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© Olavo costa

n. 21 | abr | 20
boas vindas Editorial

© Olavo Costa
O
que é o futuro se não a espera pelas mudanças E é um processo cheio de ‘vai-e-vem’, controver-
QUANTA ACADEMIA DE ARTES
vindouras? É ficar imaginando como serão as so. Pode ser confuso e complicado. Nem sempre é direção
coisas daqui um século, uma década, um dia, racional ou consciente. Às vezes, é pacífico, outras Marcelo Campos
uma hora... É a nossa expectativa diária sobre vezes é brutal. Seja qual for o caso, depois de iniciado, gestão financeira | jurídica

o que vai acontecer – e como irá acontecer. quase sempre não se dá para pará-lo. Alexandre Figueiredo
Stefany Berglin
E é essa expectativa que nos dá a motivação para Vivemos nesse eterno círculo vicioso: como não coordenação administrativa
fazer as tais mudanças acontecerem, ao invés de podemos fazer as coisas serem do jeito que deseja- Vanks Estevão | William Estevão
apenas esperar. É uma tentativa de nos tornarmos mos, estamos sempre mudando as coisas para tentar relacionamento com o cliente

donos de nossos próprios destinos e realizarmos fazê-las atingir nossos desejos. Daniel Clayton
muito mais do que o futuro nos reserva e criar um É assim com todos nós. De tempos em tempos, o
coordenação didática
Olavo Costa | Tainan Rocha
2
futuro mais próximo daquilo que nós esperamos que futuro nos bate à porta e chegam as mudanças, que Higor Batista | Helena Enne
ele seja. E isso é muito importante! se tornam nosso presente. assessoria de imprensa | comunicação

Se não fosse assim, ainda seríamos humanoides Assim sendo, esta revista digital também está Carol Fernandez | Felipe Campos
secretaria | recepção
pré-históricos sentados sob as árvores da savana. A passando por mudanças! O futuro chegou novamente Vandreia Gonçalves
expectativa sobre o que o futuro trará, somada a ideia e exigiu que a gente aqui trabalhasse mais uma vez Janaína Sousa | Bruna Araújo
de que nossas ações podem determinar ou influenciar tentando melhorar aquilo que ainda iremos entregar Thais Rodrigues | Sonia Rocha
limpeza | manutenção
os eventos que ainda virão, foi responsável por todas a vocês, no futuro!
Vania Toledo | Pamela Alves
as realizações da humanidade. As boas e as ruins. A partir de agora, todo mês, a revista da Quanta Paulo César Toledo
Agir na tentativa de moldar o futuro fez o ser terá um tema, um assunto geral que será abordado
humano sair das cavernas para o topo dos arranha- de maneira diferente em todas as sessões! Teremos QUANTA DIGITAL
editor-chefe
céus, nos ensinou a ler e a pensar de maneira cada mais textos, com informação e histórias, além de dicas
Marcelo Campos
vez mais abstrata, nos deu a capacidade de mudar a e opiniões das pessoas que fazem a Quanta Academia conselho editorial
natureza e também de entender quando a estamos de Artes. Tudo para trazer mais conteúdo pra você! Alexandre Figueiredo
destruindo. E o tema deste mês é – como o leitor mais safo já Ronaldo Barata | Tainan Rocha
Porém, a construção daquilo que ainda não acon- deve ter adivinhado – futuro! Helena Enne
projeto gráfico | diagramação
teceu não é um processo fácil e nem sempre dá certo. Então, sem mais delongas, seja bem-vindo ao Ronaldo Barata
Tampouco é um processo rápido. As mudanças levam futuro, que agora já se tornou presente. produção
tempo – precisam se maturar dentro da sociedade, Camila Catalano | Olavo Costa
encubadas por gerações até poderem eclodir e tomar Alexandre Figueiredo
Tainan Rocha | Helena Enne
o espaço que precisam. Ronaldo Barata
Ronaldo Barata revisão
diretor do Quanta Estúdio Alexandre Figueiredo
O FUTURO DO
MERCADO EDITORIAL:
DISTOPIA?
textão por ronaldo barata

