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& O NORMAL E O PATOLÓGICO:

Implicações e Desdobramentos
no Desenvolvimento Infantil

Marina Zanella Delatorre1


Anelise Schaurich dos Santos2
Hericka Zogbi Jorge Dias3

RESUMO NORMAL AND PPAA THOLOGICAL: Implications


And Deployment on Child Development
O presente estudo teve por objetivo discutir as fronteiras en-
tre os conceitos de normalidade e psicopatologia, enfocando a ABSTRACT
infância. Para este fim, foi realizada uma pesquisa teórica, atra-
This study aimed discusses the boundaries among the concepts
vés da busca não-sistemática pelos descritores normalidade, pa-
of normality and psychopathology, focusing on childhood. For this
tologia e infância. A partir disso, é apresentado um breve históri-
purpose, was realized a theoretical research, through a non-syste-
co da discussão acerca do tema normalidade versus patologia. A
matic search of the descriptors normality, pathology and childhood.
seguir, é discutido o conceito de normalidade, sob diferentes con-
From this, we present a brief history of the discussion on the subject
cepções e o papel da estrutura psíquica na sua definição. Por fim,
normality versus pathology. Then, discusses the concept of norma-
é abordada a questão especificamente no âmbito infantil, apon-
lity under different conceptions and the role of psychic structure in
tando a concepção de diferentes autores acerca do desenvolvi-
this definition. Finally, the issue is broached specifically in the
mento e dos fatores que podem resultar em psicopatologia. Os
child, pointing to the conception of different authors about the deve-
resultados apontam para a impossibilidade de estabelecimento de
lopment and the factors that can result in psychopathology. The
parâmetros estáticos de normalidade e patologia, sendo necessá-
results show the impossibility of establishing static parameters of
rio considerar características individuais e contextuais.
normality and pathology, been necessary to consider individual and
Palavras-chave: normalidade; patologia; infância. contextual characteristics. Revisar a tradução
Keywords: normal; pathology; childhood.

1
Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Maria, marina_mzd@yahoo.com.br
2
Graduanda em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Maria, anelise_ssantos@hotmail.com
3
Graduada em Psicologia pela UCPel, Mestre em Psicologia com ênfase em Psicologia Clínica pela PUC-RS, Doutora em Psicologia
pela PUC-RS, Professora Adjunta na Universidade Federal de Santa Maria, ckzogbi@gmail.com

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REVISTA CONTEXTO & SAÚDE IJUÍ EDITORA UNIJUÍ v. 10 n. 20 JAN./JUN. 2011 p. 317-326
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INTRODUÇÃO livros quanto em artigos de periódicos (GIL, 1991).


A fim de abarcar as obras clássicas acerca do tema,
o recorte temporal utilizado para o presente traba-
Ao longo da história, foram inúmeras as tentati-
lho abrange desde o ano de 1904 até os dias atuais.
vas de estabelecer critérios rígidos entre a normali-
Optou-se pela utilização deste método, pois ele per-
dade e a patologia. Estas tentativas foram, no entan-
mite não somente obter informações e conhecer
to, frustradas. A partir daí, têm-se criado diversas
acerca da situação atual do tema e das publicações
conceituações de “normal” e “patológico”, bem como
existentes, como também verificar as opiniões simi-
explicações acerca das origens de tais estados.
lares e diferentes a respeito do assunto ou de as-
Canguilhem (1904) considerava que não há nor- pectos relacionados aos tópicos abordados (SILVA;
mal ou patológico em si, afirmando que a anomalia MENEZES, 2001).
e a mutação são normas de vida possíveis. Estas Através da busca não sistemática pelos descri-
normas são, segundo o autor, consideradas patoló- tores normalidade, patologia e infância, foi possível
gicas caso sejam inferiores quanto à estabilidade, à categorizar as unidades de texto (palavras ou fra-
fecundidade e à variabilidade da vida. Caso sejam ses) que mais se repetiam e inferir o que as expres-
equivalentes ou superiores em tais aspectos, são sões representavam, realizando, assim, a análise de
consideradas normais. conteúdo (BARDIN, 1977) das produções encon-
Estas tentativas de definição e a consequente tradas. Diante disto, foi possível elencar as seguin-
dificuldade estendem-se ao campo da psicopatolo- tes categorias: constituição histórica da normalida-
gia. A visão que atribui as origens do sofrimento de e patologia, conceito de normalidade, estrutura
psíquico às deficiências do cuidado por parte da mãe normal versus estrutura patológica, normalidade e
tem sua gênese nas teorias de Sigmund Freud e a patologia no desenvolvimento infantil. Tais cate-
outros membros da escola psicanalítica por ele cria- gorias, desdobradas e conceitualmente discutidas,
da. Os estudos psicanalíticos contrastam acentua- serão apresentadas a seguir.
damente com aqueles que enfatizam os fatores her-
dados, tornando a hereditariedade responsável por
todos os tipos de distúrbios. Não se pretende, con-
tudo, excluir a influência negativa dos fatores here- A PATOLOGIA E A NORMALIDADE
ditários, mas sim acreditar que eles, tanto quanto os NO DECORRER DA HISTÓRIA
fatores psicológicos, também desempenham seu
papel, sendo necessário estudar os dois em conjun- Ao longo da história, a noção de normalidade e
to para alcançar um maior progresso científico (BO- patologia vem sendo amplamente discutida. Na an-
WLBY, 1981). tiga Grécia, influenciada pelos pensamentos hipo-
Diante disto, o presente trabalho tem por objeti- cráticos, tinha-se uma concepção dinâmica acerca
vo discutir as fronteiras entre os conceitos de nor- da doença. A saúde seria a harmonia e o equilíbrio,
malidade e psicopatologia, enfocando a infância. enquanto a doença seria a perturbação deste últi-
mo. Este desequilíbrio, no entanto, não é considera-
do de todo disfuncional, mas sim como uma tentati-
va da própria natureza de restaurar a saúde e o equi-
MÉTODO líbrio anteriores. A doença é, assim, uma reação
generalizada com intenção de cura (CANGUI-
LHEM, 1904).
O presente estudo caracteriza-se por ser uma
pesquisa teórica, uma vez que ele apresenta con- Já na visão de Comte, apoiado nos pensamentos
ceitos e discussões acerca dos assuntos tratados, de Broussais, a doença consiste no excesso ou na
as quais foram embasadas na leitura prévia de ma- falta de excitação corporal. Assim, a doença se cons-
teriais científicos anteriormente publicados, tanto em tituiria a partir de mudanças da intensidade de esti-

