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Avaliação das caracteristicas fisico-químicas, microbiológicas e rotulagem de leite...

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Artigo DOI: 10.14295/2238-6416.v70i6.454

AVALIAÇÃO DAS CARACTERISTICAS FISICO-QUÍMICAS,


MICROBIOLÓGICAS E ROTULAGEM DE LEITE
PASTEURIZADO COMERCIALIZADO NA
MICRORREGIÃO DE UBÁ – MINAS GERAIS

Evaluation physical and chemical characteristics, microbiological


and pasteurized milk labeling marketed in Ubá – Minas Gerais

Aryane da Luz Oliveira1, Neumara Ribeiro Vaneli1, Pamela de Oliveira Vargas1,


Aurélia Dornelas de Oliveira Martins1*, Elaine Souza Cócaro1,
Antônio Daniel Fernandes Coelho1

RESUMO

Objetivou-se avaliar as características físico-químicas, microbiológicas e a


rotulagem de sete marcas de leite pasteurizado comercializados na microrregião
de Ubá – Minas Gerais. Foram realizadas análises físico-químicas de acidez,
lactose, gordura, proteína, EST, ESD, pH, densidade, ponto crioscópico, umidade e
cocção, bem como análises microbiológicas de coliformes totais e termotolerantes
e contagem padrão em placas. Para as análises físico-quimicas, foram obtidos os
seguintes resultados médios: 16ºD (0,16g de ácido lático/100g de produto) para aci­
dez titulável, 4,61% para lactose, 3,21% para gordura, 3,11% para proteína, 11,63%
para EST, 8,39% para ESD, pH de 6,76, 1,030g/mL para densidade relativa a 15ºC,
-0,531 ºH para crioscopia. Das sete amostras analisadas uma apresentou presença
de água nos três lotes analisados (média de 4,06% de água). Cerca de 28,57% das
amostras apresentaram coagula­ção no teste de cocção. Foi observado diferença
significativa (p < 0,05) para a maioria dos parâmetros físico-químicos. Quanto às
análises microbiológicas foram encontra­dos valores variando de < 3,0 NMP/mL a
> 1.100 NMP/mL tanto para coliformes totais quanto para termotolerantes. Para
mesófilos aeróbios a média encontrada foi de 2,6x104 UFC/mL de leite. Com
relação à análise de rotulagem apenas duas amostras (28,57%) encontraram-se
em conformidade com todas as exigências listadas e vigentes para rotulagem de

1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Campus Rio Pomba,
Av. Dr. José Sebastião da Paixão, s/n, Bairro Lindo Vale, 36180-000, Rio Pomba, MG, Brasil. E-mail:
aurelia.dornelas@ifsudestemg.edu.br
* Autor para correspondência.
Recebido / Received: 17/11/2015
Aprovado / Approved: 07/07/2016

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alimentos. Desta forma, conclui-se que os leites pasteurizados comercializados na


microrregião de Ubá apresentam diferenças quanto sua composição físico-química
e qualidade microbiológica.
Palavras-chave: legislação, laticínios, saúde pública.

ABSTRACT

The objective was to evaluate the physical-chemical, microbiological and


labeling of seven brands of pasteurized milk marketed in regions near the city of
Ubá – Minas Gerais. We performed physical and chemical analyzes of acidity, lactose,
fat, protein, EST, ESD, pH, density, cryoscopic point, humidity and cooking, as well
as microbiological analysis of total and fecal coliforms and standard plate count.
For physical-chemical analyzes, the following average results were obtained: 16ºD
for titratable acidity, 4,61% for lactose, 3,21% for fat, 3,11% for protein, 11,63%
for EST, 8,39% to ESD, pH 6,76, 1,030g / ml for specific density at 15ºC -0.531 ºH
to freezing point. Of the seven samples analyzed one showed the presence of water
in three batches analyzed in an average ratio of 4,06%; 28,57% of the samples were
clotting in the cooking test, being observed significant difference (p < 0.05) for most
physical and chemical parameters. As for microbiological analyzes we found average
< 3,0 NMP / mL and > 1.100 NMP / mL for total and fecal coliforms respectively
and average 2,6x104 CFU/ml for aerobic mesophilic. Regarding the analysis of
labeling only two samples (28,57%) found to comply with all listed and existing
requirements for food labeling. Thus, it is concluded that pasteurized milk marketed
in the region of Ubá show differences in their physical and chemical composition
and microbiological quality.
Keywords: legislation, dairy, human health.

