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ESTRUTURAS DE AÇO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO

Thesis · January 1997

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1 author:

Valdir Pignatta Silva


University of São Paulo
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Concrete Structures in Fire View project

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i

VALDIR PIGNATTA E SILVA

ESTRUTURAS DE AÇO EM

SITUAÇÃO DE INCÊNDIO

Tese apresentada à
Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo
para obtenção do título de
Doutor em Engenharia

Área de concentração:
Engenharia de Estruturas

Orientador:
Prof. Dr. Paulo de Mattos Pimenta

São Paulo
1997
ii

Este trabalho é dedicado


ao saudoso pai Leandro
iii

AGRADECIMENTOS

O autor agradece

ao Professor Doutor Paulo de Mattos Pimenta pelo apoio e orientação ao longo de todo

o trabalho

ao Professor Doutor Júlio Fruchtengarten pelo incentivo recebido e amizade

demonstrada
iv

Silva, Valdir Pignatta e


Estruturas de aço em situação de incêndio. São Paulo. 1997.
170p.

Tese (Doutorado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.


Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações.

1. Estruturas de aço. 2. Segurança. I. Universidade de São Paulo. Escola


Politécnica. Departamento de Engenharia de Estruturas e Fundações II.t
v

SUMÁRIO
LISTA DE SÍMBOLOS
DEFINIÇÕES
RESUMO
“ABSTRACT”

1 INTRODUÇÃO......................................................................................................01

1.1 OBJETIVO............................................................................................................01
1.2 DESENVOLVIMENTO DA TESE....................................................................... 01
1.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS................................................................................02

2 AÇÃO TÉRMICA ................................................................................................. 04

2.1 MODELOS DE INCÊNDIO..................................................................................04


2.1.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................04
2.1.2 INCÊNDIO-PADRÃO........................................................................................06
2.1.2.1 Curva temperatura-tempo conforme IS0-834....................................................06
2.1.2.2 Curva temperatura-tempo conforme ASTM E-119...........................................06
2.1.3 INCÊNDIO NATURAL..................................................................................... 08
2.1.3.1 Carga de incêndio.............................................................................................09
2.1.3.2 Grau de ventilação............................................................................................11
2.1.3.3 Curva temperatura-tempo conforme Swedish Building Regulations..................13
2.1.3.4 Modelo de Pettersson.......................................................................................15
2.1.4 CURVAS TEMPERATURA-TEMPO CONFORME EUROCODE....................25
2.1.4.1 Curvas padronizadas........................................................................................25
2.1.4.1.1 Curva-padrão................................................................................................25
2.1.4.1.2 Curva-padrão para incêndios em ambientes com material combustível forma-
do por hidrocarbonetos...................................................................................25
2.1.4.2 Curva para incêndio natural compartimentado...................................................26
2.1.5 LIMITES DE APLICAÇÃO DO MODELO DO INCÊNDIO NATURAL..........28
vi

2.2 DETERMINAÇÃO DA TEMPERATURA DA ESTRUTURA..............................29


2.2.1 ESTRUTURA SEM REVESTIMENTO CONTRA FOGO..................................30
2.2.2 ESTRUTURA COM REVESTIMENTO CONTRA FOGO..................................37
2.2.2.1 Recomendações do Eurocode....................... ...................................................44
2.2.2.2 Comparação de resultados................................................................................45
2.2.3 O MODELO DO INCÊNDIO E A TEMPERATURA NA ESTRUTURA...........47
2.3 MÉTODO DO TEMPO EQUIVALENTE.............................................................49

3 DIAGRAMAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO DOS AÇOS ESTRUTURAIS


SUBMETIDOS A ALTAS TEMPERATURAS.....................................................53

3.1 INTRODUÇÃO...................................................................... ..............................53


3.2 DIAGRAMA TENSÃO-DEFORMAÇÃO.............................................................53
3.2.1 LUND INSTITUTE OF TECHNOLOGY...........................................................53
3.2.2 RAMBERG-OSGOOD............................................................ ..........................55
3.2.3 ARBED-RESEARCH...................................................................... ..................56
3.2.4 EUROCODE...................................................................... ...............................58
3.2.5 OUTROS DIAGRAMAS....................................................................................61
3.2.5.1 European Convention for Constructional Steelwork.........................................61
3.2.5.2 British Standard...................................................................... ........................62
3.2.5.3 Societé Suisse des Ingénieurs et des Architectes...............................................62
3.2.5.4 Australian Standard..........................................................................................63
3.2.6 COMPARAÇÃO ENTRE OS DIAGRAMAS ESTUDADOS.............................63
3.3 FLUÊNCIA...................................................................... ....................................65

4 SEGURANÇA A INCÊNDIO DA EDIFICAÇÃO................................................66

4.1 PROTEÇÃO À VIDA HUMANA.........................................................................66


4.2 SEGURANÇA ESTRUTURAL...................................................................... ......67
4.2.1 AÇÕES E SEGURANÇA...................................................................................69
4.2.1.1 Resistência de cálculo...................................................................... ................69
4.2.1.2 Combinação última das ações conforme NBR 8681..........................................70
4.2.1.3 Comparação entre NBR 8681 e Eurocode1......................................................71
4.2.2 Normas para dimensionamento...................................................................... .....75
vii

5 MÉTODO SIMPLIFICADO DE DIMENSIONAMENTO...................................76

5.1 VALORES DE CÁLCULO DOS ESFORÇOS RESISTENTES DE ELEMENTOS


ESTRUTURAIS DE AÇO.....................................................................................76
5.1.1 BARRAS TRACIONADAS................................................................................76
5.1.2 BARRAS COMPRIMIDAS................................................................................77
5.1.3 BARRAS FLETIDAS...................................................................... ..................78
5.1.4 BARRAS SUJEITAS À FORÇA NORMAL E MOMENTOS FLETORES.........81
5.1.5 LIGAÇÕES...................................................................... ..................................83
5.2 AÇÕES A CONSIDERAR.....................................................................................83
5.3 COMENTÁRIOS SOBRE A ADAPTAÇÃO DO EUROCODE ÀS NORMAS
BRASILEIRAS......................................................................................................84
5.3.1 COMPRESSÃO..................................................................................................84
5.3.1.1 Curvas de dimensionamento........................................................................87
5.3.2 FLEXÃO...................................................................... .....................................88
5.3.2.1 Coeficientes 1 e 2..........................................................................................89
5.3.2.2 Tensão residual.................................................................................................90
5.3.2.3 Interpolação na região plástica...................................................................... ...91
5.3.2.4 Esbeltez r...................................................................... .................................92
5.3.2.5 Curvas de dimensionamento................................................................................94
5.3.2.6 Força cortante..................................................................................................95
5.3.3 FLEXÃO COMPOSTA......................................................................................97
5.3.4 AÇÕES A CONSIDERAR.................................................................................98

6 CONSIDERAÇÃO DAS DEFORMAÇÕES TÉRMICAS E DAS NÃO LINEA


RIDADES..............................................................................................................99

6.1 COMPORTAMENTO DAS VIGAS CONTINUAMENTE TRAVADAS, EM


SITUAÇÃO DE INCÊNDIO...............................................................................100
6.1.1 VIGAS SIMPLESMENTE APOIADAS............................................................100
6.1.2 VIGA BIAPOIADA COM RESTRIÇÃO À DEFORMAÇÃO AXIAL..............103
6.2 COMPORTAMENTO DE UM PÓRTICO PLANO, EM SITUAÇÃO DE IN-
CÊNDIO................................................................. ............................................107
viii

6.2.1 DIMENSIONAMENTO À TEMPERATURA AMBIENTE (COMBINAÇÃO


NORMAL DE AÇÕES.....................................................................................109
6.2.2 CÁLCULO DOS ESFORÇOS A ALTAS TEMPERATURA (COMBINAÇÃO
EXCEPCIONAL DE AÇÕES)..........................................................................112
6.2.2.1 Pórtico dentro do compartimento em chamas.................................................112
6.2.2.2 Pilares fora do compartimento em chamas......................................................121
6.2.3 DETERMINAÇÃO DA TEMPERATURA CRÍTICA......................................125
6.2.3.1 Pórtico dentro do compartimento em chamas.................................................126
6.2.3.1.1 Pilares............................................................................................. ............126
6.2.3.1.2 Viga continuamente travada.........................................................................128
6.2.3.1.3 Viga com travamento no meio do vão..........................................................129
6.2.3.2 Pilares fora do ambiente em chamas................................................................130
6.2.3.3 Resumo dos resultados...................................................................................131
6.2.4 INFLUÊNCIA DO GRADIENTE DE TEMPERATURA AO LONGO DA
ALTURA DA SEÇÃO TRANSVERSAL DO PERFIL......................................132
6.2.4.1 Viga biengastada............................................................................................132
6.2.4.1.1 Materiais elástico-lineares............................................................................132
6.2.4.1.2 Materiais elastoplásticos.............................................................................133
6.2.4.1.3 Materiais com diagrama elastoplástico variável com a temperatura.............134
6.2.4.2 Pórtico...................................................................... ....................................134

7 CONCLUSÕES.....................................................................................................137

ANEXO A - A FLUÊNCIA DOS AÇOS ESTRUTURAIS.....................................142

ANEXO B - CONCRETO EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO................................156

ANEXO C - TEMPO EQUIVALENTE..................................................................158

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................162
ix

LISTA DE SÍMBOLOS

Aa - área exposta ao fogo do elemento estrutural de aço


Af - área do piso
Ag - área bruta da seção transversal da barra.
Am - área exposta ao fogo do material de revestimento contra fogo
Av - área total das aberturas para o ambiente externo ao edifício, incluindo janelas que
se supõem quebradas durante um incêndio
At - área total, incluindo vedação (paredes, piso e teto) e aberturas
Aq - área da superfície do material combustível participante da combustão
Cb - fator de equivalência de momentos na flexão simples
Cmx , Cmy - fator de equivalência de momentos, na flexão composta, relativos ao eixo x
e ao eixo y, respectivamente
E - módulo de deformação longitudinal ou módulo de elasticidade do aço
E - módulo de elasticidade tangente, em  = 0, à temperatura 
F - fator de massividade (m-1)
Fd - valor de cálculo das ações
FG,k - valor característico da ação permanente
FQ,k - valor característico da ação variável
FQ,exc - valor representativo da ação excepcional (ação térmica)
H - potencial calorífico específico do combustível (J/kg), altura
Hr - potencial calorífico específico de cada componente da carga de incêndio (MJ/kg)
I - momento de inércia
M(t) - massa de material combustível variável com o tempo
Ma - massa aquecida de aço (kg)
Mv,in - fluxo de massa de ar frio (kg/h)
Mv,out - fluxo de massa de gás quente (kg/h)
Mn - valor característico do momento fletor resistente
M0 - massa de material combustível antes de iniciar o incêndio(kg)
Mp - momento fletor de plastificação
MRd,fi, - valor de cálculo do momento fletor resistente, em situação de incêndio, à
temperatura 
x

Mr - valor característico do momento fletor resistente correspondente ao início do


escoamento
Mx,d,fi - valor de cálculo do momento fletor atuante, em situação de incêndio, em torno
do eixo x
My,d,fi - valor de cálculo do momento fletor atuante, em situação de incêndio, em torno
do eixo y
Mx,Rd,fi, - valor de cálculo do momento fletor resistente em torno do eixo x, em situação
de incêndio, à temperatura 
My,Rd,fi, - valor de cálculo do momento fletor resistente em torno do eixo y, em situação
de incêndio, à temperatura 
Nd,fi - valor de cálculo da força normal atuante, em situação de incêndio
Ne,fi, - força de flambagem elástica por flexão em torno do eixo x, em situação de
incêndio, à temperatura 
Ne,fi, - força de flambagem elástica por flexão em torno do eixo y, em situação de
incêndio, à temperatura 
Nn - valor característico da força normal resistente

NRd,fi, - valor de cálculo da força normal resistente, em situação de incêndio, à

temperatura 
.
Q abs,a - calor absorvido pelo elemento de aço (W)
.
Q abs,m - calor absorvido pelo material de revestimento contra fogo (W)
.
Q abs,p - calor absorvido pelo elemento de vedação (W)
.
Q c - fluxo convectivo de calor (W)
.
Q comb - calor gerado durante a combustão, na unidade de tempo (W)
.
Q k - fluxo de calor por condução (W) no interior do material de revestimento contra

fogo (W)
.
Q p - calor dissipado para e através das vedações da área em chamas (W)
.
Q r - fluxo radiativo de calor (W)
.
Q R - calor dissipado, por radiação, pelas aberturas (W)
.
Q v - troca de calor com o ambiente externo por meio da movimentação do fluido
através das aberturas (W)
R - constante dos gases perfeitos (8,31 J/mol K)
xi

Rd,fi, - valor de cálculo do esforço resistente à temperatura C


Rm - taxa média de combustão da madeira sob ventilação controlada determinada
experimentalmente (330 A h1/2 kg/h)
Sd,fi - valor de cálculo dos esforços atuantes determinado a partir da combinação última
excepcional das ações
V - volume aquecido do elemento estrutural (m3)
Vn - valor característico da força cortante resistente
VRd,fi, - valor de cálculo da força cortante resistente, em situação de incêndio, à
temperatura 
W - módulo resistente elástico
H
. R 
Z - parâmetro de Zenner-Hollomon (  s e ), módulo resistente plástico

bf - largura da mesa de um perfil


cp - calor específico dos gases quentes (J/kg C)
ca - calor específico do aço (J/kg C)
cm - calor específico do material de revestimento contra fogo (J/kg C)
d - altura
fp, - resistência do aço correspondente ao limite de proporcionalidade, à temperatura 
fu - resistência última do aço
fy - valor característico da resistência de escoamento
fy, - valor característico da resistência (convencional) de escoamento à temperatura 
fyd,fi - valor de cálculo da resistência de escoamento, em situação de incêndio
h - altura média das aberturas (m)
h - fluxo de calor por unidade de área (W/m2)
h c - fluxo de calor convectivo por unidade de área (W/m2)
h r - fluxo de calor radiativo por unidade de área (W/m2)
kE, = E / E - fator de redução para E
kp, = fp, / fy - fator de redução para fp
ky, = fy, / fy - fator de redução para fy
fl,fi - comprimento de flambagem, em situação de incêndio
mr - coeficiente adimensional que representa a eficiência da combustão de cada
componente do material combustível.
xii

pd - valor de cálculo do carregamento


pd,fi - valor de cálculo do carregamento em situação de incêndio
qfi,k, qfi - valor característico da carga de incêndio específica (MJ/m2 de área total ou
área de piso)
qfi,d - valor de cálculo da carga de incêndio específica (MJ/m2 de área total ou área de
piso)
t - tempo
teq - tempo equivalente
tm - espessura do material de revestimento contra fogo
tmáx - tempo em que ocorre máx
tf - espessura da mesa de um perfil
tw - espessura da alma de um perfil
t1 - tempo que determina o final do período primário de fluência
t2 - tempo que determina o final do período secundário de fluência
tr - tempo que determina o instante da ruptura por fluência
V = A v h A t - grau de ventilação, fator de abertura (m1/2)

 - fator de correção de (t)


H - energia de ativação da fluência (J/mol)

c - coeficiente de transferência de calor por convecção (coeficiente de película)


(W/m2 C)
ec - coeficiente de transferência de calor por convecção entre vedação e ambiente
externo ao compartimento (W/m2 C)
ic - coeficiente de transferência de calor por convecção entre chamas e vedação,
no interior do compartimento (W/m2 C)
r - coeficiente de transferência de calor por radiação (W/m2 C)

er - coeficiente de transferência de calor por radiação entre vedação e ambiente


externo ao compartimento (W/m2 C)
ir - coeficiente de transferência de calor por radiação entre chamas e vedação,
no interior do compartimento (W/m2 C)
Rr - coeficiente de transferência de calor por radiação entre chamas e ambiente
xiii

externo ao compartimento através das aberturas (W/m2 C)


a - valor do coeficiente de ponderação da resistência do aço
a,fi - valor do coeficiente de ponderação da resistência do aço, em situação de incêndio
g - valor do coeficiente de ponderação para as ações permanentes
n - coeficiente adimensional que leva em conta a presença de medidas de proteção
ativa.
q - valor do coeficiente de ponderação para as ações variáveis
s - coeficiente de segurança que depende do risco de incêndio e as consequências do
colapso da edificação.
 - deformação linear específica ou alongamento
0 - valor da deformação específica que se encontra ao prolongar a reta () do período
secundário de fluência até o eixo 
fl,máx - deformação linear especifica máxima, por fluência
fl,últ - deformação linear específica máxima, por fluência, calculada com  = fy,
p, - deformação linear específica correspondente à fp,
r - emissividade resultante dependente da radiação entre chama e superfície interna do
elemento de vedação do compartimento em chamas (adimensional)
.
 s - taxa de deformação linear específica (d/dt) no período secundário de fluência

y, - deformação linear específica correspondente à fy,


u, - deformação linear específica última
m c m
= dm F
a c a

1 - fator de correção para temperatura não uniforme na seção transversal de um


elemento estrutural
2 - fator de correção para temperatura não uniforme ao longo do comprimento do
elemento
 - condutividade térmica dos componentes da vedação do ambiente (W/mC),
parâmetro de esbeltez
 - parâmetro de esbeltez reduzida
  - parâmetro de esbeltez reduzida à temperatura 

r - parâmetro de esbeltez correspondente ao início do escoamento


xiv

r, - parâmetro de esbeltez, à temperatura , correspondente ao início do


escoamento
p - parâmetro de esbeltez correspondente à plastificação
p, - parâmetro de esbeltez, à temperatura , correspondente à plastificação
 - temperatura
a - temperatura no elemento estrutural
e - temperatura na superfície externa do elemento de vedação
g - temperatura dos gases no ambiente em chamas, no instante t
g,o - temperatura dos gases no ambiente em chamas, no instante t = 0
i - temperatura na superfície interna do vedo
m - temperatura no ponto médio do material de revestimento contra fogo, temperatura
de fusão do aço
máx - temperatura máxima dos gases
o - temperatura ambiente
1 - temperatura de referência interna ao vedo
 - massa específica do material da vedação do ambiente (kg/m3)
 - coeficiente de redução da resistência de barras axialmente comprimidas à
temperatura 
 - constante de Stefan-Boltzmann (5,669 10-8 W/m2 C4), tensão
r - tensão residual
H

R 
 =t e - tempo compensado pela temperatura (parâmetro de Dorn)

máx - tempo compensado máximo em um incêndio


 = M v , out / (Av h1/2) (kg/h m5/2)

r - coeficiente adimensional que representa o grau de proteção ao fogo do material


combustível
0 - fator de combinação utilizado para a determinação dos valores reduzidos das ações
variáveis nas combinações últimas
2 - fator utilizado para a determinação do valor reduzido das ações variáveis nas
combinações quase permanentes de utilização
xv

DEFINIÇÕES

Nesta Tese são adotadas as seguintes definições:

 ), provocado
Ação térmica - ação na estrutura descrita por meio do fluxo de calor ( Q
pela diferença de temperatura entre os gases quentes do ambiente em chamas e os
componentes da estrutura.

Carga de incêndio - soma das energias caloríficas que poderiam ser liberadas pela
combustão completa de todos os materiais combustíveis em um espaço, inclusive os
revestimentos dos elementos de vedação.

Carga de incêndio específica - carga de incêndio por unidade de área total, do


compartimento de incêndio, incluindo piso, paredes e teto ou por unidade de área de
piso desse compartimento.

Compartimento de incêndio - volume no interior de uma edificação limitado por


elementos de vedação, que impedem a propagação do incêndio para o exterior do
compartimento.

Duração de um incêndio - intervalo de tempo entre o instante que ocorre o incêndio


generalizado (“flashover”) e a máxima temperatura do incêndio.

Elementos de vedação - elementos estruturais ou não estruturais (paredes, pisos, portas


corta-fogo), estanques, isolantes e resistentes ao fogo, formando parte do contorno do
compartimento de incêndio.

Estanqueidade - capacidade de impedir a ocorrência, em incêndio, de rachaduras ou


outras aberturas, através das quais possam passar chamas e gases quentes capazes de
ignizar um chumaço de algodão.
xvi

Fator de massividade - relação entre a área exposta ao fogo, de um elemento estrutural e


seu volume.

Incêndio natural (compartimentado) - incêndio para o qual se admite que a temperatura


dos gases do compartimento em chamas respeite às curvas temperatura-tempo naturais,
construídas a partir de ensaios ou modelos matemáticos de incêndio, que procuram
representar a real situação do ambiente em chamas.

Incêndio-padrão - incêndio para o qual se admite que a temperatura dos gases do


compartimento em chamas, na situação real, respeite as curvas padronizadas para
ensaios

Isolamento térmico - capacidade do elemento de vedação de não permitir a ocorrência,


na face não exposta ao incêndio, acréscimos de temperatura superiores a 140 C
(temperatura média) e 180 C (temperatura máxima)

Tempo de resistência ao fogo - tempo durante o qual uma estrutura, um subconjunto


estrutural ou um elemento estrutural, estando sob a ação do incêndio-padrão, mantêm
suas funções em incêndio.

Temperatura crítica - temperatura que causa colapso no elemento estrutural.


xvii

RESUMO

Nesta Tese é estudado o comportamento das estruturas de aço a altas


temperaturas.
São apresentadas curvas temperatura-tempo dos gases quentes que envolvem as
chamas e deduzidas expressões para a determinação da ação térmica e seu efeito, a
temperatura, nas peças estruturais. É analisada a influência da ventilação, da carga de
incêndio e da geometria da seção transversal, na temperatura do elemento estrutural.
São apresentados os diagramas tensão-deformação dos aços estruturais, incluindo
o efeito da fluência, a altas temperaturas.
É feita uma análise comparativa entre as recomendações da Norma Brasileira
(NBR 8681) e da Norma Europeia (Eurocode 1), sobre os critérios de segurança
estrutural adotados para a situação excepcional das estruturas em incêndio.
Recomenda-se um método simplificado de dimensionamento das elementos
estruturais em situação de incêndio, analisando-se a influência das não linearidades
geométrica e do material e das deformações térmicas.
xviii

ABSTRACT

In this Thesis a study about the behavior of steel structures on fire was carried out.
Comments about fire models (temperature-time curves of hot gases) are made and
the expressions to determine the thermal action on the structures and its effect, the
temperature on steel, are derived. The influence of load fire, opening factor (ventilation)
and section factor (massivity factor) is discussed.
Stress-strain curves of steel, including the creep phenomena, under high
temperature are presented.
A comparison between the safety criteria for the accidental situation of structures
in fire, based on Brazilian and European Standards, is made.
A simplified method of steel structures fire design is recommended and the
influence of geometrical and material non linearities and thermal deformation are
analyzed.
1

ESTRUTURAS DE AÇO EM SITUAÇÃO DE


INCÊNDIO

1 INTRODUÇÃO

1.1 OBJETIVO

O objetivo desta Tese é o estudo das estruturas de aço em situação de incêndio,


envolvendo a determinação da ação térmica a partir de modelos de incêndio
padronizados e realísticos, a proposta de um método simplificado de dimensionamento
e a análise de estruturas considerando-se a não linearidade geométrica, o
comportamento não linear do material e as deformações térmicas decorrentes do
aumento da temperatura.

1.2 DESENVOLVIMENTO DA TESE

O dimensionamento de qualquer estrutura exige o conhecimento das ações, da


resistência dos materiais e dos critérios de segurança. O desenvolvimento desta Tese
obedecerá a essa maneira clássica de abordagem.
A seção 2 é dedicada à modelagem do incêndio e à determinação da ação térmica
e seu efeito, a temperatura, nas peças estruturais. A partir de conhecidas expressões da
Transferência de Calor, sem a intenção de profundo envolvimento com essa teoria, com
o auxílio de programa desenvolvido pelo autor, é analisada a influência da ventilação,
da carga de incêndio e da geometria da seção transversal, na temperatura do elemento
estrutural.
Na seção 3 são apresentados os diagramas tensão-deformação dos aços estruturais
a altas temperaturas.
Na seção 4 é feita uma análise comparativa entre as recomendações da Norma
Brasileira (ABNT NBR 8681:1984) e da Norma Europeia (Eurocode 1) sobre os
2

coeficientes de ponderação e os fatores de combinação das ações adotados para a


situação excepcional de estruturas em incêndio.
Apresenta-se, na seção 5, um método simplificado de dimensionamento dos
elementos estruturais em situação de incêndio, resultante de uma adaptação das
recomendações do Eurocode 3 às Normas Brasileiras ABNT NBR 8800:1986, ABNT
NBR 8681:1984 e ABNT NBR 7808:1983.
Na seção 6 analisa-se a influência das deformações térmicas, considerando-se a
não linearidade geométrica e a não linearidade do material.
No Anexo A é estudado o fenômeno da fluência dos aços submetidos a altas
temperaturas, procurando-se demonstrar a importância da utilização de curvas
temperatura-tempo de incêndio realísticas, a fim de viabilizar o dimensionamento das
estruturas de aço em situação de incêndio.
Com o intuito de contribuir com as pesquisas ora em desenvolvimento,
apresentam-se no Anexo C, valores de tempo equivalente, calculados de forma precisa,
dentro das hipóteses adotadas neste trabalho.

1.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS

O consumo de aço utilizado para as construções com aço no Brasil é baixo, se


comparado ao dos países considerados desenvolvidos, mesmo assim, nos últimos anos,
o uso desse material tem despertado o interesse de arquitetos e de engenheiros e surgem
diversas obras em aço, tais como: estações ferroviárias (Largo Treze de Maio), edifícios
comerciais (Rua Formosa, Alfacon, Centro Empresarial do Aço, Centro Cultural Itaú,
Bancos, Consultórios, etc.), ampliações e adaptações de edifícios (Shopping Center:
Iguatemi, Ibirapuera, Butantã e Market Place, Bolsa de Valores de São Paulo, Hospital
Albert Eistein, etc.).
Para a escolha do aço como material estrutural de uma obra, três questões estão
sempre presentes: custo, corrosão e incêndio. Quanto às duas primeiras, já se entende
que o custo de uma obra em aço não se mede pelo custo da estrutura e sim pelas
vantagens agregadas ao empreendimento e que o fenômeno da corrosão está presente
em todos os materiais, sendo minimizado com uma especificação adequada dos tipos de
materiais estruturais ou de proteção, projeto e obra bem executados e manutenção.
3

O terceiro problema a ser enfrentado, isto é, segurança a incêndio, ainda não está
resolvido. A inexistência de norma brasileira sobre o assunto e a utilização de técnicas
não científicas e antieconômicas como solução para esse problema têm contribuído para
afastar os possíveis interessados no uso do aço.
O autor, preocupado com esse problema, vem há anos pesquisando e procurando
divulgar no Brasil (publicação interna à COSIPA, em 1988, SILVA (1991), SILVA;
PIMENTA (1995), (1996a) e (1996b)), um método racional para projetar estruturas
sujeitas a incêndio com base em um modelo realístico de incêndio e com critérios de
segurança adequados à essa situação excepcional. Esse método desenvolvido
inicialmente na Suécia na década de 60 é ainda hoje objeto de estudo e aprimoramento
pela Comunidade Europeia.
Em 1997, a comissão de estudos (CE-24:301-06/ABNT) para a elaboração do
texto básico para a Norma Brasileira “Dimensionamento de estruturas de aço de
edifícios em situação de incêndio”, acatando sugestão do autor, incluiu no texto um
método de dimensionamento de estruturas de aço em situação de incêndio que, apesar
de simplificado, permite ao engenheiro de estruturas calcular a temperatura que causa o
colapso de cada peça estrutural e analisar a necessidade ou não da utilização de material
de revestimento contra fogo. Esse texto básico também permite o uso de métodos
avançados de modelagem de incêndio e análise estrutural.
A análise, o esclarecimento, a viabilização e a comparação desses métodos são
objeto desta Tese.
4

2 AÇÃO TÉRMICA

2.1 MODELOS DE INCÊNDIO

2.1.1 INTRODUÇÃO

 ), por
Ação térmica é a ação na estrutura descrita por meio do fluxo de calor ( Q
radiação e por convecção, provocado pela diferença de temperatura entre os gases
quentes do ambiente em chamas e os componentes da estrutura. O aumento da
temperatura nos elementos estruturais, devido à ação térmica, causa redução da
resistência, redução do módulo de elasticidade e o aparecimento de esforços solicitantes
adicionais (ações indiretas) nas estruturas em que há restrições às deformações térmicas.
A principal característica de um incêndio, no que concerne ao estudo das
estruturas é a curva que fornece a temperatura dos gases em função ao tempo de
incêndio (Fig. 2.1.1), visto que a partir dessa curva é possível calcular-se a máxima
temperatura atingida pelas peças estruturais e a sua correspondente capacidade
resistente à alta temperatura.
temperatura temperatura
temperatura máxima do
i ê di

fase de fase de
aquecimento resfriamento

ignição

inflamação tempo
generalizada tempo
(flashover)

Figura 2.1.1 Figura 2.1.2


Curva temperatura-tempo de um incêndio Modelo de incêndio natural

Essa curva apresenta uma região inicial com baixas temperaturas, em que o
incêndio é considerado de pequenas proporções, sem riscos à vida humana ou à
estrutura. Caso se possa demonstrar que nesse intervalo de tempo as medidas de
proteção à vida humana (detectores de calor e fumaça, chuveiros automáticos, brigada
5

de incêndio, etc.) são eficientes na extinção do fogo, nenhuma verificação adicional da


estrutura para a situação de incêndio seria necessária. (vide seção 4 desta Tese)
O instante em que se dá o aumento brusco da inclinação da curva é conhecido
como “flashover” ou instante da inflamação generalizada e ocorre quando a superfície
de toda a carga combustível presente no ambiente entra em ignição, o incêndio torna-se
de grandes proporções tomando todo o compartimento e a temperatura dos gases eleva-
se rapidamente até todo material combustível extinguir-se, a partir daí, há a redução
gradativa da temperatura dos gases.
Pela atual dificuldade de se demonstrar que as medidas de proteção à vida são
eficientes para extinguir o incêndio durante a fase anterior ao incêndio generalizado, há
necessidade de verificação da segurança da estrutura, devendo-se considerar o efeito da
ação térmica nos elementos estruturais. Para tal, modela-se o incêndio, utilizando-se
curvas temperatura-tempo (Fig. 2.1.2) com base em ensaios (ou modelos matemáticos)
realísticos de incêndio, em que se considera a variação da quantidade de material
combustível, o grau de ventilação do compartimento em chamas, etc. Admite-se por
simplicidade que o incêndio se inicia no instante do “flashover” (SCHLEICH (1994)).
Esse modelo de incêndio é conhecido como modelo do incêndio natural.
Tendo em vista que a curva temperatura-tempo do incêndio se altera, para cada
situação estudada, convencionou-se adotar uma curva padronizada como modelo para a
analise experimental de estruturas, materiais de revestimento contra fogo, portas corta-
fogo, etc., em fornos de institutos de pesquisa. Na falta de estudos mais realísticos, essa
curva padronizada para ensaios poderá ser adotada como curva temperatura-tempo dos
gases. Esse modelo é conhecido como modelo do incêndio-padrão (Fig. 2.1.3).
temperatura

tempo

Figura 2.1.3 - Modelo de incêndio-padrão


6

2.1.2 INCÊNDIO-PADRÃO

Denomina-se incêndio-padrão, o modelo de incêndio para o qual se admite que a


temperatura dos gases do ambiente em chamas respeite as curvas padronizadas para
ensaio. A característica principal dessa família de curvas é a de possuir apenas um ramo
ascendente, admitindo, portanto, que a temperatura dos gases é sempre crescente com o
tempo e além disso independente das características do ambiente e da quantidade de
material combustível.
As curvas padronizadas mais citadas nas bibliografias consultadas são: ISO 834
(1975) e ASTM E 119 (1988).

