Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
detergentes
Engenharia Química
Orientadores: Profª. Maria das Mercedes Leote Tavares Esquível e Eng. João
Mendes Bruno da Costa
Jurí
Junho, 2014
Página | II
Agradecimentos
Este espaço é dedicado às pessoas que, de alguma maneira, deram a sua contribuição
para que esta tese fosse realizada. A todas elas deixo o meu mais sincero agradecimento.
Em primeiro lugar gostaria de agradecer à Professora Mercedes Esquível por ter tornado este
estágio possível. Desde sempre foi minha intenção realizar um estágio na indústria. Muito
obrigada pelas linhas orientadoras e pela disponibilidade demonstrada durante e após a
realização do estágio.
Não posso deixar escapar a oportunidade de agradecer aos meus pais, por todo o apoio
que me deram para realizar mais uma tese de mestrado, mesmo quando os tempos foram
adversos, a eles deixo o meu mais sincero e especial obrigado. Á minha avó pelo apoio
incondicional que sempre demonstrou. Ao meu namorado agradeço a paciência e a
capacidade de me alegrar nos dias mais complicados. A todos, deixo o meu mais sincero e
especial obrigado.
A todos os outros que alguma vez se cruzaram no meu caminho e de alguma maneira me
ensinaram qualquer coisa.
Página | III
Página | IV
Resumo
Este trabalho teve como objectivo a optimização do processo de produção numa indústria
de detergentes, sendo que englobou diversos tópicos inerentes a este tema: Revisão e
alteração de métodos analíticos destinados à determinação de características físicas e
químicas dos produtos; Controlo estatístico do processo de diferentes produtos; Controlo
estatístico dos produtos pré-embalados; Testes de estabilidade de produtos ao longo de um
curto período de tempo, de modo a garantir a qualidade dos mesmos; Melhoria do
detergente de lavagem manual de loiça; Desenvolvimento de um gel abrasivo para
limpeza de mãos; Estudo sobre produtos da concorrência.
Detergentes
Página | V
Página | VI
Abstract
The operation of industrial plants requires the study and development of products, assessing
their quality and safety for consumers, as well as its stability, progressing into industrial
production.
This work aimed the optimization of the production process in the detergent industry, and
encompassed several topics related to this theme: Revision and amendment of analytical
methods related to the determination of physical and chemical characteristics of the
products; Statistical process control of different products; Statistical control of pre-packaged
products; Stability tests of products throughout a short period of time, to ensure their quality;
Improvement of the manual dishwashing detergent; Development of an abrasive hand
cleaning gel; Study on competitive products.
The revision of the analytical methods improved the quality control performed on products,
regarding the determination of viscosity and density. The statistical control of pre-packaged
products enabled the determination of the main criteria to improve the filling systems of the
company. With the study on competitive products, quantification of the ingredients present
in these products was assessed. Thus, one could better understand its functioning. The stability
tests performed enabled the detection of instability in the pH values of the manual
dishwashing detergent. This problem was solved by adding chelating agents to the
formulation. Finally, it was possible to develop an abrasive hand cleaning gel for use in
industrial fields and workshops.
Página | VII
Página | VIII
Lista de Abreviações
cm Centímetro
cP Centipoise
Cp Capacidade do Processo
Cpk Índice da capacidade do processo
EDTA Ácido Etilenodiamino Tetra-acético
g Grama
KCl Cloreto de Potássio
Kg Quilograma
L Litro
LASNa Dodecil Benzeno Sulfonato de Sódio
LIA Limite Inferior de Aviso
LSA Limite Superior de Aviso
LIC Limite Inferior de Controlo
LSC Limite Superior de Controlo
LESS Lauril Éter Sulfato de Sódio
LIE Limite Inferior de Especificação
LSE Limite Superior de Especificação
m Metro
mL Mililitro
MM Peso molecular
m/m Concentração massa/massa
N Normal
NaCl Cloreto de Sódio
NP Norma Portuguesa
ºC Graus Celsius
pH Potencial de Hidrogénio
R Amplitude
rpm Rotação por minuto
̅ Média Aritmética
Desvio-padrão
Página | IX
Página | X
Índice de Conteúdos
1. Enquadramento ..............................................................................................1
2. A Empresa........................................................................................................3
3.1 Detergentes............................................................................................................... 10
3.1.1 Tensoactivos .......................................................................................................................... 10
3.1.2 Modificadores reológicos (Espessantes) ......................................................................... 13
3.1.3 Desinfecção e preservação dos detergentes .............................................................. 14
3.1.4 Corantes ................................................................................................................................. 15
3.1.5 Perfumes ................................................................................................................................. 16
Página | XI
5.1.1 Determinação da densidade aparente (Produtos em Pó) ....................................... 34
5.1.2 Determinação da Viscosidade ......................................................................................... 36
5.1.3 Determinação da Matéria Activa Aniónica .................................................................. 38
5.1.4 Determinação do Cloro Activo ........................................................................................ 40
7. Bibliografia ..................................................................................................... 75
8. Anexos ........................................................................................................... 77
Página | XII
Índice de Figuras
FIGURA 2.1 – A EMPRESA. A) STOCK DE PRODUTO ACABADO; B) TANQUES DE ARMAZENAMENTO DE ÁGUA. ................................ 6
FIGURA 3.1 – ESTRUTURA DE UM AGENTE TENSOACTIVO [3]. .....................................................................................................10
FIGURA 3.2 – FASES DA DETERGÊNCIA. 1- ADIÇÃO DA MOLÉCULA DE TENSOACTIVO AO BANHO DE LAVAGEM; 2- M OLHAGEM DA
SUPERFÍCIE SUJA; 3- REMOÇÃO DA SUJIDADE DA SUPERFÍCIE; 4- INTEGRAÇÃO ESTÁVEL DAS PARTÍCULAS DE SUJIDADE NO
FIGURA 5.12 – CARTAS DE CONTROLO X/R DA DENSIDADE. A) CARTA DAS MÉDIAS B) CARTA DAS AMPLITUDES. ........................43
FIGURA 5.13 – CARTAS DE CONTROLO X/R DO CLORO ACTIVO. A) CARTA DAS MÉDIAS B) C ARTA DAS AMPLITUDES. .................44
FIGURA 5.14 – CARTAS DE CONTROLO X/R DO PH. A) CARTA DAS MÉDIAS B) C ARTA DAS AMPLITUDES. LSC, LIC – LIMITES
SUPERIOR E INFERIOR DE CONTROLO; LSA, LIA – LIMITES SUPERIOR E INFERIOR DE ESPECIFICAÇÃO. .....................................45
FIGURA 5.15 – CARTAS DE CONTROLO X/R DA DENSIDADE. A) CARTA DAS MÉDIAS B) CARTA DAS AMPLITUDES. ........................46
FIGURA 5.16 – CARTAS DE CONTROLO X/R DO PH. A) CARTA DAS MÉDIAS B) C ARTA DAS AMPLITUDES. ...................................47
FIGURA 5.17 – CARTAS DE CONTROLO X/R DA DENSIDADE. A) CARTA DAS MÉDIAS B) CARTA DAS AMPLITUDES. ........................48
Página | XIII
FIGURA 5.18 – CARTAS DE CONTROLO X/R DO PH. A) CARTA DAS MÉDIAS B) C ARTA DAS AMPLITUDES. ...................................49
FIGURA 5.19 – CARTAS DE CONTROLO X/R DA DENSIDADE. A) CARTA DAS MÉDIAS B) CARTA DAS AMPLITUDES. ........................50
FIGURA 5.20 – CARTAS DE CONTROLO X/R DA VISCOSIDADE. A) C ARTA DAS MÉDIAS B) CARTA DAS AMPLITUDES. .....................50
FIGURA 5.21 – CARTAS DE CONTROLO X/R DO PH. A) CARTA DAS MÉDIAS B) C ARTA DAS AMPLITUDES. ...................................51
FIGURA 5.22 – CARTAS DE CONTROLO X/R DA DENSIDADE. A) CARTA DAS MÉDIAS B) CARTA DAS AMPLITUDES. ........................52
FIGURA 5.23 – CARTAS DE CONTROLO X/R DO PRODUTO Q. A) CARTA DAS MÉDIAS B) C ARTA DAS AMPLITUDES. ......................53
FIGURA 5.24 – CARTAS DE CONTROLO X/R DO PRODUTO C DE 5L. A) CARTA DAS MÉDIAS B) CARTA DAS AMPLITUDES. .............54
FIGURA 5.25 – CARTAS DE CONTROLO X/R DO PRODUTO C DE 10L. A) CARTA DAS MÉDIAS B) CARTA DAS AMPLITUDES. ...........55
FIGURA 5.26 – M ARCA AUXILIAR PARA ENCHIMENTO MANUAL NAS EMBALAGENS DE 5L. ..........................................................56
FIGURA 5.27 – CARTAS DE CONTROLO X/R DE PRODUTO I DE 5L. A) CARTA DAS MÉDIAS B) C ARTA DAS AMPLITUDES. ................56
FIGURA 5.28 – CARTAS DE CONTROLO X/R DE PRODUTO I DE 10L. A) CARTA DAS MÉDIAS B) C ARTA DAS AMPLITUDES. ..............57
FIGURA 5.29 – PRODUTO C APOS 13 SEMANAS DE ARMAZENAMENTO: A 6ºC (ESQUERDA) À TEMPERATURA AMBIENTE (DIREITA). .59
FIGURA 5.30 – EVOLUÇÃO DOS VALORES DE PH AO LONGO DE 13 SEMANAS PARA AS DIFERENTES CONDIÇÕES DE
ARMAZENAMENTO. ....................................................................................................................................................59