A
futurologia não é uma ciência exata. Aliás, O livro não foi uma delas.
nem é uma ciência! Mas é uma coisa que as Antes, o livro era feito manualmente, um-a-um,
pessoas sempre fazem, mesmo que de maneira por monges copistas e outros pouco letrados – lem-
inconsciente: imaginar como será o futuro. Essa bre-se que a maioria da população, rica ou pobre,
é a maneira que a humanidade encontrou de era analfabeta. Isso tornava raras as publicações,
se preparar para os problemas que podem surgir à de acesso muito limitado ao clero e às castas mais
frente na vida em sociedade. ricas da sociedade. E também limitava seu conteúdo
Hoje em dia, no mercado das publicações, futuro- e temáticas – a maioria das publicações era da bíblia
logia é o que mais se faz! Gente pelo mundo inteiro (ou versões dela) e livros científicos como o famoso A
está tentando entender para onde o mercado editorial Origem das Espécies, de Charles Darwin. Os dramas, 3
está caminhando – e quais problemas podem surgir as ficções e toda a sorte de ideias e textos ficavam
nesse caminho. restringidos a manuscritos únicos ou a pouquíssimas
Mas, para podermos pensar no futuro, precisamos cópias.
olhar para o passado. Por isso, vou lhes contar uma Com o surgimento da tipografia industrial, a cópia
rápida historinha... de uma publicação deixou de ser algo tão trabalhoso
Era uma vez a Revolução Industrial. Foi uma grande e o processo que levava meses agora acontecia em
jogada que mudou muita coisa – quase tudo, eu diria dias! Isso abriu as portas para uma grande leva de
– no mundo. Os processos de fabricação de todo tipo novos autores, novas ideias e novas publicações.
de utensílios, que até então eram artesanais e demo- Somando isso à popularização da alfabetização ao
rados, passaram a ser realizados de maneira cada redor do globo, era o nascimento do mercado edi-
vez mais rápida e em escalas cada vez maiores, indo torial moderno.
muito além de atender a uma demanda social – depois É verdade que a prensa de tipos móveis surgiu bem
de tal revolução, muitas das demandas passaram a antes – e os chineses já faziam isso há mais tempo
ser criadas pelos próprios produtos, numa relação ainda – mas foi só a partir da revolução industrial
que invertia a ordem natural das coisas. que o número de publicações e o consumo dos mes-
Antes, as pessoas iam atrás dos produtos que mos começaram a tomar a forma do que hoje nós
precisavam, quando precisavam, e as coisas eram entendemos como ‘mercado’, que é o assunto que

© Autor desconhecido
feitas para atender a estas necessidades. Depois da realmente nos interessa nesse texto.
revolução industrial, muitas coisas passaram a ser Isso porque um novo fenômeno surgiu simulta-
criadas antes da própria necessidade, ou ainda sem a neamente: as pessoas passaram a acreditar que os
existência de uma, fazendo com que as pessoas pas- livros continham o segredo para uma vida melhor. O
sassem a acreditar que precisavam disso ou daquilo. conhecimento neles contido seria o caminho certo
Poucas coisas escaparam a essas mudanças. para o sucesso, seja lá o que isso significasse. E isso
seção Textão

