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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE CIÊNCIAS APLICADA E EDUCAÇÃO


SECRETARIADO EXECUTIVO BILÍNGUE
INSTITUIÇÃO DE DIREITO PÚBLICO E PRIVADO

Discentes: Jhonata Marques, Mariana Telles, Renata Souza, Thaislane Balbino


Professora orientadora: Laura Berquó

LEI MARIA DA PENHA

Mamanguape
2020
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO: HISTÓRICO E CRIAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA 2


1.1 COMO FOI CRIADA? TEVE PRESSÃO NACIONAL OU INTERNACIONAL? 2

2 POLÍTICAS QUE DEVEM SER ADOTADAS PELOS PODERES PÚBLICOS 3


2. 1 CRIMINALIZAÇÃO 4
2. 2 MEDIDAS DE ASSISTÊNCIA E PREVENTIVAS PARA AS MULHERES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA 5

3 ASPECTOS INTERESSANTES SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E


SOBRE A LEI MARIA DA PENHA 5

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 9

REFERÊNCIAS 10

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1 INTRODUÇÃO: HISTÓRICO E CRIAÇÃO DA LEI MARIA DA PENHA

O presente trabalho tem como objetivo descrever os aspectos mais


importantes sobre a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340). O conhecimento da lei é de
fundamental importância no processo de combate a violência contra a mulher. É por
meio do conhecimento de como você pode agir em casos de violência que as
mulheres podem denunciar e se proteger.
Além da violência física, existem outros tipos de violência que são abordadas
na lei, sendo elas: física, psicológica, sexual, moral e patrimonial. Desse modo, a
violência contra a mulher é considerado crime.
A ​Lei Nº 11.340, foi sancionada no dia 7 de agosto de 2006. A vacatio legis
consiste no período em que a lei passa para entrar em vigor, desse modo, a Lei
Maria da Penha tem um período de vacatio legis de 45 dias após a sua sanção,
“esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco) dias após sua publicação” (BRASIL,
2006, artº 46). O público alvo da lei são todas as ​mulheres independentes de classe
social, raça, etnia, orientação sexual, idade e religião.

1.1 COMO FOI CRIADA? TEVE PRESSÃO NACIONAL OU INTERNACIONAL?

A elaboração e efetivação da lei Maria da Penha, foi fruto de pressão


internacional a partir da divulgação das violências domésticas sofridas por Maria da
Penha Maia Fernandes, mulher em que é intitulada o nome da lei. Enquanto sofria
os abusos por seu marido Antonio Heredida Viveros ( colombiano que atuava como
professor universitário), Maria da Penha escreveu e publicou obras, contando seus
sofrimentos e experiências abusivas em sua casa, desse modo, essas obras
repercutiram no país e no mundo.
Um aspecto que merece a atenção, é que crimes cometidos contra a mulher,
até então eram alegado e previsto pelos maridos como legítima defesa da honra,
cujo traições seria um motivo de cometer agressões para preservar a honra do
marido. Esse ato beneficiava e cobria os crimes cometidos pelos maridos contra as
mulheres (ANDRADE; ALMEIDA, 2017).

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Enquanto Maria da Penha não conseguia adquirir seus direitos ou ações
judiciais que a protegesse dessas violências pela justiça brasileira, ela recorreu à
justiça internacional, através do Centro pela Justiça e Direito Internacional (CEJIL) e
Comitê Latino Americano e do Caribe para a Defesa dos Direitos das Mulheres
(CLADEM).
Foi recomendada a finalização do processo penal do agressor de
Maria da Penha; a realização de investigações sobre as
irregularidades e atrasos no processo; a reparação simbólica e
material à vítima pela falha do Estado em oferecê-la um recurso
adequado; e a adoção de políticas públicas voltadas à prevenção,
punição e erradicação da violência contra a mulher. (CEOLIN;
BLUME, 2015, p. s/n).

