Você está na página 1de 7

GUIA PARA O CUIDADO PSICOLÓGICO DURANTE O TEMPO DE QUARENTENA

NA VIDA RELIGIOSA E SACERDOTAL1

Nestes últimos dias estamos diante de uma situação que, para a maioria de nós, é nova e envolve uma
importante mudança nas rotinas, trabalho, horários, tarefas, estudos e atividade apostólica. É tempo de nos
adaptarmos a uma realidade que nos é imposta de uma forma relativamente inesperada e nem sempre fácil
de gerir; mas que também pode ser vivida, a partir do Espírito e da confiança, como uma oportunidade de
crescimento e criatividade.

Por este motivo, a Equipe de Vida Religiosa e Sacerdotal da Unidade Clínica de Psicologia (UNINPSI) da
Universidade Pontifícia Comillas oferece este guia simples com algumas orientações para o cuidado
psicológico das comunidades religiosas e da vida sacerdotal. Esperamos que neste tempo possamos
continuar a cuidar uns dos outros com responsabilidade - os próximos e os distantes - e que cada um possa
sentir-se acompanhado nas suas necessidades médicas, psicológicas e espirituais.

PREÂMBULOS

1. Será muito útil compreender do modo mais preciso possível a realidade que você está vivendo e se
adaptar a ela. É importante que você reconheça a situação - pessoal, comunitária, social, eclesial – na qual se
encontra e o faça com seriedade e sinceridade; mas sem gerar dinâmicas infundadas de alarme.

2. Manter-se informado é bom e necessário. Certifique-se de que recebe informações oficiais, adequadas,
suficientes e verdadeiras. Contudo, o excesso de informação - especialmente através de redes sociais - pode
gerar, em algumas pessoas, mal-estar psicológico. O excesso não criterioso de informação pode produzir
sentimentos de mal-estar, ansiedade, medo, avaliações superestimadas, ideias irracionais, pensamentos
negativos e outras reações emocionais que, em última análise, são contraproducentes. Evite ficar saturado
e sobrecarregado, especialmente quando se trata de dados e comentários não confirmados e duvidosos.
Pode ajudá-lo a escolher alguns momentos específicos do dia com antecedência (provavelmente não mais
do que três) para se informar da realidade da situação que está vivendo da forma mais verdadeira possível.

3. Seguir as recomendações dos organismos oficiais e os planos de ação por eles desenvolvidos:
Ministério da Saúde, Estados, Secretarias Regionais, Câmaras Municipais, etc. Acima de tudo, preste atenção
se você vive com alguém que apresenta sintomas de infecção, que tenha sido infectado ou que precise de
isolamento.

A VIDA COMUM

Você provavelmente passará mais tempo e compartilhará mais espaço com outros membros da comunidade
na qual vive durante os próximos dias. Esta situação constitui uma oportunidade de viver a partir da
fraternidade e da união de espírito. Mas requer também que estejamos atentos para que o novo cenário de
convivência seja, ao mesmo tempo, um lugar de encontro, de paz, de proximidade e de liberdade.

1. Antes de mais nada, lembre-se que não somos todos iguais e não respondemos da mesma maneira a
uma situação de tensão ou a um momento de dificuldade. Tente entender as reações dos outros e aceite as
suas próprias sem culpa desnecessária. Havendo necessidade, encontre momentos de maior calma e
serenidade para poder falar - com maturidade e de uma forma honesta - sobre o que está acontecendo.

2. Gerar conversas alternativas. Há muitos e diversos assuntos para se falar. Identifique-os e aproveite o
tempo para fazê-lo com menos pressa do que o habitual. Amplie sua visão sobre outras realidades e pessoas
em nosso mundo. É também um bom momento para cuidar especialmente da conversa espiritual e para
oferecer espaços gratuitos de escuta e reflexão. E para não abandonar o senso de humor.

1
COMILLAS - UNINPSI – UNIDAD CLÍNICA DE PSICOLOGIA – Equipo de Vida Religiosa y Sacerdotal. Traduzido para o
Português.
1
3. Colabore no planejamento da nova situação da sua comunidade ou das pessoas com as quais você
vive. Estabelecer um certo ritmo ordenado, tanto ao nível da vida em comum como da sua própria vida
pessoal, favorece o bem-estar psicológico. É um tempo de criatividade: pense em possíveis atividades de
tipo celebrativo, de oração em comum e também de lazer compartilhado (filmes, jogos de mesa,
recomendações de leitura, etc.) que favoreçam um espaço positivo e uma certa distração. A cozinha e outras
tarefas domésticas também podem ser muito úteis.

