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TEORIA DA CONSTITUIÇÃO

Conceitos e classificações

PROF. CYNARA BARROS


cynarafdr@gmail.com
https://tinyurl.com/teoria2p
@profcynarabarros
O que é a Constituição?
• Neoconstitucionalismo e Crise do conceito;
• Noção plurívoca, plúrima;
• "Constituere" - constituir, estabelecer, firmar, formar, organizar,
delimitar.
• A Constituição delimita a organização do Estado, forma de
governo, a garantia das liberdades públicas e a forma de
aquisição e exercício do poder.
• As Constituições estão em constante processo de adequação
social.
• Uadi Lammêgo: “como organismo vivo, cumpre à Constituição
estatuir direitos, prerrogativas, garantias, competências,
deveres e encargos, dispondo sobre as funções executiva,
legislativa e jurisdicional, estabelecendo as diretrizes e os limites
para o exercício do poder”.
Concepção Sociológica
• FERDINAND LASSALLE criou a noção
de Constituição “Folha de Papel” e de
Constituição Sociológica.
• A Constituição é vista sob o aspecto da
relação entre os fatos sociais dentro
do Estado.
• Constituição real (ou efetiva – é a
soma dos fatores reais de poder do
Estado)
• Constituição escrita (pode ou não
coincidir com a primeira; mas a escrita,
se não corresponde à real, não passa
de uma folha de papel).
Concepção Política
• Defendida por CARL SCHMITT no livro
"Teoria da Constituição“ – funda a linha
“decisionista” (que tem por base o
contratualismo hobbesiano).
• O fundamento da Constituição está na
decisão política fundamental que antecede
a sua elaboração - aquela decisão sem a
qual não se organiza ou funda um Estado.
Ex. Normas de exceção.
• Constituição (normas que decorrem da
decisão política fundamental, normas
estruturantes do Estado, que nunca
poderão ser reformadas) x Lei
Constitucional.

Concepção Jurídica
• “Concepção Puramente Normativa da Constituição”
- HANS KELSEN
• Constituição é puro dever-ser, norma pura, que não
busca fundamento na filosofia, na sociologia ou na
política, mas na própria ciência jurídica.
• A Constituição deve ser entendida no sentido:
• A) lógico-jurídico: norma fundamental hipotética:
fundamental porque é ela que nos dá o fundamento
da Constituição; hipotética porque essa norma não é
posta pelo Estado é apenas pressuposta;
• B) jurídico-positivo: é aquela feita pelo poder
constituinte, constituição escrita, é a norma que
fundamenta todo o ordenamento jurídico.
• Distingue também entre Constituição formal e
Constituição Material (preceitos que regulam a
criação de normas jurídicas gerais).
Constituição Suave

