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Unidade III
5 ANÁLISE DE CRÉDITO PESSOA JURÍDICA
Até o momento, fizemos uma análise dos conceitos de risco, capacidade de pagamento e um modelo
de análise de pessoa física. Agora, o foco é fazer análise de pessoa jurídica. Vimos que existem riscos para
concessão de crédito para pessoas físicas, mas eles existem em maior proporção para pessoa jurídica,
pois os valores assumidos são maiores e as necessidades de documentação também são diferentes.
Muitas das informações fornecidas exigem capacitação especial para interpretação, mesmo que
subjetiva.
As linhas de crédito oferecidas para as empresas são direcionadas ao financiamento de capital de giro
e de investimentos. Elas precisam financiar suas operações, como produção, compra de matéria‑prima,
mão de obra etc.; isso justifica a necessidade de capital de giro. Para que ampliem a capacidade de
produção e estejam adequadas às necessidades competitivas, as empresas devem investir em instalações,
maquinários, equipamentos etc.; isso justifica a necessidade de investimentos.
Lembrete
Cada linha de crédito representa um risco e, por esse motivo, cada linha
resulta em um custo. E a escolha da linha adequada para as necessidades
empresariais é crucial para uma boa gestão financeira.
São linhas direcionadas ao financiamento das necessidades operacionais de curto prazo. Em outras
palavras, são linhas que objetivam fazer a empresa funcionar no dia a dia.
Observação
É uma linha que busca antecipar recebíveis de vendas a prazo, normalmente antecipação de
duplicatas. Nesse modelo, a empresa transfere os direitos dos recebíveis a um terceiro.
Observação
Trata‑se de linha de crédito rotativa, que é disponibilizada em conta corrente e a empresa utiliza
conforme sua necessidade. É cumulativo até o final do contrato.
5.1.4 Compror
5.1.5 Vendor
Linha de crédito que permite vender a prazo e receber à vista de um banco o valor que seria pago no
futuro. As condições de financiamento são negociadas com o vendedor e um banco.
É uma operação de hedge cambial. É uma situação em que uma empresa possuidora de dívida em
moeda estrangeira repassa esse débito a um terceiro.
5.1.10 Resolução 63
É um empréstimo de recursos captados no exterior por instituição financeira, sobretudo por meio de
emissão de títulos. O contrato é feito em moeda nacional, indexado à variação cambial.
5.1.11 Leasing
É uma espécie de aval, em que o banco assume e/ou se responsabiliza pelos pagamentos dos seus
clientes caso estes não possam cumprir com a dívida.
• Cédula de produção rural (CPR) – o produtor recebe o valor de uma venda no ato da negociação
e se compromete a entregar conforme combinado na venda.
• Cédula de produção rural financeira (CPRF) – idem ao anterior; difere‑se pela forma de
pagamento. Enquanto no primeiro a entrega da venda finaliza o contrato, neste, o pagamento é
feito em dinheiro.
Existem outras linhas de crédito ligadas ao agronegócio, mas que não foram citadas aqui.
Para liberação de qualquer uma das linhas citadas, Santos (2012) aponta a seguinte sequência a ser
seguida:
• análise cadastral;
• análise de idoneidade;
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CRÉDITO E COBRANÇA
• análise financeira;
• análise de relacionamento;
• análise patrimonial;
• análise de sensibilidade;
• análise do negócio;
• análise da concorrência;
Identifica os sócios e a empresa, solicita os seus RG e CPF, CNPJ, contrato social, estatutos e alvarás
de funcionamento.
Verifica ainda a situação tributária, nas esferas municipal, estadual e federal, descreve as atividades
da empresa, a natureza dos imóveis utilizados, se são próprios ou não. Identifica também a carteira de
clientes, participação de mercado, relacionamento bancário e principais contatos.
A análise de relatórios gerenciais será tratada mais adiante, ao falarmos sobre os índices de liquidez,
capacidade de pagamento etc.
Um dos procedimentos básicos para a concessão de crédito é a análise dos demonstrativos financeiros.
Ela deverá revelar a situação de gestão patrimonial da organização.
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Unidade III
• Balanço Patrimonial;
• DRE;
• DOAR;
• DMPLA;
Pelas alterações das regras contábeis, alguns desses demonstrativos não são mais exigidos, e outros
passam configurar como necessários, como o DFC – demonstrativo do fluxo de caixa.