4. Tentar manter horários comunitários que favoreçam o intercâmbio e a conversa, tendo sempre em
mente as recomendações de saúde. Uma organização clara e acessível a todos os membros da comunidade,
que favoreça a participação de jovens e idosos, será benéfica para todos.

5. Prestar especial atenção às suas tarefas e responsabilidades dentro da comunidade ou da instituição


a que pertence. Neste momento, a diligência é uma forma concreta de cuidar do outro e é fundamental para
o bom funcionamento do grupo.

6. Respeitar os espaços comuns e os tempos de silêncio. Não é surpreendente que agora você se sinta
mais sensível a ruídos, conversas barulhentas ou outros sons perturbadores. Você também pode se tornar
mais sensível ao uso de áreas comuns. Pense em como a mesma coisa pode acontecer com os outros.

7. Receber e transmitir mensagens e informações sobre a pandemia, quarentena e outras circunstâncias


relacionadas com o COVID-19 de forma prudente e construtiva. Evite fofocas, boatos infundados e
comentários únicos sobre o assunto, para não criar tensões desnecessárias ou dificuldades comunitárias.
Falar constantemente sobre este assunto pode aumentar o medo e distanciá-lo de estados de maior calma e
tranquilidade. Estabeleça um horário para receber notícias - no máximo duas horas por dia em três horários
diferentes - e, quando o tempo acabar, passe para uma atividade que gere bem-estar ou constitua um
passatempo para si.

VIDA PESSOAL

1. Embora de uma forma diferente, a vida continua; e é bom que continue. Se ajudar, faça um
planejamento pessoal que crie rotinas e te anime a manter um certo nível de atividade. Você pode reajustá-
lo mais tarde tantas vezes quantas achar necessário, dependendo de como você está fazendo e como as
coisas estão indo.

2. Aproveite o tempo que está vivendo. Você provavelmente foi forçado a reduzir tarefas, tanto pessoais
como comunitárias e de missão. Isto pode tê-lo deixado com mais tempo livre do que o habitual. Use-o para
fazer atividades que ajudam a gerar pensamentos e emoções positivas: leitura, aprofundamento em algum
assunto de seu interesse, tomar notas pessoais, reflexão, etc.

3. Fazer exercício físico em casa. Se você não consegue pensar em como organizá-lo, existem diferentes
aplicativos e tutoriais dos quais você pode obter ideias para adaptá-lo às suas possibilidades e capacidades.
O esporte ativa o seu corpo, reduz os sintomas de tristeza ou ansiedade e aumenta a sensação de bem-estar.
Procure receber a luz natural do sol e manter algum tipo de trabalho manual. Tenha um cuidado especial
com a sua dieta: a ansiedade vai diretamente para o estômago. Outra possibilidade é dedicar algum tempo a
cada dia fazendo exercícios de relaxamento, que podem ser úteis para reduzir as consequências da
quarentena. Encontrará um guia sobre isto no Anexo 2, que está incluído no final do guia.

4. Respeitar o espaço e o tempo pessoais. Todos precisamos, em maior ou menor grau, de momentos
de solidão, silêncio e autonomia pessoal. Mais uma vez, não funcionamos todos da mesma maneira, mas
cada um tem as suas exigências e demandas: conheça-as e não tente forçar as suas ou as dos outros. Para
algumas pessoas, um certo nível de isolamento contribui para o equilíbrio mental.

2
5. É tempo para a paz. Os conflitos existem. Também em nossas comunidades, presbitérios, conventos,
mosteiros, instituições, seminários ou casas de formação. Embora gostássemos que não fosse assim, esta é
uma realidade que não podemos ignorar. No entanto, agora é o momento de trabalhar a compreensão, a
bondade, a paciência e o perdão. É tempo de Quaresma, não de conflito. E nós precisamos uns dos outros.
É tempo, portanto, de salvar a proposição do nosso próximo e jejuar de ressentimentos, invejas, brigas,
críticas e desinteresses.

6. Cuide dos seus companheiros mais frágeis. Especialmente se você vive com pessoas mais velhas,
pessoas doentes ou que requerem atenção especial. Elas podem se sentir vulneráveis, temerosas, minimizem
– para não criar alarme – e tenham medo de expressar sua preocupação. Você não precisa ser evasivo, mas
pode estar consciente e disponível, com humildade e discrição, para o que eles possam precisar. Se em algum
momento é você que se encontra nesta situação, não tenha medo de comunicá-lo: estou certo de que tem
alguém próximo a você que quer dar uma mão e ajudar; além disso, é um gesto de responsabilidade para
com as pessoas com quem você vive.

