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2ed.
Reitor
Helvécio Luiz Reis
Coordenador UAB/NEAD/UFSJ
Heitor Antônio Gonçalves
Comissão Editorial:
Fábio Alexandre de Matos
Flávia Cristina Figueiredo Coura
Geraldo Tibúrcio de Almeida e Silva
José do Carmo Toledo
José Luiz de Oliveira
Leonardo Cristian Rocha
Maria Amélia Cesari Quaglia
Maria do Carmo Santos Neta
Maria Jaqueline de Grammont Machado de Araújo
Maria Rita Rocha do Carmo (Presidenta)
Marise Maria Santana da Rocha
Rosângela Branca do Carmo
Rosângela Maria de Almeida Camarano Leal
Terezinha Lombello Ferreira
Edição
Núcleo de Educação a Distância
Comissão Editorial - NEAD-UFSJ
Capa
Eduardo Henrique de Oliveira Gaio
Diagramação
Luciano Alexandre Pinto
SUMÁRIO
REFERÊNCIAS 41
Pra começo de conversa...
Prezado(a) Estudante:
A Educação a Distância tem representado, ao longo de sua história e cada vez mais, uma
modalidade educacional responsável pela inclusão social de um contingente inumerável
de pessoas que buscam oportunidades de educação para a conquista de seus direitos de
cidadãos.
Embora bastante disseminada e bem aceita mundialmente, ainda é uma modalidade vista
com certo preconceito e algumas restrições. Romper com essa resistência e demonstrar a
relevância e validade dessa forma de ensinar e aprender precisa se tornar compromisso
de todos nós alunos e educadores envolvidos neste importante processo.
A busca pela melhoria da qualidade de vida do homem e do mundo passou, passa e passará
sempre, obrigatoriamente, pela questão educacional. Portanto, para que as transformações
sociais ocorram, a necessidade de se investir em uma forma de educação que alcance um
número, cada vez maior de pessoas, em todas as partes do mundo, se faz urgente.
Assim, convidamos você para iniciar conosco um diálogo sobre questões relativas à
Educação a Distância, através desta primeira Unidade Curricular do curso, denominada
Introdução à Educação a Distância.
Bom Estudo!
Marise, Rosângela e Aline
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unidade 1
Objetivos
Problematizando
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unidade 1
Educação a Distância: algumas considerações
Educação a Distância não é uma nova modalidade de educação. Suas origens estão
relacionadas às necessidades de preparo profissional e cultural daqueles que, por vários
motivos, não podiam frequentar um estabelecimento de ensino presencial. É recorrente
encontrarmos definições que colocam a Educação a Distância como modalidade de
educação que vem substituir a educação presencial, no entanto, é preferível afirmar que
são modalidades de educação distintas, mas que se completam, e se põem adequadas a
contextos também distintos.
O termo EaD é indistintamente tratado como ensino a distância, Educação a Distância ou,
ainda, como aprendizagem a distância (e-learning).
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Aprendizagem: Ato ou efeito de aprender, especialmente profissão
manual ou técnica. O exercício ou prática inicial da matéria aprendida;
experiência, tirocínio.
Percebe-se pela definição do dicionário que o termo ENSINO está mais ligado às atividades
de instrução e treinamento. O termo EDUCAÇÃO refere-se à prática, ao ato e ao processo
e está, de certa maneira, vinculado à Arte. APRENDIZAGEM refere-se mais ao ato ou ao
efeito de aprender.
Após essas considerações concordamos com Mill (2009) e optamos pelo o conceito de
Educação a Distância - EaD, por nele agregar “uma visão mais sociointeracionista, que
vem a destacar o processo de educação‑aprendizagem como um todo, em que o estudante
e a construção compartilhada do conhecimento se dão pelas interações dialógicas entre os
diferentes participantes desse processo” (p. 31). Já em relação ao termo Ensino a Distância
entendemos que, neste conceito, o foco está na emissão de conteúdos e no professor, onde
o centro do processo está na educação e desvaloriza- se a aprendizagem (mesmo que
involuntariamente).
