Você está na página 1de 92

SUBSIDIOS PARA

A FORMULAÇÃO
DA POLÍTICA
MUNICIPAL DE
ATENÇÃO A
CRIANÇAS E
ADOLESCENTES
EM SITUAÇÃO DE
RUA E NA RUA

São Paulo
2018
Estratégias metodológicas adotadas para a elaboração
da Política Municipal
1. Sistematização das ações desenvolvidas pelo
Grupo de Trabalho
2. Levantamento da legislação e dos marcos
conceituais
3. Pesquisa teórico-metodológica e conceitual
4. Levantamento das pesquisas realizadas no
município para dimensionar a incidência de
crianças e adolescentes em situação
5. Coleta de dados primários e secundários
6. Pesquisa histórica para o levantamento da linha
do tempo dos programas e projetos
desenvolvidos com crianças e adolescentes
7. Realização de entrevistas e Grupos de discussão
8. Participação de Audiência Públicas e
sistematização dos propostas
9. Acompanhamento das reuniões do GT

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Sistematização das ações desenvolvidas pelo Grupo de
Trabalho
 Resgate e sistematização do percurso histórico e da trajetória realizada pelo
GT desde a sua criação (05/06/2017) - Caminhos percorridos e propostas
traçadas.

 Realização de entrevistas para a recuperação de informações e avaliação dos


trabalhos realizados pelo GT.

 Pesquisa documental junto ao Ministério Público para recuperação dos


processos judiciais que originaram a constituição do GT.

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
No período compreendido entre 27 de julho de 2016 e 18
de maio de 2017 (início da vigência do contrato do NECA)
o GT realizou de 36 reuniões, contando com a
participação de 171 profissionais diferentes.

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Como resultados o GT:
 Elaborou propostas e recomendações para
o estabelecimento da Política Municipal;

 Realizou uma Audiência Pública “Políticas


Públicas para Crianças e Adolescentes de
rua e na rua”;

 Organizou uma Audiência Lúdica para a


escuta de Crianças e Adolescentes;

 Planejou a realização de seis Audiências


descentralizadas.

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Entrevistas
Realização de entrevistas semiestruturadas visando coletar
informações sobre o histórico do atendimento, dimensionamento da
demanda, avaliar acertos e desacertos dos projetos implantados até o
momento e os elementos para a construção de propostas da política
pública.

Sistema de Justiça Especialistas


• Monica Anomi (PJ)
• Eduardo Mello (PJ) • Benedito dos Santos
• Luciana Bergamo (MP) Profissionais ligados • Auro Lescher
• Equipe da Defensoria ao atendimento • Graziela Bedoian
Coordenadores e • Valéria Passaro
equipe dos 05 SEAS • Reinaldo Bulgarelli
• Técnicos da COPS • Sandra Chivoletto
Grupo de Trabalho • Ariel de Castro
• Jorge Arthur • Estela Graciani
• Sueli • Adriana Palheta

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Grupos de Discussão com as equipes dos SEAS Criança e Adolescente
Organização das Audiências Públicas Descentralizadas para
construção participativa das propostas com nova proposta de escuta

Divisão da cidade para a


realização das Audiências:
19/06 Central
22/08 Macro Oeste
24/08 Sul
29/08 Norte
31/08 Leste 1
05/09 Leste 2

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Realização de Oficina sobre Rodas de
Conversa com os Serviços
Especializados em Abordagem Social
Criança e Adolescentes da Capital
(SEAS)

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Linha do tempo aprender com a história

Projeto Movimento Escola Oficina


Alternativas de Nacional de Projeto Criança do Parque D.
Atendimento a Meninos e de Rua - PCR Pedro
Meninos de Rua Meninas de Rua
1982 1985 1985 1985-91

Secretaria do Creca - Centro


Menor- Casa Estação de Referência da Programa
Aberta e Casa Cidadania Criança e do Equilíbrio
Moradia Adolescente

1987-92 2002 -05 2002 -05 2002 -14

Espaços de
Convivência para SAICAS Portas
São Paulo
Cr. e Adolescente – de Entrada
Protege
ECCAs
2005-11 2011 2012
“ O simples olhar sobre a
paisagem urbana das grandes e
médias cidades brasileiras
apontava uma realidade muito
dura: milhares de crianças e
adolescentes fazendo das ruas
seu espaço de luta pela
sobrevivência e até mesmo de
moradia”.

Antônio Carlos Gomes da Costa, De


menor a cidadão, 1990
Marcos legais e normativas nacionais que embasam a
Política Municipal de Atenção à Criança e a Adolescente
em situação de rua e na rua

 O Decreto Nº 7.053, de
dezembro/2009, que instituiu a Política
Nacional para a população em situação
de rua e o seu Comitê Intersetorial de
acompanhamento e monitoramento
 Plano Decenal de Direitos Humanos de
Crianças e Adolescentes de 2010
 Plano Nacional de Prevenção e
Erradicação do Trabalho Infantil e
Proteção ao Adolescente Trabalhador
(segunda edição - 2010-2015)

NECA - Associação dos Pesquisadores dos Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente
Diretrizes Nacionais para o
Atendimento a Crianças e
Adolescentes em situação de rua

 A especificidade do atendimento a crianças e


adolescentes em situação de rua
 Orientações Técnicas para Educadores e
serviços voltados a C e A em situação de rua
 Diretrizes Políticas e Metodológicas para o
atendimento

Forneceu subsídios  Atenção Integral à saúde das mulheres e das


para a formulação da adolescentes em situação de rua e/ou usuárias
proposta da política de crack/outras drogas e seus filhos recém-
nascidos
municipal.
Recomendação nº 011 (07/10/2016) e Nota
Técnica Conjunta N° 001/2016, do Min.
Saúde e Min. Desenvolvimento Social.
NECA - Associação dos Pesquisadores dos Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente
Diretrizes Nacionais para o Atendimento a Crianças e
Adolescentes em situação de rua
Resolução Conjunta Conceito e os parâmetros de
CNAS/CONANDA Nº 1, funcionamento dos serviços de
de 15 de dezembro de acolhimento para crianças e
2016 adolescentes em situação de rua.

Resolução nº 187, Orientações Técnicas para


de 9 de março de Educadores Sociais de Rua em
2017 Programas, Projetos e Serviços com
Crianças e Adolescentes em
Situação de Rua
 Explicita o público destinatário
 Rede de proteção, promoção e defesa dos direitos da C
e A em situação de rua
 Estabelece os princípios da Educação, Social de Rua
 Aponta metodologias, ações e ferramentas
NECA - Associação dos Pesquisadores dos Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente
Diretrizes Nacionais para o Atendimento a Crianças e
Adolescentes em situação de rua

 32 diretrizes políticas e metodológicas para


Resolução conjunta o atendimento de crianças e adolescentes
CNAS/CONANDA nº em situação de rua no âmbito da política de
001 - 07 de junho de assistência social.
2017
 Orientações para o atendimento, visando
ao fortalecimento de estratégias para a
promoção, prevenção e cuidados à criança e
ao adolescente em situação de rua e suas
famílias, considerando suas condições
gerais e necessidades específicas.

