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PEMBA
1. NOÇÕES BÁSICAS DO CONCEITO DO DIREITO
1.1. NATUREZA E HISTÓRIA DO DIREITO
Ao estudar o direito como ciência, devemos naturalmente examinar sua definição, assim
como o lugar que ele ocupa no conjunto das ciências e a natureza de seu objecto. Tais
problemas pertencem ao campo da Epistemologia Jurídica.
Essa palavra tem sua origem num vocábulo do baixo latim: directum ou rectum, que
significa “direito” ou “recto”.
É visível que a etimologia dessas palavras encontra-se no termo latino jus (juris), que
significa “direito”.
Alguns preferem ver no vocábulo jus uma derivação de justum, isto é, aquilo que é justo
ou conforme à justiça. Como confirmação dessas hipóteses são indicados vocábulos de
uma tradição ainda mais antiga.
Jus, uma derivação da ideia de justiça ou de santidade (justum), o vocábulo do idioma
védico yós, que significa bom, santo, divino, de onde parece terem sido originadas as
expressões Zeus (Deus ou o pai dos deuses, no grego) e Jovis (Júpiter, no latim).
Evidentemente, textos de Direito Romano, define o direito como “a arte do bem e do
justo”, ou a jurisprudência como “o conhecimento das coisas divinas e humanas e a
ciência do justo e do injusto”.
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1.2. CONCEITO DE DIREITO
Pela experiencia, observação e intuição, todos temos uma noção empírica de Direito,
que é por vezes vivida a todos os momentos perante factos correntes e vulgares da vida.
Um Estado declara a guerra a outro por exemplo, ou envia – lhe o seu embaixador;
realizam – se conferências internacionais para a definição dum estatuto a que os povos,
nas suas relações para das fronteiras, devem viver submetidos.
Pratica – se um crime de homicídio, em que os órgãos de comunicação social dão larga
divulgação; há um alarme social, mais ou menos profundo conforme as circunstâncias
do crime. Reclama – se justiça e as entidades para tal competentes (Ministério Publico e
a Policia Judiciaria) poem – se em movimento a fim de descobrir o suspeito e ver se há
fundamentos para o acusar. Procede – se a investigação, seguindo – se todos tramites
legais até ao julgamento onde convence – se de que realmente o arguido é realmente
culpado e condena – o.
Temos a noção de que com o crime, foi violado o Direito e que todo este movimento de
movimentos e reacções se da em ordem a restauração do império da lei atingida pelo
criminoso.
O Direito traduz – se em normas de conduta social, preceitos que regulam, com carácter
de generalidade, a convivência dos homens em sociedade, mediante a imposição de
acções e abstenções. Este diz o que se deve fazer e o que não se deve fazer;
consequentemente, por exclusão das partes, o que se pode praticar.
Em suma podemos entender o Direitocomo um conjunto de princípios ou normas de
conduta social, assistidas de protecção coactiva quando necessário, que se destinam a
regular situações/factos ocorridos na vida social, cuja regulação se efectua de acordo
com determinados valores, em especial a justiça, sendo esta o principal objectivo ou
finalidade do Direito.
Exercícios
a) Conceitualize Direito
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2. DIREITO NATURAL E DIREITO POSITIVO
O direito Natural serve de modelo do direito positivo, que e o constituído pelas leis
vigentes publicadas para organizar a sociedade, bem como manter a pacifica
convivência dos respectivos componentes. Procura-se na verdade, criar o direito
positivo para atingir os fins de justiça, mas sem sucesso de relevo. Por mais que se
pugne pela perfeição na criação das leis, publicam-se leis que são contrárias ao bem
comum, que são injustas, que não realizam verdadeum fim de paz social.
O Direito Positivo compreende o conjunto de regras jurídicas em vigor num país
determinado e numa determinada época. É o Direito histórica e objectivamente
estabelecido, encontrado em leis, códigos, tratados internacionais, decretos,
regulamentos, costumes, etc.; é o Direito cuja existência não é contestada por ninguém.
