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PRÉVIA)
TÍTULO: :
CERT. N°: -
ANO:
BRAN.RIOTN.CPR.PTE_ p 3
Não tendo rios perenes, ali não se conhece, senão no tempo das
gotículas e verdes.
se torna multívago.
nas papadas»
Sao Francisco. Eo norte da Bahia para o sul, vai o pais dos nordes
A
Aacarau, o çu, o Mossoro, o Pa.raiba do Norte, alem dos afluentes
BEATO
- Daqui a cinquenta anos, um temente bandoleiro, varando pela.
caatinga, varando no tabuleiro, semeará morte e lenda no Mordeste
brasileiro.
FEIRA DO POVO
CAÍÍTADOR: Menina vou te contar
a história de un cangaceiro,
bicho bom do pe ligeiro,
lobisomem do sertão.
Comia moça donzela.,
rena.rr.va a injustiça,
estrangulava menino
por ato de diversão,
entrava nos povoados
e deixava em petição
de miséria o prepotente
vergado na punição.
De s ocupado, e rradio,
vagueou como um papao
por muitos anos a fio
nao buscou a salvaçao,
tinha grande protetor
o Padre Cícero Romao,
no lugar onde chegava
era vigário e juiz,
amancebado casava
e livrava o infeliz
que nas grades da cadeia
vivia curtindo peia,
delegado de polícia
escapava por um triz.
"0 PERFIL"
POETA - Nestes autos vou narrar a vida de Lampiao, quem tiver oi-
ças , escute e faça- do coraçao a via- do entendimento,pois
nada vale a razao, sangue e terra se misturam em perpetua
comunhão, na linguagem do mistério dou a minha tracLuçao,
o demônio sobrevive no descendente de Adao, quem de si
nao o afugenta a-podrece na prisão, o homem nao nasce bom,
já nasce na expiaçao, se o anjo prevalecesse, já teria
morto o Cao.
CANTADOR - Marina se me dessem
o mundo para optar,
as riquezas do rei-sol
as arcas de Bagdá
as mulheres do Sultão
as caravelas do mar,
Oropa, França e Bahia:
pobre de mim, ô menina,
que nao posso governar
sequer o próprio destino,
minha alma comandar,
pelo dia, pela noite,
nas rede as do deus-dará,
ao sôpro desses poderes
que germinam pelo ar.
CEGO — Menina, esta dura rima foi sina que Deus rne deu, nao entoo
como dama fina de camafeu, meus versos sao oprimidos e nas
cem do peito meu, nao possuo luz dos olhos, mas conheço o
próprio eu, e nem por isso renego esta existência, de breu.
Por acaso nao sou um filho da solidão ? Sei que me falta o
olhar, mas não me falta a visão para entender e contar a vi
da de um capitao, que preferiu ser bandido a ser um grande
poltrao, a mesma alma atrevida de Alexandre e Cipiao, que
reviveu em Davi, o vencedor de Samsao.
MULHER- No entanto sua vida, podia ter sido outra, não era ele
cristão alimentado na fé, nao ora ele rebento de Maria g c,e
Jose, nao foi criança, inocente nos campos de Nazaré, homem
gerado no ventre e nascido de mulher ? Só não teve a paciên-
. cia do cego de Siloé.
HOMEM - Os que o viram de perto tinham lá sua razão, a gente
olha prá ele, nao vê cara e coraçao, a memória não re
siste e queda logo em confusão, e a gente se pergunta
se êle existiu ou nao, se teve começo e fim, ou foi sò
mente visagem, pode atá ser que retome sob forte in-
vocação, o grande mal assombrado, o duende do sertão
que tinha, o corpo fechado, ponteado de tostão.
MULHER - Nao era aranha de teia para findar na cadeia, condu-
zido numa rede aos sete palmos do chao. Nao foi
pássaro cativo, foi ave da solidão. Cometa de aço e
praia em céu de desolaçao, labareda de mistério, cha
ma de assombraçao, candieiro de pavio aceso na escu-
ridão.
HOMEM - Dormia de olho aceso chamegando a escuridão, piava co
mo coruja, rugia como lcao, pereira de vôo sereno ar-
ribava de manha, caiivo da passarada de campo de ja-
çana, nao era alto nem baixo, mas de estatura media.
