Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Estomatologia
3
Curso EAD
Estomatologia
2- Medicamentos utilizados
A escolha do antifúngico é determinada por vários fatores, incluindo história médica,
sintomas, severidade da infecção/número de lesões e grau de colaboração do paciente em relação
a abordagem terapêutica escolhida. A primeira escolha são os antifúngicos tópicos (bochechos com
nistatina e aplicação de miconazol gel). Para lesões múltiplas ou amplas (como a candidíase atrófica
crônica) torna-se mais cômodo para o paciente a aplicação na forma de bochecho. Para lesões
focais, como as observadas na glossite romboidal mediana e na queilite angular é mais conveniente
a utilização do antifúngico na forma de gel (miconazol). A terapia antifúngica sistêmica consiste na
prescrição de fluconazol, opção para pacientes imunossuprimidos e para os que não respondem
ao tratamento tópico. Antes de passar da medicação tópica para a sistêmica deve-se verificar
se o paciente fez o uso do medicamento tópico como recomendado (frequência, tempo de cada
aplicação). Uma falha comum é o paciente diluir a nistatina, o que interfere no seu efeito.
Abaixo apresentamos a maneira de prescrever os diferentes antifúngicos.
1. ANTIFÚNGICOS TÓPICOS
- NISTATINA 100.000 UI/ml - suspensão oral ----------------------------- 14 frascos (60ml)
Bochechar 15 ml (medida de 1 colher de sopa) por 2 minutos, 4 vezes ao dia, durante 2 semanas.
Contra-indicações (Nistatina):
-Pacientes diabéticos
-Pacientes em tratamentos antineoplásicos
IMPORTANTE
- Orientar o paciente a remover a prótese no momento das aplicações.
- As medicações tópicas têm efeito nos tecidos com que tomam contato. Dessa forma, fazer
gargarejo não será resolutivo se a lesão for localizada no palato. Neste caso, o paciente deve ser
orientado a “jogar a medicamento” contra o palato com a língua para aumentar o seu efeito.
- A deglutição da nistatina está indicada apenas se houver sinal de disseminação para
orofaringe, situação que recomenda-se investigação sistêmica mais detalhada.
- A nistatina apresenta sacarose na sua formulação. Em função disso, pacientes que têm
dentes devem fazer a higiene bucal 30 minutos após as aplicações para minimizar o risco de cárie.
IMPORTANTE
- A forma de usar vai depender do tamanho e da localização da lesão. A recomendação acima
4
Curso EAD
Estomatologia
se refere a lesões que envolvem áreas extensas no palato sob próteses removíveis (parciais ou
totais). Para lesões mais localizadas (como as observadas na queilite angular e glossite romboidal
mediana), deve-se colocar “aplicar na ferida”, indicando para o paciente com o dedo onde e fazendo
com que ele veja com o auxilio de um espelho.
- Mostrar para o paciente a superfície da prótese em que a medicação deve ser aplicada para
garantir que o tratamento será feito da forma correta.
- O gel não está disponível na rede pública. Portanto, é importante perguntar se o paciente
tem condições de arcar com o custo.
- Pacientes portadores de próteses removíveis não responsivos à nistatina podem ter melhor
resposta com miconazol, pois o fato de a base da prótese ser utilizada para conter a medicação em
contato com a mucosa por mais tempo potencializa os efeitos da medicação.
2. ANTIFÚNGICOS SISTÊMICOS
Não são a primeira escolha em função dos efeitos adversos, por exemplo, a hepatotoxicidade.
A não resolução frente ao tratamento tópico pode ser o sinal inicial de um quadro de imunossupressão
resultante de alguma doença sistêmica não diagnosticada, exigindo uma avaliação mais detalhada.
Tendo em vista a possibilidade de efeitos adversos, o uso e a dose desses medicamentos
devem ser discutidos com um médico. Dentre os medicamentos disponíveis o mais indicado é o
fluconazol (100mg/dia, 7-14 dias), com duração do tratamento definida caso a caso.
5
Curso EAD
Estomatologia
Caso não haja desprendimento da área branca após a raspagem, as hipóteses acima são
descartadas e o passo seguinte é analisar as características clínicas da lesão, definindo se a mesma é
única (focal) ou múltipla, ou seja, se várias lesões brancas são vistas na boca.
6
Curso EAD
Estomatologia
Lesões múltiplas
O último grupo de lesões é bastante diverso. Muitas vezes o diagnóstico diferencial entre
essas lesões pode ser difícil.
- Existem fatores irritativos envolvidos?
