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ATENÇÃO! ESSE TEMA É BÁSICO EM DIREITO PENAL, POIS ESTÃO CONTIDAS ALGUMAS DAS
PRINCIPAIS GARANTIAS DO INDIVÍDUO CONTRA O PODER PUNITIVO DO ESTADO!
Introdução
O processo de elaboração das leis penais dá-se, como não poderia deixar de ser, em
absoluto respeito aos procedimentos formais estabelecidos na Constituição Federal. Segue,
ainda, os critérios gerais preconizados na Lei Complementar n. 95/98.
Daí por que definir o exato momento em que uma lei penal começa a vigorar se
confunde com estabelecer o instante em que nasce o direito de punir em abstrato. Uma lei
somente entra em vigor, é bom frisar, quando se esvai seu período de vacância ou vacatio
legis, ou seja, o intervalo de tempo que separa a publicação e a entrada em vigor.
■ É possível aplicar lei penal antes de consumada sua vacância? Não (posição
majoritária).
Dá-se quando duas ou mais leis penais, que tratam do mesmo assunto de modo
distinto, sucedem-se. Isto acarreta diversas questões de direito intertemporal. Em tais casos, é
de suma importância estabelecer-se qual lei deverá reger o caso concreto, se aquela vigente
ao tempo de sua prática, ou se outra, já revogada ou que lhe é posterior.
O fenômeno pelo qual uma lei se aplica a fatos ocorridos durante sua vigência
denomina-se atividade. Quando uma lei for aplicada fora do seu período de vigência, ter-se-á a
extra-atividade.
De regra, a lei penal somente se aplica a fatos ocorridos durante sua vigência, de
modo que a extra-atividade somente se verifica em situações excepcionais. De acordo com
nossa Constituição Federal, a extra-atividade apenas ocorrerá se benéfica ao agente.
■ a lei penal, de regra, somente se aplica a fatos praticados sob sua vigência
(atividade);
■ a lei penal benéfica (lex mitior) retroagirá, atingindo fatos anteriores à sua entrada
em vigor;
■ a lei penal revogada deverá aplicar-se depois de sua revogação, quando o fato for
praticado sob sua égide e for sucedida por lei mais gravosa (lex gravior).
A lei penal benéfica (lex mitior) se biparte em: novatio legis in mellius e abolitio
criminis. Ambas retroagirão, posto que benéficas e, pelo mesmo motivo, aplicar-seão a fatos
ocorridos sob sua vigência, quando revogadas por leis mais gravosas.
Por novatio legis in mellius, entende-se a nova lei penal que, mantendo a
incriminação, dá ao fato tratamento mais brando, ampliando a esfera de liberdade individual.
São exemplos de tratamento benéfico: a redução da pena prevista, a autorização de concessão
de benefícios legais antes proibidos, a redução dos prazos prescricionais, o abrandamento dos
regimes de cumprimento de pena.
Abolitio criminis significa a nova lei penal que descriminaliza condutas, ou, ainda, a lei
supressiva de incriminação. Vale dizer, deixa de considerar determinado fato como infração
penal. O que antes era crime ou contravenção penal torna-se algo penalmente irrelevante.
Pode-se citar, como exemplo, a Lei n. 11.106/2005, que revogou os arts. 217 e 240 do CP,
tornando atípicos dois comportamentos que, até então, configuravam crimes: sedução e
adultério.
Pode-se citar, dentre outros diplomas legais, a Lei n. 10.763/2003, que passou a
exigir a reparação do dano ou a devolução do produto do ilícito praticado, como requisito para
a progressão de regimes ao condenado por crimes contra a administração pública (vide art. 33,
§ 4º, do CP).
Ainda, a Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), que elevou a pena do crime de
violência doméstica (art. 129, § 9º, do CP), de seis meses a um ano de detenção para três
meses a três anos. A Lei n. 11.343/2006 (Lei de Drogas) aumentou a pena cominada ao tráfico
ilícito de drogas, de três a quinze anos de reclusão e 50 a 360 dias-multa, para cinco a quinze
anos de reclusão e 500 a 1.500 dias-multa.