Para G. Dohmem apud Nunes (1992), Educação a distância (Ferstüdium) é uma forma,
sistematicamente organizada, de autoestudo, através da qual o aluno se instrui a partir
do material de estudo que Ihe é apresentado, e o acompanhamento e a supervisão do
sucesso do estudante são levados a cabo por um grupo de professores. Isso é possível
de ser feito a distância através da aplicação de meios de comunicação capazes de vencer
longas distâncias. O oposto de “Educação a Distância” é a “educação direta” ou “educação
face a face”: um tipo de educação que tem lugar com o contato direto entre professores e
estudantes.
Aretio (1995), vem ampliar este conceito ao dizer que Educação à Distância é um sistema
tecnológico de comunicação bidirecional, que substitui o contato pessoal professor/aluno,
como meio preferencial de ensino, pela ação sistemática e conjunta de diversos recursos
didáticos e pelo apoio de uma organização e tutoria, que possibilitam a aprendizagem
independente e flexível dos alunos.
Sarramona (1986) define a EaD como um processo que exige todas as condições inerentes
a qualquer sistema educacional, a saber: planejamento, orientação do processo e avaliação.
Para Preti (1996), a Educação a Distância deve ser compreendida como uma “prática
educativa situada e mediatizada, uma modalidade de se fazer educação, de se democratizar
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unidade 1
o conhecimento”, onde o conhecimento deve estar disponível a quem se dispuser a conhecê-
lo, independentemente do lugar, do tempo e de engessadas estruturas formais de ensino.
Armengol apud Santos (2008), esclarece que é importante ter em conta que a educação
aberta e a distância não é uma solução imediata nem pretende substituir a educação
presencial (tradicional). Nenhum país deve tomar a decisão de criar um sistema de
Educação a Distância sem antes ter completado um exame sistemático acerca de sua
plena justificação, das necessidades educativas-chave e das possibilidades dos sistemas
existentes. Por outro lado, não existe um modelo único e rígido de Educação a Distância;
pelo contrário, a riqueza de modelos e combinações possíveis exigem que, em cada caso,
se escrevam criativamente metodologias e esquemas que resultem nas mais apropriadas,
levando em conta as necessidades, condições e meios de cada situação particular.
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a forma de educação que se baseia na crença no Homem e em suas potencialidades,
como sujeito ativo de sua própria aprendizagem. Parte esta modalidade de educação do
princípio de que o ser humano, independentemente de escolas ou de professores, pode se
autodesenvolver, o que é mais do que comprovado pelo imenso número de autodidatas
que tantos benefícios já proporcionaram à sociedade.
DICA
Enquanto prática educativa, a Educação a Distância tem como objetivo primordial
a democratização e o compromisso com um público que apresenta características
peculiares: adultos inseridos no mercado de trabalho, que residem em locais
distantes das universidades, tendo uma carga horária reduzida para estudo
presencial. Dessa forma, a Educação a Distância tem por objetivos: democratizar o
acesso à educação; propiciar uma aprendizagem autônoma e ligada à experiência;
promover uma educação inovadora e de qualidade e incentivar a educação
permanente.
Isso mostra que a EaD direciona uma alternativa possível à democratização das
oportunidades educacionais para um público-alvo específico, e que por isso não vem
suplementar a educação regular. São modalidades de educação distintas, mas que se
completam.
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unidade 1
Dessa maneira, a Educação a Distância (EaD) surgiu como alternativa para atender às
necessidades diversificadas e dinâmicas de educação e formação de adultos, que, aliada
às exigências sociais e pedagógicas e tendo como suporte os avanços tecnológicos da
informação e da comunicação, oferece possibilidade de atendimento a esse público com
perfil diferenciado: - adultos inseridos no mercado de trabalho, residentes em locais
distantes dos núcleos de educação, heterogêneo e com pouco tempo para os estudos.
ATENÇÃO
A Educação a Distância apresenta como características a formação permanente, a
eficácia, a adaptação, a flexibilidade e a abertura. Essas características proporcionam
aos estudantes superação de barreiras existentes nas instituições de educação
superior, tais como ofertas de curso e número de vagas, permanência do indivíduo
em seu entorno familiar e profissional, respeito ao ritmo de aprendizagem do
indivíduo e construção de sua autonomia para o estudo.
Mas, para que a aprendizagem a distância se efetive, não bastam somente tecnologias
sofisticadas. É necessário também um ambiente que favoreça um processo de educação e
aprendizagem significativo. E para tal é pertinente a utilização de estratégias e ferramentas
educativas, sustentadas por meios e formas de comunicação, diferenciados.