INTRODUÇÃO A cadeia produtiva do leite represen­


ta um importante segmento do agronegócio
No cenário mundial, o Brasil é o quinto brasileiro e é fundamental para garantir a
maior produtor de leite, e cresce a uma taxa segurança alimentar da população. A mo­der­
anual de 4%, superior à de todos os países nização tecnológica, o avanço nas pes­qui­sas,
que ocupam os primeiros lugares. Dessa a intensificação das exigências legais e a
forma, responde por 66% do volume total preocupação do consumidor com a qualida­
de leite produzido nos países que compõem de dos alimentos tem promovido diversas
o MERCOSUL (EMBRAPA, 2012). Esse al­terações no setor (OLIVEIRA FILHO et al.,
ramo do agronegócio desempenha um papel 2014).
importante na geração de emprego e renda, Diversos fatores podem influenciar a
no suprimento alimentar (GUIMARÃES demanda de produtos alimentícios, princi­
et al., 2006) e na economia de países em palmente no setor de lácteos. Dentre eles
desenvolvimento, isso porque além de en­ podem ser citados o aumento da população, a
volver um componente social é considerado redução dos preços e a mudança dos costumes
um produto essencial na mesa do consumidor alimentares. Um exemplo claro disso é a
(ZOCCAL; GOMES, 2005). redução significativa do consumo de leite

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pasteurizado e o aumento do consumo do se obter lotes diferentes. Imediatamente após


leite longa vida UAT (Ultra Alta Tempera­ a coleta, as amostras foram acondicionadas
tura) devido, principalmente, à facilidade de em recipientes refrigerados e transportadas
transporte e armazenamento, uma vez que aos laboratórios.
este tipo de leite não necessita de refrigeração
(PAIVA, 2007). Análises físico-químicas
A composição percentual média do leite
de vaca de diversas raças européias é: 87% Foram realizadas análises de gordura,
de água, 4,4% de gordura, 4,6% de lactose, sólidos totais e desengordurado, lactose,
3,3% de caseína e proteínas do soro, 0,7% de densidade, proteína, ponto crioscópico e por­
minerais, 0,17% de sais e 0,13% de vitaminas centagem de água no analisador de leite marca
e enzimas. A composição, a cor e o sabor do AKSO. Antes de ser utilizado, o aparelho foi
leite variam de acordo com a espécie leitei­ devidamente higienizado com água a tem­
ra, a raça, idade e dieta do animal, bem como peratura de, aproximadamente, 65ºC com
o estádio de lactação, número de parições, algumas gotas de detergente neutro, sendo
sanidade, sistema de exploração, ambiente então o modo de limpeza acionado. Logo após
físico e estação do ano (FAO, 2016). a limpeza, as amostras foram devidamente
É necessário que os padrões exigidos analisadas e os resultados anotados.
pelo Ministério de Agricultura, Pecuária e As análises de pH e acidez foram rea­
Abastecimento (MAPA) sejam atendidos lizadas segundo a Instrução Normativa nº 68
para se fornecer leite de boa qualidade de 2006 (BRASIL, 2006).
(BRASIL, 2011). Atualmente, este é um gran­ Para análise de cocção, foram adicio­
de desafio a ser vencido pelos produtores, nados 5 mL de cada amostra em diferentes
pela indústria e pelo governo. Neste cená­rio, tubos de ensaio, levados a chama até ebulição.
o presente estudo tem por objetivo ava­liar Foi verificado resultado a partir da presen­ça
as características físico-químicas, mi­c ro­ de coagulação da amostra.
biológicas e de rotulagem de leite pasteu­
rizado comercializado na microrregião de Análises microbiológicas
Ubá – Minas Gerais.
Foram realizadas análises microbio­
MATERIAL E MÉTODOS lógicas de contagem padrão em placas
(UFC/mL), coliformes a 30ºC e a 45ºC, se­
Este trabalho foi desenvolvido em três gundo a Instrução Normativa nº 62 de 2003
repetições nos Laboratórios de Microbiolo­ (BRASIL, 2003).
gia de Alimentos e de Análise de Alimentos
do Departamento de Ciência e Tecnologia de Análise de rotulagem
Alimentos do Instituto Federal do Sudeste de
Minas Gerais, campus Rio Pomba. Os rótulos das amostras foram lavados
e secos, sendo analisados conforme parâme­
Coleta das amostras tros estabelecidos pela Instrução Normativa
nº 22 de 2005 (BRASIL, 2005), RDC nº 360
Sete amostras de leite pasteurizado in­ (ANVISA, 2003b), Lei 11265 (ANVISA,
tegral foram coletadas nas cidades mineiras de 2006), RDC nº 359 (ANVISA, 2003c), Por­
Tabuleiro, Rio Pomba, Ubá e Visconde do Rio taria 157 (INMETRO, 2002), Lei 10674
Branco, em três semanas distintas, a fim de (ANVISA, 2003a). Não foi avaliada legislação