Saiba mais
Índices Conceito
Liquidez Capacidade de pagamento de dívidas com recursos financeiros disponíveis e contas a receber.
Endividamento Montante de dívidas ou passivos que financiam os investimentos.
Montante de recursos financeiros permanentes (de longo prazo) que estão sendo investidos em
Imobilização ativos produtivos (máquinas, equipamentos, veículos, instalações etc.).
Lucratividade Margens de lucratividade obtidas no gerenciamento da atividade operacional.
Cobertura Capacidade de pagamento de dívidas com a geração de lucro e fluxo de caixa operacional.
Período médio de conversão de estoques em vendas e duplicatas a receber em caixa. Além
Rotatividade disso, mostra o período médio de pagamento de dívidas com os fornecedores.
Rentabilidade Margens de retorno obtidas sobre o investimento total e capital dos proprietários.
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CRÉDITO E COBRANÇA
É uma avaliação ou busca de informações de bens em nome do cliente. O objetivo é levantar possíveis
garantias para a concessão ou não de crédito.
É o monitoramento macroeconômico do cliente, seja pessoa física ou jurídica. Uma busca de cenários
econômicos, situações de setores específicos, de taxas de juros, câmbio etc. pode ser relevante para uma
política de crédito mais rígida ou não.
Como exemplo, podemos citar as últimas grandes crises financeiras, tanto nos EUA como na Europa.
Cada mercado, em cada país, foi afetado de maneiras específicas. Portanto, uma análise que decidisse
tornar o crédito mais rigoroso ou facilitador era crucial. O Brasil decidiu facilitar, ampliar e reduzir taxas,
acreditando na ampliação do mercado interno. Decisão esta que aparentemente foi acertada.
Saiba mais
Essa análise busca conhecer a empresa como negócio e a aderência dos proprietários a ele. Busca
ainda saber sobre a idoneidade no mercado de crédito, sua situação financeira, se domina as tecnologias,
se busca conhecer os processos de produção, o ciclo operacional e seus clientes e fornecedores, quais
são seus principais concorrentes etc.
Essa análise verifica a capacidade da empresa de gerar receita de forma competitiva e sustentável.
Avalia todos os índices operacionais, o que pode demonstrar a qualidade da gestão da empresa.
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Muitas vezes, um bem não tangível traz muita segurança para a empresa por ter grande valor
atribuído, como é o caso das patentes, marcas valiosas, direitos autorais, domínio de tecnologia etc.
Como isso deve figurar no Balanço Patrimonial, é mais fácil a sua avaliação.
A formação de grandes grupos, constituídos por inúmeras empresas, torna o processo mais demorado
e mais complexo, pois é necessário avaliar todo o grupo, verificar o nível de dependência que as empresas
têm, assim como a gestão e as principais decisões.
Além das exigências normais e corriqueiras, algumas linhas de crédito têm vinculado à aprovação
ou não as políticas de sustentabilidade. Isso vem gerando preocupação, pois sustentabilidade está
relacionada à imagem e nenhuma empresa quer estar ligada a outra que não cumpra com suas
responsabilidades ambientais.
É uma análise de como a empresa atua na política de crédito, pois, se não houver rigor, sofrerá
as consequências da inadimplência e não terá como honrar seus compromissos. A monitoração dos
resultados financeiros é uma segurança, pois mostra como a empresa gere seus recursos. E todo credor
quer ter certeza que essa operação é bem feira.
Todos os dados dos relatórios gerenciais são comparados com o mercado, mais especificamente
com os principais concorrentes. Estar abaixo da média pode significar ineficiência competitiva, o que é
desabonador para concessão de crédito.
O mais importante demonstrativo utilizado é o BP – Balanço Patrimonial. Pode ser visto como uma foto da
empresa em determinado momento, associando bens, direitos e obrigações de forma estruturada e temporal.
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CRÉDITO E COBRANÇA
Vejamos um modelo:
Balanço Patrimonial
Ativo Passivo
Ativo circulante Passivo não circulante
Considera os bens e direitos de rápida renovação Considera as dívidas de curto prazo
Ativo não circulante Passivo não circulante
Realizável a LP Exigível a LP
Investimento Patrimônio líquido
Imobilizado Capital
Intangível Reserva de capital
Ajuste de avaliação patrimonial
Reservas de lucro
Ações em tesouraria
Para fazer a análise, é importante conhecer os componentes de cada uma das contas apontadas.
