Meggido Mundi
Por Armageddon
Meggido Mundi - Cartógrafo
Imperial
"Nada neste mundo é maior do que minha vontade de
conhece-lo, nem os mares que o cercam, nem as
montanhas que dele nascem."
Armageddon
O Reinado. O maior conglomerado de nações
humanas de toda Arton. Desde a primeira visão de
Roramar Pruss até os nossos dias, o trabalho e a
perseverança do povo transformou a inóspita parte
norte do continente em um império, com
problemas e perigos equivalentes a sua extensão
total. Cruzando o mundo de ponta a ponta, é o
berço para heróis e vilões, famílias nobres e
mendigos, heróis que vagam pelas estradas e
bêbados que raramente se erguem de seus bancos
de tavernas. Dezenas de reinos, milhares de
cidades, milhões de pessoas, e um único imperador.
Sim, ele é uma pessoa ocupada. Além de dirigir seu
próprio reino, precisa voltar suas atenções para todo
um continente. Guerras estão em andamento,
tempestades místicas assolam vários pontos do globo,
pragas, exércitos de monstros, sem contar sua família,
tão complicada quanto qualquer outra, entram e saem
dos pensamentos do bondoso monarca, que apesar de
tudo, ainda é humano. Seria impossível para qualquer
um dirigir um império de tamanha grandiosidade sem
informação. Por isso, anos atrás, Philydio, o Tranqüilo
criou um seleto grupo que tem como missão mapear e
catalogar todas as vilas, cidades e reinos de Arton,
apontando os pontos onde é necessária a intervenção
real. Eles são os Guias, os cartógrafos reais. Graças a
eles, Thormy pode saber onde fica aquela vila no meio
do nada que de uma hora pra outra sumiu, se rebelou
contra o império, foi atacada por monstros marinhos...
Viajando pelo mundo, os Guias juntaram ao longo dos
anos mapas, desenhos e manuscritos de praticamente
todos os cantos do reino. Em uma sala situada no
Castelo Imperial, duzentos metros de estantes
guardam o trabalho de centenas de pessoas, que se não
fosse por um homem, não passariam apenas de papel.
Meggido Mundi, foi em tempos passados um dos
maiores exploradores que já viveram em toda Arton.
De Malpetrim às Montanhas Sanguinárias, poucos
lugares desta terra não assistiram a sua passagem, e
muitos dos mapas encontrados pelo reino recebem sua
assinatura. Trabalhou para o Império por longos anos,
e acabou por sumirmisteriosamente em uma missão
pelo Deserto da Perdição. Várias homenagens foram
prestadas em decorrência de sua morte, inclusive uma
citação em um discurso real.
Certo dia, porém, quando os Guias chegaram de uma
expedição as Uivantes, encontraram na parede mais
afastada da sala dos mapas, um desenho de mais de
cinco metros, no que parecia ser, à grosso modo, os
contornos do continente artoniano. O guarda
responsável pela sala disse não ter ouvido nem visto
ninguém adentrar pela única porta. Dois novos
guardas foram convocados, e a sala passou a ser
vigiada todo o tempo. Mesmo assim, na manhã
seguinte, uma pequena área ao oeste do mapa havia
sido redesenhada, sendo que alguns vilarejos e
pequenas estradas comerciais haviam sido traçados.
Noite após noite, a carta geográfica do continente
continuava lentamente a surgir na grande parede do
salão, sem que o autor fosse descoberto. Coube aos
magos reais desvendarem tal mistério.
O espírito de Meggido não havia desistido.
Silenciosamente continuava seu trabalho do ponto
onde havia parado quando desapareceu, talvez até
porque não tenha se dado conta de seu estado atual.
Sua obstinação pelo projeto o trouxe de volta após a
morte, e o fez continuar.
Seu espectro depois de descoberto passou então a ser
visto por todos, porém continua ignorando
completamente qualquer um que tente entrar em
contato com ele. Tentativas de esconjurá-lo falharam,
e ao que tudo indica, não irá desistir enquanto não
concluir o que, segundo sua caligrafia na parede,
chama de "Mapa Mundi". Passa vários dias revirando
as prateleiras a procura de algum pergaminho, e as
noites encaixando em seu complicado desenho os
detalhes do que hoje é o mapa mais completo de toda
Arton, sempre seguindo a mesma ordem, oeste - leste.
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Não tardou para que a sala fosse visitada por
comerciantes em busca da melhor rota para suas
caravanas, e aventureiros atrás de trabalho. Novo
ânimo surge entre os Guias, que agora não estão mais
juntando papel, e sim, trabalhando para algo maior.
Nas mãos de Meggido, o trabalho de muitos está
tomando forma.

Quando alguma área do mapa se mostra incompleta,

ou faltam dados para sua inscrição no mapa, o espírito
de Mundi se mostra impaciente e agressivo. Alguns
guias dizem que tiveram pesadelos envolvendo certas
áreas de Arton, que não cessaram enquanto não
partiram para lá. Diariamente também, chegam ao
palácio pessoas dizendo que tiveram sonhos estranhos
envolvendo lugares próximos a suas casas, mandando
que tal área fosse esboçada e a delineação entregue no
castelo. Isto está preocupando muitos os cartógrafos,
pois o mapa avança para certas áreas onde hoje impera
a Tormenta.

Já se ouviram boatos de que, em certos casos, quando

aventureiros se mostravam completamente perdidos, o
espírito de Meggido surgira entre eles, e os guiava
geralmente para alguma masmorra oculta, ou ruína
antiga, e após isso de volta a cidades próximas do
ponto onde estavam. Esta tão bem vinda ajuda, porém
vem seguida de um digamos efeito colateral. É comum
que estas pessoas passem a sonhar com lugares cada
vez mais longínquos e inóspitos, até terem pesadelos
com céus rubros e demônios escarlate.

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