custo muito elevado. Com as
nanoantenas, microscópios ópticos simples teriam a mesma
capacidade de ampliação.

O caráter ondulatório dos elétrons emitidos permite a


observação de objetos muito pequenos, assim como o comprimento
de onda dos raios X. No entanto, essas radiações impedem a
observação de amostras vivas, pois elas as matam.
Com a possibilidade de se usar luz visível para a observação
de corpos dessas dimensões, um microscópio óptico comum traz para
o campo de visão humano até mesmo moléculas maiores, como as
que correspondem às proteínas. Mas não é apenas na elaboração de
155
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

microscópios e outros dispositivos ópticos que as nanoantenas


encontram aplicação.

Aplicações
Atuando como receptores sintonizados (no comprimento de
onda que devem receber) essas antenas podem ser usadas na
elaboração de sensores extremamente sensíveis. Esses sensores
poderiam sintonizar uma radiação única numa faixa extremamente
estreita, detectando, por exemplo, o espectro de emissão de uma
única molécula numa estrutura viva.
Seria possível elaborar um sensor capaz de identificar um
simples vírus pela radiação emitida ao ser excitado. Na eletrônica,
essas nanoantenas poderiam ser usadas na construção de LEDs e
sensores usados em CDs, CD ROM, DVDs muito mais eficientes.
Não seria preciso usar comprimentos de ondas menores,
como no caso em que se passa do infravermelho para o visível do
CD-ROM para o DVD, de modo a se poder trabalhar com pits
menores. Pits até 50 vezes menores do que os atualmente usados
poderiam ser detectados com o uso de dispositivos focalizados com
nanoantenas, aumentando assim em 50 vezes a capacidade de
armazenamento da mídia, conforme mostra a figura 4.

156
NEWTON C. BRAGA

Tudo isso seria possível sem a necessidade de se trabalhar


com a emissão de luz de menor comprimento de onda.
Ainda na eletrônica, essas antenas aumentariam a resolução
dos dispositivos usados na litografia óptica, possibilitando a
fabricação de estruturas semicondutoras em chips ainda menores.
Finalmente chegaríamos ao limite com a possibilidade e construir
dispositivos capazes de emitir um único fóton. Esses dispositivos
poderiam ser usados em computadores seguros, permitindo um
processo de criptografia praticamente indecifrável, já que não
dependeria da geração de números aleatórios, como fazem os
sistemas atuais.
Esses números (chaves) podem ser usados para decodificar a
mensagem. Com emissores capazes de emitir um fóton isoladamente,
a emissão seria totalmente segura, justamente devido a princípio da
mecânica quântica que afirma que “um fóton não pode ser observado
sem que ele seja alterado”. Em suma, se alguém tentar observar o
157
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

fóton que transporta o bit de mensagem ele será alterado e isso será
detectado.

Conclusão
As nanoantenas consistem um passo largo em direção à total
integração dos dispositivos ópticos com os dispositivos eletrônicos.
Se bem que ainda seja cedo para prever que dispositivos serão
fabricados e usados nos próximos anos usando essa tecnologia, as
possibilidades que analisamos são fantásticas. Segundo as previsões
teremos ainda de esperar de 5 a 10 anos para que essas nanoantenas
passem a incorporar algum dispositivo de uso prático.

158
NEWTON C. BRAGA

159
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Fibras ópticas: a revolução no


transporte das informações
Comunicações! Vivemos numa era em que cada vez maior
quantidade de dados e mais rapidamente devem ser transportados de
um ponto a outro do planeta. A velha linha telefônica de fios
metálicos, diante da evolução dos meios de comunicações modernos
e de geração de informações como a Internet está completamente
superada. A linha física de metal que ainda deve interligar a maioria
dos lares do mundo deve ir gradualmente sendo substituída pelas
linhas de fibras ópticas. Os sinais elétricos vão se tornar ópticos
dando origem a uma nova ciência que é a fotônica. Com o início
desta substituição já em nossos dias, os técnicos em
telecomunicações e informática devem estar preparados para
dominar mais um ramo da ciência se quiserem ter êxito em suas
atividades. Neste artigo vamos justamente levar nossos leitores aos
fundamentos desta nova ciência, a fotônica, tratando justamente do
que vai revolucionar o mundo das comunicações dos próximos anos:
as fibras ópticas.
Se bem que em edições anteriores já tenhamos falado das
fibras ópticas como uma novidade que era promissora na época, com
o passar do tempo, não só nossas previsões se concretizaram, como

160
NEWTON C. BRAGA

até superaram nossas expectativas. De fato, a importância das fibras


ópticas nas comunicações cresceu exponencialmente e hoje a
transmissão de dados por meios ópticos tende a se tornar muito
comum e, além disso: uma nova ciência, tão importante como a
própria eletrônica.
A transmissão de dados usando luz ou fótons (que são as
partículas elementares de luz ou de ondas eletromagnéticas de
curtíssimo comprimento de onda) está sendo denominada fotônica, e
o uso de fibras ópticas para sua realização, substituindo os fios
telefônicos comuns e outros meios físicos deve ocupar os
especialistas nos próximos anos. O leitor que pretende estar "por
dentro" de todas as técnicas que envolvam transmissão de dados,
gerados ainda em circuitos eletrônicos, usando este novo meio deve
conhecer o elemento fundamental em que elas se apoiam que são as
fibras ópticas.
Neste artigo veremos o que são as fibras ópticas, como
funcionam e como podem ser usadas na transmissão de dados,
substituindo as velhas linhas telefônicas lentas e frágeis.

