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Porto Alegre
2010
O presente ensaio irá abordar a importância das relações étnico-raciais na
sala de aula. Por que ainda existem estereótipos marcantes na escola? Como ela
age para impedir as atitudes preconceituosas em seus estudantes? Não podemos
negar que tais atitudes levam os estudantes ao fracasso escolar. Como a escola
poderia trabalhar para evitar este final?
Por ser o primeiro ambiente de vivência das crianças, a escola tem o papel
principal no processo de socialização infantil no qual são estabelecidas relações
com crianças de diferentes famílias. O contato entre crianças brancas e negras no
ambiente escolar pode causar segregação, exclusão, possibilitando que a criança
adote um modo de convivência diferente a fim de não ser rejeitada pelo seu grupo
social. No caso de uma criança negra, o trauma pode iniciar da fala opressora que o
ignora e o estereotipa, fazendo com essa criança crie nela um processo de
desvalorização. Palavras como “feia, preta, macaca, cabelo duro, beiço” são alguns
dos vocábulos que inferiorizam e interferem na construção da sua identidade de
criança.
É no cotidiano escolar que as primeiras manifestações de racismo aparecem.
A linguagem é o primeiro meio que poderá disseminar este agravante através de
termos pejorativos que normalmente desvalorizam a imagem do negro.
O material didático é outro agravante muito discutido, visto que é tido como o
modelo dominante do ensino. Muitos desses materiais apresentam a falta de
visibilidade e reconhecimento dos conteúdos que envolvem a questão negra. Neste
impasse, temos a, talvez, maior das preocupações, a criança. Esta que está em alto
processo cognitivo, emocional e social. Portanto, ela é o alvo de toda discussão que
permeia este ensaio que, por isso, sofre com a suposta inferioridade de
determinados grupos. Todavia, entendemos que a escola tanto pode ser o espaço
onde existe a prática de disseminação quanto o principal meio para diminuir e
prevenir o preconceito.
Para Kreutz (1999), o étnico constrói-se nas práticas sociais, num processo
de relação. Por isso é fundamental estar atento para as relações de poder entre os
diferentes grupos sociais e culturais. Este é o papel do professor ao deparar com tal
situação. No entanto, é percebível que muitos dos profissionais da área não se
atentam para esta preocupação, pois na maioria das vezes aborda, por exemplo, o
tema escravidão como sendo o início da história do negro, quando na verdade há
muito que se contar sobre as causas e consequências da dispersão dos africanos
pelo mundo e abordar a história da África antes da escravidão. Também, enfocar as
contribuições dos africanos para o desenvolvimento da humanidade e as figuras
ilustres que se destacaram nas lutas em favor do povo negro.
Estamos muito longe de ter uma escola igual para todos, pois as diferenças
são grandes. No entanto, repensar o currículo escolar seria a melhor maneira de
proporcionarmos o conhecimento das diferenças, principalmente raciais. Outro fator
que é importante ressaltar é que a exclusão social não está ligada ao fator
econômico, isto é, um aluno por ser pobre não afeta somente essa posição, mas
também pela sua origem étnico-racial.
Para Vigotsky (1984), o psiquismo humano existe por uma apropriação dos
modos e códigos sociais. Com a internalização, a criança vai tornando sua o que é
compartilhado pela cultura; o discurso social passa a ter um sentido individual.
Considerações finais