2.1.2.1 Curva temperatura-tempo conforme ISO 834

A International Organization for Standardization por meio da norma ISO 834


(1975) “Fire-resistance tests - Elements of building construction” recomenda a seguinte
relação temperatura-tempo:

 g   g, o  345 og10 8 t  1

sendo:
g - temperatura dos gases no ambiente em chamas (C )
g,o - temperatura dos gases no instante t = 0, geralmente admitida 20 C
t - tempo (min)

2.1.2.2 Curva temperatura-tempo conforme ASTM E 119

A American Specification of Testing and Materials por meio da ASTM E119


(1988) - “Standard test methods for fire tests of building construction and materials”
recomenda o uso de uma curva temperatura-tempo respeitando a Tabela 2.1.1:

Tabela 2.1.1 - ASTM E 119


7

Tempo Temperatura Tempo Temperatura


(min) ( C) (min) ( C)
0 20 55 916
5 538 60 927
10 704 65 937
15 760 70 946
20 795 75 955
25 821 80 963
30 843 85 971
35 862 90 978
40 878 120 1010
45 892 240 1093
50 905 480 1260

Essa curva foi adotada em 1918 pela ASTM com basea na proposta do UL -
Underwriters Laboratory de Chicago (1916) para curva-padrão na fase de aquecimento
em ensaios de pilares, que estavam sendo realizados à época. Supõe-se que os dados
tenham sido obtidos em incêndios reais (LIE (1972)).
A Figura 2.1.4 apresenta as curvas padronizadas pela ISO 834 e ASTM E119 e
também a curva padronizada pela norma sueca SBN 67 que será abordada na seção
2.1.3.3.

curvas padrão temperatura-tempo - incêndio

1250

1000
temperatura

750 IS O 834/ 75
AS TM E119/ 88
500 S BN/ 67

250

0
0 120 240 360 480
tempo (min)

Figura 2.1.4 - Curvas-padrão


8

2.1.3 INCÊNDIO NATURAL

Denomina-se incêndio natural, o modelo de incêndio para o qual se admite que a


temperatura dos gases respeite às curvas temperatura-tempo naturais, construídas a
partir de ensaios (ou modelos matemáticos aferidos a ensaios) de incêndios que
simulam a real situação de um compartimento em chamas.
Os ensaios são realizados em compartimentos, com aberturas (janelas), nos quais
o incêndio ocorre sem a possibilidade de se propagar para fora dele, devido às
características de isolamento térmico, estanqueidade e estabilidade dos elementos de
vedação. Esse modelo de incêndio também é conhecido como incêndio natural
compartimentado.
Os resultados desses ensaios demonstram que as curvas temperatura-tempo de um
incêndio natural compartimentado dependem dos seguintes parâmetros:
* carga de incêndio
* grau de ventilação
* características térmicas do material componente da vedação
A característica principal dessas curvas, que a distingue da curva-padrão, é a de
possuir um ramo ascendente (fase de aquecimento) e um ramo descendente (fase de
resfriamento) admitindo, portanto, racionalmente, que os gases que envolvem o fogo
não têm sua temperatura sempre crescente com o tempo. Essa é uma das hipóteses
fundamentais do “método racional” utilizado na Engenharia de Segurança contra
Incêndio.
Os ensaios que serviram de referência às curvas naturais citadas nesta Tese
(seções 2.1.3.4 e 2.1.4.2) foram realizados em áreas relativamente pequenas (100 m2 de
área de piso). A validade do uso dessas curvas para áreas maiores e a utilização de
outros modelos matemáticos, deduzidos teoricamente, têm sido objeto de pesquisa
internacional.

2.1.3.1 Carga de incêndio


9

A carga de incêndio1 é a soma das energias caloríficas que poderiam ser liberadas
pela combustão completa de todos os materiais combustíveis em um espaço, inclusive
os revestimentos das vedações.
A carga de incêndio específica de um compartimento é a carga de incêndio por
unidade de área total (At) desse compartimento, incluindo piso, paredes e teto.
A carga de incêndio específica é calculada da seguinte forma:

a - valor característico da carga de incêndio específica:

 M r H r mr  r
q fi , k  r .......... (2.1.1)
At

sendo:
qfi,k ou simplesmente qfi - valor característico da carga de incêndio específica
(MJ/m2)
Mr - massa total de cada componente do material combustível (kg)
Hr - potencial calorífico específico de cada componente do material combustível
(MJ/kg)
At - área total, incluindo vedação (paredes, piso e teto) e aberturas (m2)
mr - coeficiente adimensional que representa a eficiência da combustão de cada
componente do material combustível. Sendo mr = 1 correspondente à combustão
completa e mr = 0 à ausência de combustão durante o processo do incêndio.
O EUROCODE 1 (1995) recomenda, simplificadamente, mr = 1. SCHLEICH;
CAJOT (1997)2 propõem mr = 0,7. Outros valores podem ser encontrados no
suplemento da DIN 18230 (1987)
r - coeficiente adimensional que representa o grau de proteção ao fogo do
material combustível. Varia entre r =1 para materiais sem proteção e r = 0 para

1
O autor optou pela denominação carga de incêndio ao invés de “carga incêndio” conforme
recomendado pela NBR 13860 (1997).
2
O Prof. J. B. Schleich, lider dos grupos europeus de pesquisa sobre estruturas em situação de incêndio,
enviou correspondência ao autor da presente Tese, anexando o documento “Background document for
the preparation of prEN1991-2-2”, antecipando as informações constantes em SCHLEICH; CAJOT
(1997).
10

materiais com proteção completa durante o incêndio. Em aplicações práticas, adota-se


r = 1.
A carga de incêndio específica característica qfi pode ser calculada conforme
descrito anteriormente ou encontrada em tabelas padronizadas para cada tipo de
ocupação. Apresentam-se os valores recomendados pela BSI/DD 240 (1997) na tabela
2.1.2.

Tabela 2.1.2 - Carga de incêndio específica em MJ/m2 de área de piso (BSI)


ocupação valor médio valor que não é
(MJ/m2) excedido em 80% das
ocupações (MJ/m2)
bibliotecas 1500 2250
escolas 285 360
escritórios 420 570
hospital 230 350
hospital (estocagem) 2000 3000
hotel (quartos) 310 400
lojas 600 900

b - valor de cálculo da carga de incêndio específica

q fi,d   n  s q fi, k

sendo:
qfi,d - valor de cálculo da carga de incêndio específica (MJ/m2)
n - coeficiente adimensional que leva em conta a presença de medidas de
proteção ativa.
O EUROCODE 1 (1995) recomenda utilizar n = 0,6 quando houver chuveiros
automáticos. SCHLEICH; CAJOT (1997) propõem diversos valores para n (0,1 a 1,0)
levando em conta a presença de chuveiros automáticos, brigada de incêndio,
dispositivos automáticos de detecção e alarme, etc. a DIN 18230 (1987) recomenda n =
11

0,55 (chuveiros automáticos e uma equipe de brigadistas de incêndio), n = 0,6


(chuveiros automáticos) e n = 0,9 (uma equipe de brigadistas de incêndio).
s - coeficiente de segurança que depende do risco de incêndio e as consequências
do colapso da edificação.
O EUROCODE 1 (1995) não fornece recomendações a respeito desse coeficiente.
SCHLEICH;CAJOT (1997) propõem: s1 (associado à área e altura da edificação)
valendo entre 1,0 (edifício térreo, área do compartimento inferior a 250 m2) e 2,5
(edifício com mais de 10 pavimentos, área do compartimento inferior a 5000 m2) e s2
(associado ao tipo de ocupação) valendo entre 0,85 e 1,80, sendo s = s1 s2. A DIN
18230 (1987) recomenda valores para s entre 0,55 (estrutura secundária, edifício térreo,
área de compartimento inferior a 1600 m2) e 2,1 (estrutura principal, múltiplos andares,
área do compartimento inferior a 30000 m2)

A carga de incêndio específica pode ser expressa, também, em relação à área de


piso (MJ/m2 de área de piso).
O potencial calorífico específico da madeira vale entre 17 e 20 MJ/kg. O potencial
calorífico específico de: palha, PVC, grãos, papel, algodão, roupas, seda, couro e lã têm
H entre 16 e 23 MJ/kg. Por essa razão, por simplicidade, algumas bibliografias admitem
que a carga de incêndio seja formada totalmente por madeira e expressam a carga de
incêndio como a massa de madeira equivalente à soma de todo material combustível do
compartimento estudado por área de piso (kg de madeira/m2).
Deve ser citado que o potencial calorífico específico de alguns plásticos vale mais
de 30 MJ/m2 (do petróleo vale 43,7 MJ/kg), portanto, carga de incêndio que envolva
hidrocarbonetos deve ser analisada com os parâmetros adequados.

2.1.3.2 Grau de ventilação

O grau de ventilação de um compartimento é representado pelo fator de abertura


V:

Av h
V = ..........(2.1.2)
At

onde:
12

V - fator de abertura em m1/2


AV - área total das aberturas para o ambiente externo ao edifício, incluindo janelas
que se supõem quebradas durante um incêndio
At - área total, incluindo vedação (paredes, piso e teto) e aberturas
h - altura média das aberturas =  (hi Ai ) / Av
hi - altura da abertura i, sendo  Ai = Av
Neste texto não se distinguirá fator de abertura (característica geométrica do
compartimento) e grau de ventilação (quantidade de material comburente).
A relação entre a quantidade de material combustível e a ventilação pode ser
expressa da seguinte forma:
Aq
 
Av h

sendo:
Aq - área da superfície do material combustível que pode participar da combustão
(esse valor é de evidente difícil determinação servindo tão somente para a análise
qualitativa feita a seguir)
Para um dado compartimento, se a quantidade de material combustível for
suficientemente grande ou o fator de abertura for suficientemente pequeno, isto é, alto
valor de , a temperatura dos gases que envolvem as chamas será dependente tão
somente do grau de ventilação e esse tipo de incêndio é denominado incêndio de
ventilação controlada.
Durante a fase de aquecimento geralmente considera-se como hipótese
simplificadora e a favor da segurança (PETTERSSON et al. (1976)) que o incêndio seja
de ventilação controlada, isto é, durante essa fase a temperatura dos gases somente
depende do grau de ventilação do ambiente.
Por outro lado, para um grau de ventilação maior que certo limite ou quantidade
de material combustível abaixo de certo valor, ou seja, baixo , diz-se que o incêndio é
controlado pelo combustível, ou seja, a temperatura depende somente da carga de
incêndio.

2.1.3.3 Curvas temperatura-tempo conforme Swedish Building Regulations


13

Os primeiros estudos sobre o ramo ascendente das curvas temperatura-tempo de


um incêndio natural compartimentado foram realizados, no final da década de 50, por
K. Kawagoe do Building Research Institute do Japão e K. Ödeen do Royal Institute of
Technology da Suécia, em trabalhos independentes, considerando o equilíbrio térmico
entre o calor gerado durante a combustão e o calor dissipado pelas aberturas e absorvido
pela vedação do compartimento em chamas (vide exp. 2.1.4). Os suecos S. E.
Magnusson e S. Thelandersson no final da década de 60 apresentaram trabalhos
incluindo também o ramo descendente da curva.
A Swedish Buiding Regulations (SBN) foi a primeira norma (apud ECCS (1983))
a permitir os conceitos do incêndio natural, na determinação da ação térmica.
A SBN de 1967 fornece uma curva-padrão temperatura-tempo (exp. 2.1.3 e Fig.
2.1.4) similar às descritas na seção 2.1.2, porém, já permite que estudos com base nos
conceitos do incêndio natural sejam utilizados e inclui curvas (Fig. 2.1.5) para o ramo
ascendente (fase de aquecimento), em função do grau de ventilação (0,01 m1/2  V 
0,3 m1/2 ).


 g   g, o  1325 1  0,324 e 0,2 t  0,204 e 1,7 t  0,472 e 19 t ..........(2.1.3) 
sendo:
g - temperatura dos gases no compartimento em chamas (C )
g,o - temperatura no instante t = 0, geralmente admitida 20 C
t - tempo (min)

Curvas temperatura-tempo - incêndio (aquecimento)


1500
vent.=0 ,2 m1 / 2
temperatura

1000

vent .= 0 ,0 2 m1 / 2
vent .=0 ,0 4 m1 / 2
500

0
0 30 60 90 120
tempo (min)

Figura 2.1.5 – Curvas temperatura tempo em função da ventilação


14

Essas curvas (Fig. 2.1.5) são semelhantes àquelas calculadas a partir do

formulário proposto pelo EUROCODE 1 (1995) para  c   1160 J / m 2 s1/ 2  C


(vide seção 2.1.3.4b).
Para V = 0,04 m1/2 e t  120 min, o ramo ascendente coincide com a curva-
padrão.
Para a fase de resfriamento a SBN/67 admite ramos descendentes retos com
inclinação de 10 C/min, a partir do ponto (tmáx , máx ), sendo:
g,máx. = g (tmáx) - temperatura máxima dos gases
q A q fi
t má x  fi t  (min)
Rm 105 V
H
60
qfi - carga de incêndio específica em MJ/m2 de área total, admitindo que a taxa de
combustão e a radiação sejam similares às da madeira
Rm - taxa média de combustão da madeira sob ventilação controlada, determinada
experimentalmente (330 A h1/2 kg/h)
H - potencial calorífico da madeira, determinado experimentalmente (na
expressão foi adotado 19,1 MJ/kg)

O diagrama final tem o aspecto apresentado na Figura 2.1.6.

Figura 2.1.6 - Incêndio natural (SBN/67)

Os suecos Pettersson, Magnusson e Thor desenvolveram pesquisas sobre carga de


incêndio em ambientes com diversas ocupações, modelos matemáticos para representar
o incêndio natural compartimentado e análise experimental, resultando nas
recomendações da SBN na edição de 1975, que apresenta tabelas e diagramas indicando
15

uma relação mais precisa temperatura-tempo em função da carga de incêndio e grau de


ventilação.
Diversos trabalhos franceses, baseados na literatura sueca foram publicados nos
anos seguintes (FRUITET (1978), BOUILLETTE(1983), OTUA (1983)).
A partir das mesmas hipóteses adotadas por Pettersson, WICKSTRÖM (1985)
propõem uma expressão única (exp. 2.1.11) para a determinação do ramo ascendente da
curva temperatura-tempo dos gases quentes em função do grau de ventilação e
características dos materiais de vedação. Essa expressão foi incluída no EUROCODE 1
(1995).
Tendo em vista a importância do modelo de incêndio adotado por Kawagoe,
desenvolvido por outros pesquisadores suecos e finalmente incorporado a uma norma
internacional, descreve-se a seguir as hipóteses desse modelo. Neste texto, o modelo
receberá o nome de “modelo de Pettersson” em homenagem ao pesquisador sueco que o
difundiu internacionalmente.

2.1.3.4 Modelo de Pettersson

A dedução das expressões que permitem calcular as curvas temperatura-tempo de


um incêndio natural compartimentado, com base em PETTERSSON; MAGNUSSON;
THOR (1976) é detalhada em SILVA; PIMENTA (1996) e resumida a seguir.
As principais hipóteses admitidas por PETTERSSON et al. (1976) são
apresentadas e comentadas a seguir:
 o incêndio é restrito a uma área compartimentada, sem possibilidade de se
propagar para fora dela. Obs.: a máxima área do compartimento e a
especificação (resistência ao fogo) dos elementos componentes da vedação são,
geralmente, fixadas pelo poder público.
 a distribuição de temperatura dos gases é uniforme em todo o volume do
compartimento. Vide seção 2.2.
 a fase de aquecimento do incêndio é de ventilação controlada. Vide comentário
na seção 2.1.3.2 desta Tese.
16

 o material combustível é formado por madeira. O modelo pode ser utilizado para
outros tipos de materiais, exceto hidrocarbonetos, desde que se calcule qfi
conforme recomendado na seção 2.1.3.1 desta Tese.
 o material da vedação é composto por concreto e tijolo, de tal forma que
 c  = 1160 J/m2 s1/2 C, sendo: , c,  a massa específica (kg/m3), o calor

específico (J/kgC) e a condutividade térmica (W/mC), respectivamente, do


material do elemento de vedação
Para compartimentos constituídos por paredes de alvenaria ( = 1600 kg/m3) e
lajes de concreto tem-se:
Atotal/Apiso = 3   c  =1600 J/m2 s1/2 C

Atotal/Apiso = 6   c  =1230 J/m2 s1/2 C

Valores inferiores a  c  = 1160 J/m2 s1/2 C podem ser encontrados em

compartimentos constituídos por paredes de alvenaria e lajes mistas (pré-moldadas) de


concreto e tijolos.
Admitindo-se essas hipóteses, considera-se o equilíbrio térmico (exp. 2.1.4 e Fig.
2.1.7):
. . . .
Q comb = Q p + Q R + Q v ..........(2.1.4)

Figura 2.1.7- Fluxo de calor no compartimento


sendo:
17

.
a) Q comb - calor gerado durante a combustão, na unidade de tempo (W)
. dM
Q comb  H ..........(2.1.5)
dt
onde:
dM(t)/dt é a variação da massa do material combustível na unidade de tempo,
durante o incêndio (M(0)/At = qfi)
H - potencial calorífico específico do combustível (J/kg)
.
São utilizadas curvas Q c (qfi,v,t) (Fig. 2.1.8) em função do tempo, encontradas a
partir de dezenas de ensaios feitos em diversos laboratórios, sendo qfi a carga de
incêndio específica em MJ/m2 em relação à área total,

Figura 2.1.8- Calor gerado durante a combustão em função do tempo

.
b) Q p - calor dissipado para e através dos elementos da vedação (paredes,
piso, teto) do compartimento em chamas, na unidade de tempo (W)

g  1
 Q
Q  i r,p  Q
 i c, p  ..........(2.1.6)
p
1 x1

  ir ( )   ic ( ) 2  ( x,  )

O fluxo de calor transfere-se entre o ambiente em chamas e os elementos da

vedação (paredes, piso, teto) desse ambiente, por radiação Q ir, p e Q er , p  e por
18

convecção Q 
i eQ
c, p c, p 
 e , através dos vedos, por condução Q

k ,p   e há absorção de


calor pelo material da vedação Q  
abs, p , conforme Fig. 2.1.9.

Figura 2.1.9 - Fluxo de calor através dos elementos da vedação


.
Para a determinação de Q p (exp. 2.1.6) o elemento de vedação é discretizado em

camadas com largura xj, sendo 1 a n as temperaturas no centro das camadas 1 a n


(Figs 2.1.10). Admite-se que a absorção de calor se concentre no ponto médio de xj
(Fig. 2.1.11).

Figura 2.1.9 - Discretização do elemento da vedação


19

Figura 2.1.11 - Absorção de calor pelo elemento da vedação


.
c) Q R - calor dissipado por radiação, pelas aberturas, na unidade de tempo
(W)

 
.
Q R  A v 5,67 ( g  273) 4  ( o  273) 4 10 8 
  R r A v g   0 
..........(2.1.7)
onde:

  g  
   273 4    273 4 
 0

 Rr 
g  0  
.
d) Q v - troca de calor com o ambiente externo através das aberturas, na
unidade de tempo (W)
.

Q v  M v , out c p  g   o  3600
ou ..........(2.1.8)
.

Q v   c p  g  o A  h 3600

sendo:
M v ,out
 
Av h

Mv,out - fluxo de massa de gás quente (kg/h)


cp - calor específico dos gases quentes (J/kg C)
20

Considerando-se as exp. 2.1.5 a 2.1.8 na exp. 2.1.4, resulta:

dq A  1 (t) Av
(q fi , v, t ) H   c p ( g ) v  o  (1  v ) R
r ( ) o
dt At 1 x1 At

g ( t ) 
 i i
 r ( )   c ( ) 2 

( x,  1 )
A 1 Av
 c p ( g ) v  (1  v ) R
r ( )
At 1 x1 At

 i i
r ( )   c ( )  2  ( x,  1 )

..........(2.1.9)
sendo:


4

  r   g  273   i  273 
4


 ir ( ) 
g  i  
 
 g 
   273 4    273 4 
 0  

 Rr 

g  0 

Os demais termos são encontrados experimentalmente:


dq/dt = d(M/At) / dt - variação, no tempo, da massa de material combustível por
.
unidade de área total (kg/m2 h) avaliada a partir das curvas Q c (qfi,v,t) em função do
tempo.
H - potencial calorífico específico da madeira. H = 19 MJ/kg (EUROCODE 1
(1995))
 = Mv,out / (Av h1/2) ,sendo Mv,out a massa de gás que flui, na unidade de tempo,
para fora do ambiente em chamas pelas aberturas de área Av e altura h. Entre 500 C e
1000 C  vale aproximadamente 2000 kg/h m5/2 (PETTERSSON et al. (1976)).
cp () - calor específico dos gases da combustão. cp  0,3 kJ/kg C
(PETTERSSON et al. (1976))
(x,) - condutividade térmica dos componentes da vedação do ambiente
(W/mC). Para o concreto de densidade normal, pode-se utilizar em cálculos
21

simplificados: c = 1,60 W/m2C (EUROCODE 1 (1995)). A partir de curvas  x 


fornecidas em PURKISS (1996), para tijolos de argila ou silicato de cálcio, é possível
extrair-se os valores de  à 600C, conforme tabela 2.1.3.
Tabela 2.1.3 - Condutividade térmica do tijolo
densidade  (kg/m3) condutiv. térmica  (W/mC)
700 0,19
1100 0,28
1600 0,39
2100 0,75

ic - coeficientes de transferência de calor por convecção do ambiente interno.


ic = 25 W/m2 C (EUROCODE 1(1995))
r - emissividade resultante dependente da radiação entre chama e superfície
interna da vedação do compartimento em chamas (adimensional). r varia entre 0,3 e
0,7. Neste texto será adotado r = 0,5 (EUROCODE 1(1995)).
Para se determinar a quantidade de calor absorvido pelos vedos é necessário
conhecer-se o calor específico dos materiais constitutivos dos elementos da vedação.
Fornece-se a seguir indicações sobre esses valores:
calor específico do concreto de densidade normal, para cálculos simplificados:
1000 J/kgC (EUROCODE 1 (1995))
calor específico de tijolos constituídos por argila ou silicato de cálcio ( PURKISS
(1996):
Tabela 2.1.4 - Calor específico do tijolo
temperatura calor específico
(C) (J/kgC)
600 1146
800 1253
1000 1357

A partir da exp. 2.1.9, com as temperaturas sendo calculadas de forma


incremental, PETTERSSON et al. (1976) apresentam tabelas da temperatura dos gases
22

em função da carga de incêndio específica e da ventilação. Tais tabelas são ilustradas


por meio das Figs. 2.1.12 a 2.1.16.

Curvas temperatura-tempo de um incêndio


modelo de Pettersson (vent. = 0,02 m1/ 2 )
ISO-8 3 4
1000

750 q f i =2 50 M J / m2
temperatura

q f i =2 0 0 M J / m2
500 q f i =150 M J /m2
q f i =10 0 M J / m2
250

0
0 30 60 90 120

tempo (min)

Figura 2.1.12

Curvas temperatura-tempo de um incêndio


modelo de Pettersson (vent. = 0,04 m1/2 )

ISO-8 3 4
1000
temperatura

750
500 q f i =2 50 M J / m2
q f i =2 0 0 M J / m2
250 q f i =150 M J /m2
q f i =10 0 M J /m2
0
0 30 60 90 120

tempo (min)

Figura 2.1.13

Curvas temperatura-tempo de um incêndio


modelo de Pettersson (vent. = 0,06 m1/ 2 )

1000
ISO-8 3 4
temperatura

750

500
q f i =2 50 M J /m2
250 q f i =2 0 0 M J / m2
q f i =150 M J / m2
0 q f i =10 0 M J /m2
0 30 60 90 120

tempo (min)

Figura 2.1.14
23

Curvas temperatura-tempo de um incêndio


modelo de Pettersson (vent. = 0,12 m1/ 2 )

1000
ISO-8 3 4
750

temperatura
500
q f i =2 50 M J /m2
250
q f i =2 0 0 M J / m2
0 q f i =150 M J / m2
q f i =10 0 M J /m2
0 30 60 90

tempo (min)

Figura 2.1.15

Curvas temperatura-tempo de um incêndio


modelo de Pettersson (q = 200 MJ/m2 )

1000
ventilação
temperatura

750
0 ,0 4 m^1/2
500 0 ,0 6 m^1/2
0 ,12 m^1/2
250

0
0 30 60 90 120

tempo (min)

Figura 2.1.16

A partir do modelo de Pettersson analisou-se a variação da temperatura máxima


do incêndio e o tempo em que ela ocorre, em função da ventilação e da carga de
incêndio específica. (vide Figs. 2.1.17 e 2.1.18).

Temperatura máxima de um incêndio


carga de incêndio

1000 2 0 0 M J /m2
temperatura

150 M J / m2
10 0 M J /m2
800 75 M J / m2

600
0,02 0,06 0,1 0,14 0,18

ventilação (m 1/ 2 )

Figura 2.1.17
24

Tempo em que ocorre a máxima temperatura do


incêndio
80
carga de incêndio

temp (min)
60
40 2 0 0 M J /m2
150 M J / m2
20
10 0 M J /m2
0
0,02 0,06 0,1 0,14 0,18

ventilação (m 1/ 2 )

Figura 2.1.18
Assim sendo, baseando-se nas hipóteses adotadas para o modelo de Pettersson
conclui-se que:
 A temperatura máxima de um incêndio se eleva com o aumento da carga de
incêndio específica.
 A temperatura máxima de um incêndio se eleva com o aumento do grau de
ventilação.
 A duração de um incêndio cresce com o aumento da carga de incêndio
específica.
 A duração de um incêndio diminui com o aumento do grau de ventilação

2.1.4 CURVAS TEMPERATURA-TEMPO CONFORME EUROCODE

O EUROCODE 1 (1995) recomenda alternativamente o uso de curvas


padronizadas (Fig. 2.1.19) e curvas que simulam o incêndio natural em área
compartimentada.

