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Tema 2 – A demografia no Portugal Contemporâneo

Só a partir de 1864 é que existem dados fidedignos, sobre o crescimento da população, no entanto no
período concreto entre 1801 e 1911 a população portuguesa aumentou 89% (0,8 ao ano) passando de 3
milhões de habitantes para 5,5 milhões de habitantes. O crescimento não foi constante, especialmente
a partir de 1860, com ênfase nas décadas de 1890 e 1910. De 1805 a 1851 a população continental
cresceu 19% (0,37% ao ano) e entre 1851 a 1911 cresceu 59% (0,89% ao ano).

Entre 1911 (5.960.056) e 1920(6.032.991) o crescimento da população foi, no entanto, nulo. As causas
terão sido: a emigração, as diversas epidemias e a guerra. O crescimento demográfico abaixo de 10%
(1900-1911) terá passado para 1% (1911-1920). O número de nascimentos não diminuiu, a mortalidade
é que cresceu. No caso de Portugal o crescimento fisiológico era dos maiores da Europa, não porque se
morresse menos, mas porque o número de nascimento era cada vez mais elevado, levando ao
equilíbrio da pirâmide etária em 1910. Existindo apenas alguns desequilíbrios resultantes das baixas de
1872-76, 1862-1866 e 1852-56, em que as mulheres predominavam sobre os homens.

Remontando a 1820, havia mais mulheres que homens, com um reduzido número de nascimentos
devido à guerra e com muitas crianças em idade escolar. O número de casamentos manteve-se
constante e o número de divórcios era muito pequeno, aumentando, no entanto, o número de filhos
ilegítimos. A mortalidade infantil era muito alta e após esta idade a principal causa de morte era a
tuberculose. Nas principais cidades de Portugal (Lisboa e Porto), morria-se mais desta doença do que
no resto do país. Todas as outras epidemias (tifo, gripe, pneumonia, varíola) também fizeram morrer
muita gente. A década de 1820 a 1930 terá sido a mais calma e a população pode volta a aumentar,
mantendo-se a natalidade e diminuindo a mortalidade infantil. A pirâmide etária de 1930 aproxima-se
bastante da normalidade. A única anomalia era o número de adolescentes nascidos durante a guerra.

Entre 1886 e 1910 o número de casamentos aumentou, embora entre 1906 e 1910, tenha existido um
pequeno decréscimo, estipulando a idade média para casar nos homens (26 anos) e nas mulheres (22
anos).

A natalidade em Portugal era elevada e tentava-se colmatar com a alta natalidade a alta mortalidade e
nesse sentido zonas de maior natalidade, eram também as de maior mortalidade (Bragança, Castelo
Branco e Guarda). A natalidade diminui em algumas zonas devido à forte emigração masculina e no que
diz respeito á mortalidade, em Lisboa morria-se menos que no Porto, devido a causas como: um
deficiente sistema de esgotos, a falta de água potável, as más condições de alojamento e de
alimentação e às epidemias.

Nas famílias proletárias, o rendimento era muitas vezes insuficiente para alimentar os filhos, daí que
uma das maiores causas de morte fosse a tuberculose. Foram várias as epidemias a atingir o nosso país
no século XIX, entre as que mataram mais gente podemos apontar: cólera (1833, 1853, 1865 e 1894);
febre amarela (1856); peste bubónica (1899) e Meningite (1900). Embora as taxas de sobrevivência
fossem muito baixas, estas epidemias não atingiam o país no seu todo, mas sim, algumas zonas eram
mais atingidas do que outras.

Acompanhando o aumento da população, aumentou também o número de famílias, cerca de 73% entre
1801 e 1900, 39% entre 1801 e 1864 e 25% entre 1864 e 1900. A constituição do agregado familiar
subiu de 3,9 (1801) para 4,2 (1990) e entre 1886-1910, o número de casamentos aumentou, embora de
1906-1910, tenha levado um pequeno decréscimo

No que diz respeito á densidade populacional esta variava de 36,4 hab/Km2 (1837) para 63,1 hab/Km2
(1911). O maior número de habitantes encontrava-se no Norte e Centro, nomeadamente no litoral. Os
distritos com maior densidade populacional eram: Porto, Braga, Viana do Castelo, Coimbra, Viseu,
Lisboa e Vila Real. A distribuição populacional obedeceu a fatores de ordem natural, mas também a
outros como a fertilidade e o sistema de exploração da terra, desenvolvimento comercial e industrial,
permitindo que as regiões mais ricas fossem as mais densamente povoadas. No litoral, em parte da
zona central, noroeste atlântico e lezírias do Tejo, a agricultura de regadio e a divisão da terra
proporcionaram uma elevada produtividade agrícola. A Estremadura tornou-se um polo de atração,
devido à policultura, atividades marítimas, comércio e indústria. No Sul, a população é mais reduzida e
com uma fraca rendibilidade agrícola.

Entre 1837-1911, no Centro e Sul – Leiria, Santarém, Lisboa e Faro – o seu desenvolvimento económico
funcionou como polo de atração. No Alentejo deu-se um aumento relativo da população, devido à
migração sazonal de trabalhadores, acabando alguns por se fixar, nesses locais. No Norte, o
crescimento foi pequeno devido à migração para Sul e à emigração. No que diz respeito á evolução da
urbanização, número de habitantes aumentou. Nas cidades 77%, nas vilas 30% e nas freguesias rurais
22%. Lisboa, Porto, Setúbal, Aveiro e Covilhã duplicaram a população devido à existência de trabalho e
às suas indústrias mais desenvolvidas.

No decorrer do século XIX a emigração portuguesa cresceu significativamente para destinos como: o
Brasil (79%), seguido da América (13%) e África portuguesa. As causas da emigração estão relacionadas,
no seu geral, com o lento desenvolvimento industrial do país e as dificuldades da agricultura, a que se
juntam algumas crises conjunturais. Mas as escolhas dos destinos da emigração estão diretamente
relacionados com as necessidades de mão-de-obra dos países escolhidos para destino. No caso do
Brasil, esta aumentou com a abolição do tráfego de escravos e com a canalização de capitais britânicos
para projetos de desenvolvimento. A América era um país que estava em franca expansão e absorvia a
mão-de-obra portuguesa, embora a língua se tornasse um obstáculo. Para África, o número de
emigrantes foi sempre reduzido, embora houvesse uma política de expansão para as colónias
portuguesas. Emigrar não era fácil, existiam muitas dificuldades (legais, económicas, língua) e daqueles
que emigravam só uma minoria voltava.

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