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A estrutura das photocollages surrealistas são muito parecidas com a estrutura ou o funcionamento
dos sonhos.
Não é surpreendente que própria teoria da collage esteja impregnada da teoria freudiana. Questões
terminológicas que poderiam vir tanto de um campo como de outro estão presentes e fundamentam
as próprias teorias. Expressões relacionadas com o ato de recortar estão muito presentes no
trabalho de Freud como castração, censura, repressão. Ou mesmo com a cola, e é mais evidente
com a cola a colagem, expressões como visco, viscosidade.
A condensação foi definida por Freud como um dos mecanismos fundamentais pelo qual se realiza o
trabalho do sonho, e este incorpora vários procedimentos comuns à collage.
A condensação pode efetuar-se por diferentes meios: um elemento figura é conservado apenas
porque está presente por diversas vezes em diferentes pensamentos do sonho, diversos elementos
podem ser reunidos numa unidade desarmônica (figura, personagem composta). Para Freud a
condensação é uma das características do pensamento inconsciente.
Outro mecanismo similar ao da collage se caracteriza por uma representação suscetível de se soltar
dela para passar a outras representações.
Poderíamos evocar a Freud e dizer tal como algo similar ao deslocamento do sonho, o
deslocamento de uma figura a outra, de um significado a outro, se produz pela influência da censura,
do recorte.
Outro conceito pertinente a collage é a fixação, também importante para a psicologia. Talvez seja
por isso que em Max Ernst temas ligados à infância repetem-se em suas collages como pássaros,
olhos, figura feminina.