A novatio legis incriminadora, por fim, é a que passa a definir o fato como
penalmente ilícito. Em outras palavras, uma conduta penalmente atípica passa a ser definida
como crime ou contravenção. Vários são os exemplos, dos quais citamos a Lei n. 10.224/2001,
que criminalizou o assédio sexual (art. 216-A do CP), e a Lei n. 11.466/2007, que fez o mesmo
com relação ao ato de o diretor de penitenciária e/ou agente público deixar(em) de cumprir o
dever de proibir o acesso ao preso de aparelhos de telefonia celular ou semelhante (art. 319-A
do CP). Esses comportamentos, antes da entrada em vigor das leis citadas, eram fatos
penalmente indiferentes e, com elas, tornaram-se crimes.
RESUMO:
■ Novatio legis in mellius: nova lei penal que, mantendo a incriminação, dá ao fato
tratamento mais brando, ampliando a esfera de liberdade individual.
■ Abolitio criminis: nova lei penal que descriminaliza condutas (é causa extintiva da
punibilidade).
■ Novatio legis incriminadora: é a que passa a definir o fato como penalmente ilícito.
Dá-se quando o intérprete, verificando que uma nova lei favorece o agente num
aspecto e o prejudica noutro, apenas a aplica no aspecto benéfico, combinando-a, no mais,
com a regra branda oriunda de lei anterior.
Assim, esquematicamente:
Em favor da combinação de leis argumenta-se que, se o juiz pode aplicar o todo,
nada impede que aplique somente parte da lei, sobretudo, porque buscaria uma solução justa
(é a tese vencedora na doutrina).
Seus opositores objetam que o magistrado estaria agindo como legislador, criando
uma nova lei. Para parte da doutrina, não se deveria admitir tal combinação, que subjuga o
espírito normativo constante da nova lei. A cisão legislativa, muito embora calcada em sólido
argumento (isto é, a extra-atividade benéfica), rompe com a unidade e a harmonia que deve
conter um diploma legislativo. Nossa jurisprudência diverge a respeito do tema. A atual Lei de
Drogas suscitou ampla discussão a respeito da possibilidade de combinação de leis penais. Isto
porque a pena privativa de liberdade cominada ao tráfico ilícito de drogas, em sua modalidade
fundamental, era de três a quinze anos de reclusão (Lei n. 6.368/76, art. 12, caput) e, com o
advento da Lei n. 11.343/2006, passou a ser de cinco a quinze anos.
Ocorre que a Lei de 2006 criou uma nova causa de redução de pena (de um sexto a
dois terços), se o agente for primário, possuidor de bons antecedentes, não dedicado a
atividades criminosas e não integrante de organização criminosa (art. 33, § 4º).
Assim, havia quem sustentasse que aos crimes de tráfico de droga praticados antes
da entrada em vigor da Lei atual por réus primários e de bons antecedentes, preenchidas as
demais condições citadas, dever-se-ia aplicar a pena contida no preceito primário da Lei n.
6.368 (mais benéfica) com a causa de diminuição prevista no art. 33, § 4º, da nova Lei. O
Superior Tribunal de Justiça não admite referida combinação (Súmula n. 501).
Excepcional é a lei elaborada para incidir sobre fatos havidos somente durante
determinadas circunstâncias excepcionais, como situações de crise social, econômica, guerra,
calamidades etc.
Temporária é aquela elaborada com o escopo de incidir sobre fatos ocorridos apenas
durante certo período de tempo. A doutrina costuma afirmar que as leis excepcionais e
temporárias são leis ultra-ativas, ou seja, produzem efeitos mesmo após o término de sua
vigência.
Na verdade, não se trata do fenômeno da ultra-atividade, uma vez que, com o passar
da situação excepcional ou do período de tempo estipulados na lei, ela continua em vigor,
embora inapta a reger novas situações. O art. 2º, VI, da Lei n. 1.521/51 (Lei dos Crimes contra a
Economia Popular e contra a Saúde Pública), o qual vigorou de fevereiro de 1952 a dezembro
de 1991, definia como crime a conduta do comerciante que vendia ou expunha à venda
produto acima do preço definido em tabela oficial (“tabela de congelamento de preços”).
A norma constante do art. 3º do CP tem ainda uma razão prática evidente, declarada
na Exposição de Motivos da Parte Geral do Código Penal: “Esta ressalva visa impedir que,
tratando-se de leis previamente limitadas no tempo, possam ser frustradas as suas sanções
por expedientes astuciosos no sentido do retardamento dos processos penais”.
