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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA ALBERTO CHIPANDE

CADERNO DE INTRODUÇÃO AO ESTUDO DE DIREITO

Docentes: Dr. Martinho Campos


Jurista e Criminalista

PEMBA
1. NOÇÕES BÁSICAS DO CONCEITO DO DIREITO
1.1. NATUREZA E HISTÓRIA DO DIREITO

Ao estudar o direito como ciência, devemos naturalmente examinar sua definição, assim
como o lugar que ele ocupa no conjunto das ciências e a natureza de seu objecto. Tais
problemas pertencem ao campo da Epistemologia Jurídica.

Epistemologia, do grego epistême (ciência) e logos (estudo), significa etimologicamente


“teoria da ciência”.
Lalande define Epistemologia como “o estudo crítico dos princípios, das hipóteses e dos
resultados de cada ciência”. De qualquer forma, os problemas citados: definições de
direito, sua posição no quadro das ciências, a natureza de seu objecto, constituem
inquestionavelmente temas de Epistemologia do Direito.

Definição nominal e real


Há duas espécies de definição:
a) Nominal, que consiste em dizer o que uma palavra ou nome significa;
b) Real, que consiste em dizer o que uma coisa ou realidade é.

Essa palavra tem sua origem num vocábulo do baixo latim: directum ou rectum, que
significa “direito” ou “recto”.
É visível que a etimologia dessas palavras encontra-se no termo latino jus (juris), que
significa “direito”.
Alguns preferem ver no vocábulo jus uma derivação de justum, isto é, aquilo que é justo
ou conforme à justiça. Como confirmação dessas hipóteses são indicados vocábulos de
uma tradição ainda mais antiga.
Jus, uma derivação da ideia de justiça ou de santidade (justum), o vocábulo do idioma
védico yós, que significa bom, santo, divino, de onde parece terem sido originadas as
expressões Zeus (Deus ou o pai dos deuses, no grego) e Jovis (Júpiter, no latim).
Evidentemente, textos de Direito Romano, define o direito como “a arte do bem e do
justo”, ou a jurisprudência como “o conhecimento das coisas divinas e humanas e a
ciência do justo e do injusto”.

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1.2. CONCEITO DE DIREITO

Pela experiencia, observação e intuição, todos temos uma noção empírica de Direito,
que é por vezes vivida a todos os momentos perante factos correntes e vulgares da vida.
Um Estado declara a guerra a outro por exemplo, ou envia – lhe o seu embaixador;
realizam – se conferências internacionais para a definição dum estatuto a que os povos,
nas suas relações para das fronteiras, devem viver submetidos.
Pratica – se um crime de homicídio, em que os órgãos de comunicação social dão larga
divulgação; há um alarme social, mais ou menos profundo conforme as circunstâncias
do crime. Reclama – se justiça e as entidades para tal competentes (Ministério Publico e
a Policia Judiciaria) poem – se em movimento a fim de descobrir o suspeito e ver se há
fundamentos para o acusar. Procede – se a investigação, seguindo – se todos tramites
legais até ao julgamento onde convence – se de que realmente o arguido é realmente
culpado e condena – o.
Temos a noção de que com o crime, foi violado o Direito e que todo este movimento de
movimentos e reacções se da em ordem a restauração do império da lei atingida pelo
criminoso.
O Direito traduz – se em normas de conduta social, preceitos que regulam, com carácter
de generalidade, a convivência dos homens em sociedade, mediante a imposição de
acções e abstenções. Este diz o que se deve fazer e o que não se deve fazer;
consequentemente, por exclusão das partes, o que se pode praticar.
Em suma podemos entender o Direitocomo um conjunto de princípios ou normas de
conduta social, assistidas de protecção coactiva quando necessário, que se destinam a
regular situações/factos ocorridos na vida social, cuja regulação se efectua de acordo
com determinados valores, em especial a justiça, sendo esta o principal objectivo ou
finalidade do Direito.

1.3. EVOLUÇÃO DO DIREITO

O Direito manifestou-se através do Costume. Os usos e tradições das épocas mais


recuadas da civilização prepararam o advento posterior do direito escrito.
Efectivamente, nos primórdios da Civilização todo o direito estava expresso nos
costumes, transmitindo-se de geração em geração, sobretudo, por via oral. O Costume
jurídico, enquanto primeira forma histórica de expressão do Direito, era igualmente a
que prevalecia nas sociedades esclavagista e feudal. Fonte de direito bastante
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imperfeita, pela incerteza que, muitas vezes, lhe é inerente, não pode o Costume
apresentar a garantia de permanência que caracteriza, em princípio, a lei escrita. Em
virtude deste facto, a tendência geral no mundo actual é a substituição do Direito
Costumeiro pelo Direito Escrito.

No entanto, sociedade medieval constituía-se de uma diversidade de agrupamentos


sociais, cada um com uma ordem jurídica própria, local. Na alta Idade Média, o direito
era um fenómeno produzido não pelo Estado (que ainda não existia em sua acepção
moderna), mas pela sociedade civil, por meio do costume jurídico, que vem a ser um
tipo de consenso manifestado pelo povo quanto a uma certa conduta social, ou até
mesmo com o recurso à equidade. Com a formação do Estado moderno, este concentrou
todos os poderes da sociedade, como o de criar o direito com exclusividade (quer
directamente, por meio da lei, quer pelo reconhecimento e controle das demais fontes do
direito). Bobbio chama este processo de monopolização da produção jurídica por parte
do Estado.

A partir da Idade Moderna, portanto, os conceitos de direito e de Estado se confundem,


pois se este último é estabelecido e regulado pelo direito (como pessoa jurídica de
direito público), o primeiro passa a ser ditado e imposto pelo Estado. À consolidação do
Estado moderno corresponde o paulatino fortalecimento do direito positivo (posto pelo
Estado), em detrimento do chamado direito natural.

Exercícios
a) Conceitualize Direito

b) Fale da história e natureza do Direito

c) Fale acerca da evolução do Direito.

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2. DIREITO NATURAL E DIREITO POSITIVO

O direito Natural serve de modelo do direito positivo, que e o constituído pelas leis
vigentes publicadas para organizar a sociedade, bem como manter a pacifica
convivência dos respectivos componentes. Procura-se na verdade, criar o direito
positivo para atingir os fins de justiça, mas sem sucesso de relevo. Por mais que se
pugne pela perfeição na criação das leis, publicam-se leis que são contrárias ao bem
comum, que são injustas, que não realizam verdadeum fim de paz social.
O Direito Positivo compreende o conjunto de regras jurídicas em vigor num país
determinado e numa determinada época. É o Direito histórica e objectivamente
estabelecido, encontrado em leis, códigos, tratados internacionais, decretos,
regulamentos, costumes, etc.; é o Direito cuja existência não é contestada por ninguém.
Entre o direito positivo e o direito natural existe uma larga medida de coincidência e
não relações de indiferença, não obstante a existência de relações de conflito
motivadoras de problemas á consciência individual, como acontecia durante a
escravatura. Nessa altura, a instituição de direito positivo, dado que se o escravo fugisse
era perseguido, com a punição de quem aparecesse a ajuda-lo. Toda via nos dias de
hoje, estamos todos acordados que tal Direito não devia vigorar, porque revela-se
contraria ao direito natural. Por isso, JOSE DE OLIVEIRA ASCENSAO defende que o
direito natural e direito porque é direito positivo, uma vez que direito é a ordem válida
da sociedade, e o direito positivo e direito valido, já que não há direito sem validade.
O Direito Natural, para os que aceitam a sua existência, é aquele que não se
consubstancia em regras impostas ao indivíduo pelo Estado, mas de uma lei anterior e
superior ao Direito Positivo, que se impõe a todos os povos pela própria força dos
princípios supremos dos quais resulta, constituídos pela própria natureza e não pela
criação dos homens, como, por exemplo, o direito de reproduzir, o direito de viver etc.
Desta feita, o Direito Positivo, é o direito que depende da vontade humana, enquanto o
Direito Natural, é o que independe do acto de vontade, por reflectir exigências sociais
da natureza humana, comuns a todos os homens.