2.1.4.1 Curvas padronizadas

2.1.4.1.1 - Curva-padrão

g = 345 log 10 (8 t +1) + 20 ..........(2.1.10)


sendo:
t - tempo (min)
25

Essa curva é igual à recomendada pela ISO 834 (1978)

2.1.4.1.2 - Curva-padrão para incêndio em ambientes com material


combustível formado por hidrocarbonetos

g = 1080 (1 - 0,33 e-0,17 t - 0,68 e-2,50 t ) + 20


sendo:
t - tempo (min)

Curvas temperatura-tempo (Eurocode)


1500
temperatura

1000
Curva p ad r.
500 Hid ro carb .

0
0 60 120 180 240

tempo (min)

Figura 2.1.19

2.1.4.2 - Curva para incêndio natural compartimentado

ramo ascendente (aquecimento):


  
  1325
1  0,324 0 , 2 t
 0,204 e
1,7 t
 0 ,472 e
19 t 
 
e
g

..........(2.1.11)

t  t 
2  2
 V  1160 
     
 0, 04    c  

ramo descendente (resfriamento):


26

 g   g , max  625 t  
 td 

para td

 0,5 h

 g   g , max  250 3  t d  
 t

 td

 para 0,5 h  td

 2 h

 g   g , max  250  t

 td

 para td

 0,5 h

q fi, d
t d  0,13 10 3  ..........(2.1.12)
V

onde:
g, máx - máxima temperatura dos gases em C
, c,  - massa específica em kg/m3, calor específico em J/kgC e condutividade
térmica em W/mC respectivamente do material da vedação do ambiente
t - tempo (h)
Os seguintes limites devem ser observados:
0,02  V  0,20 (m1/2) - grau de ventilação
50  qfi,d  1000 (MJ/m2) - carga de incêndio específica de cálculo em
relação à área total

1000   c  2000 (J / m 2 s1/ 2  C)

O aspecto das curvas recomendadas pelo Eurocode pode ser visto nas Figs. 2.1.20
a 2.1.22 superpostas às curvas propostas por Pettersson e à curva-padrão (ISO-834).

Curvas temperatura-tempo de um incêndio


q fi = 100 MJ/m2 vent. = 0,04 m1/2

1000
temperatura

750 Pet ters s o n


500 EUROCODE
ISO-8 3 4
250
0
0 30 60 90 120

tempo (min)

Figura 2.1.20
27

Curvas temperatura-tempo de um incêndio


q fi = 200 MJ/m2 vent. = 0,04 m1/2

1000

temperatura
750 Pett ers s o n
500 Euro co d e
ISO-8 3 4
250
0
0 30 60 90 120

tempo (min)

Figura 2.1.21

Curvas temperatura-tempo de um incêndio


q fi = 250 MJ/m2 vent. = 0,12 m1/2

1000
temperatura

750 Pet ters s o n


500 Euro co d e

250 ISO-8 3 4

0
0 30 60 90 120

tempo (min)

Figura 2.1.22

2.1.5 LIMITES DE APLICAÇÃO DO MODELO DO INCÊNDIO


NATURAL

O movimento turbulento dos gases, durante um incêndio, contribui para


uniformizar a temperatura em volumes (ou áreas, admitindo-se que a altura do
compartimento é pouco variável com a ocupação, exceto em edifícios industriais ou
shopping centers, em que o compartimentos pode ter grande altura) relativamente
pequenos (áreas da ordem de 100 m2), mesmo para uma distribuição não uniforme da
carga de incêndio.
As hipóteses utilizadas, na determinação das curvas recomendadas, pelo
Eurocode, para o incêndio natural compartimentado, foram comprovadas por ensaios
realizados em compartimentos com área de piso inferior a 100 m2.
O Centre Technique Industriel de la Constuction Metallique (CTICM) com apoio
financeiro do Office Technique pour l’Utilization de l’Acier (OTUA) realizou 4
28

ensaios, em 1983, no Parc de la Villete, Paris, em um compartimento com cerca de 1000


m2 de área de piso e 10000 m3 de volume. Conforme OTUA(1983), a temperatura dos
gases quentes a 3 m do piso, medida nesses ensaios, foi menor do que a avaliada a partir
dos resultados de ensaios realizados em compartimentos de pequeno volume, porém,
para tal comparação foi utilizado o valor da carga de incêndio em relação à área
efetivamente ocupada pela carga. A carga de incêndio específica utilizada para cada
ensaio foi de 439, 458, 571 e 849 MJ/m2 em relação à área efetivamente ocupada pela
carga (150, 58, 58 e 39 m2 respectivamente).
Assim sendo, esse modelo, quando aplicado a compartimentos com áreas maiores
e com ocupações cuja distribuição uniforme da carga de incêndio não possa ser
assegurada, deve ser adaptado, utilizando-se a carga de incêndio específica em relação à
área efetivamente ocupada pelo material combustível, ou majorar qfi por coeficientes de
segurança que levem em conta a incerteza referida.
Modelos mais realísticos estão sendo objeto de pesquisa internacional. Os mais
conhecidos são:
“Zone models” - modelo em que é considerada a influência da variação da
temperatura ao longo da altura do compartimento. Citam-se como exemplos: programa
ASKFRS desenvolvido pelo Fire Research Station (FRS) do Building Research
Establishment (BRE) - Reino Unido e programa HAZARD desenvolvido pelo National
Institute of Standards and Technology (NIST) - EUA
“Computational fluid dynamics” (CFD) - modelo em que é utilizada a dinâmica
dos fluidos para modelar o incêndio. Citam-se como exemplos: programa JASMINE
desenvolvido pelo FRS/Reino Unido e programa SOFIE desenvolvido pelo Swedish
National Testing and Research Institute/Suécia.
Outros modelos permitem determinar a temperatura dos gases levando em conta
também a presença da proteção ativa. Cita-se como exemplo: programa ARGOS
desenvolvido pelo Danish Institute of Fire Technology/Dinamarca.

2.2 DETERMINAÇÃO DA TEMPERATURA NA ESTRUTURA


29

As seguintes hipóteses serão admitidas nesta seção:


 elemento estrutural totalmente imerso no ambiente em chamas
Estruturas pertencentes aos elementos da vedação do compartimento em
chamas ou estruturas externas ao edifício, ainda que sujeitas à ação do fogo, não fazem
parte deste estudo e atingirão temperaturas inferiores às calculadas pelas expressões
aqui deduzidas.
 distribuição uniforme da temperatura no elemento estrutural
Hipótese válida para seções formadas por paredes delgadas e a favor da
segurança para seções mais robustas
 fluxo de calor unidimensional no elemento estrutural e no material de
revestimento contra fogo

Os conceitos e definições referentes à transmissão de calor, apresentados neste


trabalho, tiveram por base KREITH,F.(1973) e HOLMAN,J.P. (1983).

2.2.1 ESTRUTURA SEM REVESTIMENTO CONTRA FOGO

A diferença de temperatura entre as chamas de um incêndio e os elementos


estruturais gera um fluxo de calor que, via radiação e convecção, transfere-se para a
estrutura provocando aumento de temperatura. O acréscimo de temperatura na peça
estrutural é determinado considerando-se o equilíbrio térmico envolvendo o calor
emitido pelo fogo e o calor absorvido pela peça de aço (Fig. 2.2.1).


Q  abs
Q

f a

Figura 2.2.1 - Fluxo de calor


A radiação é o processo pelo qual o calor flui na forma de propagação de ondas de
um corpo à alta temperatura para outro à temperatura mais baixa. A expressão para o
cálculo do fluxo de calor emitido por um irradiador perfeito ou ideal (corpo negro) foi
30

encontrada experimentalmente por J. Stefan em 1879 e deduzida teoricamente por L.


Boltzmann em 1884 (exp. 2.2.1).
.
Q r   A   273 ..........(2.2.1)
4

sendo:
.
Q r - fluxo de calor radiativo (W)

 - constante de Stefan-Boltzmann = 5,669 10-8 W/m2 C4


A - área da superfície do irradiador ideal (m2)
 - temperatura do irradiador (C)

No caso de troca de calor entre dois corpos reais (não ideais) tem-se:

  ..........(2.2.2)
.
Q r   A  1 2 1  273 4   2  273
4

sendo:
1-2 - emissividade, fator dependente das características térmicas e geométricas
dos dois corpos (adimensional)
1 e 2 - temperaturas dos dois corpos (C)
Reescrevendo a exp. 2.2.2 de forma adequada ao problema em tela tem-se:
 r  h r A a ..........(2.2.3)
Q
onde:


h r   r  g   a 

r 
 r  g  273 4
  a  273
4

 g   a 
sendo:

 - fluxo radiativo de calor (W)


Q r

hr - fluxo radiativo de calor por unidade de área (W/m2)


Aa - área exposta ao fogo do elemento estrutural de aço (m2)
 r - coeficiente de transferência de calor por radiação (W/m2 C)
g - temperatura dos gases quentes (C)
31

a - temperatura do elemento estrutural (C)


r - emissividade resultante envolvendo chamas, gases em combustão e superfície
do aço exposta às chamas. O valor de r depende da forma de exposição ao fogo do
elemento estrutural e pode variar entre 0,3 e 0,7 (PETTERSSON et al. (1976)). Neste
trabalho adotar-se-á r = 0,5 conforme recomendação do EUROCODE 3 (1995).

A convecção é o processo pelo qual o calor flui, envolvendo movimentação de


mistura de fluido, principalmente entre sólidos e fluidos. A expressão para o cálculo do
fluxo de calor é devida a I. Newton (1701) e será apresentada (exp. 2.2.4) já adequada
ao problema em questão:
 c  h c A a ..........(2.2.4)
Q
onde:
h c   c  g   a 
sendo:
 - fluxo convectivo de calor (W)
Q c

hc - fluxo convectivo de calor por unidade de área (W/m2)

c - coeficiente de transferência de calor por convecção (ou coeficiente de


película) dependente do tipo de fluido (ar, água, óleo, etc.), sua velocidade (convecção
natural ou forçada) e temperatura e da geometria do sólido (W/m2 C). Neste trabalho
adotar-se-á c = 25 W/m2 C (EUROCODE 1 (1995)), adequado à consideração de ar
super aquecido e convecção natural.
Aa - área exposta ao fogo do elemento estrutural de aço
Assim sendo, a partir das exp. 2.2.3 e 2.2.4, resulta:

 =Q
Q  c  h A a .......... (2.2.5)
r  Q

onde:
h  h r  h c
sendo
 - fluxo de calor (ação térmica na estrutura) (W)
Q
32

h - fluxo de calor por unidade de área (W/m2)


Aa - área exposta ao fogo da estrutura (m2)

Obs.: Segundo a NBR 8681 (vide seção 4 desta Tese) o fator de combinação
associado à ação excepcional vale 1,0. Dessa forma tem-se:
 e h  1,0 h
  1,0 Q
Q d k d k
 e h ao invés
Neste texto, a notação será aliviada e se utilizará simplesmente Q
 e h d
de Q d

A absorção de calor pela peça estrutural vale:


. . .
Q abs  ma c a () a  V a ca () a ..........(2.2.6)

onde:
.
Q abs - calor absorvido pela peça estrutural de aço, na unidade de tempo (W)

ma - massa aquecida de aço (kg)


V - volume aquecido de aço (m3)
c a () - calor específico do aço (J/kg C)

a - massa específica do aço (kg/m3)


.
 a - variação da temperatura no aço na unidade de tempo (C/s)
Considerando-se o equilíbrio térmico, ou seja:
 =Q
Q 
abs

e a partir das exp. 2.2.5 e 2.2.6, obtém-se:


.
h A a  V a ca () a
. a
Admitindo-se que a  e definindo-se fator de massividade (F) como sendo
t
a relação entre a área exposta ao fogo (Aa) e o volume aquecido do elemento estrutural
de aço (V), resulta:
F 
 a  h t ..........(2.2.7)
c a a

explicitando os argumentos das funções temporais tem-se:


33

 a  t  t    a ( t ) 
F
c a ()  a
 

  r   g ( t )  273   a ( t )  273  
4 4

c  
 g ( t )   a ( t ) t

Para barras prismáticas, o fator de massividade pode ser expresso como a relação
entre o perímetro exposto ao fogo e a área da seção transversal do elemento em estudo,
sendo conhecido, também, como fator de forma da seção, ou seja:
u
F (m-1)
Aa
Obs: Em situações como a esquematizada na Fig. 2.2.2, em que bf é o perímetro
exposto ao fogo, segundo PETTERSSON et al. (1976) e THOR et al. (1977), deve-se
utilizar F = 1/bf.

concreto

tf
bf

Figura 2.2.2
A partir da exp. 2.2.7 e das curvas recomendadas pelo Eurocode (item 2.1.3.4
desta Tese) com  c  = 1160 J/m2 s1/2 C, com auxílio de programa desenvolvido

pelo autor, realizou-se uma análise paramétrica da temperatura máxima do aço durante
um incêndio e o tempo em que essa temperatura é atingida, em função do fator de
massividade, grau de ventilação e carga de incêndio (vide Figs. 2.2.3 a 2.2.10)
34

incêndio padrão

incêndio natural
incêndio padrão

incêndio natural
temp. incêndio
temperatura temp. aço

ventilação = 0,02 m1/2


carga de incêndio = 126 MJ/m2 ventilação = 0,2 m1/2
fator de massividade = 125 m-1 carga de incêndio = 126 MJ/m2
fator de massividade = 125 m-1

tempo
tempo

Figura 2.2.3- Influência do grau de ventilação na temperatura do aço

incêndio natural incêndio padrão

incêndio natural

incêndio padrão

temperaturaa

ventilação = 0,1 m1/2 ventilação = 0,1 m1/2


carga de incêndio = 126 MJ/m2 carga de incêndio = 126 MJ/m2
fator de massividade = 50 m-1 fator de massividade = 200 m-1

tempo
tempo

Figura 2.2.4 - Influência do fator de massividade na temperatura no aço

incêndio natural
incêndio natural

incêndio padrão

incêndio padrão
temperatura

ventilação = 0,1 m1/2 ventilação = 0,1 m1/2


carga de incêndio = 50 MJ/m2 carga de incêndio = 200 MJ/m2
fator de massividade = 125 m-1 fator de massividade = 125 m-1

tempo
tempo

Figura 2.2.5 - Influência da carga de incêndio na temperatura no aço


35

temperatura máxima no aço


(q fi = 100 MJ/m2 )
800
fat o r d e mas s iv.
700

temperatura
2 50 m-1
600 2 0 0 m-1
500 150 m-1
10 0 m-1
400
50 m-1
300
0,02 0,06 0,1 0,14 0,18

ventilação (m 1/ 2 )

Figura 2.2.6

temperatura máxima no aço


(q fi = 150 MJ/m2 )
fat o r d e mas s iv.
1000
2 50 m-1
temperatura

2 0 0 m-1
800
150 m-1
12 5 m-1
600 10 0 m-1
50 m-1
400
0,02 0,06 0,1 0,14 0,18

ventilação (m 1/ 2 )

Figura 2.2.7

temperatura máxima no aço


(F = 250 m-1)
1000
carg a d e incênd io
temperatura

75 M J /m2
750 10 0 M J / m2
150 M J /m2

500
0,02 0,06 0,1 0,14 0,18

ventilação (m 1/ 2 )

Figura 2.2.8
36

temperatura máxima no aço


(F = 150 m-1)
900
carg a d e incênd io
800

temperatura
75 M J / m2
700 10 0 M J /m2
150 M J / m2
600

500
0,02 0,06 0,1 0,14 0,18

ventilação (m 1/ 2 )

Figura 2.2.9

tempo em que ocorre a temperatura máxima


(q = 150 MJ/m 2 )

75
60 fato r d e mas s iv.
tempo (min)

45 2 50 m-1
30 12 5 m-1

15
0
0,02 0,06 0,1 0,14 0,18

ventilação (m 1/ 2 )

Figura 2.2.10
Assim sendo, a partir das hipóteses elencadas nas seções 2.1.3.4 e 2.2, conclui-se
que:
 O tempo em que ocorre a máxima temperatura na estrutura de aço aumenta
com a carga de incêndio, diminui com o aumento do grau de ventilação e pouco
depende do fator de massividade.
 A temperatura máxima na estrutura de aço (a,máx) durante um incêndio se
eleva com o aumento do grau de ventilação (v), desde que, simultaneamente, o fator
de massividade (F) e a carga de incêndio específica (qfi) sejam altos (F  200 m-1 e qfi
 150 MJ/m2 de área total). Para valores menores de F e qfi a temperatura máxima no
aço pode se elevar ou diminuir dependendo dos valores de F, qfi e v.

2.2.2 ESTRUTURA COM REVESTIMENTO CONTRA FOGO


37

Para a determinação da temperatura em uma peça estrutural revestida por material


contra fogo, deve-se considerar o equilíbrio térmico envolvendo: o calor emitido pelos
gases quentes, a absorção de calor pelo material de revestimento e a absorção de calor
pelo elemento estrutural.
O calor é transferido por condução através do material de revestimento. A
condução é o processo pelo qual o calor flui de uma região à alta temperatura para outra
à temperatura mais baixa dentro de um mesmo corpo. A equação diferencial (exp. 2.2.8)
que governa o fenômeno da transferência de calor por condução, em regime permanente
(temperatura invariável com o tempo), é devida a J.B.J. Fourier (1822).

 k    m A m  m ..........(2.2.8)
Q
x
sendo:
.
Q k - fluxo de calor por condução no interior do material de revestimento contra

fogo (W)
m - condutividade térmica do material de revestimento contra fogo (W/m C)
Am - área exposta ao fogo, do material de revestimento contra fogo (m2)

Para a situação em estudo, no entanto, o regime não é permanente e a equação


diferencial se modifica. Essa equação será deduzida tomando-se como referência a exp.
2.2.8, e considerando-se o equilíbrio térmico do volume elementar (Am dx)
esquematizado na Fig. 2.2.11.


Q abs, m, x


Q

Q k, x 
Q k, x + x
38

Figura 2.2.11 - Fluxo de calor através de um volume elementar do material


de
revestimento contra fogo
Sendo:

  m
Q k,x    m ( ) A m ( x, t )
x
 m
k , x  dx    m  A m  x ( x  dx, t ) ..........(2.2.9)

Q

  m
Q abs , x  m A m dx c m ()  t ( x, t )

onde:
m - massa específica do material de revestimento contra fogo (kg/m3)
cm () - calor específico do material de revestimento contra fogo à temperatura 
(x,t) (J/kgC)
m () - condutividade térmica do material de revestimento contra fogo à
temperatura  (x,t) (W/mC)

Considerando-se a expansão em série de Taylor até o seu segundo termo, da exp.


2.2.9 obtém-se:

   m   m 
Q k , x  dx   A m   x ( x, t )   x  m ()  x ( x, t ) dx

Sabendo-se que:
  
Q k , x  Q k , x  dx  Qabs, x

obtém-se a expressão da condução de calor unidimensional para o regime


transitório:
39

  
 m c m   ( x, t )   m ( ) ( x, t ) .......... (2.2.10)
 t x x
Tendo em vista a pequena espessura do material de revestimento contra fogo,
pode-se confundir, na exp. 2.2.10, a espessura elementar dx com a espessura total tm e
admitir a absorção de calor concentrada no ponto médio de tm .


Q abs, m



Q
Q
k,1 
Q
k,2
 abs,a
Q
k
Q
g m,ext m a

tm
Figura 2.2.12 - Fluxo de calor através do material de revestimento contra
fogo

Considerando-se o equilíbrio térmico para a situação esquematizada na Fig.


2.2.12, tem-se:
Q = Q k,1  Q k,2  Q abs,m

ou seja:
40

 
 g   m,ext A m   m A m
 m , ext   m   m Am
 m   a   A
m t m m c m  m
.
tm tm
2 2
..........(2.2.11)
e
Q k,2  Q abs,a

ou seja:
 m   a   V  .
m Am a c a a ..........(2.2.12)
tm
2
onde:
 = r + c
m,ext - temperatura na superfície externa do material de revestimento contra fogo
(C)
g - temperatura dos gases quentes (C)
m - temperatura no ponto médio da espessura do material de revestimento contra
fogo (C)
m = m ()
cm = cm ()
tm - espessura do material de revestimento contra fogo (m)
V - volume da peça estrutural (m3)
a - massa específica do aço (kg/m3)
ca = ca () - calor específico do aço (J/kgC)

A partir da exp. 2.2.11 obtém-se:


         m 
 g m, ext 

 m, ext    a
 m
 .
 t m m c m  m
1 tm tm
 2m 2m

..........(2.2.13)
ou
41

   t  c   1    t  c  
 
. . tm 
       
 g m, ext   m m m m    m, ext m  m m m m   2 
     m
 
1 tm
 2m


  m  a 
tm
2m

usando-se a propriedade das proporções resulta:


 . 

  m  a   
  
t 
g  a   t m m c m  m   1  m 2  
m

tm 1  tm
2 m  m

..........(2.2.14)
A partir da exp. 2.2.12 obtém-se
. .
 m   a   V a c a  a  c 
 a a a ..........(2.2.15)
tm Am F
2 m
sendo: F = Am / V (fator de massividade da peça protegida)

Das exp. 2.2.14 e 2.2.15 obtém-se:


 . 
 g  a    t m  m c m  m 
 
1 t 
   m2  
 m
.
a c a  a

1  tm F
 m

ou, rearranjando:
.
  m  1  m 2  
t
. g  a F  m
a   ..........(2.2.16)
a c a 1 tm 1  tm
  m  m

m c m
sendo:   tm F
a c a

Considerando-se na exp. 2.2.13 a seguinte simplificação: m = (m,ext + a ) / 2,


resulta:
42

 
    m,ext  a 
 g   m,ext  
 g
 2 

1  1  t m 
   2 m

ou, rearranjando:
t
g m   a 1
 m,ext  m  ..........(2.2.17)
1  m t  1  t m 
 m   m

A partir da exp. 2.2.17, obtém-se:

 a  2   m  
t t
 g m   m
m 
1  m t 1  tm
 m,ext  a  m  m
 m  
2 2

Para valores práticos de  e tm / m pode-se admitir que:

tm 2  tm
m  m
  1
1  tm 1  tm
 m  m
portanto:

 g   a
 m  ..........(2.2.18)
2

Considerando-se a exp. 2.2.18 na exp. 2.2.16, e a simplificação para valores


práticos de  e tm / m, resulta:
 . . 
   
g  a  g a
. F  
a   
a c a tm 4
m

. a ( t )
e, finalmente, aproximando-se: a por , tem-se:
t
43

 a ( t  t )   a ( t ) 
F g (t)  a (t) t 
 g ( t  t )   f ( t )
tm
m

a c a 1   4  4 1

..........(2.2.19)

Desconsiderando-se a absorção de calor pelo material de revestimento contra fogo


resulta:

 a ( t  t )   a ( t ) 
F g (t)  a (t) t ..........(2.2.20)
tm a c a
m

que é uma boa aproximação para a exp. 2.2.19 para baixos valores de  , como se
pode observar nos gráficos apresentados no item 2.2.2.2

PETTERSSON et al. (1976) resolvem esse mesmo problema com a seguinte


simplificação
 =Q
Q k Q
 abs,a  Q
 abs,m

resultando:

 a ( t  t )   a ( t ) 
F g ( t)  a ( t) t 
 g ( t  t )   g ( t )
1
 
tm
m 
a c a 1   2  2 1

..........(2.2.21)

2.2.2.1 Recomendações do Eurocode

O EUROCODE 3 (1995) recomenda a seguinte expressão para o cálculo da


temperatura do aço:

 g (t)   a (t) t  
 
F 
 a ( t  t )   a ( t )    g ( t  t )   g ( t )  e 10  1
tm
m

a c a 1   3   

..........(2.2.22)
Sendo o calor específico determinado da seguinte maneira:
44

- para 20°C  a < 600°C


2 -6
ca = 425 + 7,73 10-1 a - 1,69 10-3 a + 2,22 10-6 a (J/kgC)

- para 600°C  a < 735°C


13002
ca  666  (J / kg C)
738  a

- para 735°C  a < 900°C


17820
ca  545  (J / kg  C)
a  731

- para 900°C  a  1200°C

ca = 650 J/kg°C
A variação do calor específico do aço em função da temperatura pode ser visto na
Fig. 2.2.13.

Figura 2.2.13 - Calor específico dos aços estruturais

Caso se empreguem métodos simplificados de cálculo, o valor do calor específico


pode ser considerado independente da temperatura do aço e igual a 600 J/kg°C

2.2.2.2 Comparação de resultados


45

Apresentam-se a seguir curvas da temperatura do elemento de aço em função do


tempo e das características térmicas de material de revestimento contra fogo,
determinadas a partir da curva temperatura-tempo do incêndio-padrão.

1 exemplo (Fig. 2.2.14)


m = 0,15 W/mC
cm = 1130 J/kgC
tm = 0,016 m
m = 64 kg/m3
ca (t) conforme Eurocode
a = 7850 kg/m3
F = 224 m-1
com esses valores tem-se  (t)  0,055

inc. padrão

 m = 0,15 W/mC
cm = 1130 J/kgC
tm = 0,016 m
m = 64 kg/m3
sem absorção ca (t)
com absorção: a = 7850 kg/m3
Eurocode F = 224 m-1
Pettersson (t) ( 0,055)
Tese

Figura 2.2.14

2 exemplo (Fig. 2.2.15):


m = 0,20 W/mC
cm = 1200 J/kgC
tm = 0,020 m
m = 800 kg/m3
ca (t) conforme Eurocode
a = 7850 kg/m3
46

F = 224 m-1
com esses valores tem-se  (t)  0,81

inc. padrão

sem absorção

 m = 0,20 W/mC
cm = 1200 J/kgC
tm = 0,020 m
m = 800 kg/m3
ca (t)
a = 7850 kg/m3
Pettersson F = 224 m-1
Eurocode (t) (0,81)
Tese

Figura 2.2.15

3 exemplo (Fig. 2.2.16)


m = 1,6 W/mC
cm = 1000 J/kgC
tm = 0,030 m
m = 2400 kg/m3
ca (t)
a = 7850 kg/m3
F = 224 m-1
com esses valores tem-se  (t)  3,42
47

Pettersson
 m = 1,6 W/mC
cm = 1000 J/kgC
tm = 0,030 m
Eurocode m = 2400 kg/m3
ca(t)
a = 7850 kg/m3
F = 224 m-1
(t)  3,42
Tese

Figura 2.2.16

Como se observa nesses três exemplos, a expressão para a determinação da


temperatura no aço, deduzida nessa Tese (exp. 2.2.19), fornece valores próximos
àqueles calculados a partir das recomendações do Eurocode (exp. 2.2.22) e mais
econômicos do que os encontrados a partir da tradicional expressão deduzida por
Pettersson. Nota-se também, que a desconsideração da absorção de calor pelo material
de proteção (exp. 2.2.20) é uma aproximação adequada, para valores baixos de .

2.2.3 O MODELO DO INCÊNDIO E A TEMPERATURA DA ESTRUTURA

Conhecida a curva temperatura-tempo do incêndio, é possível determinar a curva


temperatura-tempo do elemento estrutural, por meio das exp. 2.2.7 e 2.2.19 ou 2.2.22.
A utilização do modelo do incêndio natural permite a determinação da máxima
temperatura atingida no aço (Fig. 2.2.17) e dimensionar a estrutura para essa
temperatura.
temperatura aço sem isolamento térmico

temp. máx. do aço

inc.
aço com
isolamento
térmico temp. máx. do aço

tempo

Figura 2.2.17 - Temperatura do aço (incêndio natural)


48

A utilização do modelo do incêndio-padrão, todavia, não permite a determinação


da máxima temperatura atingida pela peça estrutural, exigindo o preestabelecimento de
tempos fictícios a fim de se encontrar uma temperatura (Fig. 2.2.18), na curva
temperatura-tempo do aço, que possa ser utilizada no dimensionamento.
Geralmente, esses tempos são padronizados em função das dimensões e do tipo de
utilização do edifício.

temperatura
temperatura fictícia para dimensionamento
aço sem
inc. isolamento
térmico

temperatura fictícia para dimensionamento

aço com tempo


isolamento padronizado
térmico

tempo

Figura 2.2.18 - Temperatura do aço (incêndio-padrão)

Recomenda-se, nesta Tese, que esses tempos sejam determinados pelo método do
tempo equivalente (seção 2.3), adequando-se os coeficientes (n e s) associados à carga
de incêndio específica de cálculo, à realidade brasileira.

