Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE LICUNGO

FACULDADE DE LETRA E HUMANIDADE


REPARTIÇÃO DE SOCIOLOGIA

Docente: Riquito de Andrade


Estudante: Baltazar Vasco Paulo
Título do texto: Modernidade Reflexiva

Ulrich Beck neste capítulo aponta o desmoronamento da sociedade industrializada não como o
fim da sociedade industrial/moderna, mas como possibilidade de reinvenção da civilização. O
desmoronamento ou crise do sistema da sociedade industrial está relacionado com a emergência
do segundo lado da modernização. Até então a modernidade era sinônimo de progresso,
inovação e de esperança de um futuro melhor. Neste momento, os possíveis efeitos e ameaças da
industrialização não representavam um problema. No entanto, quando os perigos gerados pela
sociedade industrial começam a aparecer, seus aspectos passam a ser vistos como problemáticos.
Beck caracteriza este estágio da modernidade, no qual as ameaças tornam-se explícitas como:
Sociedade do Risco. Segundo o autor, a transformação da sociedade ocorre sem intencionalidade
e interferência política, já que a transição para a fase de risco se dá de forma indesejada e
despercebida. A fase da modernização reflexiva emerge de maneira silenciosa, por meio de
pequenas medidas com grandes efeitos cumulativos. Desta forma, a sociedade de risco não é uma
opção e sim uma continuidade da sociedade industrial.

Pouco a pouco, as ameaças produzem questionamentos que acabam por destruir as bases da
sociedade industrial. Ou seja, no momento em que a modernidade se olha no espelho e reflete
sobre suas próprias bases, surge a fase de modernização reflexiva. Também o autor salienta de
que, a modernização adquire sua reflexividade quando o processo de reestruturação das formas
sociais tradicionais para as formas industriais é substituído pelo processo de reestruturação das
formas sociais industriais para outro tipo de modernidade. A sociedade moderna é inerentemente
dinâmica, produzindo o fim suas próprias formas sociais A modernização reflexiva é um estágio
da modernidade em que diferentes tipos de modernização destroem e modificam uns aos outros.
Autorr ainda afirma que, a reflexividade e a impossibilidade de controle do desenvolvimento
social invadem as sub-regiões individuais, desconsiderando jurisdições, classificações e limites
regionais, nacionais, políticos e científicos. No momento em que a incerteza invade todos os
aspectos da vida social, o contexto torna-se favorável para críticas. Na modernização reflexiva
surge a base para a crítica autônoma, já que não existe um objeto definido. Nesta nova fase da
sociedade industrial, caracterizada pela reflexividade, as condutas e situações cotidianas não são
mais moldadas pela tradição. Neste contexto, o indivíduo emerge como ator, planejador e diretor
da sua própria vida. Para o autor a individualização não significa atomização, isolamento ou
solidão. Mas sim, significa a assimilação dos modos de vida da sociedade industrial pelos
próprios indivíduos. O indivíduo como autor de sua própria biografia. O fim das certezas e o fim
da necessidade de ter certezas. A individualização não é escolhida, ela é uma compulsão pela
criação da própria individualidade. Toda decisão de união entre duas ou mais pessoas passa a ser
uma decisão individual, é por isso Beck diz que os direitos sociais são direitos individuais,
direitos reivindicados por indivíduos.

O processo de individualização não se restringe ao privado, tornando-se público em um novo


sentido. O político invade arenas além das responsabilidades e hierarquias formais. Decisões
políticas não podem mais ser simplesmente aceitas, é preciso formá-las, construí-las e refletir
sobre elas. Desta forma, a política começa a determinar a política, onde a política da política tem
como consequência a reinvenção do político. O renascimento de uma subjetividade política é
chamado por Beck de subpolítica. A subpolítica surge numa multiplicidade de práticas que
modificam a estrutura da modernidade. Estas podem ser subdivididas nos três aspectos da
política: a organização institucional da política (polity), os programas políticos (policy) e o
processo de conflito político (politics). A subpolítica é uma política feita dos indivíduos para a
sociedade, não da sociedade para os indivíduos, o que não implica em perda do poder político,
mas rearranjo da política em vista da nova modernização.

Como podemos delimitar e definir a política reflexiva se esta altera suas próprias regras
constantemente? Para Beck, a política se desenvolve nos mesmos contornos, mas o político já
não se conforma a esses limites. Assim ele salienta, a política dirigida por regras e aquela que
altera as regras se sobrepõem, se misturam e interferem uma na outra. A política não pode mais
ser descrita seguindo o modelo do corpo humano, como um órgão de processamento central. A
subpolitização reflexiva da sociedade significa a auto-organização e renegociação, que por um
lado enfraquece o Estado tradicional, e por outro lado redefine as tarefas governamentais.

Você também pode gostar