Entre o direito positivo e o direito natural existe uma larga medida de coincidência e
não relações de indiferença, não obstante a existência de relações de conflito
motivadoras de problemas á consciência individual, como acontecia durante a
escravatura. Nessa altura, a instituição de direito positivo, dado que se o escravo fugisse
era perseguido, com a punição de quem aparecesse a ajuda-lo. Toda via nos dias de
hoje, estamos todos acordados que tal Direito não devia vigorar, porque revela-se
contraria ao direito natural. Por isso, JOSE DE OLIVEIRA ASCENSAO defende que o
direito natural e direito porque é direito positivo, uma vez que direito é a ordem válida
da sociedade, e o direito positivo e direito valido, já que não há direito sem validade.
O Direito Natural, para os que aceitam a sua existência, é aquele que não se
consubstancia em regras impostas ao indivíduo pelo Estado, mas de uma lei anterior e
superior ao Direito Positivo, que se impõe a todos os povos pela própria força dos
princípios supremos dos quais resulta, constituídos pela própria natureza e não pela
criação dos homens, como, por exemplo, o direito de reproduzir, o direito de viver etc.
Desta feita, o Direito Positivo, é o direito que depende da vontade humana, enquanto o
Direito Natural, é o que independe do acto de vontade, por reflectir exigências sociais
da natureza humana, comuns a todos os homens.
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2.1. NATUREZA SOCIAL DO HOMEM
Com base em varias obras, autores e estudos sabe – se que desde muito tempo, o
homem nunca viveu isolado. Sempre viveu instintivamente em comunidade com os seus
semelhantes, integrado em grupo organizado, denominado sociedade chamada
sociedade humana. E mesmo que tal instinto igualmente exista em demais seres vivos,
não se exclui a verdade das sociedades humanas se mostrarem dotadas de caracteres
resultantes da inteligência dos respectivos componentes, que nitidamente as diferenciam
das outras sociedades animais.
Fenómeno este discutida por THOMAS HOBBES E JEAN JACQUES ROSSEAU,
defendendo a existência de uma “vida pré-social do homem”, que apelidaram de estado
de natureza, na qual os homens viveram isolados, ou seja, não integrados em sociedade
mas divergindo, em seguida, já que o primeiro defendeu que no referido estado da
natureza o homem permaneceu como mau (homo homini lúpus, belumomnium contra
omnes), e a sociedade surgiu para curar essa maldade.
Para o segundo, o referido estado veio a cessar, dando lugar ao estado de sociedade, que
e retratada no acordo ou contrato social, como obra humana, que visa a eliminação dos
conflitos entre os homens. ROSSEAU entendia na altura, que o homem nascera livre e
por toda a parte estava a ferros. Julgavam-se alguns donos dos outros, sem que por isso
deixassem de ser mais fracos que eles. Todavia ele não sabia como se dera aquela
mudança nem quem a poderia legitimá-la. Porem, considera-se só a força e o efeito que
produzia, diria: enquanto um povo se vê forçado a obedecer, faz bem se obedece. Logo
que pode sacudir o jogo, se o sacode procede melhor, pois readquirindo a sua liberdade
pelo mesmo direito com que lha tiraram…Mas a ordem social e um direito sagrado, que
serve de base a todos os outros. Contudo, este direito não vem da natureza, funda-se
portanto em convenções. Do que se conclui, portanto que, segundo este teórico, o
homem que é naturalmente bom, gozara no estado da natureza de grande felicidade, mas
dada a generalização de arbitrariedades e dependências injustas, após a geração do
poder político por iniciativa dos mais fortes ou engenhosos, corrompeu-se a sua
primitiva essência de bom sauvage. Pelo contrato social os indivíduos associaram-se
com a obrigação de viverem conjuntamente, e respeitando-se mutuamente, e dai
resultou o nascimento das sociedades organizadas.
Destacando – se assim duas teses fundamentais; a tese naturalista e a contractualista,
onde por sua vez, a tese Naturalista, baseia-se na Ordem e defende que o Homem é um
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ser “naturalmente social”, dizendo que ao Homem dada a sua natureza não lhe é
possível desenvolver totalmente as suas capacidades se não se envolver em relação com
os outros Homens. Os Naturalistas acreditam que onde existe o Homem, existe
sociedade – Ubi homo, ibisocietas – pois o Homem mais que um ser social é um ser que
nasce na e da sociedade e que vive na sociedade, para a sociedade e em função dela. A
palavra sociedade provém do latim socius que significa aliado ou o que auxilia.
A concepção naturalista tem como base a noção de ordem, a qual segundo uma
perspectiva de Acção Social leva à prática de certos hábitos para se “estar em ordem”, o
que nos leva à formulação de leis e normas.