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para alergênicos, uma vez que o experimen­ Beloti et al. (1996), analisando leites
to foi conduzido antes dessa exigência. pasteurizados na cidade de Londrina – PR,
Foram utilizados os seguintes parâ­ verificaram que 15% das amostras estavam
metros: Conteúdo; Nome ou Razão Social; fora dos padrões estabelecidos para a prova
En­d ereço; CNPJ; Carimbo do Sistema de de acidez, ao contrário deste trabalho.
Ins­pe­ção Oficial; Número de Registro no Sis­ Quanto à análise de lactose, as amostras
tema de Inspeção; Informações sobre cuidado D e A apresentaram menores valores, sendo
e conservação do produto; Lote; Informa­ que a última não diferiu estatisticamente das
ções Nutricionais; Frase Obrigatória: “Este amostras B, C e F. As amostras B, C, E, F
produ­­to não deve ser usado para alimen­tar e G, obtiveram um valor significativamente
crian­ças menores de 1 (um) ano de idade, a (p < 0,05) maior em relação à amostra D.
não ser por indicação expressa do médico ou Esse resultado se relaciona também a fraude
nu­tricionista. O aleitamento materno evita com água, uma vez que sua adição “dilui” os
in­fec­ções e alergias e deve ser mantido até a componentes sólidos do leite.
criança completar 2 (dois) anos de idade ou Cortez et al. (2010) ao analisarem
mais”. amos­tras de leite pasteurizado fraudadas com
água e soro observaram que o teor de lac­
Análise estatística tose foi alterado quando esta passou de 1%
comparado com 4,3% de lactose, constatan­
Os resultados obtidos foram submeti­ do que na adição de água, soro fisiológico
dos às análises de variância e teste de média e glicosado a partir de 1% já caracteriza
(Tukey a 5% de probabilidade) quando neces­ uma não conformidade. A mesma tendência
sário, utilizando-se o programa computacio­ de redução da concentração de lactose é
nal estatístico SISVAR (FERREIRA, 2000). observada para a adição de soro de queijo,
porém de forma menos marcante devido à
RESULTADOS E DISCUSSÃO presença de carboidratos nestas soluções. A
legislação brasileira nada cita sobre os teores
Análises físico-químicas de lactose no leite.
As amostras F, A e C não diferiram en­
Os resultados obtidos quanto a análises tre si quanto ao teor de gordura, sendo que as
físico-químicas são encontrados na Tabela 1. amostras A e C não diferiram das amostras
As amostras A, B, C e G obtiveram uma B, D, E e G. Esse resultado pode ser justifica­
acidez significativamente (p < 0,05) maior que do pela falta de padronização nos pro­cessos
a amostra D, provavelmente devido a adição industriais. Das amostras analisadas 71,42%
de água. As amostras A, B, C, E, F e G não (cinco amostras) estão dentro dos padrões
diferiram entre si (p > 0,05), assim como as exigidos pela legislação e 28,57% (duas
amostras D, E e F (p > 0,05). A adição de água amostras) não se adequaram a legislação vi­
ao leite pode reduzir sua acidez que, segun­ gente, estando com teor de gordura abaixo de
do o Regulamento Técnico de Identidade e 3.0%, sem conter no rótulo a especifica­ção
Qua­lidade de leite Pasteurizado, deve estar semidesnatado ou desnatado.
entre 0,14 e 0,18 g de ácido lático/100 mL Cortez et al. (2010) ao analisarem
(BRASIL, 2011). leite pasteurizado com fraude de água e soro
De acordo com a tabela, somente a perceberam que o teor de gordura apresentou-
amos­tra D de leite pasteurizado está fora dos se fora do mínimo determinado pela legisla­
pa­drões propostos pela legislação vigente. ção (3,0%).

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Tabela 1 – Valores médios das características físico-químicas das amostras de leite pasteurizado

Amostras Padrão
Análises
A B C D E F G dms Oficial*
Acidez
(g ácido lático/ 0,16b 0,16b 0,17b 0,123a 0,156ab 0,153ab 0,183b 0,38 0,14 a 0,18
100g produto)
Lactose (%) 4,47ab 4,56bc 4,71bc 4,20a 4,78c 4,70bc 4,83c 0,29 NE
Gordura (%) 3,31 3,20 3,25 2,78 3,14 3,87 2,90
ab a ab a a b a
0,66 Mín 3,0
Mín 2,9
Proteína (%) 3,03b 3,08bc 3,17bc 2,83a 3,22c 3,19bc 3,24c 0,17
para leite cru
EST (%) 11,42a 11,40a 12,01a 10,60a 11,88a 12,47a 11,60a 3,0 NE
ESD (%) 8,15 8,32 8,58 7,66 8,70 8,56 8,79
ab bc bc a c bc c
0,52 Mín 8,4
pH 6,75ab 6,75ab 6,66a 7,02b 6,77ab 6,84ab 6,54a 0,32 NE
Densidade 1,03 1,03 1,03 1,03 1,03 1,03 1,03
a a a a a a a
0 NE
Índice
Crioscópico -0,513 -0,524 -0,542 -0,492 -0,550 -0,544 -0,555 - -0,530 a -0,550
** (oH)
Água (%) 0 0 0 4,06 0 0 0 - Não permitido
Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra na linha não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade
pelo teste de Tukey; dms: Diferença mínima significativa; ESD = Extrato Seco Desengordurado; EST = Extrato
Seco Total; *De acordo com a Instrução Normativa nº 62 (BRASIL, 2011); NE: não existe.

