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1. Introdução
Este papper tem como finalidade questionar se poderíamos fazer a
utilização, tanto como instigar nossos futuros alunos a utilizarem, o uso público
da razão, tanto no ensino médio quanto no superior, tendo como base o que é
este uso, como está disposto no texto “Resposta à pergunta: O que é
esclarecimento?”, do filósofo alemão Immanuel Kant, onde ele tenta não só
falar sobre período histórico, mas demonstrar o que era esta ilustração, ou
clarificação, tendo como base a saída da menoridade com o uso público da
razão.
Após levantarmos o que o autor entende como uso público e privado da
razão, com o auxílio de outro texto iremos tentar responder a questão que é
título deste, pois se não pudermos fazer uso público da razão ao ministramos
nossas aulas, como poderemos instigar os nossos alunos a filosofar?
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Graduando do curso de Filosofia do departamento de Filosofia (DEFIL) da Universidade Estadual do
Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO).
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Graduando do curso de Filosofia do departamento de Filosofia (DEFIL) da Universidade Estadual do
Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO).
Ele ainda critica, neste texto, o método de ensino desta época, que era
exercido por tutores, que ensinavam de literatura a música clássica, porém não
faziam mais que repetir o quê a escolástica determinava, e não deixavam seus
pupilos usarem da própria razão, pois eles mesmos ainda se encontravam em
estado de menoridade.
Porém, para a saída desta menoridade não basta ter coragem, e sim
liberdade, e é aqui que entra o caso do uso público da razão, que nada mais é
que poder expor, de forma pública, o que cada um pensa, sem nenhum
impedimento, conforme descreve o autor: “para esta ilustração, nada mais se
exige do que a liberdade; e, claro está, a mais inofensiva entre tudo o que se
pode chamar liberdade, a saber, a de fazer um uso público da sua razão em
todos os elementos” (KANT, p. 2).
Quanto ao uso público da razão, o autor define como: “Por uso público
da própria razão entendo aquele que qualquer um, enquanto erudito, dela faz
perante o grande público do mundo letrado” (KANT, p. 3). E quanto ao uso
privado da razão: “Chamo uso privado àquele que alguém pode fazer da sua
razão num certo cargo público ou função a ele confiado.” (KANT, p. 3).
E neste trecho vemos o primeiro “porém” na tese do autor, quanto ao
uso público razão, pois só seria possível usá-la perante a certos grupos de
pessoas, que primeiramente ele determina como letrados, mas, logo próximo
ao final do texto, ele retorna a levantar quem seriam o seu público alvo, e neste
caso ele o estende a todos os súditos do reino:
Quanto ao uso privado, que é um ponto chave deste papper, ele discorre
sobre o caso de um clérigo, que por força de seu contrato com a instituição, ao
qual irá ministrar suas aulas, neste caso perante a igreja, este só poderia fazer
este tipo de uso da razão. Isso não o impediria de ilustrar-se, porém o uso
público da razão não poderia ser feito em suas aulas, conforme discorre o
autor:
Por conseguinte, o uso que um professor contratado faz da sua razão
perante a sua comunidade é apenas um uso privado, porque ela, por
maior que seja, é sempre apenas uma assembleia doméstica; e no
tocante a tal uso, ele como sacerdote não é livre e também o não
pode ser, porque exerce uma incumbência alheia. Em contrapartida,
como erudito que, mediante escritos, fala a um público genuíno, a
saber, ao mundo, por conseguinte, o clérigo, no uso público da sua
razão, goza de uma liberdade ilimitada de se servir da própria razão e
de falar em seu nome próprio. É, de facto, um absurdo, que leva à
perpetuação dos absurdos, que os tutores do povo (em coisas
espirituais) tenham de ser, por sua vez, menores (KANT, p. 5).
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GILSON, Étienne. O espírito da filosofia medieval. Tradução: Eduardo Brandão. São Paulo: Martins
Fontes, 2006. Página 309.
[...] Entretanto, se se trata de criar títulos públicos de competência, se
se trata de legitimar saberes, se se trata de produzir efeitos públicos
dessa autonomia ideal, então, nisso, a Universidade não se autoriza
mais por si própria. Ela é autorizada (berechtigt) por uma instância
não-universitária, neste caso pelo Estado (DERRIDA, 1999, p. 86-87).
Mas por que utilizar este texto? Esperamos fazer uma analogia com a
faculdade inferior de que trata o texto, pois tanto nosso ensino médio quanto
superior são controlados pelo Estado, que determina os objetivos de cada
disciplina. Segundo o autor, sobre sua interpretação kantiana, a faculdade de
filosofia deveria ser livre, para exercer, segundo nosso entendimento, o uso
público da razão:
4. Referencias
DERRIDA, Jaques. O olho da universidade. Tradução: Ricardo Iuri Canko;
Ignácio Antonio Neis. São Paulo: Estação Liberdade, 1999.