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Patrocínio, MG, outubro de 2016

ENCONTRO DE PESQUISA & EXTENSÃO, 3., 2016, Patrocínio. Anais... Patrocínio: IFTM,
2016.

O ANEL DE THOMSON, TAMBÉM CONHECIDO COMO O "ANEL


SALTITANTE"

Pablo Fernando de Castro Alves (IFTM - Campus Patrocínio)1;


Regina Staropoli de Azevedo (IFTM - Campus Patrocínio)2
Modalidade: Pesquisa

Resumo:
Atualmente, a tecnologia está presente no cotidiano de praticamente todas as
pessoas, e cresce cada vez mais com a utilização de dispositivos móveis
portáteis. A transmissão de energia já ocorre através da tecnologia de indução
eletromagnética. O objetivo desse projeto foi montar um protótipo sobre o
assunto, onde um anel metálico condutor é colocado sobre uma bobina com
um núcleo de ferro maciço, fazendo com que o anel “salte” quando um
interruptor permite a passagem de corrente. A metodologia é baseada em
pesquisas bibliográficas, exploratórias e técnicas. O protótipo possibilita uma
melhor visualização sobre a indução eletromagnética, mostrando o princípio de
funcionamento de dispositivos que usamos no nosso dia-a-dia.
Palavras-chave: Eletromagnetismo; indução magnética; Lei de Lenz.

Introdução
A energia elétrica está em todos os lugares e por isso há uma
grande necessidade de ter sua disponibilidade para ser usada em várias
situações. O ramo da ciência que estuda energia elétrica é a parte da física
conhecida como eletromagnetismo, visto em Ensino Médio e em cursos
técnicos em eletrônica, onde essa matéria é intensamente estudada.
Devido a tecnologia atual, cresce cada vez mais o número de
pessoas que usam dispositivos móveis portáteis como por exemplo: o celular, a
internet wireless, o bluetooth, e outros. Isso se dá graças ao estudo de

1
Estudante do Curso Técnico em Eletrônica Integrado ao Ensino Médio, bolsista PIVIC.
fernandopablo44@gmail.com
2
Professora Orientadora, Dra. Física Nuclear. reginastaropoli@iftm.edu.br
interações eletromagnéticas e de como elas podem ajudar na melhoria do
desenvolvimento tecnológico.
Para entender essa tecnologia é necessário conhecer um fenômeno
dentro do eletromagnetismo conhecido como a Lei de Indução, descoberta por
Michael Faraday (1791 - 1867), como pode ser visto nas referências
(HALLIDAY; RESKICK; WALKER, 1996; NUSSENZVEIG, 1997; RESNICK;
HALLIDAY; KRANE, 1996; TIPLER, 1995), e também nas referências de física
do Ensino Médio como (FERRARO; TORRES; PENTEADO, 2012; MARTINI et 265
al., 2013; SAMPAIO; CAIO, 2005; XAVIER; BENIGNO, 2010). De acordo com
Schneider e Ertel (1998), há muitos anos que existe a pesquisa sobre a
transmissão de energia sem fio. Ainda de acordo com Schneider e Ertel (1998),
o cientista Nikola Tesla (1858-1943) já usava a indução eletromagnética no
final do século XIX para acender lâmpadas de baixa potência. Por volta de um
século depois, os pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology
(Instituto Tecnológico de Massachusetts), M.I.T., foram capazes de transmitir
energia usando a indução eletromagnética.
Dentre os objetivos específicos pode-se citar o uso de leituras
bibliográficas para entender os conceitos de indução eletromagnética e a Lei de
Lenz. O uso de meios tecnológicos de comunicação como internet para obter
quais os materiais necessários para construir o Anel de Thomson, também faz
parte do projeto.
O objetivo mais importante dessa pesquisa foi aprender a resolver
não só o problema, em questão, usando raciocínio lógico, matemática básica,
conceitos e princípios fundamentais de eletromagnetismo, mas também outros
problemas do cotidiano que envolvem o tema de indução eletromagnética,
como por exemplo: indutores e transformadores.
A metodologia foi de cunho bibliográfico para estudar, entender e
debater em reuniões semanais o tema proposto. Depois de entendido o
conteúdo, montou-se o Anel de Thomson com a ajuda de vídeos. E então, foi
possível fazer alguns cálculos, utilizando matemática já compreendida por um
aluno do Ensino Médio, para obter resultados de um dispositivo que usa os
mesmos conceitos aprendidos, o transformador.
Para entender como funciona o fenômeno da indução
eletromagnética, precisa-se entender o conceito de fluxo magnético, e para
isso precisa-se entender o que é um campo magnético.
O campo magnético é uma região em torno de um imã, uma carga
em movimento ou uma corrente que faz com que esses materiais exerçam
alguma força de atração ou repulsão sobre outros materiais. O caso do fio
percorrido por uma corrente foi primeiramente observado pelo cientista Hans
Christian Oersted (1777 - 1851), que notou de acordo com Nardi (apud SOUZA 266
FILHO, 2004), em 1819, a deflexão do ponteiro de uma bússola ao ser
colocada perto do fio. Conforme Nardi (apud SOUZA FILHO, 2004), André-
Marie Ampère (1775 - 1836), também notou, em 1820, que uma barra de ferro
com um fio condutor espiralado ao seu redor se comportava como um ímã.
Ainda de acordo com Rival (apud SOUZA FILHO, 2004), Faraday, baseado
nesses dois cientistas, demonstrou que correntes eletromagnéticas criam
campos magnéticos, e que o vice-versa também ocorre, ou seja, que campos
magnéticos também criam corrente. Faraday descobre, assim, a indução
magnética e o poder de transformar magnetismo em eletricidade.
O fluxo magnético pode ser pensado como sendo o número de
linhas de indução que atravessam uma superfície qualquer, assim quanto
maior o número de linhas que atravessam a superfície maior será o valor do
fluxo magnético e vice-versa.
Quando o fluxo magnético varia na superfície de uma espira, surge
nela uma corrente elétrica denominada corrente elétrica induzida. Esse
fenômeno é chamado de indução eletromagnética. O transformador é um
exemplo de aparelho que produz indução eletromagnética.
Há algumas maneiras de variar o fluxo do campo magnético sobre
uma espira. Uma delas consiste em variar o ângulo entre a normal da espira e
o fluxo. Ao girar a espira continuamente, tem-se um gerador elétrico. Outras
maneiras consistem em variar a intensidade do campo magnético, ou até
mesmo variar a área da espira através do movimento unidimensional de um
dos lados da espira, se este estiver, por exemplo, em um trilho.
O próximo passo para se entender o que acontece durante uma
indução, ou seja, quando um condutor repele ou atrai outro é estudar a Lei de
Lenz.
Quando um imã se aproxima de uma espira em repouso, o fluxo
magnético pela espira aumenta e uma corrente é induzida nela. Essa corrente
produz um campo magnético induzido com polaridade contrária ao campo
magnético indutor (gerado pelo imã), impedindo que o fluxo magnético
aumente.
Quando um imã se afasta de uma espira estacionária, o fluxo
magnético que entra pela espira decresce e uma corrente é induzida na espira.
Essa corrente cria um campo magnético induzido com uma polaridade que 267
impeça a diminuição do fluxo magnético.
Assim,