A VIDA DE ORAÇÃO E LITURGIA

Acostumados a um modo de viver onde o dinamismo, a rapidez e a urgência assumem a liderança, afetando
também nossa vida religiosa e sacerdotal, este momento concreto que estamos vivendo pode nos ajudar a
entrar em outra dimensão. Agora se faz necessário uma parada forçada que nos aproxima de uma maior
interiorização da vida e do que nela acontece. Este tempo em que nos encontramos pode ser de grande ajuda
para olhar para o que está acontecendo com olhos profundos de fé e tentar processar a realidade que nos
é apresentada como um tempo propício.

2. Estamos na Quaresma e, a este tempo litúrgico proposto pela Igreja, acrescenta-se outro de quarentena.
Também aqui, a oração, o jejum e a penitência são possíveis e necessários; e, como em todas as épocas,
continuam a servir-se à criatividade.

3. Abre-se diante de nós uma oportunidade para fortalecer a leitura espiritual, a reflexão pessoal e a vida
de oração. Vivemos um tempo propício para ler, que é uma das melhores formas de ligar sonhos,
pensamentos e sentimentos; porque os livros nos ajudam a ir além de nós mesmos e nos conectarmos com
a parte mais profunda de cada pessoa. É também um momento apropriado para fazer uma reflexão dedicada,
pessoal e profunda sobre a situação especial que estamos vivendo. Tempo, é claro, para rezar pessoal e
comunitariamente de uma forma talvez ainda mais criativa. E, nesse sentido, confiar com especial atenção a
vida daqueles que sofrem mais dolorosamente com a doença; rezar pelas suas famílias, que podem não ser
capazes de acompanhá-los da maneira que gostariam; e rezar por tantos profissionais - da área da saúde e
de outras áreas - que deixam o melhor de si no trabalho para o bem comum.

4. Embora em algumas instituições não seja possível participar da Eucaristia ou de outros sacramentos como
comunidade, é um tempo para rezar juntos e saborear a Liturgia das Horas de um novo jeito.

5. É também um tempo para ter espaços onde podemos conversar espiritualmente. Por vezes esta
conversação espiritual começa simplesmente com uma pergunta sobre como estamos vivendo esta nova
realidade. É um em tempo que, embora nos encontremos rodeados de menos pessoas, somos chamados a
nos sentirmos sustentados e acompanhados pela oração de toda a Igreja.

6. Tempo propício que nos toca viver onde a penitência e o jejum têm a ver de um modo especial com o
cuidado do outro que temos ao nosso lado.

7. Existem também plataformas digitais, oferecidas por diversas esferas e instituições eclesiais, que podem
ajudar-nos a viver este momento através das redes sociais, desde que não conduzam ao isolamento. Uma
delas é a iniciativa Em casa com Deus, desenvolvida pela Província espanhola da Companhia de Jesus. É
uma proposta inaciana para fazer desta ocasião um tempo de graça. Oferece a celebração da Eucaristia em
streaming, todos os dias às 20:00; uma oração guiada pelo Instagram ao vivo, três dias por semana, às 22:15;
3
uma conversa interativa com a equipe de vocesesejota; e, além disso, orações especiais e artigos nas
plataformas web rezandovoy e pastoralsj.
Para o Brasil, com critério e discernimento, escolha aquelas que estão mais de acordo com a orientação da
Igreja do Brasil, através da CNBB. É iluminador e faz pensar o artigo https://www.religiondigital.org/vida-
religiosa/inusitada-efervescencia-Antonio-Gomez-Cantero_0_2216178407.html.

A VIDA EXTERIOR

A situação de confinamento que você está vivendo não o impede de continuar a participar dos seus
apostolados e da sua missão. Terá necessariamente de fazê-lo de uma forma diferente daquela a que está
habituado. No entanto, a sua presença - mesmo que seja virtual - pode ser muito importante para as pessoas
que não vivem com você. Aqui estão algumas diretrizes simples que podem ajudar:

1. Use a tecnologia para mantê-lo perto das pessoas mais queridas e mais necessitadas. É um bom
momento para continuar fortalecendo as conversas com colegas de outras comunidades religiosas, da sua
própria congregação ou outras; sacerdotes; pessoas das suas obras apostólicas ou paróquias; membros da
família; ou qualquer outro grupo que você sinta que precisa de uma chamada ou de uma simples mensagem.
Falar com eles sobre como você está enfrentando esta nova realidade, como você está vivendo este tempo
especial internamente ou o que você faz na sua vida diária, pode ajudar você e a eles. Evite gerar inquietação,
medos, incertezas e alarmismos desnecessários.