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Em contrapartida, também exige-se do aluno na Educação a Distância o exercício de uma
nova conduta.
Ele fará seu próprio tempo, o seu próprio horário e suas próprias condições para estudar.
Estabelecerá, dentro da sua realidade pessoal, o seu ritmo de estudo, adaptando-o ao seu
perfil e conveniência. É no exercício desta capacidade de autogestão, nesse aprendizado
no gerenciamento do seu tempo e espaço, que ele se verá na condição de vivenciar aquilo
que é de fundamental importância para o seu êxito, acadêmico e pessoal: a capacidade de
“aprender a aprender e de aprender em colaboração”.
É dessa maneira que a EaD se coloca como alternativa pedagógica de grande alcance, que
utiliza novas tecnologias para atingir os objetivos propostos, considerando as necessidades
das populações, promovendo o autodidatismo e a aprendizagem independente e flexível
em qualquer nível.
ATIVIDADE
1. Tomando como referência o texto-base apresentado, escreva sobre:
• Concepção de Educação a Distância
• Características da Ea D.
• Transformações provocadas pela EaD.
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unidade 2
Educação a Distância:
Cenário Mundial
Objetivos
Problematizando
Para você:
1. Que motivos determinaram o surgimento da modalidade de Educação a Distância no
contexto mundial?
2. Que razões impulsionam o avanço da Educação a Distância no cenário mundial?
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unidade 2
Educação a Distância: cenário mundial
Na fase inicial e experimental da Educação a Distância, temos como cenário o século XIX.
O processo de industrialização da sociedade se encaminhava para a sua consolidação. Mas
para que isso se efetivasse era necessário alfabetizar grande parte da população, que se
via excluída da escola e assim, ter uma mão de obra melhor qualificada.
SAIBA MAIS
A aventura EaD começou em 1840, na Inglaterra, quando foi lançado o primeiro
selo da história do correio, usando tarifa única para todo o território da sua
Graciosa Majestade a Rainha Vitória. Isaac Pitmann, o inventor da estenografia
aproveitou-se desta nova facilidade para comercializar a sua invenção e criou o
primeiro curso por correspondência – o de estenógrafo. A primeira instituição,
que utilizou o ensino a distância, era alemã. O Instituto Toussaint e Langenseherdt
(1856) dedicou-se ao ensino das línguas estrangeiras. Atravessando o oceano em
1873, em Boston, nos USA, Anna Ticknor fundou a Sociedade de Apoio ao Ensino
em Casa. No mesmo ano, a Universidade de Bloomington criou um departamento
de curso por correspondência.
Entretanto, é somente no século XX, após 2ª Grande Guerra Mundial, que a Educação a
Distância passa a receber a devida atenção pedagógica.
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Veja o que diz a revista francesa “Le monde de l’Education”, num número especial de
setembro 1998.
De acordo com Lisseanu apud Preti (1996), o quadro atual da EaD é impressionante: “Em
mais de 80 países do mundo o ensino a distância vem sendo empregado em todos os
níveis educativos, desde o primeiro grau até a pós-graduação, assim como também na
educação permanente” (p.18).
Atualmente, na Europa são oferecidos inúmeros programas de diferentes níveis, nos mais
diversificados campos do saber. De acordo com o Conselho Internacional de Educação a
distância / CIED, já em 1988 mais de dez milhões de estudantes integravam o Educação a
Distância naquele Continente. A Universidade de Hagen, na Alemanha, e a Open University
do Reino Unido são reconhecidas internacionalmente pela excelência na Educação a
Distância e caracterizadas pela primazia de seus cursos. Segundo Castro e Nunes (1996),
mais de dois milhões de pessoas já estudaram na Open University, sendo que naquele ano
estavam matriculados mais de 160 mil alunos regulares, 40 mil alunos em cursos de pós-
graduação e 60 mil em cursos extracurriculares.
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unidade 2
SAIBA MAIS
Que a primeira universidade baseada totalmente no conceito de Educação a
Distância foi a Open University (OU), na Inglaterra (www.open.ac.uk)? Surgida
no final dos anos de 1960, a OU iniciou seus cursos em 1970 e em 1980 já tinha
70.000 alunos, com 6.000 pessoas se graduando a cada ano. Ao longo de seus
35 anos de existência, foram incorporadas todas as novas tecnologias que eram
desenvolvidas e popularizadas, como vídeos e computadores pessoais nos anos de
1980, e a Internet nos anos de 1990. A Open University forneceu referências para
o surgimento de universidades abertas em vários outros países do mundo, entre
as quais podemos citar a Anadoulou University, na Turquia; a Open Polytechnic,
na Nova Zelândia; a Indira Ghandi National Open University, na Índia; e a Open
Universität Heerlen, na Holanda. Estima-se que no ano de 2010 aproximadamente
400 mil alunos se matricularão nos cursos da Open.