Devido a esses fatores, a justiça brasileira sofreu grande opressão nacional e


principalmente internacional, sendo condenado por sua negligência, omissão e
tolerância a violência doméstica contra mulheres, sendo um dos últimos país da
América Latina a aprovar uma lei de violência contra as mulheres.
Além disso, no decorrer do seu processo de aprovação e promulgação, vários
juízes criticaram a lei como sendo inconstitucional, e culpabilizavam as mulheres por
se relacionarem com homens que cometiam esses abusos (ANDRADE; ALMEIDA,
2017). Essas críticas trouxeram consequências para um juiz chamado Edilson
Rumbelsperger Rodrigues, que foi afastado da comarca em que trabalha por fazer
declarações discriminatórias (ANDRADE; ALMEIDA, 2017).

2 POLÍTICAS QUE DEVEM SER ADOTADAS PELOS PODERES PÚBLICOS

Para a implementação da lei é necessário que os poderes municipais,


estaduais e federais criem Delegacias de Atendimento à mulher, para poder realizar
atendimentos especializados para as mulheres.
Com relação a políticas educativas, é dever desses poderes a realização de
campanhas educativas de prevenção a violência doméstica e familiar contra as
mulheres por meio das escolas e da mídia.
É necessário também a capacitação das polícias civis e militares, como é dito
na lei “a capacitação permanente das Polícias Civil e Militar, da Guarda Municipal,
do Corpo de Bombeiros e dos profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas

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enunciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça ou etnia” (BRASIL,
2006, artº 8).
Um fator importante relatado na lei precisa-se ter nos currículos escolares
conteúdos que abordem “direitos humanos, à eqüidade de gênero e de raça ou etnia
e ao problema da violência doméstica e familiar contra a mulher” (BRASIL, 2006, artº
8).
Por último, é necessário por parte dos estados e do distrito federal a criação
de políticas e estratégias para o atendimento de mulheres que sofrem violência
doméstica e familiar. Desse modo, perante a lei:

(...) darão prioridade, no âmbito da Polícia Civil, à criação de Delegacias


Especializadas de Atendimento à Mulher (Deams), de Núcleos
Investigativos de Feminicídio e de equipes especializadas para o
atendimento e a investigação das violências graves contra a mulher
(BRASIL, 2006, artº 12).

Além disso, é dever do judiciário a criação de juizados de Violência


Doméstica e Familiar contra as mulheres com profissionais especializados.

2. 1 CRIMINALIZAÇÃO

Art. 13. Ao processo, ao julgamento e à execução das causas cíveis e


criminais decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a mulher
aplicar-se-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e Processo Civil e da
legislação específica relativa à criança, ao adolescente e ao idoso que não
conflitarem com o estabelecido nesta Lei.
Além disso, a Lei Maria da Penha configura a violência contra a mulher como
crime contra os direitos humanos, “com isso, a retirou da categoria de crimes
julgados sobre preceitos da Lei 9.099/95, responsável por julgar os casos de “menor
potencial ofensivo” (ANDRADE; ALMEIDA, 2017; BRASIL, 2006, grifo do autor)
Em 2016 foi sancionada a Lei 13.104/2015 que qualifica o feminicídio como
qualificadora do crime de homicídio do código penal, desse modo, é incluído como
crime hediondo. O feminicídio é configurado perante a lei como “contra a mulher por
razões da condição de sexo feminino” (BRASIL, 2015, artº 121).

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2. 2 MEDIDAS DE ASSISTÊNCIA E PREVENTIVAS PARA AS MULHERES
VÍTIMAS DE VIOLÊNCIA

A lei prevê medidas de assistência às mulheres vítimas de violência domiciliar


e familiar. A primeira é o cadastro nos programas assistenciais do governo, e o
encaminhamento para casos judiciais como o divórcio. A lei também diz que em
caso de afastamento do trabalho, o vínculo trabalhista é mantido.
Além disso, ela tem prioridade para matricular seus filhos em instituições de
ensino próximo a sua casa, e tem total assistência caso precise de assistência
médica, incluindo a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST).
Existem também as medidas preventivas de urgência, que são: apreensão
imediata de arma de fogo do agressor, separação ou anulação de casamento, prisão
preventiva do agressor, afastamento do lar, proibição de aproximação da vítima e
dos seus familiares e a prestação de alimentos provisório. Caso o agressor
discumpra as medidas terá a detenção de três meses a dois anos.

