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EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO PROFISSIONAL DE

TELECOMUNICAÇÕES

Cristiano Torres do Amaral

Resumo: Este projeto de pesquisa tem como proposta discorrer sobre a conscientização
ambiental no ensino profissionalizante de telecomunicações, segundo análise da legislação
educacional e ambiental. Neste sentido, o autor apresenta argumentos que justificam a
conscientização ambiental dos profissionais de nível médio do segmento de
telecomunicações, no decorrer de sua formação profissional, os quais deverão trabalhar com
artefatos técnicos que podem agredir o meio ambiente. Dentre esses artefatos destacam-se as
antenas, baterias eletrônicas, torres, entre outros aparatos. A conscientização ambiental destes
profissionais durante seu processo de formação apresenta-se de modo estratégico, pois essas
pessoas estarão habilitadas a cumprir a legislação técnica e ambiental do setor,
comprometendo-se ainda, de maneira cidadã, com o desenvolvimento sustentável desta
tecnologia, e sua relação com o meio ambiente.

Palavras-Chave: Ensino, Telecomunicações.


1. INTRODUÇÃO
A educação ambiental deve estar presente no cotidiano escolar, desde o ensino fundamental
até o ensino superior, integrando a formação cidadã do educando. Neste sentido, verificamos
o empenho dos educadores do ensino médio profissionalizante em adequar seu currículo
técnico aos conceitos de conscientização ambiental previstos na Política Nacional de
Educação Ambiental, que está disposta na Lei Federal n.º 9.795, de 27 de abril de 1999. Para
tanto, o enfoque de temas técnicos e específicos de determinadas áreas do ensino profissional
são abordados sob o viés peculiar da disciplina, acrescidos ainda de suas argumentações no
âmbito sócio-ambiental.

Desta maneira, podemos verificar professores do curso médio profissionalizante de eletrônica


questionando seus educandos acerca do descarte indiscriminado de baterias dos equipamentos
eletrônicos na natureza. Neste exemplo, o questionamento faz-se necessário porque as baterias
possuem materiais tóxicos e podem agredir o meio ambiente, necessitando assim de um
manejo específico quando estiverem sem utilização. Logo, para os futuros profissionais do
setor, não bastam os requisitos técnicos de operação destas baterias para seu descarte, mas
uma completa avaliação sobre seu manejo adequado, obedecendo aos critérios técnicos e
ambientais necessários para a sua inutilização.

Outro setor que oferece oportunidade para a implementação da educação ambiental está
ligado a formação dos profissionais de telecomunicações, especificamente ao segmento de
telefonia celular. A telefonia celular no país está em pleno desenvolvimento, apresentando a
cada dia números de recordes de usuários. O telefone móvel está presente no cotidiano de
grande parte das pessoas nas grandes cidades brasileiras. Segundo a Agência Nacional de
Telecomunicações (ANATEL), estão conectados a esta rede cerca de setenta e cinco milhões
de telefones celulares1. Essas pessoas se conectam em “mundo virtual paralelo” ao espaço e
tempo real, por onde estabelecem redes de relacionamento com finalidades diferenciadas
(entretenimento, família, trabalho, escola, entre outros)2.

No entanto, este mundo virtual paralelo não existe de maneira isolada, pelo contrário,
necessita ainda de uma estrutura física para o tráfego das informações. Assim, para o perfeito
funcionamento deste ciberespaço3, faz-se necessária a instalação de uma infra-estrutura
baseada em células de Estações de Rádio Base (ERB), todas dispostas pelo espaço urbano,
criando portais eletrônicos para conexão dos telefones móveis.

Essas ERB’s são compostas de baterias, torres, antenas e transmissores de rádio, cuja
instalação e manutenção são de responsabilidade de engenheiros e técnicos do segmento de
telecomunicações. Logo, os engenheiros e técnicos deste segmento são os responsáveis pela
inclusão digital de muitas pessoas no mundo moderno4, disponibilizando para a sociedade os
modernos canais de comunicação.

Mas a instalação das ERB’s não ocorre de modo aleatório, pelo contrário, deve seguir um
rígido planejamento técnico, econômico e, principalmente, ambiental. Neste planejamento
devem ser consideradas as variáveis de custo, número de usuários e ainda, os impactos

1
Consulta ao Sistema de Serviços de Telecomunicações da ANATEL em 19 de julho de 2005, disponível na
página de internet http://sistemas.anatel.gov.br/stel.
2
GRAHAM, 1996.
3
HARVEY, 1992. WERTHEIM, 2001.
4
GRAHAM, 1996.
ambientais decorrentes de sua instalação. Esses impactos podem ser observados quando
avaliamos de perto a instalação de uma ERB, desde o preparo do solo para implantação de
uma torre com estrutura metálica até o ajuste e montagem das antenas.