Fibras ópticas & fios metálicos


As linhas telefônicas foram projetadas originalmente para
transportar a voz. Na época, não se pensava em Internet ou na
transmissão de qualquer outra forma de sinal por uma linha de
161
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

telefone que não fossem sons produzidos por humanos. Como os


estudos mostraram que bastava transmitir as frequências entre 300 e
3 000 Hz para que tudo que se falasse pudesse ser entendido do outro
lado da linha, por que transmitir outras frequências?

Assim, todo equipamento instalado, como amplificadores,


linhas, transformadores, não previram a utilização de frequências
maiores. Ora, isso significa que as linhas são lentas e informações
que ocorram muito rapidamente, numa frequência mais alta,
encontram enormes dificuldades em passar pelas linhas telefônicas.
Com o advento do Fax e dos modems para acessar a Internet,
verdadeiros malabarismos foram feitos pelos técnicos para se obter
maior velocidade de transmissão de dados pela linha comum e hoje,
com artifícios interessantes que já abordamos em outros artigos,
consegue-se chegar aos 33 600 bps ou mesmo 56 000 bps usando
uma linha comum, mas estes valores estão muito próximos dos
limites teóricos.
162
NEWTON C. BRAGA

Ora, estas velocidades são muito baixas em relação tanto a


geração de dados por um computador como ao próprio tamanho de
arquivos que devem ser transferidos, por exemplo através da Internet.
Uma solução importante para isso consiste em substituir o sinal
elétrico que viaja pela linha telefônica por sinais luminosos, ou seja,
fótons de luz comum. A luz tem enormes vantagens em relação aos
sinais elétricos quando usada para esta finalidade.
Além de poder ser modulada por frequências muitíssimo mais
altas que os 300 a 3 000 Hz da linha telefônica comum, chegando a
centenas de milhões de hertz, ela é imune a ruídos. Um fio de metal
funciona como uma antena e capta diversos tipos de ruídos ao longo
de seu percurso e é sensível à interferências e descargas elétricas.
Isso não acontece com um meio que possa transmitir a luz.
Mas, qual seria esse meio? Fios conduzem eletricidade, mas
não a luz. Para conduzir a luz é preciso um meio que não só tenha a
transparência apropriada como algo mais que é muito difícil de
imaginar inicialmente: seja capaz de conduzir a luz em trajetórias
curvas! Esse meio existe e é dele que depende essa nova tecnologia e
de que vamos falar a seguir: as fibras ópticas.
Para entender como elas podem "escapar" da lei da natureza
que diz que a luz se propaga em linha reta, começamos por estudar a
natureza da luz.

163
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

A natureza da luz
Uma carga elétrica em movimento oscilatório ou mesmo
deslocando-se de um ponto a outro (como a mudança de nível de
energia de um elétron num átomo) produz ondas eletromagnéticas.
Estas ondas podem se propagar no vácuo a uma velocidade de 300
000 km/s e também através de determinados meios materiais, se bem
que com velocidade menor.
Colocando num gráfico todas as frequências em que podem
ser produzidas estas ondas, teremos o que denominamos "espectro
eletromagnético", ilustrado na figura 2.

Conforme podemos ver, as frequências mais baixas


correspondem às ondas de rádio, até a faixa de microondas. Depois
entramos na faixa das radiações infravermelhas. Estas radiações são
emitidas por corpos aquecidos principalmente, já que, com a agitação
164
NEWTON C. BRAGA

das partículas de um corpo que esteja acima do zero absoluto de


temperatura ocorre a emissão de radiações eletromagnéticas
concentradas em sua maior parte nesta faixa.
Vem depois a faixa das radiações cujos comprimentos de
onda se situam entre 390 nm e 770 nm o que equivale a 3 900 à 7
700 Angstroms, lembrando que 1 nm (1 nanômetro equivale a 10-9
metros e 1 Angstrom equivale a 10-10 metros). Esta faixa é
importante porque temos em nosso corpo receptores capazes de
percebê-la e até distinguir sua frequência: nossos olhos.
Esta é a faixa das radiações que correspondem à luz visível
onde a cor é dada pela sua frequência. A menor frequência que
podemos ver corresponde à cor vermelha. À medida que a frequência
aumenta, a sensação de cor muda, passando para o laranja, amarelo,
verde, azul até atingir o violeta que tem a maior frequência que
podemos perceber.
Acima e abaixo dos extremos desta faixa não conseguimos
ver as radiações eletromagnéticas emitidas ou refletidas por um
corpo. Mas, da mesma forma que abaixo desta faixa existem as
radiações infravermelhas que alguns animais podem perceber, acima
temos formas importantes de radiação eletromagnética que são
produzidas por corpos em determinadas condições de excitação.