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mulação, à qual é indispensável para a manutenção cial em que surge a patologia. Além disso, sabe-se
da saúde (CANGUILHEM, 1904). Claude Bernard, que, todo o ser humano possui uma grande susceti-
por sua vez, considera que as doenças possuem, em bilidade a adquirir doenças mais ou menos graves
sua totalidade, uma função normal subjacente. As- ao longo da vida. Mesmo considerando apenas aque-
sim, a doença é uma função normal perturbada, sendo las doenças incuráveis e que, consequentemente,
necessário para a sua cura o conhecimento acerca acompanharão o indivíduo até o fim de sua vida,
da fisiologia das funções normais (BERNARD, s.d. cabe questionar o que o define como anormal, já
apud CANGUILHEM, 1904). Já de acordo com que muitas vezes é possível prosseguir a vida man-
Leriche, a saúde é a vida no silêncio dos órgãos, tendo as atividades anteriores à doença.
enquanto a doença é a perturbação (CANGUI-
O normal enquanto média não leva em conta a
LHEM, 1904, p. 67).
pressão cultural, já que condutas desviantes de tal
Percebe-se que estas concepções de saúde e cultura seriam consideradas, neste modelo, anormais.
doença, apesar de distintas, centram-se em mudan- Todos os que, de alguma forma, transcendessem os
ças fisiológicas corporais. Quando se adentra no limites do conformismo social ou da capacidade in-
campo da psicopatologia, no entanto, não é mais telectual, por exemplo, seriam anormais (AJURIA-
possível esta forma de distinção, tanto pelo desco- GUERRA; MARCELLI, 1986). Além disso, já di-
nhecimento da fisiologia dos processos mentais, quan- zia Canguilhem (1904) que, definindo normal e anor-
to pelo tênue limite entre o que é considerado nor- mal em termos de frequência estatística relativa, o
mal e o que não é. Isto é representado na afirmação patológico poderia ser considerado normal, enquan-
de Legache, de que a desorganização mórbida não to que um estado de saúde perfeita, pela baixa fre-
é necessariamente o inverso da normal, já que po- quência, seria anormal.
dem existir estados patológicos sem correspondên-
cias no estado normal (CANGUILHEM, 1904). O normal como ideal pressupõe, primeiramente,
um determinado sistema de valores. Cabe questio-
Canguilhem (1904) ainda traz uma distinção impor- nar, primeiramente, como seria escolhido um siste-
tante a respeito da terminologia, afirmando que o pato- ma de valores padrão para o estabelecimento da
lógico é anormal, mas nem todo o anormal, que pode normalidade. Caso o ideal fosse um grupo social,
ser adaptativo, é patológico. Este implica em pathos, voltaríamos à noção da norma estatística, já que to-
sentimento de sofrimento e impotência. Assim, perce- dos teriam de enquadrar-se no modelo de tal grupo;
be-se a complexidade da tarefa de demarcar frontei- caso o sistema de valores ideal fosse pessoal, cada
ras entre normalidade, anormalidade, e patologia. indivíduo possuiria sua própria definição de normali-
dade, o que torna inútil o conceito (AJURIAGUER-
RA; MARCELLI, 1986).
O CONCEITO DE NORMALIDADE Por fim, o conceito dinâmico diz respeito à capa-
cidade de retorno a um equilíbrio anterior. Isto su-
A partir da dificuldade de se sustentar o simples gere que haja um processo de adaptação a certa
dualismo saúde-doença no campo da psicopatolo- condição, na qual se corre o risco de promover a
gia, surgiram diversas formas de pensar o conceito submissão e conformismo diante das situações so-
de normal. Ajuriaguerra e Marcelli (1986) susten- ciais (AJURIAGUERRA; MARCELLI, 1986).
tam que todas as definições estão baseadas em al- Bergeret (1996), por sua vez, faz uma tentativa
gum dos quatro pontos de vista: saúde-doença; mé- de definir o normal em relação à flexibilidade que o
dia estatística; normal enquanto ideal; normal como sujeito possui em atender suas necessidades pulsio-
processo dinâmico, que pressupõe certo equilíbrio. nais e de seus processos primários e secundários
A noção estática de saúde e doença é difícil de tanto no plano pessoal quanto social. O normal, para
ser sustentada hoje, já que, no sentido da ausência ele, não seria uma pessoa que se declara como tal
de sintomas, todos seriam normais até o ponto cru- ou um doente que ignora sua doença, mas uma pes-