FIGURA 5.31 – EVOLUÇÃO DOS VALORES DE VISCOSIDADE AO LONGO DE 13 SEMANAS PARA AS DIFERENTES CONDIÇÕES DE
ARMAZENAMENTO. ....................................................................................................................................................60
FIGURA 5.32 – EVOLUÇÃO DOS VALORES DE PH AO LONGO DE 3 SEMANAS PARA AS VÁRIAS ETAPAS DO PROCESSO PRODUTIVO DE
PRODUTO C. .............................................................................................................................................................60
FIGURA 5.40 – DECANTAÇÃO DOS DOIS ABRASIVOS USADOS NA FORMULAÇÃO DO NOVO PRODUTO. ......................................65
FIGURA 5.41 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA MOLÉCULA DE GOMA XANTANA [11]. .........................................................66
FIGURA 5.42 – GEL DAS MÃOS SEM ABRASIVO ONDE SE PODE OBSERVAR A CONSISTÊNCIA “GELATINOSA” DO PRODUTO DEVIDO AO
POLISSACÁRIDO. ........................................................................................................................................................66
FIGURA 5.43 – DETERMINAÇÃO DA ALTURA DE ESPUMA FORMADA ATRAVÉS DA DIFERENÇA ENTRE A MÉDIA DO PONTO 1 E O
PONTO 2. .................................................................................................................................................................68
FIGURA 5.44 – REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO MECANISMO DE ESPESSAMENTO DO DETERGENTE COM SAIS [3]. .....................69
Página | XIV
Índice de Tabelas
TABELA 5.1 – COMPARAÇÃO ENTRE OS DADOS DA EMPRESA E DO LABORATÓRIO EXTERNO REFERENTE AOS TRÊS TIPOS DE
REACTORES PRESENTES NA FÁBRICA (DESVIO (%) = VALOR MÉDIA EMPRESA – VALOR MÉDIA LABORATÓRIO EXTERNO)........31
TABELA 5.2 – PARÂMETROS PARA A DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE DE PRODUTOS. ..............................................................37
TABELA 5.3 – PARÂMETROS REFERENTES À DETERMINAÇÃO DA VISCOSIDADE EM SETE PRODUTOS. ...............................................38
TABELA 5.4 – M ASSA DA TOMA PARA ANÁLISE PARA OS PRODUTOS CONTENDO MATÉRIA ACTIVA ANIÓNICA. ..............................39
TABELA 5.5 – REAGENTES E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA DETERMINAÇÃO DA M ATÉRIA ACTIVA ANIÓNICA..............................40
TABELA 5.6 – REAGENTES E EQUIPAMENTOS UTILIZADOS NA DETERMINAÇÃO DO CLORO ACTIVO. ..............................................41
TABELA 5.7 – PARÂMETROS DE CONTROLO ESTATÍSTICO DO PROCESSO PARA O PRODUTO I. ......................................................44
TABELA 5.8 – PARÂMETROS DE CONTROLO ESTATÍSTICO DO PROCESSO PARA O PRODUTO L. .....................................................46
TABELA 5.9 – PARÂMETROS DE CONTROLO ESTATÍSTICO DO PROCESSO PARA O PRODUTO O. ....................................................48
TABELA 5.10 – PARÂMETROS DE CONTROLO ESTATÍSTICO DO PROCESSO PARA O PRODUTO C. ..................................................50
TABELA 5.11 – PARÂMETROS DE CONTROLO ESTATÍSTICO DO PROCESSO PARA O PRODUTO F. ...................................................52
TABELA 5.12 – ÍNDICES DE CAPACIDADE E FUNCIONAMENTO REFERENTES AO ENCHIMENTO DE PRODUTO Q. ...............................53
TABELA 5.13 – ÍNDICES DE CAPACIDADE E FUNCIONAMENTO REFERENTES AO ENCHIMENTO DE PRODUTO C 5L. ..........................54
TABELA 5.14 – ÍNDICES DE CAPACIDADE E FUNCIONAMENTO REFERENTES AO ENCHIMENTO DE PRODUTO C 10L. ........................55
TABELA 5.15 – ÍNDICES DE CAPACIDADE E FUNCIONAMENTO REFERENTES AO ENCHIMENTO DE PRODUTO I 5L..............................57
TABELA 5.16 – ÍNDICES DE CAPACIDADE E FUNCIONAMENTO REFERENTES AO ENCHIMENTO DE PRODUTO I DE 10L. ......................58
TABELA 5.17 – M ASSA DE TOMA PARA ANÁLISE PARA OS VÁRIOS PRODUTOS DA CONCORRÊNCIA. ............................................68
TABELA 5.18 – ANÁLISE DE DIFERENTES PARÂMETROS A PRODUTOS DA CONCORRÊNCIA DE LAVAGEM MANUAL DA LOIÇA. ..........69
Página | XV
Página | XVI
1. ENQUADRAMENTO
Página | 1
1.1 Objectivos do estágio
Página | 2
2. A EMPRESA
Página | 3
2.1 O Grupo
O grupo constitui uma empresa holding de um grupo de empresas portuguesas que actuam
no segmento de Business Services, nas seguintes áreas: Restauração social e pública,
emissão e gestão de tickets de serviços, comercialização e logística de produtos
alimentares, limpezas, desinfestações, exploração de máquinas de venda automática de
produtos alimentares, banquetes e eventos, gestão documental, segurança estática e
electrónica, importação e comercialização de embarcações náuticas de recreio e outros
serviços complementares.
Os seus serviços destinam-se a empresas e instituições tais como, governo, hospitais, escolas,
prisões, forças armadas e militarizadas. Os seus serviços salvaguardam os mais elevados
padrões de segurança e higiene alimentar e a elevada expectativa de satisfação dos seus
clientes, através do recurso às mais modernas técnicas de segurança e higiene, aplicadas
por todos os seus colaboradores e supervisionadas por equipas permanentes de inspectores
e técnicos de qualidade [18].
O grupo constituiu-se em 1989, iniciando a sua actividade no sector alimentar. Nesse mesmo
ano, deu-se a integração de várias empresas que constituem actualmente o grupo,
nomeadamente:
Página | 4
Por fim, nos anos de 2011 e 2012, respectivamente, a empresa adquiriu uma empresa que
actua no mercado das limpezas técnicas e outra que presta serviços de manutenção
industrial e assistência técnica, bem como fornecimento e montagem de equipamentos.
A oferta do grupo, que actua no sector de alimentação há mais de 25 anos, evoluiu nos
últimos anos para uma oferta multisserviços, quer através da constituição de novas
empresas, quer através da aquisição de outras, quer ainda pelo estabelecimento de
parcerias em áreas muito específicas visando as soluções mais adequadas às necessidades
de cada um dos seus clientes. Com vendas consolidadas de mais de 590 milhões de euros, é
uma empresa que conta com mais de 18 500 trabalhadores distribuídos por 14 empresas e é
responsável, anualmente, pela confecção de 110 milhões de refeições servidas em mais de
3600 locais.
Página | 5
2.1.2 A empresa acolhedora
A empresa iniciou a sua actividade em 2013. A produção nesse mesmo ano rondou as 1500
toneladas, com médias mensais de 125 toneladas. A produção é feita em descontínuo,
onde cada carga efectuada corresponde a um lote de produto [2].
Na Tabela 2.1 encontra-se uma breve listagem dos produtos fabricados na empresa [2].
a) b)
Página | 6
Categoria Produto Descrição das funcionalidades
Desinfectante para as mãos à base de álcool. A sua
utilização é recomendada em situações de médio e alto
A
risco de contaminação, tais como indústria alimentar,
Higiene das restauração, clínicas e hospitais.
mãos
Sabonete creme para lavagem das mãos com
Página | 7
Página | 8
3. INTRODUÇÃO TEÓRICA
Página | 9
3.1 Detergentes
3.1.1 Tensoactivos
Poder molhante;
Poder emulsionante (de líquidos não miscíveis);
Poder espumante;
Poder dispersante e suspensivo (de insolúveis);
Poder detergente.
Página | 10
A detergência é um processo que consiste na remoção de uma substância indesejável,
como a sujidade, de uma superfície sólida, geralmente, com a aplicação de uma força
mecânica, na presença de uma substância química. Esta substância química tem o poder
de diminuir a tensão entre a sujidade e a superfície, denominada por tensão superficial. Às
substâncias, como os tensoactivos, que conseguem promover este processo, diz-se que
possuem poder detergente e designam-se por detergentes.
O mecanismo de detergência envolve três fases (Figura 3.2). A primeira fase consiste na
molhagem da superfície a limpar. Se existirem sujidades hidrofóbicas na superfície do
substrato, a molhagem fica dificultada. Deste modo, a adsorção do tensoactivo na
interface da sujidade/superfície, permite a molhagem das superfícies pela água. A remoção
da sujidade, segundo passo do processo de detergência, consegue-se por acção
mecânica de agitação, que leva a que o tensoactivo arraste consigo as partículas de
sujidade para o interior do banho de lavagem. Finalmente a partícula de sujidade, mesmo
sendo hidrofóbica, poderá ser mantida de forma estável dentro do banho de lavagem no
interior de uma micela cujas paredes são constituídas por moléculas de tensoactivo com as
extremidades lipofílicas orientadas para o interior e as hidrofílicas orientadas para o meio
exterior aquoso [8].
Página | 11
3.1.1.1 Tensoactivos aniónicos
Estes tensoactivos são constituídos por uma cadeia lipolífica, ligada a uma parte hidrofílica
de natureza aniónica em solução aquosa. São os agentes tensoactivos mais usados em
aplicações industriais. Os grupos hidrofílicos mais comuns são carboxilatos, sulfatos,
sulfonatos e fosfatos. Na Figura 3.3 estão representados os dois tensoactivos aniónicos mais
usados na empresa, o lauril éter sulfato de sódio (LESS), um surfactante com uma cadeia
alquílica simples e linear, e o dodecil benzeno sulfonato de sódio (LASNa), surfactante
aniónico mais utilizado, comumente denominado por ácido sulfónico [8].