No entanto, a tese Contratualista, tem como ponto comum um estado pré – social, onde
o Homem vive livre, afirmando que o Homem é um ser isolado que forma sociedade
através de um acordo de vontades, de modo a poder salvaguardar os seus interesses, esta
possui várias teorias de diversos autores, sendo que todas elas partem do princípio de
que o Homem passa por um estado pré-social, o Estado da Natureza, e que através do
Contrato Social passa, então ao Estado de Sociedade.
Exercício
a) Distingue Direito natural do Direito Positivo.
b) Quais são os principais traços que diferenciam a teoria jusnaturalista da teoria
jus contratualista referentes a sociabilidade do Homem?
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3. FONTES DO DIREITO
O Código Civil estabelece nos artigos 1.º a 4.º disposição sobre as fontes do direito e
considera a lei como única fonte imediata do direito em contraposição aos usos (art.º 3º)
e equidade (artº4º) cuja força vinculativa provém da lei, ou seja, os usos e equidade só
têm relevância jurídica, quando a lei o determine.
Portanto, temos:
- A lei como fonte imediata do direito;
- Os usos e a equidade são fontes mediatas do Direito ;
São fontes que tem força vinculativa própria, sendo desse modo os verdadeiros modos
de produção do direito, ou, são fontes que criam normas jurídicas, como é o caso das
Leis, que não si fundam em qualquer outra fonte para se revelar.
São aquelas que não tem força vinculativa própria, não criam normas jurídicas, mas não
deixam de ser importantes pela forma como influenciam o processo de formação e
revelação das normas jurídicas e contribuem para a sua formação. Ex: Usos e costume,
Doutrina, Equidade.
3.3. A Lei
"Lei é uma regra geral, que, emanando de autoridade (estadual) competente, é imposta,
coactivamente, à obediência de todos". Com efeito, ela caracteriza-se por ser um
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conjunto de normas dotadas de generalidade, isto é, que se dirigem a todos os membros
da colectividade, sem exclusão de ninguém. A lei é ainda provida de coacção, com o
objectivo tornar induzir os indivíduos a não violar os seus preceitos. Regra jurídica sem
coacção, disse Jhering, é uma contradição em si, um fogo que não queima, uma luz que
não ilumina.
A mais importante das Leis é a Constituição, que contém as normas jurídicas superiores,
às quais se subordinam as normas contidas em leis e outros actos legislativos e
normativos.
É considerada uma fonte imediata do direito, e para alguns autores ela é a única fonte
imediata admissível, para outros autores e, ao lado da Lei, o costume também é fonte
imediata do direito.
No entanto, o art. 1º do CC acolhe a LEI como a única fonte imediata do Direito.
Portanto a lei como fonte imediata do direito, cria normas jurídicas, com carácter
vinculativo emanadas do órgão doptado de competência legislativa.
Refere-se a qualquer diploma que consagre normas jurídicas emanadas dos órgãos
estaduais competentes, pela Assembleia da República, Governo, Assembleia legislativa
regional, as Assembleias Municipais, freguesias, ou seja, leis, decretos-lei,
regulamentos, portarias, decretos legislativos regionais e posturas.
Resumindo, a lei em sentido amplo abrange todos os diplomas que consagram normas
jurídicas.
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3.4. O costume
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Costume secundumlegem (segundo a lei)
Este reconhece a sua eficácia obrigatória. A lei se reporta expressamente a ele
reconhecendo sua obrigação.
O código Civil Moçambicano exclui o costume como fonte imediata de direito e nem
sequer o reconhece como meio de integração das lacunas da lei, entretanto, o legislador
apenas admitiu que os usos tinham relevância jurídica quando a lei para ele remete e
portanto nunca contra a lei- fonte mediata de Direito (art. 3º/1 CC).
3.5. A jurisprudência
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Para que a Jurisprudência constituísse fonte imediata do Direito era necessário que
criasse Direito através da orientação seguida pelos tribunais nas decisões de casos
concretos e individuais para que vinculasse todos os outros tribunais a julgarem de igual
modo situações idênticas.
Na verdade, não vigora a regra do precedente, ou seja, a decisão proferida por um
tribunal não vincula o próprio tribunal, nem os demais tribunais aquando do julgamento
de casos futuros semelhantes.