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2.1. NATUREZA SOCIAL DO HOMEM

Com base em varias obras, autores e estudos sabe – se que desde muito tempo, o
homem nunca viveu isolado. Sempre viveu instintivamente em comunidade com os seus
semelhantes, integrado em grupo organizado, denominado sociedade chamada
sociedade humana. E mesmo que tal instinto igualmente exista em demais seres vivos,
não se exclui a verdade das sociedades humanas se mostrarem dotadas de caracteres
resultantes da inteligência dos respectivos componentes, que nitidamente as diferenciam
das outras sociedades animais.
Fenómeno este discutida por THOMAS HOBBES E JEAN JACQUES ROSSEAU,
defendendo a existência de uma “vida pré-social do homem”, que apelidaram de estado
de natureza, na qual os homens viveram isolados, ou seja, não integrados em sociedade
mas divergindo, em seguida, já que o primeiro defendeu que no referido estado da
natureza o homem permaneceu como mau (homo homini lúpus, belumomnium contra
omnes), e a sociedade surgiu para curar essa maldade.
Para o segundo, o referido estado veio a cessar, dando lugar ao estado de sociedade, que
e retratada no acordo ou contrato social, como obra humana, que visa a eliminação dos
conflitos entre os homens. ROSSEAU entendia na altura, que o homem nascera livre e
por toda a parte estava a ferros. Julgavam-se alguns donos dos outros, sem que por isso
deixassem de ser mais fracos que eles. Todavia ele não sabia como se dera aquela
mudança nem quem a poderia legitimá-la. Porem, considera-se só a força e o efeito que
produzia, diria: enquanto um povo se vê forçado a obedecer, faz bem se obedece. Logo
que pode sacudir o jogo, se o sacode procede melhor, pois readquirindo a sua liberdade
pelo mesmo direito com que lha tiraram…Mas a ordem social e um direito sagrado, que
serve de base a todos os outros. Contudo, este direito não vem da natureza, funda-se
portanto em convenções. Do que se conclui, portanto que, segundo este teórico, o
homem que é naturalmente bom, gozara no estado da natureza de grande felicidade, mas
dada a generalização de arbitrariedades e dependências injustas, após a geração do
poder político por iniciativa dos mais fortes ou engenhosos, corrompeu-se a sua
primitiva essência de bom sauvage. Pelo contrato social os indivíduos associaram-se
com a obrigação de viverem conjuntamente, e respeitando-se mutuamente, e dai
resultou o nascimento das sociedades organizadas.
Destacando – se assim duas teses fundamentais; a tese naturalista e a contractualista,
onde por sua vez, a tese Naturalista, baseia-se na Ordem e defende que o Homem é um

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ser “naturalmente social”, dizendo que ao Homem dada a sua natureza não lhe é
possível desenvolver totalmente as suas capacidades se não se envolver em relação com
os outros Homens. Os Naturalistas acreditam que onde existe o Homem, existe
sociedade – Ubi homo, ibisocietas – pois o Homem mais que um ser social é um ser que
nasce na e da sociedade e que vive na sociedade, para a sociedade e em função dela. A
palavra sociedade provém do latim socius que significa aliado ou o que auxilia.
A concepção naturalista tem como base a noção de ordem, a qual segundo uma
perspectiva de Acção Social leva à prática de certos hábitos para se “estar em ordem”, o
que nos leva à formulação de leis e normas.
No entanto, a tese Contratualista, tem como ponto comum um estado pré – social, onde
o Homem vive livre, afirmando que o Homem é um ser isolado que forma sociedade
através de um acordo de vontades, de modo a poder salvaguardar os seus interesses, esta
possui várias teorias de diversos autores, sendo que todas elas partem do princípio de
que o Homem passa por um estado pré-social, o Estado da Natureza, e que através do
Contrato Social passa, então ao Estado de Sociedade.

Exercício
a) Distingue Direito natural do Direito Positivo.
b) Quais são os principais traços que diferenciam a teoria jusnaturalista da teoria
jus contratualista referentes a sociabilidade do Homem?

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3. FONTES DO DIREITO

Fontes de Direito em sentido técnico-jurídico, consiste nos modos de formação e


revelação das normas jurídicas num determinado ordenamento jurídico, entretanto, as
disposições sobre fontes do direito podem ser vista nos artigos 1º a 4ºCC.
Portanto, são enumeradas tradicionalmente quatro fontes do direito:
 A lei;
 O costume;
 A jurisprudência;
 A doutrina.

O Código Civil estabelece nos artigos 1.º a 4.º disposição sobre as fontes do direito e
considera a lei como única fonte imediata do direito em contraposição aos usos (art.º 3º)
e equidade (artº4º) cuja força vinculativa provém da lei, ou seja, os usos e equidade só
têm relevância jurídica, quando a lei o determine.
Portanto, temos:
- A lei como fonte imediata do direito;
- Os usos e a equidade são fontes mediatas do Direito ;

3.1. Fontes imediatas ou directas

São fontes que tem força vinculativa própria, sendo desse modo os verdadeiros modos
de produção do direito, ou, são fontes que criam normas jurídicas, como é o caso das
Leis, que não si fundam em qualquer outra fonte para se revelar.

3.2. Fontes mediatas ou indirectas

São aquelas que não tem força vinculativa própria, não criam normas jurídicas, mas não
deixam de ser importantes pela forma como influenciam o processo de formação e
revelação das normas jurídicas e contribuem para a sua formação. Ex: Usos e costume,
Doutrina, Equidade.

3.3. A Lei

"Lei é uma regra geral, que, emanando de autoridade (estadual) competente, é imposta,
coactivamente, à obediência de todos". Com efeito, ela caracteriza-se por ser um

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conjunto de normas dotadas de generalidade, isto é, que se dirigem a todos os membros
da colectividade, sem exclusão de ninguém. A lei é ainda provida de coacção, com o
objectivo tornar induzir os indivíduos a não violar os seus preceitos. Regra jurídica sem
coacção, disse Jhering, é uma contradição em si, um fogo que não queima, uma luz que
não ilumina.
A mais importante das Leis é a Constituição, que contém as normas jurídicas superiores,
às quais se subordinam as normas contidas em leis e outros actos legislativos e
normativos.
É considerada uma fonte imediata do direito, e para alguns autores ela é a única fonte
imediata admissível, para outros autores e, ao lado da Lei, o costume também é fonte
imediata do direito.
No entanto, o art. 1º do CC acolhe a LEI como a única fonte imediata do Direito.
Portanto a lei como fonte imediata do direito, cria normas jurídicas, com carácter
vinculativo emanadas do órgão doptado de competência legislativa.

3.3.1. A lei em sentido amplo

Refere-se a qualquer diploma que consagre normas jurídicas emanadas dos órgãos
estaduais competentes, pela Assembleia da República, Governo, Assembleia legislativa
regional, as Assembleias Municipais, freguesias, ou seja, leis, decretos-lei,
regulamentos, portarias, decretos legislativos regionais e posturas.
Resumindo, a lei em sentido amplo abrange todos os diplomas que consagram normas
jurídicas.