165
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Temos em primeiro lugar as radiações ultravioletas, vindo


depois os raios X, raios gama e finalmente os raios cósmicos cujas
frequências se estendem teoricamente até o infinito. Para efeito de
estudos e aplicações das fibras ópticas, o espectro utilizado e que
será considerado como "óptico" não corresponde exatamente ao
espectro que podemos ver, ou seja, o "espectro visível".
Isso ocorre porque o comportamento das radiações
infravermelhas, de frequências próximas do limite inferior da faixa
visível, entre 12 000 e 7 700 Angstroms, pode ser considerado
bastante semelhante ao das radiações do espectro visível. Desta
forma, as fibras ópticas podem trabalhar tanto com a radiação do
espectro visível como também com parte do espectro infravermelho,
havendo inclusive dispositivos que geram e recebem esta faixa do
espectro com muita eficiência.

Reflexão, refração e ângulo crítico


Se um raio de luz incide perpendicularmente a uma superfície
que separa dois meios transparentes de naturezas diferentes (ar e
vidro, por exemplo), ocorre uma mudança de sua velocidade de
propagação. A direção e o sentido de propagação se mantêm,
conforme mostra a figura 3.

166
NEWTON C. BRAGA

No entanto, se o ângulo de incidência for diferente de 90


graus em relação ao plano que separa os meios, além da mudança de
velocidade também teremos uma mudança de direção, conforme
mostra a figura 4.

167
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

A relação entre o seno do ângulo que o raio incidente faz com


a normal ao plano de separação dos meios e o seno do ângulo que o
raio emergente faz (denominado refratado), é um número constante
que depende exclusivamente da natureza dos dois meios. Este valor
constante é denominado "índice de refração". Assim, para o caso dos
meios ar-água o índice de refração é 1,33 enquanto para o caso
ar-vidro comum é 1,52. Para os meios ar-quartzo, este valor é 1,46.
É importante observar que estes índices são normalmente
especificados para uma determinada frequência de luz (ou cor), já
que ocorrem variações em sua função. São estas variações
justamente que fazem com que a luz branca (que é a mistura de todas
as cores) se decomponha ao passar por um prisma conforme vimos
na 2. Vamos supor agora uma experiência interessante que envolve a
refração: consideremos dois meios de naturezas diferentes, como por
exemplo ar e vidro, conforme mostra a figura 5.

168
NEWTON C. BRAGA

Inclina-se cada vez mais, a partir da normal, um raio de luz


que seja emitido por uma fonte pontual que esteja dentro do vidro
(um LED "implantado, por exemplo). Esta posição é importante,
dado que o seno do ângulo do lado do ar (que é menos denso) é
maior do que o do lado do vidro (que é mais denso) - lembramos que
as velocidades de propagação também mudam, já que, enquanto no
vácuo e no ar este valor é de aproximadamente 300 000 km por
segundo, no ar esse valor cai bastante.
À medida que o ângulo de incidência (no vidro) vai
aumentando, o ângulo de refração (no ar) vai também aumentando,

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

mas numa proporção mais rápida, pois seu seno é maior e deve
manter a relação constante dada pela natureza dos meios.
Ocorre então um instante em que o ângulo de incidência ainda
não chegou aos 90 graus mas o de refração sim (raio d da figura 5,
por exemplo) o que significa que a luz não mais "consegue escapar"
do vidro, sendo refletida de volta para seu interior. Este é o
denominado "ângulo crítico", conforme ostra a figura 6.

Qualquer raio de luz que incida a partir do vidro, segundo


ângulo igual ou maior que este ângulo crítico, não consegue mais
passar para o "outro lado" (o ar). Estes raios serão refletidos de volta,
conforme mostra a figura 7.

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NEWTON C. BRAGA

Você pode perceber isso se conseguir um aquário com a


superfície de água bem calma. Olhando diretamente por baixo, você
vê do outro lado (fora do aquário), mas se olhar segundo um ângulo
maior que o crítico, a superfície da água vai se comportar como um
"espelho" e você vai ver de volta o fundo do aquário, conforme
mostra a figura 8.

Veja então que se o meio em que isso ocorre, no caso o vidro,


tiver paredes ou superfícies de separação paralelas, um raio de luz
que parta de um determinado ponto interno e incida numa das

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

"paredes" segundo ângulo maior que o crítico, vai se refletir


indefinidamente nas paredes, sendo conduzido pelo material até onde
quisermos. Sendo as paredes paralelas, o ângulo de reflexão numa
delas será igual ao ângulo de incidência na outra e assim
sucessivamente.
Mesmo que o meio de paredes paralelas (não necessariamente
planas) faça uma série de curvas (não muito fechadas a ponto de
modificar muito o ângulo de incidência, fazendo-o cair abaixo do
ponto crítico) ela pode acompanhá-lo, conforme mostra a figura 9.