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soa que tenha conseguido superar suas dificuldades A QUESTÃO ESTRUTURAL:


internas e externas, mesmo que em alguma situa-
ção excêntrica tenha se comportado de maneira Normal X Patológico
aparentemente “anormal”.
Outra forma de compreender o normal é, con- No que diz respeito à estrutura, é importante di-
forme postula Winnicott (1967), a da grande maio- ferenciá-las das organizações. Em psicopatologia, a
ria dos psicanalistas, os quais possuem a tendência estrutura pode ser conceituada como “aquilo que,
de “pensar na saúde como a ausência de distúrbios em um estado psíquico mórbido ou não, é constituí-
psiconeuróticos” (WINNICOTT, 1967, p. 9). No do por elementos metapsicológicos profundos e fun-
entanto, segundo o autor, isso não é verdade, neces- damentais da personalidade, fixados em um conjun-
sitando a emergência de critérios mais sutis. Para to estável e definitivo” (BERGERET, 1996, p. 51).
ele, deve-se pensar na normalidade A estrutura, neurótica ou psicótica, com ou sem es-
tado psicopatológico, é sólida e, conforme há a exis-
em termos de liberdade dentro da personalidade,
tência ou não de rupturas patológicas, pode levar a
de capacidade para ter confiança e fé, de ques-
tões de constância e confiabilidade objetal, de li- estados sucessivos de adaptação, desadaptação,
berdade em relação à auto-ilusão, e também de readaptação, entre outros. As organizações, por outro
algo que tem mais a ver com a pobreza enquanto lado, são menos sólidas e, em caso de trauma mais
qualidade da realidade psíquica pessoal (WINNI- ou menos agudo, podem sucumbir à depressão ou
COTT, 1967, p. 9). evoluir para uma estrutura mais sólida e definitiva
Dessa forma, a saúde estaria diretamente rela- (BERGERET, 1996).
cionada com a passagem da dependência para a Assim, Bergeret (1996) levanta a hipótese da
independência ou autonomia, sendo que a vida de definição de normalidade como uma adaptação à
um individuo saudável é caracterizada tanto por sen- respectiva estrutura do sujeito. No entanto, isto le-
timentos positivos quanto por sentimentos negativos vanta uma importante questão: considerando esta
gerados por medo, dúvidas e frustrações (WINNI- adaptação, tomamos como normais os comporta-
COTT, 1967). mentos mais originais e adaptados de cada estrutu-
ra, seja neurótica ou psicótica, ao passo que se con-
A concepção freudiana difere das demais pela
sideram anormais o grupo de organizações antide-
ênfase ao desenvolvimento psíquico sobre a classi-
pressivas, como, por exemplo, o “falso self”, de
ficação nosológica. Neste sentido, Bergeret (1996)
Winnicott.
considera que o grande mérito de Freud foi demons-
trar que não existe uma solução de continuidade entre Esta concepção de normalidade acaba por cau-
o “normal” e o “neurótico”. O que pode ser diferen- sar estranheza, já que estruturas psicóticas, usual-
ciado entre eles é apenas o uso e a flexibilidade de mente, não são consideradas normais. Em primeiro
mecanismos que parecem ser os mesmos em am- lugar porque não passaram pela estruturação edípi-
bos os casos. ca; em segundo lugar porque estas organizações
anaclíticas parecem ser mais bem adaptadas à rea-
Percebe-se que nenhuma das classificações é lidade. O autor explica, porém, que estas organiza-
capaz de explicar exaustivamente os fenômenos ções narcisistas intermediárias são frágeis, e sua
envolvidos nos diferentes estados psicológicos. As- estabilidade “contenta-se em imitar às custas de ardis
sim, considera-se indispensável levar em conta con- psicopatológicos variados, incessantemente renova-
juntamente os aspectos fisiológicos, psicológicos e dos e profundamente custosos e alienantes” (BER-
dinâmicos do sujeito. Qualquer tentativa de defini- GERET, 1996, p. 42). A estrutura psicótica (não
ção apoiada em apenas um desses aspectos torna- descompensada), segundo o autor, seria muito mais
se simplista, ignorando a complexidade do ser hu- verdadeira do que tais organizações e mais rica em
mano. potencial de criatividade.