Imagem 2
Imagem 1
Estes tensoactivos são constituídos por uma cadeia lipolífica, ligada a uma parte hidrofílica
de natureza catiónica em solução aquosa. Os tensoactivos catiónicos mais comuns são os
compostos de quaternário de amónio, como por exemplo o cloreto de benzetónio,
comercialmente denominado por Hyamine 1622, um tensoactivo catiónico usado na
determinação da matéria activa aniónica de detergentes (Figura 3.4). Estes compostos têm
a fórmula geral de , onde geralmente corresponde ao ião Cl- e R
representa grupos alquilícos.
Estes tensoactivos são constituídos por uma parte hidrofílica e lipofílica, que não têm
carácter iónico. Os tensoactivos não-iónicos mais comuns são os baseados em moléculas de
óxido de etileno, sendo denominados por tensoactivos etoxilados. Os mais conhecidos são
os álcoois gordos etoxilados, que são produzidos pela etoxilação de uma cadeia de álcool
gordo, como o dodecanol.
Página | 12
3.1.1.4 Tensoactivos anfotéricos
Página | 13
3.1.2.1 Viscosidade
A viscosidade, definida por Newton, é o rácio entre a tensão de corte (Pa) e a taxa de corte
(s-1), expresso em unidade de Pa.s ou centipoise (cP). Fluidos Newtonianos possuem uma
viscosidade que é independente da taxa de corte a que é medida, tendo como exemplos,
a água, leite, vinho, etc. A medição da viscosidade é feita em viscosímetros, que usam um
spindle e um copo medidor com uma geometria conhecida.
Página | 14
3.1.3.2 Agentes lixiviantes
3.1.4 Corantes
Página | 15
3.1.5 Perfumes
É necessário garantir a estabilidade do perfume, para não degradar o produto final. Existe
grande complexidade na fórmula de um produto, sendo constituído maioritariamente por
compostos orgânicos voláteis. É necessário prevenir a autoxidação dos terpenos presentes
nas fragâncias. Para produtos com uma gama de pH entre 4,5 e 8, há maior variedade de
fragâncias a ser usadas. Quando o pH se encontra nas gamas 8-10 e 2,5-4,5, é necessário ter
em atenção a reacções químicas secundárias [8].
O Controlo Estatístico do Processo é um sistema de controlo que pode ser descrito como um
sistema de feedback, ou seja, permite a actuação sobre o processo de forma preventiva. A
filosofia do controlo estatístico do processo assenta na identificação de fontes de não-
conformidades e na actuação preventiva sobre as mesmas. Deste modo garante-se que os
produtos obtidos estão conformes com a especificação, com o nível de confiança
requerido e ao mais baixo custo [4].
Página | 16
3.2.1 Cartas de Controlo
As cartas de controlo são uma técnica estatística correntemente aplicada, simples mas
poderosa, uma vez que separa as causas comuns das especiais, permitindo assim detectar
as causas especiais de variação ou tendências. Funcionam como um sistema de
diagnóstico dos problemas de produção.
Página | 17
3.2.2 Cartas de controlo por variáveis
Deste modo, ̿ deve ser usada como a linha central do gráfico das médias- . Para a
construção dos limites de controlo, é necessário estimar as amplitudes. Se
representam uma amostra de tamanho , então a amplitude da amostra ( ) é diferença
entre o máximo ( ) e o mínimo ( ) dos valores observados.
Equação 3.2
̅ Equação 3.3
Os limites de controlo Superior (LSC) e Inferior (LIC) podem ser construídos com base nas
seguintes equações:
̿ ̅ Equação 3.4
̿ Equação 3.5
̿ ̅ Equação 3.6
Página | 18
A variabilidade do processo pode ser monitorizada através dos valores de amplitudes da
carta de controlo. Os limites de controlo e a linha central para a carta das amplitudes
podem ser construídos com base nas seguintes equações:
̅ Equação 3.7
̅ Equação 3.8
̅ Equação 3.9
Página | 19
Uma vez obtida a indicação de que o processo está sob controlo estatístico, é necessário
avaliar se o processo é capaz de satisfazer as especificações. Para tal utilizam-se os índices
de capacidade Cp e Cpk. O Cp representa a capacidade inerente ao processo, ou seja, a
razão entre a especificação para a característica da qualidade/parâmetro do processo e a
variabilidade desse mesmo processo. Este indicador não tem em conta o centramento do
processo, por isso se denomina inerente [4],[16]. Este indicador é calculado segundo a
Equação 3.10.
Equação 3.10
̿ ̿
Equação 3.11
( ⁄ ) ̅ Equação 3.12
Quanto maior os valores dos dois indicadores, mais capaz se apresenta o processo. A Tabela
3.2 apresenta os vários cenários possíveis para os indicadores de capacidade do processo.
Página | 20
Cp / Cpk Conclusão Acções correctivas Gráficos representativos
Implementar cartas de
>1,33 / Boa
controlo
=1,33 capacidade (Pré-controlo é
recomendado)
Corrigir o
descentramento;
>1,33 / Processo
Se houver degradação
<1,0 Descentrado do processo, rever a
especificação ou
melhorar o processo.
Investigar causas de
variabilidade;
Processo
=1 / =1 Melhorar Cp e Cpk até
Marginal Crítico 1,33;
Implementar Cartas X,R
até melhoria confirmada.
Os tipos de variações que podem ser encontradas nos sistemas de medição podem ser do
tipo:
Erros sistemáticos, que representam a diferença entre a média das medições
observadas e o valor de referência;
A repetibilidade, que representa a variação na medição obtida através de um
equipamento de medição quando utilizado várias vezes pelo mesmo operador na
medição de uma característica de um produto;
A reprodutibilidade, que representa a média das medições gerada por diferentes
operadores utilizando o mesmo equipamento na medição de uma característica de
um produto;
Página | 21
A estabilidade, que representa a variação total nas medições obtidas com um
sistema de medição na mesma peça e mesma característica ao longo do tempo;
A linearidade é a diferença entre os erros sistemáticos obtidos ao longo da escala do
equipamento de medição.
Página | 22
4. PROCESSO PRODUTIVO
Página | 23
4.1 O Processo Produtivo
A empresa está capacitada para a produção de detergentes líquidos e em pó, sendo estes
últimos produzidos em menor quantidade. A produção de detergentes líquidos realiza-se em
reactores de diferentes capacidades, adequados às quantidades necessárias de cada
produto.
Existe também na fábrica, um reactor de 2m3 para produção de vários produtos líquidos de
naturezas alcalina e neutra. Este reactor possui uma camisa de aquecimento/arrefecimento
e está equipado com uma célula de carga funcionando em dosagem por adição dupla de
peso. A matéria-prima com admissão directa para este reactor é a água (desmineralizada
ou da rede), sendo as restantes matérias-primas pesadas nas balanças da zona de
produção. Na Figura 4.3 é possível ver o reactor e a célula de carga.
Página | 24
Figura 4.2 – Balanças de pesagem na Zona de Produção.
Para além dos dois reactores mencionados, existem outros equipamentos disponíveis, na
fábrica, para produção. Estes equipamentos podem ser contentores plásticos de 1m3
(cubas) onde são produzidos maioritariamente os produtos clorados, como Produtos E e I.
Estes produtos devido ao seu poder corrosivo contra o inox têm necessariamente de ser
fabricados nestes contentores. Também neste tipo de contentores se fabricam os sabonetes
líquidos para as mãos, de sua característica, viscosos (~2200cP). Existem dois contentores em
inox de 500Kg e 400Kg usados para produtos que não necessitam de grandes quantidades
mensais de produção. A agitação neste tipo de equipamentos é feita com um agitador
externo colocado num suporte.
Página | 25
4.1.1 Misturador de sólidos
Para além dos produtos líquidos, a fábrica também possui na sua lista de produtos,
detergentes em pó. A sua produção é feita num misturador de sólidos, como se pode
observar na Figura 4.4. As matérias-primas em pó, pesadas previamente, são introduzidas
alternadamente pelo topo do misturador. O misturador é composto por um parafuso sem-
fim, que envolve a mistura aquando da introdução de uma matéria-prima. Pelo fundo do
misturador, escoa o produto pronto a embalar.
A fábrica possui uma unidade de desmineralização de água, uma vez que a maioria dos
seus produtos necessitam de água desprovida de iões para não afectar a sua estabilidade.
Esta unidade funciona com duas colunas de permuta iónica (Figura 4.5), a do lado
esquerdo para a permuta catiónica e a do lado direito para a permuta aniónica. A
regeneração das colunas é feita através de ácido clorídrico para a coluna catiónica e com
hidróxido de sódio para a coluna aniónica. Quando o desmineralizador está em
funcionamento, a condutividade e a resistividade da água desmineralizada são
monitorizadas, através do mostrador, como se pode observar na figura seguinte. A água
desmineralizada é posteriormente armazenada num tanque de 25m 3.
Página | 26
Figura 4.5 – Unidade de desmineralização.
Figura 4.6 – Palete de 20L com filme retráctil à direita e palete de 5L sem filme retráctil à
esquerda.
O detergente para a lavagem manual da loiça é dos produtos com maior produção mensal
e por essa razão, o seu embalamento é realizado numa máquina de enchimento
automático. Este produto é comercializado em embalagens de 5L, 10L e 20L.
Página | 27
A máquina de enchimento tem capacidade para os três tipos de embalagens, possuindo
duas saídas de enchimento e dois contentores de 1 tonelada para armazenamento de
produto. A Figura 4.7 mostra a máquina de enchimento com duas embalagens de 5L de
capacidade posicionadas nas saídas de enchimento.