Segundo o Regulamento Técnico de do animal, estágio de lactação, número de


Identidade e Qualidade de Leite pasteuri­ parições, raça, alimentação e teor energético
zado o teor de gordura varia de acordo com da alimentação, ou podem indicar diluição
a classificação do leite em integral, semides­ do leite pela adição de água (SILVA, 1997).
natado e desnatado, sendo respectiva­mente os Agenas et al. (2003) encontraram re­
padrões preconizados de no mínimo 3,0, de dução na porcentagem de lactose e de proteína
0,6 a 2,9 e máximo de 0,5 g/100g (BRASIL, bruta do leite, ao submeter os animais a 48
2011). horas de restrição alimentar. Segundo Peres
Quanto ao teor de proteína, 90% (seis (2001), dentre os fatores que reduzem o
amostras) apresentaram-se de acordo com os teor de proteína estão o baixo consumo de
padrões e apenas uma amostra (D) estava com minerais, falta de proteína degradável e
teor inferior ao limite mínimo estabelecido. falta de carboidratos não estruturais. Para
A legislação brasileira estabelece um míni­mo Cortez et al. (2010) a influência das fraudes
de 2,9% de proteína para leite cru refrige­ na con­centração de proteína apenas se tornou
rado (BRASIL, 2011), porém seus teores mais evidente a partir de uma adição de
podem variar entre 3,0 e 3,8% (DAIRY 15% de água, com o teor de proteína obtido
PROCESSING HANDBOOK, 2003). Estes ligeiramente abaixo de 2,9%, que é o valor
resultados podem ser influenciados por fa­ mínimo aceito pela legislação (BRASIL,
tores como condições climáticas, doenças 2002).

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Pode-se perceber diante dos resultados tipo A, B e C em Campinas, constataram que


que não houve diferença significativa entre as 83,3% das amostras estavam com padrões
amostras com relação ao teor de extrato seco acima dos determinados pela legislação para
total. Segundo Zocche et al., (2002) em um extrato seco desengordurado.
estudo sobre leite pasteurizado no Oeste do A amostra D apresentou pH signifi­
Paraná, encontraram 8 (50%) e 14 (87,5%) cativamente maior (p < 0,05) que o das amos­
amostras em desacordo com a legislação para tras C e G. Esse resultado pode ser correla­
extrato seco total. cionado também com a adição de água ou de
A soma das quantidades dos compo­ outros redutores de acidez a esta amostra.
nentes do leite, com exceção da água, é A água apresenta pH próximo da neutrali­
chamada de extrato seco total (EST), que é dade e quando adicionada ao leite aumenta
de aproximadamente 12%-13% e que cons­ significativamente o seu pH. Entretanto a
tituem-se de componentes como gordura, legislação não preconiza valores de pH, sendo
carboidrato, proteína, sais minerais e vita­ que, os que se apresentaram muito desiguais
minas (FOSCHIERA, 2004). O extrato seco resultaram da fraude com água.
total diminuído da quantidade de gor­d ura Moysés; Carvalho; Hoffman (2009),
é chamado extrato seco desengordurado ao analisarem amostras de leite pasteurizado
(ESD), que é de aproximadamente 8,5%-9% comercializado no município de queimadas
(FOSCHIERA, 2004). A utilização de ins­ – PB, observaram que o pH foi o parâmetro
trumento apropriado permite determinar o que mais se apresentou fora dos padrões
teor de extrato seco total por meio dos valores estabelecidos, totalizando assim 24 amostras
de densidade e do teor de gordura (BRASIL, de um total de 32.
2006). Segundo Silva (1997) para o leite pro­
A percentagem de matéria seca ou ex­ veniente de diversas fontes, após misturado,
trato seco é indispensável para se avaliar a o pH varia entre 6,6 e 6,8. No caso da se­
integridade de um leite. Admite-se no leite creção após o parto (colostro), o pH varia
normal um mínimo de 11,41% de extrato seco de 6,25 no primeiro dia a 6,46 no terceiro. O
total (FOSCHIERA, 2004). leite proveniente de animais com mamite é
Na análise de ESD (extrato seco desen­ levemente alcalino, podendo atingir pH 7,5.
gordurado), a amostra D obteve menor valor O leite apresenta considerável efeito tampão,
quando comparado as amostras B, C, E, F especialmente em pH entre 5 e 6.
e G. A legislação brasileira preconiza um Um desequilíbrio do pH pode ocasio­nar
mínimo de 8,4 g/100g de ESD (BRASIL, a redução/aumento da vida de prateleira (visto
2011). Portanto, 42,85% (três amostras) que isso significa ter havido um au­m ento
encontram-se com teor inferior ao valor mí­ no grau de fermentação e as condições de
nimo preconizado pela legislação vigente. equilíbrio ácido-base foram alteradas), acerto/
Teores baixos de sólidos não gorduro­ erro de formulação e aprovação/reprova-
sos podem indicar teor de proteína baixo, além ção dos produtos de acordo com as normas
de possível adição de água. Os sólidos não em vigência (CASTANHEIRA, 2010). Os
gordurosos do leite correspondem à fração valores de pH e acidez do leite não são propor­
com­posta por proteína, lactose e minerais, cionais, embora haja uma relação inversa;
in­cluindo as vitaminas, os macro e micro mi­ ou seja, à medida que a aci­d ez se eleva,
nerais e outros elementos traços. ocorre abaixamento do pH. A dificuldade na
Garcia et al., (2006), em um trabalho obtenção de uma boa corre­lação está ligada
re­ferente à qualidade do leite pasteurizado ao fato de que na determinação da acidez são