até pode ser verdade, dependendo do caso, mas está estrutura era auto predatória e que, mais cedo ou O livro digital já é uma realidade, assim como a
mais pra uma meia verdade... mais tarde, as mudanças nos hábitos de consumo oligarquia da Amazon em distribuir tais materiais. Mas
Nos séculos que se seguiram, o livro ganhou essa acabariam por ruir com essa estrutura bicentenária. as duas coisas ainda estão na infância e o incerto é a
aura mística de fonte de saber infinito, que possibi- E não é que eles estavam certos? E como estavam! coisa mais certa no momento que estamos vivendo.
litaria tudo a qualquer um que estivesse aberto a Nos dias atuais estamos assistindo de camarote Ainda falta muito para que as publicações virtu-
receber sua sabedoria. Mas a verdade é que o livro é à morte das livrarias – e ao declínio vertiginoso da ais substituam de vez suas antecessoras em papel.
apenas um receptáculo vazio que pode ser preenchido sua cara-metade, as editoras. A internet mudou de Ainda temos tempo antes de saber se as editoras
com o que for, desde as ideias mais revolucionárias vez a maneira como as pessoas acessam e conso- ainda serão necessárias ou se as novas plataformas
da filosofia até as maiores bobagens já imaginadas mem conhecimento, criando uma nova demanda: o de publicação independente serão suficientes para
pela humanidade – e a segunda metade do século XX livro virtual. atender à demanda. Ainda levará algum tempo até
provou isso enchendo milhões e milhões de páginas De quebra, as novas tecnologias surgidas no fim podermos saber se as pessoas consumirão mais ou
com conteúdos pra lá de questionáveis. do século XX tornaram (e continuam a tornar) ainda menos estas publicações.
Seja como for, o livro criou pra si uma demanda mais simples a publicação de um conteúdo literário, Estamos no olho do furacão e qualquer futurologia
e as pessoas começaram a consumi-lo como se só que agora de maneira digital. agora é, obviamente, mera especulação.
precisassem dele. Tal qual aconteceu durante a revolução industrial, O que eu sei, e afirmo com toda a certeza, é que
No início, os livros eram vendidos nas ruas, de mão estas novas tecnologias deram início a algo novo, um lutar contra as mudanças é perda de tempo. Essa é
em mão, muitas vezes pelos próprios autores. Isso processo insofreável de mudança que irá aos poucos uma força que não podemos controlar! E tal qual foi
até alguém, sabe-se-lá-quem, ter a brilhante ideia matar o modelo de negócios antigo e substituí-lo descrito no livro A Origem das Espécies, de 1859, resta 4
de reunir uma quantidade considerável de publica- por outro, assim como as livrarias fizeram com os para nós apenas nos adaptarmos às mudanças que
ções em um só lugar. Nascia assim a livraria. E esse livreiros dois séculos e meio atrás. o futuro nos trará.
nascimento data ainda no século XVIII! E não adianta espernear, protestar ou reclamar. Bora sobreviver?
Com a livraria surgiu um modelo de negócios que Esse processo já começou e não há nada que possa
perpetuou até a primeira década do século XXI. fazê-lo parar.
Aos poucos, o modelo foi copiado ao redor do
mundo, tirando do comércio, sem dó nem piedade,
o autor do livro que antes vendia diretamente em
mãos. Esse processo também propiciou o surgimento
de outro modelo de negócios, o último personagem
que faltava nessa cena: a editora.
Nascida para auxiliar o autor a produzir e vender
seu livro, as editoras sempre andaram de mãos da-
das, numa relação de amor e ódio, com as livrarias,
cada uma delas tentando cada vez mais ter o maior
lucro sobre a obra. Essa relação, ora simbiôntica ora
parasitária, parecia que ia durar pra sempre. Parecia...
Saltando alguns séculos pro futuro, aproxima-

© Andrew Williams
damente há uns 20 anos atrás, quando eu estava
iniciando nesse mercado de trabalho, já havia autores,
editores e livreiros que afirmavam categoricamente
que esse modelo de negócios, criado há mais de
200 anos, não duraria muito mais, que sua própria
Onde estão os
carros voadores?
Adulto responsável por alexandre figueiredo

O
que o pensamento sobre o futuro diz sobre (Fastos). O único! Nem entre os deuses havia outro
nós? No Museu do Vaticano, está guardada capaz do domínio exclusivamente entregue a Jano.
uma escultura com a imagem clássica do deus Distante dessa lição, nossa época vive absorta
romano Jano (ou Janus): um ser bifronte, com pela contemplação de uma ideia de futuro. Os manuais
duas faces, uma voltada para trás - o antes, escolares começam nos ensinando uma trajetória
o que já passou - e outra olhando para frente, o que evolutiva que se inicia com nossos antepassados
ainda está por vir. vivendo em cavernas e termina com imagens da
Jano era a divindade que guardava as passagens, “conquista” do espaço. A história humana seria, nessa
as portas, os intermédios... Deus dos inícios e dos visão, uma escalada, um ir adiante que demonstra,
fins. Era a ele a quem os antigos latinos recorriam por um lado, a inutilidade e inferioridade do que já 5
antes de começar algo – o primeiro mês do nosso passou e, por outro, a busca frenética por mais “con-
calendário chama-se “janeiro” como uma prece a quistas”, novas fronteiras, mais puras, mais belas, mais
Jano no início de um novo ciclo. ousadas e distantes. Se a explosão do consumo de
Mas, além disso, ele era a divindade que reali- ansiolíticos vem da expansão das redes sociais, ela
zava o sonho humano de ter diante dos olhos tanto certamente tem suas raízes no experimentar dessa
o passado como o futuro. Quantos de nós podem busca incessante pelo amanhã.
dizer que conhecem a fundo o seu próprio passado Presos entre as duas faces de Jano, sofrendo pelo
individual, em cada minúcia? As longas noites da passado e buscando um futuro, estamos também
memória diluem impressões, alteram percepções, presos em um presente que negamos. O agora, única
constroem imagens úteis a cada presente, de modo existência de fato, é percebido como uma transição
que isso que chamamos passado é nada mais que a que nunca acaba de acontecer, uma ponte suspensa
impressão fugidia e incompleta de uma quase história entre uma imagem insegura do que foi e algo pelo
de nosso ser. qual ansiamos sem saber o que é (e, como ensinou
Por outro lado, quem pode dizer que tem controle Guimarães Rosa, o mundo da ponte não é o mesmo
sobre o futuro? Para começar, o “futuro” sequer existe, que o mundo do rio).
é apenas uma projeção de algo que se imagina, se Nessa borda entre o que foi e o que será, não
espera, se teme, se deseja. Tão fugidio e contingente sabemos definir o que foi e só podemos nos limitar
quanto o passado, nosso futuro também não é nosso. a sonhar - ou construir pesadelos - sobre o que será.
É o imprevisível projetado mais por crenças que por Carros voadores, acessórios ultra tecnológicos,

