Você está na página 1de 6

USO DE POÇOS ARTESIANOS EM ÁREAS ABASTECIDAS POR REDE

PÚBLICA

Autores

RESUMO

O uso de aguas de fontes de lençóis subterrâneos para o abastecimento humano tem sido uma
alternativa para as populações em áreas onde há fornecimento de agua potável pela rede
pública, porém não de forma regular. Atualmente a perfuração de poços artesianos tem sido
uma alternativa para adquirir água, apesar dos poços artesianos serem proibidos por lei, salvo
algumas circunstâncias excepcionais. Segundo a Lei n.º 11.426 de 17 de janeiro de 1997, do
estado de Pernambuco, a água é um bem de domínio público e é um recurso natural limitado,
dotado de valor econômico como também aplicar as sanções administrativas de advertências,
multas, embargos administrativos, demolição de obras, obstrução de poços e outros. Tanto o
projeto quanto a construção de poços tubulares devem observar as normas técnicas da ABNT
em vigor: NBR 12212 – Projetos de poços tubulares e NBR 12244. A perfuração de qualquer
poço deve ser registrada e fiscalizada, tanto por causa da qualidade da água quanto pelos
impactos ambientais causados pelo equipamento.
Este trabalho visa analisar a possibilidade de uso de poços artesianos para fins de consumo
humano em áreas abastecidas por rede pública, utilizando como base um estudo de caso no
bairro de Pau Amarelo no município de Paulista – PE.

Palavras-chave: Poços artesianos; Abastecimento de agua; Perfuração de poço.

ABSTRACT

The use of groundwater sources for human supplies has been an alternative for populations in
areas where public water supply is provided, but not on a regular basis. Nowadays the drilling
of artesian wells has been an alternative to acquire water. Although artesian wells are
prohibited by law. Except for some exceptional circumstances. Law No. 11,426 of January
17, 1997, in the state of Pernambuco, water is a property of the public domain and is a limited
natural resource endowed with economic value as well as applying administrative sanctions
for warnings, fines, foreclosures administrative, demolition of works, obstruction of wells and
others. Both the project and the construction of tubular wells must comply with the current
technical standards of ABNT: NBR 12212 - Projects of tubular wells and NBR 12244. The
drilling of any well must be registered and inspected, both because of water quality and
environmental impacts caused by the equipment.
This work aims to analyze the possibility of using artesian wells for human consumption in
areas served by public network, based on a case study in the district of Pau Amarelo,
municipality of Paulista - PE.

Keyword (s): Wells artesian, Water supply, Well drilling.


1. INTRODUÇÃO

A utilização de recursos hídricos subterrâneos, como fonte de abastecimento de água,


é tão antiga que acompanha a humanidade desde os primórdios da civilização. Afirmação do
geólogo Claudio Oliveira, vice-presidente da ABAS – Associação Brasileira de Águas
Subterrâneas – se complementa com a informação de que, em praticamente todo o mundo, a
maioria dos setores utiliza intensamente as águas subterrâneas como fonte de abastecimento
com resultados fabulosos.
O consumo de água segura é de importância fundamental para a sadia qualidade de
vida e de proteção contra as doenças, sobretudo aquelas evitáveis, relacionadas a fatores
ambientais e que têm afligido populações em todo o mundo (BRASIL, 2010).
O aperfeiçoamento nos serviços públicos de abastecimento de água reflete numa
melhoria na saúde da população (BARCELLOS et al., 2006). É relevante para os gestores do
nosso sistema público de saúde garantir que a água destinada ao consumo humano esteja
dentro dos padrões de potabilidade dispostos na Portaria nº 2914/11 do Ministério da Saúde
(SILVA; ARAÚJO, 2003).
A qualidade da água pode ser avaliada por um conjunto de parâmetros determinados
através uma série de análises física, química e biológica. A análise físico-química da água
determina de modo preciso e explícito algumas características da amostra em questão, e assim
é vantajosa para se avaliar a qualidade da água (CRUZ et al., 2007). Os parâmetros físicos
para uma análise minuciosa de água abrangem desde a temperatura até a análise de sólidos
suspensos e sólidos dissolvidos pelo método gravimétrico, como também análise da turbidez
pelo método nefelométrico (DOS SANTOS et al., 2007). Outro importante parâmetro na
análise química é o teor de cloro residual livre que está intimamente ligada ao tratamento da
água, pois os produtos de cloro são comumente utilizados para a desinfecção de água (SILVA
et al., 2009).
A utilização das águas superficiais sem planejamento, bem como a ocupação
desordenada das bacias hidrográficas pode ocasionar forte impacto negativo na qualidade da
água, levando a diminuição da disponibilidade hídrica das águas superficiais potáveis
(REBOUÇAS; BRAGA; TUNDISI, 2002).
Segundo Marcelo Asfora, presidente da Agência Pernambucana de Águas e Clima
(Apac), ao todo, no Estado, há aproximadamente 7.300 poços registrados pela Apac, sendo
2.600 deles no Recife. Apesar disso, nos anos 90, o Grande Recife enfrentou a maior crise no
abastecimento de água, o que desencadeou na construção de poços clandestinos. Esse tipo de
procedimento vai de encontro com as afirmações do presidente da Apac, de que todo poço
precisa ter um hidrômetro e é estabelecido um limite de utilização.
Grande parte dos poços artesianos em operação não possui a devida e necessária
outorga emitida pelo Departamento de Recursos Hídricos do Estado e acabam, na maioria das
vezes, sendo utilizada de maneira irregular esta modalidade de captação de água. Ainda que a
concessão de outorga para captação de água através dos poços artesianos seja obtida através
de procedimento administrativo ou de processo judicial, o uso da água captada não possui
destinação livre, sendo um dos impedimentos justamente o consumo humano; as exceções,
porém, residem na sua utilização para fins industriais, agricultura e floricultura.
Nesta direção, a escassez no abastecimento público de água em determinadas regiões e
a utilização de poços para suprir estas necessidades, muitas vezes construídos de formas
inadequadas, bem como a importância da água, foram algumas das motivações para a
realização deste estudo.