3.3.2. Já em sentido restrito ( lei propriamente dita )

Refere-se aos diplomas emanados pela Assembleia da República (LEI).


Portanto há que notar aqui a distinção entre a lei e o decreto – lei. A lei, diploma
emanada pela Assembleia da República e o decreto – lei, diploma emanado pelo
Governo.

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3.4. O costume

O costume é prática de uma conduta social reiterada e constante, acompanhada da


convicção da sua obrigatoriedade pela comunidade.
Norma não escrita que resulta de prática reiterada e habitual, acompanhada da
consciência ou convicção colectiva acerca do seu carácter obrigatório.
Na verdade, as leis escritas não compreendem todo o Direito. Há normas costumeiras,
também chamadas consuetudinárias, que obrigam, igualmente, ainda que não constem
de preceitos votados por órgãos competentes. Realmente, havendo lacuna na lei, não se
segue que a ordem jurídica seja lacunar, e então a questão será resolvida mediante
recursos aos costumes, a segunda fonte imediata do Direito.
A obediência a uma conduta por parte de uma colectividade configura um uso. A
reiteração desse uso forma o costume, que, na lição de Vicente Ráo, vem a ser a regra
de conduta criada espontaneamente pela consciência comum do povo, que a observa por
modo constante e uniforme, e sob a convicção de corresponder a uma necessidade
Jurídica. Ou, como observa João Franzen de Lima, é o produto de uma elaboração entre
os homens.
O emprego de uma determinada regra para regular determinada situação, desde que se
repita reiteradamente, quando igual situação se apresente de novo, constitui uma prática,
um uso, cuja generalização através do tempo leva a todos os espíritos a convicção de
que se trata de uma regra de Direito. Esse hábito que adquirem os homens de empregar
a mesma regra sempre que se repete a mesma situação, e de segui-la como legítima e
obrigatória, é que constitui o costume.
Nestas condições, "algumas normas há em nossa sociedade que, embora não escritas,
são obrigatórias. Tais normas são ditadas pelos usos e costumes e não pode deixar de ser
cumpridas, muito embora não estejam gravadas numa lei escrita. Aliás, mais cedo ou
mais tarde determinados costumes acabam por ser cristalizados em uma lei, passando,
pois, a integrar a legislação do país. Exemplo de norma costumeira que, não obstante
não estar consagrada em lei escrita nem por isso deixa de ser obrigatório, é a chamada
"fila", seja para tomar autocarros, seja para ingresso no Cinema, na Escola, no
Supermercado ou em qualquer lugar.
Os Costumes podem classificar - se do seguinte modo, segundo Ascensão (1993):

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 Costume secundumlegem (segundo a lei)
Este reconhece a sua eficácia obrigatória. A lei se reporta expressamente a ele
reconhecendo sua obrigação.

 Costume praetenlegem (para além da lei)


É aquele que intervém na falta ou omissão da lei. Nesses casos ele pode ser
invocado, embora não mencionado pela legislação, tendo carácter supletivo.
O costume regula aspectos não regulados pela lei. O nosso código civil no artigo
10º não alude ao costume como meio de integração de lacunas da lei.
 Costume contra legem (o costume contrário a lei)
O costume cria uma regulamentação contrária à lei. Este costume não é admitido
no ordenamento jurídico Moçambicano, porque se o fosse, implicaria a cessação
da vigência da lei. E a lei só deixa de vigorar se for revogada por outra lei (art.
7º CC).

O código Civil Moçambicano exclui o costume como fonte imediata de direito e nem
sequer o reconhece como meio de integração das lacunas da lei, entretanto, o legislador
apenas admitiu que os usos tinham relevância jurídica quando a lei para ele remete e
portanto nunca contra a lei- fonte mediata de Direito (art. 3º/1 CC).

3.5. A jurisprudência

Jurisprudência é o conjunto de decisões (sentenças e acórdãos) proferidas pelos


tribunais ao fazerem a interpretação e aplicação da lei aos casos concretos que lhe são
submetidos, podendo ser:

 SENTENÇAS São as decisões proferidas pelos tribunais singulares, ou seja,


decisões proferidas por um único juiz;
 ACÓRDÃOS São as decisões proferidas por tribunais colectivos, que são
constituídos por três juizes.

A Jurisprudência é apenas uma fonte mediata do Direito por apresentar um papel de


relevo como contributo para a formação de normas jurídicas, cuja criação fica reservada
ao poder legislativo (Assembleia da República e Governo)

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Para que a Jurisprudência constituísse fonte imediata do Direito era necessário que
criasse Direito através da orientação seguida pelos tribunais nas decisões de casos
concretos e individuais para que vinculasse todos os outros tribunais a julgarem de igual
modo situações idênticas.
Na verdade, não vigora a regra do precedente, ou seja, a decisão proferida por um
tribunal não vincula o próprio tribunal, nem os demais tribunais aquando do julgamento
de casos futuros semelhantes.
Em suma, conjunto de regras gerais e orientações que se retira m das decisões judiciais
emanadas dos tribunais da mais alta hierarquia para efeitos de consideração no
julgamento de casos semelhantes submetidos a outros tribunais de igual ou menor nível.
As decisões dos tribunais só vinculam o caso concreto sobre o qual é proferido a
decisão do tribunal.
Os tribunais apenas estão sujeitos à Constituição e à Lei. (art. 203ºCRP e art. 8ºCC.).
Excepcionalmente existem decisões do Tribunal Constitucional com força obrigatória
geral que criam Direito, são situações em que o tribunal constitucional aprecia e declara
a inconstitucionalidade ou ilegalidade de certas normas, com força obrigatória geral (art.
281º e 282º CRP).
Os juízes são independentes e não têm que decidir como eles próprios ou outros o
fizeram anteriormente.
Os Tribunais de instância inferior não têm que julgar em conformidade com decisões de
instâncias superiores.
Apenas em caso de recurso (reapreciação da decisão judicial por outro tribunal
hierarquicamente superior) é que a decisão proferida pelo tribunal superior vincula face
à decisão recorrida, não valendo já para outros casos semelhantes.
É de salientar, que há uma hierarquia judiciária: juízes superiores e inferiores, mas
deve-se ter em atenção, que esta hierarquia difere da hierarquia administrativa. A
hierarquia administrativa traduz-se no poder dos superiores darem ordens aos inferiores,
o que tal não acontece na hierarquia judiciária, justamente pela aplicação do princípio
da independência dos juízes.
Com efeito, as sentenças ou acórdãos dos tribunais superiores sobre determinados casos
servem de referência no julgamento de casos idênticos, contribuindo para uma
interpretação e aplicação uniformes (ou tendencialmente uniformes) das normas
jurídicas.

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No entanto a jurisprudência desempenha um papel importante, sobretudo a proveniente
dos tribunais superiores, em que os acórdãos têm um peso efectivo nas decisões futuras,
muitas das vezes são referidos ou citados, quando se entende que o novo caso sob
judicio é análogo ao que foi decidido por um desses acórdãos. Em todo o caso não
vinculam os tribunais, mas contribuem para aquilo que se chama a jurisprudência
uniformizada, a fim de se atingir maior segurança nas decisões e evitar desperdício da
actividade jurisprudêncial em casos semelhantes.