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NEWTON C. BRAGA

História
A possibilidade de se conduzir um raio de luz através de um
determinado meio, forçando-o a apresentar uma trajetória não reta, já
é conhecida há muito tempo. Em 1870 John Tyndall demonstrou aos
membros da Royal Society que uma luz podia ser curvada ao se
propagar por um jato de água que se curvava ao sair de um
reservatório, conforme mostra a figura 10.

Mais tarde J. L. Baird registrou patentes que descreviam a


utilização de bastões sólidos de vidro na transmissão de luz, para
utilização num primitivo sistema de televisão em cores. O grande
problema, entretanto, é que as técnicas e os materiais usados não
permitiam a transmissão da luz com bom rendimento. As perdas
eram grandes e não existiam dispositivos de acoplamento óptico.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Foi somente a partir de 1950 que as fibras ópticas começaram


a despertar o interesse dos pesquisadores. Aplicações como
iluminação remota ou transmissão de imagens a partir de cabos
flexíveis para aplicações médias (endoscopia) começavam a
aparecer. Mas, foi somente em 1966 que, num comunicado dirigido à
Britsh Association for the Advancement of Science, que os
pesquisadores K. C. Kao e G. A. Hockham (da Inglaterra)
propuseram o uso de fibras e luz em lugar de condutores metálicos e
eletricidade na transmissão de mensagens telefônicas.
A obtenção de tais fibras exigiu grandes esforços dos
pesquisadores, já que as fibras até então existentes apresentavam
perdas formidáveis, da ordem de 1 000 dB por quilômetro, além de
uma faixa passante estreita e uma enorme fragilidade mecânica.
Entretanto, como resultado dos esforços, novas fibras com atenuação
de apenas 20 dB por quilômetro e uma faixa passante de 1 GHz para
um comprimento de 1 km tornaram-se comuns com a perspectiva de
substituir os cabos coaxiais.
A utilização de fibras com 100 um de diâmetro, envolvidas
em nylon resistente, permitiam a construção de fios tão fortes que
não podiam ser rompidos pelas mãos.
Hoje já existem fibras ópticas com atenuações tão pequenas
(menores que 1 dB por quilômetro), representando perdas menores
do que as que ocorrem nos fios metálicos comuns.

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NEWTON C. BRAGA

O que é a fibra óptica


A ideia básica em que se apoiam as fibras ópticas é a
transmissão da luz (e portanto, energia) aproveitando a reflexão total
que ocorre nas condições de ângulo crítico e com isso levá-la às
trajetórias desejadas sem perdas (ou com um mínimo de perdas).
Devemos observar que, enquanto um fio elétrico que conduz um
sinal está sujeito a interferências eletromagnéticas externas, e
também emite sinais interferentes, isso não ocorre com as fibras
ópticas.
Uma fibra óptica consiste então num cilindro de material
altamente transparente e flexível, com um índice de refração elevado
em relação ao ar, conforme mostra a figura 11.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

No entanto, dado seu formato (e em alguns casos


uniformidade de composição) os raios de luz não fazem uma
trajetória de segmentos retilíneos num único plano, como no caso de
duas superfícies planas paralelas. Os raios se propagam segundo uma
trajetória formada por pequenos segmentos de reta que unidos
formam uma curva em hélice, como mostrado na própria figura 11.
É claro que um simples cilindro de vidro muito fino e de
grande comprimento que deva ser usado para conduzir luz da forma
indicada é algo extremamente frágil. Além disso, temos de
considerar outros problemas. Um deles é que, a exigência principal
para que ocorra a reflexão total da luz no interior da fibra, e que nada
escape, é que a superfície de separação entre os dois meios, um de
alto índice de refração (vidro) e o outro de baixo índice (ar), seja
perfeita.
O manuseio, imperfeições de fabricação, entretanto fazem
com que ondulações, riscos ou falhas apareçam, conforme mostra a
figura 12.

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NEWTON C. BRAGA

E, nestas falhas pode ocorrer o escape de parte da luz que


deveria ser totalmente refletida. Isso é mostrado na figura 13 em que
uma simples gota de óleo afeta o funcionamento da fibra. essa gota
muda o índice de refração e permite que o ângulo crítico se altere
com o que o raio de luz escapa para o exterior.

Problemas como este podem ser evitados co uma técnica


especial de fabricação que consiste na utilização de uma capa óptica
de proteção. Conforme mostra a figura 14 ela consiste numa camada
de vidro ou material de índice de refração mais baixo que o da parte
condutora.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

É claro que este índice menor de refração da capa protetora


ainda significa um índice maior do que o do ar. Desta forma, o
ângulo crítico para o meio condutor interno é alterado, gerando um
cone de entrada de sinais mais limitado conforme mostra a figura 15.

