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ESCOLA SECUNDÁRIA VITORINO NEMÉSIO

Filosofia 11.º ano

UNIDADE 5: DIMENSÃO RELIGIOSA – ANÁLISE E COMPREENSÃO DA EXPERIÊNCIA


RELIGIOSA
Ano Letivo 2019/2020

Proposta de trabalho n.º3


(entregar no dia da aula síncrona)

Deus e o sentido da vida

1. Leia com atenção o texto que se segue:

A definição de Deus

«O problema da definição ou da natureza de Deus consiste, em parte, em


saber que propriedades devem ser atribuídas a Deus.
Esta questão deu origem a duas doutrinas filosoficamente mais relevantes, o
teísmo e o deísmo, que, embora tenham elementos em comum, diferem em certos
aspetos de forma importante. O teísmo é a conceção da natureza de Deus segundo
a qual Deus é um ser pessoal, espiritual, imutável, omnipresente, criador do
Universo, transcendente (que está fora do espaço e do tempo), omnipotente (que
pode tudo), omnisciente (que sabe tudo), sumamente bom e necessário. Os teístas
admitem a revelação, por intermédio, por exemplo, de um livro sagrado como a
Bíblia ou o Corão, ou de milagres e profecias, e pensam que Deus intervém no
mundo, assegurando a sua existência contínua. Os deístas, pelo contrário, recusam-
se a aceitar qualquer forma de revelação como fonte de conhecimento de Deus.
Para eles, os únicos conhecimentos legítimos da natureza de Deus são os que
derivam de processos racionais de investigação. O deísmo, tal como o teísmo,
afirma que existe um Deus pessoal e transcendente, que criou o mundo e que
estabeleceu as leis que o regem, mas, ao contrário do teísmo, nega que Deus
intervenha no curso dos acontecimentos do mundo seja de que maneira for e que
responda às preces e necessidades humanas.
Estas não são, no entanto, as únicas conceções sobre a natureza de Deus.
Outras formas de conceber a natureza são, por exemplo, o panteísmo, que
identifica Deus com o universo físico, e o panenteísmo, a crença de que Deus está
dentro de tudo e não apenas no universo físico. Além destas perspetivas sobre
Deus, que diferem apenas na forma como concebem Deus, há também aquelas que,
como o ateísmo, negam a existência de Deus ou, como o agnosticismo, afirmam ser
impossível saber se Deus existe.
De todas estas conceções, o teísmo é de longe a perspetiva mais comum,
visto que subjaz às três grandes religiões monoteístas do mundo, o Cristianismo, o
Islamismo, e o Judaísmo. Por este motivo, sempre que daqui em diante nos
referirmos a Deus, estamos implicitamente a assumir que se trata de Deus tal como
entendido nessas religiões.»

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Textos Complementares, Filosofia 10.º ano (p.52-53)

1.1 Explique o problema da definição ou da natureza de Deus.

1.2. Indique quais são as doutrinas filosóficas associadas à natureza de Deus.

1.3. Explique o que se entende por teísmo e deísmo.

2. Leia com atenção o texto que se segue:

O problema do sentido da vida: a resposta religiosa

«Tudo o que precisamos de fazer é determinar qual o objetivo ou os


objetivos que têm valor e dedicar a nossa vida à sua realização. Ora, o problema
está precisamente aqui. Embora os filósofos estejam em geral de acordo em que
uma vida para ter sentido tem de ter um ou vários objetivos com valor, estão longe
de concordar quanto a qual ou a quais os objetivos que têm valor.
Por um lado, há os filósofos que julgam que os valores são subjetivos e que
qualquer objetivo a que uma pessoa atribua valor tem valor para essa pessoa e,
portanto, dá sentido à sua vida. Sob este ponto de vista, até João de Deus, com a
sua coleção de pelos púbicos, ou um serial killer, com o seu cortejo de cadáveres,
têm uma vida com sentido, desde que, bem entendido, isso constitua para eles um
objetivo a que deem valor.
Por outro lado, há os filósofos que pensam que existem objetivos. Estes
filósofos, no entanto, estão em desacordo quanto à origem da objetividade dos
valores. Uma tradição imensamente influente é a teoria dos mandamentos divinos.
De acordo com essa tradição, o único ponto de vista objetivo é o de Deus e,
portanto, é Deus que determina o que tem ou não tem valor. Matar alguém sem
qualquer razão é errado ou combater a fome no mundo é correto, não porque
alguém julga que isso é assim, nem sequer porque a maioria das pessoas pensa
desse modo, mas porque Deus o determinou. Como só Deus é sumamente bom e
omnisciente, só Deus sabe o que objetivamente tem valor. Isto é válido tanto para
as nossas ações como para os nossos objetivos: é o ponto de vista absoluto de Deus
eu determina quais os objetivos com valor. Assim, o objetivo da nossa existência,
qualquer que ele seja, tem de derivar de Deus, porque tem de ter valor, e Deus é a
origem de todo o valor.
Os defensores destas ideias em geral pensam também que Deus estabeleceu
efetivamente qual é a finalidade para a existência humana e a comunicou aos
homens por intermédio da Bíblia e de outras formas de revelação. Dado que a
mensagem cristã tem sido de enorme importância nos últimos dois milénios,
fornecendo conforto espiritual a muitos milhões de pessoas, temos de estudar esta
resposta com detalhe e procurar determinar se constitui uma resposta efetiva ou
uma resposta ilusória à questão do sentido da existência.
A ideia fundamental da resposta religiosa é a de que Deus dá sentido à
existência. A finalidade da vida humana é a felicidade, mas devido, ao facto de a vida
terrena ser limitada e incompleta, essa felicidade não pode ser plenamente

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alcançada nesta vida. Ela só pode ser alcançada numa vida depois desta vida, em
que a alma imortal vive eternamente no reino de Deus. Em princípio, este objetivo
está ao alcance de todos os homens, uma vez que Deus os fez à sua imagem e
semelhança, mas só aqueles que fizerem da imitação de Jesus Cristo um objetivo da
sua vida e a dedicarem à oração e à prática da virtude poderão aspirar à vida eterna.
Os outros, claro, estão condenado à infelicidade eterna no Inferno. A felicidade
eterna, portanto, não é algo a que se possa aspirar sem contrapartidas. Para poder
alcança-la, o homem tem de viver neste mundo uma vida moral e religiosa, na qual a
prática do bem e a adoração a Deus têm um papel essencial. Assim, embora o
objetivo último da vida só possa ser encontrado numa vida para além desta, esse
objetivo projeta-se nesta vida e dá-lhe significado e valor, pelo que o cristão, mesmo
neste mundo, pode ter uma existência com sentido.»
Textos Complementares, Filosofia 10.º ano (p.42-43)

2.1. Qual é a resposta religiosa para o problema do sentido da existência?

2.2. Alguns filósofos afirmam que, para que a vida tenha sentido, é não apenas
necessário que tenha um objetivo com valor como que esse objetivo possa ser
alcançado. Está de acordo? Será isto verdade? Justifique a sua posição.

Bom Trabalho! 

28 de abril de 2020
Professora Susana Fernandes

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