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Programa de pós graduação em artes cênicas UFBA

Disciplina: DAN508 PROCESSOS DE ENCENAÇÃO


Professora: Sonia Rangel. Semestre: 2019-1
Aluna Verônica Daniela Navarro
Junho 2019

TRES AUTORES EM CITAÇÕES-COMENTÁRIO

Citação 1

O conceito central é o de formatividade, entendida esta como a união inseparável de


produção e invenção. Formar significa aqui fazer, inventando ao mesmo tempo o modo de fazer,
ou seja, realizar só procedendo por ensaio em direção ao resultado e produzindo deste modo
obras que são formas. Na arte, a formatividade se especifica dando-se um conteúdo, uma
matéria, uma lei. O conteúdo é toda a vida do artista, sua personalidade no ato de se fazer não
apenas energia formante, mas justamente modo de formar, estilo, e de estar presente na obra
somente como estilo; o que convida a superar a velha querele de conteudismo e formalismo,
porque na arte o espírito é estilo e o estilo espírito, e permite evitar toda diatribe sobre o
conceito de "expressão", porque na arte o dizer é o mesmo que o fazer ou o fazer é um dizer. A
matéria é, necessariamente, matéria física. (Pareyson p 12, 1993)

A velha discussão forma-conteúdo nas artes ainda não parece superada entre
la(o)s artistas. Muitas vezes ainda encontramos comentários sobre dito binarismo.
Quando autor diz que forma não é só fazer, mas a invenção do fazer, o seja o modo do
fazer, abre-se uma possibilidade de análises sobre dita polaridade. Quando se faz de
determinada maneira se esta trabalhando na base de um conteúdo, que tem haver com o
espírito do artista, do que quer formalizar, esta falando de um estilo próprio, que tem
haver com as escolhas, com as subjetividades, com as experiências, com as formas de
ver o mundo. Na arte o fazer é dizer. Na minha pesquisa sobre o carnaval andino do
noreoeste argentino, a forma como a festa é “feita” como forma, diz muito de como se
vive o mundo andino nessa região, o significado que tem, por exemplo, “a
Pachamama”1 em quanto entidade viva, principio de todo, quem abre o carnaval, é a
forma de fazer-dizer da festa. A estética que meu constitui como artista-pesquisadora
1
Forma de chamar a mão terra na cosmogonia Andina.
será reflexo de minha maneira de ver o mundo, de minhas percepções e imagens
construídas a partir da minha existência.

Citação 2 (dois autore(a)s) na mesma citação

Com a palavra Imagem, então, quando neste texto aparece toda em maiúscula,
ou com maiúscula na inicial, estou sempre me referindo à Imagem como Princípio de
Pensamento ou de Pensamento Criador. Posso também associar este modo de pensar ao
que revela Antônio Damásio em suas pesquisas sobre o cérebro e a consciência humana;
segundo este autor: As imagens não são apenas visuais:

Refiro-me ao termo imagens como padrões mentais com uma estrutura construída com
os sinais provenientes de cada uma das modalidades sensoriais – visual, auditiva, olfativa,
gustativa, e sômato-sensitiva (Damásio 2000, p.402 In Rangel 2014 p55).
Ainda seguindo seu pensamento:

As imagens são construídas quando mobilizamos objetos – de pessoas e lugares a uma


dor de dente – de fora do cérebro em direção ao seu interior, e também quando reconstruímos
objetos a partir da memória, de dentro para fora, por assim dizer. [...] Às vezes as sequências
são concorrentes, ou ainda divergentes e sobrepostas. Pensamento é uma palavra aceitável para
denotar esse fluxo de imagens (Damásio2000, p. 403 In Rangel 2014, p 55).
A Imagem, portanto, neste modo de operar, assume a função de um mesocosmos
ao mesmo tempo origem, mediador, irradiador e revelador, acima de tudo como
expressão, potência, pulsão ou desejo de fazer laços, pois instaura no indivíduo e no
grupo o lugar do conhecimento sensível. ( Rangel p 56, 2014 )

A autora nos traz nesta frase, concordando com Damasio, a possibilidades de


pensar as imagens além do visual. Estabelecer imagens como principio do pensamento
abrindo-se caminho aos sentidos que fazem o processo criador. Pensar por exemplo, na
minha pesquisa que é a cultura andina, do noroeste argentino, especificamente a festa do
carnaval, me coloca frente ao desafio de me deixar experiencial por todo o que nesse
território se apresenta enquanto matriz estética: comidas, xeros, memórias,
infraestrutura feita de barro, ruas de terra seca, cores, vento seco e frio. Infinidades de
possibilidades de recriar imagens para estabelecer um pensamento criativo,
experiencial. Como isso me atravessa? Como isso me incomoda? Como isso me
inspira? Conhecimento sensível, aberto e fluído é fundamental para a criação de um
pensamento expressivo, compreensível gerador de laços e novas possibilidades de fazer-
dizer artisticamente.
Referencias

PAREYSON, Luigi. Estética: Teoria da Formatividade. Trad. Ephraim Ferreira Alves.


Petrópolis: Vozes, 1993.

RANGEL, Sonia Lucia. Imagem como pensamento criador: trajeto entre poesia,
visualidade e cena em Protocolo Lunar. Revista Móin-Móin: Revista de Estudos sobre
Teatro de Formas Animadas. Jaraguá do Sul: SCAR/UDESC, ano 10, v. 12, out. 2014.

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