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Motores de Corrente Contínua

Jéferson Ferronato
Universidade Federal do Pampa – Engenharia de Energias Renováveis e Ambiente – EERA UNIPAMPA, CEP 96400-000,Bagé (RS), Brasil
e-mail: jeferronato@hotmail.com

Resumo - Nesse relatório serão relatadas as De Magnete, descrevendo a força de atração


características de uma máquina de corrente magnética. A primeira máquina eletrostática foi
contínua. Tal como seu funcionamento e construída em 1663, pelo alemão Otto von
função, e os resultados do experimento Guericke, e aperfeiçoada em 1775 pelo suíço
realizado. Este que tinha como objetivo achar Martin Planta.
os valores da corrente, tensão e rotação O físico dinamarquês Hans Christian
experimentalmente para que fosse possível Oersted, ao fazer experiências com correntes
gerar os gráficos da relação de tais incógnitas. elétricas, verificou em 1820 que a agulha
Com isso pode-se observar matematicamente magnética de uma bússola era desviada de sua
se os resultados encontrados na prática são posição norte-sul quando esta passava perto de
validos, cujo tais se mostraram aceitáveis e um condutor no qual circulava corrente elétrica.
condizentes com as equação já pré- Em 1832, o cientista italiano S. Dal
estabelecidas pela literatura. Negro construiu a primeira máquina de corrente
alternada com movimento de vaivém. Já no ano
Palavras-Chave – Máquina CC, Tensão e de 1833, o inglês W. Ritchie inventou o
Corrente. comutador construindo um pequeno motor
elétrico onde o núcleo de ferro enrolado girava
I. INTRODUÇÃO em torno de um ímã permanente. Pixii ao
construir um gerador com um ímã em forma de
O ano de 1886 pode ser considerado, ferradura que girava diante de duas bobinas fixas
como o ano de nascimento da máquina elétrica, com um núcleo de ferro. A corrente alternada era
pois foi nesta data que o cientista alemão Werner transformada em corrente contínua pulsante
von Siemens inventou o primeiro gerador de através de um comutador.
corrente contínua auto-induzido. Entretanto esta Grande sucesso obteve o motor elétrico
máquina que revolucionou o mundo em poucos desenvolvido pelo arquiteto e professor de física
anos foi o último estágio de estudos, pesquisas e Moritz Hermann von Jacobi – que, em 1838,
invenções de muitos outros cientistas, durante aplicou-o a um bote. Alimentados por células de
quase três séculos. baterias, o bote transportou 14 passageiros e
Em 1600 o cientista inglês William navegou em uma velocidade de 4,8 quilômetros
Gilbert publicou, em Londres a obra intitulada por hora.
Somente em 1886 Siemens construiu um II. ANÁLISE TEÓRICA
gerador sem a utilização de ímã permanente,
provando que a tensão necessária para o Diz-se que uma máquina é de corrente
magnetismo poderia ser retirado do próprio contínua quando em todos os seus terminais as
enrolamento do rotor, isto é, que a máquina podia grandezas que a caracterizam (tensões e
se auto-excitar. O primeiro dínamo de Werner correntes) são unidirecionais.
Siemens possuía uma potência de Os motores de corrente possuem grande
aproximadamente 30 watts e uma rotação de versatilidade em seu controle da velocidade, que
1200rpm. A máquina de Siemens não funcionava pode ser implementado de forma bastante
somente como um gerador de eletricidade, mas simples ao se atuar no nível de tensão aplicada.
também podia operar como um motor, desde que Isto resultou, durante muito tempo, no uso
se aplicasse aos seus bornes uma corrente preferencial destes motores para os processos de
contínua. automação. Uma importante classe de motores de
Foi o engenheiro eletricista corrente contínua, os de ímãs permanentes, é
Dobrowolsky, da firma AEG, de Berlim, entrou amplamente utilizada em nível industrial.
em 1889 com o pedido de patente de um motor Um motor CC nada mais é do que um
trifásico com rotor de gaiola. O motor motor alimentado por corrente contínua (CA),
apresentado tinha uma potência de 80 watts, um sendo esta alimentação proveniente de uma
rendimento aproximado de 80% em relação a bateria ou qualquer outra de alimentação CC. A
potência consumida e um excelente conjugado de sua comutação (troca de energia entre rotor e
partida. As vantagens do motor de corrente estator) pode ser através de escovas (escovado)
alternada para o motor de corrente contínua eram ou sem escovas (brushless) e com relação a
marcantes: construção mais simples, silencioso, velocidade, o motor CC pode ser controlado
menos manutenção e alta segurança em apenas variando a sua tensão, diferentemente de
operação. Dobrowolsky desenvolveu, em 1891, a um motor elétrico de corrente alternada (CA)
primeira fabricação em série de motores cuja a velocidade é variada pela frequência.
assíncronos, nas potências de 0,4 a 7,5 kW. [1] Tal como as outras máquinas eléctricas
rotativas, a máquina de corrente contínua é
constituída por duas partes principais:
1. Uma parte fixa, o estator, destinada
fundamentalmente à criação do fluxo indutor.
2. Uma parte móvel, designada por rotor,
que contém duas peças essenciais: O
enrolamento do induzido onde se processa a
conversão de energia mecânica em eléctrica e
vice-versa, e o colector que constitui um
conversor mecânico de "corrente alternada-
corrente contínua" ou vice-versa. A figura 1
mostra o motor e suas partes, neste trabalho não
serão citadas todas estas pois não é o objetivo de Figura 2 – Ação a corrente elétrica no campo
tal. magnético