2.3 MÉTODO DO TEMPO EQUIVALENTE

Tendo em vista que os ensaios a altas temperaturas de estruturas, de materiais de


revestimento contra fogo, de portas corta fogo, etc. são realizados em fornos aquecidos
segundo as curvas padronizadas, vários autores propuseram métodos para correlacionar
o tempo de resistência ao fogo encontrado nesses ensaios e o tempo na situação real
(HARMATHY (1987)). O método mais citado nas bibliografias consultadas é o método
do tempo equivalente.
49

inc. nat. inc. padrão


temperatura

máxima
temperatura aço (inc. padrão)
no aço

aço(inc. nat.)

tempo
instante em que ocorre a tempo equivalente
máxima temperatura no aço
Figura 2.3.1 - Tempo equivalente

O método consiste em calcular a temperatura do aço a partir da curva-padrão, para


um tempo fictício denominado tempo equivalente. Essa temperatura corresponde à
máxima temperatura no aço na curva natural (Fig. 2.3.1). O EUROCODE 1 (1995)
permite a utilização do método do tempo equivalente3 e fornece a exp. 2.3.1 que tem
por base a DIN 18230 (1987):

t eq  0,055 q fi, d w (min) (2.3.1)

sendo:
At
w  w
Af
0,3  4
 6  A 
w    0,62  90  0,4  v    0,5
 H   Af  
 
qfi,d - valor de cálculo da carga de incêndio específica (MJ/m2 área total)
H - altura do compartimento em chamas (m)

3
O Eurocode 1 permite a utilização desse método para áreas superiores a 100 m2. Essa informação foi
confirmada pelo Eng. L. G. Cajot, em correspondência enviada ao autor desta Tese.
50

Av - área de ventilação (vertical) (m2)


Af - área de piso (m2)
At - área total (m2)
Para melhor visualização, apresenta-se na Fig. 2.3.3 os gráficos de teq / qfi,d (min /
MJ /m2) em função do grau de ventilação, adotando-se H = 3 m (valor médio adequado
para uma análise preliminar, como pode ser visto na Fig. 2.3.2) e h = 1,2 m e 2 m.
Deve-se recordar que:
Av A V
 t
Af Af h

1,4

1,3
(H/6)

1,2

1,1
2,5 2,75 3 3,25 3,5
H (m)

Figura 2.3.2

tempo equivalente x ventilação


2,5
/ q (min/MJ/m )

At /Af=6 e h=1,2 m
2
At /Af=6 e h=2 m
(área total)

1,5 At /Af=3 e h=1,2 m


1 At /Af=3 e h=2 m
H = 3m
0,5
0
t

0,02 0,06 0,1 0,14 0,18


1/ 2
grau de ventilação (m )

Figura 2.3.3 - Relação entre tempo equivalente e carga de incêndio em função


do grau de ventilação
A relação entre a área total (At) e a área de piso (Af) pode ser vista na Fig. 2.3.4
51

a = 3m

a = 5m

a = 10m
a = 15m

Figura 2.3.4 - Relação entre área total e área de piso de um compartimento


retangular de lados a e b, com altura de 3 m

Como curiosidade, inclui-se a Fig. 2.3.4, representando teq / qfi,d em função da


ventilação, para At/Af = 3 e h = 1,2 m e considerando a carga de incêndio específica
expressa em kg de madeira equivalente por unidade de área de piso.

tempo equivalente x ventilação


mad. equiv./área de piso
t /q (min/kg/m )

1,5

1
At /Af=3 e h=1,2 m
0,5 H = 3m

0
0,05 0,1 0,15 0,2

grau de ventilação (m 1/ 2 )

Figura 2.3.4 - Relação entre o tempo equivalente e a carga de incêndio


expressa em kg de madeira equivalente por unidade de área de
piso, em função do grau de ventilação

Nota-se que teq = qfi,d é uma boa aproximação para a faixa 0,05 m1/2 < V  0,2 m1/2
Há pesquisas europeias em desenvolvimento, cujos resultados preliminares
(SCHLEICH;CAJOT (1997)) indicam que a exp. 2.3.1 é adequada a estruturas de
concreto e a estruturas de aço revestidas contra fogo, porém não conduz a resultados
satisfatórios quando aplicadas a estruturas de aço sem revestimento. Como contribuição
52

à pesquisa, apresenta-se no ANEXO C, uma tabela de tempos equivalentes para essa


ultima situação.

3 DIAGRAMAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO DOS


AÇOS ESTRUTURAIS SUBMETIDOS A ALTAS
TEMPERATURAS

3.1 INTRODUÇÃO

O diagrama tensão-deformação de materiais tais como o aço e o concreto, varia


com a temperatura.
A resistência convencional de escoamento fy (limite de escoamento), a resistência
correspondente ao limite de proporcionalidade fp e o módulo de deformação
longitudinal E (módulo de elasticidade tangente) dos aços estruturais têm seus valores
reduzidos com o aumento da temperatura.
Vários trabalhos foram desenvolvidos a fim de determinar o diagrama tensão-
deformação dos aços estruturais submetidos a altas temperaturas. Neste texto serão
apresentados e comparados os diagramas recomendados pelo Lund Institute of
Technology da Suécia, por Ramberg-Osgood, pela ARBED-Research de Luxemburgo e
53

o diagrama normatizado pelo Eurocode. São incluídos, também, comentários sobre


outros diagramas simplificados recomendados pela ECCS e por instituições do Reino
Unido, Suíça e Austrália.

3.2 DIAGRAMAS TENSÃO-DEFORMAÇÃO

3.2.1 LUND INSTITUTE OF TECHNOLOGY

O diagrama tensão-deformação recomendado pelo Lund Institute of Technology


da Suécia é citado em PETTERSSON et al. (1976), THOR et al. (1977), PURKISS
(1988) e SKOWRONSKI (1989),

Esse instituto sueco apresenta uma série de expressões relacionando tensões e


deformações lineares específicas para temperaturas variando entre 20 C e 700 C.
O diagrama correspondente a essas expressões (esquematizado na Fig. 3.2.1)
contém um trecho linear entre 0    0,0017, seguido de um arco de elipse entre
0,0017 <   0,03 e a partir desta deformação um ramo ascendente. As exp. 3.2.1a a
3.2.1c foram baseadas em PURKISS (1988).


  E 0     1 ..........(3.2.1a )
fy

 0,03    
2

 2   b 1    1    2 ..........(3.2.1b)
fy  a 

   0,03
 2  b  2    ..........(3.2.1c)
fy 0,0123  0,00085 

onde:

E   404  0,194  20 o C    200 o C

E   483  0,590  200 o C    700 o C


54

2
 1  0,0017 2  0,03 2  0,88 
1820
a  0, 0283

b  0,730  0,0006  20o C    500o C

b  1155
,  0,00145  500o C    700o C

Figura 3.2.1 - Diagrama /fy x  - Lund Institute of Technology

3.2.2 RAMBERG-OSGOOD

O diagrama tensão-deformação recomendado por Ramberg-Osgood, publicado


pelo NACA Technical Memorandum em 1943 (apud BURGESS (1990)) é citado em
SKOWRONSKI (1988) e BURGESS; EL-RIMAWE; PLANK (1988 e 1990)
O modelo de Ramberg-Osgood, relaciona a deformação linear específica e a
tensão, por intermédio de três parâmetros A, B e n, que são funções da temperatura
(exp. 3.2.2).
n
  
     0,01    ..........(3.2.2)
A  B 

Em BURGESS et al. (1988) são fornecidas as expressões para o cálculo dos três
parâmetros para temperaturas variando entre 20 C e 800 C. Apresentam-se em
seguida as exp. 3.2.3a e 3.2.3b válidas para a faixa entre 400 C e 700 C.
55

A   1000 295,33  0,393   205180 .........3.2.3a 

B  492,667  0,6266  ..........(3.2.3b)

Para essa faixa de temperaturas n é constante e igual a 6.


A partir de regressões lineares obteve-se  (em kN/cm2) em função de  (exp.
3.2.4a a 3.2.4d).

 = 44,98 + 4,72 ln () para  = 400 C ..........(3.2.4a)


 = 33,63 + 3,56 ln () para  = 500 C ..........(3.2.4b)
 = 22,11 + 2,37 ln () para  = 600 C ..........(3.2.4c)
 = 10,60 + 1,19 ln () para  = 700 C ..........(3.2.4d)
 em kN/cm2
As curvas obtidas a partir dessas expressões e os pontos obtidos diretamente das
expressões de Ramberg-Osgood são apresentados na Fig. 3.2.2 . Observa-se a boa
aproximação conseguida.

(kN/cm2)

Figura 3.2.2 – Diagramas tensão-deformação Rambert-Osgood

3.2.3 ARBED-RESEARCH
56

A siderúrgica ARBED de Luxemburgo se destaca por uma série de trabalhos


desenvolvidos na área de incêndio em estruturas de aço, entre eles, o desenvolvimento
de ensaios para a determinação dos diagramas tensão-deformação citados em
COMMISSION OF THE EUROPEAN COMMUNITIES (1993).
Esses ensaios foram realizados em barras tracionadas submetidas a altas
temperaturas mantidas constantes por cerca de 45 minutos. A duração de cada ensaio é
suficiente para incluir o efeito da fluência no diagrama tensão-deformação (vide seção
3.3).
Os resultados4 são apresentados na Tabela 3.2.1, sendo ft,, fy,, E0, e E*
indicados no diagrama tensão-deformação quadrilinear esquematizado na Fig. 3.2.3.

Tabela 3.2.1 – Propriedades do aço em função da temperatura - ARBED


TEMPERAT. E0, f y , E * f t ,
DO AÇO E0,20 f y ,20 E 0,20 f y ,20

20 1,00 1,00 0,0061 1,29


100 0,96 1,00 0,172 1,24
200 0,94 0,80 0,0646 1,29
300 0,88 0,71 0,0692 1,33
400 0,79 0,63 0,0738 1,10
500 0,68 0,54 0,0477 0,75
600 0,37 0,34 0,0078 0,44
700 0,20 0,15 0,0016 0,20
800 0,09 0,07 0,0013 0,13
900 0,06 0,05 0,0011 0,09
1000 0,04 0,03 0,0008 0,06
1100 0,02 0,015 0,0005 0,03
1200 0,0 0,0 0,0 0,0


ft,
arctan E*
4 fy, ao autor desta Tese, o eng. L. G. Cajot (ARBED) informou que os valores
Em correspondência
apresentados na tabela 3.2.1 correspondem aos mínimos encontrados nos ensaios.

arctan E0, 
57

Figura 3.2.3 - Diagrama tensão-deformação - ARBED

Esse modelo de diagrama tensão-deformação foi implementado no programa


CEFICOSS, desenvolvido para a ARBED pelo Prof. J. M. Franssen (Universidade de
Liège). Os resultados obtidos por meio do CEFICOSS foram considerados satisfatórios,
quando comparados aos resultados de diversos ensaios a altas temperaturas, de flexão
em vigas e compressão em pilares.

3.2.4 EUROCODE

O EUROCODE 3 (1995) e o EUROCODE 4 (1994) baseando-se (Apud


LAWSON (1992)) nos ensaios realizados pelas siderúrgicas British Steel (Reino Unido)
e ARBED (Luxemburgo) recomendam o diagrama tensão-deformação esquematizado
na Fig. 3.2.4, respeitando o seguinte formulário:
  p ,     E

b 2
 
2
 p ,     y ,    fp ,   c  a   y ,  
a
 y,      u,     f y, 

    u ,  
 u ,     e,    f y ,  1  
  e ,    u ,  

   e,     0

sendo:
58

 c 
 

a2  y ,   p ,  y ,   p ,  
E 


b2  c  y ,    p ,  E  c2

f y ,   f p ,  
2

c 
E   y ,    p ,    2  f y ,   f p ,  

fp , 
 p ,   y ,   0,02  u ,   0,15  e ,   0,20
E

Figura 3.2.4 - Diagrama tensão-deformação - Eurocode

O EUROCODE fornece os valores dos fatores de redução (Tabela 3.2.2) da


resistência convencional de escoamento, da resistência correspondente ao limite de
proporcionalidade e do módulo de elasticidade tangente, em função da resistência de
escoamento a 20C.
Tabela 3.2.2 – Fatores de redução em função da temperatura - Eurocode
FATORES DE REDUÇÃO
s (C) ky, = fy, / fy kp, = fp, / fy kE, = E / E
20 1,000 1,000 1,000
100 1,000 1,000 1,000
200 1,000 0,807 0,900
300 1,000 0,613 0,800
400 1,000 0,420 0,700
59

500 0,780 0,360 0,600


600 0,470 0,180 0,310
700 0,230 0,075 0,130
800 0,110 0,050 0,090
900 0,060 0,0375 0,0675
1000 0,040 0,0250 0,0450
1100 0,020 0,125 0,0225
1200 0,000 0,000 0,000

Para melhor visualização, apresenta-se na Fig. 3.2.5 os valores dos fatores de


redução em função da temperatura.

1
E / E
fator de redução

0,8
0,6
f p, / f y f y, / f y
0,4
0,2
0
0 200 400 600 800 1000 1200

temperatura

Figura 3.2.5 - Fatores de redução em função da temperatura

O diagrama recomendado pelo Eurocode para os aços com fy = 25 kN/cm2 é


apresentado na Fig. 3.2.6.
60

Diagrama tensão-deformação - ASTM A-36

4 0 0 oC
25

20 50 0 o C

15

tensão
6 0 0 oC
10

70 0 o C
5
8 0 0 oC
9 0 0 oC
0
0 0,05 0,1 0,15 0,2

deformação linear específica

Figura 3.2.6 - Diagramas tensão-deformação para aço ASTM A-36

3.2.5 OUTROS DIAGRAMAS

Outros diagramas simplificados são apresentados a seguir.

3.2.5.1 European Convention for Constructional Steelwork

A European Convention for Constructional Steelwork (ECCS) em convenção


realizada nos Países Baixos em 1983, reunindo representantes de 10 países europeus,
apresenta uma tabela de valores de tensão e de deformação linear específica para
temperaturas entre 20 C e 600 C, sendo que, conservadoramente, limita a resistência
convencional de escoamento àquela correspondente à deformação específica de 0,5%.
Esse diagrama é citado em PURKISS (1988), BRULS; CAJOT; FRANSSEN (1988),
KESKI-RAHKONEN (1988) e SKOWRONSKI (1989)
A partir dessa tabela fornecida em ECCS (1983) é possível encontrar-se as
seguintes curvas aproximadas para o diagrama tensão-deformação entre
0,0005    0,005.
61

 = 38,276 + 4,129 ln () para  = 400 C


 = 29,108 + 3,160 ln () para  = 500 C
 = 16,517 + 1,908 ln () para  = 600 C
 em kN/cm2

A Fig. 3.2.7 demonstra a boa aproximação entre essas curvas e os pontos obtidos
diretamente da tabela da ECCS.

kN/cm2

Figura 3.2.7 – Diagramas tensão-deformação - ECCS

3.2.5.2 BRITISH STANDARD

A BS-5950/PART 8 (1990) apresenta um diagrama trilinear (Fig. 3.2.8) com


deformação linear específica limite  = 0,015.

 (%)
0,5 1,0 1,5
Figura 3.2.8 - Diagrama tensão-deformação - British Standard
62

3.2.5.3 SOCIETÉ SUISSE DES INGÉNIEURS ET DES ARCHITECTES

A Societé Suisse des Ingénieurs et des Architectes - SIA (1985): recomenda o uso
de diagramas bilineares elastoplásticos perfeitos, considerando-se:

E  f y , 
 1 para 0    600 o C
E fy   
767 n 
 1750 
E  f y , 10,001
 108 para 600    1000 o C
E fy   440

3.2.5.4 AUSTRALIAN STANDARD

A Australian Standard for Steel Structures - AS 4100/1990 incluiu recomendações


sobre “Fire Engineering” (apud THOMAS; BENNETTS (1992)) fornecendo a relação
entre fy, e  apresentada na Fig. 3.2.9.

f /f
y,  y

 (  C)
200 

Figura 3.2.9 - Relação entre fy, e  - Australian Standard

3.2.6 COMPARAÇÃO ENTRE OS DIAGRAMAS ESTUDADOS

Os diagramas estudados nos itens 3.2.1 a 3.2.4, adequados à fy = 25 kN/cm2, são


superpostos nas Figuras 3.2.10 a 3.2.13, para temperaturas entre 400 C e 700 C.
63

Diagrama tensão-deformação (400o C)


30

tensão (kN/cm )
20 EURO
LUND
10 OSGOOD
ARBED

0
0 0,01 0,02 0,03 0,04

deformação linear específica

Figura 3.2.10 – Diagrama tensão-deformação para 400 ºC– AS4100

Diagrama tensão-deformação (500o C)


20
tensão (kN/cm )

15 EURO
LUND
10 OSGOOD
ARBED
5

0
0 0,01 0,02 0,03 0,04
deformação linear específica

Figura 3.2.11 – Diagrama tensão-deformação para 500 ºC– AS4100

Diagrama tensão-deformação (600o C)


15
tensão (kN/cm )

EURO
10 LUND
OSGOOD
5 ARBED

0
0 0,01 0,02 0,03 0,04
deformação linear específica

Figura 3.2.12 – Diagrama tensão-deformação para 600 ºC– AS4100


64

Diagrama tensão-deformação (700o C)


8

tensão (kN/cm )
6 EURO
LUND
4 OSGOOD

2 ARBED

0
0 0,01 0,02 0,03 0,04

deformação linear específica

Figura 3.2.13 – Diagrama tensão-deformação para 700 ºC– AS4100

Observando-se a semelhança entre os diagramas de Ramberg-Osgood, Lund


Institute of Technology, ARBED e Eurocode e tendo em vista a confiabilidade dessa
última entidade, que tem sido usada como a principal referência na elaboração de
normas brasileiras, tais como as normas de concreto armado e protendido e madeira,
resolveu-se adotar as recomendações do Eurocode, para os diagramas tensão-
deformação a serem utilizados nesta Tese.

3.3 FLUÊNCIA

Para temperaturas acima de 30% da temperatura de fusão, os aços tornam-se


viscosos. Uma barra de aço, mantida à tensão constante e à alta temperatura constante,
chegará à ruína por fluência.
Diversos autores apresentam resultados teóricos, com comprovação experimental,
que demonstram que a deformação linear específica, devida à fluência, cresce para
valores que inviabilizam o uso das estruturas de aço acima de 400 C. Ocorre que esses
autores se basearam na curva-padrão de temperatura do incêndio que, como já foi citado
neste texto, não possui ramo descendente.
Considerando-se as curvas realísticas temperatura-tempo de incêndio, demonstra-
se (vide ANEXO A) que a deformação por fluência dos aços estruturais tende a um
valor limite, com o aumento da temperatura, viabilizando-se assim a utilização de
estruturas de aço a altas temperaturas.
Todavia, tendo em vista que, os ensaios de elementos de aço submetidos a altas
temperaturas foram realizados com duração suficiente para incluir o efeito da fluência
65

no diagrama tensão-deformação (vide seção 3.2.3), não há necessidade de considerá-lo


na análise estrutural, para taxas de aquecimento  a  50 C/min.

4 SEGURANÇA A INCÊNDIO DA
EDIFICAÇÃO

4.1 PROTEÇÃO À VIDA HUMANA

Pesquisas européias mostram que o risco de morte em incêndio é 30 vezes menor


do que o risco de morte no sistema de transporte (em pesquisa americana essa relação
chega a 60 vezes), ocorrendo as mortes por asfixia e nos primeiros minutos do sinistro.
O risco à vida devido ao colapso estrutural, por ocorrência de um incêndio, em
edifícios dimensionados de maneira adequada à temperatura ambiente e equipados com
os dispositivos apropriados de segurança, geralmente exigidos pelo poder público, é
muito pequeno, senão desprezável, pois para a sua avaliação deve-se considerar a
probabilidade da ocorrência de início de incêndio, a probabilidade de que os meios de
proteção ativa exigidos pela legislação não sejam eficazes e o incêndio se generalize, a
probabilidade de que as rotas de saída não sejam adequadas e que pessoas fiquem presas
na edificação, em locais não atingidos por fogo ou por fumaça e a probabilidade de que
a estrutura atinja o colapso devido à alta temperatura.
66

A despeito do baixo risco de morte em incêndio, a proteção à vida humana deve


ser sempre considerada no projeto de uma edificação.
A inclusão de medidas de prevenção e de extinção do incêndio e principalmente
meios que permitam a rápida evacuação dos ambientes em chamas deve ser
conscientemente analisada pelo projetista em conjunto com o proprietário, levando em
conta as condições específicas da obra, tais como: porte da edificação, número de
usuários e tipo de utilização, além das exigências do poder público (em São Paulo,
conforme Decreto Lei 38069/93 e Código de Obras do Município) e as normas técnicas,
citadas a seguir, para o projeto e a especificação de equipamentos.
Os meios de proteção e combate ao incêndio podem ser:
 projeto de instalações elétricas respeitando as normas técnicas
 uso de materiais de revestimento que minimizem a propagação das
chamas (ABNT NBR 9442:1986, ABNT NBR 8660:1984)
 extintores (ABNT NBR 12693:1993)

 compartimentação horizontal (lajes) e vertical (paredes, parapeito, portas


corta-fogo) para evitar propagação do fogo
 brigada particular contra incêndio (norma brasileira em elaboração)
 sistemas automáticos de detecção de calor ou fumaça (ABNT NBR
9441:1998)
 sistema de chuveiros automáticos (ABNT NBR 6135:1992, ABNT NBR
10897:1990)
 sistema de exaustão de fumaça
 rede de hidrantes(ABNT NBR 5667:1980, ABNT NBR 13714:1996)
rotas de saída (incluindo escadas de segurança) dimensionadas,
sinalizadas e desobstruídas (ABNT NBR 9077:1993)
 segurança estrutural das rotas de saída compatível com o tempo de
desocupação

4.2 SEGURANÇA ESTRUTURAL


67

A fim de preservar a vida humana, a segurança das estruturas expostas ao fogo,


das rotas de saída, deve ser garantida durante o tempo de evacuação, em incêndio.
Edifícios de fácil desocupação, como pode ser o caso de construções de pequeno
porte, edifícios industriais ou depósitos, podem dispensar a verificação da segurança
estrutural, exceto quando haja interesse de proteção patrimonial. Nesses casos a
necessidade da verificação deve ser analisada sob o ponto de vista econômico,
considerando-se o custo da proteção, prêmio de seguro, o custo da preservação da
estrutura em relação ao custo dos acabamentos e dos equipamentos do edifício, riscos a
patrimônio de terceiros, etc. A identificação desses tipos de edificações está sendo
objeto de discussão pela sociedade brasileira5.
Edifícios de grande porte, em que o tempo de desocupação seja de difícil
determinação, devem ter a segurança estrutural verificada para a máxima temperatura
atingida pelos componentes estruturais, em incêndio.
A segurança estrutural, seja visando a proteção à vida ou tendo como objetivo a
proteção patrimonial, é verificada de forma a evitar que a edificação colapse,
permitindo assim a desocupação do edifício e a execução de reforços para sua
reutilização.
A segurança das estruturas em incêndio pode ser analisada por intermédio de
métodos de avaliação de risco de ocorrência e propagação de incêndio. Os próprios
meios utilizados para a segurança à vida, geralmente exigidos pelo poder público,
associados a características geométricas e de ocupação da edificação, podem ser
suficientes para extinguir o incêndio, na fase pré-flashover, ou minimizar a ação térmica
na estrutura.
A Suíça foi o primeiro país (apud LAWSON (1992)) a adotar métodos de
avaliação de risco de incêndio por meio da SIA-81 (Societé Suisse des Ingénieurs et des
Architectes), em 1984, baseada nos trabalhos de Max Gretener (CAJOT et al.(s.d.)).
O método Gretener também serviu de base para as normas austríacas TRVB A-
100 (cálculo) e TRVB A-126 (parâmetros para o cálculo) publicadas pela Liga Federal
de Combate a Incêndio da Áustria, em 1987.

5
O autor desta Tese pertence à comissão de estudos CE-24:201-03/ABNT sobre “Potencial de risco de
incêndio nas edificações”.
68

Esse método, a partir de fatores relacionados a: geometria do compartimento,


altura do edifício, sistemas de exaustão de fumaça e calor, sistemas de prevenção e
combate (sistemas de chuveiros automáticos, sistemas de detecção de fumaça e calor,
brigadas de incêndio), ocupação do compartimento (carga de incêndio específica, risco
de propagação do incêndio, intensidade da fumaça, ignição, risco às pessoas), eficiência
no combate ao incêndio (distância ao corpo de bombeiros, frentes de combate), permite
determinar o tempo de resistência ao fogo (via curva-padrão) necessário às estruturas
(independente do material). Quando esse tempo for suficientemente pequeno, dispensa-
se a verificação da segurança estrutural.
O EUROCODE 1 (1995), SCHLEICH; CAJOT (1997) e DIN 18230 (1987)
incorporam de forma simplificada, os fatores acima mencionados (vide seção 2.1.3.1b
desta Tese).
A verificação da segurança estrutural por meio de métodos de avaliação de risco
não são objeto de análise nesta Tese, em que se admite que o incêndio atinja o flashover
sem redução da ação térmica.

4.2.1 AÇÕES E SEGURANÇA

As condições de segurança de uma estrutura podem ser expressas por


desigualdades do tipo da apresentada na exp. 4.2.1.
(Sd, Rd)  0 ..........(4.2.1)

Quando a segurança é verificada isoladamente em relação a cada um dos esforços


atuantes, as condições de segurança podem ser expressas de forma simplificada
conforme exp. 4.2.2.
Sd  Rd ..........(4.2.2)
sendo:
Sd - valor de cálculo do esforço atuante
Rd - valor de cálculo do correspondente esforço resistente

Em situação de incêndio a exp. 4.2.2 toma a forma da exp. 4.2.3:


S d , fi  R d , fi,  ..........(4.2.3)
69

onde:
Sd,fi - valor de cálculo dos esforços atuantes determinado a partir da combinação
última excepcional das ações
Rd,fi, - valor de cálculo do correspondente esforço resistente, no qual se inclue o
 ou h ) por meio do coeficiente de redução ky, (ou kE, quando
efeito da ação térmica ( Q
inclue o efeito da instabilidade) fornecido na Tabela 3.2.2.

4.2.1.1 Resistência de cálculo

A resistência de cálculo, em situação de incêndio, fyd,fi é dada por :


fy
f yd , fi 
 a , fi

Nesta Tese será adotada a recomendação do Eurocode: a,fi = 1,0

4.2.1.2 Combinação última das ações conforme NBR 8681

A ação térmica tem duração extremamente curta e baixa probabilidade de ocorrer


durante a vida útil da construção, assim sendo, pode ser tratada como ação excepcional.
A ABNT NBR 8681:1984 recomenda para combinação última excepcional das ações a
“expressão” 4.2.1.
m n
Fd    gi FGi, k ""  q FQ,exc ""  q   0 j FQj, k .......... (4.2.1)
i 1 j1
sendo:
Fd - valor de cálculo da ação
FGi,k - valor característico da ação permanente i
FQ,exc - valor representativo da ação excepcional (ação térmica)
Fqj,k - valor característico da ação variável j
g é o valor do coeficiente de ponderação para as ações permanentes e igual a: 1,1
para ação permanente desfavorável de pequena variabilidade; 1,2 para ação permanente
desfavorável de grande variabilidade; 1,0 para ação permanente favorável de pequena
variabilidade; 0,9 para ação permanente favorável de grande variabilidade
70

q é o valor do coeficiente de ponderação para as ações variáveis e igual a 1,0


0 é o fator de combinação utilizado para a determinação dos valores reduzidos
das ações variáveis nas combinações últimas. No caso particular de combinação
excepcional, adota-se para 0 os mesmos valores especificados para 2, fator utilizado
para a determinação do valor reduzido das ações variáveis nas combinações quase-
permanentes de utilização e igual a: 0 (zero) para pressão dinâmica do vento, 0,2 para
cargas acidentais em locais em que não há predominância de pesos de equipamentos
que permaneçam fixos por longos períodos de tempo, nem de elevadas concentrações de
pessoas; 0,4 para cargas acidentais em locais em que há predominância de pesos de
equipamentos que permaneçam fixos por longos períodos de tempo, ou de elevadas
concentrações de pessoas; 0,6 para cargas acidentais em bibliotecas, arquivos, oficinas e
garagens
O efeito das ações térmicas é levado em conta por meio dos coeficientes de
redução ky, e kE, e eventualmente das solicitações provenientes de restrições às
deformações térmicas (ver comentários na seção 6).