Fonte: <http://profevelynhistoria.pbworks.com/f/Historico.pdf> Acesso:11 Junho 2010
Em 1979 é criado o Instituto Português de Ensino a distância, cujo objetivo era lecionar
cursos superiores para população distante das instituições de ensino presencial e
qualificar o professorado. Em 1988 este instituto dá origem a Universidade Aberta de
Portugal. Hoje, a Universidade Aberta de Portugal oferece graduação, especialização,
mestrado e doutorado a distância, além de manter um programa especial para países de
língua portuguesa.
A China, país com a maior população e extensão do mundo, conseguiu instalar um único e
gigantesco sistema integrado de Educação a Distância com sede em Beijing, a Central China
Radio and Television University, fazendo um uso extensivo das tecnologias informática e de
comunicação via satélite e com delegações em muito numerosos pontos do seu território.
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Já na África os programas de Educação a Distância ainda são incipientes, devido aos parcos
recursos econômicos do continente.
Por outro lado, a Austrália é o país que mais desenvolve programas a distância integrados
às universidades presenciais, e mais de cinco milhões de universitários estudam a distância
nos Estados Unidos.
Aliás, a presença dos Estados Unidos na Educação a Distância é secular. Já no final do século
XIX, os americanos criaram cursos por correspondência com o objetivo de capacitação em
diversos ofícios.
Outras universidades americanas, no início do século XX, criaram cursos para a escola
primária. Na década de 30 já eram quase quarenta universidades nos Estados Unidos
oferecendo cursos a distância. Hoje, de acordo com o National Center for Education
Statistics, mais de 12 milhões de jovens e adultos estão cursando graduação e pós-
graduação a distância nos Estados Unidos.
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unidade 2
ATIVIDADE
1. Segundo o texto:
• Que razões motivaram o surgimento da Educação a Distância no contexto
mundial?
• Que motivos impulsionaram o seu avanço no contexto mundial?
2. Compare as respostas dadas previamente por você no “problematizando”
e as respostas elaboradas agora, tendo como referência o texto-base acima
apresentado.
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unidade 3
Educação a Distância:
Cenário Nacional
Objetivos
Problematizando
Em sua opinião:
1. Que princípios embasaram a introdução da Educação a Distância no Brasil?
2. Que motivos impulsionam o avanço da Educação a Distância no cenário brasileiro?
3. Que perspectivas se apresentam para a Educação a Distância na conjuntura nacional?
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unidade 3
Educação a Distância: cenário nacional
Alonso (1996) dizia que “falar sobre a Educação a Distância no Brasil é, ainda hoje, um ato
de muita coragem. São vários os trabalhos sobre este tema, mas a resistência a ele tem,
necessariamente, uma base cultural bastante forte” (p. 57).
Ainda sobre essa questão, Romanelli, in Alonso (1996), já afirmava que a história da
educação brasileira era marcada pelo caráter elitista, pelo privilégio de determinados
segmentos da população, devido
De acordo com Rett (2008), o marco histórico da criação da EaD no Brasil data da
implantação das “Escolas Internacionais” em 1904, apesar de o Jornal do Brasil ter
registrado, já em 1891, anuncio oferecendo profissionalização por correspondência
(datilógrafo). Como marco no uso de tecnologia, tem-se a criação da Radio Sociedade do
Rio de Janeiro, por Roquete Pinto, entre 1922 e 1925.
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SAIBA MAIS
Fundado em 1941, o Instituto Universal Brasileiro tinha por objetivo ministrar
cursos profissionalizantes na modalidade de ensino profissionalizante por
correspondência. É considerado pioneiro no ensino a distância no Brasil e oferece
cursos livres e preparatórios, cursos oficiais supletivos do ensino fundamental e
médio. Em 2006, o IUB contava com cerca de 200.000 alunos matriculados .