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Dessa forma, a noção de normalidade deve ser ou não trazer profundas modificações ao desenvol-
pensada independentemente da noção de estrutura vimento. Além disso, as crianças são seres huma-
(DIATKINE, 1967 apud BERGERET, 1996). Aju- nos que, apesar de sua relação com o mundo estar
riaguerra e Marcelli (1986) sustentam a mesma po- apenas principiando, iniciam o seu desenvolvimento
sição, lembrando que, para Freud o sujeito normal e com uma indefinição das características e intensi-
o neurótico atravessam os mesmos estágios matu- dades de seus sentimentos, experimentando os mais
rativos durante a infância. Além disso, Melanie Klein variados sentimentos com a mais profunda força,
utiliza termos próprios à psicopatologia, como fase confusão que, sob nenhum aspecto, deve ser consi-
esquizo-paranóide e posição depressiva, para desig- derada patológica (WINNICOTT, 1964).
nar estados normais da criança, durante seu desen-
Ajuriaguerra e Marcelli (1986) sustentam que a
volvimento.
estrutura mental infantil não se apresenta com niti-
Isto vai ao encontro à observação de que, a qual- dez como a adulta. As possíveis ligações entre con-
quer momento, um sujeito pode, independente de sua dutas e patologia são mais indefinidas e, o funciona-
estrutura, entrar na patologia mental; por outro lado, mento psíquico inacabado impossibilita o estabele-
um doente mental bem tratado pode retornar ao es- cimento de um modelo estável e completo. Além
tado de “normalidade”. Segundo Bergeret (1996), disso, são possíveis desorientações estruturais que
esta possibilidade de adoecimento ou recuperação se mantém por algum tempo, mas são plenamente
está condicionada à estruturação, de modo que su- justificáveis pela existência de momentos críticos do
jeitos de organizações anaclíticas não possuem tal desenvolvimento. Daí a dificuldade e o frequente
capacidade.
erro ao determinar as estruturas infantis.
Evidentemente, o tipo de estruturação psíquica
Como, então, delimitar a psicopatologia infantil?
exerce grande influência sobre o funcionamento do
Em primeiro lugar, os critérios de avaliação devem
sujeito. No entanto, concordamos com a afirmação
ser ajustados à faixa etária e ao estágio do desen-
dos autores citados de que esta estruturação não é,
volvimento da criança. Além disso, não é compa-
por si só, suficiente para classificá-lo como normal
rando o comportamento de uma criança com o de
ou anormal. Neste sentido, questiona-se a afirma-
outra que se chega a uma conclusão das caracterís-
ção de Bergeret, segundo a qual sujeitos de organi-
ticas entendidas por normais (WINNICOTT, 1964),
zação anaclítica não seriam capazes de restabeleci-
o que também leva a pensar no estabelecimento de
mento ante a doença mental. Tal afirmação pressu-
põe uma generalização, deixando de considerar os critérios relacionados ao desenvolvimento e ao con-
possíveis contextos em que foi estabelecida esta texto da criança.
organização, bem como os diferentes tipos de trata- Outra importante questão que se coloca é se os
mento que poderiam ser oferecidos ao sujeito. sintomas ocorridos na infância podem ser conside-
rados um prenúncio da patologia adulta. Ajuriaguer-
ra e Marcelli (1986) sustentam que não. Por isso, as
autoras sugerem que, ao invés de se classificar sin-
O NORMAL E O PATOLÓGICO tomas em normais ou patológicos para a personali-
NA PSICOPATOLOGIA INFANTIL dade infantil, avalie-se sua apresentação, observan-
do se este sintoma causa um efeito desorganizador
ou se, pelo contrário, possui um papel organizador
A noção de estrutura, anteriormente discutida,
para a criança.
adquire diferentes contornos quando se trata da in-
fância. Chiland (1971 apud BERGERET, 1996) aten- A descrição do sintoma, no entanto, não é sufici-
ta para a complexidade de tal noção no início da ente para definir o caráter patológico ou organiza-
vida, já que o desenvolvimento ainda não teve seu dor de determinada conduta; é necessário o com-
desenrolar completo, e as fases de equilíbrio e des- plemento de uma avaliação dinâmica e econômica.
compensação, inerentes ao desenvolvimento, podem A abordagem dinâmica busca avaliar se o sintoma é