© Tainan Rocha
cálculos metódicos. curas instantâneas e outras imagens foram projetadas
Por isso, Ovídio, o poeta latino, indagava a Jano: para o futuro durante o século XX. Mas a realidade
“diz-me porque és o único dentre os celestes ao mesmo de cenários que apontam para a cada vez maior
tempo/a ver o que está às tuas costas e à tua frente” abrangência da inteligência artificial, a reprodução
coluna adulto responsável

programada com escolha genética prévia, as colônias é, assim, uma projeção do que imaginamos que tenha por excelência, por definição. A imaginação artística
humanas na Lua, o totalitarismo exercido pelos donos sido o passado. está, como Jano, voltada para todas as direções do
e experts em “big data”, o fim da privacidade tal qual Como sair dessa prisão metafísica? tempo com a diferença de que é livre.
nossos pais a experimentaram, o caos climático, Com a arte! É aqui que os artistas mostram a nós Ela pode sim conceber para o futuro uma idea-
facilitam a construção de pesadelos... a liberdade plena do delírio salvador. lização do passado ou uma utopia tecnológica só
Talvez por isso, em um reflexo atual daquela condi- Sim, os artistas também idealizam o passado. O aparentemente inocente, mas também pode – e
ção bifronte de Jano, nossas aspirações para o futuro romantismo europeu, por exemplo, construiu uma aqui estão os grandes artistas - ser libertadora,
paradoxalmente comecem com um “era uma vez...”. imagem de Idade Média que até hoje cala fundo, mes- explosiva, subversiva até. “Só quando transgrido
O vintage, o apego a produtos e coisas de quando mo nas produções voltadas para o grande público. O alguma ordem o futuro se torna respirável”, es-
éramos crianças, os “pequenos restaurantes que nosso romantismo brasileiro criou uma imagem do creveu Benedetti, o poeta uruguaio.
lembram a casa da vovó”, tudo indica uma carência “índio” heroico deliberadamente distante das popula- Se nós hoje nos prendemos às imagens do
de autenticidade e a necessidade de lembrar-nos ções vítimas do genocídio da conquista do território. passado e imaginamos um futuro que é nada mais
que mesmo nesse universo narcísico dominado por Por sua vez, também constroem para o futuro que um passado 2.0 (cheio de máquinas e carros
redes sociais nossos pés ainda no chão. imagens como a dos “Jetsons” ou a euforia pelos voadores), o artista é aquele dentre os humanos
E aí o futuro que aprendemos a almejar, domina- carros voadores que um dia viriam, para ficar em que pode e é capaz de invocar a suprema liberda-
do por tecnologias cada vez mais incríveis, distante poucos exemplos. Tranquilizam aquele temor diante de de conceber visões de amanhã para além dos
cada vez mais da simplicidade daqueles homens e do amanhã e fazem com que nos esqueçamos de limites mais estreitos que herdou.
mulheres que pintaram em cavernas ou nos pare- pensar no destino dos milhares de empregos que 6
dões da Serra da Capivara, se torna ameaçador. Para deixariam de existir com a robotização de tudo, ou
fugir, projetamos nele nossas imagens de conforto mesmo, por que não dizer, do debate ético sobre a
de um passado que sequer sabemos se foi mesmo utilização de seres dotados de inteligência artificial.
daquele jeito... Tal qual o deus romano, olhamos para Mas, mesmo com os constrangimentos de cada Alexandre Figueiredo nasceu
em 1983, na pequena José Bo-
a frente com os olhos postos no que já foi. O “futuro” época, de cada geração, são os artistas os visionários nifácio, interior de São Paulo.
É caipira pirapora e tem muito
orgulho disso. Em São Paulo,
estudou História e Direito na
USP, onde também concluiu
mestrado e doutorado.