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NEWTON C. BRAGA

O ângulo entre o eixo da fibra e a superfície que define o cone


(teta) é denominado "ângulo de admissão da fibra óptica. O seno
deste ângulo é uma medida da capacidade de coletar radiação que
apresenta a fibra óptica e é denominado "abertura numérica" da fibra,
ou abreviadamente NA (de Numerical Aperture, em inglês). Este
valor é especialmente importante quando trabalhamos com fontes
extensas de luz. Para as fibras comuns os diâmetros variam
tipicamente entre 10 um e 600 um e as aberturas numéricas entre 0,1
e 0,5.

Perdas
Este fator é de enorme importância nas considerações sobre a
transmissão de sinais a longas distâncias por meio de fibras ópticas.
Já vimos que estas perdas são muito menores do que as que ocorrem
em fios condutores de metal comum, o que as torna muito atraentes
nestas aplicações, pois não se necessitam de tantos amplificadores
intermediários. Evidentemente, a quantidade de luz que chega ao
final de uma fibra óptica é sempre menor do que a que aplicamos no
seu início. Ocorrem então perdas que podem ser devidas a diversos
fatores como as imperfeições do material, absorção do material, etc.
As perdas que ocorrem numa fibra seguem uma relação exponencial
do tipo mostrado na figura 16.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Este tipo de relação normalmente é mais facilmente avaliada


se for expressa na forma logarítmica. Assim, usamos também o
decibel (dB) para expressar as perdas que ocorrem numa fibra óptica
e a curva de perdas torna-se linear conforme mostra a figura 17.

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NEWTON C. BRAGA

Para as fibras ópticas comuns é comum a expressão das


perdas em dB por quilômetro, ficando os valores típicos na faixa de 1
a 1 000 dB/km.

Resposta espectral
Conforme vimos na introdução, o espectro eletromagnético
com que operam as fibras ópticas inclui não somente a parte visível
entre 3 900 e 7 700 Angstroms como também parte do espectro das
radiações infravermelhas entre 7 700 e 12 000 angstroms. A estrutura
atômica do vidro, entretanto, apresenta flutuações que fazem com
que ocorram dispersões da radiação de forma irregular. Isso faz com
que comprimentos de onda diferentes tenham níveis de absorção
diferentes ao longo de uma fibra óptica comum.
A Lei de Rayleiggh para dispersão diz que a sua intensidade é
inversamente proporcional à quarta potência do comprimento de
onda, o que nos leva a uma curva em que observamos que as
atenuações maiores ocorrem para os comprimentos de onda menores.
No entanto, a estrutura irregular do material resulta também numa
distribuição irregular dos picos de absorção, conforme mostra a
figura 18.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Nesta figura temos a resposta espectral típica de uma fibra


óptica de vidro observando-se que existem frequências em que
ocorrem fortes absorções e que devem ser observadas na sua
utilização principalmente com fontes monocromáticas. Veja que na
curva mostrada existe justamente um pico indesejável de absorção
justamente nas frequências de emissão dos LEDs infravermelhos que
operam em torno dos 9 500 angstroms. Essa absorção se deve à
presença de íons do tipo hidroxil, sendo por isso denominada de
"pico de absorção pela água".
Já para a frequência de emissão dos LEDs infravermelhos de
8 500 angstroms, temos justamente o ponto de menor absorção da

182
NEWTON C. BRAGA

curva o que leva estes componentes a serem amplamente usados


como fontes ideais para muitos projetos que envolvam estas fibras.

Conclusão
O que vimos é apenas uma introdução ao princípio de
funcionamento das fibras, mostrando de que modo a luz pode ser
"conduzida" por meio de fios.
Mais informações importantes para o leitor como, por
exemplo, os processos de fabricação e os tipos de modulações e
fontes de sinais que podem ser usados serão vistos em outros artigos
neste site.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Conectividade – 802.11n
Os usuários das redes locais sem fio (WLAN) estão se
tornando cada vez mais exigentes levando em conta não só a
necessidade de um aprimoramento dos produtos existentes, como
também dos padrões que regem seu funcionamento. O grupo de
trabalho N da IEEE 802.11 definiu as modificações da camada física
e camada de controle de acesso ao meio, possibilitando assim o
alcance de uma taxa de operação de 100 Mbits/s. Nesse artigo
focalizamos alguns dos recursos de conectividade que a IEEE
802.11n proporciona aos usuários das redes sem fio e aos projetistas
de novos equipamentos.
O Grupo de Trabalho N ou Task Group N (TGn) da IEEE
802.11 chegou à definição da camada física e de controle de acesso
(PHY/MAC) do IEEE 802.11n, alcançando uma taxa quatro vezes
maior do que a das WLANs atuais do padrão 802.11a/g.
Esse grupo prevê uma transição suave dos aplicativos que
usam os padrões anteriores, de modo a possibilitar a adoção de novas
tecnologias com facilidade. Com esse novo padrão pode-se chegar a
uma capacidade de 100 megabits por segundo no SAP (Service
Access Point – Ponto de Acesso do Serviço) da MAC.