 Proposta de criação de Centro de


Referência Especializado para população
em situação de rua para crianças e
adolescentes
NECA - Associação dos Pesquisadores dos Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente
Referencias Municipais para o Atendimento a Crianças e
Adolescentes em situação de rua de São Paulo
Portaria n º 46 de 2010, da dispõe sobre a tipificação da rede
Secretaria Municipal de socioassistencial do município de
Assistência e Desenvolvimento São Paulo e a regulação de
Social de São Paulo – SMADS parcerias

institui o Comitê Intersetorial da


Política Municipal para a População
Decreto n° 53.795, de 25 de em Situação de Rua - Comitê
março de 2013 PopRua para elaborar o Plano
Municipal da Política para a
População em Situação de Rua.
Plano Municipal de Prevenção conjunto de referências
e Erradicação do Trabalho conceituais e analíticas e as bases
Infantil e Proteção ao Jovem legais para compreensão sobre o
Trabalhador de outubro de trabalho infantil, com base em
2016 diversos estudos e pesquisas.
NECA - Associação dos Pesquisadores dos Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente
Referencias Municipais para o Atendimento a Crianças e
Adolescentes em situação de rua de São Paulo

instrumento de planejamento
O Plano Municipal de para as políticas municipais
Políticas para a População em voltadas à população de
Situação de Rua do Município rua, construído pelo Comitê
de São Paulo, dez de 2016 - Intersetorial da Política Municipal
Plano PopRua para a População em Situação de
Rua.

Plano Decenal de Assistência Desproteções - crianças e


Social - Dezembro de 2016 adolescentes em situação de rua e
na rua (página 191)

NECA - Associação dos Pesquisadores dos Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente
Diretrizes Nacionais para o Atendimento a Crianças e
Adolescentes em situação de rua

 A especificidade do atendimento a crianças e


adolescentes em situação de rua

 Orientações para o atendimento a CASR

 Orientações Técnicas para Educadores e


serviços voltados a C e A em situação de rua

 Diretrizes Políticas e Metodológicas para o


atendimento a
Forneceu subsídios
para a formulação da  Atenção Integral à saúde das mulheres e das
proposta da política adolescentes em situação de rua e/ou
municipal. usuárias de crack/outras drogas e seus filhos
recém-nascidos

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
1. Atenção Integral às Mulheres e Adolescentes em Situação de Rua e/ou
Usuárias de Álcool e/ou Crack/Outras Drogas e Seus Filhos Recém-
nascidos
Composto pela Recomendação nº 011, de 07 de Outubro de 2016 e pela
Nota Técnica Conjunta N° 001/2016, do Ministério da Saúde e o
Ministério do Desenvolvimento Social, que estabelece Diretrizes, Fluxo e
Fluxograma para a atenção integral às mulheres e adolescentes em
situação de rua e/ou usuárias de álcool e/ou crack/outras drogas e seus
filhos recém-nascidos.

2. Resolução Conjunta CNAS/CONANDA Nº 1, de 15 de dezembro de 2016

Dispõe sobre o conceito e os parâmetros de funcionamento dos serviços


de acolhimento para crianças e adolescentes em situação de rua e inclui
documento Orientações Técnicas: Serviços de Acolhimento para Crianças
e Adolescentes.

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
3. Resolução nº 187, de 9 de março de 2017
Aprova o documento Orientações Técnicas para Educadores
Sociais de Rua em Programas, Projetos e Serviços com
Crianças e Adolescentes em Situação de Rua. Explicita o
público destinatário, a Rede de proteção, promoção e defesa
dos direitos, estabelece os princípios da Educação, Social de
Rua e aponta metodologias, ações e ferramentas.

4. Resolução conjunta CNAS/CONANDA nº 001 - 07 de


junho de 2017
Apresenta 32 diretrizes políticas e metodológicas para o
atendimento de crianças e adolescentes em situação de rua
no âmbito da política de assistência social; apresenta
orientações para o atendimento, considerando suas
condições gerais e necessidades específicas.

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
5. Proposta de criação de Centro de Referência Especializado
para população em situação de rua para crianças e adolescentes
A proposta de criação do Centro de Referência Especializado para
População em Situação de Rua ainda não foi aprovado no âmbito do
CNAS e CONANDA e está sendo analisada pelo MDS.

Considerando sua importância em relação aos subsídios dados aos


municípios e estados que buscam soluções inovadoras para o
atendimento à CASR, o documento das diretrizes apresentou a
proposta que foi apresentada ao CNAS.

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Marco
teórico-
conceitual
para a
formulação
da Política

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
A questão dos meninos e
meninas de rua tem desafiado o
poder público ao longo dos anos.

As soluções encontradas e os
serviços e programas
https://www.youtube.com/watch?v=I44rUhgy-Gg
implantados sofreram diversas
mudanças, descontinuidades e A questão da criança ou
interrupções. adolescente que frequenta ou vive
nas ruas de São Paulo emerge com
Estes programas deixaram um mais intensidade quando o
legado de boas experiências e fenômeno ganha dimensão
metodologias que merecem numérica ou repercute na imprensa
reconhecimento e são por alguma tragédia, como a morte
de uma criança ou uma ação
inspiradoras das novas ações e
pública violenta de repressão.
Planos neste tema.
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Inúmeros movimentos e campanhas nacionais, regionais
e locais foram divulgadas na tentativa de romper a cultura
da presença das crianças e adolescentes nas ruas, em
especial no tema do trabalho infantil nas ruas.

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Desafios para o poder público

Mobilização social em busca


da garantia de seu direito à
proteção integral.

Meninos e Contraposição às políticas


meninas de higienistas com a oferta de
politicas de garantia de
rua: desafio direitos.
para o poder
público
Superação da fragmentação
e descontinuidade dos
programas.
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
A pobreza e seus impactos
 A pobreza ainda é um dos fatores determinantes para
o afastamento da criança e do adolescente de casa, mas
não o único.
 Esta associada a problemas de
saúde, alimentação, habitação precária e relações
familiares marcadas por tensões e conflitos, gera
desproteção e causa problemas emocionais e agravos ao
desenvolvimento infanto-juvenil.
 Mulheres que assumem sozinhas o cuidado dos
filhos, constituem o modelo familiar mais comum entre os
adolescentes de e na rua e constituem um fator de risco e
desproteção.
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Sobre a vida nas ruas

1. A vida nas ruas é sobretudo a


explicitação da desigualdade social e das
sequentes e cumulativas violações dos
direitos que comprometem seu
desenvolvimento e ampliam sua
vulnerabilidade pessoal e social.

2. A ida para as ruas como meio de


sobrevivência econômica da A permanência nas
criança, permite seu acesso a bens de ruas vai produzindo
diferentes estratégias
sobrevivência para si ou para a família.
adaptativas que vão
tornando a abordagem
3. Ocorre como uma saída para escapar e a perspectiva de saída
das limitações, dificuldades e violência das ruas mais
que vivencia em seu meio familiar e complexa.
social.
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Crianças e adolescentes em situação de rua
Resolução Conanda/CNAS n001/2016

“Crianças e Adolescentes em Situação de Rua são sujeitos em


desenvolvimento com direitos violados, que utilizam logradouros
públicos, áreas degradadas como espaço de moradia ou
sobrevivência, de forma permanente e/ou intermitente, em situação
de vulnerabilidade e/ou risco pessoal e social pelo rompimento ou
fragilidade do cuidado e dos vínculos familiares e comunitários,
prioritariamente em situação de pobreza e/ou pobreza extrema, com
dificuldade de acesso e/ou permanência nas políticas públicas, sendo
caracterizados por sua heterogeneidade, como gênero, orientação
sexual, identidade de gênero, diversidade étnico-racial, religiosa,
geracional, territorial, de nacionalidade, de posição política,
deficiência, entre outros”.

