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Índice

1. Introdução...........................................................................................................................3

1.1. Objectivos.......................................................................................................................3

1.1.1. Geral:...........................................................................................................................3

1.1.2. Especifico:...................................................................................................................3

1.2. Metodologia....................................................................................................................3

2. Província do Niassa............................................................................................................4

2.1. Organização Social..........................................................................................................4

2.2. Etnias predominantes na província de Niassa.................................................................5

2.2.1. Os Macua.....................................................................................................................5

2.2.2. Os Nyanja....................................................................................................................6

2.2.3. Os Yao.........................................................................................................................7

3. Casamento entre os Povos Yao e Nyanja do Niassa...........................................................8

3.1. Regras de Residência......................................................................................................8

3.2. Compensação Matrimonial.............................................................................................9

3.3. Poligamia.........................................................................................................................9

3.4. Divorcio.........................................................................................................................10

3.5. Viuvez...........................................................................................................................10

3.6. Ritos de Iniciação..........................................................................................................11

3.7. Normas sociais e percepção sobre o papel da mulher...................................................11

4. Conclusão..........................................................................................................................12

5. Bibliografia.......................................................................................................................13
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1. Introdução

O presente trabalho aborda aspectos inerentes a casamentos entre os povos Yao e Nyanja.
Porém, por questões de lógica e por ser o grupo étnico mais numeroso da província e porque
não do país, falaremos também dos povos macua, sobretudo de forma superficial.

A questão de casamento é plurissignificativa. Porém, casamento é normalmente a união


matrimonial entre dois seres do sexo oposto. Entretanto, considerando o contexto de
diversidade cultural, religiosa e sexual no qual nos inserimos actualmente, podemos buscar
um conceito mais amplo e moderno que considera por casamento a união estável: legal ou
não; religiosa ou não; entre pessoas de sexos opostos ou não, mas que tenha como objectivo
possibilitar o convívio diário de dois indivíduos, sob o mesmo teto, constituindo-se em uma
relação de afecto e amor.

Para os povos Nyanja a instituição do casamento, mais do que um assunto particular ou


individual é uma questão de interesse das duas famílias envolvidas e da comunidade no seu
todo. Implica todo um processo que inclui um “período probatório” em que a família da
mulher testa a capacidade de procriação e de trabalho do homem. Enquanto o casamento
entre os Yao carece de maiores formalidades”, as raparigas se casam logo após a primeira
menstruação.

1.1. Objectivos
1.1.1. Geral:
 Conhecer e analisar como é que são realizados os casamentos entre os povos Yao e
Nyanja.

1.1.2. Especifico:
 Identificar as principais etnias da província do Niassa;
 Destacar os hábitos e costumes dos povos predominantes de Niassa;
 Indicar as principais práticas socioculturais das etnias em foco.
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1.2. Metodologia
Para a realização do presente trabalho, nos beneficiamos da pesquisa bibliográfica. Consiste
na leitura de obras, documentos, artigos, publicados na área.
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2. Província do Niassa

A província do Niassa é uma subdivisão de Moçambique situada no extremo noroeste do


país. A sua capital é a cidade de Lichinga. Niassa é a maior província do país em termos de
área, 122 827  km² e, em 2007, a que tem menos população, 1 170 783 habitantes, o que
naturalmente implica a menor densidade populacional entre as províncias moçambicanas,
com apenas 9,5 habitantes por km². A província está dividida em 16 distritos e possui, desde
2013, 5 municípios: Cuamba, Lichinga, Mandimba, Marrupa e Metangula.

A província do Niassa está localizada na região norte de Moçambique, e tem fronteira, a


norte com a Tanzânia, a sul com as províncias de Nampula e Zambézia, com a província
de Cabo Delgado a este e a oeste com o Malawi, com o qual também divide o Lago Niassa,
um dos Grandes Lagos Africanos.