4.2.1.3 Comparação entre NBR 8681 e EUROCODE 1

O EUROCODE 1 (1995) considera a ação térmica como ação acidental e


recomenda a combinação de ações conforme exp. 4.2.2.
m n
Fd    gi FGi, k "" FQ,acid "" 11 FQ, k ""   2 j FQj, k
i 1 j 2
.......... (4.2.2)
sendo:
Fd - valor de cálculo da ação
FGi,k - valor característico da ação permanente i
FQ,acid - valor da ação acidental (ação térmica)
FQ,k - valor característico da ação variável considerada principal
Fqj,k - valor característico das demais ações variáveis j
g é o valor do coeficiente de ponderação para as ações permanentes e igual a: 1,0
1,1 é o fator de combinação utilizado para a determinação do valor reduzido da
ação variável considerada principal (Tabela 4.2.1)
71

2,j é o fator de combinação utilizado para a determinação do valor reduzido da


ação variável secundária j (Tabela 4.2.1)

Tabela 4.2.1 - Fatores de combinação conforme Eurocode 1


Ações 1 2
sobrecarga em edifícios:
residencial 0,5 0,3
escritório 0,5 0,3
shopping 0,7 0,6
armazenagem 0,9 0,8

vento em edifícios 0,5 0,0

São apresentadas nas Figs 4.2.1 e 4.2.2 a relação entre os esforços solicitantes de
cálculo determinados pela ABNT NBR 8681:1984 e Eurocode 1 (1995). Por
simplicidade admitiu-se o comportamento linear da estrutura. São utilizados os fatores
de combinação para edifícios de escritórios (Fig. 4.2.1) e edifícios para armazenagem
(Fig. 4.2.2).

Legenda para as Figs. 4.2.1 e 4.2.2:


Sq - esforço solicitante proveniente da sobrecarga
Sg - esforço solicitante proveniente do peso próprio
Sw - esforço solicitante proveniente da ação do vento
Sd - esforço solicitante proveniente da ação de cálculo
g = 1,2 (ação permanente de grande variabilidade)
g = 1,1 (ação permanente de pequena variabilidade)
72

Edifícios de escritórios

Figura 4.2.1a Figura 4.2.1b

Figura 4.2.1c Figura 4.2.1d

Edifícios para armazenagem


73

Figura 4.2.2a Figura 4.2.2b

Figura 4.2.1c Figura 4.2.1d

Assim sendo conclui-se que:


O efeito do vento não afeta significativamente a relação estudada, para o caso de
fatores de combinação similares àqueles utilizados em edifícios de escritórios. Para esse
tipo de edificação, as maiores discrepâncias são encontradas em situações nas quais a
carga permanente é muito pequena em relação à sobrecarga, o que é difícil ocorrer na
prática.
No caso de fatores de combinação similares àqueles utilizados em edifícios para
armazenagem, as maiores discrepâncias são encontradas em situações, nas quais a
sobrecarga é muito grande em relação à carga permanente e simultaneamente o efeito
do vento é da ordem de grandeza do efeito da sobrecarga.
Exceto nessa última situação, o nível de segurança recomendado para as
estruturas sujeitas a incêndio, conforme a Norma Brasileira é similar àquele da Norma
Europeia.
Apresenta-se nas Figs. 4.2.3a a 4.2.3d a relação entre os esforços solicitantes de
cálculo em situação de incêndio e àqueles determinados à temperatura ambiente.
Admitiu-se edifício de escritório e ação permanente de grande variabilidade.
74

Figura 4.2.3a Figura 4.2.3b

Figura 4.2.1c Figura 4.2.1d

4.2.2 Normas para dimensionamento

Há Norma Brasileira (ABNT NBR 5627:1980) com recomendações para o projeto


das estruturas de concreto em situação de incêndio, em que são fornecidos os valores
mínimos para o cobrimento da armadura e para as dimensões de cada tipo de peça
estrutural, a fim de que elas resistam à ação térmica (ANEXO B).
Não há Norma Brasileira para dimensionamento de estruturas de aço em situação
de incêndio. Procura-se resolver o problema, por meio de técnicas não científicas
utilizando-se a curva padronizada temperatura-tempo do incêndio (seção 2.1.2 desta
Tese), associada a tempos fictícios preestabelecidos da ação térmica e a uma
temperatura resistente do aço considerada constante, o que não tem qualquer
sustentação do ponto de vista teórico e experimental.
Técnicas simplificadas, porém mais racionais, já foram normatizadas na Europa e
devem, em breve, ser utilizadas no Brasil, visto que está em elaboração um texto básico
de Norma Brasileira sobre o assunto, com base em recomendações de normas europeias
adaptadas às Normas Brasileiras ABNT NBR 8800:1986 e ABNT NBR 8681:1984
75

Técnicas mais avançadas estão sendo objeto de estudo por grupos de


pesquisadores da Comunidade Europeia.
As seções seguintes desta Tese constituem uma contribuição à normatização
brasileira.

5 MÉTODO SIMPLIFICADO DE
DIMENSIONAMENTO

Apresentam-se a seguir as recomendações para o dimensionamento, em situação


de incêndio, de elementos estruturais de aço, baseadas em SILVA; FAKURY;
PIMENTA; RODRIGUES (1997) e resultantes de uma adaptação do EUROCODE 3
(1995) às Normas Brasileiras ABNT NBR 8800:1986, ABNT NBR 8681:1984 e ABNT
NBR 7808:1983
Esse método permite a verificação da segurança estrutural, conforme critérios
apresentados na seção 4 desta Tese, dos elementos estruturais já dimensionados à
temperatura ambiente, desde que se conheça a temperatura a ou permite a
determinação da temperatura crítica cr de cada peça estrutural e, a partir dela,
determinar a necessidade ou não de material de revestimento contra fogo.
Nesse método, será considerado, simplificadamente, distribuição uniforme de
temperatura na seção transversal e ao longo do comprimento do elemento estrutural
calculada conforme seção 2 desta Tese. No caso das barras fletidas em que a seção
transversal possa atingir a plastificação total, é permitido considerar a variação da
temperatura, por meio de coeficientes majorativos (1 e 2) dos esforços resistentes,
calculados com a hipótese de temperatura uniforme.

5.1 VALORES DE CÁLCULO DOS ESFORÇOS RESISTENTES


DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS DE AÇO

5.1.1 BARRAS TRACIONADAS


76

O valor de cálculo da força axial resistente de tração, para o estado-limite último


de escoamento da seção bruta é apresentado na exp. 5.1.1.

A g f y, A g k y , f y
N Rd , fi,   = ..........(5.1.1)
 a , fi  a ,fi

sendo:
Ag - área bruta da seção transversal (m2)
ky, - coeficiente redutor da resistência do material devido à ação térmica,
conforme seção 3 desta Tese
fy - valor característico da resistência de escoamento dos aços
fy, - valor característico (convencional) da resistência de escoamento dos aços, à
temperatura 
a,fi - coeficiente de ponderação da resistência. Nesta Tese será adotado, em todos
os casos, a,fi = 1

O estado-limite último de ruptura da seção líquida efetiva não precisa ser


considerado, desde que haja um parafuso em cada furo, uma vez que a temperatura do
aço será menor na ligação devido à presença de material adicional.

5.1.2 BARRAS COMPRIMIDAS

Este item se aplica às barras axialmente comprimidas, cujos elementos


componentes da seção transversal respeitem os limites recomendados pela ABNT NBR
8800:1986 para a relação largura-espessura da classe 3, substituindo-se os valores de fy
por fy, e de E por E.
O valor de cálculo da força axial resistente de compressão, para o estado-limite
último de instabilidade por flexão é apresentado nas equações 5.1.2 e 5.1.3 em função
da esbeltez reduzida   .

 A g f y,   A g k y , f y
N Rd , fi,  = para 0    < 0,2..........(5.1.2)
(1    )  a , fi (1  )  a ,fi
77

e
 A g f y,  A g k y , f y
N Rd , fi,  = para    0,2 ..........(5.1.3)
1,2  a , fi 1,2 a ,fi

sendo:
 - coeficiente de redução de resistência em situação de incêndio, obtido da
mesma maneira que o coeficiente “” da ABNT NBR 8800:1986, mas usando-se a
curva “c” de resistência ( = 0,384), independentemente do tipo de seção transversal e

do eixo em relação ao qual se verifica a instabilidade e   no lugar de 

k y ,
   - parâmetro de esbeltez reduzida, à temperatura a
k E ,

 fl, fi
 r - parâmetro de esbeltez reduzida
2
 E
fy

(conforme ABNT NBR 8800:1986)


fl,fi - comprimento de flambagem, em situação de incêndio, determinado como no
projeto à temperatura ambiente. Em um pórtico indeslocável de edifício em que cada
andar constitua um compartimento de incêndio, fl,fi pode ser tomado igual a 0,5 L, e no
último andar igual a 0,7 L, em que L é a altura do andar em consideração.

5.1.3 BARRAS FLETIDAS

Este item se aplica às barras fletidas, cujos elementos componentes da seção


transversal não possam sofrer instabilidade local em regime elástico.

O valor de cálculo do momento fletor resistente MRd,fi, é apresentado a seguir.


- Para o estado-limite último de instabilidade lateral com torção (FLT), o MRd,fi, é
determinado conforme equações 5.1.4 a 5.1.6.

k y, M p M p
M Rd , fi,  1  2  para   0,8 p, ..........(5.1.4)
 a , fi  a , fi
78

k M
y , n
M Rd ,fi ,  para p, <  < r, ..........(5.1.5)
1,2 
a , fi

k M
E , n
M Rd ,fi ,  para  > r, ..........(5.1.6)
1,2 
a , fi

para 0,8 p, <  < p, , MRd,fi,  Mp pode ser obtido por interpolação linear

k y, M p k y , M p
entre 1  2 e
 a , fi 1,2 
a , fi

sendo:
Mp = Z fy - valor característico do momento fletor resistente de plastificação da
seção transversal
Mr = W (fy - r) - valor característico do momento fletor resistente
correspondente ao início de escoamento
Mn - valor característico do momento fletor resistente (resistência nominal ao
momento fletor) calculado, nas regiões elastoplástica e elástica, conforme as
recomendações da NBR 8800, substituindo-se p por p, e r por r,, ou seja:
 

M n  M p  M p  M r   rb,  pp,, para p, <  < r,

Mn = Mcr para  > r,


Z - módulo resistente plástico
W - módulo resistente elástico
1 - fator de correção para distribuição de temperatura não uniforme na seção
transversal. Vale 1,0 para viga com todos os quatro lados expostos ao calor e 1,4 para
vigas com três lados expostos e com uma laje de concreto no quarto lado.
2 - fator de correção para distribuição de temperatura não uniforme ao longo do
comprimento da barra fletida. Vale 1,15 nos apoios de uma viga estaticamente
indeterminada e 1,0 em todos os outros casos.
79

 - parâmetro de esbeltez para os estados-limites últimos de instabilidade (FLT,


FLM e FLA), em situação de incêndio, determinado conforme a ABNT NBR 8800:1986
p, - parâmetro de esbeltez, à temperatura , correspondente à plastificação,
sendo:

k E,
p, = p
k y, 

p - parâmetro de esbeltez correspondente à plastificação, determinado conforme


a ABNT NBR 8800:1986
r, - parâmetro de esbeltez, à temperatura , correspondente ao início do

escoamento, obtido da mesma maneira que o “r” da ABNT NBR 8800:1986 porém
k E ,
utilizando-se fy, no lugar de fy e E no lugar de E, ou conservadoramente: r, = r
k y ,

- Para o estado-limite último de instabilidade local da mesa comprimida (FLM) e


flambagem local da alma (FLA)

k y,  M p M p
M Rd , fi ,    1  2  se   0,8 p, .......... (5.1.7)
 a , fi  a , fi

k M
y , n
M Rd ,fi ,  se p,    r, ..........(5.1.8)
1,2 
a , fi

se 0,8 p, <  < p, , MRd,fi,  Mp pode ser obtido por interpolação linear entre

k y,  M pl k M
y , p
1  2 e
 a , fi 1,2 
a , fi

onde:
p, , r, - parâmetros de esbeltez, à temperatura , correspondente à plastificação
e ao início de escoamento, respectivamente, determinados:
da mesma maneira que “p” e “r” da NBR 8800, para barras fletidas
simplesmente apoiadas com uma laje de concreto, sobre a mesa comprimida, mas
com os outros três lados expostos ao incêndio;
80

- em todas as outras barras fletidas, multiplicando-se os valores respectivos de

k E,
“p” e “r” obtidos pela ABNT NBR 8800:1986 por:
k y, 

O valor de cálculo da força cortante resistente VRd,fi, de uma barra fletida é determinada
conforme exp. 5.1.9.
k y,  Vn Vn
VRd , fi,    1  2  ..........(5.1.9)
 a , fi  a , fi

sendo:
Vn - o valor característico da força cortante resistente (resistência nominal)
calculada conforme ABNT NBR 8800:1986, substituindo-se os valores de fy por fy, e E
por E.

5.1.4 BARRAS SUJEITAS À FORÇA NORMAL E MOMENTOS


FLETORES

Este item é aplicável a barras de aço em situação de incêndio cuja seção


transversal possui um ou dois eixos de simetria. A seção transversal deve ter seus
elementos componentes atendendo aos requisitos dos itens referentes aos esforços
isolados de força normal de compressão e momento fletor, quando cada uma dessas
solicitações ocorrerem. Para os efeitos combinados de força normal de tração ou
compressão e momentos fletores, deve ser atendida a exp. 5.1.10.

N d , fi M x,d , fi M y,d , fi
R =    1,0 ..........(5.1.10)
N Rd , fi, M x, Rd , fi, M y, Rd , fi,

sendo:
Nd,fi - valor de cálculo da força normal atuante na barra, para a situação de
incêndio
NRd,fi, - valor de cálculo da força normal resistente, conforme 5.1.1 para barras
tracionadas ou igual a Ag ky,fy /a,fi para barras comprimidas
Mx,d,fi - valor de cálculo do momento fletor atuante, em situação de incêndio, na
seção considerada, em torno do eixo x;
81

My,d,fi - valor de cálculo do momento fletor atuante, em situação de incêndio, na


seção considerada, em torno do eixo y
Mx,Rd,fi, - valor de cálculo do momento fletor resistente, em torno do eixo x,
determinado conforme o item 5.1.3

My,Rd,fi, - valor de cálculo do momento fletor resistente, em torno do eixo y,


determinado conforme o item 5.1.3

Para os efeitos combinados de força normal de compressão e momentos fletores,


deve ser atendida, além da exp. 5.1.10, também as exp. 5.1.11a (para esforços atuantes
calculados via análise linear) ou 5.1.11b (para esforços atuantes calculados via análise
não linear):

N d , fi C mx M x,d , fi C my M y,d , fi
E =    1,0
N Rd , fi,  N d , fi   N d , fi 
 1   M x, Rd , fi,  1   M y, Rd , fi,
 N ex, fi,  
 N ey, fi, 

..........(5.1.11a)

N d , fi C mx M x, d , fi C my M y, d , fi
E,NLG =    1,0 ..........(5.1.11b)
N Rd , fi,  M x, Rd , fi ,  M y, Rd , fi, 

sendo:
NRd,fi, - valor de cálculo da força normal resistente de compressão, determinado
como em 5.1.2
Cmx, Cmy - fatores de equivalência de momentos determinados conforme a ABNT
NBR 8800:1986
Nex,fi, e Ney,fi, - cargas críticas de flambagem por flexão, em situação de incêndio,
respectivamente em torno dos eixos x e y, determinadas, para cada um desses eixos,
conforme exp. 5.1.12.

 2 k E, E I
N e, fi,   ..........(5.1.12)
 2fl, fi
82

5.1.5 LIGAÇÕES

A capacidade resistente das ligações entre elementos estruturais não precisa ser
verificada, desde que a resistência térmica (tm/m) do material de revestimento contra
fogo da ligação (), não seja menor que o valor mínimo da resistência térmica (tm/m)e
do material de revestimento contra fogo de qualquer elemento (e) conectado. Adotar tm
= 0 quando não houver revestimento.

5.2 AÇÕES A CONSIDERAR

Os esforços solicitantes atuantes, provenientes das ações permanentes e das ações


variáveis, exceto as de origem térmica, podem ser considerados invariantes com a
temperatura. O efeito das deformações térmicas axiais pode ser desprezado, desde que a
temperatura a seja calculada por meio da curva-padrão. O efeito das deformações
térmicas, provenientes do gradiente de temperatura ao longo da altura da seção
transversal do perfil, deve ser considerado, podendo-se adotar, para análises lineares, o
módulo de elasticidade (E) à temperatura a.
O Eurocode não é claro quanto à consideração das ações térmicas, como pode ser
visto nos comentários apresentados na seção 5.3.4. Assim sendo, as recomendações
acima são favoráveis à segurança e podem ser desconsideradas se métodos mais
precisos de análise, como os indicados na seção 6 desta Tese, forem utilizados.
O efeito da ação térmica que provoca a redução da resistência e da rigidez, devido
ao aumento da temperatura nos elementos estruturais, é considerado por meio dos
fatores de redução ky, e kE,.
83

5.3 COMENTÁRIOS SOBRE A ADAPTAÇÃO DO EUROCODE


ÀS NORMAS BRASILEIRAS

5.3.1 COMPRESSÃO

FRANSSEN; SCHLEICH; CAJOT; AZPIAZU (1996) baseando-se em dezenas


de ensaios em barras comprimidas, com ou sem excentricidade inicial, com
extremidades engastadas ou articuladas e à alta temperatura e com o auxílio de análise
numérica, via programas de computador SAFIR e CEFICOSS desenvolvidos pelo Prof.
J.M. Franssen, propuseram a exp. 5.3.1 para o cálculo do coeficiente de redução de
resistência  (   ) , o que corresponde ao valor médio das várias curvas de resistência

(  x   ) encontradas nos referidos ensaios.

1
  ..........(5.3.1)
2
      
sendo:

 
1
2
 1      2  
 fl f y, 
 
r E

 = 0,65
O EUROCODE 3 (1995) recomenda calcular o valor do coeficiente de redução de
resistência (), por meio das mesmas expressões utilizadas para o dimensionamento à
k E,
temperatura ambiente (exp. 5.3.2), porém, multiplicando-se  por , adotando-se
k y, 

 (  )
 = 0,49 em todos os casos e dividindo-se  por 1,2, ou seja:  = .
1,2
1
 ..........(5.3.2)
2 2
   
84

sendo:


1
2 
1   (   0,2)  2 
 fl f y

r E
A proposta para o método simplificado é utilizar-se, em todos os casos, a mesma
expressão recomendada pela ABNT NBR 8800:1986 para a curva de dimensionamento
k E,
“c” ( = 0,384), multiplicando-se  por e dividindo-se  por (1+   ) para
k y, 

0    <0,2 e por 1,2 para    0,2, ou seja:

1
  2 
2 
  ..........(5.3.3a )
1,2
ou
1
  2 
2
 
  ..........(5.3.3b)
1  

sendo:

 
1 1   2  0,04  2 
 
2 2  

 f y,
   fl
r E

Na seção 5.2, os redutores (1,2) e (1 +   ) foram aplicados diretamente ao

esforço resistente e não ao coeficiente de redução de resistência . Nas figuras a seguir
serão empregados os símbolos adotados na seção 5.2.
Na Fig. 5.3.1 comparam-se as três recomendações citadas
85

 
ou
1,2 1  

Eurocode
Franssen
Mét.simpl.


Figura 5.3.1 - Curvas de dimensionamento a altas temperaturas
(compressão)

Convém notar que as discrepâncias entre a curva de resistência proposta nesta


Tese e a recomendada pelo Eurocode, na região elastoplástica, já ocorrem à temperatura
ambiente (Fig. 5.3.2)

temperatura ambiente

NBR 8800 =0,384


Eurocode 3 =0,49


Figura 5.3.2 - Curva “c” de dimensionamento à temperatura ambiente
(compressão)
86

5.3.1.1 Curvas de dimensionamento

São apresentadas a seguir, como exemplo de aplicação, as curvas de resistência à


compressão axial, para perfis soldados com seção transversal em forma de “I”, à
temperatura ambiente (flexão em torno do eixo de menor inércia) e a altas temperaturas
(Fig. 5.3.3), as mesmas curvas afetadas pelo coeficiente redutor de resistência devido à
ação térmica ky, (Fig. 5.3.4) e introduzindo segurança (Fig. 5.3.5).

 
ou 
1  12,

 = 20C

800C
500C
400C
600C
700C


Figura 5.3.3 - Redutor de resistência à compressão, a altas
temperaturas
87

k  k 
y,   y,  
ou
1,2 1 

 = 20C

400

500

600

700


800

Figura 5.3.4 - Redutor de resistência à compressão, a altas


temperaturas, incluindo ky,
k y,  Nd     
* *   ou  ou
 a , fi N d , fi 1,2  1     a

 = 20C
400

500

600

700

800


Figura 5.3.4- Redutor de resistência à compressão, a altas
temperaturas, incluindo ky,, com introdução de segurança

5.3.2 FLEXÃO

O Eurocode propõe que, para a verificação de barras submetidas à flexão, em


incêndio, seja utilizado o mesmo formulário recomendado para a verificação à
88

temperatura ambiente, adequado à situação de incêndio. Assim sendo, embora as


expressões propostas pelo Eurocode não sejam similares às indicadas pela NBR 8800,
para a temperatura ambiente, sugere-se que até a próxima revisão da Norma Brasileira,
seja utilizado o formulário recomendado por ela, adaptando-o à situação de incêndio,
conforme apresentado na seção 5.1.3 desta Tese e comentado a seguir.

5.3.2.1 Coeficientes 1 e 2

O método de determinação da temperatura no elemento estrutural descrito na


seção 2 desta tese admite distribuição uniforme de temperatura ao longo do eixo e da
altura da viga. Os pesquisadores suecos O. Pettersson e J. Witteveen, a partir de ensaios
em vigas de aço com seção transversal em forma de “I”, sob laje de concreto, isostáticas
e hiperestáticas, com e sem revestimento contra fogo, submetidas ao incêndio-padrão,
concluíram que:
A temperatura da viga, calculada conforme o processo descrito na seção 2 desta
Tese, é aproximadamente igual à máxima temperatura medida na seção transversal das
vigas (mesa inferior) ensaiadas.
A diferença de temperatura entre a mesa inferior (mais quente) e a mesa superior
(mais fria) dessas vigas varia entre 100 C e 150 C, quando protegidas por material de
revestimento contra fogo. Essa diferença se reduz para vigas sem revestimento.
A variação de temperatura ao longo do comprimento das vigas ensaiadas é cerca
de 100 C a 200 C.
A partir desses ensaios e de resultados teóricos obtidos em cálculos térmicos (U.
Wickström) e estruturais (J. Thor e J. Kruppa) admitindo a possibilidade de
plastificação total da seção, PETTERSSON; WITTEVEEN (1980) propuseram majorar
o valor do MRd das vigas dimensionadas no regime plástico e com a hipótese de
temperatura uniforme, por meio dos coeficiente 1 (considerando a variação de
temperatura ao longo da altura) e 2 (considerando a variação da temperatura ao longo
do comprimento), apresentados na Tabela 5.3.1.
89

Tabela 5.3.1 – Valores de 1 2


a (C) 1 2 (um grau de 2 (dois graus de
hiperestaticidade) hiperestaticidade)
550 1,12 1,12 1,25
600 1,15 1,20 1,40
650 1,17 1,28 1,55

O valor de 2 para vigas isostáticas será menor do que para vigas hiperestáticas,
porque nas primeiras bastará uma rótula plástica para definir o colapso, enquanto que
nas vigas hiperestáticas serão necessárias duas ou mais rótulas para o mesmo fim.
Assim sendo adotou-se 2 = 1,0 para as vigas isostáticas.
Os valores de 1 e 2 apresentados na Tabela 5.3.1(baseada em PETTERSSON;
WITTEVEEN (1980)) estão trocados (1 no lugar de 2 e vice-versa) em relação aos
recomendados na seção 5.1.3 (baseada em EUROCODE 3 (1995)). Enviou-se
correspondência ao Prof. Pettersson relatando essa discrepância.

5.3.2.2 Tensão residual

As recomendações do EUROCODE 3 (1995) para o dimensionamento de vigas à


flexão simples, tanto à temperatura ambiente como em situação de incêndio não
explicitam a tensão residual (r), como é feito pela ABNT NBR 8800:1986.
O método simplificado apresentado nesta Tese propõem que se utilize por base a
formulação da ABNT NBR 8800:1986, adotando-se r, = ky, r . As Figs. 5.3.5 à 5.3.8
apresentam as curvas de dimensionamento nas regiões elastoplástica e elástica, para
uma viga com seção transversal em forma de “I” com dimensões: d=65 cm, bf=30 cm,
tf=1,9 cm e tw=0,8 cm e sugerem que a recomendação deste texto é a que mais se
aproxima do Eurocode. As discrepâncias encontradas são similares às da temperatura
ambiente e são devidas à imperfeição inicial incorporada à formulação do Eurocode e
ainda não incluída na ABNT NBR 8800:1986.
90

 = 20 C (r = 11,5 kN/cm2)  = 600 C (r = (11,5 ky)


kN/cm2)
Figura 5.3.5 Figura 5.3.6

 = 600 C (r =11,5 kN/cm2)  = 600 C (r =0)


Figura 5.3.7 Figura 5.3.8

5.3.2.3 Interpolação na região plástica

O Eurocode recomenda que, na região plástica (  p) da curva de


dimensionamento MR x , o valor de cálculo do momento fletor resistente, determinado
a partir da hipótese de temperatura uniforme, seja majorado por meio dos fatores 1 e 2
e nas regiões elastoplástica e elástica ( > p) seja minorado pelo fator 1,2.
A esbeltez correspondente à plastificação, à temperatura ambiente, p vale

E
1,75 segundo a ABNT NBR 8800:1986. Sendo p = 50,11 para aços com fy = 25
fy

kN/cm2.
Conforme o Eurocode, à temperatura ambiente, o valor de p pode ser visto na
Tabela 5.3.1 para alguns perfis com seção em forma de “I”.
91

Tabela 5.3.2 – Valores de p


Perfil tipo VS Wx (cm3) p (Eurocode)
250 x 28 298 42,06
250 x 38 400 43,02
400 x 49 870 41,06
450 x 51 1006 41,30
650 x 98 2846 40,97
650 x 155 4953 40,17
1500 x 270 46140 42,43
1500 x 492 35659 40,05
Assim sendo é necessário adaptar-se o valor de p. Sugere-se que seja tomado
E
 p1,   0,8  p,   0,8 1,75 , interpolando-se linearmente o valor do momento
f y, 

E
resistente entre p1, e 1,75 , ou seja:
fy

1
M n  Z x f y,   Zx fy para    p1, 
1  2

 1  p   Z f
M n  Z x f y,    1 2      x y,  para  p1,      p, 
 1,2   0,2  
 p  1,2

para 1 = 2 = 1 resulta:
Z x f y,    
Mn  2   para  p1,      p, 
  
1,2  p

5.3.2.4 Esbeltez r

As tabelas 5.3.2 e 5.3.3 foram construídas a fim de determinar uma relação


normatizável entre r, calculado conforme recomendado pela ABNT NBR 8800:1986 e

r, calculado da mesma maneira que r, substituindo-se fy por fy, e E por E . Não pôde
92

ser encontrado um valor adequado para essa relação, propondo-se que, se necessário, a
k E ,
favor da segurança, adote-se: r, = r .
k y ,

Tabela 5.3.2 – Valores para  = 600C


Perfil tipo r, r, k kE n*
r E r
VS ky ky
(exato) (fórm.aprox.)