Vejamos as principais:
Ativo circulante
Disponibilidade
Investimento financeiro
Disponibilidade
Estoques
Contas a receber
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Passivo circulante
Fornecedores
Empréstimo bancário
Impostos a pagar
Salários a pagar
Encargos sociais
Os outros componentes patrimoniais, como ativo não circulante, passivo não circulante e patrimônio
líquido, já foram demonstrados no próprio instrumento sua composição.
Dessas contas, podemos obter uma série de dados que podem revelar muitas informações sobre
o passado e o futuro da organização. Esses itens que extraímos podem ser chamados de índices ou
indicadores econômicos; não vamos falar de todos, mas dos principais.
CCL = AC – PC
Quanto maior, maior será também a liquidez da empresa ou a capacidade de honrar suas obrigações.
Observe que o AC (ativo circulante) contempla os recursos positivos, bens e direitos de curto prazo,
e o PC (passivo circulante) contempla as obrigações. Portanto, AC deve ser maior que PC para que a
situação seja boa.
Liquidez é a capacidade de pagamento da empresa e pode ser calculada de diferentes formas, como
veremos a seguir.
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CRÉDITO E COBRANÇA
Devem‑se dividir os valores do ativo circulante pelo passivo circulante. É representado pela fórmula:
AC
LC =
PC
Onde:
LC = Liquidez corrente
AC = Ativo circulante
PC = Passivo circulante
É a capacidade de pagamento de curto prazo da empresa, dentro do exercício fiscal vigente, ou seja,
menor que um ano ou 360 dias. Para interpretação, mesmo com algumas observações, considera‑se que
quanto maior o resultado dessa equação apresentada, melhor. O resultado deve ser, obrigatoriamente,
acima de um para significar boa capacidade de pagamento.
É a capacidade de pagamento da mesma forma que a corrente, mas para dar outra leitura à
empresa os estoques são abatidos do AC. Os motivos para essa leitura são claros: tem grandes
impactos em empresas com estoques elevados. Considerando que o estoque leva certo tempo para se
transformar em dinheiro, essa análise é relevante para avaliar a capacidade de pagamento e, assim,
a liberação de crédito.
A fórmula utilizada é:
AC − E
LS =
PC
Onde:
LS = Liquidez seca
AC = Ativo circulante
E = Estoques
PC = Passivo circulante
Da mesma maneira que o índice anterior, ele deve ser acima de um para ser positivo, e, via de regra,
quanto maior, melhor.
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Unidade III
Esse índice considera as operações de curto e longo prazo, tanto dos ativos, onde considera o AC
como RLP (realizável em longo prazo) e, no passivo, considera o PC e o ELP (exigível em longo prazo). O
objetivo desse índice é dar certa clareza com olhar mais amplo.
A fórmula considerada é:
AC + RLP
LG =
PC + ELP
Onde:
LG = liquidez geral
AC = ativo circulante
PC = passivo circulante
Da mesma maneira, quanto maior, melhor. Esse índice fornece uma leitura interessante no equilíbrio
das obrigações de curto e longo prazo.
Exemplo de aplicação
Você, como analista de crédito, emprestaria dinheiro para o cliente citado anteriormente?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
A composição das dívidas também reflete maior ou menor segurança na concessão de crédito. Se a
maior parte das obrigações for de curto prazo, haverá grandes necessidades de fazer caixa para liquidar
as obrigações. Agora, se for de longo prazo, haverá maior tempo para cumprir com as obrigações. Vamos
conhecer melhor essa composição a seguir.
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CRÉDITO E COBRANÇA
Uma empresa é formada por capital próprio e capital de terceiros, o PL (patrimônio líquido) é
entendido como capital próprio e/ou uma obrigação especial para com os acionistas ou proprietários.
Esse é o motivo de ele estar no lado do passivo.
Observando o que se é relacionado no passivo, temos as obrigações com terceiros, que estão no
passivo circulante e no exigível em longo prazo. No PL temos as obrigações com os acionistas. Nesse
sentido, esse índice busca a relação da participação de capital de terceiros com as obrigações totais. É
representado pela fórmula:
PC + PELP
PCT =
PT
Onde:
PC = passivo circulante
PT = passivo total
É o mesmo conceito do anterior, só que invertido. Nesse caso, o objetivo é ver a porcentagem de
capital próprio.