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quantificados os prótons hidrogênio livres de densidade aceitável de 1,028 a 1,034 g/mL


(íons) e acessíveis (ionizáveis/dissociáveis); (BRASIL, 2002).
por outro lado, apenas os prótons hidrogênio Seu valor é função de dois grupos de
livres (íons) são quantificados na determi­ substâncias: de um lado a concentração de
nação do pH (LORENZETTI, 2006). elementos em solução e suspensão e de outro
O pH do leite durante o aquecimento a porcentagem de gordura (PANCOTTO,
tem forte influencia sobre o grau de associação 2011). Pela determinação de densidade é
das soroproteínas com as micelas de caseína. pos­s ível suspeitar se o leite foi desnatado
Quando o pH está abaixo de 6,8, a maioria das ou aguado. Por outro lado, o valor da den­
soroproteínas complexadas estão associadas sidade combinado com a determinação da
a superfície das micelas. No momento em percentagem de gordura permite determinar
que o pH ultrapassa 6,8, além dos agregados o valor do extrato seco total. A água apresen­ta
de soroproteína migrarem para o soro, ocorre densidade de 1g/mL, sendo a gordura menos
também a dissociação da k-caseína micelar densa que a água e os sólidos não gorduro­
(SINGH, 2004). Valores de pH acima de 7,0, sos mais densos. Dessa forma, a densidade do
tornam o fosfato de cálcio menos solúvel, leite depende do balanço desses componentes.
reduzindo assim a concentração de cálcio, o Há causas de variações normais da
que aumenta a estabilidade térmica do leite den­sidade que não afetam a qualidade, como
(NEGRI, 2002). a composição do leite em relação ao teor de
Os sólidos do leite, tais como as pro­ gordura, o valor proteico e a sua temperatu­
teínas, os citratos e os fosfatos atuam como ra no momento da determinação. Dentre as
tampões, isto é, são substâncias que estabili­ causas anormais de variação da densidade,
zam o pH do leite, mantendo a faixa normal pode-se destacar a adição de água, que leva a
(entre 6,5 e 6,7) frente a adição de ácidos ou uma diminuição na densidade do leite. Já o
bases diluídas (VELLOSO, 1998). desnate e a adição de amido faz a densida­de
Um dos redutores de acidez mais uti­ aumentar (AGNESE et al., 2002).
lizados é o bicarbonato de sódio (SILVA Para Calderón et al. (2006) valores mui­
et al., 1997). Conforme legislação nacional to altos de densidade indicam falta de pro­
(BRASIL, 2002), não é permitida a adição teína e energia. Por outro lado, valores muito
de conservantes, substâncias capazes de cor­ baixos representam indícios de adição de água
rigir o pH, de aditivos ou de substâncias com intuito de fraudar o leite aumentando
coadjuvantes de tecnologia/elaboração no seu rendimento aparente. Além desse fato,
leite cru. há outro agravante, que é a contaminação por
Quanto à densidade, não houve diferen­ bactérias e produtos químicos carreados pela
ça significativa (p < 0,05) entre as amostras água. A adição de água também reduz o va­lor
avaliadas. Os resultados apresentaram-se nutricional do leite porque altera a relação
todos de acordo com a legislação vigente que dos seus constituintes (SILVA et al., 2008).
preconiza 1,033 g/ml em condições normais Segundo a legislação brasileira, o re­
na sua composição (BRASIL, 2011). sultado aceitável para o ponto crioscópico
Cortez et al., (2010) verificaram que a do leite situa-se entre -0,530 ºH e -0,550 ºH
densidade só foi alterada quando a adição de (BRASIL, 2011) para leite pasteurizado. Por­
água ultrapassou 25% ocorrendo, assim, uma tanto, 57,14% dos produtos (quatro amostras)
redução do valor da densidade da amostra se adequaram aos padrões, sendo que os
(1,026g/mL) a níveis de não conformidade, 42,85% restantes (três amostras) obtiveram
segundo a legislação, que determina a faixa resultados abaixo do permitido decorrente de