CANTADOR : Menina vou te contar
a história de um cangaceiro
bicho bom do pé ligeiro
lobisomem do se ri ao.
Comia moça donzela,
reparava a injustiça,
estrangulava menino
por ato de di ve rs 0,0,
entrava nos povoados
e deixava em petição
de miséria 0 prepotente
vergado na punição.
Ainda vi no navio
0 velho Joao Vagalume
vivia, pedindo lume,
para acender o ca,chirabo.
Conheceu o Yirgulino
quando ainda era, menino
e dizia muito grave;
HOMEM - 0 amarelo foi chocado como se fosse uma ave, vai aca
bar no cangaço. 0 diabo comete entrave, magro, tinho
ao, arteiro, só usa ponta, de faca até prá tirar ar -
gueiro, Termina no formigueiro trespassado a, lambedei
BRAN,RÍOTN.CPR.PTE__- p. g
v. o
ra. Se vingar vai dar ruim, tirano c raparigueiro,
(Música: Incelença)
HOMEM - Orieundo do Pageií, foi morar em Nazaré', quando um clie
fe da volante matou o velho Jose', o nome de sua mãe era o da
Virgem Maria e foi tanto o seu pesar que morreu no mesmo dia.
MULHER : - Ferreira de Vila Bela era bom filho e irmão, teve
gado, teve terra, teve cerca de melão, burro, garrote, novi-
lho, sabiá e azulao, galo de crista vermelha, arapuá e alça-
pao, mestre de escola, oratório e santos da devoção, o meni-
no Virgulino, pegador de barbaiao.
HOMEM - Amansador de coragem reputava a profissão, seleiro
de fino gosto, soveleiro, sovelao, fazia como ninguém uma
pemeira, um gibao, tocava de oito baixos, sanfoneiro do
emoção.
HOMEM - O sargento Joao Maurício enterrou os dois velhinhos.
Lampiao pegou o rifle e armou-se pelos caminhos.
cena IX
Músico, - cantiga
Nos arcabouços do azul,
nos vermelho dos poehtes,
o sangue do inocentes
afogava o capitao,
0 a rc o- i ri s t ri lhavo»
no meio da imensidão
a chuva desceu do ceu
o milho subiu do chao,
os mortos dormiam em paz
nos campos da solidão.
Mais a parca ia no encalço,
no rastro d.e Lampiao.
BR AN,RIO TN.CPR.PTE Jíi£
—p- io
- Azulão
- Fumaça,
- Gato,
- Corisco
- Salino,
- Pela,Trovão
- Pedro do Ingá,
- Asa Branca
CENA X
"o assalto " - música - rumo sul
Lampiao — Viajante, tiro a venta do fundo desse malao, abra esse frasco
de cheiro, o elixir de alcatrao, quero pente, sabonete, toalha de
enxugar mão, quero relógio de ouro, o morim e o fustao, toda a
seda e o magote de vela branca e sabao
viajante - Capitao não tenho módo dessa, sua pabulagem, me õ.eixe seguir
viagem que tenho filho e mulher. Preciso ganhar a vida, nao sou
de vadiaçao, o setóior podo mc dar um tiro no coraçao, mas falo
a santa verdade,, nao sou de tapeaçao, só me meti nestes lados
£i ado no ca.pitao.
Lampiao- Va embora, viajante, que vou noutra direção, de lembranças ao
oceano que é da terra grande irmão, de adeus aos marinheiros
que fazem navegaçao, tambe'm eles como eu vivem na solidão, diga,
ao governador que nao largo este torrão, pode mandar a vontade
metralhadora e canhao.
cantador - Tangedord, lá vão as nuvens
nos rumos do Piauí,
carneirinhos de Jesus,
eu quero todas aqui.
Vaqueiro solte um aboio
que eu solto tres assobios,
chamo cobra, chamo vento,
apago a luz dos pavios,
atiro de baladeira,
de bodoque, de espingarda,,
minha pedra vai ccrt. ira
no rastro dessa manada.