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Situação de Rua
Comitê Nacional de Atenção à Criança e ao Adolescente
em Situação de Rua: subsídios para a elaboração de uma
política nacional de atenção à criança e ao adolescente em
situação de rua - multiconceituação” da situação de rua:
1. Situação de trabalho nas ruas
2. Situação de pedir nas ruas
3. Situação de abuso e exploração sexual nas ruas
4. Situação de uso abusivo de álcool e outras drogas nas ruas
5. Situação de ameaça de morte nas ruas.
6. Situação de pernoite ou moradia nas ruas
7. Situação de pernoite ou moradia nas ruas de crianças e de
adolescentes acompanhados da família
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Crianças e adolescentes em situação de rua

Resolução Conanda/CNAS n001/2016


“Crianças e Adolescentes em Situação de Rua são
sujeitos em desenvolvimento com direitos violados, que
utilizam logradouros públicos, áreas degradadas como
espaço de moradia ou sobrevivência, de forma
permanente e/ou intermitente, em situação de
vulnerabilidade e/ou risco pessoal e social pelo
rompimento ou fragilidade do cuidado e dos vínculos
familiares e comunitários, prioritariamente em situação
de pobreza e/ou pobreza extrema, com dificuldade de
acesso e/ou permanência nas políticas públicas, sendo
caracterizados por sua heterogeneidade, como
gênero, orientação sexual, identidade de
gênero, diversidade étnico-
racial, religiosa, geracional, territorial, de
nacionalidade, de posição política, deficiência, entre
outros”.
NECA - Associação dos Pesquisadores dos Núcleos de Estudos e Pesquisas sobre a Criança e o Adolescente
Crianças e adolescentes em situação de rua e na rua

Crianças e Adolescentes em Situação de Maioria das


Trabalho na Rua – aquelas que frequentam as crianças e
ruas sozinhas ou em companhia de familiares adolescentes
ou responsáveis para desenvolver pequenos atendidos
serviços, vendas de produtos ou atividades pelos SEAS-
artísticas de rua que geram renda ou outros Lapa- Pinheiros
recursos materiais, e retornam para casa e Santana
diariamente.

Crianças e Adolescentes em Situação de Rua – Maioria das


aquelas que vivem a maior parte do tempo e crianças e
dormem nas ruas; organizam-se em pequenos adolescentes
grupos, visitando apenas eventualmente sua atendidos
família ou sem relação com a família. pelos SEAS- Sé
e S. Cecília

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Situação de rua
O termo “situação de rua” enfatiza a possível transitoriedade e
efemeridade do momento vivido nas ruas por esta população, cujo
perfil vai se alterando diante de novas circunstâncias.
Na raiz do problema, a situação de rua de crianças e adolescentes
pode ser motivada por um ou vários determinantes combinados:

I. trabalho infantil; VI. ameaça de morte,


II. mendicância; sofrimento ou transtorno
III. violência sexual; mental;
IV. consumo de álcool e VII. LGBTfobia, racismo,
outras drogas; sexismo e misoginia;
V. violência intrafamiliar, VIII.cumprimento de medidas
institucional ou urbana; socioeducativas ou
medidas de proteção de
acolhimento;
IX. encarceramento dos pais.

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Vulnerabilidade Social

 A vulnerabilidade tem gradualidades,


ao considerar os mais e os menos
vulneráveis, isto é, os mais e os menos
sujeitados a um risco.
O conceito de
vulnerabilidade social  Atuar com vulnerabilidades significa
contribui para a crítica reduzir fragilidades e capacitar
sobre as condições potencialidades: sentido educativo da
estruturais de vida da proteção social.
população pobre das  O olhar da vulnerabilidade dimensiona
periferias urbanas
desfocando o olhar e atua sobre as condições que
culpabilizador sobre os promovem a resiliência, ou a
sujeitos. capacidade de resistência a confrontos
e conflitos (SPOSATI, 2009.p.24).

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Trabalhar nas ruas
Trabalho infantil:
• Houve o esforço das campanhas para a diminuição do
número de crianças nesta atividade. Porém, o
trabalho infantil nas ruas, ainda é persistente.

• Diversos estudos mostram a vinculação do trabalho


infantil às necessidades de manutenção da família
criando um círculo vicioso de dependência
intergeracional.

• O trabalho infantil nas ruas aumenta a fragilidade e a


vulnerabilidade das crianças e adolescentes e produz
ainda impactos psicológicos com consequências
negativas à sua autoestima, socialização e integração
escolar.

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Construção de uma cultura de reforço às necessidades
de desenvolvimento infanto- juvenil e a crença na
validade do trabalho infantil.
Crenças ou mitos sobre trabalho infantil no A conscientização social por
imaginário social nacional: meio de campanhas não tem
tido os resultados esperados.
• o trabalho como solução para pobreza;
• o trabalho como protetor, uma forma de O trabalho de mudança
prevenção de crianças e adolescentes da cultural deve ser lento e
marginalidade; constante
• o trabalho como disciplinador, uma
alternativa a ociosidade infanto-juvenil; O uso de mídias digitais pode
• o trabalho como formador, um caminho de favorecer contatos mais
preparação da criança e do adolescente para diretos
a vida e para o mundo do trabalho e para a
construção de uma carreira de futuro; Os resultados efetivos de
• o trabalho como “enobrecedor”, uma inclusão escolar são uma boa
preparação moral para a vida, que dignifica alavanca para a mudança
e forma o caráter. (PDMPETI 2016.p.22) cultural
Orientações Técnicas para Educadores Sociais de Rua em
Programas, Projetos e Serviços com Crianças e
Adolescentes em Situação de Rua

Definição de Educação Social de Rua


Entende-se por Educação Social de Rua como uma proposta
pedagógica educadora, política e promotora de direitos que objetiva
construir e manter vínculo de cuidado com crianças e adolescentes
em situação de rua e seus familiares, utilizando ferramentas
pedagógicas, sociais e institucionais e conexões estabelecidas no meio
comunitário que apoiem e fortaleçam a inclusão social desse público.
... pressupõe relação e diálogo com o público atendido, com o
território e o Sistema de Garantia de Direitos (SGD)da Criança e do
Adolescente, que é composto pela articulação e a integração das
instâncias públicas governamentais e da sociedade civil para a
prevenção, promoção, defesa e garantia de direitos da criança e do
adolescente nos níveis federal, estadual, distrital e municipal.
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Trabalho social com a população infanto-juvenil
em situação de vulnerabilidade

O Trabalho Social em sentido amplo é uma atividade


pluridisciplinar, na qual intervêm médicos, psicólogos,
sociólogos, assistentes sociais e pedagogos, todos são
trabalhadores sociais.

Tem uma dimensão socioeducativa e deve visar o ideal


democrático e a inclusão social a plena cidadania. Neste sentido,
deve aproximar os indivíduos e grupos nos serviços sociais, de
modo a que possam ser cumpridos os seus direitos sociais e
melhorada a sua qualidade de vida.

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Alguns desafios
 Reintegração familiar e comunitária enquanto um processo, longo e
não linear, que implica em acompanhamento, apoio e informação
constantes.

 Criar metas e planos que permitam ao menino enxergar outras


perspectivas possíveis para além da sobrevivência imediata – um
desafio grande e urgente.

 A busca de autonomia, através de cursos de profissionalização e


geração de renda, que não aceitam esta população com suas
defasagens e inconstâncias.

 Orientar e capacitar educadores e jovens nas questões relacionadas


à saúde sexual e reprodutiva, nas relações de gênero, no uso
abusivo de drogas e temas correlatos.
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Diagnóstico quali-quantitativo da situação
de crianças e adolescentes em situação de
rua e na rua do município de São Paulo
Fontes pesquisadas
Os dados e informações apresentados possuem três fontes:
A. Pesquisas realizadas pelo município; B. Dados quantitativos e informações
oriundas da Proteção Especial e do o Observatório da SMADS e C. Pesquisa
qualitativa .
Instituição responsável pela realização das Nº de
Ano
pesquisas CeA

Secretaria da Criança, Família e Bem-Estar Social 1992 4.250

Fundação instituto de Pesquisas Econômicas 2006/2017 1.842

Fundação instituto de Pesquisas Econômicas 2009 126

Fundação Escola Sociologia e Política 2011 433


2015 505
Fundação instituto de Pesquisas Econômicas

Apesar de o município ter realizado com frequência pesquisas censitárias para


recensear o número e as características dos indivíduos em situação de rua, os dados
apresentados “falam” pouco sobre a incidência e a trajetória de crianças e adolescentes
em situação de rua, acompanhados ou não de adultos.
A pesquisa realizada pela Fipe (2006/2007)
 Em 2006, a Smads contratou a FIPE para a realização de uma pesquisa específica
sobre o publico infanto-juvenil: “Censo de Crianças e Adolescentes em situação de
Rua na Cidade de São Paulo”.

