Você está na página 1de 8

Arquitetura, Materiais e Tecnologia

prof. Dra. Mônica Santos Salgado

CAPÍTULO VII:
COBERTURAS E PROTEÇÕES

A cobertura é a denominação utilizada para designar o fechamento com


Inclinação inferior a 75 graus (aproximadamente) em relação à horizontal.
Outras definições importantes sãoi:
• beiral: É a parte da telha que ficará em balanço, livre de apoio.
• tesoura: É o sistema estrutural triangular indeformável que sustenta a cobertura
propriamente dita.
• terça: É uma peça horizontal, colocada em direção perpendicular às tesouras,
destinada à sustentação das telhas.
• cumeeira: É a parte mais alta da cobertura, onde as superfícies inclinadas se
encontram.
• faixa: É a sequência de chapas utilizadas no fechamento da cobertura, no sentido de
seu comprimento.
• fiada: É a sequência de chapas utilizadas no fechamento da cobertura, no sentido de
sua largura.
• recobrimento: É a sobreposição das telhas no sentido do seu comprimento e da sua
largura, para evitar a penetração da água e dos ventos.

LAJES IMPERMEABILIZADAS
EM
CONCRETO CASCAS DE CONCRETO
ESTRUTURA

METÁLICAS

COBERTURAS MADEIRA

TELHAS EM CONCRETO PRÉ-MOLDADO


PROTEÇÃO TELHAS METÁLICAS
FINAL TELHAS CERÂMICAS
PLACAS DE ARDÓSIA
ESTRUTURAS TENSIONADAS

CAPÍTULO VII: COBERTURAS E PROTEÇÕES


- 84 -
Arquitetura, Materiais e Tecnologia
prof. Dra. Mônica Santos Salgado

Concreto armado em grelhaii


Visando a utilização de vigas nos pavimentos de maneira a obter maiores distâncias entre
apoios, estas são lançadas em sistema reticulado plano, denominado grelha, gerado pelo
cruzamento rígido entre as vigas no plano do pavimento.
As grelhas podem ser executadas em aço, concreto armado ou concreto protendido. Sobre as
vigas pode ser criada uma laje de concreto armado maciça moldada "in loco", protendida (para
grandes vãos entre as vigas), ou colocada uma laje "steel deck". Lajes pré-moldadas em
concreto armado e protendidas também são adequadas: laje alveolar ou seção "duplo T",
usualmente
Os sistemas de vigas pré-moldadas constituem em ótima solução quando exige-se também
rapidez de execução (para isso é necessária extrema modulação dos pilares). A independência
do piso com relação à grelha de vigas permite a criação de domos, ou então de pisos de vidro,
interessantes do ponto de vista arquitetônico.

Foto 15 – FAUUSP – Laje em grelha com iluminação natural zenital (abóbadas em fibra)

Foto 16 – FAUUSP – Laje em grelha

CAPÍTULO VII: COBERTURAS E PROTEÇÕES


- 85 -
Arquitetura, Materiais e Tecnologia
prof. Dra. Mônica Santos Salgado

CASCAS DE CONCRETOiii
Cascas são estruturas de superfície delgadas, não planas, que recebem cargas distribuídas e
reagem através de esforços solicitantes predominantemente de tração e compressão.
Quando a espessura da casca é pequena, comparando-se com as outras dimensões, a rigidez a
momento fletor (que é proporcional ao momento de inércia) é muito pequena, e pode ser
considerada igual a zero. Neste casos as cascas podem ser estudadas pela teoria da
membrana, ou seja, as cargas externas (peso próprio, revestimento, carga acidental
distribuída) serão absorvidas através de esforços solicitantes normais de compressão e tração

