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FACULDADE DE ANICUNS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURIDICAS

CURSO DE DIRETO

ACADEMICA:

MÔNICA CUSTÓDIO DOS SANTOS

“PRINCIPAIS CARACTERISTICAS DO CONTRATO ADMINISTRATIVO”

ANICUNS

MARÇO /2020
INTRODUÇÃO

O contrato administrativo se destaca por sua forma peculiar no que diz respeito à
sua celebração, onde a Administração estabelece previamente as regras, independente
de ajuste com o particular, visando sempre o interesse público.

Explanarei nesse trabalho a questão das cláusulas exorbitantes e as características


marcantes nos contratos administrativos, pois conferem à Administração vantagens
significativas com relação à sua execução, colocando o Poder Público em uma posição
de superioridade em relação ao particular que com ele contratar.

A Lei 8.666/93 estabelece normas gerais acerca dos contratos administrativos,


conferindo prerrogativas à Administração para modificar, rescindir, fiscalizar e aplicar
sanções ao contratado com relação a execução do contrato.
CONCEITO DE CONTRATO ADMINISTRATIVO

Contrato administrativo é todo acordo que se estabelece entre entidades da


Administração Pública e particulares em que existe a formação de vínculo e a
estipulação de obrigações recíprocas, tal como disposto no art. 2º parágrafo único da
Lei Federal nº 8.666/93. O contrato administrativo é regido por essa Lei, a qual se
caracteriza como uma norma geral e abstrata de competência da União.

Além dos órgãos da Administração pública direta, também são abrangidos pela
Lei 8.666/93 os fundos especiais, as autarquias, as fundações públicas, as empresas
públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas, direta ou
indiretamente, pela União, pelos Estados, Distrito Federal e Municípios, como
estabelece o parágrafo 1º da mesma Lei.

Os contratos devem conter de forma clara e bem precisa as condições para sua
execução em cláusulas que tratarão dos direitos, obrigações e responsabilidades das
partes de acordo com os termos da licitação e da proposta em questão.

Características

Segue abaixo algumas características do contrato o qual a Administração celebra


revestida do Poder Estatal e regida pelo Direito Público.

1. Consensual – Contratos administrativos não são reais (como no direito


civil, em que o contrato só se aperfeiçoa com a entrega da coisa ou com uma ação
positiva confirmatória), pois se aperfeiçoam com a simples manifestação de vontade das
partes. A transferência da coisa posteriormente é consequência contratual.
2. Comutativo – direitos e obrigações são recíprocos
e previamente estipulados. (Diferente dos contratos aleatórios, nos quais o montante da
prestação de uma ou de ambas as partes não pode ser desde logo previsto por depender
de evento futuro ou incerto).
3. De adesão – as cláusulas são previamente estabelecidas por uma das
partes, ou seja, são unilateralmente formuladas, não cabendo à outra parte pôr suas
próprias cláusulas, o que significa que não se admite rediscussão de cláusulas
contratuais. Note: ainda assim, trata-se de um contrato, uma vez que houve a
manifestação de vontade no momento do aceite, ou seja, da decisão por contratar.
4. Formal – como regra, temos que a forma especificada em lei é
indispensável à validade do contrato.

Atenção: Temos algumas exceções:

A Lei 8666/1993 dispõe que o instrumento do contrato é obrigatório  para os


contratos com valores superiores aos das modalidades
de licitação, concorrência ou tomada de preços. Em casos nos quais o valor do
contrato seja inferior a estes, é possível substituir instrumento de contrato
por instrumentos mais simples.

Entretanto, Di Pietro (2014) explora as características do contrato administrativo de


forma mais abrangente, indicando os pontos destacados pela maioria dos doutrinadores
administrativistas e acrescentando outras (particulares de seus ensinamentos), são elas:
presença da Administração Pública como Poder Público, finalidade pública, obediência à
forma prescrita em lei, procedimento legal, natureza de contrato de adesão, natureza intuitu
personae, presença de cláusulas exorbitantes, mutabilidade.

 PRESENÇA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA COMO PODER


PÚBLICO

Nas relações privadas as obrigações são ajustadas por mútuo consentimento


(sinalagmáticas) e mediante concessões recíprocas (comutativas). Porém, os contratos
administrativos são regidos por normas que dão a Administração Pública prerrogativas de
superioridade e predominância de interesses em detrimento do particular (cláusulas
exorbitantes). O interesse público é prioritário.

 Finalidade Pública: 
Esta característica está presente em todos os atos e contratos da Administração
Pública, ainda que regidos pelo direito privado, às vezes, pode ocorrer que a utilidade
direta seja usufruída apenas pelo particular, como ocorre na concessão de uso de
sepultura, mas, indiretamente, é sempre o interesse público que a Administração tem
que ter em vista, sob pena de desvio de poder. No exemplo citado, o sepultamento
adequado, nos termos da lei, é de interesse de todos e, por isso mesmo, colocado sob
tutela do Poder Público.