 O trabalho foi realizado em três etapas no decorrer de 2006 a 2007, e contou com a
colaboração técnica e institucional da SMADS, da Fundação Projeto Travessia, do
Projeto Equilíbrio e do Projeto Quixote.

A primeira etapa possibilitou identificar a distribuição espacial dos locais e pontos


onde as crianças e os adolescentes permaneciam.

A segunda etapa do trabalho teve como tarefa obter a ordem de grandeza da


população. O número revelava que, em um dado intervalo de tempo – entre as 16 e
20 horas de uma sexta feira - 1842 crianças e adolescentes estavam nas ruas da
cidade. O número não permitia afirmar que era esse o total de crianças em situação
de rua na cidade.

A terceira e última etapa levantou algumas das condições da vida e as condições em


que viviam e trabalhavam nas ruas, assim como os vínculos familiares que mantinham.
A Pesquisa da FIPE 2006/2007
Apesar de ter sido realizada há dez anos, aporta informações qualitativas
relevantes e até mesmo “atuais”.

A região do Centro apresentou 41,5% da população de crianças e adolescentes,


seguida das regiões Oeste (18,7), Sul (13,7%), Leste (12,85), Norte (7,3%) e
Sudeste (6,0%).
Distribuição das crianças e adolescentes por região da cidade

41,5

18,7
13,7 12,8
7,3 6,0

Centro Oeste Sul Leste Norte Sudeste


Fonte: Fipe/2006/2007
A Pesquisa da FIPE 2006/2007
Ranking dos 10 distritos com maior incidência de crianças e adolescentes (2007)
Região Distrito Nº % Ranking
Centro República 315 17,1 1º
Centro Sé 158 8,6 2º
Centro Santa Cecília 115 6,2 3º
Oeste Itaim Bibi 97 5,3 4º
Centro Bom Retiro 77 4,2 5º
Oeste Jardim Paulista 77 4,2 5º
Sul Santo Amaro 57 3,1 6º
Norte Santana 57 3,1 6º
Leste Itaim Paulista 46 2,5 7º
Oeste Moema 44 2,4 8º

Fonte: Pesquisa Fipe 2007 Elaboração: NECA/2017

Dos 10 distritos com maior incidência de meninos e meninas de rua e na rua, 5 estavam
localizados na região central.
Na região Oeste, destacam-se os distritos de Itaim Bibi , Jardim Paulista , Moema –
distritos mais ricos da capital
A concentração na área central e de comércio torna clara a opção dos meninos e meninas
pelas regiões que ofereciam maiores oportunidades de ganho, com maior número de
recursos de lazer, alimentação e grande circulação de pessoas.
A Pesquisa da FIPE 2006/2007
Nº de crianças e adolescentes do município por tipo de atividade geradora de renda (2007)
 Das 1066 C e A que desenvolviam alguma atividade geradora de renda, 581 (54,5%)
estavam vendendo algum produto.

 A venda de produtos predominava em toda cidade, mas era mais expressiva nos
distritos periféricos.

 O pedido de esmolas era proporcionalmente maior nas região central que nas áreas
periféricas. No total o ato de esmolar representou 15,2% das atividades observadas.

54,5%

15,2%
7,6% 6,7% 5,4% 2,9% 2,5% 1,6% 4,1%

Venda Malabares Rodinho Catador Flanelinha Engraxate Outras


Esmolando Carregador

Fonte: Pesquisa Fipe 2007 Elaboração: NECA/2017


Dados quantitativos SMADS/COPS
 No momento do levantamento de dados o município possuía 37
Serviços Especializados de Abordagem Social (SEAS), para atender a
população em situação de rua do município, com 5 modalidades
diversas. Apenas 5 deles atendem exclusivamente C e A.

 Com exceção dos Seas da modalidade ADULTO, todos os demais


abordam crianças e adolescentes e registram as informações do
atendimento no instrumental Declaração Mensal da Execução de
Serviço Socioassistencial (DEMES) e no Sistema de Atendimento
ao Cidadão em Situação de Rua (SISRUA).

 Os dados são encaminhado ao Observatório de Política Social


(COPS), da Smads que se responsabiliza pela sistematização das
informações.
Número de crianças e adolescentes e distribuição espacial pela
cidade - Fonte: Observatório
Número de crianças e adolescentes de 0 a 17 anos e 11 meses, abordados (2013 a 2017)

6685 6728
5759
4391

2013 2014 2015 2016


Fonte: Cubos/Sisrua, setembro/2017 Elaboração: Cops/SMADS/Neca/2017

 Os dados representam o nº de C e A abordados pelos profissionais dos SEAS no


decorrer dos anos de 2013 a 2016.

 Segundo informações da COPS, há grande problema de duplicidade nos cadastros do


SisRua.

 Percebe-se um número crescente desta população, passando de 4.391 em 2013 para


6.728 no ano de 2016, o que significa um aumento de mais de 50% no período
observado.
Número de crianças e adolescentes e distribuição espacial pela
cidade - Fonte: Observatório
Ranking dos 10 distritos com maior incidência de C e A abordados (2016)

Fonte: CUBOS/SISRUA,
setembro/2017
Elaboração: COPS /
SMADS/NECA/2017

O distrito da Sé é o que apresenta o maior número de C e A da cidade de São Paulo.


Santana, na Região Norte, está em segundo lugar no ranking.
A seguir temos 3 distritos da Região Oeste: Itaim Bibi , Jardim Paulista, e Perdizes.

Os distritos da Região do Centro (Sé, Santa Cecília e República) juntos representam 13,4%
Observamos que todos os distritos da Sé apresentam IDHMs razoavelmente elevados.
A região apresenta grande nº de meninos e meninas que moram e permanecem as ruas.
Número de crianças e adolescentes e distribuição espacial pela
cidade - Fonte: Observatório
Percentual de crianças e adolescentes abordados de 0 a 17 anos, por sexo (2013 a 2016)

68,2% 67,5% 67,5% 66,5%

31,8% 32,5% 32,5% 33,5%

2013 2014 2015 2016

Masculino Feminino

Fonte: CUBOS/SISRUA, setembro/2017 Elaboração: COPS / SMADS/NECA/2017

Em todos os 4 anos da série histórica observada o número de meninos é superior ao de


meninas.

Ainda que o sexo masculino predomine largamente, percebemos uma curva ascendente
no número de meninas abordadas, que passou de 1.398 em 2013 para 2.251 em 2016.
Dados gerais do município – Fonte:Observatório
Percentual de crianças e adolescentes abordados por faixa etária (20103a 2017)
59,4% 57,6% 54,6% 54,9%
43,1% 46,1% 46,0%
41,7%

0 a 10
11 a 17

2013 2014 2015 2016

 Observa-se que no decorrer dos anos analisado, o número de crianças de 0


a 10 anos vem aumentando progressivamente.

O nº de C e A com menos de 11 anos passou de 1.830 (41,7%) para 3.092 (46,0%) em


2016, o que aponta para uma mudança significativa do perfil desta população. Uma
hipótese é que crianças pequenas estejam indo às ruas acompanhadas de sua família ou
estejam sendo usadas para obter esmolas ou para a venda de produtos diversos em faróis
e espaços da cidade.