Página | 28
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Página | 29
5.1 Métodos Analíticos de Controlo de Qualidade
de Detergentes
5.1.1 Determinação do pH
Para garantir que os resultados analíticos são válidos o equipamento de medição deve ser
ajustado ou verificado quando necessário. Desse modo, foram feitos estudos de
reprodutibilidade nas condições de processo que se consideram ser os mais críticos para o
controlo do pH dos produtos, bem como, a validação das medições por comparação com
os valores de um laboratório externo certificado.
Página | 30
recolhidas em dois locais específicos, para os reactores de 5m3 e 2m3, nomeadamente pelo
fundo e pelo topo dos reactores. Para o caso do reactor de 1m3 não se considerou
necessária a amostragem pelo fundo do reactor, por este ser de menores dimensões. Para o
caso do reactor de 5m3 o único produto amostrado foi um produto neutro de média
viscosidade (~500cP), para o reactor de 2m3 foram amostrados três tipos de produtos
líquidos diferentes, um de natureza neutra e outros dois de natureza alcalina, com valores de
pH situados entre 12-13 e 13-14, e por fim, para o reactor de 1m3 o único produto amostrado
foi um produto neutro de alta viscosidade (~2200cP).
Laboratório
Dados da empresa
externo
Amplitude Desvio-
Reactor Local Produto Média Média Desvio(%)
Média padrão
5m3 Cima 6,76 0,23 0,10 - -
Neutro
Baixo 6,74 0,14 0,06 6,51 3,40
Cima 6,62 0,08 0,03 - -
Neutro
Baixo 6,69 0,05 0,02 6,63 0,90
2m3 Cima Alcalino 12,72 0,08 0,03 - -
Baixo (pH:12-13) 12,74 0,05 0,02 12,94 1,50
Cima Alcalino 13,39 0,07 0,03 - -
Baixo (pH:13-14) 13,29 0,13 0,05 13,08 1,60
1m3 Cima Neutro 6,23 0,08 0,03 6,16 1,10
Página | 31
5.1.2 Determinação da densidade de Produtos Líquidos
O segundo método é usado para líquidos de médias e altas viscosidades. Para determinar a
densidade por este método é necessário utilizar um picnómetro da Elcometer® 1800, como
mostra a figura seguinte. Depois de limpo e seco, deve-se encher com a amostra de
produto a analisar, colocando-se a tampa. A amostra deve ser suficiente para encher todo
o copo e caso haja amostra excedente, esta sairá pelo orifício no centro do picnómetro,
como mostra a imagem do centro (Figura 5.3). Depois de retirado o excedente, regista-se o
peso lido e calcula-se a densidade da amostra através da Equação 5.1:
Equação 5.1
Página | 32
Figura 5.3 – Determinação da densidade pelo método do picnómetro.
Este desvio nas leituras de massa específica deve-se à viscosidade apresentada pelos fluidos
que quando mergulhados no densímetro apresentam uma resistência à deformação
elevada em relação aos líquidos não viscosos. Como o Produto C é um produto de média
viscosidade, a resistência não será muito elevada, contudo a leitura da densidade através
do picnómetro é uma melhor alternativa. Para o caso do Produto O é ainda mais crítico o
uso do densímetro para a determinação da densidade. Este produto é de alta viscosidade,
sendo altamente resistente à deformação. Os dados presentes na Figura 5.5 corroboram
esta afirmação, sendo o uso do picnómetro o mais correcto neste caso e em todos os
líquidos de viscosidade semelhante.
Página | 33
Média viscosidade
Valor Máx.
Densidade (g/cm3)
Densímetro
Picnómetro
CTV
Valor Mín.
Figura 5.4 – Comparação dos valores de densidade para os três métodos usados para o
produto C.
Alta viscosidade
Valor Máx.
Densidade (g/cm3)
Densímetro
Picnómetro
CTV
Valor Mín.
Figura 5.5 – Comparação dos valores de densidade para os três métodos usados para o
produto O.
Página | 34
Em primeiro lugar é necessário colocar a amostra do produto a analisar no funil, que se
encontra a 2cm de altura em relação à superfície do copo (Figura 5.7-Imagem 1). O funil
terá de estar obstruído para que a amostra escoe pelo funil somente no momento da
realização do método. Destapa-se o funil, deixando o produto escoar para dentro do copo
até este chegar ao topo do copo numa forma cónica (Figura 5.7-Imagem 2). Retirar o
excedente de produto com um espátula num ângulo de 45º para evitar retirar produto
necessário à pesagem (Figura 5.7-Imagem 3). Por fim registar o peso lido (Figura 5.7-Imagem
4) e calcular a densidade aparente através da Equação 5.2:
⁄ Equação 5.2
Página | 35
5.1.2 Determinação da Viscosidade
a) b)
Página | 36
Produto Spindle Velocidade (rpm) Temperatura (ºC)
C S61 6 20
O S63 30 20
B S63 30 20
Q S63 20 20
S S61 4 20
A S62 12 19
Foram feitas leituras de viscosidade com um viscosímetro Brookfield Dial Reading LVT no
Instituto Superior Técnico, usando como spindle, um small sample adapter SC4 18/13R de
8mL, como se pode observar na figura do Anexo D. De acordo com os valores apresentados
na tabela do Anexo C chegou-se à conclusão que seria necessário adquirir um viscosímetro
mais adequado à leitura dos produtos fabricados na empresa, a empresa adquiriu um
viscosímetro Brookfield LV DVI-Prime.
Com a aquisição deste novo viscosímetro, foi necessário determinar qual as condições de
utilização, bem como, os spindles e velocidades mais adequadas às diferentes viscosidades
dos produtos. Deste modo, fez-se um estudo para todos os produtos que requerem o
controlo de viscosidade, determinando para cada um quais os parâmetros mais
adequados. Essa escolha baseia-se na percentagem de torque, ou seja, na tendência de
uma força para rodar um determinado objecto sobre um eixo. A percentagem de torque
ideal para a leitura da viscosidade é de 50%. Deste modo, quanto mais próxima uma
velocidade de rotação se aproximar deste valor de torque, mais preciso será o valor de
viscosidade lido.
Página | 37
laboratório externo. Os valores de leitura do laboratório externo que apresentam o valor N/A
(Não Avaliado) são referentes a produtos que alteraram as suas especificações de
viscosidade ao longo dos seis meses de estágio. Os únicos dados disponíveis do laboratório
externo referem-se a especificações de viscosidade antigas e desactualizadas. Deste modo,
seria necessário efectuar análises destes dois produtos a fim de corroborar os valores de
viscosidade lidos na empresa.
Leitura
Velocidade Leitura Torque
Produto Spindle Laboratório Desvio (%)
(rpm) média (cP) médio (%)
externo (cP)
12 1222 49
A S62 N/A -
20 911 61
20 2451 41
B S63 2200 3
30 2140 54
20 2441 41
O S63 2380 7
30 2209 55
4 728 49
S S61 615 16
5 725 60
12 3719 37
Q S63 N/A -
20 2945 49
5 526 44
C S61 520 1
6 526 53
12 1077 43
P S62 1320 18
20 1068 71
Tabela 5.3 – Parâmetros referentes à determinação da viscosidade em sete produtos.
A determinação da matéria activa aniónica faz-se por titulação directa em duas fases de
acordo com o método descrito na norma NP-1204. Este método aplica-se à análise de
sulfonatos de alquilbenzeno, alquilsulfonatos, sulfatos e hidroxissulfatos, sulfatos de alquilfenol,
etoxissulfatos de álcool gordo e dialquilsulfosuccinatos e na determinação do teor de
matérias activas contendo um grupo hidrófilo por molécula. Os sulfanatos de baixa massa
molecular presentes sob a forma de hidrótropo (tolueno, xileno) não interferem se a sua
concentração, em relação ao teor de matérias activas, for inferior ou igual a 15% (m/m).
Para uma concentração superior, a sua influência deve ser estudada em cada caso
particular. Os sais dos ácidos gordos (sabão), a ureia e os sais de ácido
etilenodiaminotetracético não interferem. Os constituintes minerais típicos dos detergentes,
tais como cloreto de sódio, sulfato, borato, tripolifosfato, perborato, silicato, etc., não
interferem, mas outros agentes branqueadores, além do perborato, devem ser destruídos
antes da análise.
Página | 38
A matéria activa aniónica forma com o corante catiónico um sal que se dissolve no
clorofórmio, ao qual confere uma coloração rósea (Figura 5.9-Imagem 2). Durante a
titulação, o cloreto de benzetónio (Hyamine) desloca, deste sal, o brometo de dimidio que
passa para a fase aquosa, deixando a fase clorofórmica que perde a sua coloração
rosada. Um excesso de Hyamine® provoca a formação com o corante aniónico, de um sal
que se dissolve no clorofórmio ao qual dá coloração azul (Figura 5.9-Imagem 4).
Primeiro pesa-se uma toma para análise contendo 4 miliequivalente de matéria activa
aniónica. Foram feitos os cálculos da massa da toma para a análise segundo os pesos
moleculares dos tensoactivos aniónicos presentes nos diferentes produtos da empresa
(Tabela 5.4).
Tabela 5.4 – Massa da toma para análise para os produtos contendo matéria activa
aniónica.
Equação 5.3
sendo a massa da toma para análise (g); o peso molecular médio da matéria activa
aniónica; a molaridade da solução de cloreto de benzetónio e o volume, da solução
de cloreto de benzetónio utilizada para a titulação(ml).