250 x 28 143 139 123 151 0,64


250 x 38 172 170 160 198 0,83
400 x 49 129 127 108 133 0,57
450 x 51 128 126 107 131 0,57
650 x 98 125 123 103 127 0,53
650 x 155 137 136 123 151 0,74
1500 x 270 128 126 103 127 0,48
1500 x 492 128 127 111 136 0,66
n
 kE 
r 
*  r, 
 k 
 y

Tabela 5.3.3 – Valores para  = 700C


Perfil tipo r, k
r E kE n
r
ky
VS r, (fórm. aprox.)
ky

(exato)

250 x 28 129 126 106 141 0,65


250 x 38 153 149 137 183 0,82
400 x 49 118 116 93 123 0,58
450 x 51 117 115 91 121 0,56
650 x 98 115 113 89 118 0,55
650 x 155 123 122 105 140 0,72
1500 x 270 118 116 89 118 0,50
1500 x 492 116 115 95 126 0,65
93

5.3.2.5 Curvas de dimensionamento

São apresentadas a seguir, como exemplo de aplicação, as curvas do momento


fletor resistente (com Cb =1), de um perfil VS 500x61 (d = 50 cm, bf = 25 cm, tf =0,95
cm tw =0,63 cm), à temperatura ambiente e a altas temperaturas (Fig. 5.3.9) e as mesmas
curvas com introdução de segurança (Fig. 5.3.10).
Mn
(kN cm)

=20C
400

500

600

700

800

vão (cm)

Figura 5.3.9 - Curvas de dimensionamento (momento fletor)


k Mn Md M
ou n
 a , fi M d , fi a
( kN cm)

400

500

=20C
600

700

800
vão (cm)

Figura 5.3.10 - Curvas de dimensionamento (momento fletor) com


introdução de segurança
94

5.3.2.6 Força Cortante

O valor característico da força cortante resistente à temperatura ambiente é determinado


conforme exp. 5.3.4.
h E kv
Vn = 0,6 fy Aw para t w  1,08 fy

E kv
fy E kv h E kv
Vn = 0,6 f y A w para 1,08 < t  1,40 ..........(5.3.4)
 h  fy w fy
 
 tw 

2 E k v h E kv
Vn  Aw para t > 1,40

12 1   2 t h
w
w fy

Rearranjando-se a exp. 5.3.4, para  = 0,3, obtém-se:


2
 E 
 1,08 
 fy 
Vn  1,29   0,6 f y A w ..........(5.3.5)
h
 
 tw 
 

que corresponde à exp. 5.3.6, recomendada pela ABNT NBR 8800:1986.


2
 p 
Vn  1,28   Vp ..........(5.3.6)
  
sendo:
Vp = 0,6 fy Aw

E
 p  1,08
fy

h

tw
95

O valor característico da força cortante resistente, em situação de incêndio é


determinado da mesma forma que à temperatura ambiente, substituindo-se E por E, fy
por fy, e majorando-se o resultado por meio dos fatores 1 e 2, ou seja, coforme 5.3.7.
h k E, E k v
Vn = 0,6 ky, fy Aw 1 2 para t  1,08
w k y,  f y

k E, E k v
k y, f y
Vn = 0,6 k y,  f y A w 1 2
 h 
 
 tw 

k E, E k v h k E, E k v
para 1,08 < t  1,40 ..........(5.3.7)
k y, f y w k y, f y

 2 k E, E k v h k E, E k v
Vn  A w 1 2 para t > 1,40

12 1   2 h
tw
 w k y,  f y

Rarranjando-se a exp. 5.3.7, para  = 0,3, obtém-se a exp. 5.3.8.


2
 k E kv 
 1,08 E ,  
 k y,  f y 
Vn  1,29   0,6 k y,  f y A w  1  2 ..........(5.3.8)
 h 
 tw 
 

que corresponde à exp. 5.3.6 (recomendada pela ABNT NBR 8800:1986), substituindo-
se E por E, fy por fy, e majorando-se o resultado por meio dos fatores 1 e 2, ou seja:
2
  p, 
Vn,   1,28   Vp k y,   1  2
  
sendo:
Vp = 0,6 fy Aw
96

k E, E
 p,   1,08
k y, f y

h

tw

Assim sendo, desde que se utilize p, e r, no lugar de p e de r,


respectivamente, pode-se utilizar, em situação de incêndio, as mesmas expressões
recomendadas pela ABNT NBR 8800:1986, multiplicadas pelo fator ky, e majorando-se
o resultado por meio dos coeficientes 1 e 2.

5.3.3 FLEXÃO COMPOSTA

O Eurocode propõe que, para a verificação de barras submetidas a esforços


combinados de flexão e compressão, em incêndio, seja utilizado o mesmo formulário
recomendado para a verificação à temperatura ambiente, adequado à situação de
incêndio. Assim sendo, embora as expressões propostas pelo Eurocode não sejam
similares às indicadas pela ABNT NBR 8800:1986, para a temperatura ambiente,
sugere-se que até a próxima revisão da Norma Brasileira, seja utilizado o formulário
recomendado por ela adaptando-o à situação de incêndio, conforme apresentado no item
5.1.

5.3.4 AÇÕES A CONSIDERAR

Apresentam-se a seguir as recomendações do Eurocode, a respeito das ações a


serem consideradas para a utilização do método simplificado.
Segundo o EUROCODE 3 (1995) e o EUROCODE 4 (1994), os esforços
solicitantes provenientes das ações permanentes e das ações variáveis, exceto as de
origem térmica, podem ser considerados invariantes com a temperatura.
As ações térmicas a serem consideradas na combinação última, conforme o
Eurocode são:
a) Ação térmica determinada a partir da curva padronizada (ISO 834)
97

- deve-se incluir o efeito das deformações térmicas provenientes do gradiente de


temperatura ao longo da altura da seção transversal do perfil.
- o efeito das deformações térmicas axiais pode ser desprezado6
b) Ação térmica determinada a partir das curvas do incêndio natural
- deve-se incluir o efeito das deformações térmicas provenientes do gradiente de
temperatura
- o Eurocode 3 não é claro quanto à consideração, ou não, das deformações
térmicas axiais, porém o Eurocode 4 permite desprezar esse efeito nas estruturas
indeslocáveis.

Comentários:
Apesar de a curva-padrão ser normatizada, o método de determinação da
temperatura para dimensionamento do elemento estrutural varia conforme o país. Assim
sendo, a desconsideração de deformações térmicas não deveria ser feita, em função da
curva temperatura-tempo utilizada e sim de um método padronizado de cálculo da
temperatura.
O Eurocode não propõe métodos simplificados para a consideração do gradiente
de temperatura, trazendo em consequência dificuldades de análise, por se tratar de
material não linear ou resultados antieconômicos, caso se considere o módulo de
elasticidade do aço à temperatura ambiente7.

Como contribuição à normatização, será estudado, na próxima seção desta Tese, o


efeito das deformações térmicas axiais ou provenientes do gradiente de temperatura ao
longo da altura da seção transversal de perfis, em vigas e em um pórtico plano
deslocável, considerando-se a não linearidade geométrica e a não linearidade do
material.

6
O Dr. J. Kruppa, um dos autores do Eurocode e pesquisador do Centre Technique Industriel de la
Construction Metallique (Paris), em correspondência ao autor da presente Tese, confirmou que as
deformações térmicas axiais são desprezáveis, quando a ação térmica é determinada via curva-padrão.
Novos esclarecimentos serão solicitados sobre a utilização do incêndio natural.
7
A Norma Brasileira em elaboração, por sugestão do autor, está recomendando, salvo análise mais
precisa, a consideração do módulo de elasticidade à alta temperatura. Para o exemplo apresentado na
98

6 CONSIDERAÇÃO DAS DEFORMAÇÕES


TÉRMICAS E NÃO LINEARIDADES

Os resultados da análise estrutural apresentados nesta seção foram obtidos com o


auxílio do programa de análise não linear Ansys, versão 5.2, utilizando-se o elemento
“beam 24”. As barras foram discretizadas em 10 elementos ao longo do seu
comprimento e em 16 segmentos na seção transversal, a fim de descrever a seção em
forma de “I”.
A não linearidade do material foi conseguida por meio do diagrama tensão-
deformação recomendado pelo Eurocode 3, apresentado na seção 3 desta Tese, para fy =
25 kN/cm2, limitando a deformação linear específica em 0,15, isto é, no final do
patamar de escoamento, conforme Fig. 6.1.

1 MELA Table For Material 3 ANSYS 5.2


AUG 31 1997
10:10:57
PLOT NO. 1
Table Data
1 2
11
12
10 3
13
9
8
T1 =20
7
6 T2 =400
5 T3 =500
T4 =600
4 91011
12 13
8 T5 =700
7 T6 =800
6
35
4 ZV =1
DIST=.75
3 XF =.5
2 YF =.5
11
12
10 13
89 ZF =.5
1 67
2
5 CENTROID HIDDEN
14
T6
3
T5
2 7891011
12 13 T4
6
145 T3
3
910
11
12 13 T2
245678
13 T1
2
1
14
4

Figura 6.1 - Diagrama  x  em função da temperatura

O coeficiente de dilatação térmica do aço foi considerado independente da


temperatura e igual a 1,4 10-5 C-1 .

seção 6 desta Tese, o efeito do gradiente não provoca riscos à segurança estrutural (vide comentários na
seção citada).
99

6.1 COMPORTAMENTO DAS VIGAS CONTINUAMENTE


TRAVADAS EM SITUAÇÃO DE INCÊNDIO

6.1.1 VIGAS SIMPLESMENTE APOIADAS

A relação entre o valor de cálculo, em situação de incêndio, do carregamento de


uma viga (pd,fi) e o valor de cálculo do carregamento à temperatura ambiente (pd) varia
aproximadamente entre 0,3 e 0,8, como pode ser observado na Fig. 6.1.1, em que se
apresenta pd,fi / pd, com os coeficientes de combinação indicados, em função da q/g,
sendo q o valor característico da ação variável (sobrecarga) e g o valor característico da
ação permanente.

p d , fi 1,2 * g   2 * q

pd 1,4 * (g  q )

 2 = 0,6

 2 = 0,4

 2 = 0,2

q
g

Figura 6.1.1 - pd,fi / pd

Foram analisadas duas vigas simplesmente apoiadas (Fig. 6.1.2) com as seguintes
características geométricas:
viga 1 : d = 65 cm ; bf = 30 cm ; tf = 1,9 cm ; tw = 0,8 cm ;  = 1000 cm e
viga 2 : d = 100 cm ; bf = 40 cm ; tf = 2,5 cm ; tw = 1,6 cm ;  = 1500 cm
100

submetidas a três condições de carregamento (pd,fi / pd igual a 0,5 , 0,6 e 0,7),


admitindo-se que pd = pd,últ, sendo pd,últ a carga uniformemente distribuída que causa
colapso das vigas pela plastificação total da seção de maior solicitação, valendo:
pd,últ = 0,78 kN/cm para a viga 1 e pd,últ = 1,188 kN/cm para a viga 2.
bf

tf
d tw

Figura 6.1.2 - viga simplesmente apoiada

Da análise estrutural constatou-se que:


 O valor da temperatura crítica pouco depende do tipo de análise (linear ou
não linear) e das dimensões da viga, mas sim do valor do carregamento (Tabela 6.1.1
e Fig. 6.1.3). Na análise linear, cr pode ser calculada a partir de ky, = pd,fi / pd,últ.
 O valor da flecha da deformada das vigas, nas vizinhanças da temperatura
crítica, pouco depende do carregamento ou do tipo de análise, mas sim das suas
dimensões (Tabela 6.1.2).
 O deslocamento horizontal do apoio varia linearmente com a temperatura
até certo limite, após o qual se reduz devido à acentuada deformação da viga (Figs
6.1.4 e 6.1.5).
Tabela 6.1.1
temperatura crítica cr (C)

pd,fi / pd linearidade não linearidade geométrica


geométrica
viga 1/ viga2 viga 1 viga 2
0,5 590 593 593
0,6 558 562 562
0,7 526 529 533
101

600

temperatura crítica
550 lin.g eo m.
ñ-lin.g eo m.

500
0,5 0,55 0,6 0,65 0,7

p d ,fi / p d

Figura 6.1.3 - Temperatura crítica das vigas 1 e 2

flecha nas vizinhanças da temperatura crítica (cm)


pd,fi / pd linearidade geométrica não linearidade geométrica

viga 1 viga 2 viga 1 viga 2


0,5 44,1 70,8 44,7 71,5
0,6 43,0 69,6 46,3 71,7
0,7 43,4 68,9 42,5 72,1
Tabela 6.1.2

80

60
flecha (cm)

40

20
0
0 200 400 600
temperatura

Figura 6.1.4 - Flecha da viga 2 para pd,fi / pd = 0,6


102

15

l (cm)
10 d es lo c. lin.
d es lo c. ñ-lin.
5

0
0 200 400 600

temperatura

 
Figura 6.1.5 - Deslocamento  (viga 2) para pd,fi / pd = 0,6

A partir desses resultados pode-se inferir que, se os dois apoios fossem fixos, a
reação vincular horizontal, a partir de determinada temperatura, passaria a ser de tração
ao invés de compressão.
Será analisada, a seguir, a viga 2, com restrição à deformação axial e submetida
ao carregamento pd,fi / pd,últ = 0,6.

6.1.2 VIGA BIAPOIADA COM RESTRIÇÃO À DEFORMAÇÃO AXIAL

Figura 6.1.6
Da análise não linear da viga biapoiada (Fig. 6.1.6) concluiu-se que a reação
vincular horizontal, decorrente do aquecimento a temperaturas relativamente baixas, é
de compressão, havendo aumento da flecha, dos momentos fletores e das tensões de
compressão, em relação à viga sem restrição à deformação.
Temperaturas mais altas causam redução dessa reação vincular, tendo em vista as
grandes deformações, diminuindo por consequência o momento fletor e as tensões
relativas (/fy,) de compressão. Aumentando-se ainda mais a temperatura, a reação
vincular inverte o sentido de aplicação de esforço, reduzindo os momentos fletores e
aumentando as tensões relativas de tração, até atingir o colapso plástico na temperatura
103

crítica, sendo cr superior àquela encontrada para a viga sem restrição à deformação.
Tais fenômenos podem ser visualizados nas Figs 6.1.7 a 6.1.11.

4000
3000

reação (kN)
2000
1000
0
-1000 0 200 400 600 800

temperatura

Figura 6.1.7 - Reação vincular horizontal

250
200
flecha (cm)

150 co m res tr.


axial
100 s em res t r.
50
0
0 200 400 600 800
temperatura

Figura 6.1.8 - Flecha da viga

400

300
(10 kN cm)
mom. fletor

200

100

0
0 200 400 600 800
temperatura

Figura 6.1.9 - Momento fletor na seção mais solicitada da viga


104

0,5
20


50
0

/f
10 0
-50 0 50 200
-0,5

-1

altura da seção da viga (cm)

Figura 6.1.10 - Diagrama de tensões na seção mais solicitada

1
200
400
0,5
50 0

600
0
/f

70 0
-50 0 50 750
-0,5 78 0
800
-1

altura da seção da viga (cm)

Figura 6.1.11 - Diagrama de tensões na seção mais solicitada

A variação das tensões na seção mais solicitada da viga pode também ser vista na
Fig. 6.1.12.
c < fy c = fy c = fy, c < fy, t = fy,

t < fy t < fy t = fy, t = fy, t = fy,

20C 400 C 550C 700C 800C


Figura 6.1.12 - Diagrama de tensões na seção mais solicitada em função da
temperatura

O aspecto parabólico do diagrama de momentos fletores é bastante alterado a altas


temperaturas, como pode ser observado na Fig. 6.1.13 (700C) e na Fig. 6.1.14 (800C)
105

1 ANSYS 5.2
SEP 17 1997
10:11:29
PLOT NO. 1
LINE STRESS
STEP=1
SUB =8
TIME=1
M1 M22
MAX =.728E-11
ELEM=10
-56508
Y -50229
-43951
Z X -37672
-31393
-25115
-18836
-12557
-6279
.728E-11

Figura 6.1.13 - Diagrama de momentos fletores da viga com restrição à


deformação axial (a = 700 C)

1 ANSYS 5.2
SEP 17 1997
10:20:17
PLOT NO. 1
LINE STRESS
STEP=1
SUB =24
TIME=1
M1 M22
MAX =.455E-12
ELEM=1
-5283
Y -4696
-4109
Z X -3522
-2935
-2348
-1761
-1174
-586.945
0

Figura 6.1.14 - Diagrama de momentos fletores da viga com restrição à


deformação axial (a = 800 C)
106

6.2 COMPORTAMENTO DE UM PÓRTICO PLANO EM


SITUAÇÃO DE INCÊNDIO

Nesta seção serão apresentados os resultados da análise de um pórtico plano (Fig.


6.2.1), hiperestático, deslocável, constituído por dois pilares com 300 cm de altura,
engastados na fundação e ligados rigidamente à uma viga de 900 cm de comprimento,
submetido ao seguinte carregamento:

carregamento característico:

viga: carregamento uniformemente distribuído:


0,20 kN/cm (peso próprio)
0,10 kN/cm (sobrecarga)
pilares: carregamento transversal uniformemente distribuído:
0,022 kN/cm (pressão do vento)
0,015 kN/cm (sucção do vento)
carregamento axial: 144 kN (peso próprio)
45 kN (sobrecarga)

carregamento de cálculo:

combinação 1 - combinação normal de ações (temperatura ambiente)

viga: carregamento uniformemente distribuído:

pd = 1,3 0,20 + 1,4 0,4 0,10  0,32 kN/cm

pilares: carregamento transversal uniformemente distribuído:

wd1 = 1,4 0,022  0,03 kN/cm

wd2 = 1,4 0,015  0,02 kN/cm

carregamento axial:

Pd = 1,3 144 + 1,4 0,4 45  212 kN


107

combinação 2 - combinação normal de ações (temperatura ambiente)

viga: carregamento uniformemente distribuído:

pd = 1,3 0,20 + 1,4 0,10  0,40 kN/cm

pilares: carregamento transversal uniformemente distribuído:

wd1 = 1,4 0,6 0,022  0,02 kN/cm


wd2 = 1,4 0,6 0,015  0,01 kN/cm
carregamento axial:
Pd = 1,3 144 + 1,4 45  250 kN

A combinação 2 mostrou-se mais desfavorável do que a combinação 1

combinação 3 - combinação excepcional de ações (em situação de incêndio),


admitindo-se tratar de um edifício de escritórios

viga: carregamento uniformemente distribuído:

pd,fi = 1,1 0,20 + 0,2 0,10  0,24 kN/cm (0,6 pd)

pilares: carregamento axial:

Pd,fi = 1,1 144 + 0,2 45  167 kN (0,67 Pd)

P p P

w1 w2

Figura 6.2.1 – pórtico plano com carregamento


108

Obs.: A força variável do vento e a carga permanente foram arbitradas


propositadamente baixas, a fim de que as conclusões deste trabalho estejam a favor da
segurança para as situações estruturais estudadas.

6.2.1 DIMENSIONAMENTO À TEMPERATURA AMBIENTE

(COMBINAÇÃO NORMAL DE AÇÕES)


bf

tf
Dimensões dos elementos estruturais: d tw
viga (Fig. 6.2.2): d = 50 cm ; bf = 16 cm ; tf = 1,25 cm ; tw = 0,95 cm
pilares (Fig. 6.2.3): d = 30,5 cm ; bf = 21 cm ; tf = 1,9 cm ; tw = 0,8 cm

Figura 6.2.2 - viga Figura 6.2.3 - pilar

Os esforços solicitantes, reações de apoio e deslocamentos do pórtico


determinados a partir da combinação normal de ações, admitindo-se linearidade
geométrica (sem imperfeição inicial) e linearidade do material ( = 20500 ) estão
apresentados na Tabela 6.2.1 e Figs. 6.2.4 e 6.2.5.
109

Combina M1 M2 M3 Y X ux uy
ção (kN cm) (kN cm) (kN cm) (kN) (kN) (cm) (cm)
normal
de ações
1 6979 15939 15763 354* 71,9* 0,04*** -0,06***
355** -86,9**
2 9400 20369 19954 429,8* 96,2* 0,04*** -0,05***
430,6** -105,2**
* Y1,X1 **Y2,X2 ***topo do pilar esquerdo
Tabela 6.2.1 - Linearidade geométrica (combinação normal de ações)

1 ANSYS 5.2
SEP 18 1997
16:40:41
PLOT NO. 1
LINE STRESS
STEP=1
SUB =5
TIME=1
M2 M1 M22
MAX =20615
ELEM=10
-19944
-15437
M3 -10931
-6424
Y -1918
2589
Z M1
X 7095
11602
16108

X1 X2 20615

Y1 Y2

Figura 6.2.4 - Diagrama de momentos fletores do pórtico (a = 20C)


(combinação normal de ações)
110

1 ANSYS 5.2
SEP 18 1997
16:46:36
PLOT NO. 1
DISPLACEMENT
STEP=1
SUB =5
TIME=1
RSYS=0
DMX =2.083

DSCA=21.605
ZV =1
DIST=499.089
XF =450.102
YF =49.328
Y CENTROID HIDDEN
Z X

Figura 6.2.5 - Deformada do pórtico (a = 20) - combinação normal de ações

Utilizando-se as recomendações da ABNT NBR 8800:1986 resulta:


 pilar: R = 0,85

E =0,88 (Cm = 0,85) ou E = 1,0 (Cm = 1)

sendo:
Nd Md
R  
N Rd M Rd

com NRd = Agfy /a


e

Nd Cm Md
E  
N Rd  Nd 
1   M Rd
 0,73 N e 

com NRd =  Agfy /a


MRd foi determinado levando-se em conta a instabilidde lateral, com Cb = 1.

 viga continuamente travada: MRd = 33 725 kN/cm2


(Md / MRd = 0,6)
 viga travada no meio do vão (Cb = 1): MRd = 21 206 kN/cm2

(Md vão/ MRd vão = 0,95)


111

6.2.2 CÁLCULO DOS ESFORÇOS A ALTAS TEMPERATURAS

(COMBINAÇÃO EXCEPCIONAL DE AÇÕES)

6.2.2.1 Pórtico dentro do compartimento em chamas

Os esforços solicitantes, reações de apoio e deslocamentos do pórtico, para


combinação excepcional de ações, foram determinados admitindo-se:

1- linearidade geométrica (sem imperfeição inicial), não linearidade do material e


efeito das deformações térmicas (Tabela 6.2.2)

2- não linearidade geométrica, imperfeição inicial de 300/500 cm, não linearidade


do material e efeito das deformações térmicas (Tabela 6.2.3 e Figs. 6.2.6 e 6.2.7)

Tabela 6.2.2 - Linearidade Geométrica - combinação excepcional de ações


 M1 M2 M3 Y1 X1 ux uy
(C) (kN cm) (kN cm) (kN cm) (kN) (kN) (cm) (cm)
20 5971 12319 11981 275,4 60,96 0,02* -0,04*
0,02** -1,2***
500 18340 17200 7151 266,2 124,7 -3,0* 1,9*
3,0** 1,9***
600 10874 12649 11651 275,4 78,1 –3,6* 2,0*
3,7** -6,0***
619 9965 12176 12124 275,4 73,8 -4,0* 1,9*
4,0** -11,1***
623 9767 12048 12262 275,2 72,7 -4,0* 1,8*
4,0** -13,0***
* topo do pilar esquerdo **topo do pilar direito ***meio do vão da viga
112

Tabela 6.2.3 - Não linearidade geométrica - combinação excepcional de ações


 M1 M2 M3 Y1 X1 ux uy
(C) (kN cm) (kN cm) (kN cm) (kN) (kN) (cm) (cm)
20 6080 12401 12037 275,6 61,1 -0,1* -0,04*
0,1** -1,3***
200 19890 17672 6747 275,5 123,7 - 1,1* 0,7*
1,1** 0,2***
300 21625 19039 5382 265,2 133,3 -1,7* 1,1*
1,7** 1,2***
400 20738 18661 5772 269,3 131,5 -2,4* 1,5*
2,3** 1,6***
500 18374 17251 7246 266,4 121,7 -3,0* 1,8*
3,0** 1,9***
550 14659 14703 9871 270,0 98,1 -3,4* 2,0*
3,2** 2,0***
575 12768 13600 11090 275,6 84,2 -3,5* 2,0*
3,2** -2,0***
600 10995 12848 12164 275,5 75,7 -3,8* 1,9*
3,5** -7,2***
610 10553 12652 12529 275,5 73,5 -3,9* 1,9*
3,5** -10,2***
618 10152 12413 12963 275,1 71,6 -4,0* 1,7*
3,5** -14,3***
619 10099 12340 13088 275,3 71,1 -4,1* 1,7*
3,5** -15,3***
600# 10850 12783 12163 275,4 75,7
* topo do pilar esquerdo **topo do pilar direito ***meio do vão da viga # sem imperfeição inicial
113

1 ANSYS 5.2
SEP 16 1997
17:22:47
PLOT NO. 1
LINE STRESS
STEP=1
SUB =5
TIME=1
M1 M22
MAX =12401
ELEM=20
-12037
-9322
-6606
-3891
Y -1176
1540
Z X 4255
6970
9686
12401

Figura 6.2.6a a = 20 C

1 ANSYS 5.2
SEP 16 1997
17:34:41
PLOT NO. 1
LINE STRESS
STEP=1
SUB =5
TIME=1
M1 M22
MAX =17672
ELEM=20
-19890
-15716
-11543
-7369
Y -3196
977.546
Z X 5151
9325
13498
17672

Figura 6.2.6b a = 200 C


114

1 ANSYS 5.2
SEP 16 1997
17:49:36
PLOT NO. 1
LINE STRESS
STEP=1
SUB =5
TIME=1
M1 M22
MAX =19039
ELEM=1
-21625
-17107
-12589
-8070
Y -3552
965.966
Z X 5484
10002
14521
19039

Figura 6.2.6c a = 300 C

1 ANSYS 5.2
SEP 16 1997
17:57:45
PLOT NO. 1
LINE STRESS
STEP=1
SUB =5
TIME=1
M1 M22
MAX =18661
ELEM=1
-20738
-16361
-11983
-7605
Y -3228
1150
Z X 5528
9905
14283
18661

Figura 6.2.6d a = 400 C


115

1 ANSYS 5.2
SEP 16 1997
18:01:53
PLOT NO. 1
LINE STRESS
STEP=1
SUB =5
TIME=1
M1 M22
MAX =17251
ELEM=1
-18374
-14416
-10457
-6499
Y -2541
1418
Z X 5376
9334
13293
17251

Figura 6.2.6e a = 500 C

1 ANSYS 5.2
SEP 16 1997
18:41:43
PLOT NO. 1
LINE STRESS
STEP=1
SUB =11
TIME=1
M1 M22
MAX =12340
ELEM=1
-13088
-10262
-7437
-4612
Y -1787
1039
Z X 3864
6689
9515
12340

Figura 6.2.6f a = 619 C


116

1 ANSYS 5.2 1 ANSYS 5.2


AUG 30 1997 AUG 30 1997
18:09:02 18:14:08
PLOT NO. 1 PLOT NO. 1
DISPLACEMENT DISPLACEMENT
STEP=1 STEP=1
SUB =5 SUB =5
TIME=1 TIME=1
RSYS=0 RSYS=0
DMX =1.261 DMX =1.31

DSCA=35.72 DSCA=34.363
ZV =1 ZV =1
DIST=499.12 DIST=536.437
XF =449.49 XF =449.08
YF =49.286 YF =62.165
Y CENTROID HIDDEN Y CENTROID HIDDEN
Z X Z X

Figura 6.2.7a a = 20 C Figura 6.2.7b a = 200 C

1 ANSYS 5.2 1 ANSYS 5.2


AUG 30 1997 AUG 30 1997
18:17:45 11:33:06
PLOT NO. 1 PLOT NO. 1
DISPLACEMENT DISPLACEMENT
STEP=1 STEP=1
SUB =5 SUB =5
TIME=1 TIME=1
RSYS=0 RSYS=0
DMX =2.056 DMX =3.54

DSCA=21.899 DSCA=12.72
ZV =1 ZV =1
DIST=536.389 DIST=536.536
XF =448.966 XF =448.696
YF =63.137 YF =61.809
Y CENTROID HIDDEN Y CENTROID HIDDEN
Z X Z X

Figura 6.2.7c a = 300 C Figura 6.2.7d a = 500 C

1 ANSYS 5.2 1 ANSYS 5.2


AUG 30 1997 AUG 30 1997
11:51:45 12:28:03
PLOT NO. 1 PLOT NO. 1
DISPLACEMENT DISPLACEMENT
STEP=1 STEP=1
SUB =6 SUB =11
TIME=1 TIME=1
RSYS=0 RSYS=0
DMX =7.206 DMX =15.258

DSCA=6.249 DSCA=2.951
ZV =1 ZV =1
DIST=519.815 DIST=507.275
XF =448.45 XF =448.616
YF =56.068 YF =52.606
Y Y CENTROID HIDDEN
CENTROID HIDDEN
Z X Z X

Figura 6.2.7e a = 600 C Figura 6.2.7f a = 619 C


117

As Figs. 6.2.8 a 6.2.15 apresentam a variação dos momentos fletores, das reações
máximas nos apoios e dos deslocamentos em função da temperatura.