É montanhosa e foi afetada pela luta armada de libertação nacional. Apesar de ter riquezas
naturais uma da qual, a costa mais alcantilada do lado Niassa onde se desenvolve turismo e
excelentes solo e clima, esta região nunca se desenvolveu como as regiões costeiras. (fonte
http://www.niassa.gov.mz/ acesso em 22 de Setembro 2015.

A população embora dentro de grande diversidade étnico – culturais, com predomínio de


Yaos, Macuas, Nyanjas e outros grupos e professam as religiões muçulmana, católica e
anglicana.

2.1. Organização Social

A bibliografia antropológica consultada faz distinção entre os Macua, Yao e Nyanja. Contudo
MEDEIROS (1997:45) apresenta uma certa distribuição espacial dos diferentes grupos étnico
– linguísticos presentes no Niassa, e documenta a ocorrência de migrações já no período
decorrente entre 1848-1929, devido a guerras, à interacção entre os diferentes grupos, refere a
incorporação de elementos linguísticos entre as língua Nyanja e Yao, assim como entre
macua-lomwe e yao. Faz inclusivamente referência a uma certa fusão entre os povos Yao e
Nyanja.

Entretanto, os principais grupos étnicos do Niassa apresentam grosso modo a seguinte


distribuição proporcional e espacial: os macuas que são 55% da população da província,
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habitam sobretudo o sudoeste, este grupo étnico é o mais número de Moçambique, tomando
vária designações conforme a região que povoam: Lomués na Maganja da costa; Pebane, Ile,
Gurue, Namarroi e Amaramba, Achirimas em Ribaue e Alto Ligonha; Masca em Mogincual
e Moma; Methos ou Amethos ou Medos, em Montepuez; e Mecufi, Chacas; no Erati e
Mecufi, Muages; e Macuas propriamente ditos em Nampula (Makwana), porém, os yão
designam os macuas por Lolos ou Alolo e ainda, por Ngulo ou Ângulo. A região do planalto
é maioritariamente ocupada pelos povos Yão, que constituem 37% da população provincial.
Os Yao são um grupo étnico-linguistico de origem bantu que se fixou na região entre os rios
Rovuma e Lugenda, no nordeste de Moçambique. E os Nyanjas ou wanyanja representam os
restantes 8% da população, ocupando a região ao longo da costa do lago Niassa. A origem
porque é conhecido este povo, é relativamente recente e está bem presente, na sua tradição. A
organização social e familiar dos Nyanja é idêntica a dos Yão, bem como idênticos são os
seus usos e costumes.

Para MEDEIROS (1997:46) os Nyanja, tal como os Yao e Macua, são matrilineares. Contudo
AMARAL (1990:38) refere que parte da população Nyanja é patrilinear, devido a forte
influencia cristianizadora da Missão Anglicana de Messumba, reconhecendo, no entanto a
coexistência de sistemas tanto matrilineares como patrilineares entre este grupo étnico –
linguístico.

2.2. Etnias predominantes na província de Niassa

Para descrevermos as etnias predominantes na província de Niassa nos basearemos na obra


de AMARAL (1990):

2.2.1. Os Macua

Os Macuas representam o grupo étnico – linguístico mais numeroso de Moçambique,


tomando várias designações conforme a região que povoam. A habitação tradicional dos
Macuas é circular com cobertura cónica, por influência Yao, evoluiu para quadrada ou
rectangular com cobertura de quatro águas como os Yao, mantém de forma circular a cozinha
e a retrete, bem como os celeiros.

A etnia Macua é baseada no direito matriarcal, sendo o regime familiar matrilinear e


uxorilocal que consiste em, após o matrimónio, os cônjuges vão morar na casa da mulher, ou
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na mesma povoação. Nesta etnia a sucessão e a herança diferem-se por via transversal
uterina, isto é, a viúva é herdade pelo sobrinho, filho da irmã do defunto, isto é, se o marido
morre, esta viúva automaticamente terá que se casar com o sobrinho do falecido. Os tios
maternos exercem grande autoridade ao agregado familiar. Praticam a circuncisão, que abre
as cerimónias da iniciação masculina, designados por Unwago. As cerimónias da iniciação
feminina chamam Emwali.