2. fazer, na medida do possível, chamadas de vídeo nas quais você se vê com os outros é uma forma de
compensar a ausência de contato físico, além de gerar serenidade e calma.

3. Continue conectado às pessoas vulneráveis. Especialmente com os idosos, que são atualmente os
mais frágeis devido à sua solidão e fraqueza física.

4. Procure manter contato com outros colaboradores apostólicos, equipes de trabalho, párocos, vigários
paroquiais, etc. Você pode compartilhar situações específicas do seu trabalho apostólico ou paróquia e gerar
uma rede de colaboração entre diferentes pessoas ou instituições próximas a você: grupos de apoio a pessoas
vulneráveis, compartilhamento de redes sociais para informações úteis e precisas sobre desenvolvimentos,
espaços virtuais para oração, treinamento, etc.

CONCLUSÃO

Enquanto passamos por esta situação de quarentena e confinamento, estamos também vivendo a jornada
quaresmal. Por trás destas semanas de confinamento há muito mais de quarenta dias de resistência e
confinamento. Também é possível sentir, no meio do que estamos vivendo, a presença - contínua, misteriosa
e desconcertante ao mesmo tempo - do nosso Deus, que não fecha as suas portas a nada e nem a ninguém.
Muitas são as imagens bíblicas que vêm à mente e se tornam fortes em nossa oração: o deserto, a luta, a
sede, o anseio, a paixão... Mas, acima de tudo, queremos manter os olhos fixos naquele em quem confiamos:
o Senhor Jesus, Crucificado e Ressuscitado por nós. Ele é água que sacia a nossa sede, luz no meio da
perplexidade, vida que - nas profundezas do sem-sentido - luta para brotar.

Nós também precisamos cuidar de nós. Formamos parte de uma Igreja pluralista na qual cada um de nós -
sacerdotes, religiosos, membros de institutos de vida consagrada e sociedades de vida apostólica,
seminaristas, leigos - tem uma missão que vem de Deus. Queremos continuar nosso compromisso de serviço
e ajuda; e, ao mesmo tempo, precisamos aprender que não podemos fazer isso sem cuidar dos outros. A
vida contemplativa tem profundas fortalezas e intuições muito profundas, com as quais pode nos iluminar
neste tempo.

Certamente a situação em que você se encontra agora dependerá muito se você lê estas páginas em um
mosteiro, um convento, um apartamento, uma paróquia, uma residência, uma enfermaria, uma escola, uma
casa de acolhimento, um hospital, uma comunidade de inserção, um seminário ou uma casa de formação.
4
Sabemos também que as orientações que lhe oferecemos não são capazes de dar resposta a todas as
preocupações que possam surgir da sua realidade concreta. Mas esperamos que sirvam como humilde guia
que lhe traga alguma luz. Nisso nós confiamos. AMDG.

ANEXO 1: DICAS PSICOLÓGICAS PARA O AUTO-CUIDADO2

Durante a quarentena é normal que você passe por diferentes momentos e estados emocionais: estresse,
ansiedade, solidão, frustração, tédio, raiva, sentimentos de medo e desesperança, etc. Estes efeitos podem
durar ou aparecer mesmo após a quarentena.

Cuidar de suas ações, pensamentos e sentimentos será de grande importância para responder adequadamente
aos períodos em que o humor pode falhar e o sentimento de incerteza ou mal-estar cresce, se é que vai
crescer.

Oferecemos-lhe uma série de recomendações desde um ponto de vista psicológico, caso se encontre
em qualquer um dos três cenários seguintes: (A) você está isolado mas não afetado pela doença; (B) você
pertence à população de risco; (C) você sofre da doença devido à infecção da COVID-19. Alguns destes
cenários já foram discutidos em seções anteriores deste guia, mas estão resumidos aqui.