Mais uma vez, deve-se considerar que fatores irritativos podem estar envolvidos. O trauma de
mastigação sobre mais de uma região do rebordo alveolar edêndulo é possível. O mesmo raciocínio
vale pelo mordiscamento intencional, que é bilateral em muitos casos. Dessa forma, dependendo do
que for observado em boca e do que o paciente relatar na anamnese, as hipóteses de CERATOSE
FRICCIONAL e MORDISCAMENTO CRÔNICO podem ser consideradas
- Mais pessoas da família apresentam a lesão? Iniciou na infância ou adolescência?
O NEVO BRANCO ESPONJOSO é uma genodermatose (doença dos tecidos de revestimento
determinada geneticamente). É uma doença rara, que tem início na infância ou adolescência e afeta
mais de uma pessoal na família.
- Observa-se linhas ou placas brancas com distribuição bilateral:
(a) na borda da língua com aspecto de pelos?
A LEUCOPLASIA PILOSA é uma lesão de origem infecciosa causada pelo vírus Epstein-
Baar (EBV) em pacientes imunossuprimidos. Dentre as causas de imunossupressão, o HIV é uma
das mais comuns. O aspecto clínico da lesão é típico, que varia de estrias brancas verticais isoladas
até placas na borda da língua, bilaterais e com distribuição simétrica. Essas lesões não cedem à
raspagem. É importante fazer o diagnóstico diferencial com líquen plano, o qual se caracteriza pela
presença de lesões estriadas, placas, áreas erosivas e/ou úlceras em vários sítios bucais. No caso do
líquen plano, a presença de lesões apenas na língua é improvável. Em geral, não há necessidade de
tratamento específico, havendo regressão das lesões quando o quadro imunológico do paciente é
estabilizado. Se o paciente apresentar desconforto, o tratamento com antifúngicos (aciclovir) pode
ser recomendado.
(b) na região de retrocomissura?
A presença de placas brancas não removíveis por raspagem na região anterior da mucosa
jugal (retrocomissura) com distribuição simétrica sugere o diagnóstico de CANDIDÍASE
HIPERPLÁSICA CRÔNICA (também chamada candidíase leucoplásica). Essa lesão é controversa,
pois alguns autores a consideram como uma forma incomum de candidíase (não removível a
raspagem como a forma pseudomembranosa) enquanto outros acreditam que se trate de uma
leucoplasia com infecção por Candida sobreposta. Algumas vezes as lesões desaparecem por
completo após o tratamento antifúngico. Em outros casos, a remissão após o tratamento é parcial.
Quando a lesão persiste, a biópsia está indicada, sendo frequente a presença de displasia epitelial.
Caso haja displasia epitelial, está indicada a remoção completa da lesão. Independentemente disso,
o paciente deve ser submetido a controle clínico periódico.
7
Curso EAD
Estomatologia
8
Curso EAD
Estomatologia
9
Curso EAD
Estomatologia
Fotografe o seu paciente antes e depois do tratamento. Isso é útil na sua avaliação do
resultado alcançado.
Referências
Fotos PG, Vincent SD, Hellstein JW. Oral candidosis. Clinical, historical, and therapeutic features
of 100 cases. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1992 Jul;74(1):41-9.
Tarçin, B. G. Oral candidosis: aetiology, clinical manifestations, diagnosis and management. Müs-
bed, v. 1, no. 2, p 140-148, 2011.
Webb BC1, Thomas CJ, Whittle T. A 2-year study of Candida-associated denture stomatitis treat-
ment in aged care subjects. Gerodontology. 2005 Sep;22(3):168-76.
Webb BC, Thomas CJ, Willcox MD, Harty DW, Knox KW. Candida-associated denture stomati-
tis. Aetiology and management: a review. Part 3. Treatment of oral candidosis. Aust Dent J. 1998
Aug;43(4):244-9.
Williams D, Lewis M. Pathogenesis and treatment of oral candidosis. J Oral Microbiol., v. 3, p. 1-11,
2011.
Williams DW, Kuriyama T, Silva S, Malic S, Lewis MA. Candida biofilms and oral candido-
sis: treatment and prevention. Periodontol 2000. 2011 Feb;55(1):250-65. doi: 10.1111/j.
1600-0757.2009.00338.x.
10
Curso EAD
Estomatologia
Equipe Responsável:
A Equipe de coordenação, suporte e acompanhamento do Curso é formada por integrantes do
Núcleo de TelessaúdeRS do Rio Grande do Sul (TelessaúdeRS/UFRGS) e do Programa Nacional de
Telessaúde Brasil Redes.
TelessaúdeRS-UFRGS Diagramação
Angélica Dias Pinheiro
Coordenação Geral Iasmine Paim Nique da Silva
Marcelo Rodrigues Gonçalves Lorenzo Costa Kupstaitis
Roberto Nunes Umpierre
Ilustração
Coordenação do curso Carolyne Vasques Cabral
Vinicius Coelho Carrard Luiz Felipe Telles
11