3.6. A doutrina

Doutrina é o conjunto de estudos, opiniões e pareceres dos jurisconsultos sobre a forma


adequada de interpretação, integração ou aplicação do Direito. Os Jurisconsultos são
juristas qualificados, em geral, professores nas Universidades.
A doutrina consta de tratados, manuais, comentários às leis (códigos) e à jurisprudência,
monografias e estudos jurídicos vários.
A doutrina não é considerada fonte imediata ou directa do Direito uma vez que ela não
cria normas jurídicas e por conseguinte não tem carácter vinculativo.
A doutrina é uma fonte mediata do direito, apesar de não criar Direito, tem uma
importante relevância prática na revelação do próprio Direito, dado que as opiniões dos
Jurisconsultos contribuem para esclarecer o sentido e o alcance de determinadas normas
jurídicas e ajudam a colmatar algumas omissões na lei.
Uma outra relevância importante da Doutrina é a influência que ela exerce na feitura das
leis, nas decisões judiciais e na actuação da administração pública.
Com efeito, é de grande valor o trabalho dos doutrinadores na elaboração e na aplicação
do direito objectivo, já que, analisando criticamente as diferentes opções jurídicas,
apontando as falhas, os inconvenientes e defeitos da lei vigente, ajuda o legislador na
feitura de lei mais perfeita e o aplicador do direito na procura das soluções mais
adequadas aos casos em apreço.

3.7. A equidade

A equidade significa uso da imparcialidade para reconhecer o direito de cada um. É uma
forma justa da aplicação do Direito, porque é adaptada a regra, a uma situação existente
onde são observados os critérios de igualdade e de Justiça. A equidade não só interpreta
a lei, como evita que a aplicação possa prejudicar alguns indivíduos já que toda a

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interpretação da justiça deve tender para o justo, para a medida do possível,
suplementando a lei e preenchendo os vazios encontrados na mesma. O uso da equidade
leva em conta a moral social vigente, o regime político do Estado e os princípios gerais
do Direito. A equidade completa o que a justiça não alcança, fazendo com que a
aplicação das leis não se tornem muito rígidas onde poderia prejudicar alguns casos
específicos onde a lei não alcança.

3.8. A hierarquia das fontes

A hierarquia das leis prende-se com o facto de que nem todas as normas têm o mesmo
valor jurídico. As leis estão escalonadas hierarquicamente.
Assim as normas de hierarquia superior prevalecem sobre as normas de hierarquia
inferior.
Pode – se dar o caso de uma norma de hierarquia inferior contrariar uma norma de
hierarquia superior poderá ser considerada inconstitucional ou ilegal, consoante
contrarie, respectivamente a constituição da República Portuguesa ou qualquer outra lei.
As leis especiais prevalecem sobre as leis gerais.
A hierarquia das leis respeita a hierarquia dos órgãos de que são emanados.
A hierarquia das leis tem a seguinte configuração em forma de pirâmide:

 Leis constitucionais
 Leis constitucionais editadas pelo legislador constituinte originário
 Leis constitucionais editadas pelo poder constituinte de revisão
 Leis constitucionais mediatas
 Leis ordinárias
 Leis e decretos-leis
 Decretos legislativos regionais
 Regulamentos

Exercícios
a) O que são fontes de Direito?
b) Quais são as fontes de Direito que conhecer?
c) Indique duas diferenças entre o costume e a lei.
d) Qual a principal fonte de direito no nosso ordenamento jurídico Moçambicano?

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4. RAMOS DO DIREITO

O Direito evolui em função das mudanças sociais, seja à escala de cada país, seja a nível
mundial. Em virtude dessa evolução, o Direito torna-se cada vez mais complexo e
alguns dos seus segmentos tendem a especializar-se e a ganhar autonomia relativa. É
assim que, ao longo dos anos, têm surgido, no seio do Direito, e em relação a vários
domínios da vida social, vários ramos de direito ou disciplinas jurídicas.
Ramos de Direito são, pois, disciplinas de especialização do Direito, que se ocupam das
formas de regulação de determinados aspectos da vida societária através de normas
jurídicas próprias e servindo-se de princípios, métodos e processos adequados. Os
diferentes ramos de Direito surgem em virtude da necessidade de o Direito se
especializar de modo a regular de forma eficaz os novos problemas e fenómenos da vida
societária que vão surgindo, por vezes com grande complexidade. Assim, os diferentes
segmentos ou domínios de regulação do Direito tendem a ganhar relativa autonomia,
apresentando-se como disciplinas ou ramos específicos dentro da Ciência Jurídica.

O direito é constituído por 2 grandes ramos do direito:


 Direito público
 Direito privado  

4.1. Direito Público

É aquele ramo do direito que regula as relações jurídicas entre o Estado e os cidadãos,
em que o Estado intervém com o seu poder de autoridade, ou poder soberano.
Exemplo: quando o Estado cria os impostos intervém munido do seu poder de
autoridade.
Pertencem ao ramo do Direito público, o Direito constitucional, direito penal, direito
administrativo, direito económico, direito fiscal, direito internacional público.
 Direito Constitucional - É o ramo do Direito que tem por objecto de estudo as
normas constitucionais, ou seja, os princípios e normas fundamentais da
estrutura política e organizativa do Estado, as liberdades e direitos fundamentais
dos cidadãos e as bases do ordenamento jurídico da sociedade. O Direito
Constitucional caracteriza-se por ter uma posição normativa hierarquicamente
superior aos outros ramos de Direito, porquanto: suas normas constituem uma

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lei superior que se fundamenta a si própria; suas normas são a fonte de produção
jurídica de outras normas (leis, regulamentos); todos os poderes públicos devem
actuar conforme às normas constitucionais.
 Direito Administrativo – É o ramo de Direito que tem por objecto de estudo o
sistema de normas jurídicas que regulam a organização e o processo de
actuação da Administração Pública e disciplinam as relações pelas quais ela
prossegue interesses colectivos, podendo usar para o efeito de iniciativas e do
privilégio da execução prévia.

4.2. Direito Privado

É aquele ramo do direito que regula as relações jurídicas dos cidadãos entre si, ou entre
os cidadãos e o Estado, em que o Estado actua sem o seu poder de autoridade, actua em
pé de igualdade com os cidadãos.
Pertencem ao ramo do Direito público, o Direito civil, direito comercial, direito do
trabalho, direito internacional privado.
Por exemplo:
O Estado pretende arrendar um imóvel a um particular, para nele instalar determinado
serviço.
O Estado pretende comprar um automóvel a um particular.
Aqui o Estado vai celebrar um contrato de arrendamento ou um contrato de compra e
venda, em pé de igualdade com o senhorio ou com o vendedor.
Portanto o Estado neste caso actua como se fosse um particular.

 Direito Civil – É o ramo de Direito que se ocupa dos preceitos que regulam as
relações entre simples particulares ou entre estes e o Estado ou outros entes
públicos desde que actuem desprovidos do iusimperium, sob o signo da Justiça.
O objecto de regulação do Direito Civil abarca não apenas as relações sociais de
carácter patrimonial (relações monetário-mercantis amparadas juridicamente)
mas também relações pessoais com certo conteúdo patrimonial (como os direitos
de autor) e mesmo relações pessoais puras (como os direitos ao nome e à
imagem). O Direito Civil, do qual se desprenderam diversos ramos do Direito,
fixa normas e institutos fundamentais que servem de referência ou assumem
carácter supletivo em relação aos demais ramos.
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 Direito Comercial – É o ramo de direito que tem por objecto de estudo as
normas que regulam os actos de comércio ou respeitantes ao seu exercício,
independentemente de os sujeitos serem ou não comerciantes. Costuma ser
encarado como sinónimo do Direito empresarial.

Exercício
a) Quais são os ramos de Direito, distinga-os.

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5. INTERPRETAÇÃO DA LEI

Interpretar a lei consiste na extracção do referido texto o exacto sentido e alcance das
respectivas normas.
Estas podem ser apresentadas nas seguintes formas; Autentica e Doutrinaria.