Página | 39
Reagentes utilizados Equipamento utilizado
Matéria Activa Aniónica Hyamine® 1622 solution 0,004
mol/L
Clorofórmio AnaLaR Normapur
99,2%
Equipamento corrente de
BDH Brometo de dimidio/dissulfina
laboratório
azul
Fenolftaleína Carlo Erba RPA
Hidróxido de sódio 1,0N Panreac
Ácido sulfúrico 95-97% Merck
Para a determinação do cloro activo numa amostra de produto a analisar, começa-se por
pipetar 25 ml da amostra para um balão volumétrico de 250 ml contendo 150 ml de água
desmineralizada. De seguida completa-se o volume com água e homogeneiza-se. De
seguida pipetam-se 10 ml desta solução para um Erlenmeyer de 250 ml contendo 1 g de
iodeto de potássio dissolvidos em 100 ml de água desmineralizada. Homogeneiza-se a
mistura e adiciona-se 1 ml de ácido acético glacial.
Página | 40
De seguida titula-se esta mistura com uma solução de tiossulfato de sódio 0,1 N até ficar
com cor amarelo palha, como se pode observar na Figura 5.10-Imagem 2. Adicionam-se
nesta altura 10 ml de cozimento de amido, ficando a solução azul (Figura 5.10-Imagem 3) e
finaliza-se a titulação até mudança da cor azul para incolor (Figura 5.10-Imagem 4). Regista-
se o volume gasto de tiossulfato de sódio e calcula-se a concentração de cloro activo
através da Equação 5.4:
Equação 5.4
Equação 5.5
Página | 41
5.2 Controlo Estatístico do processo
Fez-se um estudo estatístico do processo para alguns dos produtos da empresa para
averiguar a estabilidade do processo produtivo referente a um ano de produção
(2013/2014). Este estudo foi feito para cinco produtos com diferentes finalidades comerciais
e diferentes características físicas e químicas, de modo a verificar se estas diferenças
assumem um papel preponderante na estabilidade do processo. O estudo foi feito por
cartas de controlo do tipo ̅ -R, nomeadamente carta de médias e de amplitudes para pH,
densidade, viscosidade e cloro activo cada produto. A avaliação da capacidade do
processo para cada produto é feita através dos critérios presentes na Tabela 3.2 do Capítulo
3.
5.2.1 Produto I
Valor Máx.
de pH
Valor Mín.
1 10 19 28 37 46 55 64 73 82
a) Nº de Amostras
Dados LSC/LIC Média LSE/LIE
0,8
Amplitudes do pH
0,6
0,4
0,2
0,0
1 10 19 28 37 46 55 64 73 82
b) Nº de amostras
Figura 5.11 – Cartas de controlo X/R do pH. a) Carta das médias b) Carta das amplitudes.
LSC, LIC – Limites superior e inferior de controlo; LSE, LIE - Limites superior e inferior de
especificação.
Página | 42
Na Figura 5.12 encontram-se representadas as cartas de controlo referentes às leituras de
densidade pelo método do densímetro/hidrómetro. Como se pode observar pela carta de
controlo das médias, o processo encontra-se bastante controlado. Os limites de
especificação encontram-se bem definidos, uma vez que todos os dados se encontram
dentro dos limites de controlo (LSC/LIC). Da carta das amplitudes é possível observar que
não existem grandes oscilações de amplitudes entre leituras consecutivas.
Valor Máx.
Valores médios
da densidade
(g/cm3)
Valor Mín.
1 10 19 28 37 46 55 64 73 82
a) Nº de Amostras
Dados LSC/LIC Média LSE/LIE
0,004
Amplitude da
Densidade
0,003
0,002
0,001
0,000
1 10 19 28 37 46 55 64 73 82
b)
Nº de Amostras
Figura 5.12 – Cartas de controlo X/R da densidade. a) Carta das médias b) Carta das
amplitudes.
Página | 43
de Cloro Activo
Valores médios Valor Máx.
Valor Mín.
1 10 19 28 37 46 55 64 73 82
a) Nº de Amostras
Dados LSC/LIC Média LSE/LIE
0,5
Amplitude do
Cloro Activo
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
b) 1 10 19 28 37 46 55 64 73 82
Nº de Amostras
Figura 5.13 – Cartas de controlo X/R do cloro activo. a) Carta das médias b) Carta das
amplitudes.
Da tabela seguinte é possível observar que todos os parâmetros possuem valores em ambos
índices de capacidade do processo superiores a 1,33, sendo por isso o processo de fabrico
considerado capaz de cumprir com as especificações e centrado.
Parâmetro Cp Cpk
pH 2,0 2,0
Densidade 1,9 1,8
Cloro
1,9 1,6
Activo
Tabela 5.7 – Parâmetros de controlo estatístico do processo para o produto I.
5.2.2 Produto L
Este produto é fabricado no reactor de 2m3 com introdução manual de todas as matérias-
primas, pesadas individualmente nas balanças da zona de produção, com excepção da
água desmineralizada. É um produto neutro, multiusos, usado para limpeza de todas as
superfícies. A grande condicionante deste produto é precisar de efectuar uma
neutralização manual no final do seu processo produtivo.
Na Figura 5.14 estão representadas as cartas de controlo referentes aos valores médios de
pH. É possível observar na carta das médias de pH, uma zona onde não estão apresentados
limites de aviso, uma vez que a empresa ainda não tinha estabelecido estes limites para o
produto.
Página | 44
Após estabelecimento dos limites de aviso, verificou-se a estabilização do processo dentro
destes valores. Devido às grandes amplitudes entre leituras consecutivas de dados, os limites
de controlo do processo são bastante maiores que os de aviso. Caso se pretenda
estabelecer os limites de aviso existentes como limites de especificação do produto é
necessário automatizar o processo de neutralização, ou a curto prazo, aquando da
neutralização manual estabelecer, um valor médio de pH final. Deste modo evitam-se
grandes amplitudes de dados, tornando este processo o mais estável possível.
Valor Máx.
Valores médios
de pH
Valor Mín.
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59
a) Nº de amostras
Dados LSC/LIC Média LSA/LIA
2,0
Amplitude do pH
1,5
1,0
0,5
0,0
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59
b) Nº de amostras
Figura 5.14 – Cartas de controlo X/R do pH. a) Carta das médias b) Carta das amplitudes.
LSC, LIC – Limites superior e inferior de controlo; LSA, LIA – Limites superior e inferior de
especificação.
Página | 45
Valores médios Valor Máx.
de Densidade
Valor Mín.
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59
Nº de amostras
a)
Dados LSC/LIC Média LSA/LIA
0,008
Amplitude da
densidade
0,006
0,004
0,002
0,000
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59
b) Nº de amostras
Figura 5.15 – Cartas de controlo X/R da densidade. a) Carta das médias b) Carta das
amplitudes.
Para o cálculo dos índices de capacidade do pH, foram usados os valores das amostras a
partir da amostra 25, para a densidade usaram-se as 59 amostras. Da tabela seguinte
podemos observar que para o parâmetro do pH, o processo embora esteja centrado nos
limites de aviso internos, este não é um processo capaz, sendo os limites de aviso bastante
inferiores aos limites de controlo. Deste modo, como dito anteriormente, será necessário
alargar os limites de aviso e continuar a fazer um controlo estatístico do processo. Para o
caso da densidade, o processo apresenta um valor de Cp perto da unidade, o que indica
que o processo é satisfatório, mas encontra-se descentrado.
Parâmetro Cp Cpk
pH 0,6 0,5
Densidade 1,1 0,8
Tabela 5.8 – Parâmetros de controlo estatístico do processo para o produto L.
5.2.3 Produto O
Página | 46
estabilização do processo dentro destes valores. Como a média dos valores do processo
não se encontra centrada, os limites de controlo não se encontram centrados com os limites
de aviso impostos pela empresa. Como se pode observar na carta das médias, os valores de
pH tendem a situar-se abaixo da média, pelo que será necessária a revisão dos limites de
aviso, para posteriormente definir os limites de especificação do produto. Com o
estabelecimento dos limites de aviso, as amplitudes das leituras de pH também sofreram
uma redução, o que significa que o processo tende a ser estável.
Valores médios
Valor Máx.
de pH
Valor Mín.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
a) Nº de amostras
1,5
1,0
0,5
0,0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
b) Nº de amostras
Figura 5.16 – Cartas de controlo X/R do pH. a) Carta das médias b) Carta das amplitudes.
Na Figura 5.17 estão representadas as cartas de controlo referentes aos valores médios de
densidade do processo. É possível observar que o processo se encontra bastante estável, à
excepção dos dados iniciais da carta. Estes dados aleatórios devem-se a erros de leitura do
operador. Este é um produto que aquando do final do seu processo produtivo apresenta
bastante incorporação de ar no seu interior. Se as medições de densidade forem feitas
imediatamente após a sua produção, o ar introduzido provocará erros grandes na leitura da
densidade, geralmente reduzindo o seu valor. Deste modo, foi instaurado que a leitura da
densidade deste produto é sempre feita após umas horas de repouso, ou até mesmo
verificada somente no dia seguinte. Por consequência, os dados lidos a partir desta
alteração encontram-se bastante mais definidos. O método de determinação da
densidade durante o controlo estatístico baseou-se no método de densímetro/hidrómetro.
Assim sendo, no futuro o controlo estatístico para este produto terá de ser feito com dados
do picnómetro, uma vez que é o método mais correcto. Os limites de especificação terão
de ser posteriormente revistos para se enquadrarem com os valores resultantes do
picnómetro.
Página | 47
Valores médios Valor Máx.
de densidade
Valor Mín.
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
Nº de amostras
a)
Dados LSC/LIC Média LSE/LIE
0,012
Amplitude da
densidade
0,008
0,004
0,000
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30
b) Nº de amostras
Figura 5.17 – Cartas de controlo X/R da densidade. a) Carta das médias b) Carta das
amplitudes.
