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Diário da República, 1.

ª série

N.º 69 7 de abril de 2020 Pág. 2

PRESIDÊNCIA DO CONSELHO DE MINISTROS

Decreto-Lei n.º 13/2020

de 7 de abril

Sumário: Altera a certificação por via eletrónica de micro, pequena e média empresas.

A certificação PME é um serviço disponibilizado pelo IAPMEI — Agência para a Competitivi-


dade e Inovação, I. P., que, por via exclusivamente eletrónica, atesta o cumprimento dos critérios
de micro, pequena e média empresa por parte das empresas nacionais.
Instituído em 2007 pelo Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, em concretização do Pro-
grama Simplex de 2007, o sistema de certificação PME veio a ser distinguido com o certificado de boa
prática a nível europeu no âmbito do European Public Sector Award 2015, cujos prémios distinguem
projetos inovadores promovidos por entidades da Administração Pública a nível europeu.
Tendo em vista a melhoria da qualidade e da fiabilidade do serviço prestado, o Decreto-Lei
n.º 81/2017, de 30 de junho, introduziu um conjunto de alterações ao regime anterior com objetivo
de tornar mais rigorosas as declarações prestadas pelas empresas.
Considerando a experiência obtida com a implementação deste regime, verifica-se a necessi-
dade de proceder a uma nova alteração, que permita evitar que empresas que sejam materialmente
micro, pequenas e médias sejam impedidas de adquirir e manter o seu estatuto.
No contexto atrás descrito, o presente decreto-lei visa concretizar a medida iSimplex 2019,
designada «Certificação + Simples», comportando a revisão do enquadramento legal do regime da
«Certificação PME» e simplificar o respetivo processo de certificação eletrónica.
Introduz, por conseguinte, um conjunto de alterações à legislação atualmente em vigor, visando
centrar o sistema de certificação PME naquilo que é o seu objetivo essencial, que é o de certifi-
car, substantivamente, o estatuto de micro, de pequena e de média empresa, à luz dos critérios
legalmente estabelecidos e que reproduzem os constantes da Recomendação n.º 2003/361/CE,
da Comissão Europeia, de 6 de maio de 2003.
Deste modo, e em linha com o Código do Procedimento Administrativo, passa a sancionar-se
com a nulidade a certificação baseada em factos inverídicos ou inexistentes, mas apenas nos casos
em que de tal resulte, materialmente, a atribuição de um estatuto indevido de micro, de pequena
ou de média empresa. Isto é, esta sanção mais grave aplica-se apenas no caso de os erros ou
omissões detetadas nas declarações do requerente terem conduzido à atribuição de um estatuto
de micro, de pequena ou de média empresa que não lhe era efetivamente devido.
Por outro lado, ainda que a certificação haja sido considerada nula, a empresa pode submeter
novo pedido de certificação tendente à obtenção de um estatuto de micro, de pequena ou de média
empresa distinto daquele que lhe foi indevidamente atribuído.
De referir ainda a eliminação da sanção acessória de inibição de nova certificação prevista
na legislação até agora em vigor, privilegiando-se assim a realidade económica das empresas, no
contexto do enquadramento europeu de qualificação das pequenas e médias empresas.
Importa, mencionar, também, o aumento de 20 para 30 dias úteis, contados da data da corres-
pondente declaração anual contabilística e fiscal, do prazo para a renovação da certificação ou para a
confirmação, quando caso disso, de dados definitivos, de modo a, por via deste alargamento, potenciar
a melhoria da qualidade da informação submetida, reduzindo as situações de erro no preenchimento.
Assim:
Nos termos da alínea a) do n.º 1 do artigo 198.º da Constituição, o Governo decreta o seguinte:

Artigo 1.º
Objeto

O presente decreto-lei procede à terceira alteração ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de


novembro, alterado pelos Decretos-Leis n.os 143/2009, de 16 de junho, e 81/2017, de 30 de junho,
que cria a certificação eletrónica do estatuto de micro, pequena e média empresas.
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Artigo 2.º
Alteração ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro

Os artigos 4.º, 6.º, 7.º e 13.º do Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, na sua redação
atual, passam a ter a seguinte redação:

«Artigo 4.º
[...]

