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1. Introdução
A preocupação com a qualidade não é um assunto atual nas empresas, porém, ultimamente
tem se tornado papel essencial para a permanência da empresa no mercado. O cliente tem se
tornado cada vez mais exigente e está sempre em busca do menor preço, com a melhor
qualidade.
A qualidade não significa apenas estar livre de defeitos. O produto ou o serviço oferecido pela
organização deve cumprir uma série de requisitos, dentre eles, entrega dentro do prazo.
A Gestão da Qualidade total garante que todos os funcionários envolvidos façam parte do
programa de melhoria continua. Muitas vezes, são utilizadas técnicas simples e eficientes que
garantem melhorias e refletem um nível de qualidade cada vez mais alto.
Dentro deste contexto, o presente estudo tem como objetivo geral mostrar a importância da
aplicação da qualidade no ambiente industrial, mais especificamente da metodologia 8D, para
atingir níveis competitivos.
2. Revisão Bibliográfica
2.1. Qualidade
Após a segunda guerra mundial, o Japão começou a identificar os benefícios da ênfase dada a
qualidade nas suas organizações com a ajuda dos americanos Joseph Juran e W. Edwards
Deming. Deming utilizava métodos de controle estatístico de processo e de resolução de
problemas, e acreditava que 85% de todos os problemas relacionados a qualidade eram por
falta de gestão. (JURAN; GODFREY, 1998)
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Ainda segundo Martinelli (2009), em 1957, foi criada a norma ISO 9000 pela International
Organization Standard com caráter de padronização e garantia da qualidade. A ISO 9000 não
se aplica a um produto ou serviço em especifico, mas sim ao processo que se originam. Para
uma empresa ser certificada ela deve preencher todos os requisitos listados na norma.
O sucesso de uma empresa está ligado à capacidade de produzir um produto com qualidade
maior do que os concorrentes e com preços igualmente competitivos. Por isso, o papel do
Gerenciamento da Qualidade tem grande importância, pois é responsável por ajudar a
empresa alcançar estes objetivos. Aliado a isso, a certificação ISO 9000 tem se tornado
necessária para a competitividade, uma vez que importantes clientes fazem exigência de seus
fornecedores serem certificados.
Para Campos (2014), não significa que apenas estar livre de defeitos garantirá a sobrevivência
da organização. A qualidade do produto e do serviço envolve a necessidade de o projeto ser
perfeito, com baixo custo, garantir a segurança do cliente e ser entregue na quantidade certa,
no prazo e local requisitados.
É indispensável coletar informações sobre o desempenho do processo para que este possa ser
devidamente controlado. Existem diversas ferramentas da qualidade, que quando bem
aplicadas, levam melhorias consideráveis aos processos. Elas são responsáveis pela
identificação, apresentação e análise das falhas para que as ações corretivas implementadas
possam ser mais eficazes.
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2) Do: executar – Execução das tarefas propostas exatamente como foram planejadas.
Nesta etapa também inclui treinamentos necessários.
4) Act: agir – São tomadas ações corretivas em cima dos resultados obtidos, a fim de
se aproximar do objetivo proposto.
Uma ilustração do ciclo, com suas respectivas etapas pode ser observada na Figura 1.
Essa ferramenta caracteriza a busca pela melhoria continua. Pois uma vez que não se atingiu
as metas idealizadas, pode-se propor um novo ciclo, com novas melhorias a serem alcançadas.
(JURAN; GODFREY, 1998)
O ciclo PDCA pode ser utilizado para a manutenção do nível de controle ou para a criação de
um novo nível. Conforme Campos (2014), quando utilizado para a manutenção, tem como
papel essencial o cumprimento dos procedimentos padrões. Neste caso, geralmente é utilizado
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pelos operadores. O PDCA utilizado para a criação de um novo nível de controle tem como
objetivo a criação de melhorias, os cargos de chefia usualmente utilizam o ciclo com esta
finalidade.