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NEWTON C. BRAGA

A Wi-Fi Alliance também tem interesse no que o TGn está


fazendo em relação ao 802.11n. A publicação de um MRD
(Marketing Requirements Document) especifica as características de
desempenho dos novos dispositivos que usam o padrão, como a
capacidade, aumento de faixa, robustez em relação à interferência.

Aumentando a velocidade
Existem diversas propostas para se aumentar a velocidade de
transferência física nos sistemas sem fio, superando assim as
dificuldades que ocorrem com a transmissão e propagação dos sinais.
Uma delas consiste na utilização de várias antenas para o transmissor
e para o receptor.
Trata-se da tecnologia MIMO (Multiple-Input
multiple-Output) que faz uso de antenas “inteligentes” permitindo
processar diversos sinais ao mesmo tempo. Além disso, pode-se
selecionar os sinais que chegam ao sistema vindos por diversos
percursos e assim eliminar eventuais problemas de intensidade e
interferências. As eventuais reflexões que levam aos problemas
causados pelas trajetórias múltiplas dos sinais recebidos podem ser
eliminadas.
Na foto, um roteador com tecnologia MIMO.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

O que ocorre é que sinais que chegam segundo diversos


percursos, vindos de uma mesma fonte são interpretados pelo
circuito como interferências, o que dificulta sua recepção e a
recuperação das informações que transportam.
Outra proposta importante consiste no fato de que
utilizando-se a tecnologia MIMO é possível oferecer o Spatial
Division Multiplexing ou Acesso Múltiplo por Divisão de Espaço
(SDM). Com esse sistema temos a multiplexação espacial de sinais
que transportam diversos fluxos de dados simultâneos num mesmo
canal. Observe na figura 1 a diferença que existe entre a tecnologia
convencional (SISO – Single Input Single Output) em que temos
uma antena no transmissor e uma antena no receptor.

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NEWTON C. BRAGA

Para esse tipo de transmissão é preciso que tenhamos pares de


antenas na transmissão e na recepção. Veja que o desempenho maior
não se deve apenas à modo como as antenas são posicionadas e à
tecnologia utilizada. Essa tecnologia leva também á necessidade de
circuitos mais complexos com um desempenho mais elevado.
Por exemplo, para cada antena é necessário dispor de um
ADC próprio. Isso também significa um aumento de custos para os
sistemas que fazem uso dessa tecnologia. Maior velocidade de
transferência de dados também significa maiores custos. Também é
possível usar uma técnica de implementação com mais de duas
cadeias de antenas de RF. No entanto, um cuidado especial deve ser

187
Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

tomado no seu uso tanto para se garantir o desempenho adequado


como também para não encarecer o projeto.
Um outro recurso para se aumentar a velocidade de
transferência da camada física é o dado pelo aumento da largura dos
canais utilizados.
Os canais mais largos podem ser utilizados com um melhor
processamento digital dos sinais através de DSPs. Uma idéia é usar
canais com 40 MHz, que podem dotar o sistema de uma largura de
faixa maior que o dobro da inicialmente usada.
Com a tecnologia MIMO atual, usando somente canais de 20
MHz, temos um custo relativamente alto para se implementar canais
com 100 Mbps. Além disso, para se alcançar os 100 Mbps do TGn,
com 20 MHz, seriam precisos três pares de antenas ou uma
implementação denominada 2x3-20 MHz.
Veja que, prevendo-se a utilização tanto de 20 MHz como 40
MHz, o padrão IEEE 802.11n, já estabelece que os dispositivos
devem suportar os dois canais.
No entanto, aumentar a taxa de transmissão de dados não leva
em conta apenas o hardware, mas também a utilização de
mecanismos avançados para gerenciar os modos de desempenho da
camada PHY. Isso significa que uma escolha apropriada do modo de
operação num dado ambiente também vai contribuir para um
aumento da capacidade de transmissão.

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NEWTON C. BRAGA

Uma ideia corrente é de que a camada PHY deve gerenciar a


adaptação do canal sem interação com a MAC. Estabelecendo-se
uma adaptação inicial, com sinalização OTA apropriadamente
utilizada, a camada MAC pode suportar essa adaptação de acordo
com os canais utilizados. Isso significa a capacidade de gerenciar os
esquemas de codificação da modulação, taxas de códigos,
configurações de antenas, sempre visando a maior capacidade de
transferência de dados.
Evidentemente, o IEEE TGn exige uma compatibilidade
ascendente com os dispositivos de padrões anteriores, como o
802.11a/b/g, o que significa que o IEEE 802.11.n também deve
suportar canais de 20 MHz.