 Obediência à forma prescrita em lei

As formas dos contratos feitos pela Administração são previstas pela Lei. Ela é
essencial, não só para benefício do interessado como da própria administração,
objetivando o controle da legalidade. É vedado, por exemplo, o contrato que não
determina um prazo final para sua vigência. Pode-se citar a titulo de exemplo, as
cláusulas denominadas necessárias pelo artigo 55, algumas consideradas
regulamentares, as quais se referem ao objeto, forma de execução, rescisão,
responsabilidade das partes, e as chamadas cláusulas financeiras, que estabelecem o
equilíbrio econômico do contrato.

 Procedimento legal

A lei estabelece, também, alguns procedimentos obrigatórios na realização dos


contratos variando em função da modalidade adotada. Podemos encontrar algumas
exigências em relação ao procedimento na Constituição Federal, art. 37, XXI, por
exemplo. Compreende medidas como autorização legislativa, avaliação, motivação,
autorização pela autoridade competente, indicação de recursos orçamentários e
licitação.

 Natureza de contrato de adesão


As cláusulas contratuais são fixadas previamente de forma unilateral pela
Administração, cabendo ao particular aderí-las, tal como acontece, por exemplo, nos
contratos particulares de telefonia ou contratos de plano de saúde. Essa característica é
evidenciada com a norma art. 40 § 2º, da lei, segundo a qual, dentre os anexos do
edital da licitação, deve constar necessariamente “a minuta do contrato a ser firmado
entre a administração e o licitante vencedor”; com isto fica a minuta do contrato
sujeita ao princípio da vinculação do edital.

 Natureza intuitu personae

Os contratos são feitos em razão de condições pessoais daquele que foi


contratado. No caso da licitação, o serviço deve ser realizado pela empresa que
venceu, e a lei nº 8.666/93 veda a subcontratação, total ou parcial, do seu objeto, a
associação do contratado com outrem e etc.

 Cláusulas Exorbitantes

Aos contratos administrativos aplicam-se, subsidiariamente, a teoria geral do


contrato, a qual é típica do direito privado. Porém o que distingue o contrato
administrativo do privado é a supremacia do interesse público sobre o particular, que
confere ao Estado certos benefícios sobre o particular, coisa que não existe no contrato
privado. Esses mencionados benefícios, ou privilégios, são denominados “cláusulas
exorbitantes” pela doutrina, e essa é a primeira característica dos contratos
administrativos.

Pode-se apontar como cláusula exorbitante ainda de acordo com a autora Maria
Sylvia:

 Exigência de garantia: que se refere à possibilidade de exigir garantia nos


contratos de obras, serviços e compras, prevista no artigo 56 § 1º da Lei
nº 8.666/'993, através de, por exemplo, caução em dinheiro ou título de dívida
pública, seguro-garantia e fiança-bancária.
 Alteração unilateral: também prevista genericamente no artigo 58, I com a
finalidade de melhor atender ao interesse público.

 Rescisão unilateral: prevista no artigo 58, II; 79, I e 78, I a XII e XVII nos
casos de inadimplemento com culpa, sem culpa (nas situações de
desaparecimento do sujeito, insolvência ou comprometimento da execução do
contrato) e razões de interesse público, bem como caso fortuito ou de força
maior.

 Fiscalização: com previsão no artigo 58, III e artigo 67, os quais determinam a
execução do contrato acompanhado por um fiscal representante da
administração pública.

 Aplicação de penalidades: prevista também no artigo 58, IV como, por


exemplo, advertência, multa, suspensão temporária, impedimento, declaração de
inidoneidade, etc.

 Anulação: a qual consiste no poder de anular aquilo contraria a lei.


Prerrogativa também chamada de autotutela

 Retomada do objeto: prerrogativa que tem por objeto assegurar a continuidade


da execução do contrato no momento em que sua paralização ocasione prejuízo
ao interesse público.

 Restrições ao uso da exceptio non adimpleti contractus: exceção à


possibilidade existente no direito privado de uma das partes descumprirem o
contrato quando a outra também o fizer. O particular não pode descumprir
apenas requerer rescisão do contrato ou perdas e danos.

 Mutabilidade (Alteração Unilateral do Contrato)

Se justificada a alteração por parte da administração pública e em razão do


interesse público, os contratos administrativos poderão ser eventualmente alterados. É
disposto no artigo 65 da Lei nº 8.666/93 um rol dos motivos que podem ocasionar a
alteração unilateral. Em função dessa característica, o particular que contrata com o
Estado não se valerá de direitos imutáveis no que se refere ao objeto e às cláusulas
regulamentares, por ser essa a matéria da possível alteração.
Conclusão
Em suma, o contrato administrativo, em regra, é regido pelo Direito Público
(Direito Administrativo), porém existem casos que cabem regimento a esfera do
Direito Civil.

O contrato administrativo tem como premissa o atendimento das necessidades


do interesse público, sem se desviar dos princípios da legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência que regem a Administração Pública.

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