Em suma, conjunto de regras gerais e orientações que se retira m das decisões judiciais
emanadas dos tribunais da mais alta hierarquia para efeitos de consideração no
julgamento de casos semelhantes submetidos a outros tribunais de igual ou menor nível.
As decisões dos tribunais só vinculam o caso concreto sobre o qual é proferido a
decisão do tribunal.
Os tribunais apenas estão sujeitos à Constituição e à Lei. (art. 203ºCRP e art. 8ºCC.).
Excepcionalmente existem decisões do Tribunal Constitucional com força obrigatória
geral que criam Direito, são situações em que o tribunal constitucional aprecia e declara
a inconstitucionalidade ou ilegalidade de certas normas, com força obrigatória geral (art.
281º e 282º CRP).
Os juízes são independentes e não têm que decidir como eles próprios ou outros o
fizeram anteriormente.
Os Tribunais de instância inferior não têm que julgar em conformidade com decisões de
instâncias superiores.
Apenas em caso de recurso (reapreciação da decisão judicial por outro tribunal
hierarquicamente superior) é que a decisão proferida pelo tribunal superior vincula face
à decisão recorrida, não valendo já para outros casos semelhantes.
É de salientar, que há uma hierarquia judiciária: juízes superiores e inferiores, mas
deve-se ter em atenção, que esta hierarquia difere da hierarquia administrativa. A
hierarquia administrativa traduz-se no poder dos superiores darem ordens aos inferiores,
o que tal não acontece na hierarquia judiciária, justamente pela aplicação do princípio
da independência dos juízes.
Com efeito, as sentenças ou acórdãos dos tribunais superiores sobre determinados casos
servem de referência no julgamento de casos idênticos, contribuindo para uma
interpretação e aplicação uniformes (ou tendencialmente uniformes) das normas
jurídicas.
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No entanto a jurisprudência desempenha um papel importante, sobretudo a proveniente
dos tribunais superiores, em que os acórdãos têm um peso efectivo nas decisões futuras,
muitas das vezes são referidos ou citados, quando se entende que o novo caso sob
judicio é análogo ao que foi decidido por um desses acórdãos. Em todo o caso não
vinculam os tribunais, mas contribuem para aquilo que se chama a jurisprudência
uniformizada, a fim de se atingir maior segurança nas decisões e evitar desperdício da
actividade jurisprudêncial em casos semelhantes.
3.6. A doutrina
3.7. A equidade
A equidade significa uso da imparcialidade para reconhecer o direito de cada um. É uma
forma justa da aplicação do Direito, porque é adaptada a regra, a uma situação existente
onde são observados os critérios de igualdade e de Justiça. A equidade não só interpreta
a lei, como evita que a aplicação possa prejudicar alguns indivíduos já que toda a
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interpretação da justiça deve tender para o justo, para a medida do possível,
suplementando a lei e preenchendo os vazios encontrados na mesma. O uso da equidade
leva em conta a moral social vigente, o regime político do Estado e os princípios gerais
do Direito. A equidade completa o que a justiça não alcança, fazendo com que a
aplicação das leis não se tornem muito rígidas onde poderia prejudicar alguns casos
específicos onde a lei não alcança.
A hierarquia das leis prende-se com o facto de que nem todas as normas têm o mesmo
valor jurídico. As leis estão escalonadas hierarquicamente.
Assim as normas de hierarquia superior prevalecem sobre as normas de hierarquia
inferior.
Pode – se dar o caso de uma norma de hierarquia inferior contrariar uma norma de
hierarquia superior poderá ser considerada inconstitucional ou ilegal, consoante
contrarie, respectivamente a constituição da República Portuguesa ou qualquer outra lei.
As leis especiais prevalecem sobre as leis gerais.
A hierarquia das leis respeita a hierarquia dos órgãos de que são emanados.
A hierarquia das leis tem a seguinte configuração em forma de pirâmide:
Leis constitucionais
Leis constitucionais editadas pelo legislador constituinte originário
Leis constitucionais editadas pelo poder constituinte de revisão
Leis constitucionais mediatas
Leis ordinárias
Leis e decretos-leis
Decretos legislativos regionais
Regulamentos
Exercícios
a) O que são fontes de Direito?
b) Quais são as fontes de Direito que conhecer?
c) Indique duas diferenças entre o costume e a lei.
d) Qual a principal fonte de direito no nosso ordenamento jurídico Moçambicano?
