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10/05/2021 Visualisando a organização e disseminação de conhecimento: esboços de Paul Otlet no Mundaneum – Index-a-Dora

Index-a-Dora

Visualisando a organização e disseminação


de conhecimento: esboços de Paul Otlet
no Mundaneum

Publicado em outubro 13, 2015 por Dora


(h p://informationvisualization.typepad.com/.shared/imag
e.html?/photos/uncategorized/organisation_mondialeedit_o
.jpg)Já no final do século XIX e no início do século XX vários
acadêmicos europeus, como Patrick Geddes (1854-1932),
Wilhelm Ostwald (1853-1932), Paul Otlet (1868-1944) e O o
Neurath (1882-1944) exploravam novas formas de
organizar, visualizar e disseminar conhecimento em nível
global, encontrando problemas similares mas também
aparecendo com soluções comparáveis à Internet e à Rede
Mundial de Computadores (World Wide Web).

O belga Paul Otlet (1868-1944) junto com o político e


vencedor do prêmio Nobel da Paz de 1913, Henry La
Fontaine, no período anterior à Primeira Guerra Mundial formaram várias organizações
do “conhecimento” em Bruxelas: o Instituto Internacional de Bibliografia (1895), uma
Biblioteca Internacional montados a partir de coleções de sociedades científicas e outras
associações em Bruxelas (1906), um Museu Internacional (1910), a União de Associações
Internacional (1910), e uma Universidade Mundial (1920), etc. tudo combinado depois da
Guerra no que Otlet chamava de Palais Mondial (Palácio Mundial), posteriormente o
Mundaneum, uma estrutura física imensa que era parte do Palais du Cinquantenaire em
Bruxelas. Uma forma de Mundaneum no início dos anos 90 foi recriado em Mons, Bélgica,
como um museu e arquivo dedicado em grande parte ao trabalho de Otlet e La Fontaine.

Formas Visuais de Conhecimento

Primeiramente, Otlet estava interessado nos modos em quais as imagens poderiam ser
usadas para simplificar e mostrar informações complexas. “Documentação”, um termo
que cunhou em 1904, para ele envolvia a mobilização não apenas de documentos escritos
mas de documentos de todos os tipos e ele valorizava as imagens, esquemas, gráficos,
tabelas e etc. Em sua visão o livro era um portador inconveniente e ineficiente de
informação que teria que ser decomposto e dissecado a fim de serem retiradas suas
“partes” (bits) mais essenciais e valorosas de informação. Gravado separadamente de
acordo com o que Otlet chamava de “princípio monográfico”, cada item individual de
informação poderia então ser reprocessado de vários modos para uma disseminação e uso
mais efetivo.

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(h p://informationvisualization.typepad.com/.shared/image.html?/photos/uncategorized/
heuvelrayward01_1.jpg)(Fig. 1) O livro dissecado e recomposto em
arquivos para formar a base de uma nova forma de fonte
enciclopédica; Fonte: Mons, Archives du Musée du Mondaneum,
EUM [1934].

Posteriormente em sua vida, a preocupação de Otlet com a


visualização intensificou-se. Ele começou a desenvolver o que ele
chamava de Atlas Mundaneum (Encyclopaedia Universalis
Mundaneum), no qual ele buscou expressar as idéias em
organização do conhecimento, visualização e disseminação que ele
tratou in extenso por escrito em seu Traité de documentation (1934). O
Atlas Mundaneum também pretendia visualizar suas visões na emergência de uma
sociedade global que ele sumarizou no texto por vezes enigmático do Monde (1935). Para
as várias seções do Atlas Mundaneum, e como ele experimentou com idéias visuais
geralmente, imagens variando de rabiscos em pequenos pedaços de papel, para papéis
maiores mais totalmente desenvolvidos, às vezes multicoloridos, para grandes imagens
finais formais em “tableaux” padronizado ou gráficos a ser achado aos milhares no
Mundaneum em Mons. Na última dessas imagens Otlet começou a experimentar com
visualizações 3D e 4D “móveis” de informação e apareceu com soluções que chegam
próximas à apresentações de mudanças de relações entre dados em interfaces designadas
para o computador.