TENSOESTRUTURAS
As tensoestruturas correspondem a uma tipologia de sistemas espaciais compostos pela
associação de membranas ao sistema suporte (normalmente em aço) em estado de tensão ou
retesamento.
Destacam-se pela capacidade de vencer grandes vãos com baixo peso, possibilitando
conseqüentemente a rapidez construtiva e a mobilidade de assentamento, além da forma
expressiva, sendo muito utilizadas como estruturas conversíveis, temporárias e permanentes
de grande porte como aeroportos, estádio, escolas e auditórios, e inúmeras outras

Foto 17 – Arco La Defense (Paris)


COBERTURAS METÁLICAS
Variam dos simples perfis de aço às estruturas espaciais planas, formadas a partir da
associação de barras metálicas (aço e alumínio) e nós de articulação compondo tetraedros.
Além desses sistemas, as estruturas metálicas podem formar abóbadas, estruturas laminares,
vigas treliçadas, curvas ou não e, por fim, coberturas formadas por cabos tracionaços que
suportam as placas de cobertura.

CAPÍTULO VII: COBERTURAS E PROTEÇÕES


- 86 -
Arquitetura, Materiais e Tecnologia
prof. Dra. Mônica Santos Salgado

Foto 17 – Cobertura metálica - Estação de trem - Glasgow

Foto 18 – Estrutura e cobertura metálica - Estação de trem - Edinburgh

Foto 19 – Estrutura em concreto e cobertura metálica - Shopping – Buenos Aires

CAPÍTULO VII: COBERTURAS E PROTEÇÕES


- 87 -
Arquitetura, Materiais e Tecnologia
prof. Dra. Mônica Santos Salgado

As coberturas metálicas, no sistema estrutural do aço, costumam estar apoiadas em estruturas


leves, também metálicas, ou sobre apoios nas lajes. Entre os metais utilizados como telhas,
citam-se: o cobre, o zinco, o alumínio e o aço galvanizado. Mais recentemente passou-se a
utilizar chapas metálicas como telhas autoportantes, fixadas ao vigamento por finos
conectores.
As especificações das coberturas metálicas em particular, devem levar em consideração as
questões de estanqueidade e segurança contra a ação dos ventos. Alguns cuidados básicos
na execução deste tipo de cobertura, são:
• verificar se as dimensões da obra coincidem com as dimensões do projeto antes do
início da montagem;
• iniciar a execução em faixas perpendiculares às terças, no sentido de baixo para cima;
• observar os recobrimentos lateriais e longitudinais;
• iniciar a montagem das telhas no sentido oposto ao dos ventos dominantes;
• quando a cobertura for em duas águas opostas, cubrir igualmente ambos os laços,
permitindo a coincidência das seções das telhas com as peças de concordância da
cumeeira;
• na montagem da cobertura, evitar pisar diretamente sobre as telhas para não danificá-
las.

ESTRUTURAS DE MADEIRA
De maneira geral a estrutura de madeira de um telhado é composta pela tesoura, o
engradamento e o contraventamento. As tesouras, formam vigas de treliça que recebem as
cargas do engradamento através de pontos chamados nós (fig.73).
Essa descarga se faz através das principais peças do engradamento chamadas terças. O
engradamento constitui-se de terças, caibros e ripas, podendo assumir formas simplificadas
para telhas maiores que se sustentam diretamente nas terças.
As terças, conforme descrição apresentada no início deste capítulo, são peças longitudinais,
colocadas em direção perpendicular às tesouras, recebendo nomes especiais quando estão na
parte mais alta do telhaço (cumeeira) e quando se apoiam diretamente sobre as paredes
limítrofes (frechal).
Os caibros são colocados perpendicularmente às terças e se apoiam nelas, inclinados sendo
que seu declive determina o caimento ou "ponto" do telhaço. A seção dos caibros vai
depender do espaçamento entre as terças. As ripas são colocadas paralelamente às terças, se
apoiando nos caibros. Seu espaçamento depende do tipo de telha que se está usando.