O Gráfico de Pareto é uma ferramenta que permite a identificação das principais causas dos
defeitos, e com isso concentrar as ações para resolve-las primeiramente. As maiorias dos
defeitos e seus custos estão relacionados a um número pequeno de causas. Logo, resolvendo-
se essas causas, a maioria dos defeitos são eliminados do processo. Conforme Kume (1993),
na maioria dos casos, são poucos defeitos vitais e muitos defeitos triviais.
Segundo Seleme e Stadler (2012), essa técnica surgiu a partir de estudos realizados por
Vilfredo Pareto e Max Otto Lorenz. Eles analisaram a distribuição de renda e estabeleceram a
relação 20/80, que dizia que 20% da população possuía 80% da renda total.
De acordo com Kume (1993), primeiramente, é necessário criar uma lista com todos os
defeitos e o número de ocorrência de cada um em ordem decrescente. Posteriormente deve
estabelecer a quantidade acumulada de defeitos em unidades, os percentuais por defeitos e os
percentuais acumulados. Um exemplo pode ser visto na Tabela 1.
Risco 42 146 21 73
Porosidade 20 166 10 83
Trinca 10 176 5 88
Mancha 6 182 4 91
Fenda 4 186 3 93
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Através da Figura 1, é possível visualizar que ao concentrar as ações para resolver a causa do
defeito ‘deformação’, mais de 50% dos problemas seriam resolvidos. O gráfico de Pareto
também facilita a transmissão de informações para os funcionários por ser uma ferramenta
visual.
Os cinco porquês é uma ferramenta simples que busca encontrar a causa raiz de um problema
e assim corrigi-la. Para aplicar a técnica, basta perguntar ‘por quê’ cinco vezes para um
determinado problema. Por exemplo:
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Em alguns casos, quando o problema é mais simples, pode-se encontrar sua causa antes
mesmo de completar as cinco perguntas. Essa técnica é importante pois se as ações corretivas
não forem tomadas em cima da real causa, o problema irá reaparecer. Como no exemplo
acima, se somente o fusível fosse trocado, em alguns meses a máquina pararia novamente.
(OHNO, 1997)
2.3.4. 5Ws e 1H
De acordo com Seleme e Stadler (2012) o 5Ws e 1H é uma ferramenta flexível pois pode ser
aplicada tanto para especificar um problema quanto para gerar um plano de ação. A ideia
principal é organizar as informações.
Essa ferramenta pode ser utilizada para analisar um efeito negativo ou positivo. Deve-se levar
em conta que o processo deve ser bem conhecido para que o diagrama se torne eficaz.
Para facilitar a construção do diagrama, as causas podem ser agrupadas utilizando os 6Ms:
materiais, máquina, método, meio ambiente, mão de obra e medida. (SELEME; STADLER,
2012)
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Como pode ser observado na Figura 2, o nome espinha de peixe é devido ao formato do
diagrama.
As causas devem ser fragmentadas dentro de cada agrupamento, e uma alternativas para
realizar o levantamento das causas é através de um brainstorming, que é caracterizado por ser
uma reunião aberta e dinâmica.
2.3.6. FMEA
O FMEA (Failure Mode and Effect Analysis) é uma ferramenta que tem como objetivo
identificar e classificar todas as falhas que tem possibilidade de acontecer ou que já
aconteceram. É um método muito utilizado no processo de melhoria continua.
Souza (2012) explica que para elaborar um FMEA deve-se identificar o modo de falha, sua
causa, o efeito que ela provoca e como deve ser controlada. A partir disso, cada falha receberá
uma pontuação para os itens: severidade, ocorrência e detecção. Multiplicando as notas dos
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itens, obtém-se o número de prioridade de risco (NPR). Este número é utilizado para priorizar
as ações que devem tomadas.