A torre, com uma estrutura metálica de grande porte, muitas vezes contrasta com a paisagem
urbana, ou destaca-se no ambiente natural. Este artefato tecnológico vem acompanhado ainda
de baterias, antenas e geradores de energia elétrica que podem produzir ruídos, além de
irradiar ondas eletromagnéticas. Todas essas características devem ser consideradas durante o
planejamento e execução de instalação de uma ERB de telefonia celular. Portanto, é de
fundamental importância promover a conscientização ambiental dos profissionais que lidam
diariamente com essas estruturas.

2. FATORES RELEVANTES DE PREOCUPAÇÃO AMBIENTAL


O futuro profissional de telecomunicações, em especial o técnico de nível médio, deve
atentar-se para as conseqüências de seus atos profissionais, de modo a garantir o equilíbrio
sócio-ambiental de uma determinada atividade. Ele atua rotineiramente de modo
intermediário, implementando e executando tarefas determinadas por um engenheiro no
decorrer de um projeto. No entanto, este profissional não pode limitar-se em executar as
atividades apenas sob o enfoque técnico-prático, pelo contrário, é preciso ponderar pela sua
parcela de responsabilidade na sociedade a qual está inserido. Isso significa dizer que ao
técnico não basta executar e ser fiscalizado no decorrer de suas funções, pois jamais existirá
uma pessoa para conferir, a cada ato que ele execute, suas atribuições técnicas e profissionais
de acordo com as normas e leis vigentes.

Assim, ao proceder a instalação de uma antena em ERB de telefonia celular, por exemplo,
este profissional deve lembrar-se que existem normas e procedimentos técnicos que
determinam o correto manejo desta atividade. No entanto, o técnico deve lembrar-se também
que a tecnologia com que trabalha possui questionamentos acadêmicos acerca do risco de
exposição da irradiação ao meio ambiente5. Segundo Jay Griffiths, em artigo publicado na
revista The Ecologist em outubro de 2004, a irradiação de ondas eletromagnéticas não-
ionizantes emitidas pelas antenas das ERB’s podem fazer mal a saúde, pois não existiriam
estudos seguros quanto a distância e potência máxima de operação do sistema de telefonia
celular. Assim, o profissional de telecomunicações deve avaliar durante o processo de
instalação das antenas, neste caso, o ângulo de incidência de sua irradiação mais segura, sem
comprometer-se com o aspecto técnico, e resguardando a sociedade do risco potencial que
possa existir. Agindo deste modo, o técnico pode propor mudanças em um projeto, ou seja,
sugerir um direcionando alternativo das antenas das ERB´s. Por exemplo, nas proximidades
de asilos ou creches, as antenas seriam direcionadas para pontos que não submeteriam os
idosos e crianças a sua irradiação, sem expor essas pessoas a irradiação das ERB’s, nem
tampouco deixando de executar suas atribuições profissionais.

Além disso, em função deste risco, esses profissionais devem lembrar-se ainda que em alguns
municípios brasileiros é necessário o licenciamento ambiental das ERB’s. Este é o caso de
Belo Horizonte, Criciúma, Porto Alegre e Santo André. Para tanto, existem leis municipais
que regulamentam o licenciamento ambiental das torres de telefonia celular como medida de
segurança para população. Neste sentido, engenheiros e técnicos devem seguir estas

5
DODE, 2002.
definições para instalação das ERB’s. O Quadro 1 apresenta um resumo dos critérios exigidos
em Belo Horizonte para licenciamento das torres de telefonia celular:

QUADRO 1
REQUISITOS PARA O LICENCIAMENTO AMBIENTAL DAS TORRES
DE TELECOMUNICAÇÕES EM BELO HORIZONTE

Descrição Parâmetro
Distância entre torres 500 metros
Distância entre edifícios com torres 100 metros
Distância entre a antena emissora e edificação mais próxima 30 metros
Distância entre a torre e o limite do imóvel 5 metros
Projeção vertical Maior que 1,5 metros

Em harmonia estética, sem direcionamento


Fachada de Prédio
para a edificação

Fonte: Adaptado da Lei Municipal de Belo Horizonte n.º 8.201/01.