Nos ritos de iniciação ensina-se que no mundo há tanta coisa que pode causar sofrimento: o
trabalho, a doença, a pobreza, as calamidades naturais e outras vicissitudes.

De acordo com AMIDE (2008:79) “o nascimento de uma criança é um dos acontecimentos


mais importantes da sociedade macua”. A criança é desejada e esperada pelos pais, pelos
responsáveis e membros da comunidade, porque todos amam a vida e desejam que esta
continue. “Quando isto não acontece é motivo de tristeza”.

Cada vez que nasce uma criança este ideal realiza-se concretamente. Outro filho significa,
para a família e para a comunidade, a esperança concreta de que a vida não acaba, é sinal de
que os antepassados continuam a ser intermediários entre a fonte da vida e a sociedade.

O povo Macua despreza o homem e a mulher estéreis porque suspendem a vida; sendo
estéreis, opõem-se de facto a transmissão da vida. Com homens e mulheres assim quebra-se a
ligação que nos une aos medianeiros da vida, interrompendo-se a corrente vital.

2.2.2. Os Nyanja
Este povo segue a tradição, muito generalizada em povos da Africa Central, de fixarem a sua
origem na metade do continente Africano. A organização social e familiar dos Nyanja é
idêntica à dos Yao, bem como idênticos são os seus usos e costumes, pelo que, nos
limitaremos a apresentar alguns pontos de divergência.

As cerimónias da iniciação dos rapazes, que entre os Yao, se seguem: a circuncisão que é
uma das práticas culturais mais importantes e que se desenvolve durante um período bastante
longo de segregação em lugar isolado.

Na iniciação das mulheres elas são confinadas numa palhota distante da sua casa e instruídas
na prática sexual. As cerimónias rituais não têm o significado nem obedecem as formalidades
complicadas praticadas entre os Yao. O regime familiar é matrilinear e uxorilocal.
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Tradicionalmente, no que segue a regra em uso dos povos da africa central, estando, porem a
notar-se um acentuado movimento de transição para o regime patrilinear e virilocal. Neste
contexto entre toda a população Nyanja, coexistem ainda, os dois regimes familiares,
podendo homens, simultaneamente, realizar casamentos que imponham o pagamento de
compensação e outros que não imponham o que não é comum.

A compensação “lobolo” pelo casamento virilocal, designada em Nyanja por “uloola” é


também designada por “Cuma” (tchau = riqueza, querendo referir a importância, que o noivo
paga ao pai da noiva), determina ao domicilio necessário da mulher, que passa a ser da
povoação do marido, e ao regime sucessório.

2.2.3. Os Yao
Os Yao são um grupo étnico – linguístico de origem bantu que se fixou na região entre os rios
Rovuma e Lugenda, no nordeste de Moçambique, hoje província do Niassa. Os Yao fixaram
a sua origem no monte Yao, que fica a sul do Rovuma (Luuma) entre Nkuya e Likopolwe.

Na perspectiva de AMIDE (2008:82) os mitos para esta comunidade servem para que as
pessoas do mesmo grupo cultural compartilhem todas, da mesma maneira de pensar, dando
uma coesão grupal.

A primeira menstruação das mulheres Yao é motivo de cerimónia “unyago”. Nesta


cerimonia é lhes explicado com pormenor e teoricamente, na medida do saber das Akamusi, o
que é a menstruação, bem como cuidados a ter durante o período. Quando aparece pela
primeira vez, a mãe ou a avó se encarrega de lhe explicar o que tem a fazer. O período
menstrual determina tabu tanto para a mulher como para seu marido, como por exemplo: a
mulher menstruada não pode por sal na comida, nem as panelas ao lume.

Durante a gravidez a mulher não toma precauções especiais em relação ao nascituro nem se
processam quaisquer cerimónias ou ritos, salvo tratando-se de primeira gravidez. A primeira
gravidez é acompanhada, desde o início, pelos conselhos da avó e da mãe da mulher gravida,
tal como é normal em qualquer sociedade.