2. OBJETIVO

Diante do exposto, buscamos realizar uma análise acerca da possibilidade de utilização


dos poços artesianos realizando um estudo de caso no poço artesiano do bairro de Pau
Amarelo município de Paulista – PE para fins diversos do consumo humano, abordando
quais são os requisitos legais e jurisprudências para obtenção da outorga por parte do Estado.

3. METODOLOGIA

Quanto aos procedimentos técnicos ou métodos empregados para elaboração deste


trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica de artigos científicos em periódicos de
língua portuguesa. A pesquisa foi delimitada de acordo com os descritores ou as palavras-
chave: poços artesianos, abastecimento de agua e perfuração de poço para identificar os
artigos relacionados com o assunto. A partir de então foi feita uma leitura dos resumos,
selecionando os de interesse à pesquisa.
O material que foi utilizado para abordar os meios de utilização dos poços artesianos
onde há abastecimento de água pela rede pública foram às legislações vigentes e também os
julgamentos proferidos pelo Tribunal de Justiça, já que há uma disputa jurídica entre os
proprietários de poços e as concessionárias de abastecimento de água potável.
Sabe-se que o Poder Judiciário tem a prerrogativa de notificar os proprietários de
poços artesianos sobre a impossibilidade de qualquer captação de água para fins de consumo
humano que não seja àquela distribuída pela concessionária. Nesse sentido, será realizada
uma análise acerca dos fundamentos jurídicos utilizados pelos julgadores que concedem ou
não a outorga judicial para a utilização dos poços artesianos.
Para a avaliação da potabilidade do corpo hídrico subterrâneo no município de Paulista
no bairro de Pau Amarelo – PE foram coletadas amostras em um poço artesiano domiciliar.
As amostras foram condicionadas em vasilhames plásticos para serem realizadas as analises
dos parâmetros físico-químicos afim de comparar os resultados obtidos com os valores
máximos permissíveis (VMP) recomendados pela Portaria nº 2914/11 (BRASIL, 2011).