25000

mom. fletor - M1
20000 não -lin.

(kNcm)
15000 lin.g eo m.
t emp .amb .
10000
5000
0 200 400 600

temperatura

Figura 6.2.8 - variação do momento fletor M1 em função da temperatura

O momento fletor M1 cresce com a temperatura, devido à dilatação da viga e


depois decresce devido à redução de rigidez do pilar. Essa redução de M1 deve-se
também à deformação da viga, conforme já comentado na seção 6.1.2, porém a flecha
da deformada, nesse caso, é bem menor do que a encontrada em vigas isostáticas.

25000
mom. fletor - M2

20000 não -lin.


(kNcm)

lin.g eo m.
15000 temp .amb .

10000
0 200 400 600

temperatura

Figura 6.2.9 - variação do momento fletor M2 em função da temperatura


O momento fletor M2 cresce com a temperatura, devido à dilatação da viga e
depois decresce devido à redução de rigidez do pilar. Essa redução deve-se também à
deformação da viga.
118

mom. fletor - M3
20000
não -lin.

(kNcm)
15000 lin.g eo m.
temp .amb .
10000

5000
0 200 400 600

temperatura

Figura 6.2.10 - variação do momento fletor M3 em função da temperatura


O momento fletor M3 decresce quando M2 cresce e vice-versa.

450
reação vert. máx.

400
não -lin.
350
(kN)

lin.g eo m.
300 t emp .amb .
250
200
0 200 400 600

temperatura

Figura 6.2.11 - variação da reação vertical em função da temperatura


A reação vertical permanece praticamente invariável com a temperatura

140
reação horiz. máx.

120 não -lin.


(kN)

100 lin.g eo m.
t emp .amb .
80
60
0 200 400 600

temperatura

Figura 6.2.12 - variação da reação horizontal em função da temperatura

A reação horizontal cresce com a temperatura, devido à dilatação da viga e depois


decresce devido à redução de rigidez do pilar. Essa redução deve-se também à
deformação da viga.
119

desloc. meio do vão da


0

viga (cm)
0 200 400 600 não-lin.
-5
lin.geom.
-10

-15

temperatura

Figura 6.2.13 - variação da flecha em função da temperatura

O ponto médio do eixo da viga desloca-se no sentido ascendente, pois a dilatação


dos pilares é, para baixas temperaturas, maior do que a flecha da deformada da viga. A
partir de uma determinada temperatura, o sentido torna-se descendente, acompanhando
o crescimento da flecha devido à baixa rigidez à flexão da viga, em relação à rigidez a
deformação axial dos pilares. A flecha máxima (~/60) é bem menor do que a
encontrada para vigas simplesmente apoiadas (~/20).

2
desloc. vertical topo do

1,5
pilar (cm)

não -lin.
1
lin.g eo m.
0,5
0
-0,5 0 200 400 600

temperatura

Figura 6.2.14 - variação do deslocamento vertical em função da temperatura

O deslocamento vertical da extremidade superior do pilar é ascendente e


praticamente linear, acompanhando a dilatação do pilar. A partir de determinada
temperatura a deformação axial por compressão do pilar, tendo em vista a redução de
rigidez, supera a dilatação.
120

desloc. horiz. topo do


5
4

pilar (cm)
3 não -lin.
2 lin.g eo m.

1
0
0 200 400 600

temperatura

Figura 6.2.15 - variação do deslocamento horizontal em função da


temperatura
O deslocamento horizontal da extremidade superior do pilar é praticamente linear
acompanhando a dilatação da viga.

6.2.2.2 Pilares fora do compartimento em chamas

Neste item será estudado o caso em que os pilares do pórtico estão fora do
ambiente em chamas, por exemplo, pilares externos ao edifício protegidos por parede
cega.

Os esforços solicitantes, reações de apoio e deslocamentos do pórtico, admitindo-


se: combinação excepcional de ações, não linearidade geométrica, imperfeição inicial
de 300/500 cm, não linearidade do material e efeito das deformações térmicas são
apresentados na Tabela 6.2.4 e nas Figs. 6.2.16 a 6.2.22

Tabela 6.2.4 - Pilares fora do compartimento em chamas


121

 M1 M2 M3 Y1 X1 ux uy
(C) (kN cm) (kN cm) (kN cm) (kN) (kN) (cm) (cm)

20 6080 12401 12037 275,6 61,1 -0,1* -0,04*


0,1** 1,26***
200 22360 18341 6061 275,5 134,1 - 1,1* -0,04*
1,1** -0,40***
300 30099 20588 3624 263,8 158 -1,7* -0,05*
1,7** 0,05***
350 31401 21015 32033 266,3 160,6 -2,0* -0,06*
2,0** 0,15***
400 31701 20972 3326 273,2 160,2 -2,4* -0,06*
2,3** 0,16***
450 31848 20769 3545 276 162,8 -2,7* -0,07*
2,6** 0,15***
500 31911 20146 4137 276,4 163,7 -3,0* -0,08*
2,9** -0,10***
550 32105 17903 6556 275.6 163,2 -3,3* -0,08*
3,1** -0,63***
600 31991 15631 9250 275,6 155 -3,5* -0,09*
3,2** -3,68***
630 31998 14802 11067 275,5 152,2 -3,6* -0,09*
2,8** -11,13***
* topo do pilar esquerdo **topo do pilar direito *** meio do vão da viga

40000
mom. fletor - M1

30000
(kNcm)

em incênd io
20000
temp .amb .
10000

0
0 200 400 600
temperatura

Figura 6.2.16 - variação do momento fletor M1 em função da temperatura


122

O momento fletor M1 cresce com a temperatura, devido à dilatação da viga e por


não ter redução de rigidez, estabiliza em um valor bem mais alto do que aquele
encontrado à temperatura ambiente ou à situação dos pilares dentro do compartimento
em chamas.

24000
mom. fletor - M2
(kNcm) 20000
em incênd io

16000 t emp .amb .

12000
0 200 400 600

temperatura

Figura 6.2.17 - variação do momento fletor M2 em função da temperatura


O momento fletor M2 cresce com a temperatura devido à dilatação da viga e
posteriormente decresce devido à redução de X1 (reação horizontal).
mom. fletor - M3

20000
15000
(kNcm)

em incênd io
10000 temp .amb .
5000
0
0 200 400 600

temperatura

Figura 6.2.18 - variação do momento fletor M3 em função da temperatura


O momento fletor M3 decresce quando M2 cresce e vice-versa.

200
reação horizontal máx.

150
em incênd io
100
(kN)

temp .amb .
50
0
0 200 400 600

temperatura

Figura 6.2.19 - variação da reação horizontal em função da temperatura


123

A reação horizontal cresce com a temperatura, devido à dilatação da viga. Segue-


se uma ligeira redução devida à deformação da viga.

500

reação vertical máx.


400
300

(cm)
em incênd io
200 temp .amb .
100
0
0 200 400 600

temperatura

Figura 6.2.20 - variação da reação vertical em função da temperatura


A reação vertical permanece praticamente invariável com a temperatura
desloc. horiz. topo do

4
3
pilar (cm)

2
1
0
0 200 400 600

temperatura

Figura 6.2.21 - variação do deslocamento horizontal em função da


temperatura
O deslocamento horizontal da extremidade superior do pilar é praticamente linear
acompanhando a dilatação da viga.

5
desloc. meio do vão da

0
viga (cm)

0 200 400 600


-5

-10

-15

temperatura

Figura 6.2.22 - variação da flecha em função da temperatura


O ponto médio do eixo da viga desloca-se no sentido ascendente, pois a dilatação
dos pilares é, para baixas temperaturas, maior do que a flecha da deformada da viga. A
partir de uma determinada temperatura, o sentido torna-se descendente, acompanhando
124

o crescimento da flecha, devido à baixa rigidez à flexão da viga em relação à rigidez a


deformação axial dos pilares. A flecha máxima (~/80) é bem menor do que a
encontrada para vigas simplesmente apoiadas (~/20) e menor do que a calculada para o
caso dos pilares imersos nos gases quentes (~/60).

6.2.3 DETERMINAÇÃO DA TEMPERATURA CRÍTICA

A temperatura crítica será determinada de duas maneiras:

a) pelo método simplificado, admitindo-se os esforços solicitantes atuantes,


determinados a partir da combinação excepcional de ações, invariantes com a
temperatura.

b) considerando-se os esforços solicitantes atuantes variáveis com a temperatura


(efeito das deformações térmicas), por intermédio do programa não linear (seção 6.2.2.1
e 6.2.2.2).

O elemento finito de barra “beam 24” do programa ANSYS, utilizado para a


análise não linear do pórtico, leva em conta a resistência do material, conforme o
diagrama tensão-deformação (variável com a temperatura) fornecido e a possibilidade
de instabilidade por flexão, porém admite que não ocorra instabilidade lateral (flexo-
torção) ou instabilidade local até o colapso plástico.

Observando-se o diagrama de momentos fletores ao longo do eixo do pilar (Fig.


6.2.6), infere-se que é reduzida a possibilidade de ocorrência da instabilidade lateral.
Conforme o AISC (1993), adaptado à situação em estudo, por exemplo, tem-se:
M x, Rd , fi,  = ky, Mp. A instabilidade lateral da viga será levada em conta por

intermédio das mesmas expressões do método simplificado.


A instabilidade local pode ser impedida (regime elástico e elastoplástico)
limitando-se a esbeltez das chapas componentes do perfil, conforme recomendações da
ABNT NBR 8800:1986, adaptada a situação de incêndio.
A capacidade de redistribuição dos momentos fletores é o aspecto que deve ser
mais bem analisado. Conforme a ABNT NBR 8800:1986, para que seja possível a
redistribuição de momentos, o elemento estrutural deve ser de “classe 1”, exigindo uma
125

espessura de chapa, normalmente não utilizada em projetos (principalmente para vigas).


Porém, para temperaturas inferiores àquela que determina a formação da segunda rótula
plástica (Fig. 6.2.23) na barra, essa restrição deve se tornar mais branda. Neste trabalho
vai-se admitir que a estrutura tenha capacidade de redistribuição dos esforços, porém,
estudos mais aprofundados devem ser desenvolvidos.

Diagrama tensão-deformação do aço AST M A-36 (585 o C)

15

10
tensão

 = 0,71 fy,
5
 = 0,0079
0
0 0,05 0,1 0,15 0,2

deformação linear específica

Figura 6.2.23 - Tensão atuante e deformação linear específica na seção mais


solicitada do pórtico, para a cr calculada por meio do método simplificado

6.2.3.1 Pórtico dentro do compartimento em chamas

6.2.3.1.1 Pilares

Dados de entrada para a determinação da temperatura crítica conforme o método


simplificado, descrito na seção 5:

Nd,fi = 275,6 kN
Mx,d,fi = 12 401 kN cm
y= 150cm (ou 300cm), ky =1
x = 300cm, kx=1,4 (sendo kx calculado, conforme ABNT NBR 8800:1986, para a
relação de rigidezes pilar/viga à a =20C)
fy = 25 kN/cm2
E = 20 500 kN/cm2
r = 11,5 kN/cm2
a,fi = 1
Cb = 1
126

 (curva c) = 0,384
Para determinação de E (linear. geom.):  = 1/(1-Nd/Ncr)
Cm = 0,85
Para determinação de E,NLG (não linear. geom.):  = 1
Cm = 0,4

Para pilar com travamento central, isto é, y = 150 cm e admitindo-se a = 585C


(ky, = 0,517, kE, = 0,354), resulta:
p = 223 cm
r = 1029 cm
ky, Mp = 16 576 kN cm
ky, Mr = 8 052 kN cm
Mx,Rd,fi, = 16 575 kN cm
Nx,Rd,fi, = 1 147 kN
Ny,Rd,fi, = 1 115 kN (y = 28,  = 0,88)
Nex,fi, = 7 151
R (exp. 5.1.10) = 1,00
E (exp. 5.1.11a) = 0,96
E,NLG (exp. 5.1.11b) = 0,60

Para pilar sem travamento, isto é, y = 300 cm e admitindo-se a = 550 C (ky, =


0,625, kE, = 0,455), resulta:
p = 230 cm
r = 1056 cm
ky, Mp = 20 058 kN cm
ky, Mr = 9 744 kN cm
Mx,Rd,fi, = 16 014 kN cm
Nx,Rd,fi, = 13 58 kN
Ny,Rd,fi, = 1 109 kN (y = 56,  = 0,70)
Nex,fi, = 9 191
R = 0,98
127

E = 0,98
E,NLG = 0,61

Assim sendo, pelo método simplificado tem-se:


 pilar sem travamento: cr = 550 C
 pilar com travamento central: cr = 585 C
A temperatura crítica, determinada via programa não linear, foi de cr = 619 C.

Conclui-se, portanto, que o método simplificado, desconsiderando-se as


deformações térmicas axiais, conduz, para o exemplo estudado, a resultados
satisfatórios.

6.2.3.1.2 Viga continuamente travada (mesa superior)

A temperatura crítica determinada por intermédio do método simplificado,


considerando-se os esforços solicitantes invariantes com a temperatura, vale:
cr = 630 C (Md / MRd (nó) = 1,0, b = 134 cm)
Obs.: cr = 640 C (Md / MRd (nó) = 1,0), não se considerando a instabilidade
lateral do trecho da viga junto ao nó, devido ao travamento da mesa tracionada.
A temperatura crítica, determinada via programa não linear, foi de cr = 619 C.
Apesar de o programa não considerar a possibilidade de instabilidade lateral, pode-se
constatar observando-se a Tabela 6.2.5, que esse fenômeno não ocorre no exemplo
estudado. A Tabela 6.2.5 foi construída a partir dos esforços solicitantes a altas
temperaturas calculados via análise não linear (Tabela 6.2.3).

Tabela 6.2.5 - Viga continuamente travada


128

 Md,fi / MRd,fi, (vão) Md,fi / Mrd,fi, (nó) b


(C) (Cb = 1,75) (cm)
(*) (**)
300 0,14 (0,14) 0,75 239
500 0,25 (0,19) 0,81 205
600 0,68 (0,49) 0,88 136
619 0,82 (0,58) 0,93 127
*os valores entre parêntesis foram calculados considerando a existência de laje sobre a mesa comprimida
(2=1 e 1=1,4, MRd,fi,  Zx fy,)
** fora da região plástica (1 = 2 =1)

A determinação da temperatura crítica dos elementos estruturais, via método


simplificado, pode resultar, como foi o caso do exemplo estudado, valores diferentes
para elementos pertencentes ao mesmo subconjunto estrutural.
Deve-se evitar, no entanto, cr,viga > cr,pilar, salvo análise mais precisa
(recalculando-se o pilar para os esforços adicionais) ou na situação em que haja laje
sobre a viga capaz de restringir a deformação axial.

6.2.3.1.3 Viga com travamento no meio do vão

A temperatura crítica determinada por meio do método simplificado, vale:


cr = 550 C (Md / MRd (vão) = 1,0, Cb =1,33, b = 450 cm)
Obs.:  = 580 C (Md / MRd (nó) = 1,0, Cb = 2,3, b = 450 cm)
A máxima temperatura encontrada via programa não linear foi a = 619 C.
Tendo em vista que o programa não considera a possibilidade de instabilidade lateral, a
Tabela 6.2.6 foi construída a partir dos esforços solicitantes à altas temperaturas
calculados via análise não linear (Tabela 6.2.3) e o momento fletor resistente de cálculo
foi determinado, simplificadamente, pelas mesmas expressões apresentadas na seção 5.
Admitiu-se que não haja laje sobre a viga.

Tabela 6.2.6 - Viga com travamento no meio do vão


129

 Md,fi / MRd,fi, Md,fi / MRd,fi, Cb**


(C) (vão) (nó)
(Cb = 1,33*)
300 0,31 0,80 2,07
500 0,47 0,92 2,24
550 0,82 0,99 (0,97) 2,3 (2,5#)
575 1,08 1,05 (1,03) 2,3 (2,5#)
* SILVA (1992)
** Cb foi calculado admitindo-se um diagrama linear unindo os momentos no nó do pórtico e no meio do vão da viga
# SALVADORI (1956)

Assim sendo, conclui-se que o método simplificado, desconsiderando-se as


deformações térmicas axiais, conduz, para o exemplo estudado, a resultados
satisfatórios.

6.2.3.2 Pilares fora do ambiente em chamas

O método simplificado não permite a verificação da segurança de pilares externos


ao compartimento em chamas e não expostos ao fogo. A temperatura crítica da viga
determinada por meio do método simplificado é evidentemente a mesma já calculada
nas seções anteriores.
A temperatura crítica, determinada via programa não linear, foi de cr = 630 C,
porém considerando-se o fenômeno da instabilidade lateral da viga encontram-se
valores inferiores aos determinados por meio do método simplificado (Tab. 6.2.7).

Tabela 6.2.7 - Pilares fora do ambiente em chamas


130

Md,fi / MRd,fi, (nó)

 viga com viga c/ travam.


(C) travam. central contínuo
Cb = 1,75
350 0,93 -

400 0,95 -

450 1,04 -

500 1,13 0,93 (b=264cm)

550 1,28* 0,99 (b=217cm)

600 1,48 1,25 (b=175cm)

* adotando-se Cb = 1,04 e Kb = 0,5*450cm esse valor resulta 1,14

6.2.3.3 Resumo dos resultados

Os valores de temperatura crítica determinados nas seções anteriores são


resumidos na Tabela 6.2.8.

Tabela 6.2.8 – Resumo de resultados


temperatura crítica cr (C)
pilar viga
dentro do pilar dentro do pilar fora da ação do
compartimento* compartimento fogo
travam. sem travam. travam. travam. travam.
central travam. cont. central contínuo. central
mét. simpl. 585 550 630** 550 630**,* 550
efeito n- 619 619 619 568 550 450
lin.
def.térm.
* não é possível determinar a temperatura crítica para pilares fora da ação do fogo, pelo método simplificado.
** caso não haja restrição à def. axial, utilizar cr,viga  cr,pilar
131

Assim sendo conclui-se que:


Para a situação dos pilares dentro do ambiente em chamas, o método simplificado,
desconsiderando-se as deformações térmicas axiais conduz a valores favoráveis à
segurança.
Para a situação dos pilares fora da ação do incêndio, o método simplificado não
permite calcular os pilares e pode resultar valores contra a segurança para as vigas.

6.2.4 INFLUÊNCIA DO GRADIENTE DE TEMPERATURA AO LONGO


DA ALTURA DA SEÇÃO TRANSVERSAL DO PERFIL

6.2.4.1 Viga biengastada

1
2

Figura 6.2.3 - viga biengastada sujeita a gradiente de temperatura

A viga biengastada estudada nesta seção tem as seguintes dimensões:


d = 50 cm ; bf = 16 cm ; tf = 1,25 cm ; tw = 0,95 cm ;  = 900 cm
e está sujeita apenas a um gradiente de temperatura a longo da sua altura (Figs.
6.2.23) sendo 2 > 1.
O momento fletor para essa situação é constante, tracionando as fibras submetidas
a menores temperaturas. As deformações lineares específicas devidas às tensões
provocadas pelos momentos fletores são, em módulo, iguais às deformações térmicas,
porém de sinais diferentes, assim sendo não há deformação da viga.

6.2.4.1.1 Materiais elástico-lineares

Para materiais elástico-lineares (Fig. 6.2.24) o momento fletor vale:


E I    2  1 
M =
d
132

Para a viga com as dimensões citadas, E = 20500 kN/cm2, 1 = 20 C e 2 = 220


C tem-se: M = 37973 kN cm (Fig. 6.2.25)

1 ANSYS 5.2
SEP 23 1997
08:52:58
PLOT NO. 1
LINE STRESS
STEP=1


SUB =6
TIME=1
M1 M22
MAX =37973
ELEM=1
Y 37973
Z X 37973

E

Figura 6.2.24 - material elástico-linear Figura 6.2.25 - momento fletor


devido ao gradiente de temperatura

6.2.4.1.2 Materiais elastoplásticos

fy

E

1

Figura 6.2.26 - material elastoplástico

Para materiais elastoplásticos (Fig. 6.2.26) e com os mesmos dados do item


anterior o momento fletor vale: 13 320 kN cm
133

6.2.4.1.3 Materiais com diagrama elastoplástico variável com a temperatura

fy
1  2

E1 E2 E

1 2 

Figura 6.2.27 - material elastoplástico com diagrama  x  variável com a


temperatura

Para materiais elastoplásticos com diagrama tensão-deformação variando com a


temperatura (Fig. 6.2.27), os momentos fletores e a normal, calculados com 1 = 20 C e
2 = 220 C, são apresentados na Tab. 6.2.12 em função de E2/E1 .

Tabela 6.2.12
E2 / E1 M (kN cm) N (kN)
1 13320
0,88 10265 1438
0,6 8219 1374
Como se observa na Tabela 6.2.12, o momento fletor reduz-se para materiais
menos rígidos. No caso de altas temperaturas os diagramas tensão-deformação são não
lineares e os momentos fletores serão mais baixos. Por exemplo, para uma viga com as
dimensões indicadas, 1 = 400 C e 2 = 600 C o momento fletor vale 6646 kN cm.

6.2.4.2 Pórtico

Apresenta-se na Tab. 6.2.13 os valores dos momentos fletores e das reações de


apoio máximas do mesmo pórtico (dimensões e carregamento) estudado na seção 6.2.2.,
sujeito a diversas situações térmicas, sendo:
134

M1 - momento na base do pilar


M2 - momento no nó do pórtico
M3 - momento máximo no vão da viga
“1/2” - gradiente de temperatura ao longo da altura da seção transversal do perfil
(viga ou pilar), em que 2 é a temperatura da mesa mais próxima dos gases quentes

Tabela 6.2.13 - Pórtico


situação  (C)  (C) M1 M2 M3 Reação
viga pilar (kN cm) (kN cm) (kN cm) vert. máx.
(kN)
1 20 20 6080 12401 12037 275,6
2 600 600 10995 12848 12164 275,5
3 400/600 600 11059 13789 11240 274,1
4* 500/700 600 7776 13201 12122 275,4
5 600 20 31991 15631 9250 275,6
6 400/600 20 31905 22485 2504 273,6
7** 400/600 20 7773 21055 3657 275,4
8 600 200/600 -3889 14588 9892 275,9
9 400/600 200/600 -2179 16755 7932 275,0
*Considerou-se TREF (temperatura de referência) = 600 C a fim de minimizar a deformação
axial de origem térmica da viga. O máximo deslocamento horizontal foi menor do que um vigésimo do
encontrado com TREF = 20.
** Considerou-se TREF (temperatura de referência) = 500 C a fim de minimizar a deformação
axial de origem térmica da viga. O máximo deslocamento horizontal foi menor do que um décimo do
encontrado com TREF = 20.

O diagrama de momentos fletores para a situação “8” da Tab. 6.12.13 é


apresentado na Fig.6.2.28.
135

1 ANSYS 5.2
SEP 16 1997
10:05:49
PLOT NO. 1
LINE STRESS
STEP=1
SUB =9
TIME=1
M1 M22
MAX =14588
ELEM=1

ZV =1
*DIST=679.465
XF =449.7
Y YF =50
CENTROID HIDDEN
Z X -9892
-7172
-4452
-1732
987.984
3708
6428
9148
11868
14588

Fig. 6.2.28 - Diagrama de momentos fletores do pórtico sujeito a carregamento


vertical (seção 6.2.2) e altas temperaturas (viga a= 600 C e pilar a = 200/600 C)

Tendo em vista que:


O gradiente de temperatura ocorre em vigas sob laje de concreto, havendo assim
restrição parcial ou total à deformação axial de origem térmica;
O máximo momento fletor, na viga, ocorre junto ao apoio, em que há travamento
da mesa tracionada;
A variação de temperatura adotada é superior à encontrada nos ensaios.
Conclui-se que, para este exemplo, o efeito do gradiente de temperatura ao longo
da altura do perfil não provoca riscos à segurança estrutural8.

8
O Dr. Kruppa, um dos autores do Eurocode, em correspondência ao autor desta Tese, informou
que a consideração do gradiente de temperatura é importante para as estruturas de concreto e “talvez”
para as estruturas mistas, sendo desprezáveis para as estruturas metálicas. Novos esclarecimentos serão
pedidos aos autores do Eurocode.
136

7 CONCLUSÕES

O aço tem a resistência e o módulo de elasticidade reduzido com o aumento da


temperatura.
Nesta Tese estudou-se o comportamento das estruturas de aço submetidas a altas
temperaturas e apresentaram-se métodos para a determinação da ação térmica e o seu
efeito, o aumento da temperatura nas estruturas. Recomendou-se um método
simplificado para o dimensionamento dos elementos estruturais de aço, em situação de
incêndio e analisou-se o efeito das deformações térmicas, considerando-se a não
linearidade geométrica e o comportamento não linear do material. As principais
conclusões deste trabalho são apresentadas a seguir.
A principal característica do incêndio, para a análise estrutural, é a curva
temperatura-tempo dos gases quentes no compartimento em chamas. A curva,
denominada curva natural, possui um ramo ascendente e após a extinção do material
combustível, um ramo descendente e pode ser determinada a partir dos valores da carga
de incêndio, do grau de ventilação e das características dos elementos de vedação do
compartimento.
Por simplicidade, pode-se modelar um incêndio, por meio de uma curva
logarítmica (sem ramo descendente), denominada curva-padrão, normalmente utilizada
para ensaios de resistência ao fogo de materiais de revestimentos contra fogo, de
elementos de vedação, de portas corta fogo etc., em fornos de institutos de pesquisa.

A temperatura da estrutura, sem revestimento contra fogo, pode ser determinada a


partir da curva temperatura-tempo do incêndio e do fator de massividade (relação entre
a área exposta ao fogo e o volume do elemento estrutural), conforme expressão
deduzida na seção 2.2.1 desta Tese.
Na seção 2.2.2 deduziu-se uma expressão para o cálculo da temperatura no
elemento estrutural revestido contra fogo, que fornece resultados similares aos
137

calculados por intermédio da expressão recomendada pelo Eurocode e mais econômicos


do que os calculados por meio da tradicional expressão deduzida por Pettersson.
Admitindo-se constante a temperatura dos gases em todo o volume do
compartimento em chamas e as demais hipóteses elencadas nas seções 2.1.3.4 e 2.2,
pôde-se concluir, com auxílio de um programa de computador desenvolvido pelo autor
que:
 A temperatura máxima de um incêndio se eleva com o aumento da carga de
incêndio ou com o aumento do grau de ventilação.
 A duração de um incêndio cresce com o aumento da carga de incêndio e
diminui com o aumento do grau de ventilação.
 O tempo em que ocorre a máxima temperatura na estrutura de aço aumenta
com a carga de incêndio, diminui com o aumento do grau de ventilação e pouco
depende do fator de massividade.
 A temperatura máxima na estrutura de aço, durante um incêndio, se eleva com
o aumento do grau de ventilação (v), desde que simultaneamente os valores do fator de
massividade (F) e da carga de incêndio específica (qfi) sejam altos (F  200 m-1 e
qfi  150 MJ/m2 de área total). Para valores baixos de F ou qfi a temperatura máxima no
aço pode se elevar ou diminuir dependendo de F, qfi e v.

O método do tempo equivalente, maneira prática de determinação da


temperatura para o dimensionamento dos elementos estruturais, recomendado pelo
Eurocode 1 e DIN 18230, não é adequado a estruturas de aço sem revestimento contra
fogo, segundo pesquisa em andamento na Europa. Como contribuição à pesquisa,
apresentou-se no ANEXO C, uma relação de valores de tempos equivalentes, em função
da carga de incêndio específica, do grau de ventilação e do fator de massividade,
calculados com o auxílio de programa de computador desenvolvido pelo autor.
O método do tempo equivalente, associado à carga de incêndio específica de
cálculo, conforme definida nesta Tese, deve ser analisado pela sociedade brasileira
visando sua normatização. Assim sendo, a temperatura para dimensionamento das
estruturas seria determinada de forma analítica e não subjetiva, em função da geometria
da edificação, do tipo de ocupação e dos meios de proteção ativa.
138

A altas temperaturas, os aços tornam-se viscosos, podendo uma barra de aço


chegar à ruína, por fluência, se mantida à tensão constante e à alta temperatura
constante. Diversos autores apresentaram resultados teóricos, com comprovação
experimental, demonstrando que o alongamento, devido à fluência, cresce para valores
que inviabilizam o uso das estruturas de aço acima de 400 C. Ocorre que esses autores
utilizaram em os seus estudos, a curva temperatura-tempo padronizada do incêndio, sem
ramo descendente. No ANEXO A considerou-se, em situações similares às estudadas
por aqueles pesquisadores, as curvas temperatura-tempo naturais de incêndio e
concluiu-se que a deformação por fluência dos aços estruturais tende a um valor limite,
com o aumento da temperatura, viabilizando-se assim o uso das estruturas de aço, em
incêndio.