Fonte: CUBOS/SISRUA, Junho/2017 Elaboração: COPS /


SMADS/NECA/2017
Dados gerais do município – Fonte:Observatório
Percentual de C e A abordados por motivo de situação de rua (2013 a 2017)
Motivo de situação de rua 2013 2014 2015 2016
Trabalho infantil 61,2% 63,1% 60,1% 62,7%
Conflitos familiares 12,8% 14,6% 20,7% 15,6%
Fica na rua 12,6% 7,3% 7,4% 8,1%
Desemprego 3,6% 4,2% 4,4% 5,6%
Dependência química e saúde mental 5,1% 5,3% 4,4% 5,3%
Migração 3,6% 3,9% 2,1% 2,0%
Perda de familiares, abandono 0,6% 0,8% 0,5% 0,3%
Violências 0,5% 0,6% 0,4% 0,3%
Total das respostas válidas 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%

 O motivo mais significativo para ida para as ruas está ligado ao trabalho infantil e para
garantir sustento próprio e da família.
 Os motivos relacionados a conflitos familiares estão em segundo lugar.
 As questões estruturais ligadas à pobreza e condições de vida, tais como desemprego e
falta de moradia (despejo), não são, de forma isolada, o motivo central para a ida às
ruas.
 Problemas de saúde aparecem, mas não apresentam grande relevância.
 Grande número de motivos não identificados (41,6% em média)
Fonte: CUBOS/SISRUA, Junho/2017 Elaboração: COPS /
SMADS/NECA/2017 (2010 a 2017)
Dados gerais do município – Fonte:Observatório
Percentual de crianças e adolescentes abordados de 0 a 17 anos por tipo de
ocupação ligada ao trabalho infantil (2016)
Vendedor de produtos no farol 24,9%
Malabarismo em semáforos 21,9%
Guardador de carros 19,5%
Realiza a atividade que aparecer 8,5%
Feirante 7,6%
Limpador de vidros de carros em faróis 5,5%
Catador de Material Reciclável 2,5%
Artista de rua 2,4%
Vendedor de flores em bares/restaurantes 2,1%
Engraxate 1,8%
Distribui panfletos 1,2%
Ambulante 1,0%
Empregada doméstica / diarista 0,4%
Carrega placas de anúncios 0,2%
Lavador de automóveis 0,2%
Artesão 0,1%
Ajudante geral /Auxiliar em obras 0,1%
Jardineiro 0,0%
Pesquisa FIPE de 2015
Evolução do número de pessoas em situação de rua em SP 2000 - 2015

 Segundo os dados da Fipe houve, em 15 anos, um crescimento de mais de 80%


do número de pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo, passando de
8.706 em 2000 para 15.905 em 2015.
 O número de pessoas acolhidas em instituições cresceu mais em relação ao
grupo que permanece nas ruas.
Considerações e recomendações
 A equipe teve dificuldades no processo de compilação.

 O Sistema de Informação da Situação de Rua (Sisrua) é um


sistema “antigo”, desenvolvido em 2002, que não permite a
extração dos dados de forma ágil e o estabelecimento dos
cruzamentos necessários.

 Há grande problema de duplicidade nos cadastros do Sisrua. É


preciso que o sistema utilizado seja modelado de maneira a eliminar
redundâncias e inconsistências.

 Há informações não consistentes, provavelmente em razão de as


ferramentas de extração de dados utilizadas não serem capazes de
eliminar a duplicidade das informações, como é o caso do cadastro
dos meninos e meninas abordados. Foi bastante difícil obter
somatórios confiáveis e informações cruzadas.
Considerações e recomendações
 Os instrumentais utilizados para captar o perfil e demais
informações dos meninos e meninas não estão adequados ao
público ao qual se destina. É preciso que os instrumentais e a
categorização utilizada para registro dos indicadores sejam revistos
e adequados à realidade das crianças e adolescentes.

 Os novos instrumentais deveriam contemplar informações mais


significativas sobre a gestão do serviço, sobre o trabalho
socioeducativo e de abordagem realizado e sobre o perfil das
crianças e adolescentes.

 É preciso rever conceitos, sensibilizar e formar os “coletadores”


de informações .

 A qualidade das informações deve ser monitorada.


Chama atenção o fato de não haver dados estatísticos
confiáveis a respeito da população de rua infanto-
juvenil, indicando que eles são invisíveis nos dados
oficiais.

Dra. Mônica Gonzaga Arnoni, juíza da Infância e


Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de São
Paulo
Dados qualitativos - Grupo de Discussão com as equipes dos SEAS
Criança e Adolescente

Norte

Oeste
Perímetro de atuação
Centro

SEAS SEAS SEAS Santa SEAS SEAS


Santana Sé Cecília Lapa Pinheiros
NORTE CENTRO CENTRO OESTE OESTE
Santana Sé Santa Lapa Pinheiros
Tucuruvi República Cecília Barra Funda Alto de
Mandaqui Liberdade Bom Retiro Perdizes Pinheiros
Cambuci Consolação Vila Itaim Paulista
Bela Vista Leopoldina Jardim Paulista

 OS SEAS Criança e Adolescentes atuam


em cinco regiões da cidade;
 Estão presentes nos distritos com maior
pode aquisitivo da cidade e na região
central.
Informações coletadas nos SEAS C e A
CENTRO OESTE NORTE

Itens SEAS Santa


SEAS Sé SEAS Lapa SEAS Pinheiros SEAS Santana
Cecília

Tipologia Situação de rua e na rua. Criança e adolescente na rua


Predominantemente do sexo masculino Predominantemente do sexo masculino., mas as meninas
Sexo estão aumentando
Majoritariamente Adolescentes (12-17 Mesma proporção Majoritariamente Majoritariamente
Faixa etária anos) Crianças (0-11) Adolescentes
(12-17 anos)
. 80% estão em situação de rua por . Para gerar renda ou acompanhar os pais.
conflitos familiares. . Utiliza a rua como espaço de lazer, devido a falta de
. Utiliza viadutos e praças como um equipamentos na região de origem.
Motivo para a
espaço de moradia e lazer. . Voltam para casa para dormir
ida à rua . Envolvidos com mendicância.
. Alguns fazem o circuito rua e casa.

Permanecem nas ruas/vivem Atividades geradoras de renda/períodos definidos.


Principais . Malabares . Vendas de produtos
. Vendem doces e balas . Mendicância
atividades
. Mendicância . Malabares
desenvolvidas na . Não fazem nada . Olham carros
rua . Alguns trabalham como . Engraxate
"aviãozinho" para o tráfico.
Informações coletadas nos SEAS C e A

CENTRO OESTE NORTE


Itens SEAS Santa SEAS
SEAS Sé SEAS Lapa SEAS Santana
Cecília Pinheiros
. Cola . Tabaco
. Tinner . Maconha
Uso de . Maconha . Lança-perfume
. Lança-perfume . Não, são registrados muitos casos de uso de tinner, cola ou
substâncias . Cocaína crack
psicoativas . Os meninos não gostam de
misturar com usuários de crack
acham que são "nóias"
Grupos de amigos (outras crianças e adolescentes), . Grupos de amigos (outras
Com quem desacompanhados de adultos. crianças e adolescentes;
ficam nas . Crianças e adolescentes
ruas acompanhados de seus
familiares ou vizinhos
. Predominantemente da zona . Todas as . Diversas . Diversas . Todas as regiões
norte e zona leste: Jardim Peri e regiões da regiões em regiões da da cidade de São
Brasilândia. cidade especial da cidade Paulo,
Regiões de . Outras cidades: Guarulhos, . Outras zona norte principalm principalmente
origem Franco da Rocha cidades: (Jardim ente da da Zona norte e
Francisco Peri) e leste. zona norte: da zona sul.
Morato, . Outras Peri Alto, . Outras cidades:
Franco da cidades: Brasilândia, Francisco
Crianças e adolescentes em situação de rua e na
rua - A fala dos entrevistados
“Aqui no Centro temos essa diferenciação mais evidente
por causa dos cortiços. Tem diversos cortiços e ocupações e
o menino que está na rua tem vínculo com a família. O de
rua cortou o vínculo com a família, fazendo da rua seu
espaço de sobrevivência. Pode ser que demore até um
dia, dois, para retornar, mas ele retorna. Ele vem pela
subsistência, pela dependência, pelo convívio com o
outro, mas ele retorna à família.” Sueli. Pastoral do Menor