4. RESULTADOS

Diante do exposto, os resultados obtidos através da pesquisa de levantamento


bibliográfico sobre o assunto exposto nos conduz a ressaltar a necessidade de assegurar o
cumprimento da Lei nº 16.839/2003, que institui normas de vigilância para garantir a
qualidade da água para consumo humano, no âmbito do município. No entanto, quase um
quarto da população urbana não dispõe de condições adequadas de suprimento de água
(REFERÊNCIA). Ou seja, não basta conhecer a qualidade da água distribuída, mas acima de
tudo a qualidade da água consumida como um todo com a implementação das boas práticas
em todo o processo de produção da água para consumo humano.
Neste sentido, a vigilância da qualidade da água para consumo humano assume duplo
papel de reforçar a exigência do controle por parte de quem produz e distribui a água, como
também de garantir o controle mínimo da qualidade da água consumida pela população não
atendida pelos sistemas coletivos, ou ainda em municípios totalmente fragilizados do ponto de
vista técnico-gerencial em saneamento básico.
Neste sentido, as águas subterrâneas provenientes de poços rasos ou profundos
cumprem uma função muito importante no fornecimento de água para o consumo humano.
Por isso, faz-se necessário o monitoramento e a proteção destas fontes de água, com o intuito
de eliminar as possíveis causas de contaminações, bem como fazer uso do processo de
filtração antes da desinfecção para reduzir o risco de transmissão de doenças de veiculação
hídrica.
O estudo realizado pelos autores Menezes et al. (2014) mostrou que existe uma relação
considerável entre as formas do uso da terra, tanto para o cultivo quanto para a pecuária com
os parâmetros de qualidade da água subterrânea na área estudada, mostrando que a qualidade
da água de poços sofrem muitas variações de contaminação de acordo com as ações
antrópicas a que estão expostas.
E ainda citamos que nos julgamentos proferidos pelo Tribunal de Justiça verifica-se
que muitos usuários que ingressam com pedidos judiciais para utilização de poços artesianos
não têm o devido conhecimento sobre as leis vigentes e, sobretudo, dos parâmetros que são
utilizados para conseguir a devida outorga por parte do Estado para utilização dos poços
artesianos.
A Portaria nº 2914/11 estabelece que em até 95,0% das amostras analisadas o VMP
para turbidez da água deve ser de 1,0 unidades de turbidez (unidade Jackson ou
nefelométrica). A turbidez é definida como a dificuldade da água para transmitir a luz,
provocada pelos sólidos em suspensão (silte, argila, matéria orgânica, micro-organismo e
partícula inorgânica) (BARROS et al., 2011). A turbidez da água dos poços analisados
apresentou 0,00 NTU.
A cor da água é determinada pela presença de material sólido dissolvido. Esse material
pode ser de origem natural (decomposição da matéria orgânica gerando ácido húmico e
fúlvido ou pela presença de Fe ou Mn) ou de origem antropogênica (resíduos industriais como
corantes ou esgotos domésticos). Quando de origem natural, não representa risco direto à
saúde, todavia a cloração da água contendo matéria orgânica (responsável pela cor) pode
gerar produtos potencialmente cancerígenos (trihalometanos – ex: clorofórmio)
(KOMULAINEM, 2004). Os resultados mostraram que nas amostras foi encontrada cor maior
que 100 UH ultrapassando o valor máximo permitido estabelecido pela Portaria nº 2914/11
que é de 15 mgPt-Co/L (unidade Hazen-uH).
O potencial hidrogeniônico define o caráter ácido, básico ou neutro de uma solução. O
pH da água depende de sua origem e características naturais, mas pode ser alterado pela
introdução de resíduos. A recomendação legal da água para consumo humano é que o pH
varie de 6,0 a 9,5. Considerando a análise realizada, foi encontrado o valor de 6,87 à uma
temperatura de 27°C.
A Condutividade elétrica é a capacidade que a água possui de conduzir corrente
elétrica. Este parâmetro está relacionado com a presença de íons dissolvidos na água, que são
partículas carregadas eletricamente Quanto maior for a quantidade de íons dissolvidos, maior
será a condutividade elétrica na água. Na analise foi obtido o valor de 831,8 us/cm à uma
temperatura de 25°C, porém a Portaria vigente não estipula um parâmetro especifico para esta
analise.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após a análise dos conteúdos pesquisados associados com as analises das amostras
realizadas, consideramos que a água proveniente de poços artesianos pode apresentar
problemas no tocante à saúde pública, visto que muitos deles estão em desacordo com os
padrões vigentes na Legislação brasileira, sendo consideradas impróprias para o consumo
humano.
Diante disso, acreditamos ser papel do Poder Público o monitoramento dessas áreas
críticas constantemente, sendo de fundamental importância a execução de um plano de
sensibilização e conscientização para a população que contemple orientações ao manejo da
água consumida, a incorporação de hábitos sanitários saudáveis e medidas preventivas de
limpeza e desinfecção desses reservatórios.
Ainda ressaltamos a importância de uma maior divulgação e dinamização das
informações necessárias referentes aos procedimentos judiciais para construção e utilização
de poços artesianos, a fim de tornar esses processos menos burocráticos e mais agilizados,
tendo em vista a relevante função deste método de captação de água diante da potencial crise
hídrica que possa vir a reaparecer.
Conclui-se que a agua analisada proveniente do poço artesiano do bairro de Pau
Amarelo não esta de acordo com os padrões de potabilidade dispostos na Portaria nº 2914/11,
sendo reprovada pelas analisadas feitas por ultrapassar os valores máximos de cor permitido.

6. REFERÊNCIAS

Você também pode gostar