Ao alimentar o comutador com tensão


CC, é gerada uma corrente contínua que é
transferida para a bobina através do contato das
escovas do comutador com esta bobina. Assim, a
função do comutador é ser o elo entre a fonte de
alimentação e o rotor do motor CC e ele é
composto por escovas condutoras que fazem o
contato com o eixo girante do motor CC.
Figura 1 – Partes de um motor CC
O campo magnético é gerado entre os
pólos norte e sul do ímã e possui um sentido
A. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO.
partindo do norte para o sul. O torque que vai
impulsionar a bobina e por sua vez o rotor será
O princípio básico de funcionamento do
proporcional ao campo magnético entre os ímãs.
motor CC é que sempre que um condutor
A direção da força mecânica é dada pela regra da
conduzindo uma corrente elétrica é colocado em
mão direita. Isso pode ser melhorar observado na
um campo magnético, este condutor experimenta
figura 3.
uma força mecânica gerando o torque e o giro do
eixo do motor. Isso pode ser visto na figura 2.
armadura quanto o enrolamento do estator
são ligados em paralelo com a alimentação, a
figura 4 mostra isto.

Figura 3 – Demonstração campo magnético

Figura 4 – Excitação em paralelo


O rotor movimenta-se assim gerando uma
força mecânica que faz com que o motor • Máquinas de excitação em série: prioriza o

movimente a carga nele acoplado. [2] torque da máquina, seu enrolamento tem
poucas espiras, o condutor é mais grosso e

B. Classificação das máquinas de corrente sua regulação de velocidade não é fácil de se

contínua. alcançar. Neste caso a própria corrente do


induzido que vai provocar o fluxo magnético.

As máquinas de corrente contínua podem ser A demonstração de um circuito de excitação

classificadas quanto ao modo de alimentação do em série pode ser vista na figura 5.

enrolamento do indutor, por:


• Máquinas de excitação independente: a
máquina é alimentada por duas fontes de
energia separada, para funcionamento como
motor. E para funcionamento como gerador,
Figura 5 – Excitação em série
não se utilizada a tensão fornecida pela
máquina para o indutor, ele é alimentado por
• Máquinas de excitação composta: é a união
uma fonte independente. Tem facilidade do
das duas máquinas citadas anteriormente,
controle da velocidade de saída.
apresenta enrolamento de campo
independente, um fluxo mínimo mesmo com
• Máquinas de excitação em derivação
o motor à vazio e podem ser ligados para
(paralelo): Apresenta boa regulação de
somar ou subtrair a força magneto motriz.
velocidade, prioriza a rotação e tanto a
Alia o bom controle de velocidade da
máquina em paralelo e o alto torque da existindo o campo também não haverá tensão
máquina em série. A demonstração de um induzida. [3]
circuito de excitação composta pode ser vista
na figura 6.

Figura 6 – Excitação composta

As curvas características de velocidade


em função do torque para vários tipos de motores
de corrente contínua são apresentadas na figura
7. O motor série apresenta uma grande variação Figura 7– Tensão x corrente para geradores CC
de velocidade à medida que aumenta o torque
desenvolvido pelo motor.
III. ANÁLISE EXPERIMETAL

A parte experimental da prática consistia na


análise do gerador CC com ponte, onde um
gerador estava acoplado a um motor e com o
auxílio de um inversor era possível controlar a
frequência. Os dados do motor e gerador estão na
tabela 1 e 2, respectivamente.
Figura 7– Velocidade x torque para motores CC