CP = (PL) / PT
É a proporção de capital próprio (patrimônio líquido) em relação ao passivo total. Além dos índices
de liquidez e da composição do endividamento, é importante conhecer a rentabilidade das operações da
empresa, calculando, por exemplo, a proporção de lucro em relação ao total investido nos ativos.
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Unidade III
Para essa análise, utilizam‑se dois demonstrativos contábeis: o DRE (demonstrativo do resultado do
exercício) e o Balanço Patrimonial. Demonstra a proporção de ganho para cada real aplicado na empresa.
Veja:
LB
MB =
AT
Onde:
MB = margem bruta
LB = lucro bruto
AT = ativo total
Em resumo, é o lucro bruto em relação aos ativos totais – quanto maior, melhor.
A análise de ganho em relação às vendas é outro indicador importante. Ela aponta, por exemplo, se
a empresa terá problemas de rentabilidade no futuro, se o ganho em relação às vendas é suficiente para
sanar as obrigações.
Vejamos:
LO
MO =
VL
Onde:
MO = margem operacional
LO = lucro operacional
VL = vendas líquidas
É o quanto obteve de lucro operacional em relação às vendas líquidas. Quanto maior, melhor.
Esse índice faz a mesma análise anterior, só que considerando o lucro líquido e vendas líquidas.
Pode‑se dizer que ele é um dos mais importantes. Uma empresa que tenha problemas com esse índice,
quanto mais vender, pior vai ficar.
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CRÉDITO E COBRANÇA
LL
ML =
VL
Onde:
ML = margem líquida
LL = lucro líquido
VL = vendas líquidas
Vamos agora relacionar esses índices de lucratividade à análise de crédito. Suponha que temos uma
empresa solicitando crédito para expansão dos negócios e os índices calculados foram:
Veja que a empresa cliente está abaixo da média de mercado em todos os itens. Na margem líquida, a
empresa ganha somente R$ 0,05 para cada real vendido e o mercado ganha o dobro. Então, a capacidade
da empresa em gerar caixa será pior e a tendência para ter problemas de caixa no futuro é grande.
Nesses últimos índices fez‑se referência ao DRE. Vamos conhecer um pouco melhor sua estrutura.
Quadro 7 – DRE
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5 Lucro bruto
– Despesas operacionais, que são:
• de vendas;
6 • administrativas;
• financeiras;
• gerais.
7 Lucro operacional (5 – 6)
8 + resultado não operacional
9 – Provisão para imposto de renda e contribuição social
10 – Participações e contribuições
11 Lucro líquido do exercício
O mesmo critério de credit score utilizado para pessoa física pode ser usado para análise de crédito de
uma empresa. Um sistema de análise de crédito possibilita essa análise e o software faz os cruzamentos,
o que minimiza a atuação do analista.
O exemplo a seguir é um modelo que pode ser adaptado de acordo com cada instituição.
Este modelo é proposto por Altman; Caouette; Narayanan (2000) e é importante dizer que,
pela ampla aceitação, ele foi o escolhido para abordagem. Da mesma forma que foi desenvolvido
na análise de pessoa física, pode ser realizado em empresas. Teremos pessoas para cada um dos
C’s do crédito.
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CRÉDITO E COBRANÇA
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Unidade III
Experiência 1
Acima de cinco anos 3 3
De 2 a 5 anos 2 2
Até dois anos 1,5 1,5
Observação
Tipos de estruturação 1
Acumulação ampliada (custos + investimentos) 1,5 1,5
Acumulação simples (custos) 1 1
Sobrevivência 0,5 0,5
Capacidade instalada 1
De 81% a 100% da capacidade 2 2
De 51% a 80% da capacidade 1,5 1,5
De 31% a 50% da capacidade 1 1
Abaixo de 30% da capacidade 0,5 0,5
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CRÉDITO E COBRANÇA
Histórico de vendas 2
De 81% a 100% à vista 4 8
De 51% a 80% à vista 2 4
De 30% a 50% à vista 1 2
Abaixo de 30% à vista 0,5 1
Da mesma forma que os cálculos foram realizados anteriormente, também são feitos nesse modelo.