(h p://informationvisualization.typepad.com/.shared/imag
e.html?/photos/uncategorized/heuvelrayward02_2.jpg)(Fig
2) Otlet, Visualização do Le Plan Mondial na forma de um
cubo movendo-se junto de 3 eixos. Fonte: Mons, Archives
du Musée du Mundaneum, EUM, OP 103 : « Le plan mondial » [1934-35].

Nesta visualização do Le Plan Mondial, os três lados visíveis de um cubo representam 1)


os domínios, 2) os setores e 3) os instrumentos do plano do mundo. O movimento do cubo
junto com os três eixos etiquetados: 4 (grau de alcance), 5 (espaço), e 6 (tempo), mudariam
os relacionamentos entre os dados.

Alguns exemplos da visualização de organização e disseminação de conhecimento de


Otlet

Deveria ser notado que Otlet não era nenhum artista e que sua visão era especialmente
ruim referente ao fim da sua vida. Como ele experimentou com diferentes tipos de
imagens, o resultado, especialmente cedo no processo de trabalho e retrabalho suas idéias
grandiosas de globalização e universalismo, são imagens que são muito mal desenhadas.
Uma imagem fascinante e complexa do “le reseau mondial”, a rede mundial de
documentação ou de rede do que hoje chamaríamos de informações, é apresentado a
seguir. Ela descreve os processos e as relações das instituições de organização de
conhecimento a que Otlet tinha dedicado sua vida. Essa rede linka o cidadão em uma
estrutura hierarquica a uma cidade mundial “emblemática” como um objeto
arquitetônico e para uma grande central de organização do conhecimento, o Mundaneu,
como uma instituição física. Isso mostra o quao longe ele foi na tentativa de capturar as
características essenciais da rede a partir do diagrama relacionado, publicado em seu
Traité de Documentation:

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(h p://informationvisualization.typepad.com/.shared/imag
e.html?/photos/uncategorized/heuvelrayward03_1.jpg)(Fig.
3) A “internet” de Otlet linkando o indivíduo ao “civitas
mundaneum”. Fonte: Mons, Archives du Musée du
Mundaneum, EUM.

Otlet prevê uma rede à qual o acesso é por meio de uma tela
e um telefone, tudo o que o estudioso teria necessidade em
última instância, ele acreditava, em sua mesa de trabalho.
Em seu Encyclopedia Universalis Mundaneum Otlet
visualiza uma forma de teleconferência envolvendo o
gramofone, filme, rádio e televisão, antecipando o que nós
chamamos atualmente de hipermídia. A versão do Otlet de
Internet ou Rede Mundial de Computadores (World Wide
Web), tem apenas recentemente alcançado as dimensões
multimídia e interativas que ele previu. Ele imagina um arranjo de máquinas multimídia
ilustrados na próxima imagem tendo uma capacidade interativa importante que em efeito
criariam uma realidade “virtual”.

“Cinema, fonógrafo, rádio, televisão – estes instrumentos considerados substitutos


para o livro se tornaram na verdade o novo livro, o mais poderoso dos meios para a
difusão do pensamento humano. Pelo rádio não apenas podemos ouvir de todos os
lugares mas também falar de todos os lugares. Por meio da televisão não só um ser
capaz de ver o que está acontecendo em toda parte, mas todo mundo será capaz de ver
o que ele gostaria de ver o seu próprio ponto de vista. Desta poltrona, todo mundo irá
ouvir, ver, participar, será até mesmo capaz de aplaudir, ovacionar, cantar junto,
adicionar seus gritos de participação para todos os outros” (Otlet, Traité de
Documentation 1934, 431).