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fraudes com água ou reconstituintes fazendo vários estados do Brasil, sendo considerado
assim o ponto crioscópico se aproximar de um fator limitante, principalmente, da maté­
0ºH, ponto de congelamento da água. ria-prima utilizada para fabricação do leite
Segundo Castanheira (2010) resulta­ UHT, o qual representa 74% do mercado de
dos acima de -0,530 ºH significam adição leite fluido do Brasil. O tratamento térmico
de água, já resultados abaixo de -0,560 ºH, do leite visa garantir a segurança do consu­
podem indicar problema de congelamento do midor e aumentar o tempo de conservação, o
leite no tanque de expansão. De acordo com que é obtido por meio da redução de micror­
os mesmos autores, resultados de crioscopia ganis­mos patogênicos e deterioradores, assim
baixa também podem indicar adulteração do como da atividade enzimática (FONSECA;
leite por reconstituintes. SANTOS, 2007).
Das sete amostras avaliadas uma apre­ Alguns fatores afetam a estabilidade
sentou presença de água nos três lotes dis­ tér­mica do leite, dentre elas, as alterações
tintos analisados em uma proporção média físico-químicas indesejáveis no leite que po­
de 4,06%. Segundo a legislação vigente não dem ocorrer com o tratamento térmico, como:
é permitida à adição de água ao leite, carac­ des­locamento de cálcio e fosfato so­lú­v eis
terizando assim falha no processamento ou na fase coloidal (precipitação de fosfato tri
fraude (BRASIL, 2011). cálcio), dimi­nuição da solubilidade da pro-
Zooche et al. (2002) constataram 6 teína do soro e desdobramento da lactose em
(37,5%) amostras em desacordo com a le­ ácidos orgâ­nicos, entre outras (FONSECA;
gislação vigente para crioscopia. Barbosa SANTOS, 2007).
et al., (2007) estudando as características
fí­sico-químicas do leite cru e pasteurizado Análises microbiológicas
consu­mido no município de Queimadas – PB,
observaram que o leite cru não apresentou
A média dos resultados das análises mi­
valores aceitáveis para os parâmetros ana­
crobiológicas está representada na Tabela 2.
lisados de acordo com a legislação, exceto para
A contagem padrão em placas ou con­
a acidez titulável e densidade. Desta forma,
tagem de aeróbios mesófilos em um pro­duto
os autores concluíram que há necessidade
alimentício reflete a qualidade da matéria-
de adoção de medidas que visem melhorar
a qualidade do leite cru antes e depois de -prima, bem como as condições de proces-
submetê-lo a qualquer tratamento térmico. samento, manuseio e estocagem, permitindo
Das sete amostras analisadas duas apre­ estimar a vida de prateleira do alimento em
sentaram coagulação fina quando submeti­das questão.
ao teste de cocção. A estabilidade tér­m ica A legislação brasileira preconiza para
do leite refere-se á capacidade de proces­ leite pasteurizado contagem padrão em pla­
sa­mento do leite para suportar altas tempe­ cas de, no máximo, 8,0 x 10 4 UFC/mL
raturas sem visível coagulação ou geleificação (BRASIL, 2011). Desta forma, todas as
(SINGH, 2004), em determinado pH e tem­ amos­tras analisadas encontravam-se dentro
peratura. Essa estabilidade está relacionada dos padrões. A baixa temperatura a qual
à capacidade do leite de resistir à coagulação o leite é armazenado e transportado é de
pelo calor e, portanto, interfere di­re­tamente gran­de importância para o controle de multi­
no processamento industrial (FONSECA; plicação destes microrganismos. Os valores
SANTOS, 2007). encontrados podem aumentar se o consumidor
A baixa estabilidade térmica do leite é não armazenar o produto na temperatura
um problema encontrado com frequência em adequada.