A diferença está na documentação que gera os relatórios, para lembrar: são os demonstrativos contábeis,
tais como Balanço Patrimonial e DRE.
Após fazer essa pontuação de acordo com os pesos, podemos classificar a empresa de acordo com
o grau de risco:
A partir dessa classificação, podemos tomar as decisões adequadas aos objetivos da organização.
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Unidade III
Adotar um modelo de credit score não garante o sucesso da gestão de crédito, sendo necessário
avaliar a situação dos clientes em tempo integral.
Para Sandroni (2005, p. 37), as principais vantagens da adoção de um modelo de credit score advêm
do fato de ele ser:
• objetivo;
• consistente;
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CRÉDITO E COBRANÇA
O ato de conceder ou não crédito é feito com base em procedimentos impessoais e padronizados,
gerando um maior grau de confiabilidade. Essa ferramenta reduz o tempo de análise do cliente, apresenta
flexibilidade para adaptações e alterações a qualquer tempo e aumento da margem de segurança, pois
minimiza a ação humana.
Quanto às desvantagens, a principal delas consiste nas variáveis não satisfazerem as condições ou
as presunções subjacentes.
Antes, no entanto, de o cliente fazer a sua solicitação de empréstimo, deve existir toda uma política
de crédito estabelecida na instituição. O objetivo da política é a orientação nas decisões de crédito,
tendo em mente os objetivos desejados e estabelecidos. Nas instituições financeiras, é comum encontrar
a figura de um ou mais comitês para responder pela política de crédito.
Esses comitês são grupos que estudam e decidem sobre os riscos operacionais de crédito e cujo objetivo
é analisar, dar parecer e manifestar seu acordo ou desacordo com as operações de crédito (SILVA, 2000).
Os analistas podem decidir até certo ponto, dentro da normalidade; o comitê analisa as exceções.
Recusa
Sistema de
Solicitantedede Análise do
Solicitante
Solicitantes de classificação por
crédito benefício da
crédito
crédito score
recusa do crédito
Aceitar
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Unidade III
Os modelos de credit score têm como objetivo identificar certos fatores‑chave que influenciam na
adimplência ou inadimplência dos clientes, permitindo a sua classificação em grupos distintos e, como
consequência, toma‑se a decisão sobre a aceitação ou não do crédito em análise.
A diferenciação desses modelos em relação aos modelos subjetivos de análise de crédito se dá,
principalmente, pelo fato de a seleção dos fatores‑chave e de seus respectivos pesos ser feita por meio
de processos estatísticos, como vimos anteriormente.
Além disso, a pontuação gerada para cada cliente, a partir da equação dos modelos credit score,
fornece indicadores quantitativos das chances de inadimplência desse cliente.
Quando o mercado não tinha as dimensões de hoje e cada empresário praticamente conhecia
pessoalmente seus clientes, o sistema de caderneta funcionava bem. Sabia‑se quem era bom pagador
e quem não era, e decidia‑se se mantinha crédito ou não. Com o aumento do porte das organizações e
do número de clientes, isso não funciona mais, o que evidencia a necessidade de um sistema como esse.
Os modelos de credit score são divididos em duas categorias, como veremos a seguir.
Esse modelo busca informações sobre a probabilidade de inadimplência de um cliente que já possui
um produto ou crédito com a instituição.
A principal diferença entre as duas categorias de modelos, portanto, é o fato de, nos modelos
de escoragem comportamental, a instituição, por já conhecer o cliente, possuir condições de inserir
características que avaliem seu comportamento em operações anteriores. Isso não ocorre nos modelos
de aprovação de crédito, quando o solicitante ainda não possui um histórico com a instituição e esta
não o conhece.
a) Consistência: são modelos bem elaborados, que utilizam a experiência da instituição e servem
para administrar objetivamente os créditos dos clientes já existentes e dos novos solicitantes.