3 ASPECTOS INTERESSANTES SOBRE A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER E


SOBRE A LEI MARIA DA PENHA

A lei possui em sua composição alguns aspectos interessantes, que


abordaremos ao longo deste trabalho. No artigo 5º diz que é dever do agressor
pagar todos os custos da vítima referente ao SUS, se ele causar lesão, violência
física ou psicológica, e ela precise do Sistema Único de Saúde. E além disso, é dito
na lei que esse ressarcimento não é considerado atenuante para o agressor. Outro
aspecto importante é o artigo 3º, abordado a seguir:

Art. 3º Serão asseguradas às mulheres as condições para o exercício


efetivo dos direitos à vida, à segurança, à saúde, à alimentação, à
educação, à cultura, à moradia, ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao
trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência
familiar e comunitária. (BRASIL, 2006)

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Além disso, é garantido por lei às mulheres vítimas de violência o
atendimento policial e especializado, que seja de preferência profissionais do sexo
feminino.
A violência contra as mulheres é um assunto muito emergente e urgente, em
virtude de que, segundo o G1 (2019), apesar do Brasil ter tido uma redução de
homicídios dolosos em 2019, houve um aumento no número de casos de
feminicídios. Ainda segundo a reportagem, são 1.314 mulheres mortas pelo fato de
serem mulheres – uma a cada 7 horas, em média, sendo o estado do Acre e
Alagoas responsáveis pela maior taxa de feminicídio do país.

Gráfico 1​ - Estatísticas de crimes contra as mulheres

Foto: Guilherme Gomes/G1

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Ao apresentar esses dados de violência contra a mulher, pode-se perceber
que, é uma consequência da ótica de inferioridade em relação aos homens,
colocando-as em uma posição de dominação, opressão durante séculos, fator
determinante para que elas sofram com tanta violência e percam sua condição como
indivíduo.

Por isso, é necessário ressaltar a importância do conhecimento da Lei


11340/2006, uma vez que, ela é responsável pelo encorajamento de denúncias e
criação de meios jurídicos para defesa de mulheres que sofrem/sofreram com a
violência domiciliar ou familiar. No entanto, é um desafio combater os números que
só crescem ao decorrer dos anos. Como podemos ver na abordagem da autora
abaixo.

Intensas disputas políticas marcam a reação social a esse tipo de violência,


abrindo um espaço relativamente amplo para negociações, ao longo do
fluxo do sistema de justiça criminal, entre diferentes interpretações acerca
da natureza do conflito e do tratamento institucional adequado. (GOMES, p.
s/n).

Apesar de pouca informação, uma vez que, a grande maioria das campanhas
contra a violência da mulher são voltadas para relações heterossexuais, outra
contribuição importante, foi amparar mulheres que independem de sua orientação
sexual, isto é, relações homoafetivas de mulheres, sejam elas lésbicas, cis ou trans,
também são passíveis de punição.

Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, ​orientação


sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos
fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as
oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde
física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. (BRASIL,
2006, art. 2, grifo nosso)

Os tipos de violências agregados são: violência física, psicológica, sexual,


patrimonial e moral, que, segundo o art 7º configura-se:

● Violência física está relacionada a qualquer tipo de conduta que vá em


contra a integridade ou saúde corporal;

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● Violência psicológica relaciona-se ao ato que lhe cause dano emocional,
diminuição da autoestima, que prejudique, perturbe, degrade ou controle o pleno
desenvolvimento de suas ações
● Violência sexual é entendida como participação de uma relação sexual não
desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a
comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de
usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao
aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação;
ou que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;
● Violência patrimonial ato que configure retenção, subtração, destruição
parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais,
bens, valores e direitos ou recursos econômicos.
● Violência moral relaciona-se a qualquer conduta que configure calúnia,
difamação ou injúria.

De acordo com a central de atendimento a mulher “​dos mais de 88 mil


atendimentos, quase 57% referiam-se a casos de violência física, seguidos de
denúncias de violência psicológica, moral, sexual e patrimonial” (JUSBRASIL, 2012),
e que, na maioria dos casos, a vítima tinha uma relação familiar com o agressor.