CENA XI - O AMOR
música,— tema, de amor
lua, lua,, meia lua
sol, soleira, solidam,
luares de mortas luas
o luas do solidão,
na pisada, da caatinga,
no compasso do pilão.
mulher- Minha mae mc de uma lua, , vou atrás de Lampiao, o chapou de
virgulino e uma lua no chao.
mulher - Quero ser lua,marido, nos braços do Ca„pita,o, esquentar a, sua
rede nos invernos do sertao.
amor
BRAN.RIOTN.CPR.PTE -1 P-
Donzela
- Meu pai fiquei aluada com a luâ do sertão, vinha ou pela. estrada, espie
vi Lampião, corniboquc prateado, cheiro de mange jdjc ao, levou-me pela cin-
tura c me deitou no grotao, acordei desfalecida, lua nua em sua mao,
deixou-me marcas no ventre de revólver e cinturão. Vi quando ólo sumiu,
rasga mortalha piou, na cerca desse curral o anu preto pousou, quando
passei no barreiro, um grÉlo doido cantou, lavei meu corpo ferido , um
cururu se espantou. Sou um figo da figueira, passarinho mc bcsliscou.
Guriatã de coqueiro que bateu asa e voou.
a criança - música
tema de amor
donzela
- Capitao de muitas luas, de muito sol abrazado no amor do descampado
foi avo de arribaçao. Sua cabe$a era alada nos ventos do chapade.o.
Voa seu chapéu de couro em noite de apariçao, o filho do sua carne,
gerado na escuridão, passarinho de seu sonho, bateu asa em minha mao.
- gritos - Menino morto no açude - música
tema da incelcnça ( música)
mulher -
-Menino morto no açude, chuva levou paredão. Vela acesa na cabaça desliza
na escuridão. Galinha d'agua, fugiu, corisco, raio trovão, atras da
serra Vermelha houve um enorme clarao. Fui ver de perto a, cabaça em
águas de solidão, boiava na superfície, a cara de Lampião.
II PARTE
cena- encontro com Maria Bonita.
contador- tarde ele chegou
numa vila franeisenna,
a mulher do sapateiro
era muito leviana
largou os filhos pequenos
na casa de uma avó
e açoitou o cavalo
com um garrancho de cipó
e animal parecia,
coberto de ouro em pó,
sumiu na curva da estrada,
sem piedade nem dó.
homem - Capitão , tenha piedade dos meus filhos pequeninos. A mac deles
endoidotL, são doi coitados meninos. Maria, não vai emborr , tenha pena
da. crianças, tire esc. s granpos do dente. Desenrole estas trançe.s.
BR AN, RIO TN.CPR.PTE Q.
IOHEM - Capitão, essa rtulher tem parte com o demônio, alvoroça o imundo
inteiro. Vai lhe perder nas andanças. Nao e femea. que resista aos coe.
"bodes e matanças,
CANTADOR - A mulher do sapateiro
açoitou o sou cavalo
com um garranchv de cipó
o animal parecia
coberto de ouro cm pó
sumiu na, curva da estrada,
sem piedade nem dó
No cerco de Mossoró
recuou cojjp grande espanto,
o sino repicou tanto,
de ódio verteu o pranto
mais pr,recia um encanto
das forjas de sntan as
Nesta cidade maJxilt a/sofreu reves e desdita
de que nunc a se curou.
Picou mais ensimesmado
no seu silencio trancado
e nunca, mais se animou,
as unhas foram srcsccndo,
a ca.bcleira. aumentando.
No raso da Catarina,,
quarentas léguas de cha,o,
desceu um bicho do ceu,
envolto nco combusta.o,
trouxe água., trouxe pão,
foi assim que ele varou/aquele grande sertã.o
Êste e um feito de gênio
na história, do Capitao
sao os mistérios que cercam
a humana, condigas.
INCELENÇA ( MtfSICA) PÜNERAL
HOMEM - Antônio Ferreira morreu, Ezequicl Ponto—Pino, foram todos
a.o divino corapa.o do Redentor.
MULHER - 0 Ca.pitao Virgulino, sofrendo a imensa, dor, com sua, asa
de morcego sabia, que no esplendor â os irmã.os nã.o entrariam, nas
no reino do horror , onde o anjo decaído vivo no etemo torpor.
HOMEM : Cumpria o santo preceito com toda. a veneraçã.o.
BRAN.RIOTN.CPR.PTE p
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