Rev. Inst. Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 70, n. 6, p. 301-315, nov/dez, 2015
Avaliação das caracteristicas fisico-químicas, microbiológicas e rotulagem de leite... 309

Tabela 2 – Média dos resultados das análises microbiológicas de mesófilos aeróbios e colifor­
mes 30ºC e 45ºC do leite pasteurizado

Microrganismos avaliados
Amostras Repetições
Mesófilos aeróbios 2Coliformes 30ºC 2Coliformes 45ºC
1

A 1 6,5 x 104 < 3,0 < 3,0


A 2 1,4 x 10 4
< 3,6 < 3,0
A 3 6,6 x 10 4
< 3,0 < 3,0
B 1 2,5 x 102 < 3,0 < 3,0
B 2 8,2 x 10 3
< 3,0 < 3,0
B 3 1,1 x 10 4
< 3,0 > 1.100▲
C 1 8,7 x 104 240▲ 460▲
C 2 2,5x 10 est
3
> 1.100▲ 9,2▲
C 3 7,7 x 10 4
9,2▲ < 3,0
D 1 7,1 x 104 < 3,0 93▲
D 2 8,8 x 10 4
1.100▲ < 3,0
D 3 2,4 x 10 4
< 3,0 < 3,0
E 1 2,1 x 104 < 3,0 < 3,0
E 2 7,0 x 10 3
3,0 <3,0
E 3 3,2 x 10 3
< 3,0 < 3,0
F 1 6,5 x 103 <3,0 11▲
F 2 5,3 x 10 4
93▲ < 3,0
F 3 9,5 x 10 3
3,0 < 3,0
G 1 1,3 x 102 est < 3,0 < 3,0
G 2 1,3 x 10 4
9,2▲ <3,0
G 3 4,0 x 10 2
< 3,0 < 3,0
Padrão
Máx 8,0x104 Máx 4 Máx 2
Oficial*
*De acordo com a Instrução Normativa nº 62 (BRASIL, 2011); est: estimado; 1 UFC/mL; 2 NMP/mL; ▲: fora
dos padrões legais vigentes.

Salvador et al., (2012), ao analisarem no leite cru e encontraram valores entre 1,2
seis amostras de leite tipo B e C comer­ x 106 e 3,0 x 106 UFC/mL, acima dos valores
cializados em Apucarana e região observaram recomendados pela legislação vigente.
que todas as amostras estavam de acordo com A análise de coliformes nos alimen­
os parâmetros para contagem de mesó­filos t­os é de grande importância para a indi­ca­
aeróbios, resultado semelhante ao do pre­ ção de contaminação durante o processo
sente estudo. Oliveira Filho et al. (2014) de­ de fabricação ou mesmo pós-processa­men­
terminaram contagens de mesófilos aeróbios to. Segundo Franco e Landgraf (2005), os

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310 OLIVEIRA, A. da L. et al.

microrganismos indicadores são grupos essas exigências em pelo menos um dos


ou espécies que, quando presentes em ali­ re­q uisitos listados. Dois dos sete rótulos
mentos, podem fornecer informações sobre a não apresentavam o nome ou razão social,
ocorrência de contaminação fecal e a prová­ conforme estabelecido pela Instrução Nor­
vel presença de patógenos e deterioradores. mativa nº 22 de 2005 (BRASIL, 2005).
Presença de coliformes em leite pasteuri­ Uma amostra não apresentou endere­
zado pode indicar pasteurização ineficiente, ço, três não apresentaram CNPJ e carimbo
recontaminação após tratamento térmico do Sistema de Inspeção Oficial e número de
ou higiene inadequada de equipamentos, registro no órgão competente. Duas amostras
utensílios e embalagens (THIELMANN; apresentaram falha quanto a informações
ARCURI, 1999). de cuidado e conservação do produto. Duas
De acordo com a instrução normativa não continham identificação do lote. A Ins­
nº 62, para o leite pasteurizado ser conside­ trução Normativa nº 22 de 2005 (BRASIL,
ra­d o apto para consumo deve apresentar 2005), estabelece que todo rótulo deverá ter
contagem de coliformes 30ºC de, no máximo, impresso, gravado ou marcado de qualquer
4 NMP/mL e contagem de coliformes a outro modo, uma indicação em código ou
45ºC de, no máximo, 2 NMP/mL (BRASIL, linguagem clara, que permita identificar
2011). Portanto, das diferentes amostras e o lote a que pertence o produto de origem
lotes analisados, 57,14% (quatro amostras, animal, de forma que seja visível, legível e
em pelo menos um dos lotes) apresentaram indelével.
níveis superiores ao permitido pela legislação Das amostras avaliadas, três tiveram
de coliformes a 30ºC e 45ºC. falha quanto às informações nutricionais
Vieira et al. (2002) verificaram que, das obrigatórias. Segundo a RDC nº 359, de 23
99 amostras de leite pasteurizado analisa­das, de dezembro de 2003 (ANVISA, 2003c), os
49,5% (49 amostras) encontraram-se fora dos consumidores possuem o direito de ter infor­
padrões estabelecidos pela legislação. mações sobre as características e compo­sição
nutricional dos alimentos que adquirem.
Rotulagem Duas amostras estavam inconformes
em relação a frase obrigatória estabelecida
Todas as amostras apresentaram o pela Lei nº 11265 de 3 de janeiro de 2006
conteúdo (1 litro) descrito no painel princi­ (ANVISA, 2006). A referida lei estabelece que
pal conforme a instrução normativa 22 de os rótulos desses produtos deverão exibir no
2005 (BRASIL, 2005) que aprova o Re­ painel principal, de forma legível e de fácil
gulamento Técnico sobre Rotulagem de Ali­ visualização, o seguinte destaque: AVISO
mentos Embalados. As embalagens tam­bém IMPORTANTE: Este produto não deve ser
apresentaram caracteres legíveis e pre­cedidos usado para alimentar crianças menores de 1
pela palavra “CONTÉM” ou “CON­TEÚDO” (um) ano de idade. O aleitamento materno
ou “CONT.”, conforme estabelecido pela evita infecções e alergias e é recomendado até
Portaria INMETRO nº 157, de 19 de agosto os 2 (dois) anos de idade ou mais.
de 2002 (INMETRO, 2002). Outros autores também verificaram
Apenas duas amostras (28,57%) en­ inconformidades em rótulos de produtos, es­
contraram-se em conformidade com todas pecialmente no que se refere á lácteos.
as exigências vigentes para rotulagem de Dias, Prado e Godoy (2008) avalian­
alimentos (Tabela 3). Dentre as amostras do rótulos de leite em pó, encontraram
coletadas, 5 (71,42%) não atenderam a não conformidades em 90% das amostras.