[...] o sentido da corrente induzida é tal que, por seus efeitos, opõe-se
à causa que lhe deu origem, ou ainda, o sentido da corrente induzida
é tal que origina um fluxo induzido que se opõe à variação do fluxo
magnético indutor. (FERRARO, 2012, p. 629)

Alguns exemplos onde ocorrem indução magnética no cotidiano


seriam: no disjuntor diferencial (interruptor de falha de aterramento), na guitarra
elétrica, na gravação magnética, no transformador, etc. Para a compreensão
do assunto na prática, estudou-se o transformador.
Um transformador é um dispositivo destinado a transmitir energia ou
potência de um circuito a outro, através da alteração de tensões e correntes
que entram e saem dele, e é utilizado quando se quer aumentar ou diminuir a
tensão elétrica. Existem vários tipos de transformadores, mas basicamente eles
consistem, cada um, de um circuito magnético, por exemplo um núcleo de
ferro, que "une" duas ou mais bobinas. A bobina "na entrada", ou seja, no lado
primário do transformador tem certo número de espiras, e a bobina "na saída",
no lado secundário, tem um número diferente de espiras. A razão entre as
tensões de entrada e de saída corresponde exatamente a razão entre o
número de espiras no primário e no secundário.
Assim, se alguém morar em uma região do Brasil onde a tensão nas
residências é de 220 V e se mudar para outra cuja tensão é de 110 V, poderá
usar um transformador onde a razão entre o número de espiras é 0,5. Por
exemplo, tal pessoa poderia construir um transformador com 500 espiras no
primário e 250 no secundário.
Neste ponto da pesquisa, foi possível construir o Anel de Thomson,
cujo nome se deu em homenagem ao físico norte-americano Elihu Thomson
que o inventou no século XIX. Tal aparato consiste na "levitação" ou no "salto"
de um anel metálico por um eletroímã, mostrando-se ser uma demonstração
fascinante, além de ser experimento bastante comum nos cursos de graduação
em grandes universidades em todo o mundo. O anel consiste de um condutor
(normalmente cobre ou alumínio em formato de anel) colocado sobre uma
bobina/solenóide com um núcleo de ferrite, ou ferro doce, como pode ser visto 268
nas referências (FERREIRA; SOARES, 2015; ORR; HOLMES; BARRUETO,
2008).
O experimento funciona da mesma maneira que um transformador, a
bobina no secundário consiste apenas de uma volta de fio - o anel metálico. Já
a bobina no primário é feita por meio de voltas de fio condutor ao redor de um
cilindro de ferro doce.
Para a construção da porção primária do aparato foi usado um
núcleo de ferro com 1,0 cm de diâmetro, e sobre ele foi feito um enrolamento
de 600 voltas de fio de cobre. A parte secundária do aparato consistia apenas
de um anel de alumínio de 1,0 cm de largura e 2,5 cm de diâmetro. Para
segurar o anel, colocou-se um CD.
Ao ligar o aparato na tomada, o anel saltou. A explicação para isso é
que quando a bobina do primário foi ligada em uma fonte de corrente alternada
( tomada), passou por ela uma corrente que gerou um campo magnético. Este
causou um aumento de fluxo sobre o anel metálico. A variação do fluxo no anel
metálico gerou nele uma corrente induzida que criou um campo magnético
induzido no sentido oposto ao campo magnético gerado no primário. De acordo
com Hall (1997) e Schneider e Ertel (1998), essa oposição de campos
magnéticos funcionam como polos opostos em um ímã e se repelem
fortemente. Pode-se ainda verificar, com o intuito de explorar os conceitos
físicos, que um anel "quebrado" não causa nenhum efeito de suspensão, já que
não há a possibilidade de passar uma corrente nele. Em compensação, se o
anel inteiro for previamente resfriado em nitrogênio líquido, o efeito é
amplificado, pois a resistência dele é diminuída.
Conclui-se, então, que somente com os conceitos físicos estudados
no Ensino Médio é possível analisar algumas das consequências da indução
eletromagnética no nosso cotidiano. Após diversos trabalhos de pesquisas e
reuniões, foi possível compreender o porquê alguns geradores e instrumentos
elétricos funcionam mesmo com algumas partes que "parecem estar não
conectadas".
Os resultados obtidos atenderam os objetivos iniciais do projeto,
desde o levantamento de dados até a construção do anel de Thomson.
Os experimentos realizados com o anel de Thomson permitirão ao
estudante de Ensino Médio a entender melhor o conceito de indução 269
magnética, e também a repulsão entre polos opostos em um imã. O aluno
poderá, ainda, indagar outros aspectos de seu cotidiano que envolvem o
mesmo conceito.