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CRÉDITO E COBRANÇA
b) Facilidade: tendem a ser simples e de fácil interpretação, com instalação relativamente fácil.
d) Redução de metodologia subjetiva: o uso de método quantitativo com regras claras e bem
definidas contribui para a diminuição do subjetivismo na avaliação do risco de crédito.
e) Maior eficiência do processo: o uso de modelos credit score na concessão de crédito direciona
os esforços dos analistas, trazendo redução de tempo e maior eficiência a esse processo.
a) Custo de desenvolvimento: desenvolver um sistema credit score pode acarretar custos, não
somente com o sistema em si, mas também com o suporte necessário para sua construção, como
profissionais capacitados, equipamentos, coleta de informações necessárias ao desenvolvimento
do modelo, entre outros.
b) Excesso de confiança nos modelos: algumas estatísticas podem superestimar a eficácia dos
modelos, fazendo com que usuários, principalmente aqueles menos experientes, considerem tais
modelos perfeitos, não criticando seus resultados.
c) Falta de dados oportunos: se o modelo necessita de dados que não foram informados, pode
haver problemas na sua utilização na instituição, gerando resultados diferentes dos esperados.
e) Interpretação equivocada dos scores: o uso inadequado do sistema devido à falta de treinamento
e aprendizagem de como utilizar suas informações pode ocasionar problemas sérios à instituição.
Para ampliar a segurança da análise, foram atribuídos pesos para cada categoria, que devem ser
multiplicados pela pontuação obtida na análise.
Discriminação Peso
Caráter 2,33
Capacidade de pagamento 1,80
Capital 1,50
Condições do negócio 1,42
Colateral 1,33
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Unidade III
Assim, ao obter a pontuação, deve‑se multiplicar pelo peso aqui informado, mas, para facilitar,
vamos ver uma aplicação prática.
Exemplo de aplicação
Análise de crédito
A empresa XYZ é uma indústria que atua no ramo têxtil, no segmento de fiação de algodão, fraldas
de algodão e moda infantil.
Caráter
• Pontualidade: dois dos três terceiros pesquisados informaram que a empresa atrasa em média 30 dias.
Capacidade
Capital
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CRÉDITO E COBRANÇA
Condições do negócio
Vamos abrir um espaço para explicar os cálculos dessa tabela. As demais seguirão a mesma métrica.
Restrição é um dos itens avaliados, e esse tem peso de grupo 3. Como possui restrição, a pontuação
dada foi 0, então 3 x 0 = 0 e, na sequência, 0 x 2,33 = 0.
O item idoneidade faz parte do caráter e possui peso 2. A empresa teve informação positiva em uma
fonte, isso dá uma nota 2. Portanto: 2 x o peso 2 = 4. E assim, 4 x 2,33 = 9,32.
O item experiência com operação de crédito tem peso 2. E, nesse quesito, a empresa analisada possui
várias experiências, com nota 1,5, então 1,5 x 2 = 3. E assim, 3 x 2,33 = 6,99.
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Unidade III
1,10 de LG 1 2 3,6
Comprometimento financeiro 1,5
15% do lucro operacional 3 4,5 8,1
Proposta de crédito 2
25.000 tendo 10.000 de 3 6 10,8
faturamento
Veja que as regras foram as mesmas; os pesos são dados na linha azul e os valores são apurados a
partir das informações de cada empresa.
Itens Soma
Caráter 9,32
6,99
Capacidade 2,7
1,8
3,6
8,1
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CRÉDITO E COBRANÇA
10,8
Capital 6
4,5
Condição 2,13
2,48
2,48
Total 60,9
99
Unidade III
Classe F
Risco: altíssimo.
Lembrete
Essa análise tem grande margem de segurança, mas deve passar pelo
crivo humano; é a análise da experiência. Vale ressaltar que as análises
objetiva e subjetiva andam juntas.
Resumo
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CRÉDITO E COBRANÇA
Exercícios
Questão 1. (Enade 2006) A Estelar Aérea S.A., uma das mais importantes empresas na vida empresarial
recente do Brasil, viveu, durante o ano de 2006, um processo de insolvência, como se pode observar
pelos seguintes grupos de contas em seu balanço de 31 de dezembro de 2005:
Em R$ milhões:
O patrimônio líquido da Estelar Aérea S.A, em 31 de dezembro de 2005, em R$ milhões era de:
A) 12.593
B) 7.921
C) 2.336
D) -2.336
E) -7.921
Justificativa geral: o quadro a seguir mostra o balanço patrimonial da Estelar Aérea S.A., elaborado
a partir dos valores informados na questão.
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Unidade III
A) 20%.
B) 16%
C) 15%.
D) 13%
E) 10%
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