A certificação prevista no presente decreto-lei compete ao IAPMEI, I. P., o qual disponibiliza


os formulários eletrónicos no portal ePortugal, em https://eportugal.gov.pt/, garantindo a sua fiabi-
lidade e segurança.
Artigo 6.º
[...]

1 — [...].
2 — A autenticação dos interessados na plataforma prevista no presente decreto-lei utiliza os
mecanismos previstos nas Leis n.os 7/2007, de 5 de fevereiro, e 37/2014, de 26 de junho, ambas
na sua redação atual.
3 — (Revogado.)
4 — (Anterior n.º 2.)
5 — A estimativa efetuada nos termos do número anterior deve ser confirmada ou alterada
com a submissão de formulário eletrónico com os valores definitivos, até 30 dias úteis após o prazo
legalmente previsto para entrega da correspondente declaração anual contabilística e fiscal.
6 — (Anterior n.º 5.)
7 — O disposto no número anterior não se aplica a pedidos de certificação enquadráveis no n.º 4.
8 — (Anterior n.º 7.)
9 — Nas situações previstas no número anterior, a empresa submete ao IAPMEI, I. P., o for-
mulário eletrónico de certificação com os dados definitivos do exercício seguinte, até 30 dias úteis
após o prazo legalmente previsto para entrega da declaração anual contabilística e fiscal, tendo
estes dados que confirmar o conteúdo da declaração apresentada.
10 — (Anterior n.º 9.)
Artigo 7.º
Disponibilização da certificação

1 — A certificação é disponibilizada aos interessados, por via eletrónica, imediatamente após


a conclusão do preenchimento integral do formulário eletrónico e da sua submissão, tendo efeitos
a partir dessa data.
2 — A certificação conferida com recurso a estimativas cujos dados definitivos não se confir-
mem implica a alteração, com efeitos retroativos, da certificação anterior, sendo a nova certificação
disponibilizada imediatamente por via eletrónica após a introdução e submissão da informação
definitiva.
3 — A certificação resultante de erro nos dados preenchidos no formulário eletrónico pode ser
objeto de correção no prazo de 30 dias úteis após o pedido.
4 — A correção de dados implica a alteração com efeitos retroativos da certificação anterior.
5 — A certificação é indeferida, com informação imediata prestada por via eletrónica, sempre que:

a) O pedido não esteja instruído com todas as informações solicitadas no formulário eletrónico;
b) A empresa não reúna os requisitos de PME.

6 — (Revogado.)
7 — [...].
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8 — (Revogado.)
9 — O disposto no n.º 7 não se aplica às empresas previstas no n.º 4 do artigo 6.º

Artigo 13.º
[...]

1 — As empresas certificadas devem comunicar ao IAPMEI, I. P., através de formulário dispo-


nibilizado eletronicamente, as alterações aos dados declarados no processo de certificação a que
se referem as alíneas a), b) e c) do n.º 1 do artigo 6.º
2 — (Revogado.)
3 — [...].
4 — [...].»
Artigo 3.º
Aditamento ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro

São aditados ao Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, na sua redação atual, os arti-
gos 8.º-A e 9.º-A, com a seguinte redação:

«Artigo 8.º-A
Caducidade, invalidade e suspensão da certificação

1 — A certificação caduca nos seguintes casos:


a) Decurso do prazo de 30 dias úteis após a data limite de entrega da declaração anual conta-
bilística e fiscal sem que os dados definitivos do último exercício completo tenham sido submetidos
à entidade certificadora;
b) Cessação da atividade da empresa;
c) Não enquadramento superveniente nos requisitos de PME;
d) Não introdução dos valores definitivos no prazo previsto, em caso de certificação efetuada
com recurso a estimativas.