Parâmetro Cp Cpk
pH 1,1 0,7
Densidade 6,6 6,0
Tabela 5.9 – Parâmetros de controlo estatístico do processo para o produto O.
5.2.4 Produto C
Este produto é fabricado no reactor de 5m3 com introdução manual de todas as matérias-
primas, pesadas individualmente nas balanças da zona de produção, com excepção da
água. É um produto neutro e de média viscosidade, usado para lavagem manual da loiça.
Na Figura 5.18 estão representadas as cartas de controlo referentes aos valores médios lidos
de pH. É possível observar que o processo se encontra acima do valor médio de pH,
estando os limites de controlo um pouco desfasados dos limites de aviso. Produção de
produto C é feita com uma neutralização inicial. Tal como no caso do produto L esta
neutralização é feita manualmente, oscilando o pH final de neutralização. Caso se pretenda
estabelecer os limites de aviso existentes como limites de especificação do produto é
necessário, ou automatizar o processo de neutralização, ou a curto prazo, aquando da
Página | 48
neutralização manual estabelecer, um valor médio de pH final. Deste modo evitam-se
grandes amplitudes de dados, tornando este processo o mais estável possível.
Valores médios
Valor Máx.
de pH
Valor Mín.
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101105
Nº de Amostras
a)
Dados LSC/LIC Média LSA/LIA
0,8
Amplitude dos
valores de pH
0,6
0,4
0,2
0
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105
b) Nº de Amostras
Figura 5.18 – Cartas de controlo X/R do pH. a) Carta das médias b) Carta das amplitudes.
Página | 49
Valores médios Valor Máx.
de Densidade
Valor Mín.
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101105
Nº de Amostras
a)
Dados LSC/LIC Média LSE/LIE
0,005
Amplitude da
0,004
densidade
0,003
0,002
0,001
0
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101105
b) Nº de Amostras
Figura 5.19 – Cartas de controlo X/R da densidade. a) Carta das médias b) Carta das
amplitudes.
da Viscosidade
Valores médios
Valor Máx.
Valor Mín.
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101105
Nº de Amostras
a)
Dados LSC/LIC Média LSA/LIA
80
Amplitude da
Viscosidade
60
40
20
0
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49 53 57 61 65 69 73 77 81 85 89 93 97 101 105
b) Nº de Amostras
Figura 5.20 – Cartas de controlo X/R da viscosidade. a) Carta das médias b) Carta das
amplitudes.
Da Tabela seguinte é possível observar que tanto a densidade como a viscosidade com os
novos valores definidos, são capazes de cumprir com as especificações e se encontram
bastante centrados. No entanto, os valores de pH, embora satisfatoriamente capazes de
cumprir com as especificações têm tendência a estar acima da média e a deslocar os
limites de controlo para cima, descentrando o processo.
Parâmetro Cp Cpk
pH 1,0 0,7
Densidade 1,8 1,7
Viscosidade 2,9 1,3
Tabela 5.10 – Parâmetros de controlo estatístico do processo para o produto C.
Página | 50
5.2.5 Produto F
Este produto é fabricado no reactor de 2m3 com introdução manual de todas as matérias-
primas, pesadas individualmente nas balanças da zona de produção, com excepção da
água desmineralizada. Na Figura 5.21 estão representadas as cartas de controlo referentes
ao pH. A carta de controlo apresenta sinais de instabilidade consequência de uma
alteração de uma das matérias-primas, vindo a ser necessário uma neutralização manual no
final do processo produtivo. Devido a essa neutralização, as amplitudes nas leituras
consecutivas são grandes, aumentando os limites de controlo impostos pelo processo.
Como se pode observar nos dados finais da carta, tende a não ser necessária neutralização
e a estabilizar com valores de pH acima da média. Deste modo, no futuro será necessário
rever os limites de aviso do produto e transformá-los em limites de especificação.
Valores médios
Valor Máx.
de pH
Valor Mín.
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49
a) Nº de amostras
0,9
Amplitude de
0,6
pH
0,3
0
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49
b) Nº de amostras
Figura 5.21 – Cartas de controlo X/R do pH. a) Carta das médias b) Carta das amplitudes.
Página | 51
Valores médios
de densidade
Valor Máx.
Valor Mín.
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49
a) Nº de amostras
0,006
densidade
0,003
0
1 5 9 13 17 21 25 29 33 37 41 45 49
b) Nº de amostras
Figura 5.22 – Cartas de controlo X/R da densidade. a) Carta das médias b) Carta das
amplitudes.
Da tabela seguinte é possível observar que para este produto são necessárias implementar
medidas para diminuir a variabilidade e centrar o processo.
Parâmetro Cp Cpk
pH 1,0 1,0
Densidade 1,1 0,6
Página | 52
5.3.1 Produto Q de 500mL
Valor Máx.
Valor Mín.
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
Nº de amostras
a)
Dados LSE LIE Média LSC/LIC Quantidade nominal + tara
0,015
Amplitudes dos
0,010
pesos
0,005
0,000
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
b) Nº de amostras
Figura 5.23 – Cartas de controlo X/R do produto Q. a) Carta das médias b) Carta das
amplitudes.
Parâmetros Valores
Cp 2,2
Cpk 1,5
5.3.2 Produto C de 5L
Este produto, também é embalado de forma automática, como referido no ponto 4.1 do
Capitulo 4. Para o caso da comercialização do produto no formato de 5L, podemos
Página | 53
observar as cartas de controlo presentes na Figura 5.24. Aquando da implementação do
sistema de controlo, observou-se que os pesos medidos se encontravam abaixo do
estabelecido por lei (amostras 1 a 6) o que necessitou de rápida actualização da
velocidade de enchimento da máquina. Depois desta actualização, os pesos ficaram
dentro da especificação, mas um pouco abaixo da quantidade nominal. Para não actuar
novamente na velocidade de enchimento da máquina, pois isso acarretaria atrasos no
embalamento, melhorou-se a viscosidade do produto, de modo, a observar se seria um
parâmetro relevante. Chegou-se à conclusão que é um parâmetro bastante importante e
não pode apresentar grandes oscilações. Deste modo, conseguiram-se pesos dentro da
especificação em linha com a quantidade nominal necessária. A variabilidade do processo
diminuiu com este melhoramento do processo de enchimento. Através dos valores
representados na Tabela 5.13 é possível observar que se trata de um processo centrado
capaz de cumprir com as especificações. Quando os valores dos dois índices de
capacidade são muito semelhantes, o processo encontra-se centrado e dentro dos limites
de especificações.
Pesos Médios (Kg)
Valor Máx.
Valor Mín.
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29
a) Nº de amostras
Dados LSE LIE Média LSC/LIC Quantidade nominal + tara
Amplitudes dos
0,20
0,15
pesos
0,10
0,05
0,00
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28
b) Nº de amostras
Figura 5.24 – Cartas de controlo X/R do produto C de 5L. a) Carta das médias b) Carta das
amplitudes.
Parâmetros Valores
Cp 1,4
Cpk 1,3
Tabela 5.13 – Índices de capacidade e funcionamento referentes ao enchimento de
produto C 5L.
Página | 54
5.3.3 Produto C de 10L
Para o caso da comercialização deste produto num formato maior, de 10L, as cartas de
controlo do processo encontram-se representadas na Figura 5.25. Este processo, embora
funcionando com a mesma máquina de enchimento que o anterior, sempre se apresentou
controlado. Pela carta das amplitudes, é possível observar que é processo mais estável que
o anterior, não havendo nenhum valor medido fora do limite superior de controlo (LSC).
Pelos índices de capacidade representados na Tabela 5.14 é possível observar que se trata
de um processo capaz de cumprir com os limites de especificação, embora um pouco
descentrado relativamente à quantidade nominal. No geral é um processo bastante capaz.
Pesos Médios (Kg)
Valor Máx.
Valor Mín.
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
Nº de amostras
a)
Dados LSE LIE Média LSC/LIC Quantidade nominal + tara
Amplitudes dos
0,15
0,10
pesos
0,05
0,00
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
b) Nº de amostras
Figura 5.25 – Cartas de controlo X/R do produto C de 10L. a) Carta das médias b) Carta das
amplitudes.
Parâmetros Valores
Cp 1,7
Cpk 1,6
Tabela 5.14 – Índices de capacidade e funcionamento referentes ao enchimento de
produto C 10L.
5.3.4 Produto I de 5L
Página | 55
(amostras 1 a 6). Deste modo, averiguou-se, para a quantidade nominal com tara, se
haveria alguma marca na embalagem que pudesse auxiliar o enchimento. Efectivamente,
como mostra a Figura 5.26, se a quantidade de produto presente na embalagem estiver
acima das setas marcadas a preto, este encontra-se no nível da quantidade nominal, ou
seja, na média dos limites de especificação. Após consciencialização dos operadores para
o procedimento segundo a marcação da embalagem, obteve-se uma média de processo
contígua à quantidade nominal com tara. O processo considera-se estável com uma
amplitude na ordem dos 0,1. Contudo, quando observamos os valores da Tabela 5.15,
deparamo-nos com índices de capacidade e de funcionamento iguais a 1. Neste caso, a
amplitude natural do processo, ou seja o valor 6 e a gama de valores de especificação
(LSE-LIE) são iguais: diz-se que o processo é marginalmente capaz de cumprir os limites da
especificação. Não obstante, o processo encontra-se centrado na média.
Figura 5.26 – Marca auxiliar para enchimento manual nas embalagens de 5L.
Pesos Médios (Kg)
Valor Máx.
Valor Mín.