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capaz de conter a angústia ocasionada por determi- seja excessivo. A autora pensou poder definir a nor-
nado conflito, ou se, pelo contrário, não é capaz de malidade da criança a partir da maneira pela qual,
fazer tal contenção, suscitando novos sintomas e aos poucos, se estabelecem os aspectos tópicos e
entravando o desenvolvimento. A abordagem eco- dinâmicos da personalidade e do modo pelo qual se
nômica, por sua vez, busca perceber se o sintoma engajam e se resolvem os conflitos pulsionais (BER-
prejudica as funções do ego ou se ele se introduz no GERET, 1996).
potencial de interesses e investimentos egoicos
Em contraposição, Melanie Klein, que se dedi-
(AJURIAGUERRA; MARCELLI, 1986).
cou mais diretamente ao estudo da patologia, pro-
Nota-se que, nem sempre, os sintomas são de- pôs que existe, em toda a evolução psicogenética
sorganizadores ou não adaptativos, visto que eles da criança, uma posição persecutória primitiva (es-
podem ser a forma como a criança encontrou para quizo-paranóide), seguida de uma posição depressi-
operar e organizar, no eu, seus impulsos instintivos, va. Na primeira posição a criança funcionaria me-
convivendo com eles no determinado tipo de mundo diante mecanismos psicóticos, sendo que, toda a
que lhe foi atribuído (WINNICOTT, 1964). Além patologia posterior somente poderia ter sua origem
disso, Ajuriaguerra e Marcelli (1986) afirmam, as- em fixações arcaicas a esta fase; para ela, a psico-
sim como Canguilhem a respeito do adulto, que a patologia se estruturaria, obrigatoriamente, assim
total ausência de sintomas na criança é muito rara, para todos (BERGERET, 1996).
especialmente quando são feitas avaliações e exa-
Winnicott (1964), por sua vez, considera que uma
mes clínicos mais aprofundados.
criança normal pode empregar uma gama de recur-
Assim, de acordo com tal perspectiva, conside- sos disponíveis, a fim de defender-se da angústia e
ra-se certa interpenetração entre os conceitos de do conflito intolerável. A anormalidade, então, ca-
normal e patológico, uma vez que, para Winnicott racteriza-se por uma limitação e rigidez na capaci-
(1964), as crianças normalmente sadias frequente- dade da criança para se utilizar destes auxílios, ha-
mente apresentam todos os tipos de sintomas, po- vendo uma carência de relação entre a utilização do
dendo, então, haver crianças normalmente patológi- sintoma e o que se poderia esperar do seu emprego.
cas ou patologicamente normais. Quanto ao primei-
Apesar de não haver uma relação de causa e
ro caso, são exemplos as fobias na tenra infância e
efeito direta entre os sintomas infantis e a psicopa-
os comportamentos de ruptura na adolescência.
tologia que pode vir a ocorrer no adulto, considera-
Podem ser considerados patologicamente normais,
se que a organização (ou desorganização) do ego
pelo contrário, a hipermaturidade de filhos de pais
durante o desenvolvimento é de suma importância
psicóticos e o conformismo (AJURIAGUERRA;
na definição de como se estruturará a personalida-
MARCELLI, 1986).
de adulta. Por isso, concordamos com Winnicott,
Há ainda outros autores que pensam de diferen- Ajuriaguerra e Marcelli, na avaliação do sintoma
tes formas a questão da normalidade e patologia na enquanto organizador ou não do mundo interno in-
infância. Algumas destas concepções estão abaixo fantil.
descritas.
Por outro lado, a concepção de psicopatologia
Anna Freud (1965) propõe que se avalie a har- enquanto desarmonia, sustentada por Anna Freud,
monia e desarmonia entre diversas diretrizes de de- suscita alguns questionamentos. Ao considerarmos
senvolvimento, como a diretriz da dependência à este o único critério de definição, poderíamos ter,
autoconfiança emocional; da independência corpo- por exemplo, uma criança cujo desenvolvimento
ral; do companheirismo; e do jogo ao trabalho. É encontra-se uniformemente atrasado, de forma con-
necessário, no entanto, certo discernimento, já que siderável. Poderíamos dizer então que seu desen-
não se espera um padrão muito regular de cresci- volvimento é normal, já que, apesar do atraso, as
mento, sendo que esta desarmonia só se converte aquisições em diferentes áreas ocorrem de forma
em patologia caso o desequilíbrio na personalidade uniforme e equilibrada? Isto fica mais claro na com-