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4. RAMOS DO DIREITO
O Direito evolui em função das mudanças sociais, seja à escala de cada país, seja a nível
mundial. Em virtude dessa evolução, o Direito torna-se cada vez mais complexo e
alguns dos seus segmentos tendem a especializar-se e a ganhar autonomia relativa. É
assim que, ao longo dos anos, têm surgido, no seio do Direito, e em relação a vários
domínios da vida social, vários ramos de direito ou disciplinas jurídicas.
Ramos de Direito são, pois, disciplinas de especialização do Direito, que se ocupam das
formas de regulação de determinados aspectos da vida societária através de normas
jurídicas próprias e servindo-se de princípios, métodos e processos adequados. Os
diferentes ramos de Direito surgem em virtude da necessidade de o Direito se
especializar de modo a regular de forma eficaz os novos problemas e fenómenos da vida
societária que vão surgindo, por vezes com grande complexidade. Assim, os diferentes
segmentos ou domínios de regulação do Direito tendem a ganhar relativa autonomia,
apresentando-se como disciplinas ou ramos específicos dentro da Ciência Jurídica.
É aquele ramo do direito que regula as relações jurídicas entre o Estado e os cidadãos,
em que o Estado intervém com o seu poder de autoridade, ou poder soberano.
Exemplo: quando o Estado cria os impostos intervém munido do seu poder de
autoridade.
Pertencem ao ramo do Direito público, o Direito constitucional, direito penal, direito
administrativo, direito económico, direito fiscal, direito internacional público.
Direito Constitucional - É o ramo do Direito que tem por objecto de estudo as
normas constitucionais, ou seja, os princípios e normas fundamentais da
estrutura política e organizativa do Estado, as liberdades e direitos fundamentais
dos cidadãos e as bases do ordenamento jurídico da sociedade. O Direito
Constitucional caracteriza-se por ter uma posição normativa hierarquicamente
superior aos outros ramos de Direito, porquanto: suas normas constituem uma
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lei superior que se fundamenta a si própria; suas normas são a fonte de produção
jurídica de outras normas (leis, regulamentos); todos os poderes públicos devem
actuar conforme às normas constitucionais.
Direito Administrativo – É o ramo de Direito que tem por objecto de estudo o
sistema de normas jurídicas que regulam a organização e o processo de
actuação da Administração Pública e disciplinam as relações pelas quais ela
prossegue interesses colectivos, podendo usar para o efeito de iniciativas e do
privilégio da execução prévia.
É aquele ramo do direito que regula as relações jurídicas dos cidadãos entre si, ou entre
os cidadãos e o Estado, em que o Estado actua sem o seu poder de autoridade, actua em
pé de igualdade com os cidadãos.
Pertencem ao ramo do Direito público, o Direito civil, direito comercial, direito do
trabalho, direito internacional privado.
Por exemplo:
O Estado pretende arrendar um imóvel a um particular, para nele instalar determinado
serviço.
O Estado pretende comprar um automóvel a um particular.
Aqui o Estado vai celebrar um contrato de arrendamento ou um contrato de compra e
venda, em pé de igualdade com o senhorio ou com o vendedor.
Portanto o Estado neste caso actua como se fosse um particular.
Direito Civil – É o ramo de Direito que se ocupa dos preceitos que regulam as
relações entre simples particulares ou entre estes e o Estado ou outros entes
públicos desde que actuem desprovidos do iusimperium, sob o signo da Justiça.
O objecto de regulação do Direito Civil abarca não apenas as relações sociais de
carácter patrimonial (relações monetário-mercantis amparadas juridicamente)
mas também relações pessoais com certo conteúdo patrimonial (como os direitos
de autor) e mesmo relações pessoais puras (como os direitos ao nome e à
imagem). O Direito Civil, do qual se desprenderam diversos ramos do Direito,
fixa normas e institutos fundamentais que servem de referência ou assumem
carácter supletivo em relação aos demais ramos.
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Direito Comercial – É o ramo de direito que tem por objecto de estudo as
normas que regulam os actos de comércio ou respeitantes ao seu exercício,
independentemente de os sujeitos serem ou não comerciantes. Costuma ser
encarado como sinónimo do Direito empresarial.
Exercício
a) Quais são os ramos de Direito, distinga-os.
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5. INTERPRETAÇÃO DA LEI
Interpretar a lei consiste na extracção do referido texto o exacto sentido e alcance das
respectivas normas.