CAPÍTULO VII: COBERTURAS E PROTEÇÕES


- 88 -
Arquitetura, Materiais e Tecnologia
prof. Dra. Mônica Santos Salgado

Figura 84 - Detalhe do pendural

Figura 85 - Exemplo de madeiramento de telhadoiv

CAPÍTULO VII: COBERTURAS E PROTEÇÕES


- 89 -
Arquitetura, Materiais e Tecnologia
prof. Dra. Mônica Santos Salgado

Foto 20 – Cobertura em madeira com estrutura metálica

COBERTURAS DE CONCRETO
Esse tipo de cobertura refere-se às lajes impermeabilizadas ou às "cascas" de concreto. Em
ambas as situações, maiores cuidados devem ser tomados em função dos problemas
causados pela má impermeabilização.
Sempre que possível, já na fase de projeto, deve ser definido o tipo de impermeabilização a
ser adotado, onde então deverão ser fixados certos detalhes que posteriormente facilitem tais
serviços.
SOLUÇÕES DE PROJETO
Optando-se pela cobertura utilizando estrutura e telhas, pode-se especificar: telhas cerâmicas,
placas de ardósia, chapas metálicas, chapas de plástico, telhas de cimento, entre outras.
Para justificar a escolha de determinada solução, deve-se considerar:
• a compatibilidade dos materiais empregados em relação ao sistema estrutural do
edifício, observando as alternativas mais racionais de ligação entre eles;
• optar por processos que se caracterizem pela rapidez na execução, redução na mão-
de-obra empregada e maior limpeza no canteiro de obras uma vez que as soluções
artesanais podem representar um atraso na obra;
• a dimensão dos vãos que a cobertura terá que vencer, uma vez que algumas
soluções se mostram mais eficientes que outras em função do vão;
• adequação aos recursos humanos e de equipamentos disponíveis na região onde se
localiza a obra.
De maneira geral, na composição de um telhado deve-se ter em mente algumas regras
fundamentais:
• a concordância entre os diversos planos de um telhado se fará sempre através da
bissetriz dos ângulos ;

CAPÍTULO VII: COBERTURAS E PROTEÇÕES


- 90 -
Arquitetura, Materiais e Tecnologia
prof. Dra. Mônica Santos Salgado

• todos os planos terão a mesma altura no beiral;


• os planos devem ter sempre a mesma inclinação.

Figura 86 - Telhados: a concordância deve ser feita pela bissetriz dos ângulos.
Em qualquer dos casos, os detalhes importantes, que devem ser observados baseados em
instruções dos fabricantes, são: inclinação mínima, recobrimentos, superposição de telhas de
uma fiada para outra, despejo dos condutores, peças e acessórios especiais.
Para justificar a escolha de determinada solução, deve-se considerar:
- a compatibilidade dos materiais empregados em relação ao sistema estrutural
do edifício, observando as alternativas mais racionais de ligação entre eles;
- optar por processos que se caracterizem pela rapidez na execução, redução na
mão-de-obra empregada e maior limpeza no canteiro de obras uma vez que
as soluções artesanais podem representar um atraso na obra;
- a dimensão dos vãos que a cobertura terá que vencer, uma vez que
algumas soluções se mostram mais eficientes que outras em função do vão;
- adequação aos recursos humanos e de equipamentos disponíveis na região
onde se localiza a obra.

REFERÊNCIAS DESTE CAPÍTULO:


i
SALGADO, Mônica Santos. Etapas da Construção Civil Cadernos Didáticos no. 23 UFRJ, 1995
ii
http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp214.asp
iii
http://www.lem.ep.usp.br/pef604/cascas.doc
iv
ORNSTEIN, Sheila Walbe e ROMERÓ, Marcelo de Andrade (coordenadores). Dossiê da construção do
edifício: uma visão do edifício elaborada pelos alunos do 4o ano - 1985, Departamento de Tecnologia
da Arquitetura, FAUUSP, 1992

CAPÍTULO VII: COBERTURAS E PROTEÇÕES


- 91 -

Você também pode gostar