Rev. Inst. Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 70, n. 6, p. 301-315, nov/dez, 2015
Avaliação das caracteristicas fisico-químicas, microbiológicas e rotulagem de leite... 311

Tabela 3 – Inadequações em rótulos de leite pasteurizado comercializado na microrregião de


Ubá – MG

Marcas dos
Item verificado
rótulos inadequados
Conteúdo nenhuma
Nome ou razão social FeG
Endereço F
CNPJ, Carimbo do Sistema de Inspeção Oficial, Número de registro C, F e G
Informações sobre cuidado e conservação do produto FeG
Lote FeG
Informações nutricionais A, B, F e G
Frase obrigatória FeG

Enquanto Santana e Penha Filho (2009), caracterizando más condições higiênico-sa­


verificaram que 10% dos rótulos de leites nitária durante a fabricação, visto que estes
UHT em Salvador – BA, não indicavam microrganismos são indicadores de qualidade
o percentual de gordura trans, informação higiênica.
nutricional obrigatória. Apesar dos órgãos regulamentado­
Silva e Nascimento (2007), ao analisa­ res imporem exigências para rotulagem de
rem 20 rótulos de iogurtes comercializados alimentos em geral, alguns beneficiadores de
no Rio de Janeiro, observaram que 70% leite fluido, ainda não atendem integralmente
dos rótulos apresentavam algum tipo de não a essa legislação como foi possível observar
conformidade. diante dos resultados obtidos. Recomenda-
As informações contidas, nos rótulos, se, portanto maior preocupação e instrução,
devem ser claras a fim de serem utilizadas no sentido de atender integralmente os pa­
para orientar a escolha adequada de alimen­tos râmetros estabelecidos pela lei. Ressalta-se
(CÂMARA et al., 2008) e atender a legis­la­ também a importância da atuação por parte
ção vigente. dos órgãos fiscalizadores, visto que, todos
os itens exigidos na rotulagem têm sua im­
CONCLUSÕES portância e, portanto, devem estar contidos
nos rótulos.
Os leites pasteurizados comercializados
na microrregião de Ubá – MG apresentaram REFERÊNCIAS
composição físico-química variável, sendo
observada adição de água em uma amostra, o AGENAS, S. et al. Changes in metabolism
que não é permitido pela legislação. and milk production during and after feed
A qualidade microbiológica dos leites deprivation in primiparous cows selected
quanto a mesófilos aeróbios apresentou-se for different milk fat content. Livestock
dentro dos padrões vigentes, porém, quanto Production Science, v. 83, p. 153-164, 2003.
a contagem de coliformes, quatro amostras,
em pelo menos um dos lotes apresentaram AGNESE, A. P. et al. Avaliação físico-quími­
níveis superiores ao permitido pela legislação, ca do leite cru comercializado informalmente

Rev. Inst. Laticínios Cândido Tostes, Juiz de Fora, v. 70, n. 6, p. 301-315, nov/dez, 2015
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