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RESUMO
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Arquiteto e Urbanista. Prof. Esp. Colaborador, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Departamento de
Engenharia Civil-DEC. Mestrando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana-PEU,
gustavobruski@hotmail.com
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Arquiteto e Urbanista. Prof. Esp. Colaborador, Universidade Estadual de Maringá-UEM, Departamento de
Arquitetura e Urbanismo-DAU. Mestrando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana-PEU,
robison_yonegura@hotmail.com
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Tecnóloga Ambiental. Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Campo Mourão. Mestranda,
Universidade Estadual de Maringá-UEM, Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana-PEU,
larissafvm@hotmail.com
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Engenheiro Civil. Universidade Estadual de Maringá-UEM, Departamento de Engenharia Civil-DEC.
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Urbana-PEU, jose-plinio@uol.com.br
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Prof. Dr., Universidade Estadual de Maringá-UEM, Departamento de Agronomia - DAG,
brucagem@uol.com.br
1. INTRODUÇÃO
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Planejar o futuro, dar forma e sustentar a vida civil no espaço urbanizado requer uma visão
atualizada do meio ambiente. Segundo Souza e Tundisi (2006) são elementos fundamentais de
qualquer atividade de planejamento: o pensamento orientado para o futuro; a escolha entre
alternativas; a consideração de limites, restrições, potencialidades prejuízos e benefícios; e a
possibilidade de diferentes cursos de ação, os quais dependem de condições e circunstâncias
variáveis. Neste sentido, esta pesquisa busca compreender a dinâmica do processo natural na
formação da paisagem urbana dos fundos de vales e sua importância na construção dos valores
ambientais, paisagísticos, culturais e estéticos destas paisagens.
O desenho ambiental envolve a idéia que um projeto seja o elemento formulador e indutor
de um processo. A chave deste processo está na prática de um desenho como instrumento de
elaboração de cenários. Para isso pressupõe o conceito ecossistêmico em que ação antrópica esteja
incluída e visa responder a uma determinada questão que necessite de uma expressão espaço-
temporal, em qualquer escala, bem como a princípios de preservação e conservação ambientais que
objetivam a melhora da qualidade de vida e o desenvolvimento sustentado (FRANCO, 1997).
Portanto o desenho ambiental estabelece formas de visualização de ações de planejamento,
entendido não como um fim em si, mas como um processo realizado em escalas integradas, numa
visão ecossistêmica, passando a constituir-se num instrumento eficaz para as intervenções
antrópicas no território.
No mesmo sentido, Spirn (1995) argumenta que o desenvolvimento urbanístico de uma área,
aqui especificamente um fundo de vale, deve incorporar e ser projetada de acordo com os processos
naturais diagnosticados, aproveitando suas potencialidades para a conformação de um habitat
urbano benéfico. Para isso devem entender que o meio ecológico, o vale, é um tipo de infra-
estrutura existente que desempenha importantes e diferenciadas funções para a manutenção e
melhoria da sustentabilidade urbana.
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Verifica-se que as atividades voltadas para a melhoria das cidades, comumente não
proporcionam condições para o desenvolvimento e manutenção da flora e da fauna (LIMNIOS,
2006). A adequação e interação do espaço habitado com a natureza beneficia a saúde física e
emocional das comunidades. Isto garante a diminuição de negatividade urbanas e uma cidade mais
saudável.
Nesse sentido, a vegetação no meio urbano favorece a potenciais melhorias, tais como
melhoria no microclima, poluição atmosférica, hídrica e visual, bem como na qualidade de vida,
além de restabelecer um novo equilíbrio ecossistêmico para a área (MASCARÓ e MASCARÓ;
2002, BIONDI e ALTHAUS, 2005).
Os parques lineares apresentam-se como alternativas para uma melhor qualidade neste meio,
pois os mesmos contribuem para a preservação ambiental e a inserção da comunidade no processo
de preservação, favorecendo a melhorias na qualidade urbana, ambiental e de vida. Friedrich (2007)
define parques lineares como o desenho da paisagem através do estabelecimento da continuidade
espacial, relacionando os espaços construídos e os espaços abertos, vinculados a paisagem urbana,
com a inserção de vegetação neste meio, onde os mesmos podem ainda possuir capacidade de
interligar fragmentos florestais, proporcionando interações de ordem animal e vegetal neste meio.