Estas podem ser apresentadas nas seguintes formas; Autentica e Doutrinaria.
É a aquela que é realizada pelo próprio legislador, mediante uma lei igual ou de valor
superior à lei interpretada. A essa lei interpretada chama-se lei interpretativa (art. 13º
CC) e destina-se a interpretar uma lei anterior. A interpretação autêntica tem força
obrigatória ou seja, tem carácter vinculativo ainda que esteja errada, porque se a
interpretação proporcionada pela lei interpretativa é correcta, estar – se – a perante uma
interpretação correcta, ou seja, uma verdadeira interpretação.
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6. APLICAÇÃO DA LEI NO TEMPO
Prende-se com o problema das sucessões das leis no tempo. Os arts. 12º e 13º do CC,
contém os princípios gerais sobre a aplicação das leis no tempo no nosso ordenamento
jurídico.
A aplicação das leis no tempo consiste em determinar qual a lei aplicável a uma
determinada situação: se a lei antiga se a lei nova.
Art. 9º/1 do CC "A lei só dispõe para o futuro": princípio da não retroactiva (regra
geral) "ainda que lhe seja atribuída eficácia retroactiva" esta eficácia retroactiva é
atribuída pelo legislador" (direito transitório).
Por vezes é a lei nova que estabelece ela própria, regras destinadas a regular a sucessão
da lei. Tais regras fazem parte do Direito Transitório.
Por vezes nada estabelece.
Por exemplo:
A alugou verbalmente um veículo a B, numa data em que para tal a lei não exigia
documentos escritos.
Entretanto entrou em vigor uma nova lei, que faz depender a validade desses contratos
da respectiva redução a escrito.
O referido aluguer deverá ser considerado válido por se lhe dever aplicar a lei velha ou
não será, por dever aplicar-se a lei nova?
Nos termos do art. 13.º do CC a lei interpretativa é retroactiva, ressalvando-se, no
entanto, os efeitos já produzidos:
Pelo cumprimento da obrigação;
Pela sentença transitada em julgado.
Aos prazos que já estiverem a decorrer aplica-se de imediato a lei nova, quer estabeleça
um prazo mais curto quer estabeleça um prazo mais longo.
(ver art. 297º/1/2 CC).
N.º1 do art.º 297.º - exemplo: a lei estabelece um prazo mais curto.
A Lei Velha, que tinha entrado em vigor em 1996, fixava um prazo de 10 anos, a Lei
Nova, que entrou em vigor em 1999, vem fixar um prazo mais curto, passando de 10
para 5 anos.
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N.º 2- do art.º 297.º - exemplo: a lei nova vem fixar um prazo mais longo.
A lei antiga previa um prazo de 4 anos. A lei nova, que entrou em vigor em 1999 prevê,
um prazo mais longo de 6 anos. Estava a decorrer um prazo ao abrigo da lei antiga
desde 1996 quando termina.
6.3. Retroactividade
Três graus:
Grau máximo
Seria aquela em que a lei nova nem sequer respeitasse as situações definitivamente
decididas por sentença transitada em julgado. (não respeitaria as "causaefinitae")
Grau intermédio
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Retroactividade normal
Aquela que respeita os efeitos de direito já produzidos pela situação jurídica sob a lei
antiga.
Retroactividade in mitius
Aquelas disposições que se limitam a determinar qual das leis, a lei nova ou a lei antiga
é aplicável a determinadas situações.
Aquelas que estabelecem uma regulamentação própria, não coíncidente nem com a lei
antiga, nem com a lei nova, para certas situações que se encontram na fronteira entre as
duas leis.
Destinam-se a adaptar o regime da lei nova a situações existentes no momento da sua
entrada em vigor.
Exercícios
a) Explique a aplicação da lei no tempo
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7. APLICAÇÃO DA LEI NO ESPAÇO
Exercício
1. Betinho, cidadão Moçambicano, com recurso a uma arma branca, na cidade de
Johannesburg, roubou uma viatura ao cidadão Tai Long de Nacionalidade
Chinesa, disferindo – lhe graves golpes na barriga. Na tentativa de por – se em
fuga é interceptado pela policia Sul-africana. QuidJuris?
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8. FEITURA DAS LEIS
8.1. Fases
8.2. Elaboração
8.3. Aprovação
8.4. Promulgação
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8.5. Publicação
A lei para poder ser aplicada tem que ser conhecida e para ser conhecida tem que ser
publicada e a sua publicação faz-se no Boletim da República.