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paração desta teoria com a concepção de psicopa- dida que este se relaciona com o mundo. A fim de
tologia relacionada à imaturidade já que, embora o atender aos objetivos do presente estudo, nos limi-
desenvolvimento seja equilibrado, esta imaturidade taremos às quatro primeiras fases, que contemplam
pode sinalizar algum comprometimento importante. o período da infância (RAPPAPORT, 1982).
É importante destacar, ainda, o papel do ambien- A primeira crise é denominada “confiança ver-
te neste processo. A avaliação da normalidade ou sus desconfiança”, sendo correspondente à fase oral
não se pode dar apenas a partir da consideração do de Freud. Este primeiro modo de relação com o
contexto ambiental, incluindo pais, irmãos, escola, mundo dependerá da qualidade da relação com a
comunidade, entre outros. Contudo, esta noção de mãe, sendo a tarefa deste período o estabelecimen-
psicopatologia relacionada ao ambiente não deve to de confiança no mundo exterior através de sua
levar à consideração de que a totalidade e a perma- previsibilidade, o que permite também o desenvolvi-
nência das condutas são resultados do meio exter- mento da confiança em si mesmo. A segunda crise
no, como num processo de estímulo-resposta. É consiste na autonomia versus vergonha e dúvida,
necessário avaliar o ambiente, juntamente com o situada na fase anal freudiana. Sua tarefa básica é
sintoma, considerando o potencial organizador ou o estabelecimento de certo grau de autonomia, sen-
desorganizador deste para o aparelho psíquico da do que o contraponto desta tarefa é a vergonha e a
criança no momento atual. dúvida (RAPPAPORT, 1982).
A terceira crise, iniciativa versus culpa, relacio-
na-se à fase fálica do desenvolvimento psicossexu-
DESENVOLVIMENTO INFANTIL: al. Esta iniciativa descrita por Erikson consiste na
progressão do sentimento de autonomia da fase an-
Diferentes Possibilidades terior. Seu fracasso gera um sentimento de culpa
irracional relacionado à interdição do incesto, que
Diante do acima exposto, pode-se perceber a acaba limitando o sujeito (RAPPAPORT, 1982).
impossibilidade de se estabelecer uma relação de Esta fase é permeada pelas relações do Complexo
causa e efeito entre intercorrências desenvolvimen- de Édipo e o consequente estabelecimento do supe-
tistas na infância e psicopatologia. De acordo com rego.
Dolto (1949), é extremamente difícil falar das cri- Por fim, a quarta crise consiste na indústria ver-
anças de forma generalizada, uma vez que cada caso sus inferioridade. A tarefa básica está intimamente
é um caso particular, devendo-se considerar a natu- ligada à sublimação descrita por Freud, já que esta
reza da criança, o meio em que ela vive, suas possi- crise ocorre no período de latência. Erikson a defi-
bilidades próprias, e as que lhe são deixadas pela ne como desenvolver-se no sentido de indústria, ou
natureza dos pais, entre outros. Dessa forma, serão seja, “ajustar-se às leis inorgânicas do mundo das
a seguir apresentadas perspectivas de diferentes ferramentas” (ERIKSON, 1971, p. 238 apud RA-
autores acerca do desenvolvimento infantil, enfo- PPAPORT, 1982). Quando o cumprimento da tare-
cando consequências possíveis diante de diferentes fa não é alcançado, estabelece-se o sentimento de
percursos que podem ser traçados pela criança. inferioridade, fazendo com que a criança se subme-
Erikson considera a organização da identidade ta ao mundo externo em busca de afeto, ou ainda,
como central no processo de desenvolvimento hu- regrida para o núcleo familiar buscando receber este
mano. Assim, ele postula crises psicossociais às quais afeto independente de suas novas aquisições (RA-
o sujeito deve enfrentar ao longo da vida, em estrei- PPAPORT, 1982).
ta relação com as fases do desenvolvimento psicos- Winnicott, por sua vez, postula três grandes eta-
sexual de Freud. É possível perceber, no entanto, pas do desenvolvimento: dependência absoluta, de-
que em relação a este último autor, Erikson dá mai- pendência relativa e rumo à independência. O início
or ênfase na progressiva constituição do ego, à me- da primeira etapa caracteriza-se pela indiferencia-