(A) Se você está isolado, não afetado pela doença, mas ainda assim está sentindo algumas das seguintes
emoções - ou outras que apontamos anteriormente - persistentemente ou com alta intensidade: -
Nervosismo, agitação ou tensão, com sensação de perigo iminente, e/ou pânico. - Você não pode parar de
pensar em nada além da doença ou da preocupação em ficar doente. - Você precisa estar constantemente
vendo ou ouvindo informações sobre este assunto e tem dificuldade em se interessar por outros assuntos.
− Você tem muita dificuldade para se concentrar, para realizar suas tarefas diárias, para fazer seu trabalho
corretamente ou você está paralisado pelo medo. - Você está em estado de alerta, analisando continuamente
as sensações do seu corpo e interpretando-as -não sendo sinais patológicos- como sintomas de doença. -
Você acha difícil controlar sua preocupação e você pergunta persistentemente às pessoas ao seu redor sobre
sua saúde, advertindo-as sobre os graves perigos em que se encontram, dada a situação. - Você evita muito
o contato com outras pessoas por medo de contágio. - Você nota um aumento no ritmo cardíaco, respiração
rápida, suor ou tremores sem uma boa razão. - Você tem dificuldade em manter um sono descansado. - Os
seus problemas emocionais pioram ou regressam depois de terem sido ultrapassados.

Então recomendamos o seguinte:


 Identificar os pensamentos que lhe causam mal-estar. Pensar constantemente na doença pode
fazer com que os sintomas apareçam ou se tornem mais pronunciados, o que pode aumentar o seu
desconforto. Tente falar sobre o que você gosta ou está entusiasmado.
 Reconhecer as suas emoções e aceitá-las. Se necessário, expresse e compartilhe sua situação com
as pessoas mais próximas de você - aquelas que lhe dão confiança - para encontrar a ajuda e o apoio
de que você precisa. As pessoas que gostam de você provavelmente se sentirão melhor sabendo
como você se sente.
 Pergunte a si mesmo o que você está experimentando e procure evidências da realidade. Conheça
os fatos e confie nas informações fornecidas pelos meios científicos oficiais. Esteja ciente de que, a
partir de alguns fóruns, imagens alarmistas podem ser transmitidas e informações excessivas dadas
a partir de uma perspectiva negativa, ampliando o fenômeno e fazendo você perceber uma ameaça
maior do que a realidade.
 Evite a saturação de informação. Viver permanentemente ligado não o fará estar melhor
informado e, pelo contrário, aumentará desnecessariamente a sua sensação de risco e nervosismo.
 Ir a fontes oficiais e procurar informações contrastantes de especialistas: Ministério da Saúde,
Conselho Oficial de Médicos, Organização Mundial da Saúde, outras organizações oficiais, etc.

2
Adaptadas del comunicado del Colegio Oficial de Psicólogos de Madrid: “Recomendaciones dirigidas a la población para
un afrontamiento eficaz ante el malestar psicológico generado por el brote de Coronavirus – COVID-19”.
5
 Contraste a informação que você compartilha, especialmente se você usa redes sociais.
 Não contribuir para a divulgação de falsas notícias ou fake news. Não alimente o seu medo ou
o dos outros.
 Mantenha os hábitos de higiene apropriados e recomendados pelas Autoridades de Saúde, mas
lembre-se que esta não é a única coisa que você tem que fazer ao longo do dia.
 Evite falar sobre o assunto o tempo todo e procure outras temáticas de conversa.
 Apoie os membros da sua comunidade, companheiros sacerdotes, familiares, colaboradores do
trabalho apostólico a que você pertence, etc.
 Ajude os mais próximos a manter a calma e a desenvolver um pensamento adaptado a cada
situação.
 Tentar tornar a vida o mais normal possível e continuar com as suas rotinas habituais, dentro da
situação em que nos encontramos. Em áreas onde não se consegue acompanhar, reorganize a sua
agenda.
 Cuidado com as atitudes de rejeição, estigma e discriminação. O medo pode levar-nos a
comportar-nos de forma impulsiva, rejeitando ou discriminando certas pessoas. Se você tem se
sentido assim nestes dias, também tente entender que algumas pessoas estão ainda mais nervosas; e
que - muito provavelmente - isso não foi um ataque direto a você, mas o resultado do desconforto
delas.