A vida das crianças e adolescentes Yao decorre na povoação da mãe, em completa liberdade
sob olhares compassivos dos mais velhos. Para o casamento nos Yao existem formalidades
para tal, com por exemplo, o homem deve ser circuncisado e a mulher de ter sido iniciada,
por volta dos 16 anos de idade.
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Os Yao uma vez que a maioria é muçulmana são polígamos, por tradição e por determinação
do alcorão. Pois podem possuir quantas esposas puderem se a sua importância social
consentir. Existem algumas motivações para que haja divórcio nos Yao, como por exemplo:
impotência do marido, adultério da mulher, falta de respeito de um dos cônjuges.

O falecimento de alguém estabelece estado de impureza, não só entre todos os membros da


sua matrilinhagem, quer vivam próximo, quer afastados, como também, entre familiares ou
simples vizinhos que tivessem convivido recentemente com o falecido, geralmente toda
povoação, pois que, como padrão de convívio, estabelecem o facto de terem utilizado a
mesma fonte de agua ou pilado no mesmo pilão.

3. Casamento entre os Povos Yao e Nyanja do Niassa

O termo casamento é uma junção da palavra “casar”, que significa juntar, unir, pôr em par, e
da terminação “mento”. Para a língua portuguesa casamento é um substantivo masculino e
significa o “acto solene de união entre duas pessoas de sexos diferentes, capazes e
habilitadas, com legitimação religiosa e/ou civil” (AURÉLIO, 2005).

Considerando o contexto de diversidade cultural, religiosa e sexual no qual nos inserimos


actualmente, podemos buscar um conceito mais amplo e moderno que considera por
casamento a união estável: legal ou não; religiosa ou não; entre pessoas de sexos opostos ou
não, mas que tenha como objectivo possibilitar o convívio diário de dois indivíduos, sob o
mesmo teto, constituindo-se em uma relação de afecto e amor.

Para os Nyanja a instituição do casamento, mais do que um assunto particular ou individual é


uma questão de interesse das duas famílias envolvidas e da comunidade no seu todo. Implica
todo um processo que inclui um “período probatório” em que a família da mulher testa a
capacidade de procriação e de trabalho do homem. (MARTINEZ 1998:160-165)

Segundo AMARAL (1990:73) “o casamento entre os Yao carece de maiores formalidades”,


as raparigas se casam logo após a primeira menstruação.

3.1. Regras de Residência


De acordo com as regras de residência referidas por AMARAL (1990:72) e MARTINEZ
(1989:68) entre os Yao o casamento é matrilocal, ou seja, os novos casais vivem junto da
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família da mulher e são os homens que se deslocam e deixam as suas famílias de origem,
embora a residência seja virolocal no caso de chefes ou outros notáveis.

Contudo AMARAL (1990:38) refere que, devido a influência da religião crista pare da
população Nyanja é virolocal, fixando portanto os casais à sua residência junto à família do
homem.

Entre os Yao existe uma prática denominada Cicigale, ocorre quando o casal vive junto a
família da mulher durante um ou dois anos, depois a residência conjugal passando para junto
a família do marido, tratando-se de um regime matripatrilocal. Ao passo que na população
Nyanja, os novos casais vivem junto à família dos pais do marido, ou seja, segundo a regra de
residência verilocal.

3.2. Compensação Matrimonial

Segundo AMARAL (1990:71) entre os Yao o pagamento da compensação matrimonial,


denominada Ndoua, é uma prática corrente. Consiste geralmente num pequeno montante de
dinheiro entregue simbolicamente ao pai da noiva, mas sem consequências no regime
familiar nem sucessório. Trata-se, sobretudo de uma “manifestação de respeito pela família
paterna da mulher” introduzida no contexto da islamizacao dos Yao. Em caso de divórcio, a
Ndoua não se devolve se este for motivado pelo marido, mas é devolvida e geralmente
acrescida de um valor forma de multa, se for motivado pela mulher.

Ainda o mesmo autor, refere que entre os Nyanja, adoptam a residência verilocal, ocorre o
pagamento da compensação matrimonial, denominado uloola, com implicações relativamente
à linha de descendência que è pelo lado paterno, AMARAL (1990:32).

