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Aula Refente a Primeira Unidade do Plano Analítico da Disciplina de Psicologia Forense

Introdução a estudo da Psicopatologia Forense

Ramo da Psicologia e da Psiquiatria que estuda as perturbações psicológicas, ou seja, a natureza


e o desenvolvimento dos comportamentos, pensamentos e emoções anormais (perturbações
patológicas).
O seu objecto é o doente e o seu objectivo é observar e descrever os sintomas, que é o ponto de
partida para a elaboração de um futuro diagnóstico e tratamento (ajudar o doente). A terapia já é
trabalho dos psicólogos clínicos e dos psiquiatras.
Ao observar e descrever os sinais psicopatológicos é importante compreender o comportamento
do doente dentro do seu contexto social e não isoladamente. (Vide: nº 1 do art. 27 CP)

Conceitos básicos
Psicopatologia no coopto geral: pode ser definida como estudo descritivo dos fenómenos
psíquicos de cunho anormal, exactamente como se apresentam à experiência imediata, de forma
independente dos problemas clínicos. Estudando os gestos, o comportamento e as expressões dos
enfermos além de relatos e auto descrições feitas pelos mesmos.
De acordo com PAIM (1992), o estudo desses elementos contribui para o conhecimento de
fenómenos que conhecemos por nossa própria experiência, fenómenos os quais temos apenas
noções e fenómenos que se caracterizam por não impossibilidade de descrição podendo ser
alcançados apenas por analogias.
A Psicopatologia está ligada a diversas disciplina: as psicologias, as psiquiatrias e o corpo
teórico psicanalítico. Dentro da Psicologia liga-se com Psicologia Clínica (dedicada ao
diagnóstico e estudo da personalidade), Psicologia Geral (noções de subjectividade,
intencionalidade, representação, actos voluntários, entre outras), e ainda Psicologia ligada às
neurociências, tradições hindus e outros.
A psicopatologia forense: A psicopatologia forense abrange dois ramos da medicina legal: a
psicologia forense e Psiquiatria forense.
Psicologia Forense: “estuda a personalidade normal e os factores que nela influem, quer sejam de
natureza biológica, quer sejam de natureza mesológica (do meio, ecológica) ou social”
O psicopatologista forense pode ser chamado para esclarecer questões relacionadas com a
capacidade civil (art.123° CC) e a imputabilidade penal (alínea b) único, do artigo 46 CP).
É a única perícia que não pode ser determinada pela Polícia de Protecção ou Serviço Nacional de
Investigação Criminal, mas apenas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes.

Personalidade

Personalidade: soma dos elementos hereditários e sociais (experiências pessoais) que concorrem
na formação mental de uma pessoa, dando-lhe uma fisionomia própria (identidade subjectiva).
Normalidade e Anormalidade
Na verdade não se pode dizer o que seria uma “personalidade normal”, uma vez que não existe
um limite absoluto entre o que é normal e o que é anormal.
O que se procura estabelecer, entretanto, e se o indivíduo carrega ou não sinais patológicos que
são característicos das principais moléstias mentais 1 conhecidas, ou seja, o conceito de
normalidade vem por exclusão
É normal todo indivíduo que não tem sinais próprios de nenhuma enfermidade mental catalogada
e que, por isso, consegue viver em sociedade de forma harmónica.

Responsabilidade Civil (art. 483 CC) Responsabilidade Penal (art. 28 CP)

A responsabilidade civil está relacionada à A responsabilidade penal está relacionada à


capacidade. imputabilidade.

Trata-se da possibilidade de adquirir direitos Caracterizada pelo discernimento e


e contrair obrigações. ( art. 488CC) possibilidade de se determinar de acordo
com esse entendimento. (nº 1 do art. 27 CP)

Transtorno Psíquico Orgânico Intervenção jurídica

Demência Mental: O transtorno psíquico O advogado ou técnico jurídico deve se


orgânico corresponde as mudanças de atentar ao nexo causal: quando ocorre um
comportamento após a ocorrência de um processo de degeneração do cérebro (que
trauma crânio encefálico. Basta uma pode ser natural), há demência, que leva na
alteração que produz uma mudança de maioria das vezes a situação de interdição,
comportamento. que para alguns autores pode ser chamada de
transtorno psíquico orgânico.

No dia-a-dia, deve-se preocupar com os traumas que as crianças têm na escola, há muito trauma
que passa despercebido e os pais não tomam medida nenhuma. Isso é muito comum e a mãe, as
vezes, por ignorância, leva a criança no hospital ou centro de saúde em virtude de um sintoma
sem perceber o que acontece (acha que a criança esta dormindo quando na verdade esta em
coma).