5.1. Interpretação autêntica

É a aquela que é realizada pelo próprio legislador, mediante uma lei igual ou de valor
superior à lei interpretada. A essa lei interpretada chama-se lei interpretativa (art. 13º
CC) e destina-se a interpretar uma lei anterior. A interpretação autêntica tem força
obrigatória ou seja, tem carácter vinculativo ainda que esteja errada, porque se a
interpretação proporcionada pela lei interpretativa é correcta, estar – se – a perante uma
interpretação correcta, ou seja, uma verdadeira interpretação.

5.1.2 Interpretação doutrinal


É aquela feita pelos juristas e pelos ju8risconsultos, na busca de precisão e explicação
do conteúdo e os fins da norma, através de parecer. Não tem força vinculativa, a sua
autoridade baseia – se na autoridade do eminente do respectivo parecer e a sua força de
persuasão nas razões que sustentam, podendo exercer uma influencia indirecta
relativamente à interpretação judicial e a interpretação autentica, apenas tem valor
persuasivo resultante do prestigio do interprete ou da coerência lógica da argumentação.
Podemos ainda entender que são realizadas pelos:
 Tribunais;
 Administração pública;
 Juristas;
 Particulares.

A interpretação doutrinal realizada pelos tribunais e pela Administração Pública, tem


força vinculativa, mas apenas em relação ao caso concreto sobre o qual é proferida a
decisão pelo tribunal.
Nos restantes casos não têm força obrigatória.
Em relação à interpretação feita pelos juristas, esta tem maior ou menor força
persuasiva, consoante maior ou menor for o prestígio do jurista.

17
6. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO

Prende-se com o problema das sucessões das leis no tempo. Os arts. 12º e 13º do CC,
contém os princípios gerais sobre a aplicação das leis no tempo no nosso ordenamento
jurídico.
A aplicação das leis no tempo consiste em determinar qual a lei aplicável a uma
determinada situação: se a lei antiga se a lei nova.
Art. 9º/1 do CC "A lei só dispõe para o futuro": princípio da não retroactiva (regra
geral) "ainda que lhe seja atribuída eficácia retroactiva" esta eficácia retroactiva é
atribuída pelo legislador" (direito transitório).
Por vezes é a lei nova que estabelece ela própria, regras destinadas a regular a sucessão
da lei. Tais regras fazem parte do Direito Transitório.
Por vezes nada estabelece.
Por exemplo:
A alugou verbalmente um veículo a B, numa data em que para tal a lei não exigia
documentos escritos.
Entretanto entrou em vigor uma nova lei, que faz depender a validade desses contratos
da respectiva redução a escrito.
O referido aluguer deverá ser considerado válido por se lhe dever aplicar a lei velha ou
não será, por dever aplicar-se a lei nova?
Nos termos do art. 13.º do CC a lei interpretativa é retroactiva, ressalvando-se, no
entanto, os efeitos já produzidos:
 Pelo cumprimento da obrigação;
 Pela sentença transitada em julgado.

6.1. Prazos (art. 297.º CC)

Aos prazos que já estiverem a decorrer aplica-se de imediato a lei nova, quer estabeleça
um prazo mais curto quer estabeleça um prazo mais longo.
(ver art. 297º/1/2 CC).
N.º1 do art.º 297.º - exemplo: a lei estabelece um prazo mais curto.
A Lei Velha, que tinha entrado em vigor em 1996, fixava um prazo de 10 anos, a Lei
Nova, que entrou em vigor em 1999, vem fixar um prazo mais curto, passando de 10
para 5 anos.

18
  
N.º 2- do art.º 297.º - exemplo: a lei nova vem fixar um prazo mais longo.
A lei antiga previa um prazo de 4 anos. A lei nova, que entrou em vigor em 1999 prevê,
um prazo mais longo de 6 anos. Estava a decorrer um prazo ao abrigo da lei antiga
desde 1996 quando termina.

6.2. Definição de retroactividade

Doutrina dos direitos adquiridos


A lei deveria respeitar os direitos já adquiridos, sob pena de retroactividade.

Doutrina do facto passado


A lei não deveria se aplicar a factos passados antes da sua entrada em vigor, sob pena de
retroactividade, só se aplicando a factos futuros e seus efeitos.
Na teoria do facto passado, surgem dois tipos de leis:

 As que dispõem sobre os efeitos ou sobre os requisitos de validade de quaisquer


factos. Estas só se aplicam aos factos novos;
 E aquelas que dispõem sobre o conteúdo de certas relações jurídicas e o
modelam sem olhar aos factos que a tais situações deram origem. Estas aplicam-
se a situações jurídicas constituídas antes da lei nova, mas subsistentes ou em
curso à data da sua entrada em vigor.

6.3. Retroactividade

Três graus:
 Grau máximo

Seria aquela em que a lei nova nem sequer respeitasse as situações definitivamente
decididas por sentença transitada em julgado. (não respeitaria as "causaefinitae")
 Grau intermédio

Aquela retroactividade que, respeitando as "causaefinitae" não respeitaria os efeitos de


direito já produzidos pela situação jurídica sob a lei antiga

19
 Retroactividade normal

Aquela que respeita os efeitos de direito já produzidos pela situação jurídica sob a lei
antiga.

 Retroactividade in mitius

Em matéria de lei penal, aplicam-se retroactivamente as leis penais de conteúdo mais


favorável ao arguído.

6.4. Disposições transitórias


6.4.1. De carácter formal

Aquelas disposições que se limitam a determinar qual das leis, a lei nova ou a lei antiga
é aplicável a determinadas situações.

6.4.2. De carácter material

Aquelas que estabelecem uma regulamentação própria, não coíncidente nem com a lei
antiga, nem com a lei nova, para certas situações que se encontram na fronteira entre as
duas leis.
Destinam-se a adaptar o regime da lei nova a situações existentes no momento da sua
entrada em vigor.

6.5. Definição de retroactividade

Doutrina dos direitos adquiridos


A lei deveria respeitar os direitos já adquiridos, sob pena de retroactividade.

Doutrina do facto passado


A lei não deveria se aplicar a factos passados antes da sua entrada em vigor, sob pena de
retroactividade, só se aplicando a factos futuros e seus efeitos.
Na teoria do facto passado, surgem dois tipos de leis:

 As que dispõem sobre os efeitos ou sobre os requisitos de validade de quaisquer


factos. Estas só se aplicam aos factos novos;
20
 E aquelas que dispõem sobre o conteúdo de certas relações jurídicas e o
modelam sem olhar aos factos que a tais situações deram origem. Estas aplicam-
se a situações jurídicas constituídas antes da lei nova, mas subsistentes ou em
curso à data da sua entrada em vigor.

Exercícios
a) Explique a aplicação da lei no tempo

b) Explique o princípio da retroactividade e de um exemplo prático.

21
7. APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO

Cada Estado tem a sua própria ordem jurídica.


Muitas vezes as relações jurídicas estão em conexão com várias ordens jurídicas, e por
vezes é necessário determinar qual a lei a aplicar no território nacional. Estamos aqui
perante um problema de conflito de leis no espaço.
Por exemplo: um português casa em França com uma inglesa que vão fixar o seu
domicílio em Espanha, onde têm todos os bens.
O português morre em Espanha.
Qual é a lei substantiva aplicável. Pelo Tribunal Português? Aplica-se a lei da sua
nacionalidade? A lei do lugar do óbito? A lei do lugar dos bens?
Como se vê estão aqui em conexão 4 ordenamentos jurídicos:
- O português;
- O francês;
- O inglês;
- E o espanhol.
Muitas vezes os Estados não aplicam exclusivamente o seu Direito interno no seu
espaço e têm por vezes aplicar nos seus tribunais as leis de outros Estados.
As regulações destas situações estão previstas nos arts. 15º a 65º do CC.
Na aplicação das leis tributárias no espaço vigora de pleno, o princípio da
territorialidade, ou seja, aplica-se sempre a lei fiscal interna.