3.3. Poligamia
Nestes povos a poligamia é praticada sobretudo pela população islamizada, embora se
encontrem cristãos em relações poligâmicas. A poligamia é frequente e muitas mulheres
apresentam sinais de desacordo com esta prática.
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3.4. Divorcio

Segundo AMARAL (1990:80-83) e MARTINEZ (1989:173) entre os motivos de divórcio


socialmente aceites constam a impotência, a esterilidade de um dos cônjuges, o adultério da
mulher quando praticado sistematicamente, a violência contra a mulher e a embriaguez do
marido. Em caso de divórcio, “os filhos eram pertença da mãe em qualquer circunstância” e
ficavam a inteira responsabilidade da família desta, isto entre os povos Yao. Enquanto entre
os Nyanja em caso de divórcio os filho ficam com o pai, mas se o divórcio for iniciado pelo
homem, as crianças permanecem com a mãe.

Nesta linha de pensamento, podemos concluir que depende do promotor do divórcio, que os
filhos podem tomar a pose de um dos cônjuges.

Em relação à partilha dos bens após o divórcio relatam-se situações bastantes diversas. Há
casos em que dividem-se ente o homem e a mulher, especificando alguns bens de maior valor
que são levado pelo homem, como é o caso de bicicleta e a sua roupa, podendo deixa o resto
dos bens com a mulher e filhos.

Em alguns casos, quando são os homens causadores do divórcio, perdem o direito a todos os
bens. Nos casos em que são as mulheres as causadoras do divórcio, tanto pode ocorrer que os
bens se dividam ente o casal, como que fiquem, na integra com o homem.

3.5. Viuvez
Segundo MACY (1997:38), se o cônjuge sobrevivo for homem ou mulher, deve passar por
um período de isolamento e abstinência sexual de 40 dias, até que termine os rituais de
purificação, após os quais tanto viúvas como viúvos podem voltar a casar.

Os filhos permanecem geralmente com as viúvas, embora por vezes podem ficar com os
familiares do falecido. Em caso de viúvos, os filhos ficam geralmente com a família da
falecida; registam-se no entanto casos em que umas crianças ficam com a família da falecida
e outras com o viúvo, e outros casos ainda em que as crianças acompanham o pai, mas
quando crescem regressam para junto da família materna.

Mas para a população Nyanja em caso de morte da mulher, o viúvo fica com filhos. Porém,
quando é homem a falecer, a mulher pode eventualmente perder os filhos, ficando estes com
a família do falecido. No entanto, existe uma prática denominada sororato, sempre que a
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família da falecida tivesse interesse em manter esse homem na família, devido às suas
qualidades como trabalhador, o que significa que nalguns casos, se verifica a matrilocalidade.

Em relação aos bens, em caso de morte do homem ou ficam com a viúva e os filhos, ou
dividem-se entre a viúva os familiares do falecido que, ficam com os bens de maior valor, em
caso da morte da mulher dividem-se geralmente entre o viúvo e a família da mulher, que fica
com maior parte.

3.6. Ritos de Iniciação

Os ritos de iniciação são imprescindíveis num casamento ente esses povos em questão “Yao e
Nyanja”. Segundo MACY, (1997:83-86) o conteúdo dos ritos versa sobretudo o
comportamento para com os pais e os mais velhos, as tarefas que devem desempenhar, as
demonstrações de “respeito” ao marido, e as normas sobre o casamento e a sexualidade
chamando a atenção para o facto de que entre os Yao, os ritos de iniciação das raparigas
costumavam incluir a “circuncisão feminina” prática actualmente em desuso. No concernente
à idade em que as crianças são iniciadas, refere-se que nalguns casos, as raparigas passam
pelos primeiros ritos entre 5 e os 6 anos.