Apesar de, segundo a ONU, a Lei Maria da Penha ser uma das mais
avançadas do mundo com relação ao combate contra violência de gênero, como
exposto anteriormente, o número de violência contra a mulher só aumentaram com
o passar dos anos. Por isso, pode-se perceber que, há muitas falhas da sua
aplicabilidade. De acordo com a reportagem da Jusbrasil, o número insuficiente de
delegacias e situação de abandono de muitas delas, comportamento machistas dos
delegados, dificultação dos registros de boletins de ocorrência, tomadas de
depoimentos das vítimas ou testemunhas e a não atenção adequada dos Tribunais
de Justiça do País, podem explicar o não cumprimento da lei.

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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho teve como objetivo contribuir sobre o conhecimento da Lei


Maria da Penha, sua história de criação e os principais aspectos que tratam sobre a
proteção das mulheres vítimas de violência doméstica e familiar.

A pesquisa feita mostrou que apesar da criação da lei que busca erradicar a
violência e os crimes contra as mulheres, o número de casos não pararam de
crescer durante os anos, mesmo sendo considerado crime. Isso permite constatar
que o estudo e a abordagem em nível social sobre esse tema é de extrema
importância.

Diante disso, para reduzir consideravelmente o avanço do feminicídio, o


Estado brasileiro precisa adotar medidas públicas de prevenção e conscientização
da sociedade. O Pacto Nacional pelo Enfrentamento à Violência Contra a Mulher
assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em agosto de 2007, é um fato
importante com o objetivo de interligar o governo federal, dos estados e dos
municípios visando a elaboração de estratégias a fim de certificar o cumprimento de
políticas de enfrentamento à Violência contra Mulheres, pois busca garantir a
preservação e o combate à violência.

Portanto, a exposição sobre o assunto é importante, pois a partir disso


espera-se que ampliem as políticas públicas para combater a violência contras as
mulheres, e que as mulheres tenham o conhecimento e se encorajem a denunciar
esses casos.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Luciana Vieira; ALMEIDA, Marlise Miriam. A criminalização da violência


contra as mulheres no Brasil: de “legítima defesa da honra” à violação dos direitos
humanos. ​Revista Sociais e Humanas​, Rio Grande do Sul, v. 10, n. 2, 2017.

9
BRASIL. ​Lei nº 11.240​, de 7 de agosto de 2006. Lei Maria da Penha. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm>.. Acesso
em: 20 mar. 2020.

______. ​Lei nº 13.104​. Altera o art. 121 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro


de 1940 - Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora
do crime de homicídio, e o art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para
incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. 2015. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/L13104.htm>. Acesso
em: 20 mar. 2020.

BLUME, Bruno; CEILIN, Monalisa. ​O que você precisa saber sobre a lei Maria da
Penha.​ Disponível em: https://www.politize.com.br/lei-maria-da-penha-tudo-sobre/.
Santa Catarina: Politize, 2015.

GOMES, Carla de Castro. ​A Lei Maria da Penha e a criminalização dos conflitos


da intimidade​. Disponível em:
<http://www.sbsociologia.com.br/portal/index.php?option=com_docman&task=doc_d
ownload&gid=2610&Itemid=171>. Acesso em: 25 mar. 2020.

JUSBRASIL. ​Para ONU, Lei Maria da Penha é uma das mais avançadas do
mundo. ​2010. Disponível em:
<​https://ibdfam.jusbrasil.com.br/noticias/2110644/para-onu-lei-maria-da-penha-e-um
a-das-mais-avancadas-do-mundo​> Acesso: 25 mar. 2020.

______. ​Lei Maria da Penha enfrenta dificuldades para ser cumprida


integralmente. ​2013. Disponível em:
<​https://ambito-juridico.jusbrasil.com.br/noticias/100663364/lei-maria-da-penha-enfre
nta-dificuldades-para-ser-cumprida-integralmente​> Acesso: 25 mar. 2020.

VELASCO, Clara; CAESAR, Gabriela; REIS, Thiago. ​Mesmo com queda recorde de
mortes de mulheres, Brasil tem alta no número de feminicídios em 2019. ​G1​, 2010.
Disponível em:
<​https://g1.globo.com/monitor-da-violencia/noticia/2020/03/05/mesmo-com-queda-re
corde-de-mortes-de-mulheres-brasil-tem-alta-no-numero-de-feminicidios-em-2019.g
html​> Acesso: 25 mar. 2020.

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