Conclusão
As redes sem fio estão se tornando cada vez mais comuns e
mais importantes nos sistemas atuais, exigindo velocidades
crescentes de acordo com os dispositivos envolvidos nos processos
de transmissão e recepção de dados. Para as próximas gerações de
dispositivos sem fio, uma velocidade de troca de dados muito maior
será fundamental. Diversos fabricantes já estão trabalhando na
802.11n de modo a criar dispositivos que possam suportar as
principais plataformas, inclusive para aplicativos de uso doméstico,
escritórios, empresas, hospitais, etc.
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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

Esses novos dispositivos devem não só atender aos requisitos


de velocidade exigidos para as novas redes sem fio, como também
possuir um custo acessível para os implementadores de seus projetos.
Tecnologia MIMO, canais com largura maior são os principais
pontos visados pelas empresas para criar os novos produtos que vão
atender ao novo padrão.

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NEWTON C. BRAGA

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

CODECs de áudio
Absolutamente necessários em todas as aplicações que
trabalham com sinais digitais de áudio os CODEC s estão presentes
numa infinidade de aparelhos de consumo e mesmo de
telecomunicações profissionais. Veja neste artigo o que são os
CODECs e como funcionam.
CODEC significa Codificador-DECodificador, consistindo
num dispositivo capaz de comprimir sinais digitais e depois fazer a
sua descompressão. Mas, com que finalidade isso precisa ser feito?
Antigamente, os CODECs eram usados apenas pelas empresas de
telecomunicações em aplicações internas, já que apenas nesses locais
os sinais de áudio na forma digital eram encontrados.
No entanto, áudio digital está em toda a parte, dos
equipamentos de som, MP3, CDs até os equipamentos de
telecomunicações como os telefones celulares e outros. Trabalhando
com os sinais de áudio na forma digital podemos não só obter maior
fidelidade do que trabalhando com os sinais na forma analógica
como também obter uma integridade muito maior, tornando-o à
prova de ruídos e interferências, quando temos de gravá-lo,
transmiti-lo ou ainda levá-lo a um processamento para obter efeitos
especiais.

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NEWTON C. BRAGA

Na realidade, fidelidade demais também não é bom, podendo


ter alguns efeitos inesperados como ocorreu quando os telefones
GSM foram lançados. Os usuários se queixavam que havia silêncio
absoluto entre os períodos em que não se falava. Isso causava certo
incômodo pois quem estava recebendo esse sinal não sabia se a
pessoa havia feito uma pausa ou se o sinal havia “caído”.
Nesse caso, a “perfeição” teve de ser deixada de lado, e ruído
artificial teve de ser introduzido ao sinal, para se obter maior
conforto de audição. Nas aplicações que envolvem música,
entretanto, é fundamental manter a qualidade do som original. É o
caso do MP3 e CD. Quando o som é digitalizado e gravado, por
exemplo, no caso do M3 existe uma certa degradação da qualidade,
se bem que na maioria dos casos imperceptível, e que depende do
processo de gravação e também do formato.
Essa degradação ocorre em vista da necessidade de se reduzir
a quantidade de dados gravados ou transmitidos, tanto pela
capacidade de armazenamento da mídia como da disponibilidade de
faixa passante, eliminando-se assim as redundâncias. Obtém-se nesse
caso um processo de compressão “com perdas”, no sentido de que
existem informações que não podem ser recuperadas no processo de
reprodução.
Assim, a fidelidade da reprodução de sons gravados
digitalmente é muito importante em muitas aplicações. Será

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

interessante analisar os processos de gravação dos sons digitais para


entender melhor os conceitos que envolvem o funcionamento dos
CODECs de áudio. Lembramos que o mesmo pode ser feito com
outros tipos de sinais como, por exemplo, os sinais de vídeo.

Gravação Digital
A gravação analógica tem por finalidade registrar diretamente
o sinal original com a maior fidelidade possível. No entanto, as
próprias características do processo, como a não linearidade dos
circuitos e dispositivos envolvidos além da inevitável presença de
ruído, fazem com que fidelidade total não possa ser obtida.
Para os sinais digitais esses problemas não ocorrem, no
entanto, a maneira como o sinal é tratado, faz com que ainda seja
possível obter melhor qualidade de som com os sinais analógicos. O
processamento do sinal de áudio para sua conversão para a forma
digital começa como a amostragem e retenção, conforme mostra a
figura 1.

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NEWTON C. BRAGA

O sinal analógico é dividido em setores sendo cada um deles


amostrado em função de sua amplitude. Durante o tempo de
amostragem, o valor obtido é constante o que leva a um sinal
formado por pequenos setores retangulares, conforme mostra a figura
2.

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

O tempo de amostragem que determina a largura de cada um


dos setores é denominado período de amostragem. A amostragem e
retenção é um processo fundamental para a digitalização do sinal.
Teoricamente, o sinal amostrado deve terá uma faixa de
frequências limitada à metade da frequência de amostragem, o que é
conhecido como critério de Nyquist. A frequência de amostragem é
denominada também frequência de Nyquist, determinando a faixa do
sinal que vai ser digitalizado.
Se o sinal que vai ser amostrado possuir componentes de
frequência superiores à frequência de Nyquist, esse sinal deve ser
filtrado, com as componentes eliminadas, de modo a se evitar um
tipo de distorção denominada “falseamento” ou “alias”, se adotarmos
o termo original do inglês.
Uma frequência muito usada nos equipamentos de áudio
digital para a amostragem é 44 100 Hz, o que significa que teremos
um limite para a faixa passante ou de som
gravado-transmitido-reproduzido de 22 050 Hz, conforme mostra a
figura 3.