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
a) Nº de amostras
Dados LSE LIE Média LSC/LIC Quantidade nominal + tara
Amplitudes dos
0,45
0,30
pesos
0,15
0,00
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
b) Nº de amostras
Figura 5.27 – Cartas de controlo X/R de produto I de 5L. a) Carta das médias b) Carta das
amplitudes.
Página | 56
Parâmetros Valores
Cp 1,0
Cpk 1,0
O enchimento deste produto no formato de 10L é feito manualmente, pelo que também
representa um processo difícil de ser controlado. A Figura 5.28 mostra as cartas de controlo
deste processo. É possível observar que os valores médios dos pesos se encontram acima da
quantidade nominal com tara, estando o Limite Superior (LSC) fora dos limites de
especificação. Estes dados são corroborados com os valores dos índices de capacidade e
funcionamento presentes na Tabela 5.16, onde ambos se encontram abaixo da unidade.
Embora os dados se refiram a um processo que não é capaz de cumprir com os limites de
especificação, este somente não é capaz de cumprir com o limite superior. O Limite superior
de especificação, como referido anteriormente, é definido pela empresa não sendo
requisito legal. Este limite é imposto para salvaguarda de desperdício de produto, não
acarretando, deste modo, prejuízo para o cliente, mas sim para a empresa.
Valor Máx.
Valor Mín.
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
a) Nº de amostras
Dados LSE LIE Média LSC/LIC Quantidade nominal + tara
Amplitudes dos
0,30
0,20
pesos
0,10
0,00
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25
b) Nº de amostras
Figura 5.28 – Cartas de controlo X/R de produto I de 10L. a) Carta das médias b) Carta das
amplitudes.
Página | 57
Parâmetros Valores
Cp 0,8
Cpk 0,5
Tabela 5.16 – Índices de capacidade e funcionamento referentes ao enchimento de
produto I de 10L.
O estudo da Estabilidade dos Produtos é feita através de testes periódicos que se realizam a
vários tipos de produtos, sejam estes produtos já em produção ou produtos experimentais,
avaliando-se a estabilidade do produto sob várias condições que simulam o ambiente onde
os produtos poderão estar inseridos. Os produtos escolhidos foram o produto C, detergente
lava-loiça, e o produto O, o sabonete líquido para as mãos por serem produtos bastante
produzidos e comercializados. Os produtos clorados foram escolhidos por apresentarem
volatilidade do seu princípio activo, o hipoclorito de sódio. Por fim, escolheu-se um produto
em desenvolvimento, para desinfecção de saladas e frutas, para verificar a sua estabilidade
ao longo do tempo antes de começar a ser comercializado.
Frigorífico a 6ºC;
Temperatura Ambiente ao abrigo da luz;
Estufa a 40ºC;
Luz Solar.
Após serem colocados os produtos em teste, realizaram-se testes todas as semanas durante
13 semanas registando-se as alterações (caso as haja) ao nível de: Aspecto, cor, perfume e
separação. Além destas características organolépticas, verificaram-se os parâmetros
químicos como o pH, a viscosidade e o teor em cloro activo.
Página | 58
5.4.1 Produto C
A Figura 5.30 mostra a evolução dos valores de pH ao longo das 13 semanas para o produto
C. É possível observar que na estufa a 40ºC e no frio a 6ºC, o pH se mantém constante ao
longo do tempo, contudo à temperatura ambiente, o pH vai diminuindo, o que se traduz
numa instabilidade significativa do produto. Em termos de características organolépticas, é
possível observar pela Figura 5.29, que o produto no frio se encontra turvo e com depósitos,
ao contrário da limpidez característica à temperatura ambiente. A utilização de hidrótopos
nestes casos elimina problemas de separação de fases, potencializa a acção do sistema
tensoactivo nas formulações, aumenta a solubilização dos mesmos em água diminuindo o
ponto de turvação. Entre os hidrótopos mais usados temos: Ureia, cumeno sulfonato de
sódio, tolueno sulfonato de sódio e xileno sulfonato de sódio [3].
Valor Máx.
Valores de pH
Valor Mín.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Tempo, Semanas
Na Figura 5.31 é possível observar a evolução dos valores de viscosidade ao longo das 13
semanas. A 40ºC, a viscosidade atinge valores baixos de cerca de 60cP, o que seria de
esperar, pois com o aumento da temperatura, dá-se uma diminuição na viscosidade. Para
as restantes condições, a viscosidade mantem-se aproximadamente constante e da ordem
dos 420cP.
Página | 59
Valor Máx.
viscosidade
Valores de
Valor Mín.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Tempo, Semanas
Frio Estufa Luz Solar Armário
Como se pode observar na Figura 5.32, a fase de neutralização não sofre alteração de pH
ao longo das três semanas de teste. Não obstante, todas as outras fases sofrem alteração e
perda significativa dos valores de pH. É possível observar que as fases simples, com corante
e com perfume, ao fim das três semanas reduzem o seu pH até 5,5, enquanto as fases com
NaCl e completo, sofrem alteração do pH até um valor mínimo de 4,5. Por consequência
concluiu-se que é aquando da adição dos tensoactivos aniónicos que se observa uma
instabilidade nos valores de pH do produto final.
Valor Máx.
Valores de pH
Valor Mín.
0 1 2 3
Tempo, Semanas
Neutralização Simples Com corante
Com essência Com NaCl Completo
Figura 5.32 – Evolução dos valores de pH ao longo de 3 semanas para as várias etapas do
processo produtivo de produto C.
Página | 60
Os dois tensoactivos aniónicos usados na formulação de produto C estão representados na
Figura 3.3 no Capítulo 3. Devido às cadeias alquílicas lineares, os tensoactivos aniónicos aqui
apresentados podem estar susceptíveis à acção dos sais responsáveis pela dureza total da
água e posterior libertação de iões H+ para o meio. O tensoactivo LASNa é o principal
constituinte na neutralização no processo produtivo deste produto e é bastante resistente à
presença de sais de cálcio e magnésio, o que corrobora o facto dos valores de pH da
neutralização se manterem estáveis. O LESS é introduzido na fase denominada por simples,
continuando presente em todas as restante fases do processo produtivo. Por consequência
é nestas fases que se dá a presença de iões livres H +, que provocam uma redução no pH do
meio. Aquando da adição de electrólitos ao produto, este dissociam-se em Na+ e Cl-,
havendo uma ligação do ião cloro, com o ião livre H +, formando HCl, provocando uma
maior acidificação do meio, chegando os valores de pH a 4,5.
Para evitar a acção da dureza total da água sobre o tensoactivo aniónico LESS foram
seleccionados alguns agentes sequestrantes para os estudos de estabilidade a efectuar ao
produto. Os agentes sequestrantes têm a função de complexar iões responsáveis pela
dureza da água, principalmente os iões cálcio (Ca2+), magnésio (Mg2+) e ferro (Fe3+). São
responsáveis portanto, pelo aumento da estabilidade dos sistemas onde estão inseridos.
Entre os principais sequestrantes utilizados na formulação de um detergente lava-louça,
destaca-se o EDTA. O sequestrante também exerce outro papel muito importante, que é o
da potencialização do sistema conservante devido à eliminação dos iões do meio,
essenciais ao crescimento das bactérias dificultando o seu aparecimento. Além do EDTA,
existem ácidos que podem funcionar como complexantes da dureza total presente na
água, tais como o ácido fosfórico (H3PO4) ou o ácido cítrico, um ácido orgânico fraco [3].
Os testes de estabilidade foram feitos com ácido fosfórico, ácido cítrico, água
desmineralizada em detrimento da água de rede e por fim com duas concentrações
diferentes de EDTA. A escolha das concentrações de cada agente prende-se com razões
económicas. É possível observar na Figura 5.34 que o uso do complexante EDTA nas duas
diferentes concentrações surtiu o efeito desejado, tendo estabilizado o pH do produto ao
longo das três semanas de teste. Comparativamente aos dois ácidos usados visualiza-se a
redução dos valores de pH, embora para valores mais altos. Por fim, o uso da água
desmineralizada em detrimento da água de rede não apresenta quaisquer resultados
positivos. A dureza total da água desmineralizada foi determinada recorrendo a um teste da
AquaMerck® titrimétrico, que calcula a dureza total em mg/L de CaCO 3. O resultado para a
água desmineralizada da fábrica foi 0mg/L de CaCO3. Contudo não se pode concluir que a
água estará totalmente livre de outros iões que possam afectar os resultados de
estabilização.
Página | 61
Figura 5.33 – Teste de dureza total da AquaMerck® [12].
Valor Máx.
Valores de pH
Valor Mín.
0 1 2 3
Tempo, Semanas
Ácido Fosfórico Água Desmineralizada Ácido Cítrico 1ª Conc. EDTA 2ª Conc. EDTA
Figura 5.34 – Evolução dos valores de pH ao longo de 3 semanas para diferentes tipos de
agentes sequestrantes.
5.4.2 Produto O
Para o caso do produto O, podemos observar na figura seguinte, que para os valores de pH
é de constatar que estes se mantêm constantes ao longo do tempo, não havendo
instabilidade do produto. Em termos das características organolépticas, estas também se
mantiveram constantes ao longo de todo o tempo do estudo e para todas as condições de
teste. Na Figura 5.36 podem-se observar as curvas da evolução da viscosidade para as
diferentes condições de teste, sendo a viscosidade na estufa a mais baixa, o que seria de
esperar. Refira-se que a viscosidade no frio apresenta um valor mais baixo que à
temperatura ambiente ao contrário do esperado. Este facto deve-se à existência de
glicerina na sua formulação, que a temperaturas baixas funciona como um anticongelante,
tornando a solução menos viscosa a temperaturas baixas. Em condições ambiente e luz
solar a viscosidade apresenta o valor padrão esperado.
Valor Máx.