As combinações de ações para os estados-limites últimos das estruturas, em


situação de incêndio, podem ser consideradas como combinações últimas excepcionais
e obtidas de acordo com a ABNT NBR 8681:1984 - Ações e segurança nas estruturas.
Na seção 4, compararam-se os resultados obtidos por meio dessa Norma Brasileira, aos
obtidos por intermédio do Eurocode, concluindo-se que são similares, exceto em
situações onde ocorram, simultaneamente, baixas cargas permanentes e altos esforços
provenientes da ação do vento.

Apresentou-se na seção 5, um método simplificado de dimensionamento,


baseado no Eurocode e adaptado às Normas Brasileiras em vigor, que considera os
esforços solicitantes, calculados a partir da combinação excepcional de ações,
invariantes com a temperatura. Na seção 6, foi analisada a influência das deformações
térmicas e das não linearidades geométrica e do material.

Da análise não linear, apresentada na seção 6.1, de uma viga biapoiada, com
restrição à deformação axial, submetida a altas temperaturas, concluiu-se que a reação
vincular horizontal é de tração, devido às grandes deformações, causando um efeito
favorável à sua resistência.
139

Da análise não linear, apresentada na seção 6.2, de um pórtico plano


deslocável, simétrico, formado por dois pilares e uma viga ligados rigidamente entre si,
submetido a altas temperaturas, concluiu-se que:
 As deformações não são suficientemente grandes para que a consideração da
não linearidade geométrica altere significativamente os resultados.
 O aumento da temperatura, até um determinado valor, provoca o aumento dos
momentos fletores nos pilares, devido à dilatação da viga, após o que, decrescem devido
à redução de rigidez dos pilares, se estiverem totalmente imersos no compartimento em
chamas. Se, no entanto, os pilares estiverem fora da ação do fogo a redução não ocorre e
o método simplificado pode conduzir a valores de cr superiores aos calculados por
métodos mais precisos.
 A temperatura crítica de uma viga, sem restrição à deformação axial, calculada
via método simplificado, não deve ser considerada maior do que a dos pilares a ela
ligados, pois poderá acarretar esforços adicionais não previstos nos pilares.
Vigas biengastadas, sujeitas apenas à variação linear de temperatura ao longo de
sua altura, não sofrem deformação, o momento fletor é constante, tracionando as fibras
com menor temperatura, diminuindo com a redução do módulo de elasticidade à alta
temperatura.
Nos exemplos estudados na seção 6.3, o efeito do gradiente de temperatura ao
longo da altura da seção transversal não foi relevante, todavia, o Eurocode recomenda
que sempre seja considerado o efeito das deformações térmicas provenientes do
gradiente de temperatura. Métodos simplificados de análise, que não levem em conta a
não linearidade do material, conduzirão a um projeto antieconômico.

Outros trabalhos precisam ser desenvolvidos a fim de facilitar o projeto estrutural,


em situação de incêndio e aprimorar o método simplificado de dimensionamento, citam-
se alguns deles:
 Determinação dos limites de aplicação dos modelos de incêndio natural
 Adequação à realidade brasileira dos coeficientes relativos à geometria da
edificação e à proteção ativa, utilizados para a determinação do valor de cálculo da
carga de incêndio específica.
140

 Determinação da ação térmica nas estruturas externas ao edifício, sujeitas ao


fogo
 Determinação da ação térmica nas estruturas pertencentes à vedação do
compartimento em chamas
 Efeito da conexão de lajes às vigas de aço (viga mista)
 Consideração da instabilidade lateral e da instabilidade local de chapas na
análise não linear das estruturas

ANEXO A - A FLUÊNCIA DOS AÇOS


ESTRUTURAIS EM INCÊNDIO

A.1 INTRODUÇÃO
141

A fluência é a característica dos materiais viscosos de se deformarem à tensão


constante.
Os aços não são materiais viscosos à temperatura ambiente, diferentemente do
concreto, cuja fluência (deformação lenta) deve ser levada em conta na análise da
deformação. A altas temperaturas, porém, os aços tornam-se viscosos e o concreto tem a
viscosidade aumentada.
Para temperaturas acima de 0,3 m, onde m é a temperatura de fusão do aço, a
fluência passa a ser considerável, sendo que uma peça de aço mantida à tensão
constante e à alta temperatura constante chegará à ruína por fluência (PETTERSSON;
MAGNUSSON; THOR (1976), BOYLE; SPENCE (1983) e THOMPSOM (1989)).
Os primeiros estudos sobre a fluência dos metais foram realizados, no campo
experimental, por Phillips em 1905 e Costa Andrade em 1910 (apud GAROFALO
(1970)). A partir de ensaios realizados em barras tracionadas a altas temperaturas, o
pesquisador britânico Andrade propôs a exp. A.1.
.
 
   0 1   t 1/ 3 e  s t (A.1)

sendo:
 0 - comprimento inicial da barra

 - comprimento final da barra


.
 s - velocidade da fluência secundária (ou a taxa de alongamento no período
secundário de fluência )
 - constante a determinar
t - tempo
Rescrevendo-se a expressão de Andrade para o cálculo do alongamento natural
(logarítmico, verdadeiro ou de Hencky) n , tem-se:
.
 n  n (  /  0 )  n ( 1   t 1/ 3 )   s t (A.2)
Neste texto, confundir-se-á o valor do alongamento natural com o valor do
alongamento técnico (ou deformação linear específica) (Fig. A.1).
142

0,15

 = / 0 - 1 ALONG.
0,10
TÉCNICO
n = n ( /0 )
ALONG.
0,05 NATURAL

0,00
0,00 0,05 0,10 0,15

/0 -1

Figura A.1 – alongamento específico

A.2 CURVA DE FLUÊNCIA DOS AÇOS

A curva da deformação linear específica por fluência dos aços, em função do


tempo, apresentada na Fig. A.2, foi proposta por Andrade (apud ODQVIST (1981)),
admitindo tensão e temperatura invariáveis no tempo.

Figura A.2 - curva de fluência  x t para tensão e temperatura constantes


Observando-se a exp. A.2 e sabendo-se que para  t1/3 < 0,5 tem-se: n (1 +  t1/3)
  t1/3, pode-se notar que a primeira parcela está associada à forma da curva no
.
período primário de fluência e a segunda (  s t ) esta associada à linearidade do período
secundário de fluência.
143

A curva de fluência  x t, proposta por Andrade, ainda é utilizada por diversos


autores, tais como: GAROFALO (1970), KRAUS (1980), LAGNEBORG (1979),
BOYLE; SPENCE (1983) e THOMPSOM (1989).
A declividade da reta ou taxa de deformação linear específica no período
secundário é crescente com o aumento da temperatura ou da tensão, como pode ser visto
no esquema indicado na Fig. A.3.

Figura A.3 - curvas de fluência  x t em função da temperatura e tensão

Em GAROFALO et al. (1961) são apresentados resultados de ensaios realizados à


temperatura constante, que relacionam os valores de t1, t2 e tr, respectivamente, o final
do período primário de fluência, o final do período secundário e o instante da ruptura
por fluência:
Para  = 10,5 kN/cm2 e  = 704 C tr  422 h
Para  = 14 kN/cm2 e  = 704 C tr  60 h
Para  = 10,5 kN/cm2 e  = 816 C tr  4,2 h
tr = 1,48 a 2,30 t2
t1 = 0,06 a 0,24 t2
Observando-se esses resultados e lembrando que durante um incêndio a curva
temperatura-tempo apresenta um ramo ascendente e outro descendente, isto é, a
temperatura na peça de aço não permanece constante, conclui-se que o estudo do
fenômeno da fluência pode ser restrito aos períodos primário e secundário.

A.3 DETERMINAÇÃO DA DEFORMAÇÃO LINEAR ESPECÍFICA POR


144

FLUÊNCIA DOS AÇOS

Diversas hipóteses foram propostas por vários autores procurando desacoplar as


variáveis t,  e , isto é:

  f ( t,  ,  )   f1 ( t) f2 ( ) f3 ( )
Citam-se a seguir algumas delas.
a) Norton (1929) (apud ODQVIST(1981))
.
 s  c  m (A.3)
sendo:
.
 s - taxa de deformação linear específica (d/dt) no período secundário de
fluência
c, m - funções dependentes unicamente de 
b) Zener e Hollomon (1944) (apud SHERBY; DORN (1952)
H
^ . R 
   (  s e ) (A.4)
onde:
H - energia de ativação da fluência em J/mol (constante para  > 0,5 m)
R - constante dos gases perfeitos = 8,31 J/mol K
 - temperatura em K
H
. R 
O termo  s e é conhecido como Z, parâmetro de Zenner-Hollomon.

c) SHERBY; DORN (1952) descobriram experimentalmente que, à tensão


constante, a curva de fluência é independente da temperatura se, ao invés do tempo (t)
for utilizado, em abcissa, o tempo compensado pela temperatura (), conforme exp. A.5,
conhecido como parâmetro de Dorn.
H

R 
  t e (A.5)
Assim sendo:
^
   (  ,  ) (A.6)
145

d
para 0
dt
Derivando-se no tempo a exp. A.6, por meio da regra da cadeia, admitindo-se
d d
0 e  0 , resulta:
dt dt
H

d d d d R 
  e
dt d dt d

Para o período secundário de fluência, tem-se:


H
d . R 
 s e = Z
d

Tendo em vista as exp. A.3 e A.4, Z é unicamente dependente de  e a curva de


fluência, em função do parâmetro de Dorn () tem o aspecto apresentado nas Fig. A.4 e
A.5.

Figura A.4 - Curva de fluência  x  Figura A.5 - Curvas de fluência  x 


para tensão constante em função da tensão aplicada

Observa-se que para o segundo período de fluência tem-se:


   0  Z  (A.7)

sendo:
0 - valor de deformação linear específica que se encontra ao prolongar a reta ()
do período secundário até o eixo dos  (vide diagrama apresentado a seguir)
146

Os ensaios de Robinson, Tietz e Dorn em 1952 e de Sherby e Dorn no mesmo ano


(SHERBY; DORN (1952)) demonstraram que H/R é constante para diversos metais e
diversas temperaturas ( > 0,5 m), portanto, para o período secundário de fluência,
tem-se:
 (  , t ,  )   0 (  )  Z( )  ( t ,  ) (A.8)

O pesquisador canadense HARMATHY (1967) sugeriu que a exp. A.8 fosse


estendida ao primeiro período de fluência por meio da exp. A.9.
  
   0 tgh    Z  (A.9)


 0

Note-se que no período secundário de fluência tgh (/0)  1 o que resulta:


   0  Z

Considerando-se, na exp. A.9, a expansão em série de Taylor da função tangente


hiperbólica até o segundo termo, ou seja:
3
  
 
   0
tgh ( )  
0 0 3

tem-se, para valores pequenos de /0:


1
  Z  3
 3  (A.10)
0  0

A partir de resultados teóricos e experimentais, HARMATHY (1967) concluiu


que a exp. A.9 pode ser utilizada também para o caso da temperatura variável no tempo,
alterando-se a expressão do tempo compensado para:
H
t 
0
R 
  e dt

Em HARMATHY;STANZAK (1970) são apresentados resultados da análise


experimental em barras de aço (69 mm de comprimento, 7 mm de diâmetro com
estricção para 4,5 mm no terço médio do comprimento) submetidas à tração (com taxas
de deformação (  ) diferentes) e a altas temperaturas
147

O pesquisador polonês SKOWRONSKI (1988) generalizou a exp. A.10 a fim de


ser utilizada também no período secundário de fluência e propõem a exp. A.11.
1
  Z 3
 3   (A.11)
0  0

onde  é um fator de correção, unicamente função da tensão .

Assim, resulta:

H 1/ 3
 
 t R  
3 Z1/ 3 
2/3
 0  0 e dt  (A.12)
 
 
ou explicitando-se os argumentos das funções:

H 1/ 3
  
 

t
 ,  ( t )   0 (  ) 3 Z( ) 1/ 3 R (t )
2/3
 e dt  ( )
 0

 

SKOWRONSKI (1988 e 1993)9, baseando-se nas experiências de Harmathy,


fornece os seguintes valores válidos para o aço ASTM A 36 e para  103 MPa:

H / R = 38 900 K

Z (  )  3,7296 108  4,70


 0 ( )  4,0708 10  6  1,75
 ( )  3,9862 10  4  1,45

Finalmente obtém-se:

9
Há uma discrepância nos valores indicados por Skowronski nesses dois trabalhos. Em
correspondência ao autor desta Tese, o prof. Skowronski esclarece os valores corretos, aqui apresentados.
148

1/ 3
 38900 
 t   ( t )  273,16 
 ( t )  1,0534 10 4  4,1833

 0 e dt

(A.13)
 

com:  em Mpa e  em C

A.4 INFLUÊNCIA DA CURVA TEMPERATURA-TEMPO (t)

A.4.1 Temperatura constante

Admitindo-se constantes a temperatura e a tensão aplicada e baseando-se na


expressão (A.13) tem-se que (t) é função de t1/3 (ou de 1/3) e, como se pode ver na fig.
A.6, as curvas (t), traçadas para  = 600 C, 650 C e 700 C e  = 5,56 kN/cm2,
aparentam a curva de fluência apresentada na Fig. A.5.

 = 700C

 = 650C

 = 600C

Figura A.6 - Diagrama  x t (temperatura constante)


LIE (1972) apresenta um diagrama demonstrando que a taxa de deformação
.
específica (  s () ) cresce rapidamente a partir de 450 C (aumenta 300 vezes entre

450 C e 500 C), SKOWRONSKI (1988 e 1993) repete a mesma informação. A partir
dessa conclusão estaria inviabilizado o uso de estruturas de aço a partir dessa
temperatura.
149

 ( (0,5 h))

Lie  ( (1 h ))

 ( (2 h ))

Figura A.7 - Diagrama  x  conforme LIE e SKOWRONSKI


(temperatura constante)
A curva “Lie” (Fig. A.7) representa a taxa de deformação específica por fluência
(secundária) calculada por LIE (1972) por intermédio da expressão:
H
. 
R 
 s  Ze
com

Z  1,23 1016 e 0,043425  e   15 kN / cm 2


.
As demais curvas (Fig. A.7) representam  calculadas a partir da exp. A.13, isto
é:
  38900 
1/ 3 
. d   t    273,16  

4
  1,0534 10  4,1833  0 e dt 
dt    
   

ou
38900
. 
3    273,16
  3,511 10 5  4,1833 e t 2 / 3

Adotou-se  = 15 kN/cm2
Nota-se que a utilização da expressão exp. A.13 altera as conclusões de LIE
(1972), pois, a altas temperaturas, a taxa de deformação específica é menor e além disso
reduz-se com o tempo.

A.4.2 Temperatura variável com o tempo


150

A.4.2.1 Temperatura variável com o tempo conforme o modelo do incêndio-


padrão

SKOWRONSKI (1988 e 1989), baseando-se em resultados teóricos e


experimentais concluiu que, a partir de 400 C, a deformação por fluência em vigas
cresce abruptamente, atingindo valores bem maiores do que as deformações elástica e
plástica, e que a temperatura crítica determinada via limitação de deformação (critério
de RYAN; ROBERTSON(1959)), incluindo a fluência, é muito menor que a calculada
via limitação de resistência (método similar àquele recomendado na seção 5 desta
Tese).
Obs.: Critério de Ryan Robertson: Temperatura crítica é aquela em que a flecha da viga

2
atinge , sendo  o vão da viga e d sua altura.
800 d

Ocorre que Skowronski adotou a curva temperatura-tempo padronizada pela


ASTM E-119, que possui tão somente ramo ascendente e para curvas (t) sempre
crescentes, encontra-se valores de tempo compensado ((t) elevados e crescentes com
a temperatura (Fig. A.8) e por consequência (t) também elevados (Figs. A.9 e A.10).
A curva tempo compensado em função da temperatura (Fig. A.8) foi construída
admitindo-se a temperatura do aço crescente com o tempo conforme a curva
padronizada recomendada pela ISO-834, isto é, ao adotar-se esta curva admite-se,
simplificadamente, que a temperatura da peça estrutural é a mesma temperatura dos
gases quentes. Os diagramas apresentados nas figuras A.9 e A.10 foram construídos
admitindo-se a tensão aplicada constante de  = 5,75 kN/cm2 que é o limite
convencional de escoamento para aços a 700 C
151

(t) = 345 log10 (8 t + 1)

Figura A.8 - Diagrama  x t


(temperatura variável conforme curva-padrão)

 = 5,75 kN/cm2
(t) = 345 log10 (8 t + 1)

Figura A.9 - Diagrama  x t


(temperatura variável conforme curva-padrão)

 = 5,75 kN/cm2
(t) = 345 log10 (8 t + 1)

Figura A.10 - Diagrama  x 


(temperatura variável conforme curva-padrão)
152

A.4.2.2 Temperatura variável com o tempo conforme o modelo do incêndio


natural
.
Admitindo-se que a curva (t), que expressa a temperatura da peça de aço em um
incêndio, possua um ramo ascendente e outro ramo descendente (incêndio natural),
encontra-se uma curva  x t assintótica a um valor máx .

máx

(t) - incêndio natural

Figura A.11 - Diagrama  x t


(temperatura variável conforme curva-natural)

Para a construção da curva ((t)) apresentada na Fig A.11, calculou-se a


temperatura a(t), a partir de programa elaborado pelo autor, com auxílio do “software
Mathematica”, em uma peça estrutural de aço com seção transversal em forma de ”I”,
com dimensões indicadas na Fig. A.12, imersa em um compartimento em chamas com
as seguintes características: grau de ventilação = 0,04 m1/2 , carga de incêndio = 80
MJ/m2 em relação à área total,  c 1160 J / m2 s1/ 2 C , sendo , c, , a

massa específica em kg/m3, o calor específico em J/kgC e a condutividade térmica em


W/mC respectivamente do material da vedação do compartimento.
153

25

1,6

0,63
50

dimensões em cm

fator de forma F = 181,5 m-1

Figura A.12
A temperatura máxima calculada do incêndio foi 735 C ocorrida aos 15 minutos
e a temperatura máxima calculada na peça foi 696 C ocorrida aos 20 minutos.
Na Fig. A.13 apresenta-se, em linha pontilhada, o diagrama a (t) e em linha
cheia, o diagrama da temperatura dos gases que envolvem as chamas do incêndio.

temperatura

tempo (min)

Figura A.13 - curva temperatura-tempo

Assim sendo, para uma situação de incêndio, a deformação específica máxima


por fluência não depende do tempo e pode ser expressa como:

 f l , max ( x )  1,0534 10 4    x   4 ,1833


 max 1 / 3
sendo  (x) a tensão na fibra mais deformada da seção transversal de abscissa x da
barra em estudo, calculada a partir do diagrama tensão-deformação do aço à
temperatura a,máx (máxima temperatura atingida pela barra durante o incêndio)
154

Portanto admitindo-se a curva  (t) com ramo ascendente e descendente, a taxa de


deformação específica não tende a valores exageradamente altos e sim a zero, o que
possibilita o cálculo e a análise do valor da flecha, viabilizando o uso de estruturas de
aço sujeitas a incêndio.
Conhecidas as características do incêndio e da peça em estudo, é possível
calcular-se a deformação específica última por fluência (fl,últ) assim denominada a
máxima deformação linear específica por fluência possível de a peça atingir sem ruína
admitindo-se que a máxima tensão atuante é a resistência convencional de escoamento
(fy,). Na Tabela A.1 apresenta-se fl,últ para alguns casos estudados. Inclui-se também o
valor da deformação linear específica calculada, para fy, e a,máx porém via curva-
padrão, podendo se notar a grande diferença entre esses valores.

Tabela A.1
grau de ventil. fator de material máx. tmáx. a,máx. fy, fl,últ fl,últ
(m1/2) forma combust. (incênd. (incênd.
(m-1) (MJ/m2) (horas) (min.) (C) (kN/cm2) natural) -padrão)
-19
0,2 125 105 5,5 10 7 600 11,75 0,0394 2,29
-17
0,1 125 105 4,1 10 12 695 5,75 0,0084 0,023
0,04 181,5 80 6,7 10-17 20 695 5,75 0,0098 0,023
-15
0,02 250 252 6,4 10 99 792 2,75 0,0021 0,0088
-11 -6
0,2 250 252 1,1 10 10 1120 0,40 9 10 0,12
155

ANEXO B - CONCRETO EM SITUAÇÃO DE


INCÊNDIO

A exposição do concreto à ação térmica (altas temperaturas) causa redução da


resistência e do módulo de elasticidade. Apresenta-se nas Figs. B.1 a B.3 os diagramas
tensão-deformação do concreto, em função da temperatura e as curvas que indicam a
redução da resistência convencional de escoamento e do módulo de deformação
longitudinal (módulo de elasticidade) devido ao aumento da temperatura. Incluem-se
nesses últimos as curvas relativas ao aço para efeito de comparação.

Diagrama tensão-deformação (CONCRETO)

1
te m pe ra tura o C

0,8
20
tensão relativa

400
0,6
500
600
0,4 700
800
0,2

0
0 0,01 0,02 0,03 0,04

deformação-linear específica

Figura B1

diagrama resistência x temperatura

1
resist. escoaento relativa

resist.esc. conv. aços


0,8
resist. esc.conv. concreto
0,6
0,4 resist. conv. conc.(  = 0,005)
0,2
0
0 200 400 600 800 1000 1200
temperatura

Figura B2
156

módulo de elásticidade
1

mod. elast. relativo


0,75
aço
0,5

0,25
concreto
0
0 400 800 1200
temperatura

Figura B3

A segurança estrutural, em situação de incêndio, dos elementos de concreto pode


ser verificada levando-se em conta a ação térmica.
Há normas para estruturas de concreto, que simplificam esse procedimento
recomendando valores mínimos para o cobrimento da armadura e para as dimensões das
peças estruturais.
Por exemplo, a ABNT NBR 5627: 1980 recomenda, para uma resistência de duas
horas de fogo das peças sem revestimento:
cobrimento dos pilares: 45 mm
cobrimento de lajes: 20 mm a 45 mm
cobrimento de vigas: 40 mm a 65 mm
Os valores dos cobrimentos recomendados pela ANT NBR 5627:1980 (similares
aos fornecidos pelo Eurocode 2) são considerados exagerados pelos projetistas de
concreto, que preferem ignorá-la, não verificando a segurança estrutural das edificações
de concreto, em situação de incêndio. Essa prática deve ser mais bem avaliada pela
sociedade.
O EUROCODE 2/BSI (1996) e BOUTIN (1983) fornecem recomendações para a
análise mais precisa das estruturas de concreto.
Como se pode observar nas Figs. B1 a B3, a redução da resistência e do módulo
de elasticidade do concreto em função da temperatura é mais acentuada do que a do aço,
porém, tendo em vista a sua menor resistência e menor módulo de deformação, o
volume dos elementos estruturais de concreto são maiores do que os de aço, por
consequência atingindo menor temperatura do que os elementos de aço, quando
submetido à mesma ação térmica.
157

ANEXO C - TEMPO EQUIVALENTE

A tabela apresentada neste Anexo tem por base as hipóteses do incêndio natural
compartimentado descritas na seção 2 desta Tese (modelo de Pettersson) e nas
expressões deduzidas por Wickström e incluídas no Eurocode 1.
Sendo:
qfi,d - carga de incêndio específica de cálculo em MJ/m2 em relação à área total do
compartimento
F - fator de massividade
V - grau de ventilação
g,máx - temperatura máxima atingida pelos gases quentes do compartimento em
chamas
tg,máx - tempo em que ocorre g,máx
a,máx - temperatura máxima atingida por um elemento de aço sem revestimento
contra fogo ta,máx ta,máx - tempo em que ocorre a,máx
teq - valor do tempo que, na curva temperatura-tempo do aço determinada via
curva-padrão (ISO-834) do incêndio, corresponde à a,máx

qfi,d F V g tg,máx a ta,max teq


(MJ/m2) (m-1) (m1/2) (C) (min) (C) (min) (min)
50 250 0,02 534 20 509 29 9,0
0,20 892 2 491 4 8,6
75 250 0,02 625 29 609 35 12
0,04 731 15 693 18 16
0,06 780 10 709 13 17
0,08 816 7 709 13 17,0
0,10 849 6 704 8 5,0
0,15 910 4 680 6 15,0
0,20 955 3 648 5 13,5
200 0,02 604 38 13,0
0,04 679 20 16,5
0,06 686 14 16,9
0,08 678 11 16,4
0,10 665 9 15,7
0,15 626 6 13,9
0,20 591 5 12,9
150 0,02 595 41 14,8
0,04 655 22 17,5
0,06 648 16 17,1
0,08 627 12 16,1
0,10 605 10 15,2
0,15 552 7 11,8
0,20 507 5 13,2
158

qfi,d F V g tg,máx a ta,max teq


(MJ/m2) (m-1) (m1/2) (C) (min) (C) (min) (min)
75 125 0,02 587 44 16
0,04 636 25 18,2
0,06 620 17 17,4
0,08 591 13 16,2
0,10 563 11 15,1
0,15 503 7 13
0,20 457 6 11,8
100 0,02 576 46 17,7
0,04 610 26 19,2
0,06 581 18 17,9
0,08 543 14 16,4
0,10 510 11 15,2
0,15 443 8 11,6
0,20 397 6 13
100 250 0,02 676 39 666 43 14,3
0,04 766 20 733 23 20,3
0,06 818 13 749 16 23
0,08 859 10 759 12 23,8
0,10 892 8 762 10 24
0,15 955 5 752 7 23,1
0,20 998 4 741 6 22
200 0,02 662 44 15,9
0,04 726 23 20,4
0,06 735 17 22
0,08 737 13 22,5
0,10 736 11 22,3
0,15 726 8 20,4
0,20 712 6 18,8
150 0,02 656 47 17,5
0,04 711 25 21
0,06 716 17 21,5
0,08 711 14 21
0,10 701 11 20,3
0,15 667 8 18
0,20 634 6 16,4
100 0,02 641 53 20,7
0,04 674 28 22,7
0,06 658 20 21,7
0,08 635 16 20,5
0,10 611 13 19,3
0,15 556 9 16,9
0,20 518 7 15,5
159

qfi,d F V g tg,máx a ta,max teq


(MJ/m2) (m-1) (m1/2) (C) (min) (C) (min) (min)
100 50 0,02 594 70 27,9
0,04 572 38 26,6
0,06 516 26 23,5
0,08 470 20 21,2
0,10 432 16 19,6
0,15 366 11 16,6
0,20 329 9 15
150 250 0,02 731 59 723 62 18,5
0,04 818 29 802 31 27,3
0,06 876 20 855 21 35
0,08 920 15 890 16 43,2
0,10 955 12 913 13 50
0,15 1015 8 941 9 60
0,20 1057 6 937 7 58
200 0,02 722 62 19,8
0,04 793 32 28
0,06 841 21 33,3
0,08 868 16 38,4
0,10 881 13 41,5
0,15 888 10 43,1
0,20 867 8 38
150 0,02 719 63 21,8
0,04 773 34 29
0,06 807 23 31,8
0,08 819 18 33
0,10 819 15 33
0,15 807 11 31,8
0,20 771 9 28,9
125 0,02 716 67 23,3
0,04 758 35 29,8
0,06 779 24 31,6
0,08 781 19 31,8
0,10 775 16 31,2
0,15 756 12 29,6
0,20 736 9 23,8
100 0,02 711 66 25,5
0,04 741 37 30,6
0,06 746 26 31,4
0,08 742 20 30,8
0,10 737 16 29,7
0,15 727 12 27,3
0,20 696 9 24,2
160

qfi,d F V g tg,máx a ta,max teq


(MJ/m2) (m-1) (m1/2) (C) (min) (C) (min) (min)
150 50 0,02 678 79 33,7
0,04 677 43 33,8
0,06 649 30 31,5
0,08 617 23 29,3
0,10 588 20 27,5
0,15 540 15 24,7
0,20 485 11 22
200 200 0,02 766 78 754 83 24,9
0,04 859 39 850 40 34,8
0,06 920 26 907 27 48,6
0,08 964 20 947 20 62,6
0,10 998 16 973 16 74
0,15 1057 10 1007 11 92,5
0,20 1100 8 1008 9 93
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