3. ANÁLISE E DIAGNÓSTICO
A incursão realizou-se no local anexo ao Horto Florestal, onde foi implantado um “pesque-pague”
(Figura 2) próximo uma das nascentes da cabeceira do córrego. Verificou-se o escoamento de águas
pluviais dos loteamentos urbanos por meio de galerias até o córrego.
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Figura 2 - Vista parcial do pesque-pague junto à cabeceira do córrego Borba Gato
Fonte: Autores, 2008.
Verifica-se também um escoamento superficial considerável, porém este é contido pela vegetação
ciliar que em conjunto com uma cobertura vegetal rasteira, formada por uma gramínea, contém o
processo erosivo das margens do córrego (Figura 3).
Figura 3 - Aspecto parcial da vegetação ciliar e gramineas na margem do córrego Borba Gato
Fonte: Autores, 2008.
Neste mesmo ponto, também verifica-se a instalação de uma estação de monitoramento dos
efluentes sanitários, que a SANEPAR despeja no córrego.
No inicio do córrego, verifica-se a vegetação ciliar em bom estado, a água aparentemente
apresenta-se límpida e sem sinais de poluição e assoreamento (Figura 4).
Figura 4 - Aspecto visual de trecho do córrego Borba Gato sem indícios de poluição e com presença
de vegetação ciliar
Fonte: Autores, 2008.
Próximo às margens, verifica-se uma propriedade onde são cultivadas hortaliças há muitos anos.
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Atualmente o proprietário se vale de um sistema de irrigação que coleta as águas de uma das nascentes
que forma o córrego Borba Gato, e bombeia as águas através de um sistema de moto-bomba estacionário.
Percebe-se que é uma atividade de baixo impacto e que as matas ciliares nesta propriedade estão
preservadas (Figura 5).
Figura 5 - Vista parcial de uma propriedade privada e da vegetação ciliar à margem do Borba
Gato
Fonte: Autores, 2008.
Ainda, próximo a este trecho verifica-se a instalação de um condomínio residencial, neste ponto
acredita-se que o processo de urbanização foi mais agressivo, ocorrendo a sua implantação sobre uma
área de contribuição direta de outra nascente do córrego Borba Gato.
O empreendimento tomou providências necessárias para mitigar os efeitos da drenagem das águas
pluviais, com a construção de uma rede coletora e dissipador de energia nas margens do córrego, e
“preservou” a faixa de mata ciliar.
Na margem esquerda do córrego, próximo a Avenida Nildo Ribeiro da Rocha, onde esta via
pública faz limites com o conjunto habitacional Inocente Vilanova Jr., verifica-se a implantação de uma
vala de drenagem de águas pluviais (Figura 6) que desvia o fluxo natural da corrente, que seguia no rumo
do contorno sul, para o córrego Borba Gato.
Ao percorrer esta valeta, as águas pluviais atingem o córrego, onde a declividade é mais
acentuada, provocam um processo erosivo intenso: Como o perfil do solo é caracterizado por uma faixa
de solo no perfil “A” que não excede a 30 centímetros de espessura, a erosão superficial carreou para o
córrego a camada de solo superficial. Sob esta camada encontra-se a rocha basáltica sã, por onde escorre
a enxurrada (Figura 7).
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Figura 7 - Aspecto parcial do afloramento rochoso que “contém” processos erosivos oriundos da
drenagem
Fonte: Autores, 2008.
Figura 8 - Processos erosivos ocasionados pela drenagem próximo ao Córrego Borba Gato
Fonte: Autores, 2008.
Porém, antes de alcançar o córrego, a enxurrada atravessa uma estrada que margeia o córrego, e
que atende a uma servidão de passagem para uma família que reside em uma propriedade rural próxima.
Para vencer a estrada foi feita uma valeta e uma galeria de tubos de concreto armado, porém é uma
solução temporária, que após cada temporada de chuvas tem que ser refeita (Figura 9).
A passagem sobre o córrego que liga o Conjunto Habitacional Inocente Vilanova Jr., ao Conjunto
Itaipu II, indica visualmente que a faixa de área de preservação permanente naquele local, embora
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preservada na sua extensão, não apresenta-se devidamente preservada quanto às matas ciliares, ocorrendo
muitas espécies exóticas como o Eucalipto e Leucena, além de ter se tornado em depósito clandestino de
lixo e entulhos (Figura 10).