(B) Se você pertence ao grupo de risco:

 Siga as recomendações e medidas de prevenção determinadas pelas autoridades sanitárias. Confie


nelas.
 Obter informações realistas e seguir as diretrizes sugeridas nas seções anteriores.
 Não trivialize o seu risco para tentar evitar sentir medo ou apreensão sobre a doença. Fingir que
nada está errado é uma forma natural dos seres humanos se protegerem do que lhes está causando
angústia ou grande preocupação. Mas é mais saudável falar sobre o que você está preocupado ou
com medo, para que você possa lidar com isso sem ter que escondê-lo.
 Não aumente o seu risco real. Seja cauteloso e prudente sem se assustar, sabendo que às vezes
também podemos exagerar para nos aliviar e nos proteger do que nos assusta.
 Não tome medidas que o comprometam, fingindo sentir-se invulnerável e irrealista. Evite
comportamentos que encorajem comportamentos viciantes.
 Ser objetivo e adotar uma perspectiva global. Pense que muitos cientistas em todo o mundo estão
trabalhando no assunto e estão nos fornecendo conselhos para resolver esta situação da melhor
maneira possível.

(C) Se você está com a doença:

Siga as recomendações acima e também:

 Quanto mais desconhecida uma doença, mais inquietude pode gerar. No entanto, tente gerir os
seus pensamentos intrusivos: não se coloque na pior situação com antecedência.
 Não se assuste desnecessariamente. Seja realista: a maioria das pessoas parece estar melhorando.
 Quando sentir medo, confie na experiência que você já tem diante de situações semelhantes.
Você pode ser capaz de não associar tudo isso agora por ter uma percepção de maior gravidade, mas
pense em quantas doenças ou circunstâncias difíceis você já superou com sucesso em sua vida.

6
ANEXO 2: EXERCÍCIOS DE RELAXAMENTO

Aqui estão três tipos de exercícios que podem ser úteis se você acha que precisa de um espaço para relaxar.
Existem muitas variantes e diferentes modalidades. Algumas pessoas consideram-nos úteis na promoção da
sua regulação emocional. É por isso que nós os sugerimos. No entanto, cada indivíduo encontra benefícios
em diferentes técnicas. Se você sente que estes não o ajudam ou não o satisfazem, sinta total liberdade para
encontrar o que mais lhe convém.

Controle da respiração
Não é difícil experimentar algum sentimento de ansiedade durante a quarentena. Um dos seus sintomas é
respiração superficial. Nós oferecemos-lhe uma técnica simples que você pode praticar em qualquer lugar:
controle da respiração.
1. Inspire pelo nariz e não pela boca.
2. Respire fundo e suavemente.
3. Repare como o seu abdómen se alarga na inspiração e se contrai na respiração.
4. Respire fundo pelo nariz, seguido de exalação lenta e suave pela boca.

Respiração diafragmática
Esta técnica precisa de um pouco mais de treino e de um lugar tranquilo onde você possa se concentrar
melhor para fazê-lo.
1. Encontre uma posição confortável e tente relaxar os seus músculos.
Coloque uma mão no peito e uma mão no abdómen.
Inspire lentamente pelo nariz, levando o ar até seu abdômen.
A mão no peito deve estar imóvel.
4. Após inspirar, segure o ar durante uns segundos.
5. Solte o ar lentamente pela boca, sentindo-o sair, contraindo o abdómen; a mão sobre o peito
permanece imóvel.
6. Repita este exercício várias vezes.

Visualização
Este exercício combina técnicas de relaxamento com meditação.
1. Encontre um lugar confortável e tranquilo.
2. Ilumine o espaço de uma forma suave e agradável.
3. Coloque uma música relaxante em volume baixo, o suficiente para que você a ouça, mas não deixe
que isso o incomode ou o distraia.
4. Feche os olhos e concentre-se na sua respiração. Sinta o ar entrar através do seu nariz e sair pela
boca.
5. Pense num céu azul. Perceba a energia que o sol lhe dá e concentre a sua atenção na sensação que
dias como este lhe dão.
6. Desfrute da vista do céu por alguns minutos.
7. Acrescente o mar à sua visão. Ouça o som das ondas.
8. Inunde o seu cérebro com essa visão e se concentre nos seus sentimentos.
9. Sinta-se cada vez mais relaxado. Quando fizer isto, imagine-se naquela paisagem, deitado sobre a
relva ou sobre a areia da praia, sozinho e tranquilo.
10. Desfrute da sensação de relaxamento e da paz que o inunda durante alguns minutos.
11. Imagine-se na paisagem e comece a esticar os músculos do corpo, pouco a pouco, sem abrir os
olhos.
12. À medida que se estica, também volte a tomar consciência da música que o envolve. E, quando
estiver pronto, abra os olhos devagar, sem pressa, com suavidade.

Você também pode gostar