Na Quanta, desde 2007, ele


cuida da administração e do
jurídico da escola.

@agbfigueiredo

© Tainan Rocha
seção Fala aí!

no capacete dele. Este “Jarvis” daria informações e


Três perguntas, INTERNET E REDES SOCIAIS: É BOM OU RUIM?
Júlio Brilha: Acho impressionante perceber que
estatísticas sobre o que comer, como está o sangue,
atividades cerebrais em tempo real, etc. Estes dados
três respostas, a internet e as redes sociais viraram entorpecentes
poderosos. De imediato, são bons! Ninguém usaria
poderiam ser transferidos para computadores e
enviados para médicos que, com essas informações,

só um tema! um entorpecente se a sensação imediata não fosse


boa. Já o uso desenfreado... Aí vai de cada um.
poderiam ajudar a melhorar a saúde.

Marina Antunes: É claro que existem muitos NO FIM DAS CONTAS, ‘UTOPIA’ OU ‘APOCALIPSE’? PRA ONDE
Convidamos três profis- problemas, mas no geral sempre achei ótimo e, na VOCÊ ACHA QUE ESTAMOS INDO?
sionais para responder situação em que vivemos hoje*, é essencial. Essa vida
a três perguntas sobre o on-line nos dá acesso a uma quantidade infindável de Júlio Brilha: Com certeza estamos rumando para o
tema FUTURO. Veja o que informação e conhecimento que, por vias analógicas, fim de tudo, ao pó, à ruína, ragnarök, apocalipse, juízo
cada um deles tem a dizer! seria extremamente difícil de ser alcançada. final, armaggedon... chame como quiser! Como não
Wilson Jr.: De maneira geral, acho que a internet tem jeito mesmo, acho importante tentar melhorar
agrega muito e ajuda a aprender muitas coisas cujo essa jornada. Daí a importância da utopia como algo
acesso era reduzido. As redes sociais ajudam na se perseguir. Essa é justamente a função da utopia,
Júlio brilha divulgação de trabalhos, sejam eles quais forem. não? Adoro aquele filme Tomorrowland, do Brad Bird.
Júlio Brilha é Existem artistas que sabem usar as redes muito bem Concordo muito com algumas ideias trabalhadas nesse
quadrinista,
ilustrador
mesmo para isso! Mas não tem só o lado bom, e não filme. Com certeza precisamos mandar a utopia pra 7
e professor podemos deixar de falar disso. Ao mesmo tempo que dentro da cabeça (parece refrão de reggae nacional)!
universitário está tudo “democratizado”, o excesso de informação Uuuutopia pra dentro da cabeçaaaaa (refrão 3X)
de artes e de pode confundir e trazer à comparação e isso mexe Marina Antunes: Essa é difícil heim? Eu oscilo entre
desenho na com com a autoestima do artista! Outra coisa é que essas duas possibilidades, aí vai depender de como
Quanta.
muita gente usa as redes sociais para dar voz aos acordo. Se eu for por um caminho mais racional fica
ódios como racismo e outros. Apesar de boa, por muito difícil não ser pessimista e só ter o apocalipse
Wilson Jr. vezes, a internet mostra esse lado ruim! como resposta (o que é a maioria das vezes). Mas eu
Wilson Jr. é sou daquelas pessoas iludidas do “Eu quero acreditar”
ilustrador O QUE VOCÊ GOSTARIA QUE FOSSE INVENTADO NO FUTURO?
freelancer e sabe? Então, por mais que tudo indique que estamos
professor de Júlio Brilha: Sabe os plugues que os caras do Matrix caminhando para o apocalipse, pode acontecer algo
desenho e espetavam na nuca? Desde 1999 estou esperando que nos desvie desse caminho. Utopia ainda é uma
desenho 2 na que inventem algo assim. Já pensou poder fazer opção, pena que se acontecer, já não estarei mais
Quanta. upload das informações em segundos? As escolas aqui pra ver.
acabariam... errrr, putz... A Quanta é uma escola... Wilson Jr.: hahahahaha... Teremos que ir rumo a
Próxima pergunta! Marte ou algum outro planeta por aí! Brincadeira!
Marina Antunes Marina Antunes: Teletransporte, por motivos Mas é difícil entender o rumo das coisas aqui neste
Marina Antu-
nes é ilustra- óbvios. Chegar onde quiser de forma rápida, sem pequeno planeta... Em um momento está tudo bem e
dora, artista cansar, sem passar perrengue. A invenção dos sonhos em outro aparece um coronavírus... No fim das contas,
plástica e pra quem mora em São Paulo. acho que um dia chega um apocalipse!
professora Wilson Jr.: Alguma coisa como o assistente virtual
de desenho Jarvis, do Homem de Ferro, mas voltado para o cor-
na Quanta.
po humano, com aqueles gráficos que o Sr. Stark vê