FMEA
Efeito de Causa
Ite Modo de Falha Ocorrência Controle NP
Severidade
Falha Potencia
Detecção
m Potencial Atual R
Potencial l
O FMEA é bastante utilizado pois é o método indicado pela QS-9000 (norma de qualidade
automotiva), porém, a pontuação deve seguir critérios para não se tornar subjetiva. (SOUZA,
2012)
2.3.7. 8D
O método 8D, também conhecido como Oito Disciplinas é utilizado para resolução de
problemas em equipe. Sua utilização teve início na indústria automotiva e atualmente se
espalhou para outros ramos. De acordo com Cunha (2010), seu nome está relacionado as oito
etapas que devem ser seguidas:
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d) Definir a causa raiz e analise de impacto: nesta etapa pode-se utilizar algumas
ferramentas como o diagrama de Ishikawa, os cinco porquês e o Brainstorming
para encontrar a origem do problema. Também é importante analisar as
consequências do problema e checar o que foi afetado.
Segundo Cunha (2010) o 8D deve ser documentado, pois é uma ferramenta importante que
cumpre com uma das cláusulas da norma ISO 9001:2015.
Para Carpinetti (2010) o ciclo PDCA, o MASP ou o 8D são ferramentas que utilizam
raciocínio logico, coleta de dados e informações concretas, que se opõem ao subjetivismo. Por
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3.Desenvolvimento
Este estudo foi realizado a partir de dados obtidos em uma empresa que produz tubos e
mangueiras hidráulicas localizada no sul de Minas Gerais.
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A primeira etapa consistiu em selecionar uma não conformidade significativa para a aplicação
da ferramenta 8D. Esta não conformidade foi escolhida levando em consideração o problema
com maior ocorrência interna de acordo com o gráfico de Pareto (Gráfico 2), elaborado pela
empresa.
Como é possível notar, o problema com maior incidência na linha de tubos rígidos é
relacionado a dobras.
As não conformidades internas geram custos para a empresa devido ao retrabalho e ao scrap
(descarte das peças). A reincidência dessas falhas pode chegar ao cliente, se tornando uma
não conformidade externa.
O caso a ser apresentado se trata de um tubo rígido com dobra invertida que além de ter
ocorrência interna chegou ao cliente, pois as ações internas não foram capazes de isolar o
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Através das Figuras 4 e 5, pode-se perceber a diferença entre o tubo com as características que
o cliente especificou e o tubo que foi entregue, com dobra invertida.
Ao receber os tubos de aço (matéria prima) é feita uma inspeção para verificar se a qualidade
está dentro dos padrões requisitados. Os tubos seguem para as serras onde são cortados de
acordo com o tamanho especificado. Após serem cortados, são enviados para as dobradeiras,
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onde serão dobrados de acordo com o desenho do cliente. Em sequência, os tubos são
encaminhados para a zincagem, processo realizado externamente. Ao retornar à planta de
produção, são deformados (processo onde se cria a rosca). Ao finalizar o processo, os tubos
passam pelo processo de limpeza e embalo, para então ser entregue ao cliente.
Ao detectar a peça com defeito, o cliente realizou uma reclamação e como norma da empresa,
foi aplicada a metodologia 8D. Os oitos passos seguidos para analisar e solucionar o problema
foram:
-Novas peças tiveram que ser produzidas imediatamente, para não parar a linha de
produção do cliente.
III. Durante a produção não foi executado o check list cruzado com o desenho.
APQP não cruzou as informações com desenho.
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Após isso, ainda na quarta etapa do 8D, foi realizada uma lista de verificação, analisando a
possibilidade de as causas apontadas serem a origem da falha. A conclusão foi que a causa I
não tem possibilidade de ser a causa raiz, pois o operador já recebeu a informação errada ao
realizar o set up da máquina.
A partir das causas II e III, é aplicada a metodologia dos cinco porquês de acordo com Tabela
2.
Falha 1° Por que 2º Por que 3º Por que 4º Por que 5º Por que
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c) A falha foi incluída no FMEA, como pode ser visualizado na Figura 8, adaptada do
documento original da empresa.