Já falamos sobre norma penal em branco, ok – meta 15 para quem quiser reler!
A lei penal em branco é a que possui preceito primário incompleto, de modo que
necessita de outra norma jurídica para se definir, com precisão, seu alcance. Assim, v.g., o art.
33, caput, da Lei n. 11.343/2006, que tipifica o ato de “importar, exportar, remeter, preparar,
produzir, (...) entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.
A conduta criminosa não se encontra descrita integralmente no dispositivo, pois este
não define seu próprio objeto material, ou seja, o que se entende por “drogas”. O
complemento, neste caso, encontra-se em ato administrativo elaborado pela ANVISA (Agência
Nacional de Vigilância Sanitária).
Vale notar que o complemento pode estar em norma de hierarquia diferente da lei
penal (lei penal em branco heterogênea ou em sentido estrito), como no exemplo acima
citado, ou em norma da mesma hierarquia (lei penal em branco homogênea ou em sentido
amplo). Cite-se, v.g., o art. 237 do CP: “contrair casamento, conhecendo a existência de
impedimento que lhe cause a nulidade absoluta”, pois os impedimentos a que alude o tipo
encontram-se no Código Civil (art. 1.521).
Banca: CESPE Órgão: TJ-PR Prova: CESPE - 2019 - TJ-PR - Juiz Substituto
Nas disposições penais da Lei Geral da Copa, foi estabelecido que os tipos penais
previstos nessa legislação tivessem vigência até o dia 31 de dezembro de 2014.
(A) excepcional.
(B) temporária.
(C) corretiva.
(D) intermediária.
Gabarito1
Banca: MPE-SC Órgão: MPE-SC Prova: MPE-SC - 2016 - MPE-SC - Promotor de Justiça
Certo
Errado
Gabarito2
CONCEITO
É o instituto que se verifica quando a um único fato praticado pelo agente duas ou
mais normas se revelam, aparentemente, aplicáveis.
Haverá um conflito entre qual norma deve ser aplicada. Contudo, não passa de um
conflito aparente, pois é facilmente superado com a interpretação das normas em conflito.
Segundo Cleber Masson, está diretamente ligado a interpretação da lei penal, tendo
em vista que, após se interpretar, apenas uma lei será aplicada e as demais excluídas.
Requisitos
Unidade de fato
1
B – Lei temporária nasce sabendo que vai morrer!
2
CERTO
Há mais de uma norma que pode ser aplicada ao fato praticado pelo agente.
Todas as normas que podem ser aplicadas precisam estar em vigor na data do fato.
Este requisito serve para diferenciar o conflito aparente de normas do conflito de leis no
tempo.
FINALIDADES
O instituto visa:
• Princípio da especialidade
• Princípio da consunção
Obs.: Ficar atento ao que a prova pedir. Havendo os quatro, marcar como certa. Caso
a prova traga apenas os três primeiros em uma alternativa, marcar esta como correta.
Princípio da especialidade
Princípio da subsidiariedade
É o que ocorre, por exemplo, com a omissão de socorro, que, embora seja um crime
autônomo (CP, art. 135), figura como causa de aumento de pena do homicídio culposo (CP, art.
121, § 4º, primeira parte). O mesmo se verifica no Código Brasileiro de Trânsito (arts. 303,
parágrafo único, e 304).
O princípio em tela faz com que um crime que figure como fase normal de
preparação ou execução de outro seja por este absorvido. Assim, por exemplo, se uma pessoa
pretende matar alguém e, para isto, produz-lhe diversas lesões que, ao final, causam-lhe a
morte, as lesões corporais (crimes-meios) são absorvidas (ou consumidas) pelo homicídio
(crime-fim).
Hipóteses:
Exemplo: inicialmente, o agente queria praticar uma lesão corporal. Após, resolve
praticar um homicídio.
c) Fatos impuníveis: são aqueles fatos não punidos em razão da punição de um fato
principal.
A súmula 17 do STJ traz uma típica hipótese de consunção, foi criada para os casos de
falsificação de cheque com o intuito de praticar o crime de estelionato. A falsificação é um
antefactum impunível.
• A falsificação continua tendo potencialidade lesiva, uma vez que existe a circulação;
Princípio da Alternatividade