Todavia, para as raparigas existem três tipos de ritos: um primeiro que pode ocorrer depois
dos oito anos de idade e antes da rapariga ser menstruada; um segundo, após a primeira
menstruação, em que lhes são transmitidos conhecimentos sobre a higiene e a sexualidade; e
um terceiro, aquando da primeira gravidez. Porém, actualmente as crianças passam pela
primeira etapa dos ritos entre os oito e os onze anos de idade.

No que tange à duração dos ritos de iniciação, a situação é bastante diversa, variando entre
uma a três semanas para os rapazes e entre duas a seis semanas para as raparigas, para quem
os ritos são, para além de mais longos, mais complexos. Porém, tudo indica que actualmente
os ritos são menos demorados do que antes.

3.7. Normas sociais e percepção sobre o papel da mulher


Segundo MARCY (1996:10-24) entre os vários papeis atribuídos as mulheres, o que mais a
valoriza é o seu bom desempenho como esposa. Dificilmente as mulheres ou os homens
desempenham actividades atribuídas ao outro género, podendo tal facto acarretar até a perda
do respeito da comunidade.
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4. Conclusão

Niassa é uma província que se localiza no nordeste de Moçambique. a sua capital é Lichinga
e está situada acerca de 2800km de Maputo. Os grupos étnico-linguísticos predominantes
nesta província são, Macua, Yao e Nyanja, sendo o grupo étnico-linguístico Macua o mais
numeroso com cerca de 55% da população de Niassa. Este grupo além de numeroso nesta
província, também considera-se numeroso do país. Em segundo lugar desta província,
encontra-se os Yao com cerca de 37% da população nativa, e finalmente os nyanja. Porém,
apesar de se tratar de etnias diferentes, os povos Yao e Nyanjas appresentam semelhança nas
suas organizações sociais, hábitos e costumes, entre outros aspectos.

A família macua é baseada no direito matriarcal, sendo o regime familiar matrilinear e


uxorilocal que consiste em após o matrimónio, os cônjuges vão mostrar na casa da mulher, ou
na mesma povoação. Ao passo que entre os Yao, a sucessão e a herança diferem-se por via
transversal uterina, isto é, a viúva é herdada pelo sobrinho, filho da irmã do defunto, isto é, se
o marido morre, esta viúva automaticamente terá que se casar com o sobrinho do falecido, ou
seja, esta viúva passa a ser esposa do filho da cunhada.

Em todas as etnias predominantes nesta província, os ritos de iniciação é um elemento


imprescindível naquela cultura, pois além de ser uma prática sociocultural, é também
indispensável num casamento realizado nestas três etnias.

Portanto, tanto os homens, quanto as mulheres são submetidos aos ritos de iniciação que se
desenvolve durante um período bastante longo de segregação em lugar isolado, ou nas
margens dos rios, ou numa palhota no meio da mata.

Também após a realização do trabalho, já pudemos notar que a esterilidade dos cônjuges é
algo preponderante num casamento. Pois, notamos que os homens assim como as mulheres
estéreis são desprezados respectivamente. A impotência sexual também é algo considerável
num casamento entre os povos em foco. Portanto, estes elementos e outros podem levar à
destruição de um casamento, ou seja, podem levar ao divórcio.
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5. Bibliografia

AMARAL, M. G. O Povo Yao. Subsídios para o estudo de um povo do noroeste de


Moçambique, Lisboa, 1990.

AURÉLIO, B. de H. F. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 5.0. Coordenação e


edição: Margarida dos Anjos e Marina Baird Ferreira. Brasil: Editora positivo, 2004.

AMIDE, J. B. Wayao”we” no conhecido Niassa, Diname, 2008.

MACY, P. Women and Income Generation in the Distrit of Cuamba, Mozambique, 1996.

MARTINEZ, L. F. O Povo Macua e a sua Cultura. (Tese de Doutoramento em Missiologia


na Pontifícia Universidade de Roma. 1987) Ministério da Educação, Lisboa, 1989.

MEDEIROS, E. História de Cabo Delgado e do Niassa, Patrocinado pela Cooperação Suica,


1997.

http://www.niassa.gov.mz/ acesso em 22 de Setembro 2015.

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