Efeito
Prioridade de Risco
Modo Potencial de Process
Classe Potencial Causa Potencial Controle de Processo Atual
Falha step
Severidade
Numero de
Ocorrência
Detecção
da Falha
CLASSE
Parâmetros do produto
Ocorrência
afetado, relacionada à Parâmetros do Ver
na Prevenção Detecção
aplicação. Requer as Processo Afetado Matriz
Aplicação
necessidades dos clientes
MAQUINA NÃO DEFINIÇÃO DE PLANO FREQUENCIA DE
CONFIGURADA 3 4 DE DOBRA PELA ENG. INSPEÇÃO E FIRST 2 40
(BENDING)
A falha foi inserida na classe ‘Dobra’, seu modo foi definido como forma incorreta do tubo e
o efeito gerado é a rejeição do material. No item Severidade, recebeu nota 5, que é moderada,
o item perde sua funcionalidade, porém não afeta a segurança já será impossível montá-lo na
máquina do cliente.
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A causa potencial da falha foi dividida em dois problemas distintos, o primeiro é o fato da
máquina não ter sido configurada corretamente. Isso pode acontecer por falhas de
interpretação do desenho, ou também por erro do operador ao realizar o set up da máquina,
mas este último caso, foi excluído, apesar de ter sido levantado no brainstorming. A
frequência dessa falha pode ser influenciada pela quantidade de fatores que a geram, porém
recebeu nota 4 em Ocorrência, pois ainda não tinha sido registrada.
No item Detecção a falha recebeu nota 2, ou seja, a probabilidade de ser detectada é alta, tanto
pelo operador da máquina, quanto nas áreas de inspeção que foram instaladas.
Por fim, a equipe realizou uma apresentação para a gerência da empresa para divulgar os
resultados alçados, onde foi parabenizada.
4. Conclusão
Assim como relatado por Capinetti (2010), a aplicação do 8D pela empresa é muito
semelhante a um PDCA. A diferença está na situação em que ele é empregado. O 8D é um
documento que deve ser elaborado somente sobre uma não conformidade externa. Já o PDCA
é aplicado quando se deseja realizar alguma melhoria para aperfeiçoar o processo e
consequentemente, o produto final.
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Como pôde ser visto, a atualização do FMEA com o novo modo de falha, incluiu não somente
a causa raiz do problema, mas também outras causas que podem ocorrer e gerar essa mesma
falha. Isso pode ter colaborado, de forma positiva, com o resultado alcançado.
Referências
CAMPOS, V. F. TQC – Controle da Qualidade Total (no estilo japonês). 8. ed. Belo Horizonte: Fundação
Christiano Ottoni, 2014.
CARPINETTI, L.C.R. Gestão da Qualidade – Conceitos e Técnicas. São Paulo: Atlas, 2010.
CUNHA, V. L. S. Melhoria Contínua do Sistema de Controle da Qualidade. Dissertação (Mestrado
Integrado em Engenharia Metalúrgica e de Materiais) – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto,
Porto, 2010.
JURAN, J. M.; GODFREY, A. B. Juran's quality handbook. 5. ed. New York: McGraw Hill, 1998.
KUME, H. Métodos estatísticos para melhoria da qualidade. São Paulo: Editora Gente, 1993.
MARTINELLI, F. B. Gestão da qualidade total. Curitiba: IESDE Brasil, 2009.
OHNO, T. O Sistema Toyota de Produção: além da produção em larga escala. Porto Alegre: Bookman, 1997.
SELEME, R.; STADLER, H. Controle da qualidade: as ferramentas essenciais. Curitiba: InterSaberes, 2012.
SOUZA, R. V. B. Aplicação do método FMEA para priorização de ações de melhoria em fluxos de
processos. Dissertação (Pós-Graduação em Engenharia de Produção) – EESC - USP, São Carlos, 2012.
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