Fonte: IARALHAM, Luciano C. - Contribuição da Tecnologia da Informação na Educação a Distância
no Instituto Universal Brasileiro: Um Estudo de Caso. Disponível em: <http://www.fam2010.com.
br/site/revista/pdf/ed4/art3.pdf> Acesso:10 Junho 2010.
No início da década de 60, a sociedade civil tenta reverter o quadro de descaso pela
educação popular, empenhando-se através de diversos movimentos sociais que visavam
ora à alfabetização, ora à educação conscientizadora, ora ao incentivo à produção cultural
popular.
Neste momento, tem-se uma ação sistematizada do Governo Federal em EaD. Através de
um contrato entre o MEC e a CNBB, faz surgir o MEB - Movimento de Educação de Base.
De acordo com Santos (2008), o Movimento de Educação de Base – MEB, através do sistema
de Educação a Distância não – formal foi uma das primeiras experiências de destaque em
EaD. Sua preocupação básica era alfabetizar e apoiar os primeiros passos da educação
de milhares de jovens e adultos por meio das “escolas radiofônicas”, principalmente nas
regiões Norte e Nordeste do Brasil. Desde seus primeiros momentos, o MEB distinguiu-se
pela utilização do rádio e montagem de uma perspectiva de sistema articulado de ensino
com as classes populares. Porém, a repressão política que se seguiu ao golpe de 1964
desmantelou o projeto inicial e fez com que a proposta e os ideais de educação popular de
massa daquela instituição fossem abandonados.
Alonso (1996) afirma que “explicar as bases deste interminável começar da EaD no Brasil
significa compreender os processos em que se forjaram os programas e as instituições
que os criaram e executaram” (p. 59).
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unidade 3
Nessa linha de raciocínio, os programas que se utilizaram da Educação a Distância no
Brasil podem ser divididos em três categorias:
Nesse projeto, a transmissão era feita via rádio e televisão, com duração semanal de cinco
horas, e todas as suas atividades foram coordenadas e executadas pelo MEC.
Segundo Garcia (2006), o Minerva usou mil e duzentas emissoras de rádio aliadas ao
material impresso e, de acordo com Moraes (2000), 300.000 pessoas tiveram acesso às
emissões radioeducativas; destas, 60.000 solicitaram o exame para prosseguir os estudos,
no entanto, somente 33% delas foram aprovadas.
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De acordo com Monteiro (2010),
O projeto se estendeu até o início dos anos 80, tendo sofrido, ao longo de todo o período em
que esteve em evidência, severas críticas. Porém, contribuiu muito para a compreensão e
proposição de novas tecnologias educacionais em EaD.
Na mesma época em que era desenvolvido o Projeto Minerva, o Estado da Bahia criou
o IRDEB (Instituto de Radiodifusão do Estado da Bahia). O Projeto foi financiado pela
Secretaria de Educação do Estado da Bahia, pela Agência Canadense de Desenvolvimento
Internacional e pelo Programa Nacional de Tele-educação (PRONTEL).
Diferentemente do Projeto Minerva, que sofreu críticas quanto aos seus conteúdos e
currículos, o Projeto baiano IRDEB teve seu destaque principalmente nesses pontos. Além
de utilizar o rádio e o correio, o IRDEB também utilizou a televisão como forma de mídia.
Contudo, o que mais se destacou no projeto IRDEB foi o apoio pedagógico, por meio de
monitorias presenciais.
Segundo Alonso apud Garcia (2006), 78.106 pessoas foram atendidas pelo IRDEB [...]. De
38 monitores em 1970, o projeto chegou a 208 em 1977, cada um deles atendia a 30
estudantes. A evasão (ou o abandono, como se denomina na EaD), de todos os cursos foi
ao redor de 15% em 1977.
Desta forma, nota-se que a metodologia adotada pelo Estado da Bahia, que
se preocupava com o acompanhamento da aprendizagem dos cursistas por
meio de tutorias presenciais e com a formação de professores, sem esquecer-
se de respeitar o contexto dos participantes, foi mais eficiente. (p.27)
28
unidade 3
O grande problema desse projeto foi a sua forma de financiamento, pois, a partir do
momento em que as agências financiadoras romperam com as parcerias, o projeto foi
interrompido.