Já do outro lado do córrego, na sua margem direita, encontramos uma situação mais animadora:
Localizam-se à montante daquele ponto, as obras do Parque do Japão, em execução pela municipalidade.
Lá estão sendo feitas diversas obras de urbanismo e recuperação de áreas degradadas, que passam pela
reconstituição das matas ciliares do córrego Borba Gato e da nascente que se encontra atravessando o
referido parque. Trata-se de grande oportunidade para integração das áreas verdes e intensificação do uso
e preservação daquele bioma.
Na margem direita, contornando o Parque do Japão, verifica-se outro núcleo urbanizado onde
foram implantados dois loteamentos urbanos: O Jardim Industrial e o Residencial Bim.
De lá se pode ter uma visão abrangente da margem oposta, a partir do Horto Florestal, que pelo
Decreto Municipal nº 203/94 foi declarado Reserva Florestal Municipal (Figura 11), do potencial de
aproveitamento para implantação de um parque ecológico sobre o vale do córrego Borba Gato.
Figura 12 - Vista panorâmica do acesso ao Parque Borba Gato múltiplos usos: pista de
caminhada, ciclovia, anfiteatro e comércio de apoio
Autor/croqui: Yonegura, 2008.
Neste vale já existem mecanismos contentores do escoamento das águas pluviais que, no
entanto, não atendem plenamente sua função.
Desta forma, propõe-se um sistema de drenagem composto por rotatórios e dissipadores
compostos com gabiões, que aliam funcionalidade e estética, implantados continuamente até o leito
do córrego (Figura 14 e 15).
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Figura 15 - Detalhe do gabião ecológico
Autor/croqui: Yonegura, 2008.
De acordo com o que foi levantado in loco, a falta de uma solução correta no passado, fez
com que a água procurasse seu caminho natural, iniciando um processo erosivo que só se
estabilizou ao encontrar o leito de rochas.
A proposta visa utilizar este efeito estético funcional criado pela natureza, aproveitando o
caminho já definido pelas águas pluviais, criando uma canaleta ecológica por onde as águas
escoam até o dissipador às margens do córrego (Figura 16).
No Contorno Sul, via de acesso rápido, e também nas demais vias que interceptam o vale,
propõem-se a implantação de pontes (Figura 17) que permitem a continuidade, conectividade e
fluxo gênico entre as espécies (Figura 18) do vale e continuidade visual da mata que margeia o
córrego Borba Gato.
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Figura 17 - Ponte equipamento lúdico
Autor/croqui: Yonegura, 2008.
3. CONCLUSÃO
O equilíbrio entre áreas preservadas e áreas urbanizadas parece ser a principal estratégia
para assegurar a sustentabilidade ecológica de uma paisagem. Nesse contexto, é fundamental
compreender a dinâmica dos componentes estruturais e funcionais de um sistema ambiental para aí
se propor ações que contemplem o equilíbrio entre ambiente e urbanização.
Alguns preceitos ambientais simples, mitigariam riscos e despesas com soluções
tecnológicas artificiais e exerceriam forte influência para tornar a cidade melhor como, por
exemplo: sombra contra a radiação e ilhas de calor, melhoria na qualidade do ar (seqüestro de
carbono), prevenção de enchentes, contenção de umidade, ciclagem das águas pluviais,
reabastecimento das águas subterrâneas, refúgio à biodiversidade e a vida natural.
Nesse sentido, esta proposta de um parque linear no meio urbano incorporou princípios de
planejamento ambiental, planejamento urbano e arquitetura. Assim, o vale ou córrego do Borba
Gato se apresenta relativamente preservado quanto às matas e nascentes, embora o impacto da
ocupação urbana já seja percebido. Verificou-se então condições favoráveis a implantação de um
parque linear na forma mais próxima do seu conceito original, com vias marginais em seu entorno,
criando um desenho contínuo da paisagem e oportunizando um corredor ecológico vinculado à
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paisagem urbana. Esta proposta ganha força pela implantação do Parque do Japão, que possibilitará
uma integração de toda a área verde local, potencializando os resultados ambientais, funcionais e
estéticos da proposta, e se tornando um importante marco paisagístico, cultural e recreativo para a
cidade de Maringá.
4. REFERÊNCIAS
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