Com a publicação, a lei passa a ser obrigatória, isto não significa que ela seja desde logo
aplicável, há ainda a necessidade de estabelecer o começo da sua vigência.
Depois da lei ser publicada no Boletim da República para a sua entrada em vigor, existe
um espaço de tempo. O número 2 do art. 5º CC, dispõe o seguinte:
"Entre a publicação e a vigência da lei decorrerá o tempo que a própria lei fixar ou, na
falta de fixação, o que for determinado em legislação especial."
A este tempo que medeia entre a publicação e a entrada em vigor da lei, chama-se
"VacatioLegis". O artigo 5, nº 2 do código civil, dispõe que “entre a publicação e a
vigência da lei decorrerá o tempo que a própria lei fixar ou, na falta de fixação, o que
for determinado em legislação especial.
Por exemplo:
O Boletim da República distribuído hoje tem a data de hoje, os diplomas nele
publicados têm a data de hoje que corresponde à data da publicação.
Assim, se uma lei publicada no Boletim da República de hoje fixar uma data para entrar
em vigor, por exemplo, esta lei entra em vigor no dia 30/10/12.
Será nessa data que essa lei entrara em vigor.
Se uma lei também publicada no Boletim da República de hoje não fixar a data de sua
entrada em vigor existem prazos previstos por lei para que esta lei entre em vigor.
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7. CESSAÇÃO DA VIGÊNCIA DAS LEIS
A lei mantém-se em vigor até que algo a faça cessar a sua vigência.Esta matéria é
tratada no art. 7º do CC.
A lei pode deixar de vigorar por:
Caducidade;
Revogação.
Outra realidade diferente e que não põe termo à vigência da lei, é a suspensão de
vigência de lei, ou seja, a lei suspensa continua a existir na ordem jurídica, só que não
produz quaisquer efeitos.
7.1. CADUCIDADE
Consiste no termo de vigência da lei em consequência de um facto superveniente, que
pode ser a própria lei prever uma data de cessação de vigência, ou um prazo de duração
(leis temporárias).
Ou ainda pelo desaparecimento definitivo da realidade a que a lei se aplicava. Como por
exemplo se desaparecesse completamente as espécies cinegéticas no nosso país, a lei da
caça deixava de vigorar.
7.2. REVOGAÇÃO
Consiste no termo da vigência da lei em consequência da entrada em vigor de uma lei
nova de valor hierárquico igual ou superior.
A revogação pode ser:
Revogação expressa
Quando a lei nova declara quais os preceitos que deixam de vigorar. Por exemplo
quando a lei nova diz que são revogados ou os artigos de uma lei ou decreto-lei, e
quando a lei nova diz que determinado diploma é revogado.
Revogação tácita
É quando a lei nova é incompatível com a lei anterior, neste caso prevalece a lei
posterior. Cabe ao interprete a descoberta dessa incompatibilidade. Por exemplo:
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posteriormente a uma lei que estabelece um prazo de 5 anos propor certa acção, é
publicada outra lei fixando para o mesmo efeito, o prazo de três anos.
Uma Lei pode ser:
-Inexistente
-Nula
-Ineficaz
Exercício
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8. O DIREITO E A CONSTITUIÇÃO
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Constituição em sentido material - uma das suas partes contendo matérias
mais importantes sobre a definição e organização do estado, quais sejam, as
normas do Direito sobre definição do Estado, seus fins e objectivos, e do povo, a
delimitação e divisão territorial, a organização do poder político- incluindo os
seus órgãos, bem como forma de designação dos respectivos titulares, a sua
composição, competência, as suas inter-relacções, a sua atuacção e formas de
controlo- e as modalidades de cumprimento da constituição pelo próprio poder
político estatal.
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Em Moçambique segundo o artigo 293º da CRM, a Constituição deve ser revista em
princípio de 5 à 5 anos depois da entrada em vigor da última lei de revisão, e as suas
alterações por um certo número de deputados, salvo deliberação no sentido de assunção
de poderes extraordinários de revisão, aprovada por maioria de três quartos dos
deputados da assembleia.
Exercício
a) Defina Constituição
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10. O ESTADO E O DIREITO
Doutrina marxista
O estado é um aparelho de coacção da classe economicamente dominante
(capitalista) sobre o proletariado.