* Este texto foi escrito durante os primeiros dias da quarentena do COVID-19, em março de 2020.
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Conheça os
artistas que
fizeram - e os
que ainda fazem -
a história
da Quanta!

Lita hayata
litahayata.tumblr.com
behance.net/wbone
twitter.com/litahayata

Atualmente é professora no
curso de DESENHO na Quanta
Academia de Artes, além de

© Lita Hayata
ilustradora e quadrinista free
lancer.
artbook Perfil Quanta

© Lita Hayata

© Lita Hayata
Lita Hayata é quadrinista, ilustradora e artista 2D. Natural de Bauru, vive Formou-se em Desenho Industrial na Universidade Estadual Paulista (Unesp)
em São Paulo, capital. e, desde então, já trabalhou como designer gráfica, ilustradora e diretora de
arte para empresas e instituições como SESC-SP, Top Free Games, Dekoboko e
Pipa Studios.
artbook Perfil Quanta

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© Lita Hayata

© Lita Hayata
Trabalha desenhando em um estúdio de jogos, além de arranjar tempo para
fazer freelas, tocar seus projetos pessoais em quadrinhos e dar aulas de Dese-
nho na Quanta Academia de Artes!
indicações: na estante

Coisas legais
para você ver
por aí!
Filmes, séries, revistas,
livros, sites, vídeos... Um
universo para se desco-
brir, sob a ótica de...

Buck rogers Dany futuro Neuromancer


Buck Rogers in the 25th Century HQ de ficção científica criada em Neuromancer, de William Gi-
é um seriado de televisão ame- 1969 e publicada originalmente bson, é um dos mais famosos
ricano transmitido originalmen- na Gaceta Junior. romances do gênero cyberpunk,
te entre os anos de 1979 e 1981. publicado em 1984 (em 1991 no
Brasil, pela editora Aleph).
OÉ um
planeta dos Macacos 11
Blade runner romance francês de Pierre
No século 21, uma corporação
desenvolve clones humanos
Boulle, publicado em 1963, que
retrata uma crítica social por Duna
para serem usados como escra- meio de distopia. Duna é um romance de ficção
vos. Em 2019, um ex-policial é científica do escritor americano
acionado para caçar um grupo Frank Herbert, publicado pela
fugitivo. Thundarr, o bárbaro editora Chilton Books em 1965.
É considerado o livro de ficção
Thundarr the Barbarian é uma
série animada americana, criada científica mais vendido de todos
...marcelo campos Robocop por Steve Gerber e Jack Kirby os tempos.
Policial é morto em combate e e produzida pela Ruby-Spears
quantaacademia.com transformado por cientistas em
um ciborgue ultrassofisticado a
Productions. A série durou duas
temporadas na ABC, de 4 de AA série
fundação
fim de ser usado na luta contra outubro de 1980 a 31 de outubro Fundação foi escrita por
o crime na cidade de Detroit. de 1981, e foi reprisada na NBC Isaac Asimov e descreve um
em 1983. futuro distante, onde o destino
de seus habitantes é influencia-
do por uma instituição chamada
Fundação Enciclopédica.
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