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NEWTON C. BRAGA

É importante observar que muitos “audiófilos” acreditam que,


mesmo que não possamos ouvir sons que estejam acima dos 18 000
Hz tipicamente, a presença de componentes de frequências mais
altas, “enriquecem” o som e, portanto, devem estar presentes nos
sinais de áudio. Os músicos chegam até a dizer que são essas
harmônicas acima de 18 kHz que dão o “colorido” a uma peça
musical.
Evidentemente, trata-se de algo bastante subjetivo que ainda
hoje divide os adeptos do som analógico, inclusive separado entre os
equipamentos que usam válvulas e transistores, dos adeptos do som
digital. Assim, para essas pessoas, amplificadores de alta qualidade
devem ter faixas de reprodução que vão muito além, chegando em
alguns casos a 100 kHz ou mais!

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

O próximo passo na ação do codificador de um CODEC


consiste na conversão analógica para digital, executada por um ADC
ou Analog-to-Digital Converter. Assim, depois da preparação do
sinal com uma amostragem do valor analógico de cada fatia do sinal
amostrado, o nível de tensão ou amplitude é convertido para a forma
binária, conforme mostra a figura 4.

A qualidade da conversão de um sinal digital vai depender da


quantidade de níveis possíveis de tensão que podem ser
representados. Enfim, a qualidade da conversão será dada pelo
número de bits usados para representar cada nível do sinal
amostrado. A maioria das conversões é feita com a utilização de 16
bits, mas alguns equipamentos de fidelidade maior utilizam até 24
bits.

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NEWTON C. BRAGA

Uma vez que os sinais analógicos passam a ser representados


por uma sequência de números representando as amplitudes
instantâneas das amplitudes amostradas, passamos a fase seguinte
que consiste no processamento dessa informação (agora discreta) na
forma digital.
Além disso, nessa sequência de bits podem ser acrescidas
informações adicionais como o número de bits de quantização e a
frequência de amostragem. Essas informações adicionais são
importantes pois possibilitam que os sinais sejam transmitidos ou
armazenados numa velocidade diferente daquela em que devam ser
gravados ou transmitidos. O processamento desses sinais é feito com
a ajuda de Processadores Digitais de Sinais ou DSPs, o que significa
que algoritmos podem ser usados para incluir efeitos. Em suma, o
som agora pode ser tratado de forma matemática.
Isso significa que muitos efeitos, sons adicionais podem ser
gerados de forma matemática, gerando-se a sequência de números
que representam esses sons. Isso é feito justamente pelos
sintetizadores digitais de sons, muito usados em estúdios e outras
aplicações semelhantes. A sequência de números na forma digital
que representa o som pode então ser gravada ou transmitida de forma
muito mais consistente.
O passo seguinte consiste em recuperar o som original, o que
é feito pelo setor de decodificação. Para se obter o som na forma

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

original, analógica, já que os nossos ouvidos recebem ondas sonoras


que são sinais analógicos, o primeiro passo consiste em se fazer a
conversão da informação digital para a forma analógica, ou seja,
aplicar a informação num DAC ou Conversor
Digital-para-Analógico. Os valores digitais de cada amplitude que foi
amostrada do sinal original são convertidos em sequência, gerando
um sinal que tem a forma de onda mostrada na figura 5.

O sinal obtido está cheio de degraus e em princípio, ainda não


corresponde à forma de onda original. Para devolver ao sinal a forma
de onda original ele deve passar por um filtro passa-baixas, conforme
mostra a figura 6.

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Esse filtro elimina as componentes de frequências acima da


frequência de Nyquist, obtendo-se então um sinal analógico que
corresponde ao sinal original.

Conclusão
Além dos algoritmos digitais utilizados para processar o som,
a qualidade do som obtido depende muito do modo de aquisição
usado. Também são importantes os algoritmos usados no tratamento
do sinal, especificamente na compressão, os quais permitem que o
sinal ocupe uma quantidade de bits muito menor.
Por exemplo, na prática, um sinal de voz amostrado em 44,1
kHz pode ser comprimido sem perda apreciável de qualidade de
modo a ter uma frequência final de amostragem menor do que 8 kHz.
Isso é possível porque no sinal de voz temos uma faixa de
frequências estreitas com quase nenhuma componente acima dos 4
kHz.
Os procedimentos vistos para os sinais de áudio são bastante
semelhantes aos que vimos em série de artigos dessa revista que trata
da compressão de sinais digitais. Na figura 7 um exemplo de Codec
usado em aplicações VoIP (Voz sobre protocolo de Internet)

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Como Funciona - Aparelhos, Circuitos e Componentes Eletrônicos - Volume 42

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