(h p://informationvisualization.typepad.com/.shared/image.html?/photos
/uncategorized/heuvelrayward04.jpg)(Fig. 4) A “hipermídia” de Otlet:
teleconferência combinando telefone, rádio, gramofone, filmes e televisão.
Fonte: Mons, Archives du Musée du Mundaneum, EUM.

Um esboço de caneta tinteira de 1943, o ano anterior à morte de Otlet, une


suas idéias sobre um mundo em rede global. Nós vemos o Mundaneum
mais uma vez no formato espiral originalmente proposto em 1928 pelo
famoso arquiteto, Le Corbusier, para um prédio para o Mundaneum nas margens do lago
Geneva. No entanto Otlet agora mostra o Mundaneum não apenas como uma estrutura
física, um museu, que contém representações da acumulação do conhecimento através do
tempo. Também é apresentado como transmissor global de conhecimento através do som
(“rádio-telefone”) e por imagem (“rádio-televisão”).

(h p://informationvisualization.typepad.com/.shared/imag
e.html?/photos/uncategorized/heuvelrayward05_1.jpg)(Fig.
5) Esboço feito com caneta tinteira de Otlet para o
Mundaneum, “uma máquina para contemplar o mundo a
partir de uma poltrona em telas individuais”. Fonte: Mons,
Archives du Musée du Mundaneum, 1943.08.15.

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Esse áspero e experimental rascunho é efetivamente uma visualização do que Otlet


escreveu em Monde (1935): a necessidade de

” (…) uma instrumentação agindo através da distância que combinaria ao mesmo


tempo rádio, raio-x, cinema e micro-fotografia. Todas as coisas do universo e todas
aquelas do homem seriam registradas a longa distância enquanto fossem produzidas.
Entretanto a imagem em movimento do mundo seria estabelecida – sua memória, sua
verdadeira duplicata. A longa distância qualquer um seria capaz de ler a passagem
que, expandida ou limitada ao assunto desejado, seria projetado em sua tela
individual. Assim, em sua poltrona qualquer um seria capaz de contemplar toda a
criação ou partes particulares dela”.

Uma imagem surpreendente quando se contempla declaração Tim Berners-Lee: “Minha


visão original para uma rede universal era uma poltrona para ajudar as pessoas a fazerem
coisas na vida real da web” (Weaving the Web, 1999, p. 177-178).

Referências

European Modernism and the Information Society Conference site


h p://www.lis.uiuc.edu/conferences/EuroMod.05/
(h p://www.lis.uiuc.edu/conferences/EuroMod.05/)

W. Boyd Rayward, Visions of Xanadu: Paul Otlet (1868-1944) and Hypertext JASIS 45
(1994):235-250
h p://alexia.lis.uiuc.edu/~wrayward/otlet/xanadu.htm
(h p://alexia.lis.uiuc.edu/%7Ewrayward/otlet/xanadu.htm)

Charles van den Heuvel – University of Maastricht, Faculty of Arts and Culture,
Technology and Society Studies- Leiden, University Library, Map curator Collection Bodel
Nijenhuis
c.vandenheuvel@tss.unimaas.nl (mailto:c.vandenheuvel@tss.unimaas.nl)

W. Boyd Rayward – Graduate School of Library and Information Science – University of


Illinois at Urbana-Champaign
h p://alexia.lis.uiuc.edu/~wrayward/rayward.html
(h p://alexia.lis.uiuc.edu/%7Ewrayward/rayward.html)

Publicado originalmente no blog Envisioning a Path to the Future


(h p://informationvisualization.typepad.com/), em 11 de julho de 2005.

Título original: Visualizing the Organization and Dissemination of Knowledge: Paul


Otlet’s Sketches in the Mundaneum, Mons – Charles van den Heuvel and W. Boyd
Rayward
(h p://informationvisualization.typepad.com/sigvis/2005/07/visualizations_.html)

Postado em Organização da Informação, TraduçõesCom a tag Paul Otlet

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