“A reintegração [familiar]é possível quando não tem uma questão de violência


doméstica. Percebemos que apesar da criança e do adolescente ter afeto, a mãe
ser presente, a mãe está vulnerável. Se não existir um trabalho para fortalecer as
condições da família, o menino não permanece em casa. É necessário um
suporte especial a mais para estas famílias. Se a região é articulada, o menino se
mantém por muito mais tempo na família; o menino não vai ficar em casa se não
tiver o que comer”. Graziele – SEAS-SÉ

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Crianças e adolescentes em situação de rua e na
rua - A fala dos entrevistados
“As crianças e adolescentes acompanhadas pelo serviço
utilizam cola, tinner, maconha, lança-perfume e
cocaína. Os meninos não se misturam com quem utiliza
crack, porque acham que são “nóias” . A maioria, cerca
de 70%, estão em descumprimento da medida
socioeducativa de liberdade assistida e prestação de
serviço à comunidade ... e muitos em busca e
apreensão. Eles não conseguem cumprir a medida
estando em situação de rua. “ SEAS-Sé

.... o que se percebe muito fortemente nas famílias é um sentimento de culpa


muito grande, pois algumas vezes eles próprios induzem os filhos quando
pequenos na venda de produtos nas ruas e na mendicância. Quando este
menino descobre que o Centro tem mais lucro para ele, então ele começa a
ficar na rua e não quer mais voltar para casa. Aí ele começa a se envolver com
alguma substância, em pequenos furtos ou até mesmo com o tráfico, muitas
vezes servindo do que chamamos de aviãozinho. Estes pais carregam um
- grande sentimento
Associação de culpa.
dos pesquisadores Depoimento
dos núcleos de profissional
de estudos e pesquisado SEASa criança e o adolescente
sobre
Crianças e adolescentes em situação de rua e na
rua - A fala dos entrevistados

“Algumas crianças vivem na pobreza e não chegam as ruas. As


crianças que vêm pra rua entram em conflito com a regra
familiar, desesperando os pais com a tomada de consciência de
que os filhos seguirão um caminho não planejado. O controle da
família é sentido como falta de afeto. Os meninos buscam nas
ruas o que a família não pode dar e, com o afastamento, ganham
uma autonomia afetiva da família. Começam buscando coisas na
vizinhança, um processo longo em que eles deixam a escola, até
deixar a família.”
Benedito Rodrigues dos Santos
Propostas para a formulação da Política Municipal de
Atenção a Crianças e Adolescentes em Situação de Rua
e na Rua no Município de São Paulo
Princípios, Diretrizes, Objetivos, Pressupostos e Propostas

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Princípios da Política Municipal

I. Reconhecer a criança e o adolescente em situação de rua


como sujeitos de direitos, pessoas em desenvolvimento e
público prioritário das políticas públicas, compreendendo
seu contexto social e familiar, suas trajetórias de vida

II. Reconhecer a rua como espaço de violação de direitos e


de extremo risco que exige identificação precoce

III. Valorizar os vínculos familiares, comunitários e de


pertencimento significativos

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Princípios da Política Municipal

IV. Respeitar os ciclos de vida e a autonomia da criança e


do adolescente considerando as peculiaridades próprias a
seu estágio de desenvolvimento

V. Respeitar as singularidades, diversidades e


especificidades considerando raça, etnia, gênero,
orientação sexual, identidade de gênero, entre outros
visando ao fortalecimento da identidade e de vínculos de
pertencimento sociocultural

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Diretrizes da Política Municipal

1. Articulação de ações com o SGD, visando ao


enfrentamento de situações de risco pessoal e social e
violação de direitos e a proteção aos direitos

2. Reconhecimento que os serviços de acolhimento para


C e A em situação de rua e na rua não podem se constituir
como espaços de estigmatização, segregação, isolamento,
discriminação, mas devem oferecer condições de convívio
adequadas ao perfil deste público

3. Garantia de recursos humanos e serviços preparados


para o desenvolvimento de metodologias de educação
social de rua e outras abordagens que qualifiquem o
atendimento
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Diretrizes da Política Municipal

4. Oferta de serviços, programas, projetos e benefícios


socioassistenciais baseadas em ações planejadas e
fundamentadas em diagnósticos periódicos sobre a C e o A
em situação de rua e suas famílias

5. Integração dos Serviços Especializados de Abordagem


Social e dos Centros de Referência para Crianças e
Adolescentes em Situação de Rua com o trabalho social
com as famílias, referenciando-as posteriormente aos Creas
e aos Cras regionais.

6. Apoio, orientação e acesso prioritário aos benefícios e


serviços sociais às famílias de C e A em situação de e na rua
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Diretrizes da Política Municipal

7. Desenvolvimento de ações que envolvam e sensibilizem


a comunidade, oportunizando o enfrentamento de
preconceitos e discriminações e fortalecendo a cultura de
proteção

8. Estabelecimento de parcerias e acordos de cooperação


com órgãos de Segurança Pública e o Sistema de Justiça
estabelecendo fluxos de encaminhamento e
acompanhamento.

9. Realização de ações de enfrentamento ao trabalho


infantil integrando as demandas das famílias das C e A
envolvidos neste tipo de prática
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Diretrizes da Política Municipal

10. Criação de linhas de financiamento e estímulo à


criação de programas e serviços integrados e articulados
nos territórios

11. Realização de estudos e pesquisas sobre a situação de


C e A em situação de rua e na rua com vistas a subsidiar
as decisões das políticas publicas

12. Garantia de monitoramento, avaliação,


aprimoramento da qualidade dos serviços e sua
continuidade modo a permitir a diminuição efetiva do
fenômeno e a proteção integral das crianças e
adolescentes atendidos
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Estratégias utilizadas para a construção das
propostas da Política Municipal: um processo
amplamente participativo
a) Análise e compilação das propostas de 08 Audiências Públicas
realizadas na cidade

b) Propostas oriundas das 11 entrevistas realizadas

c) Rodas de conversa com os profissionais dos 05 SEAS

d) Propostas existentes nas atas de Grupo de Trabalho e do


processo de discussão com seus integrantes

e) Documentos: textos, publicações

f) Normas legais
Eixos das Propostas da Política Municipal

EIXO 1 - Promoção, defesa e controle dos


direitos de crianças e adolescentes em
situação de rua e na rua

EIXO 2 - Gestão da Política Municipal de


Atenção a Crianças e Adolescentes em
Situação de Rua e na Rua

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
EIXO 1 - Promoção, defesa e controle dos
direitos de crianças e adolescentes em situação
de rua e na rua
Objetivo 1: Promoção dos direitos de crianças e adolescentes (63)
Promover e assegurar a interlocução e a integração das diversas
Secretarias Municipais e Organizações da Sociedade Civil, na
promoção e garantia de direitos de crianças e adolescentes em
situação de rua e na rua do município de São Paulo.

Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (26)


Secretaria Municipal de Saúde (15)
Secretaria Municipal de Educação (6)
Secretaria Municipal de Cultura (5)
Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (4)
Secretaria Municipal do Trabalho e Empreendedorismo (7)

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
EIXO 1 - Promoção, defesa e controle dos
direitos de crianças e adolescentes em situação
de rua e na rua
Objetivo 2: Defesa dos direitos de crianças e adolescentes (9)
Promover e assegurar a interlocução e a integração com os diversos
órgãos do Sistema de Justiça, da segurança Pública e Conselhos
Tutelares, visando garantir a defesa dos direitos de crianças e
adolescentes em situação de rua e na rua do município de São
Paulo.

 Sistema de Justiça (3)


 Órgãos de Segurança (3)
 Conselhos Tutelares (3)

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
EIXO 1 - Promoção, defesa e controle dos
direitos de crianças e adolescentes em situação
de rua e na rua
Objetivo 3: Controle Social dos direitos de crianças e adolescentes
(7)
Promover e assegurar a interlocução e a integração com os diversos
órgãos do Sistema de Justiça, da segurança Pública e Conselhos
Tutelares, visando garantir o controle dos direitos de crianças e
adolescentes em situação de rua e na rua do município de São
Paulo.

• Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente –


CMCDA (2)
• Conselho Municipal de Assistência Social – COMAS (2)
• Fóruns, Movimentos, Comitês, Redes e Grupos de Trabalho (1)

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
EIXO 2 - Gestão da Política Municipal de Atenção
a Crianças e Adolescentes em situação de rua e
na Rua

Objetivo 4: Gestão da Política Municipal (5)


Realizar estratégias de implantação, gestão e
acompanhamento da Política Municipal de Atenção a
Crianças e Adolescentes em situação de rua e na rua
fundamentadas nos princípios da indivisibilidade dos
direitos, da intersetorialidade, da co-responsabilidade e da
participação.

Palavras-chaves: controle e acompanhamento da política

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
EIXO 2 - Gestão da Política Municipal de Atenção
a Crianças e Adolescentes em situação de rua e
na Rua
Objetivo 5: Financiamento da Política Municipal (5)
Garantir dotações orçamentárias e recursos suficientes para a
implementação eficaz das diretrizes e ações contidas na Política
Municipal.
Palavras-chaves: Recursos, dotações orçamentárias

Objetivo 6: Articulação intersetorial e interinstitucional (2)


Promover e assegurar a articulação, interlocução e a integração entre
as diversas Secretarias e órgãos do poder público municipal, Sistema de
Justiça, Segurança e Organizações da Sociedade Civil, visando ao
aprimoramento das ações da política municipal de atenção a crianças e
adolescentes em situação de rua e na rua do Município de São Paulo.
Palavras-chaves: articulação, interlocução, integração, estabelecimento de pactos e
fluxos
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
EIXO 2 - Gestão da Política Municipal de Atenção
a Crianças e Adolescentes em situação de rua e
na Rua
Objetivo 7: Formação integrada e mobilização da rede de atenção a
crianças e adolescentes em situação de rua e na rua (9)
Promover formação inicial e permanente de profissionais para
atuarem na rede de promoção e atenção das crianças e
adolescentes em situação de rua e na rua.
Palavras-chaves: Qualificação profissional, formação, capacitação, mobilização,
sensibilização

Objetivo 8: Gestão da Informação, Monitoramento e Avaliação (9)


Aperfeiçoar mecanismos e instrumentos de monitoramento e
avaliação dos serviços e da Política, com ênfase na identificação e no
perfil das crianças e adolescentes em situação de rua e na rua.
Palavras-chaves: Produção de dados, socialização das informações, sistemas de informação

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
EIXO 2 - Gestão da Política Municipal de Atenção
a Crianças e Adolescentes em situação de rua e
na Rua

Objetivo 9: Produção de conhecimento (6)


Incentivar a produção de conhecimento sobre o fenômeno
das crianças e adolescentes de rua a na rua, visando
subsidiar a avaliação permanente Política Municipal, por
meio do incentivo à realização de pesquisas e o registros
de práticas e metodologias exitosas e inovadoras.
Palavras-chave: estudos, pesquisas, levantamentos, censos

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Proposta de implantação da rede de atendimento a crianças e
adolescentes em situação de rua e na rua da Região do Centro
de São Paulo

O Centro da capital é a região onde os meninos


e meninas permanecem por períodos
prolongados nas ruas, afastados da residência,
com vínculos familiares cada vez mais distantes.

Para o atendimento aos direitos fundamentais


de Crianças e Adolescentes em situação de rua,
especialmente para aquela que pernoitam nas
ruas da Região do Centro de São Paulo, a Política
Municipal de Atenção à Criança e Adolescentes
em Situação de Rua e na Rua deve prever ações
estratégicas que pressupõem o reordenamento, a
readequação e o aprimoramento de serviços já
existente e a implantação de novos serviços.
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Os serviços propostos estão tipificados na Política de Assistência Social na
região e deverão ser conveniados com a mesma organização, no sentido de
facilitar a relação e a integração entre si e a necessária articulação com o
CRAS, CREAS e serviços da Assistência Social e demais programas e serviços
das políticas públicas do território.

A Smads em parceria com o CMDCA e demais secretarias municipais, deve


organizar a relação de todos os serviços, públicos e privados, do território,
visando facilitar a articulação local.

Torna-se muito importante criar um “sistema de informações” integrado


para registro dos atendimentos das crianças e adolescentes, uma vez que essa
população está em frequente movimentação pelos serviços e territórios.

A Smads, enquanto gestora dos serviços, deve organizar ações para elaborar
um Projeto Político-Pedagógico que estabeleça, com clareza e objetividade,
as atribuições de cada um dos serviços e as responsabilidades e papeis das
equipes envolvidas.

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Rede de atendimento a crianças e adolescentes em situação de rua e na
rua da Região do Centro de São Paulo

Abordagem Acolhimento
social nas ruas C Institucional
eA Especializado

Centro de
Referência para
Crianças e
Adolescentes em
Situação de Rua

Cada “núcleo” é composto por três serviços gerenciados pela mesma


organização social: Serviço Especializado de Abordagem Social,
Acolhimento Institucional especializado, e Centro de Referência para
Crianças e Adolescentes em Situação de Rua.
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
-

Proposta preliminar de
instalação dos núcleos
de atendimento a
Crianças e adolescentes
na região Central

1. Região da Sé/Liberdade -
Vale do Anhangabaú e
Baixada do Glicério

2. Região da República e
Consolação

3. Bom Retiro e Santa Cecília.

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
A - Serviços de Especializado de Abordagem Social (03)

Funcionamento das 8:00 às 24:00 horas (3 turnos).

Devem assegurar o trabalho social de busca ativa e de abordagem inicial das ruas
de crianças e adolescentes em situação de rua em estrita consonância com o Serviço
de Acolhimento e com o Centro de Referência referenciados em cada um dos três
territórios.

Por meio da metodologia e dos princípios da educação social de rua, estabelece


relação de vinculação com as crianças e adolescentes criando laços de confiança,
conhecendo sua história de vida, fazendo encaminhamentos emergenciais
necessários, apresentando a possibilidade de inserção, gradual ou não, no serviço de
acolhimento para atendimento especializado para este público.