Exercício
1. Betinho, cidadão Moçambicano, com recurso a uma arma branca, na cidade de
Johannesburg, roubou uma viatura ao cidadão Tai Long de Nacionalidade
Chinesa, disferindo – lhe graves golpes na barriga. Na tentativa de por – se em
fuga é interceptado pela policia Sul-africana. QuidJuris?

22
8. FEITURA DAS LEIS
8.1. Fases

O processo legislativo de elaboração das leis compreende as seguintes fases:


 Elaboração;
 Aprovação;
 Promulgação;
 Publicação;
 Entrada em vigor.

8.2. Elaboração

Em primeiro lugar há que elaborar o texto da lei.


Na Assembleia da República, a elaboração e aprovação da lei obedece a certas
formalidades que estão reguladas e previstas na constituição.
Só pode iniciar o processo legislativo, quem tiver competência de iniciativa legislativa:
"A iniciativa da lei compete aos Deputados, aos grupos parlamentares e ao Governo....
A seguir à elaboração segue-se a discussão e votação.
A elaboração e votação dos decretos-lei e dos decretos regulamentares por parte do
Governo é informal.

8.3. Aprovação

Aprovação das leis por maioria na Assembleia da República e os decretos-leis por


maioria em Conselho de Ministros.

8.4. Promulgação

As leis, os decretos-leis e os decretos regulamentares carecem de promulgação do


Presidente da República.
A falta de promulgação determina a inexistência do acto.
A promulgaçãoé o acto pela qual o Presidente da República atesta solenemente a
existência da norma e intimida à sua observância.

23
8.5. Publicação

A lei para poder ser aplicada tem que ser conhecida e para ser conhecida tem que ser
publicada e a sua publicação faz-se no Boletim da República.
Com a publicação, a lei passa a ser obrigatória, isto não significa que ela seja desde logo
aplicável, há ainda a necessidade de estabelecer o começo da sua vigência.

8.6. Entrada em vigor

Depois da lei ser publicada no Boletim da República para a sua entrada em vigor, existe
um espaço de tempo. O número 2 do art. 5º CC, dispõe o seguinte:
"Entre a publicação e a vigência da lei decorrerá o tempo que a própria lei fixar ou, na
falta de fixação, o que for determinado em legislação especial."
A este tempo que medeia entre a publicação e a entrada em vigor da lei, chama-se
"VacatioLegis". O artigo 5, nº 2 do código civil, dispõe que “entre a publicação e a
vigência da lei decorrerá o tempo que a própria lei fixar ou, na falta de fixação, o que
for determinado em legislação especial.
Por exemplo:
O Boletim da República distribuído hoje tem a data de hoje, os diplomas nele
publicados têm a data de hoje que corresponde à data da publicação.
Assim, se uma lei publicada no Boletim da República de hoje fixar uma data para entrar
em vigor, por exemplo, esta lei entra em vigor no dia 30/10/12.
Será nessa data que essa lei entrara em vigor.
Se uma lei também publicada no Boletim da República de hoje não fixar a data de sua
entrada em vigor existem prazos previstos por lei para que esta lei entre em vigor.

24
7. CESSAÇÃO DA VIGÊNCIA DAS LEIS
A lei mantém-se em vigor até que algo a faça cessar a sua vigência.Esta matéria é
tratada no art. 7º do CC.
A lei pode deixar de vigorar por:
 Caducidade;
 Revogação.

Outra realidade diferente e que não põe termo à vigência da lei, é a suspensão de
vigência de lei, ou seja, a lei suspensa continua a existir na ordem jurídica, só que não
produz quaisquer efeitos.

7.1. CADUCIDADE
Consiste no termo de vigência da lei em consequência de um facto superveniente, que
pode ser a própria lei prever uma data de cessação de vigência, ou um prazo de duração
(leis temporárias).
Ou ainda pelo desaparecimento definitivo da realidade a que a lei se aplicava. Como por
exemplo se desaparecesse completamente as espécies cinegéticas no nosso país, a lei da
caça deixava de vigorar.

7.2. REVOGAÇÃO
Consiste no termo da vigência da lei em consequência da entrada em vigor de uma lei
nova de valor hierárquico igual ou superior.
A revogação pode ser:

 Revogação expressa

Quando a lei nova declara quais os preceitos que deixam de vigorar. Por exemplo
quando a lei nova diz que são revogados ou os artigos de uma lei ou decreto-lei, e
quando a lei nova diz que determinado diploma é revogado.

 Revogação tácita

É quando a lei nova é incompatível com a lei anterior, neste caso prevalece a lei
posterior. Cabe ao interprete a descoberta dessa incompatibilidade. Por exemplo:

25
posteriormente a uma lei que estabelece um prazo de 5 anos propor certa acção, é
publicada outra lei fixando para o mesmo efeito, o prazo de três anos.
Uma Lei pode ser:
-Inexistente
-Nula
-Ineficaz

Exercício

a) Faledo processo de feitura das leis.

b) Oque entende por vacatiolegis?

c) Quando é que uma lei deixa de vigorar?

26
8. O DIREITO E A CONSTITUIÇÃO

8.1. Noção de constituição

A Constituição define-se como “lei fundamental do Estado, que fixa os princípios da


organização política e da ordem jurídica em geral, e ainda os direitos e deveres
fundamentais dos cidadãos”, ou que contém o conjunto de regras de Direito escritas,
que se situam acima e condicionam o poder de revisão constitucional, as funções
política e legislativa e as funções jurisdicional e administrativa.
Podemos entender a Constituição como a lei fundamental do Estado, a lei-mãe, a lei das
leis; é a lei suprema que regula a base económica do Estado, as formas de propriedade e
o sistema de economia, a forma de governo e os principais fundamentais da organização
e actividade dos órgãos do Estado, os direitos fundamentais dos cidadãos e as garantias
de salvaguarda da própria lei fundamental.
É uma lei superior que recolhe o fundamento da sua validade em si própria (princípio de
auto-primazia organizativa); é uma norma de normas, a fonte primária de produção de
normas jurídicas.
Todos os actos do poder Político e todas as demais normas jurídicas (normas
infraconstitucionais) devem estar em conformidade com as normas e princípios
constitucionais.
A constituição pode ser vista em:

 Sentido formal - aquela que contém regras produzidas e revistas através de


processo de solenidade excelsa em relação ao usado para a elaboração de uma
lei de valor inferior, na respectiva Hierarquia. Ex: quando se diz que a
constituição proíbe as penas e medidas de segurança privativas da liberdade com
caracter perpétuo ou de duração ilimitada ou indefinida, esta a referir-se ao nº 1
do artigo 61, uma das regras da constituição formal.
A constituição formal é sempre escrita, integra-se normalmente no rol das
chamadas constituições rígidas, dado que a sua modificação respeita a um
processo legislativo mais moroso e diferente adoptado para o comum das leis.

27
 Constituição em sentido material - uma das suas partes contendo matérias
mais importantes sobre a definição e organização do estado, quais sejam, as
normas do Direito sobre definição do Estado, seus fins e objectivos, e do povo, a
delimitação e divisão territorial, a organização do poder político- incluindo os
seus órgãos, bem como forma de designação dos respectivos titulares, a sua
composição, competência, as suas inter-relacções, a sua atuacção e formas de
controlo- e as modalidades de cumprimento da constituição pelo próprio poder
político estatal.