1
Transtornos mentais são alterações do funcionamento da mente que prejudicam o desempenho da pessoa na vida
familiar, social, pessoal, no trabalho, nos estudos, na compreensão de si e dos outros, na possibilidade de autocrítica,
na tolerância aos problemas e na possibilidade de ter prazer na vida em geral.
Neuroses
A neurose representa um conflito interno, de personalidade, entre os princípios éticos, morais e
religiosos e os impulsos instintivos e a exigências do mundo exterior, gerando alto grau de
ansiedade. O neurótico, ao contrário do psicótico, não tem alterado o senso de realidade.
Diante de factos que geram angustia, o neurótico desenvolve mecanismos de defesa, conscientes
ou inconscientes, buscando um equilíbrio. Juridicamente, a neurose pode ser considerada como
um factor modificador da imputabilidade penal ou capacidade cível.
Raramente o neurótico é um criminoso, raramente a neurose é tão intensa que gera um crime.
Entre os principais comportamentos neuróticos temos:
 As fobias (medo): coitofobia, claustrofobia, hidrofobia;
 Somatização: paralisia ou cegueira histérica ou nervosa;
 Comportamento obsessivo compulsivo;
 Hipocondria: medo de ficar doente;
 O individuo neurótico na maioria das vezes não sabe por que tem aquela
fobia/medo/ansiedade.
Por vezes pode ser decorrente de algum problema mal resolvido na infância. Pode ser um quadro
individual ou colectivo, podem ser transitórias.

Psicopatia
Psicopatia é uma perturbação grave das tendências comportamentais do individuo, normalmente
envolvendo varias áreas da personalidade e normalmente associada a uma considerável ruptura
pessoa e social.
Os transtornos podem aparecer no final da infância e na adolescência, desenvolvendo-se ao
longo da idade adulta. O psicopata tem comportamento agressivo ou é extremamente isolado.
Características da psicopatia:
Não aprende com a experiência e com o sofrimento;
Não possui senso de responsabilidade;
É incapaz de estabelecer relações significativas.

Personalidade anti-social ou dissocial (sociopatas)


Transtorno de personalidade caracterizado por um desprezo das obrigações sociais, falta de
empatia para com os outros. Há um desvio considerável e as normas sociais estabelecidas. O
comportamento não é facilmente modificado pelas experiências adversas, inclusive pelas
punições. Existe uma baixa tolerância à frustração e um baixo limiar de descarga da
agressividade, inclusive da violência. Existe uma tendência de culpar os outros ou a fornecer
racionalizações plausíveis para explicar um comportamento que leva o sujeito a entrar em
conflito com a sociedade.
Síntese
A psicopatologia forense abrange dois ramos da medicina legal: a psicologia forense e
psiquiatria forense. Psicologia Forense: estuda a personalidade normal e os factores que nela
influem, quer sejam de natureza biológica, quer sejam de natureza mesológica (do meio,
ecológica) ou social.
Psiquiatria Forense: ocupa-se dos transtornos anormais da personalidade, as chamadas doenças
mentais, os retardos mentais, as demências, as esquizofrenias e outros transtornos psicóticos ou
não. O psicopatologista forense pode ser chamado para esclarecer questões relacionadas com a
capacidade civil e a imputabilidade penal. É a única perícia que não pode ser determinada pela
polícia de protecção ou SERNIC, mas apenas pelo juiz, de ofício ou a requerimento das partes.
Personalidade: soma dos elementos hereditários e sociais (experiências pessoais) que concorrem
na formação mental de uma pessoa, dando-lhe uma fisionomia própria (identidade subjectiva).
Normalidade e Anormalidade: na verdade não se podem dizer o que seria uma personalidade
normal, uma vez que não existe um limite absoluto entre o que é normal e o que é anormal. O
que se procura estabelecer, entretanto, e se o indivíduo carrega ou não sinais patológicos que são
característicos das principais moléstias mentais conhecidas, ou seja, o conceito de normalidade
vem por exclusão.

Questões de reflecção
1. De três conceitos de psicopatologia forense?
2. Aborde em torno dos pontos de distinção entre a psicopatologia forense e psiquiatria forense
3. Num espaço de dois parágrafos fale da relação existente entre a psicopatologia forense e a
medicina legal, de seguida fale sobre sua importância no auxilio a justiça.

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