Com base nos estudos efetuados e de acordo com Garcia (2006), pode-se notar que,
no início da formação de professores a distância no Brasil, foi priorizada abordagem
empirista, privilegiando a transmissão de informações descontextualizadas, fortemente
estruturadas. Com o tempo, os idealizadores de cursos desta natureza perceberam que
aquela sistemática contribuía para o desinteresse dos professores, e então passaram a
valorizar o contexto e o diálogo reflexivo.
Outro projeto a ser citado nesta linha é o Projeto SACI - Projeto Satélite Avançado de
Comunicações Interdisciplinares. Planejado durante os anos de 1967 e 1968 pelo Instituto
de Pesquisas Espaciais (INPE), teve suas atividades educacionais entre 1972 - 1976, com a
oferta de aulas pré-gravadas, no formato de telenovelas transmitidas via satélite e suporte
em material impresso para alunos das séries iniciais e professores leigos. Foi realizado um
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total de 1.241 programas de rádio e TV com recepção em 510 escolas de 71 municípios no
Estado do Rio Grande do Norte, onde foi realizada a experiência-piloto desse programa.
Sobre as causas do fracasso do projeto, Sganzerla apud Garcia (2006), aponta: “[...] as
diferenças culturais entre o perfil dos programas produzidos no interior de São Paulo e a clientela
preferencial, alunos e professores do interior do Estado do Rio Grande do Norte, na região
Nordeste” (p. 28).
Percebe-se, assim, que não houve uma preocupação por parte de seus organizadores em
respeitar o contexto dos aprendizes, bem como suas necessidades.
E Garcia conclui:
O Logos foi um projeto financiado pelo MEC, pelo qual os estados e prefeituras municipais
ficaram com uma responsabilidade relativa de custos, sendo que o material utilizado era
impresso e o atendimento aos alunos era realizado em Núcleos Regionais mantidos pelas
Secretarias Estaduais de Educação.
O projeto surgiu como uma etapa experimental para se estabelecer a eficácia dos materiais
e meios que seriam utilizados no curso e uma fase de expansão, em nível nacional, onde se
desenvolveu o Projeto Logos II.
30
unidade 3
Nessa fase, a sua implantação ocorreu em 19 estados brasileiros, atendendo a um
montante de cinquenta mil alunos, dos quais 70% foram diplomados, segundo dados do
Centro Tecnológico de Brasília - CETEB.
Segundo Alonso apud Garcia (1996), as críticas ao projeto Logos II estão relacionadas aos
seguintes aspectos:
Esse projeto foi desativado em 1990, sendo substituído pelo Programa de Valorização do
Magistério (PVM).
O objetivo desse Projeto era propiciar aos professores não titulados em nível superior a
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vivência do ambiente universitário.
Nesse curso foram oferecidas quinze mil vagas, distribuídas em 21 polos regionais e
destinadas a professores em efetivo exercício nos quatro anos iniciais do educação
fundamental, sendo doze mil dessas vagas destinadas à rede estadual e três mil às redes
municipais de educação.
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unidade 3
3.3 Os Programas Destinados à Formação Profissional
Na área profissionalizante, a oferta de cursos a distância tem sido bem delimitada. Esses
cursos foram oferecidos, até então, em função das necessidades de determinadas empresas
e, portanto, sempre de acordo com o propósito das mesmas.
E ainda em parceria com os diversos Ministérios este veio a realizar uma série de cursos
para treinamento nas áreas de protocolo, recepção, chefias operacionais, totalizando
atendimento a dois mil e oitocentos alunos.
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superior, na modalidade de Educação a Distância, para o Sistema Universidade Aberta
do Brasil —UAB.
O Sistema UAB foi criado pelo Ministério da Educação no ano de 2005, por meio do decreto
5.800/2006 em parceria com a ANDIFES e Empresas Estatais, no âmbito do Fórum das
Estatais pela Educação com foco nas Políticas e a Gestão da Educação Superior. Trata-
se de uma política pública de articulação entre a Secretaria de Educação a Distância -
SEED/MEC e a Diretoria de Educação a Distância - DED/CAPES com vistas à expansão da
educação superior, no âmbito do Plano de Desenvolvimento da Educação - PDE.
O Sistema Universidade Aberta do Brasil, de acordo sua página oficial com trabalha com 5
eixos fundamentais:
34
unidade 3
Tendo como base o aprimoramento da Educação a Distância, o Sistema UAB visa, assim, a
expandir e interiorizar a oferta de cursos e programas de educação superior. Para isso, o
sistema busca fortes parcerias entre as esferas federal, estaduais e municipais do governo.