Ainda neste exemplo, o técnico de telecomunicações, que domina os conhecimentos


específicos do setor e devidamente consciente de sua responsabilidade social, poderá sugerir
ao engenheiro projetista um design de antena que não comprometa significativamente a
paisagem local, integrando a torre ao contexto social da comunidade. Para tanto, este
profissional pode recorrer a uma gama de equipamentos e acessórios disponíveis no mercado
para atenuação dos impactos ambientais oriundos da instalação de uma ERB. Atualmente
existem inúmeras tecnologias de camuflagem de antenas, torres e cabos que possibilitam a
integração destes aparatos com a paisagem local, como pode ser observado na Figura 1 a
seguir:

Figura 1: Torres camufladas da empresa Larson Company.


Fonte: Consulta a página http://www.larson-usa.com/ consultada em 05 maio de 2005.

Outro aspecto ambiental relevante associado às ERB’s está ligado às baterias estacionárias
utilizadas para manutenção da carga elétrica quando a rede externa estiver fora de operação.
Essas baterias devem ser trocadas periodicamente, sendo este um serviço executado pelo
técnico de telecomunicações. Neste caso, o técnico deve ser consciente do manejo adequado,
e jamais encaminhar esses materiais ao lixo convencional. No entanto, é muito comum a
instalação de ERB’s em locais remotos, e o transporte das baterias pode tornar-se um
empecilho para a rotina diária deste profissional. Porém, o técnico deve se responsabilizar
pela segurança deste transporte, e garantir que este material seja devidamente encaminhado
para uma empresa especializada em descarte de baterias. No caso de extravios e descarte
incorreto, esse material pode eliminar resíduos que possuem elevado risco de contaminação
do meio ambiente.

Neste sentido, o técnico de telecomunicações que está diretamente ligado a este contexto,
deve conhecer todos os aspectos que envolvem o licenciamento ambiental das Estações de
Rádio Base (ERB) de telefonia celular, além de zelar pelo cumprimento destas normas e
manejo adequado dos materiais e equipamentos envolvidos. Trata-se de reconhecer as
responsabilidades sociais de sua atividade profissional, pois assim ele não estará apenas
cumprindo formalidades burocráticas, mas implementando ações que garantem o equilíbrio
entre a sua atividade e o meio ambiente.

O educador é o profissional que vai garantir o pleno desenvolvimento desta conscientização


ambiental, ética e cidadã. Durante a formação acadêmica dessas pessoas, o educador estará
implementando ações que devem promover o desenvolvimento da ética e da cidadania dos
futuros profissionais do segmento de telecomunicações. O papel do professor é fundamental,
pois ele estará alertando os educandos sobre as conseqüências de seus atos profissionais, na
escola e fora dela, no decorrer de sua formação técnica e ao longo de sua vida profissional.
Estas conseqüências serão avaliadas em um contexto global, e o professor será o indivíduo
que estará a disposição dos educandos para composição deste conhecimento ético, consciente
de sua relação com o meio ambiente.

3. EM CONFORMIDADE COM A LEI


A educação ambiental no país segue as premissas da Lei Federal n.º 9.795, de 27 de abril de
1999. Nesta norma existem diretrizes amplas no que tange a conscientização ambiental da
sociedade, englobando desta maneira todas as esferas do ensino público e privado. A
educação ambiental apresenta-se como uma modalidade de ensino essencial e por isso foi
assim definida na forma da lei:

“Art. 1o Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo
e a coletividade constróem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo,
essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade.” (Lei Federal n.º 9.795/99)

Neste sentido, a educação ambiental deve ser adotada em todas as esferas de ensino, desde a
educação básica até o ensino superior e pós-graduação. Desta maneira, ao menos na forma da
lei, a formação da cidadania está garantida no processo ensino e aprendizagem. Então, o
educando, ao longo de toda a sua formação acadêmica, poderá consolidar conceitos
elementares para a manutenção do desenvolvimento sustentável da sociedade, respeitando
sempre o equilíbrio nas relações entre o homem da natureza:

“Art. 10. A educação ambiental será desenvolvida como uma prática educativa integrada,
contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal.” (Lei Federal
n.º 9.795/99)
No entanto, a Lei que estabelece esta Política Nacional de Educação Ambiental não determina
a criação de disciplinas específicas nos currículos escolares para esta finalidade. Para tanto,
sugere que sejam adotadas medidas que visem a integração e valorização destes conteúdos na
grade curricular tradicional. Em se tratando de ensino profissionalizante, a referida norma
define o seguinte:

“Art. 10. § 3o Nos cursos de formação e especialização técnico-profissional, em todos os


níveis, deve ser incorporado conteúdo que trate da ética ambiental das atividades
profissionais a serem desenvolvidas.” (Lei Federal n.º 9.795/99)

Portanto, os educadores do ensino profissional devem estabelecer procedimentos que visem


inserir nos conteúdos tradicionais dos cursos profissionalizantes a conscientização ambiental
dos futuros profissionais. Logo, os educadores devem estabelecer conexões entre seus
conteúdos técnicos e específicos do curso profissional com a educação ambiental. Estas
conexões pedagógicas devem garantir o pleno desenvolvimento profissional do educando,
para que esse possa desenvolver o conhecimento técnico necessário para agir de modo
racional e consciente. Com essa formação, o futuro profissional estará sempre cumprindo suas
atribuições técnicas, mas respeitando também as práticas sócio-ambientais.