A Figura 8 apresenta as curvas características


de tensão por corrente em geradores de corrente
contínua. Pode se observar que o motor CC sem
carga não gera tensão nenhuma, pois sem carga
não corrente no enrolamento de campo e não
Motor de indução trifásico marca possível compreender o que acontece com a
Voges
Modelo 3OT54 tensão através da variação de rotação.
KW (hp-cv) 0.37 (1/2)
Frequência 60 Hz
Os dados foram tabelados e assim gerando o
Tensão 220/380 V gráfico 1.
rpm 1730
Corrente 2.5/1.5 A Rotação x Tensão nos terminais
FS 1.26
Ip/In 5.4 80
Rendimento 66%
60

Tabela 1 – Dados motor 40

20
Gerador
0
KW 0.2
290 590 890 1189 1490 1795
Tensão 115 V
rpm 1750
Gráfico 1 – Rotação x Tensão nos terminais
Corrente 1.8/05 A

Tabela 2 – Gerador Após está etapa foi adicionada uma carga


ao motor para ver qual a influência da carga sobre
Com isso, foi ajustado para uma frequência a tensão e a corrente dos terminais e sob a
de 10 Hz e variando deste mesmo valor até corrente de carga, assim com os dados obtidos
chegar a 60 Hz. A figura 8 é uma imagem do pode-se chegar ao gráfico 2 e 3.
experimento montado em aula.

If x Vt
140
120
100
80
Vt

60
40
20
0
Figura 8– Experimento montado 0.038 0.086 0.138 0.23 0.27 0.31 0.353 0.4 0.43
If

Assim em cada variação de frequência era Gráfico 2 – Corrente x Tensão nos terminais
medida a rotação do experimento, para que fosse
Icarga x Vt
60 No gráfico 2 nota-se que a corrente do
58
56
campo de derivação diferentemente do gráfico 1,
54 não varia linearmente com a tensão nos
52
50 terminais, ela varia de uma forma quadrática. A
48
46 corrente do campo de derivação pode ser
0.08 0.16 0.33 0.55 0.62 0.70 0.84 1.03 1.17
determina pela equação 4.
Gráfico 3 – Corrente de carga x Tensão nos terminais

Ia= Il ± If Equação 4

IV. RESULTADOS
Logo aumentando o valor de If
aumentaria o valor de Ia, aumentando tal valor o
Pelo gráfico 1 nota-se que a tensão
resultante da tensão nos terminais será maior,
aumenta linearmente com a rotação, isso pode ser
como pode ser visto na equação 3, claro havendo
provado matematicamente, observando a
uma contribuição importante dos valores de
equação 1 percebe-se que quanto maior a rotação
resistência para o resultado final. [4]
maior o ω.
No gráfico 3 pode se notar que o valor da

𝑅𝑜𝑡𝑎çã𝑜∗2∗𝜋 tensão nos terminais diminui quase que


𝜔 = Equação 1
60
linearmente com o aumento da corrente pois
nesse caso a máquina opera como gerador, onde
Logo substituindo o valor resultante na
nas equações mostradas acima invés de somar os
equação vemos que quanto maior o valor de ω,
valores, eles serão subtraídos. Com isso os
maior será o valor de tensão da armadura.
valores se tornam decrescentes como mostrados
no gráfico.
𝜔
𝐸𝑎 = (𝜔0) ∗ 𝐸𝑎0 Equação 2
V. CONSIDERAÇÕE FINAIS
E observando a equação 3 vemos que
quanto maior a tensão na armadura, maior será a A prática se mostrou eficaz, pois os
tensão nos terminais. valores adquiridos experimentalmente se
equivalem quando feita uma análise matemática
Vt= Ea ± Ia*(Ra+Rs) Equação 3 com as equações conhecidas. Pode-se perceber
que é importante controlar as tensões dos
terminais, para que seja possível prever a
corrente resultante.
A rotação é um fator importante para
controlar a tensão nos terminais, pois quanto
maior a rotação maior será a tensão. E por fim
quanto maior a carga maior será a corrente gerada
no motor, o que é se suma importância na hora de
escolher o motor adequado para sua necessidade.

VI. REFERÊNCIAS

[1]www.coladaweb.com/fisica/eletrica acessado
em 10 de dezembro às 00:17.
[2] www.citisystems.com.br/motor-cc/ acessado
em 10 de dezembro de 2017 às 00:52.
[3] Fitzgerald, “Máquinas elétricas”, 6ª Ed., São
Paulo: McGraw-Hill, 2006.

[4] Del Toro, “Fundamentos de máquinas


elétricas”, Rio de Janeiro: LTC, 1994

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