O envolvimento da UFSJ com EaD deu-se, em caráter institucional, com sua participação
no Consórcio Pró-Formar, que expressa a culminância de parcerias institucionais entre a
Universidade Federal de Mato Grosso, Universidade Federal de Ouro Preto, Universidade
Estadual de Mato Grosso, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Universidade
Federal de São João del-Rei, Universidade Federal de Lavras e Universidade Federal do
Espírito Santo, no oferecimento de cursos a distância, de formação de professores.
Essa parceria tem demonstrado que o trabalho cooperativo possibilita novas incursões
e fortalece vínculos interinstitucionais, viabilizando experiências significativas e o
desenvolvimento de competências relacionadas às novas tecnologias da informação e
comunicação.
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A UFSJ estruturou o seu Núcleo de Educação a Distância - NEAD – UFSJ a partir da sua
inserção no sistema UAB, e conta hoje com a seguinte estrutura:
Coordenação Coordenação
Pedagógica Tecnológica
Técnico em Conselho
Assuntos Educacionais Editorial
Professor Tutor
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unidade 3
Em 2009 o Núcleo de Educação a Distância da Universidade Federal de São João del–Rei –
NEAD/UFSJ esteve presente em 22 cidades-polo, e em 2010 são esperados cerca de 4.000
alunos inscritos na modalidade a distância.
Veja a seguir o Mapa das Cidades–Polo em que o NEAD-UFSJ esteve presente em 2009.
ATIVIDADE
Tendo como referência o texto-base, determine
1. Princípios que embasaram a Educação a Distância no Brasil.
2. Objetivos que orientaram os programas de Educação a Distância.
3. Perspectivas que se apresentam para a educação brasileira no contexto
nacional.
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Pra final de conversa...
Podemos constatar que cada vez mais, em toda parte do mundo, a Educação a Distância
vem-se desenvolvendo como uma forma eficaz de educação continuada e permanente.
Nesse sentido, o Brasil precisa avançar mais, buscando utilizar-se das modernas tecnologias
educacionais e informacionais, que levarão a educação, de todos os níveis e modalidades,
aos mais diversos pontos do território e para qualquer tipo de população.
Para que isso aconteça, precisamos ainda aumentar os estímulos governamentais aos
programas de Educação a Distância e minimizar o problema da falta de recursos humanos
habilitados para o uso das novas tecnologias.
Na reta final deste nosso contato, estamos propondo a você um momento de reflexão
sobre a leitura que acabou de realizar.
Leia, cante e reflita sobre a letra da música de Lenine, que oferecemos a seguir.
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SOB O MESMO CÉU
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Prezado(a) Estudante:
Chegamos ao final da nossa conversa nesta primeira disciplina do curso. Daqui pra frente
lhe serão oferecidas oportunidades de estudo de conteúdos relevantes para esta sua nova
formação.
Esperamos poder contribuir para o seu aprimoramento em mais uma área do conhecimento
pela qual você optou.
Felicidades!
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REFERÊNCIAS
ALONSO, K.M. Educação a distância no Brasil: a busca de identidade In: PRETI, Oreste
(org.). Educação a distância: inícios e indícios de um percurso. Cuiabá: UFMT, Núcleo de
Educação Aberta e a Distância, 1996.
41
COSTA, Maria L. Furlan. História da formação de professores em cursos a distância:
uma aproximação entre Brasil e Portugal. Disponível em: <http://www.faced.ufu.br/
colubhe06/anais/arquivos/582MariaLuizaFurlan.pdf>. Acesso: 12 Jun. 2010.
DICIONÁRIO Aurélio Eletrônico: século XXI. Versão 3.0. nov. 1999. CD-ROM.
LITWIN, Edith. Das tradições à virtualidade. In: _______. Educação a distância: temas para
o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001.
42
NUNES, Ivônio Barros. Noções de educação a distância. Educação à Distância, Brasília,
v.3, n.4/5, p.7-25, dez. 1993 / abr. 1994.
43
Para Aprofundamento
MORAES, M. C. Tecendo a rede, mas com que paradigma? In: MORAES, M.C. (org.) Educação
a distância: fundamentos e práticas. Campinas: UNICAMP / NIED, 2002. p.1-25.
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