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ção entre eu e não-eu, confundindo-se com a pes- te identificados um com o outro (BOWLBY, 1981).
soa da mãe, que deve atender prontamente às ne- Dessa forma, a criança experimenta o apego segu-
cessidades do seu bebê, fazendo com que ele viva a ro, que lhe proporciona segurança para explorar o
experiência de onipotência. As falhas neste período mundo (BOWLBY, 1989).
levam a situações de extrema ansiedade, quase in- Quando este tipo de relação não ocorre, aconte-
tolerável, para o bebê, mas também ajudam a cons- ce a chamada “privação da mãe”, originando o mo-
tituir e introjetar, com o tempo, o princípio da reali- delo de apego ansioso. Para Bowlby (1981), tal pri-
dade. (WINNICOTT, 1967; SPINELLI, 2002). vação pode ser dividida em “privação parcial” ou
Ocorre também, neste período, o reconhecimento “privação quase total”. A primeira é característica
da psique residindo no corpo, o conhecimento do das situações em que a mãe é incapaz de proporci-
esquema corporal e a progressiva integração do ego onar ao bebê os cuidados amorosos que as crianças
(SPINELLI, 2002). Caso não haja esta localização pequenas precisam ou quando o bebê, por algum
do self no corpo, o bebê é levado à despersonaliza- motivo, é afastado dos cuidados de sua mãe, mas a
ção, ou, como uma consequência mais grave, à es- criança passa a ser cuidada por alguém que ela já
quizofrenia, caracterizada por uma conexão muito aprendeu a confiar em maior ou menor grau. Neste
frouxa entre a psique e o corpo e suas funções. Há, caso, a criança adota um modelo de apego ansioso
ainda, a ilusão de onipotência, sustentada pelos cui- resistente, onde fica evidente o conflito, que gera a
dados maternos, que possibilita o fortalecimento do constante ansiedade de separação. Já o outro tipo
ego (WINNICOTT, 1967; SPINELLI, 2002). de privação é mais comum em instituições, como
orfanatos e hospitais, nos quais, frequentemente, uma
Na segunda etapa, a dependência relativa, o bebê criança não dispõe de uma determinada pessoa que
passa a perceber as falhas maternas, podendo re- cuide dela de forma pessoal e com quem ela possa
conhecer-se como separado da mãe. Há a percep- sentir-se segura. Deste modo, ocorre o modelo de
ção de situações que ocorrem fora de seu controle apego ansioso com evitação, onde a criança não tem
onipotente e, sua capacidade para tolerar e com- nenhuma confiança no mundo, buscando, por isso,
preender esta nova situação dependerá do estágio tornar-se autossuficiente emocionalmente.
de integração em que o ego se encontra. A terceira
etapa, rumo à independência, prolonga-se por toda É importante destacar que os efeitos da priva-
a vida do sujeito, e é caracterizada pela capacidade ção variam de acordo com seu grau, os quais po-
dem variar desde distúrbios nervosos e personalida-
de viver sem os cuidados da mãe, e também pela
de instável à incapacidade de estabelecer relações
identificação do sujeito com a sociedade, o que tor-
satisfatórias com outras pessoas. Além disso, Bo-
na sua vida satisfatória (SPINELLI, 2002).
wlby (1989) ressalta que estes modelos não são es-
Já de acordo com Bowlby (1981), desde o últi- tanques, podendo a criança apresentar versões de-
mo quarto do século XX crescia a comprovação de sorganizadas de um dos modelos.
que a qualidade dos cuidados parentais que uma
Apesar de, para os bebês, os pais terem uma
criança recebe em seus primeiros anos de vida é de
importância secundária, isto não os exime de exer-
“importância vital para a sua saúde mental futura”
cerem cuidados parentais, mesmo estes não estan-
(BOWLBY, 1981, p. 3). A relação rica e compen-
do diretamente ligados a criança. Muitas vezes, são
sadora com a mãe, nos primeiros anos de vida, em
eles que dão condições materiais para que suas es-
conjunto com o enriquecimento das relações com
posas possam dedicar-se sem restrições aos cuida-
terceiros, está na base do desenvolvimento da per-
dos do bebê. Soma-se a isto, o fato ainda mais im-
sonalidade e saúde mental.
portante de os pais, através de seu amor e compa-
O bebê precisa sentir que é fonte de prazer e nheirismo, darem apoio emocional à mãe, ajudando-
orgulho para sua mãe, enquanto esta deve sentir que a a manter um clima de harmonia e satisfação, o
seu filho é uma extensão de sua própria personali- qual o bebê precisa para se desenvolver de forma
dade, ou seja, ambos necessitam estar profundamen- mais satisfatória (BOWLBY, 1981).