2 — A certificação é nula nos seguintes casos:


a) Quando se verifique a existência de factos inverídicos ou inexistentes nos dados declarados e de
tais factos resulte a atribuição de um estatuto indevido de micro, ou de pequena ou de média empresa;
b) Quando, por ausência de resposta às solicitações da entidade certificadora previstas no
artigo seguinte, não seja possível confirmar o estatuto de micro, ou de pequena ou de média em-
presa objeto da certificação.

3 — A nulidade é declarada pela entidade certificadora, inscrita no registo a que se refere o


n.º 1 do artigo 10.º e notificada à empresa por via eletrónica no prazo de oito dias úteis.
4 — Na situação prevista no número anterior, a empresa pode submeter novo pedido de certificação
tendente à obtenção de um estatuto de micro, de pequena ou de média empresa distinto daquele que
lhe foi indevidamente atribuído, no prazo de 30 dias úteis contados da data da notificação da declaração
de nulidade, anexando, no caso previsto na alínea b) do n.º 2, a respetiva documentação comprovativa.
5 — A certificação prevista no número anterior produz efeitos em data a determinar na decisão
do novo pedido.
6 — A certificação prevista no n.º 4 está sujeita ao pagamento de uma taxa, a realizar atra-
vés da Plataforma de Pagamentos da Administração Pública, nos termos a definir por portaria do
membro do Governo responsável pela área da economia.
7 — Sempre que não haja lugar à declaração de nulidade da certificação ao abrigo do disposto
no n.º 2, mas se verifique a existência de erros ou omissões nos dados declarados, a empresa
é notificada para proceder à sua correção, ficando a certificação suspensa até à submissão da
informação corrigida.
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Artigo 9.º-A
Fiscalização

1 — A entidade certificadora pode solicitar às empresas requerentes documentos e informações


complementares e proceder, por si ou por quem para o efeito designe, às averiguações e inquirições
que se mostrem necessárias e adequadas para confirmar o estatuto de micro, de pequena ou de
média empresa objeto da certificação.
2 — As averiguações previstas no número anterior podem ser realizadas de forma aleatória,
por amostragem, podendo a entidade certificadora solicitar a colaboração de outros órgãos da
Administração Pública ou recorrer ao serviço especializado de consultores externos.
3 — Quando sejam necessários documentos e informações complementares que estejam na
posse de outros serviços ou organismos da administração pública, para os efeitos previstos nos
números anteriores, a entidade certificadora pode recorrer à Plataforma de Interoperabilidade da
Administração Pública para a sua obtenção, nos termos do artigo 28.º-A do Decreto-Lei n.º 135/99,
de 22 de abril, na sua redação atual.»
Artigo 4.º
Norma transitória

Verifica-se a caducidade das sanções acessórias de inibição de certificação que hajam sido
aplicadas às empresas, ao abrigo da redação do Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro,
anterior à estabelecida pelo presente decreto-lei.

Artigo 5.º
Norma revogatória

1 — São revogados o n.º 3 do artigo 6.º, os n.os 6 e 8 do artigo 7.º, os artigos 8.º e 9.º e o n.º 2
do artigo 13.º do Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro, na sua redação atual.
2 — São revogados os n.os 5 a 9 do artigo 9.º do Decreto-Lei n.º 372/2007, de 6 de novembro,
na sua redação atual.
Artigo 6.º
Entrada em vigor

1 — O presente decreto-lei entra em vigor no dia 1 de julho de 2020, sem prejuízo do disposto
no número seguinte.
2 — O artigo 4.º e o n.º 2 do artigo 5.º do presente decreto-lei, entram em vigor no dia seguinte
ao da sua publicação.

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 16 de janeiro de 2020. — António Luís Santos


da Costa — Pedro Gramaxo de Carvalho Siza Vieira.

Promulgado em 31 de março de 2020.

Publique-se.

O Presidente da República, MARCELO REBELO DE SOUSA.

Referendado em 1 de abril de 2020.

O Primeiro-Ministro, António Luís Santos da Costa.


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