Neste movimento, educadores e educandos devem alinhar-se em processo de ensino que


envolva a prática ambiental sustentável. Os professores, por sua vez, também estão sujeitos a
este movimento. Em um processo contínuo de formação, os profissionais do ensino técnico
devem solidarizar-se com a prática ambiental e promover mudanças em seu processo
formação. Deste modo, o educador das ciências exatas (engenharias, arquitetura, etc.), por
exemplo, também está sujeito a uma reavaliação curricular de seu processo de formação, para
assim contemplar as exigências da Política Nacional de Educação Ambiental:

“Art. 11. A dimensão ambiental deve constar dos currículos de formação de professores,
em todos os níveis e em todas as disciplinas.” (Lei Federal n.º 9.795/99)

O curso profissionalizante de telecomunicações também deve seguir as diretrizes desta


Política Nacional de Educação Ambiental. Neste caso, o educador deve atentar-se para a
grade curricular em vigor, bem como para as práticas profissionais adotadas pelas empresas e
sociedade. O futuro profissional deve sair da escola consciente de seus atos, e sabedor de suas
conseqüências perante a sociedade e o meio ambiente.
Logo, as oportunidades pedagógicas para este movimento não faltam, pois o segmento de
telecomunicações está em pleno desenvolvimento e diretamente ligado ao cotidiano das
pessoas com o meio ambiente. O educador, mesmo tendo que adequar o conteúdo da
educação ambiental ao currículo tradicional, deve estimular o desenvolvimento da
conscientização dos futuros profissionais.
4. A INTERNET COMO RECURSO DIDÁTICO

Os novos meios de comunicação podem auxiliar o professor neste momento de


desenvolvimento da conscientização ambiental no ensino profissional. Por exemplo, a rede
mundial de computadores pode ser utilizada como importante instrumento de conexão
pedagógica entre educadores e educandos. Neste movimento de inserção de conteúdos
ambientais no currículo tradicional do ensino técnico, os educadores podem utilizar a internet
como instrumento de motivação de seus alunos para o desenvolvimento da conscientização
ambiental. Trata-se de um aparato novo na prática de ensino, e que está surgindo rapidamente
na rotina escolar. Este recurso didático está fora da prática formal de ensino e aprendizagem, e
por isso, pode estimular os educandos no desenvolvimento de conteúdos especiais. Nesta
prática de ensino, o educando pode desvendar os conceitos técnicos propostos pelo professor,
os quais estão relacionados com a educação ambiental.

Através da internet, os educandos, com o auxílio do professor, podem alcançar informações


acerca das questões ambientais relacionadas com a sua futura vivência profissional no
segmento de telecomunicações. Isso significa dizer que os alunos das escolas técnicas, com o
acompanhamento do professor, podem conhecer peculiaridades das atividades profissionais
de telecomunicações e suas conseqüências no campo ambiental, sem que para isso se
envolvam diretamente com essa realidade. Neste importante movimento, os educandos podem
conhecer, por exemplo, as questões relativas aos conflitos envolvendo comunidades locais e
empresas de telefonia celular, sem se expor ao conflito e ao local dos fatos.

Deste modo, em um simples apertar de botões, os educandos podem conhecer a realidade


sócio-ambiental de sua atividade profissional, e ao mesmo tempo, recorrer ao auxílio do
professor para esclarecimentos acerca deste retrato da sociedade. Neste exemplo, caso o
professor deseje mostrar para seus alunos os conflitos entre comunidades locais e empresas de
telefonia celular, bastar utilizar as páginas web para ilustrar seu conteúdo. Ao recorrer à
internet o educador poderá encontrar com facilidade informações sobre este assunto nas
páginas da ANATEL (www.anatel.gov.br), da Associação Brasileira de Defesa dos
Moradores e Usuários Intranqüilos com Equipamentos de Telecomunicações Celular –
ABRADECEL – (www.abradecel.org.br) e das operadores de telefonia celular. Deste modo, o
professor pode preparar uma aula, discutindo com seus educandos, os conceitos técnicos e
ambientais utilizados por empresas e sociedades em suas argumentações favoráveis e
contrárias a tecnologia. Neste exercício, os educandos podem encontrar informações teóricas
e questões práticas envolvendo o conflito como pode ser observado na Figura 2 a seguir:

Figura 2 – Conflito entre moradores da Rua Itororó em Belo Horizonte e uma operadora de telefonia celular.
O educando, no exemplo da Figura 2, pode verificar a insatisfação dos moradores de um
bairro de Belo Horizonte com a instalação de uma ERB. Assim, mesmo sem se deslocar até o
ponto de conflito entre a comunidade e uma operadora de telefonia celular, o aluno poderá
discutir com o professor os argumentos das partes envolvidas. Nesta discussão, deverão
aflorar os conceitos técnicos e ambientais que serão confrontados com as responsabilidades
sócio-ambientais dos futuros profissionais do setor.

Portanto, o educador, com o auxílio dos novos meios de comunicação, pode semear o
desenvolvimento da conscientização ambiental no ensino profissional. Os alunos,
acostumados com a rotina tradicional da educação profissional, neste movimento, sentem-se
motivados, pois descobrem outras peculiaridades de suas futuras atribuições profissionais, a
partir de uma dinâmica pedagógica diferente no ensino formal.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O descarte de baterias no meio ambiente, a irradiação de ondas eletromagnéticas sobre idosos
e crianças, entre outros assuntos, devem ser abordados na prática de ensino profissionalizante
de telecomunicações. Neste enfoque, a abordagem deve ser avaliada sobre o ponto de vista
técnico, e principalmente, de acordo com viés sócio-ambiental. Para tanto, o desenvolvimento
da conscientização ambiental dos profissionais do setor de telecomunicações deve iniciar com
o seu processo formação tradicional, ou seja, no decorrer de sua formação técnica, que deve
contemplar os conteúdos que promovam a discussão da relação entre o profissional (homem)
e o meio (ambiente).

Em um primeiro momento, essa tarefa pode apresentar-se com certa dificuldade, pois na
legislação vigente não estão previstas disciplinas específicas sobre o tema na grade curricular
tradicional do ensino técnico. No entanto, o educador deve propor metodologias alternativas
que possam contemplar a educação ambiental no decorrer do ensino técnico tradicional.
Agindo deste modo, o professor poderá desenvolver junto ao futuro profissional de
telecomunicações, noções de responsabilidades e deveres perante a sociedade e o meio
ambiente.

Verifica-se também nesta dinâmica, que o ensino técnico pode encontrar na internet um
importante aliado no processo de desenvolvimento da educação ambiental. A rede mundial de
computadores pode poupar recursos, ilustrar temas e conteúdos, além de disponibilizar para o
professor mecanismos para fugir da rotina tradicional das aulas técnicas, de prática bancária,
com excessivas metodologias expositivas6. Com esses recursos didáticos alternativos e
diferentes da prática tradicional, os educandos são estimulados, e desenvolvem o interesse
pelo conhecimento de um determinado conteúdo, que neste caso, trata-se da educação
ambiental e responsabilidade social.

A partir de uma leitura crítica da realidade7, os educandos podem avaliar seus procedimentos
no decorrer de sua formação profissional, recorrendo ao professor para maiores
esclarecimentos. Logo, os alunos passam a conhecer os limites de seus atos, sempre
conscientes, e respeitando as normas técnicas e ambientais. Nesta prática, o educador estará
contribuindo ainda para o desenvolvimento da autonomia ética e responsável dos futuros
profissionais do segmento de telecomunicações.
6
FREIRE, 2003.
7
FREIRE, 1983, p.13.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARRADAS, Ovídio César Machado. Você e as telecomunicações. Rio de Janeiro:


Interciência, 1995.

BELO HORIZONTE, Lei n.º 8.201 – 17 jul. 2001. Normas para instalação de antenas de
telecomunicações e dá outras providências. Belo Horizonte, 2001.

DODE, Adilza Condessa. Estudo de casos no município de Belo Horizonte com ênfase nas
estações radiobase de telefonia celular: Tese de mestrado. Belo Horizonte: Universidade
Federal de Minas Gerais, 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São


Paulo: Editora Paz e Terra S/A, 2003.

FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. RJ: Editora Paz e Terra Ltda., 1983.

HARVEY, David. Condição pós-moderna: uma pesquisa sobre as origens da mudança


cultural. São Paulo: Edições Loyola, 1992.

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