 Constituição em sentido instrumental – próprio texto ou instrumento, e que a


mesma se corporiza. Quando se diz que está a venda na Imprensa Nacional uma
edição da Constituição de 2004, está a referir-se a constituição em sentido
instrumental.

9. História da Constituição Moçambicana

Moçambique, durante o colonialismo observou-se sob a alçada de constituições


Monárquicas e Republicanas Portuguesas. A primeira Constituição de Moçambique
independente passou de um órgão não estatal para o Estado. A constituição de 1975
inspirou-se nos princípios ideológicos que estiveram na base da revolução
Moçambicana que ditou a independência do país. Com a constituição de 1975 o nosso
Estado é definido como República Popular de Moçambique. A constituição de 1990
define Moçambique como um estado independente, soberano, unitário, democrático e
de justiça social, e introduziu-se o Estado de Direito Democrático, baseado na separação
e interdependência de poderes do estado e no pluralismo que vem reafirmado na
constituição de 2004.
Na constituição de 2004 cujo preâmbulo refere-se a reafirmação, desenvolvimento e
aprofundamento dos princípios fundamentais do Estado e no pluralismo de expressão,
organização partidária e no respeito as garantias dos direitos e liberdades fundamentais
dos cidadãos. Nesta constituição a concentração dos poderes apresenta-se mais
atenuada.

28
Em Moçambique segundo o artigo 293º da CRM, a Constituição deve ser revista em
princípio de 5 à 5 anos depois da entrada em vigor da última lei de revisão, e as suas
alterações por um certo número de deputados, salvo deliberação no sentido de assunção
de poderes extraordinários de revisão, aprovada por maioria de três quartos dos
deputados da assembleia.

Exercício
a) Defina Constituição

b) Distinga a Constituição em sentido formal do sentido material

c) Fale da história da nossa Constituição

29
10. O ESTADO E O DIREITO

Historicamente e ontologicamente, a família é anterior ao Estado, sendo até ao primeiro


agregado que se constituiu em primeira forma do exercício do poder, na concepção
romanista da família que é caracterizada pela obediência ao “pater”. A medida que se
foram desenvolvendo as sociedades, as suas funções tornaram-se cada vez mais
complexas e exigindo a participação de uma outra entidade superior que nos nossos dias
Chama-se “Estado”, e assim “onde existirem homens haverá Direito”
O estudo da relação entre o Estado e Direito tem merecido espaço em vários escritos
doutrinários, seguindo duas principais correntes: Normativista e a Marxista.

 Doutrina normativista (Representada por Kelsen):


O Estado constitui a personificação da totalidade das suas leis, desse modo,
identificando-se com o próprio Direito.
Críticas:
O estado é titular de direitos públicos e privados, Sujeito de obrigações.

 Doutrina marxista
O estado é um aparelho de coacção da classe economicamente dominante
(capitalista) sobre o proletariado.
é uma mera supra-estrutura política que protege e perspectiva uma determinada
estrutura económica e social
Deixará de existir quando deixarem de existir as classes e portanto a opressão de
uma sobre a outra
Críticas:
Põe em causa a lei da dialéctica, segundo a qual nada é definitivo.
Recusa uma ulterior reforma social, tende para a estagnação, a realidade,
evidência um fracasso da teoria.

Em suma, o Estado é um órgão organizadopolítica, social e juridicamente, ocupando


um território definido, normalmente onde a lei máxima é uma constituiçãoescrita, e
dirigida por um governo que possui soberania reconhecida tanto interna como
externamente. Um Estado soberano é sintetizado pela máxima "Um governo, um povo,
um território".

30
10.1. Elementos do Estado

Povo – é um conjunto de indivíduos ligados a um determinado Estado pelo liame


Jurídico de nacionalidade de cada Estado, vínculo atribuído a cada um daqueles pelos
critérios de “iusSanguinis ou iussoli”. No critério a nacionalidade atribui-se em razão
de laços de sangue ou de filiação relativamente a nacionais de certo Estado. Pelo
segundo critério- iussoli- é atribuída em função do local de nascimento.

Território- é a área de jurisdição de um determinado Estado, ou seja, o espaço onde


este exerce o seu poder soberano sobre a comunidade nele existente.

O território é constituído por:solo e subsolo- território terrestre- o espaço aéreo- e o


mar territorial.
A CRM no nº1 do artigo 6, estabelece que “O território da República de Moçambique é
uno, indivisível e inalienável, abrangendo toda a superfície terrestre, a zona marítima e
o espaço aéreo delimitados pelas fronteiras nacionais”.

Poder Político- ao povo fixado num território, de que é dono, institui dentro do mesmo
por autoridade própria, órgãos tendentes a conceber e manifestar uma vontade
imputável ao Estado com a qual exercem, com relativa autonomia, a jurisdição
relativamente ao referido território, nele criando e executando normas jurídicas
essenciais à vida colectiva, usando quando necessário os meios de coação apropriados.

Exercício
a) Qual é a relação entre a Constituição e o Estado?

b) Distinga a doutrina normativista da marxista

c) Defina Estado

d) Qual é a função do Estado

e) Quais são os elementos do Estado?

31
11. ORGÃOS DE SOBERANIA

São chamados órgãos de soberania nos termos do artigo 133º da CRM, o Presidente da
República, a Assembleia da República, o Governo, os Tribunais e o Conselho
Constitucional. Os mesmos assentam nos princípios de separação e independência de
poderes consagrados na Constituição e devem obediência à Constituição e as leis.
(artigo 134º CRM).

11.1. Presidente da República

Presidente da República- é o Chefe do Estado, simboliza a unidade nacional,


representa a nação no plano interno e internacional e zela pelo funcionamento correcto
dos órgãos do Estado. Chefe do Estado é o garante da Constituição.

11.2. Assembleia da República

É a assembleia representativa de todos cidadãos moçambicanos e o deputado representa


todo o país e não apenas o círculo pelo qual é eleito (art.168º). É o mais alto órgão
legislativo na República de Moçambique, competindo-lhe determinar as normas que
regem o funcionamento do Estado e a vida económica e social através de leis e
deliberações de caráctergenérico(art.169), para além de legislar sobre as questões
básicas da política interna e externa do pais e praticar os demais actos da sua excelência
nos termos do art.179 CRM.

11.3. Governo
É designado a instância máxima de administração executiva, geralmente reconhecida
como a liderança de um Estado ou uma nação. Os Estados que possuem tamanhos
variados podem ter vários níveis de Governo conforme a organização política daquele
país, como por exemplo o Governo local, regional e nacional.

32
11.4. Sistemas de Governo

Alguns dos sistemas de governo são:

Parlamentarismo – O chefe de Estado não é eleito pelo povo, não podendo por
conseguinte exercer livremente os poderes que lhe são atribuídos pela Constituição (só
os exerce a pedido do governo) por falta de legitimidade democrática; e o governo
responde politicamente perante o parlamento. O chefe de Estado não detém poderes
políticos de monta, desempenhando um papel principalmente cerimonial como símbolo
da continuidade do Estado.

Presidencialismo– A mesma pessoa é chefe de Governo e chefe de Estado. A base da


doutrina é a teoria da separação dos poderes desenvolvida por Montesquieu no livro O
Espírito das Leis (1748). Os poderes de Estado são independentes. O sistema é
exclusivo da república, onde o presidente é eleito por voto direto ou indireto.