Com o objetivo de aproximar-se do público e iniciar um atendimento individual e


familiar, buscando, sobretudo o fortalecimento dos vínculos familiares e comunitários
ou da construção da autonomia, os educadores devem convidar as crianças e
adolescentes a conhecer o Centro de Referência Especializado para Crianças e
Adolescentes em Situação de Rua de maneira a sentirem-se motivados a buscar
atendimento e proteção neste serviço.
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
A - Serviços de Especializado de Abordagem Social (03)

A abordagem deve ser planejada e efetivada conjuntamente com a


área de Saúde (Consultórios de Rua) prevendo ações específicas para o
atendimento e encaminhamento dos casos de crianças e adolescentes
com necessidades de saúde e de proteção social decorrentes do uso de
álcool e/ou crack/outras drogas.

Deve contar com equipe multiprofissional, devidamente formada, em


número suficiente para o desenvolvimento do trabalho.

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
B - Acolhimento de Crianças e Adolescentes em situação de rua da
Região Central (03)

Reordenar a rede de abrigos da Região do Centro, criando no mínimo


três serviços acolhimento especializados destinados ao atendimento das
crianças e adolescentes que fazem das ruas o seu local de moradia e de
sustento (capacidade de 20 vagas por serviço).

Este público requer serviços que adotem estratégias diferenciadas de


atendimento e níveis de cuidado peculiar, especialmente para aqueles
que pernoitam nas ruas, permanecendo nestes espaços por períodos
prolongados, afastados da residência, estabelecendo com a rua uma
relação semelhante àquela de moradia.

Estes serviços não podem, de modo algum, constituírem-se espaços de


segregação ou isolamento, não devendo possuir natureza de acolhimento
compulsório.

NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
B - Acolhimento de Crianças e adolescentes em situação de rua da
Região Central (03)
Devem favorecer o restabelecimento dos vínculos familiares e trabalhar no
sentido do desenvolvimento da autonomia e a preparação gradativa para o
desligamento e o retorno para as comunidade de origem (rematriciamento) e/ou
para a vida adulta.

Deve adotar normas de funcionamento flexíveis, permitindo a entrada e saída


das crianças e adolescentes no período de 24 horas.

Não deve ter período definido para o desligamento uma vez que cada criança e
adolescente possui uma história de vida peculiar e própria. No entanto,
responsabilidade da equipes realizar o atendimento às famílias das crianças e
adolescentes acolhidos, visando estruturar o complexo processo de saída das
ruas e retorno às comunidades de origem.

As C e A que se encontram nas ruas acompanhadas de seus familiares ou


adultos de referência, deverão ser atendidas nos Serviço de Acolhimento para
Adultos e Famílias, salvo nos casos em que houver impedimento judicial.
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
C - Centro de Referência Especializado para Crianças e Adolescentes
em Situação de Rua (03)
Serviço na modalidade em meio aberto, destinado ao atendimento a C e A em
situação de rua, de 06 a 18 anos, com funcionamento das 8:00 às 20:00 horas (12
horas), inclusive aos finais de semanas e aos feriados.

O Centro deverá ser integrado ao trabalho de abordagem e de acolhimento e o


trabalho de vinculação dos adolescentes ao serviço poderia ocorrer em processos
que comportam a instabilidade inicial das C e A a este tipo de serviço.

O serviço deve ser implantado de modo integrado com a participação de outras


secretarias (Saúde, Educação, Esportes, Cultura) que ofereceriam as atividades
específicas da área dentro ou próximo ao serviço. “Serviço intersetorial híbrido”, .

A gestão deve ser da Smads, responsável pela implementação da Política


Municipal.

Serão disponibilizadas atividades diferenciadas de socioeducação voltadas para


as potencialidades e necessidades dos usuários, com metodologias específicas e
profissionais qualificados.
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
C - Centro de Referência Especializado para Crianças e Adolescentes
em Situação de Rua (03)

O atendimento deve ser realizado por equipe multidisciplinar, que desenvolverá


atendimento individual, familiar ou em pequenos grupos, de maneira
continuada, especialmente nas áreas da educação, assistência social, psicologia,
orientação jurídica e arte-educação.

No período de permanência das crianças e adolescentes o Centro de Referência


deve estar preparado para ofertar uma ou mais refeições e lanches.

O espaço deve oferecer banho e ações de cuidado com a higiene pessoal.Estas


atividades devem estar associadas ao processo pedagógico e ao acordo de acordos
firmados entre crianças e/ou adolescentes e a equipe multidisciplinar.

Conforme o desenvolvimento das ações do Centro, este pode disponibilizar um


subsídio financeiros, adolescentes por tempo delimitados aos, (Bolsa-convivência)
a fim de facilitar o processo de retorno à família e/ou comunidade de origem, o de
fortalecimento dos vínculos e o favorecimento da autonomia.
NECA - Associação dos pesquisadores dos núcleos de estudos e pesquisa sobre a criança e o adolescente
Proposta de fortalecimento da
rede de atendimento a crianças e
adolescentes em situação de
trabalho na rua

Em 2016 foi divulgado o Plano


Municipal de Erradicação do
Trabalho Infantil e Proteção ao
Jovem Trabalhador, que já
responde em parte às
demandas de planejamento e
normatização sobre o trabalho
infanto-juvenil na rua, que,
como veremos, constitui o
perfil da maioria das crianças e
adolescentes de rua de São
Paulo.
Proposta de fortalecimento da rede de atendimento a crianças
e adolescentes em situação de trabalho na rua

Estabelecer ações em sintonia com aquelas já previstas no Plano Municipal de


Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil e Proteção ao Jovem Trabalhador
(2016).

Estratégias orientadoras:
Estímulo a elaboração de políticas e ações públicas que preconizam a
transversalidade, a intersetorialidade e o apoio da sociedade civil
com a construção de fluxos e protocolos por território.
Articulação dos serviços das regiões de trabalho e regiões de origem
para o retorno gradativo à região de origem.
Fortalecimento dos vínculos familiares, culturais, educacionais.
Construção de uma cultura de reforço as necessidades de
desenvolvimento infanto- juvenil e a crença na validade do trabalho
infantil.
1. Garantir o acesso das crianças e dos adolescentes nos Serviços de Convivência
e Fortalecimento de Vínculos (CCA, CJ, CCInter e Circos Sociais).

2. Garantir a inclusão das crianças e dos adolescentes que trabalham nas ruas no
Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti).

3. Garantir a permanência de ações de abordagem social em todas as áreas de


concentração de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil.

4. Acompanhamento conjunto do caso – equipe do Creas/NPJ do local onde a


criança ou adolescente trabalha e do Creas de sua região de moradia, para
retorno gradativo e definitivo para a região de origem.

5. Escolas integrais/e ou CEUs com vagas reservadas e projetos de inclusão de


crianças e adolescentes em trabalho nas ruas.

6. Inclusão das crianças e adolescentes a espaços de orientação e apoio escolar


específico para a melhoria da aprendizagem no período de transição para o
retorno à região de origem (parceria com Educação Municipal)
7. Vinculação gradativa e contínua das crianças e adolescentes aos programas
de lazer, esportes, cultura e assistência social nas regiões de origem.

8. Projetos para oferecer atividades alternativas de educação, cultura e lazer


para pequenos grupos de crianças e adolescentes em situação de trabalho nas
ruas para os que não responsivos ao processo de transição direta entre a rua e
a escola.

9. A conscientização social por meio de campanhas não tem tido os resultados


esperados; portanto, o trabalho de mudança cultural deve ser lento e
constante. O uso de mídias digitais pode favorecer contatos mais diretos.
Vale lembrar que para a implementação da política será
preciso:

• Transformar o planejamento e a escolha em atos –


colocar em prática o que foi planejado e executar as
metas.

• Direcionar recursos financeiros, tecnológicos, materiais


e humanos para executar a política e garantir a
viabilidade.

• Preparar os profissionais para atuar nos programas e


nas ações, garantindo a formação dos quadros.

Isa Guará
Maria Angela Rudge
NECA 2017/2018

Você também pode gostar