Valores de pH
Valor Mín.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Tempo, Semanas
Frio Estufa Luz Solar Armário
Página | 62
Valor Máx.
viscosidade
Valores de
Valor Mín.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13
Tempo, Semanas
Frio Estufa Luz Solar Armário
Para o caso dos produtos clorados estudou-se a perda de cloro activo ao longo do tempo
para estabelecer um prazo de vida útil do produto. Como já foi referido, as soluções de
hipoclorito de sódio têm estabilidade de armazenamento limitada. A decomposição ocorre
devido às duas reacções seguintes:
Para a condição de exposição ao frio, temos uma perda máxima de 2% durante os três
meses de teste. O produto I teve uma perda máxima de 0,5%. Este é o produto mais estável,
pois a sua formulação além do hipoclorito de sódio possui hidróxido de sódio, que estabiliza
o produto, elevando o pH da solução acima de 13. Os produtos T e em desenvolvimento
perderam 1,3% do cloro activo. Os produtos são bastante semelhantes na sua formulação,
portanto este resultado era esperado. O produto E foi o produto mais instável, pois a
formulação deste produto é um pouco diferente das anteriores. Os resultados para a
exposição ao frio encontram-se na Figura 5.37.
Página | 63
Figura 5.37 – Evolução da perda de cloro (%) dos diferentes produtos ao longo de 13
semanas a 6ºC.
Como se pode ver na Figura 5.38 a exposição à radiação da luz solar, provoca uma perda
de cloro activo na ordem dos 70%. O produto com perda mais acentuada foi novamente o
produto E. É possível afirmar que o armazenamento deste tipo de produtos tem de ser feito
na ausência de luz solar para prolongar o tempo de vida útil.
Figura 5.38 – Evolução da perda de cloro (%) dos diferentes produtos ao longo de 13
semanas no caso de exposição à luz solar.
Figura 5.39 – Evolução da perda de cloro (%) dos diferentes produtos ao longo de 13
semanas no caso de exposição à temperatura ambiente.
Página | 64
5.5 Desenvolvimento de gel das mãos abrasivo
Figura 5.40 – Decantação dos dois abrasivos usados na formulação do novo produto.
Página | 65
Das primeiras formulações realizadas com os novos abrasivos sem alteração na formulação
do sabonete líquido usado, revelaram decantação no caso da casca de noz e flutuação
do polietileno de baixa densidade.
Figura 5.42 – Gel das mãos sem abrasivo onde se pode observar a consistência “gelatinosa”
do produto devido ao polissacárido.
Página | 66
Finalmente, a quarta etapa consistiu na optimização da concentração de abrasivo e
selecção do corante e essência.
Para uma eficiente remoção das sujidades das mãos, fizeram-se alguns testes quanto à
concentração a usar de abrasivo. Foram testadas várias concentrações, tendo-se optado
por a concentração que surtiu o efeito desejado de abrasão. Relacionado com as
características organolépticas do produto, optou-se por adicionar à formulação do gel, cor
laranja e correspondente essência a laranja. A concentração de essência a utilizar prendeu-
se com dados do fornecedor de essências. Uma concentração maior poderia provocar
também o rompimento da goma e tornar o produto menos viscoso. Deste modo após a
lavagem das mãos perdura um agradável aroma a laranja.
A determinação dos parâmetros pH, densidade e viscosidade foi feita com base nos
métodos descritos no Capítulo 4.2 Métodos de Ensaio. Para a determinação do extracto
seco das amostras, o método usado foi: Pesagem de 1g de amostra numa caixa de Petri;
Homogeneização da amostra por toda a superfície da caixa; colocação na estufa a 105ºC
durante 24h ou até peso constante da amostra.
Página | 67
A determinação da matéria activa aniónica foi feita de acordo com base nos métodos
descritos no Capítulo 4.2 Métodos de Ensaio. A quantidade de massa a tomar para efectuar
a análise aos vários produtos encontra-se descrita na Tabela 5.17.
Tabela 5.17 – Massa de toma para análise para os vários produtos da concorrência.
1
2
A Tabela 5.18 mostra os resultados do estudo para os diferentes produtos. Como se pode
observar, cada um dos produtos analisados apresenta características diferentes e que os
produtos da empresa se enquadram na gama de variações dos produtos analisados. Temos
que para os produtos que apresentam maior teor em matéria activa aniónica, existe maior
altura de espuma formada. Logo, num detergente lava-louça, parece existir uma relação
Página | 68
entre a formação de espuma e a quantidade de tensoactivos. Por outro lado, não se pode
afirmar que exista uma relação directa entre a viscosidade e o teor em matéria activa
aniónica. O aumento da viscosidade pode ser feito pelo aumento da concentração de
tensoactivos ou misturas de diferentes tensoactivos, ou então, pelo aumento da quantidade
de electrólitos (sais) a utilizar. É possível observar pelos valores de densidade apresentados
que valores altos de densidade se traduzem em viscosidade maior, por aumento da adição
de sais a um detergente. No caso do produto 2 essa quantidade é excessiva, tendo
acontecido que em caso de sais em excesso dá-se o rompimento das ligações (Figura 5.44),
baixando a viscosidade significativamente.
Para o caso das diferenças entre os valores obtidos por extracto seco e os valores do teor
em matéria activa aniónica, a justificação prende-se com os seguintes factores:
1. Para o caso dos detergentes 1 e 2 a existência de tensoactivos não iónicos que não
são contabilizados pelo método de determinação da matéria-activa aniónica.
2. Para o caso dos restantes detergentes a presença de matérias-primas, como sais,
conservantes, entre outras que não são voláteis.
Mat.
Densidade Viscosidade Extrato Espuma30’’ Espuma5’
Produto pH Ativa
(g/cm3) (cP) seco (%) (mL) (mL)
(%)
1 8,5 1,018 830 25,1 14,3 58 56
2 5,3 1,017 620 8,5 4,5 42 39
3 8,8 1,050 575 13 8,3 42 41
4 7,5 1,020 293 6,6 5,6 34 34
C 6,5 1,022 520 6,8 4,8 36 36
P 6,5 1,026 1075 13,5 12,3 43 42
Tabela 5.18 – Análise de diferentes parâmetros a produtos da concorrência de lavagem
manual da loiça.
Página | 69
Página | 70
6. C
ONCLUSÃO E TRABALHO FUTURO
Página | 71
6.1 Conclusões
Como referido anteriormente, esta tese de mestrado abrangeu várias temáticas inerentes à
empresa onde foi realizada, sendo que as conclusões englobam diversos temas.
Página | 72
O estudo de estabilidade realizado aos diferentes produtos permitiu avaliar o modo como as
condições ambientais em que os produtos são armazenados, influenciam as suas
características físicas e químicas. Permitiu, também, estabelecer prazos de utilização dos
produtos clorados. Com a detecção da instabilidade do detergente de lavagem manual
da loiça, foi possível determinar as causas e as soluções para esta instabilidade. Deste
modo, se na formulação do detergente for adicionado um agente sequestrante, como o
EDTA, este pode captar os iões que conferem dureza à água, permitindo uma maior
estabilização dos tensoactivos usados no detergente. Para o caso dos produtos clorados foi
possível estimar a perda de cloro sofrida em cada uma das condições ambientais de teste e
pôde-se concluir que para armazenamentos a temperaturas abaixo dos 20ºC, ao abrigo da
luz, os produtos têm perdas muito pequenas de cloro. Deste modo, a eficácia dos produtos
clorados comprova-se mesmo ao fim de três meses de vida útil.
Por fim, o desenvolvimento de um novo produto, o gel abrasivo para mãos para remoção
de óleos de oficinas e indústrias pesadas não ficou concluído. Foi possível proceder a
alterações na formulação do gel, de modo, a garantir uma melhor estabilidade do produto.
Essa estabilidade deveu-se ao uso de um polissacárido, denominado por Goma Xantana,
que conferiu ao produto a sustentabilidade necessária para incorporação dos abrasivos
desejados.
Página | 73
6.2 Sugestões para Trabalho Futuro
Apesar de todas as tarefas propostas para este trabalho terem sido realizadas e concluídas,
caso o estágio fosse reiniciado, algumas abordagens poderiam ser repensadas. Deste
modo, aqui ficam algumas sugestões sobre o trabalho que desenvolvi e que pode ainda ser
melhorado.
Página | 74
7. BIBLIOGRAFIA
Página | 75
[1] LAS, Human and Environmental Risk Assessment on ingredients of Household
Cleaning Products, revised HERA Report, April 2013
[6] Pulido R. A., Rodríguez A. M., Jiménez M. O., “Control Esadístico de la Calidad”,
Grupo Editorial Universitario, 2005.
[7] Tadros T. F., “ Applied Surfactants – Principles and Applications”, Wiley-VCH Verlag
GmbH & Co., 2005
[8] Zoller U. e Broze G., “Handbook of detergents- Part A”, New York-Basel, 1999.
Websites:
[9] http://biory.com/biorf_formula.html
[10] http://en.wikipedia.org/wiki/File:Sodium_laureth_sulfate_structure.png
[11] http://en.wikipedia.org/wiki/Xanthan_gum
[12] http://www.acquasolution.com/
[13] http://www.brookfieldengineering.com/index.asp
[14] http://www.macler.com.br/produtos/367/coco-amido-propil-betaina-30
[15] https://www.medicinescomplete.com
[16] http://www.pmtech.com.br
[17] http://www.solvaychemicals.com
Página | 76
8. ANEXOS
Página | 77
Anexo A: Tabela de Constantes das Cartas de Controlo
Página | 78
Anexo B: Portaria N.º 1198/91
1. Quadro N.º 1
Página | 79
Anexo C: Dados dos testes de Viscosidade no Instituto Superior
Técnico
Página | 80