Semi-presidencialismo – sistema de governo no qual o Chefe de Estado é eleito pelo


povo, recolhendo assim a legitimidade democrática necessária para exercer os poderes
relevantes que a Constituição lhe atribui; e o governo é responsável politicamente
perante o parlamento, em sentido estrito o parlamento pode, através de uma moção de
censura, forçar a demissão do Governo. Difere do parlamentarismo por apresentar um
chefe de Estado com prerrogativas que o tornam muito mais do que uma simples figura
protocolar ou mediador político; difere, também, do presidencialismo pelo facto de o
governo ser responsável perante o parlamento. Assim Duverger coloca a problemática
da definição do sistema de governo no plano da Constituição, é a partir desta que se
pode dizer qual o sistema de governo vigente num determinado país e não através da
observação do funcionamento prático dos sistemas.

Constitucionalismo – É como se denomina o movimento social, político e jurídico e até


mesmo ideológico, a partir do qual emergem das constituições nacionais. Em termos
genéricos e supra-nacionais, constituí-se a parte do estabelecimento das normas
fundamentais de um ordenamento jurídico de um Estado, localizadas no topo da
pirâmide normativa, ou seja, sua constituição.

33
Regimes Políticos

No mundo actual, a democracia tem sido um dos regimes mais exigidos pelo povo.

Alguns regimes:

Autoritarismo – É caracterizada pela ênfase na autoridade do Estado em uma república


ou união. É controlado por legisladores não eleitos que usualmente permitem algum
grau de liberdade individual. Pode ser definido como um comportamento em que uma
instituição ou pessoa se excede no exercício da autoridade de que lhe foi investida. Há o
abuso de poder e da autoridade, confundindo-se com o despotismo.

Democracia – O poder de tomar importantes decisões políticas está com os cidadãos


(povo), directa ou indirectamente, por meio de representantes eleitos — forma mais
usual. Uma democracia pode existir num sistema presidencialista ou parlamentarista,
republicano ou monárquico.

Despotismo – O governo é de um líder reconhecido pela população como salvador


carismático. O depostismo não depende de o governante ter condições de se sobrepor ao
povo, mas sim de o povo não ter condições de se expressar e auto-governar, deixando o
poder nas mãos de apenas um, por medo e/ou por não saber o que fazer. No
Despotismo, segundo Montesquieu, apenas um só governa, sem leis e sem regras,
arrebata tudo sob a sua vontade e seu capricho.

Ditadura – É um governo autoritário e antidemocrático. O ditador é considerado um


líder repressor.

Oligarquia – O poder político está concentrado num pequeno número de pessoas. Essas
pessoas podem distinguir-se pela nobreza, a riqueza, os laços familiares, empresas ou
poder militar. Estados em que tal acontece são muitas vezes controlados por poucas
famílias proeminentes que passam a sua influência ao longo de gerações.

Plutocracia– O poder é exercido pelas pessoas mais ricas.

Teocracia – As acções políticas, jurídicas e policiais são submetidas às normas de


alguma religião. O poder teocrático pode ser exercido direta ou indiretamente pelos
clérigos de uma religião: os governantes, juízes e demais autoridades podem ser os

34
próprios líderes religiosos ou podem ser cidadãos leigos submetidos ao controle dos
clérigos. Sua forma corrupta é também denominada clerocracia.

Tirania – O chefe governava com poder ilimitado, embora sem perder de vista que
devia representar a vontade do povo.

Totalitarismo – Geralmente, o Estado está normalmente sob o controle de uma única


pessoa, político, facção ou classe, não reconhece limites à sua autoridade e se esforça
para regulamentar todos os aspectos da vida pública e privada, sempre que possível. O
totalitarismo é caracterizado pela coincidência do autoritarismo (onde os cidadãos
comuns não têm participação significativa na tomada de decisão do Estado) e da
ideologia (um esquema generalizado de valores promulgado por meios institucionais
para orientar a maioria, senão todos os aspectos da vida pública e privada). Os regimes
ou movimentos totalitários mantêm o poder político através de uma propaganda
abrangente divulgada através dos meios de comunicação controlados pelo Estado, um
partido único que é muitas vezes marcado por culto de personalidade, o controle sobre a
economia, a regulação e restrição da expressão, a vigilância em massa e o disseminado
uso do terrorismo de Estado.

Exercício

a) Quais são órgãos de soberania de Moçambique?

b) Explique o funcionalismo de cada órgão de soberania

c) Distinga os sistemas de Governo e identifique o vigente em Moçambique

d) Identifique os regimes políticos e distinga dois a sua escolha.

35
12. Referencia Bibliográfica

 Legislação

Constituição da República de Moçambique, 2004.


Código Civil de Moçambique

 Doutrina

ABUDO, José Ibraimo; Introdução ao Estudo do Direito – volume II; Maputo, 2011
Mendes, João Castro, Introdução ao estudo de Direito, Lisboa, 1994.
NUNES, Rizzatto, Manual de introdução ao estudo do Direito,9ª edição. Editora
Saraiva.
TELLES, Inocêncio Galvão; Introdução ao Estudo do Direito – volume I; 11ª ed,
cimbra editora, 2010

36
ÍNDICE
1. NOÇÕES BÁSICAS DO CONCEITO DO DIREITO..........................................1

1.1. NATUREZA E HISTÓRIA DO DIREITO........................................................1

1.2. CONCEITO DE DIREITO.................................................................................2

1.3. EVOLUÇÃO DO DIREITO...............................................................................2

Exercícios......................................................................................................................3

2. DIREITO NATURAL E DIREITO POSITIVO....................................................4

2.1. NATUREZA SOCIAL DO HOMEM................................................................5

3. FONTES DO DIREITO.........................................................................................7

3.1. Fontes imediatas ou directas...............................................................................7

3.2. Fontes mediatas ou indirectas.............................................................................7

3.3. A Lei...................................................................................................................7

3.3.1. A lei em sentido amplo...................................................................................8

3.3.2. Já em sentido restrito ( lei propriamente dita )................................................8

3.4. O costume...........................................................................................................9

3.5. A jurisprudência................................................................................................10

3.6. A doutrina.........................................................................................................12

3.7. A equidade........................................................................................................12

3.8. A hierarquia das fontes.....................................................................................13

4. RAMOS DO DIREITO........................................................................................14

4.1. Direito Público..................................................................................................14

4.2. Direito Privado..................................................................................................15

5. INTERPRETAÇÃO DA LEI...............................................................................17

5.1. Interpretação autêntica......................................................................................17

6. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO....................................................................18

6.1. Prazos (art. 297.º CC).......................................................................................18

6.2. Definição de retroactividade.............................................................................19

37
6.3. Retroactividade.................................................................................................19

6.4. Disposições transitórias....................................................................................20

6.4.1. De carácter formal.........................................................................................20

6.5. Definição de retroactividade.............................................................................20

7. APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO..................................................................22

8. FEITURA DAS LEIS...........................................................................................23

8.1. Fases..................................................................................................................23

8.2. Elaboração........................................................................................................23

8.4. Promulgação.....................................................................................................23

8.5. Publicação.........................................................................................................24

8.6. Entrada em vigor...............................................................................................24

8. O DIREITO E A CONSTITUIÇÃO....................................................................27

8.1. Noção de constituição.......................................................................................27

9. História da Constituição Moçambicana................................................................28

10. O ESTADO E O DIREITO..............................................................................30

10.1. Elementos do Estado.....................................................................................31

11. ORGÃOS DE SOBERANIA............................................................................32

11.1. Presidente da República................................................................................32

11.2. Assembleia da República..............................................................................32

11.3. Governo.........................................................................................................32

11.4. Sistemas de Governo.....................................................................................33

Regimes Políticos........................................................................................................34

Exercício......................................................................................................................35

12. Bibliografia.......................................................................................................36

38

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