é uma mera supra-estrutura política que protege e perspectiva uma determinada
estrutura económica e social
Deixará de existir quando deixarem de existir as classes e portanto a opressão de
uma sobre a outra
Críticas:
Põe em causa a lei da dialéctica, segundo a qual nada é definitivo.
Recusa uma ulterior reforma social, tende para a estagnação, a realidade,
evidência um fracasso da teoria.
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10.1. Elementos do Estado
Poder Político- ao povo fixado num território, de que é dono, institui dentro do mesmo
por autoridade própria, órgãos tendentes a conceber e manifestar uma vontade
imputável ao Estado com a qual exercem, com relativa autonomia, a jurisdição
relativamente ao referido território, nele criando e executando normas jurídicas
essenciais à vida colectiva, usando quando necessário os meios de coação apropriados.
Exercício
a) Qual é a relação entre a Constituição e o Estado?
c) Defina Estado
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11. ORGÃOS DE SOBERANIA
São chamados órgãos de soberania nos termos do artigo 133º da CRM, o Presidente da
República, a Assembleia da República, o Governo, os Tribunais e o Conselho
Constitucional. Os mesmos assentam nos princípios de separação e independência de
poderes consagrados na Constituição e devem obediência à Constituição e as leis.
(artigo 134º CRM).
11.3. Governo
É designado a instância máxima de administração executiva, geralmente reconhecida
como a liderança de um Estado ou uma nação. Os Estados que possuem tamanhos
variados podem ter vários níveis de Governo conforme a organização política daquele
país, como por exemplo o Governo local, regional e nacional.
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11.4. Sistemas de Governo
Parlamentarismo – O chefe de Estado não é eleito pelo povo, não podendo por
conseguinte exercer livremente os poderes que lhe são atribuídos pela Constituição (só
os exerce a pedido do governo) por falta de legitimidade democrática; e o governo
responde politicamente perante o parlamento. O chefe de Estado não detém poderes
políticos de monta, desempenhando um papel principalmente cerimonial como símbolo
da continuidade do Estado.
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Regimes Políticos
No mundo actual, a democracia tem sido um dos regimes mais exigidos pelo povo.
Alguns regimes:
Oligarquia – O poder político está concentrado num pequeno número de pessoas. Essas
pessoas podem distinguir-se pela nobreza, a riqueza, os laços familiares, empresas ou
poder militar. Estados em que tal acontece são muitas vezes controlados por poucas
famílias proeminentes que passam a sua influência ao longo de gerações.
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próprios líderes religiosos ou podem ser cidadãos leigos submetidos ao controle dos
clérigos. Sua forma corrupta é também denominada clerocracia.
Tirania – O chefe governava com poder ilimitado, embora sem perder de vista que
devia representar a vontade do povo.
Exercício
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12. Referencia Bibliográfica
Legislação
Doutrina
ABUDO, José Ibraimo; Introdução ao Estudo do Direito – volume II; Maputo, 2011
Mendes, João Castro, Introdução ao estudo de Direito, Lisboa, 1994.
NUNES, Rizzatto, Manual de introdução ao estudo do Direito,9ª edição. Editora
Saraiva.
TELLES, Inocêncio Galvão; Introdução ao Estudo do Direito – volume I; 11ª ed,
cimbra editora, 2010
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ÍNDICE
1. NOÇÕES BÁSICAS DO CONCEITO DO DIREITO..........................................1
Exercícios......................................................................................................................3
3. FONTES DO DIREITO.........................................................................................7
3.3. A Lei...................................................................................................................7
3.4. O costume...........................................................................................................9
3.5. A jurisprudência................................................................................................10
3.6. A doutrina.........................................................................................................12
3.7. A equidade........................................................................................................12
4. RAMOS DO DIREITO........................................................................................14
5. INTERPRETAÇÃO DA LEI...............................................................................17
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6.3. Retroactividade.................................................................................................19
8.1. Fases..................................................................................................................23
8.2. Elaboração........................................................................................................23
8.4. Promulgação.....................................................................................................23
8.5. Publicação.........................................................................................................24
8. O DIREITO E A CONSTITUIÇÃO....................................................................27
11.3. Governo.........................................................................................................32
Regimes Políticos........................................................................................................34
Exercício......................................................................................................................35
12. Bibliografia.......................................................................................................36
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