• Defensor: GUSTAVO ZAGREBELSKY

• Constituição suave é aquela que
não contém exageros. Ao exprimir o
pluralismo social, político e
econômico da sociedade, não
consagra preceitos impossíveis de
se realizar porque tem a ambição de
ser realizadas.
• Ex. Constituição-garantia, como a
Carta dos Estados Unidos de 1787.
A força normativa da Constituição
• Defensor: KONRAD HESSE
• As constituições servem para criar os
fundamentos e normatizar os princípios
diretores da unidade política do Estado,
regulando a solução de conflitos da
comunidade e as relações sociais
historicamente cambiantes.
• Instituem uma ordem jurídica
fundamental, material e aberta da
comunidade.
• Rebate a ideia de Lassalle. A Constituição
possui força normativa capaz de modificar
a realidade e nem sempre cederia frente
aos fatores reais de poder. Tanto pode
sucumbir quanto prevalecer.
Constituição Aberta
• Defensores: PETER HÄBERLE e Carlos
Alberto Siqueira Castro
• A Constituição tem objeto dinâmico e
aberto (adaptação). Se for aberta, admite
emendas formais (EC) e informais
(MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS) e está
repleta de CONCEITOS JURÍDICOS
INDETERMINADOS.
• Sociedade aberta dos intérpretes da
Constituição - A sua interpretação não
deve ser monopolizada exclusivamente
pelos juristas. O titular do poder
constituinte é a sociedade (paradigma
democrático).
• Ex. Audiências Públicas e Amicus Curiae.
Constituição Dirigente
• Defensor: J.J. GOMES CANOTILHO;
• Inspiração Socialista
• Propõe que se adote um programa de
conformação da sociedade, no sentido de
estabelecer uma direção política permanente.
• Função da Constituição: dirigir a ação do
Estado. dirigir a ação governamental do
Estado.
• Propõe que se adote um programa de
conformação da sociedade, no sentido de
estabelecer uma direção política permanente.
• Discussões: submissão das funções do Estado
à Constituição e a questão dos novos ramos
do Direito.
Constituição.com
• É aquela cujo projeto conta
com a opinião maciça dos
usuários da internet - por
meio de sites de
relacionamento, externam
seu pensamento a respeito
dos temas a serem
constitucionalizados.
• Para uns, a internet
atrapalha; para outros, ela é
fundamental para a
democracia atual.
• Ex. Islândia em 2011
Precedentes do STF
• STF - MS 26603 DF (Julgamento: 04.10.2007)
• MANDADO DE SEGURANÇA – (...) A SUBSISTÊNCIA DOS ATOS
ADMINISTRATIVOS E LEGISLATIVOS PRATICADOS PELOS
PARLAMENTARES INFIÉIS: CONSEQÜÊNCIA DA APLICAÇÃO DA
TEORIA DA INVESTIDURA APARENTE - O PAPEL DO SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL NO EXERCÍCIO DA JURISDIÇÃO
CONSTITUCIONAL E A RESPONSABILIDADE POLÍTICO-JURÍDICA
QUE LHE INCUMBE NO PROCESSO DE VALORIZAÇÃO DA FORÇA
NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO - O MONOPÓLIO DA "ÚLTIMA
PALAVRA", PELA SUPREMA CORTE, EM MATÉRIA DE
INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL - MANDADO DE SEGURANÇA
INDEFERIDO. PARTIDOS POLÍTICOS E ESTADO DEMOCRÁTICO DE
DIREITO
• STF - MS 26603 DF (Julgamento: 04.10.2007)
• A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO E O MONOPÓLIO DA ÚLTIMA
PALAVRA, PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, EM MATÉRIA DE
INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
• . - O exercício da jurisdição constitucional, que tem por objetivo preservar a
supremacia da Constituição, põe em evidência a dimensão essencialmente
política em que se projeta a atividade institucional do Supremo Tribunal Federal,
pois, no processo de indagação constitucional, assenta-se a magna prerrogativa
de decidir, em última análise, sobre a própria substância do poder
• . - No poder de interpretar a Lei Fundamental, reside a prerrogativa
extraordinária de (re) formulá-la, eis que a interpretação judicial acha-se
compreendida entre os processos informais de mutação constitucional, a
significar, portanto, que "A Constituição está em elaboração permanente nos
Tribunais incumbidos de aplicá-la". Doutrina. Precedentes
• . - A interpretação constitucional derivada das decisões proferidas pelo
Supremo Tribunal Federal - a quem se atribuiu a função eminente de "guarda da
Constituição" (CF, art. 102,"caput")- assume papel de fundamental importância
na organização institucional do Estado brasileiro, a justificar o reconhecimento
de que o modelo político-jurídico vigente em nosso País conferiu, à Suprema
Corte, a singular prerrogativa de dispor do monopólio da última palavra em
tema de exegese das normas inscritas no texto da Lei Fundamental.
• STF – MI 5967 – (Julgamento: 05.02.2014)
• MANDADO DE INJUNÇÃO. CONSTITUCIONAL E
ADMINISTRATIVO. APOSENTADORIA ESPECIAL DE SERVIDOR
PÚBLICO. APLICABILIDADE DO ART. 57 DA LEI FEDERAL Nº
8.213/91 ATÉ QUE SOBREVENHAM AS LEIS COMPLEMENTARES
QUE REGULAMENTEM O ART. 40, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO.
PRECEDENTES DO STF. LIMITES OBJETIVOS DA EM MANDADO DE
INJUNÇÃO, CINGIDOS À COLMATAÇÃO DA LACUNA LEGISLATIVA
NA REGULAMENTAÇÃO DE DIREITO CONSTITUCIONALMENTE
ASSEGURADO. PERMANÊNCIA DO DEVER DA AUTORIDADE
ADMINISTRATIVA COMPETENTE PARA A CONCESSÃO DA
APOSENTADORIA DE VERIFICAR O PREENCHIMENTO DOS
REQUISITOS LEGAIS NO CASO CONCRETO.
• STF – MI 5967DF – (Julgamento: 05.02.2014)
• À luz da classificação proposta por Gomes Canotilho
(Constituição Dirigente e Vinculação do Legislador:
Contributo para a Compreensão das Normas Constitucionais
Programáticas. 2ª edição. Coimbra: Coimbra Editora, 2001, p.
315), o dispositivo constitucional transcrito acima se
consubstancia numa imposição constitucional legiferante , isto
é, um dever permanente e inescusável do legislador de editar a
norma que concretize o comando constitucional, conferindo-
lhe o grau de densidade normativa suficiente a assegurar-lhe a
plena eficácia.
CLASSIFICAÇÕES
• A doutrina adota diversos critérios distintos.
1) Quanto à forma
a) escritas - sistematizadas em um texto único. Ex. CRFB/88
b) não escritas - contidas em textos esparsos e/ou costumes e
convenções sedimentados ao longo da história. Ex. Inglaterra,
Israel, Nova Zelândia.

2) Quanto à origem ou ao processo de positivação


a) outorgadas – Impostas por uma pessoa ou grupo de pessoas no
exercício do poder;
b) promulgadas (democrática, popular) – Elaboradas pelos
representantes do povo, eleitos de forma livre.
c) cesarista (plebiscitária, referendária ou bonapartista) – Elaborada
sem a participação do povo ou de seus representantes, mas
submetida a referendo popular.
d) mista (pactuada, dualista) – Decorre de um pacto entre o
Executivo e o Legislativo.
CLASSIFICAÇÕES
3) Quanto à estabilidade do texto
Relação com o procedimento adotado para a modificação do texto
constitucional, comparando-o com o procedimento aplicável à
legislação ordinária.
a) rígidas - o procedimento de modificação da Constituição é mais
complexo do que aquele estipulado para a criação de legislação
infra- constitucional;
b) flexíveis – segue o mesmo procedimento adotado para a edição
de legislação infraconstitucional;
c) semirrígidas - as normas consideradas materialmente
constitucionais só podem ser alteradas por um procedimento mais
dificultoso; o restante pode ser modificado pelo legislador,
segundo o processo da legislação infraconstitucional.
CLASSIFICAÇÕES
4) Quanto ao conteúdo
a) sintéticas – trazem as diretrizes gerais da organização e
funcionamento do Estado e de sua relação com os cidadãos. Ex.
Constituição norte-americana.
b) analíticas - desenvolvem em maior extensão o conteúdo dos
princípios que adotam. Ex. as Constituições da Espanha, de
Portugal, da índia.

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