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Complementarmente, Dolto (1949) afirma que, Dessa forma, é necessário se estar atento para
além da qualidade dos cuidados parentais, também a o fato de que comportamentos considerados pato-
é essencial para o desenvolvimento mental saudá- lógicos podem estar sendo erroneamente classifi-
vel das crianças que seus pais as deixem livres para cados assim devido ao olhar isolado sobre eles, sem
exprimirem-se tal como elas são, nunca forçando levar em consideração todos os possíveis fatores
ou contrariando o seu desenvolvimento natural. So- que levarem a criança a tomar tal conduta. Uma
bre isso a autora dá o seguinte exemplo: quando os
atitude vista como anormal, pode, na verdade, ser a
pais exigem, cedo demais, educação e bons hábitos
melhor forma que a criança encontrou para resol-
excessivos de seus filhos, normalmente, por volta
ver um conflito que a esta incomodando. Não se
dos sete ou oito anos, ocorre uma verdadeira rea-
ção da criança, a qual procura recuperar sua liber- quer dizer com isto que atitudes hostis da criança,
dade rejeitando o que lhe ensinaram. como, por exemplo, comportamentos agressivos não
devam ser cuidadosamente analisados, entretanto
A respeito das teorias acima citadas, cabe res-
deve-se tomar a precaução de que tal análise não
saltar que nem sempre estes acontecimentos origi-
seja superficial, tornando-a taxativa para a criança.
nam tais patologias. Inúmeros fatores influenciam o
caminho que tomará o desenvolvimento de cada Sendo assim, não há uma classificação exata
sujeito: sua constituição biológica e genética, o am- de fatos ou comportamentos inerentemente patoló-
biente familiar e social, a capacidade de resiliência, gicos, fazendo-se necessária a consideração de uma
a rede de apoio disponível, entre outros. Assim, de gama de fatores que incidem sobre o desenvolvi-
forma nenhuma um fator isolado pode ser capaz de mento, a fim de avaliar a normalidade ou anormali-
predizer a história do sujeito. dade de determinado sujeito ou conduta. Por isso, a
abordagem deste tema é de extrema importância
para a prática clínica infantil, já que, pela grande
CONSIDERAÇÕES FINAIS influência dos primeiros anos da vida, é possível que
a intervenção da psicoterapia neste período desvende
A partir do que foi apresentado, pode-se perce- o que há por trás de comportamentos considerados
ber que o conceito de normalidade não pode ser inadequados, propiciando, dessa forma, um desen-
definido a partir de uma única perspectiva e, mes- volvimento mais saudável ao sujeito.
mo combinando-se as diferentes concepções dispo-
níveis, pelos mais diversos estudiosos, não é possí-
vel obter um parâmetro do normal que não conside-
re características individuais e do contexto do sujei- REFERÊNCIAS
to. Referindo-se a esta questão Winnicott (1967, p.
16) diz que nada é muito nítido nos assuntos huma-
AJURIAGUERRA, J.; MARCELLI, D. Manual
nos e, portanto, “quem poderia dizer onde é que ter- de Psicopatologia Infantil. Porto Alegre: Artes
mina a saúde e se inicia a doença?”, questão esta Médicas, 1986.
que permanece sem uma resposta fechada e é sem-
pre plausível de debates. BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edi-
ções 70, 1977.
Desde muito cedo tal dificuldade foi percebida,
BERGERET, J. A personalidade normal e pato-
pois até mesmo Canguilhem (1904), no início do sé-
lógica. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 1996.
culo XX, ao tentar diferenciar a saúde da doença,
mesmo em termos nosológicos, percebeu que não BOWLBY, J. Cuidados Maternos e Saúde Men-
existia fato normal ou patológico em si, sendo que a tal. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1981.
anomalia e a mutação não eram, em si mesmas, BOWLBY, J. O papel do apego no desenvolvimen-
patológicas, devendo-se pensar o contexto em que to da personalidade. In: ______. Uma base segu-
elas estavam inseridas e quão adaptativas elas seri- ra: aplicações clínicas da teoria do apego. Porto
am aquele contexto. Alegre: Artes Médicas, 1989. cap. 7, p.117-132.

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