Metodologia
A orientação da pesquisa teve ênfase bibliográfica, exploratória e
técnica e foi feita de maneira a atender aos objetivos.
No decorrer da pesquisa, foram realizados estudos sobre o conteúdo
através de livros e internet, além de executadas reuniões nas quais eram
discutidos e debatidos os conceitos físicos aplicados no estudo de indução
eletromagnética, da Lei de Lenz, do Anel de Thomson e da construção dele.
Primeiramente, informações sobre o Anel de Thomson foram obtidas através
do youtube, somente então os estudos em indução eletromagnética
começaram.
Nessa pesquisa, a matemática foi bem simples, embora maiores
detalhes não foram almejados, e a matéria foi conteúdo de física do Ensino
Médio, o eletromagnetismo, porém com análise mais qualitativa do que
quantitativa. Foi visto, também, que o conceito aprendido se aplicava em outras
áreas do cotidiano e por isso foi adicionado um estudo sobre transformadores,
dispositivo usado no cotidiano de muitas pessoas. Além disso, através de
bibliografias e ajudas online foi possível fazer alguns cálculos sobre
transformadores.
Quanto à parte prática, usamos materiais simples para construir o
Anel de Thomson, o demonstrativo da indução magnética (que é o objetivo do
projeto).
Referências

FERRARO, Nicolau G; TORRES, Carlos M.; PENTEADO, Paulo C. Física -


Volume Único. 1. ed. São Paulo: Moderna, 2012.

FERREIRA, Bianca R.; SOARES, David M. Relatório Final de


Instrumentação para o Ensino: Anel de Thomson: Princípio da Suspensão
num campo magnético alternado. Disponível em: <
http://www.ifi.unicamp.br/~lunazzi/F530_F590_F690_F809_F895/F809/F809_s
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270
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02, p. 80-83, 1997.

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NUSSENZVEIG, H. Moysés. Curso de Física Básica – 3 - Eletromagnetismo.


1. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1997.

ORR, Rusty; HOLMES, Cindy; BARRUETO, Roberto. Physics Lecture


Demonstration: Faraday's Law. Jumping Rings: High current AC coil causes
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Acesso em: 17 nov. 2015.

RESNICK, Robert; HALLIDAY, David; KRANE, Kenneth S. Física. v.3, 3. ed.


Rio de Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1996.

SAMPAIO, José L.; CAIO, Sérgio. C. Física. Volume Único. 3. ed. São Paulo:
Atual editora, 2005.

SCHNEIDER, Carl S.; ERTEL, John P. A classroom jumping ring. American


Journal of Physics, v. 66, n. 08, p. 686-692, 1998.

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uma análise de conteúdo das práticas de eletricidade e magnetismo. 2004. 133
p. Dissertação (Mestrado em Educação para Ciências) - Faculdade de
Ciências, Universidade Estadual de São Paulo, 2004, p. 19. Disponível em: <
http://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/90874/souzafilho_mp_me_b
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XAVIER, Claudio; BENIGNO, Barreto. Coleção Física. Aula por Aula. v.2. São
Paulo: FTD, 2010.

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