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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

QUÍMICA

Cornélio Procópio
2016
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

CORROSÃO METÁLICA EM MEIOS AQUOSOS

Trabalho apresentado à disciplina de Química como


requisito parcial para obtenção de nota do primeiro
semestre do curso de engenharia mecânica pela
Universidade Tecnológica Federal do Paraná.

Cornélio Procópio
2016
SUMÁRIO

1. RESUMO.............................................................................................................................4
2. MECANISMOS BÁSICOS.................................................................................................5
3. REAÇÕES...........................................................................................................................9
4. CAUSAS...........................................................................................................................10
4.1. Impurezas – Variáveis influentes...............................................................................10
4.2. Sais dissolvidos..........................................................................................................10
4.3. Gases Disssolvidos.....................................................................................................12
4.4. Bases e ácidos – pH....................................................................................................13
4.5. Temperatura...............................................................................................................14
4.6. Velocidade de Circulação...........................................................................................14
4.7. Água potável..............................................................................................................15
5. ASPECTOS CINÉTICOS E TERMODINÂMICOS DA CORROSÃO...........................15
5.1. Condições para ocorrer corrosão................................................................................16
5.2. Determinação da variação de energia livre................................................................16
5.3. Dedução da equação de Nernst:.................................................................................17
5.4. O Diagrama de Pourbaix............................................................................................17
5.5. Conceitos fundamentais sobre o Diagrama de Pourbaix............................................18
5.6. Velocidade de corrosão..............................................................................................19
5.7. Fatores importantes na velocidade de corrosão..........................................................20
5.8. Taxa de Corrosão.......................................................................................................21
6. CONCLUSÃO...................................................................................................................23
7. REFERÊNCIAS................................................................................................................24
1. RESUMO

Os processos de corrosão são considerados reações químicas heterogêneas ou


reações eletroquímicas que, geralmente se passam na superfície de contato entre o metal e o
meio corrosivo. Sendo o produto da corrosão um elemento diferente do material original, a
liga acaba perdendo suas qualidades essenciais, tais como resistência mecânica, elasticidade,
ductilidade, estética, etc.

A maioria dos materiais em contato não somente com a parte aquosa mais também
com todo ambiente nas suas condições normais de temperatura e pressão, forma um sistema
termodinamicamente instável. Com a única exceção dos metais nobres (ouro, prata e platina),
todos os mais metais em contato com o ar e água devem reagir e transformam-se em óxidos,
hidróxidos ou outras formas semelhantes. Para alguns metais tais como alumínio, magnésio,
cromo, etc., tal transformação implica numa grande redução da energia livre.

Assim, de acordo com a termodinâmica, os metais não poderiam ser utilizados numa
atmosfera como a atmosfera terrestre. Entretanto, apesar da termodinâmica indicar a
possibilidade de uma reação, não diz nada a respeito da velocidade com que esta reação
ocorre. E é precisamente devido ao fato de que certas velocidades de reação são lentas que se
pode utilizar os metais no cotidiano. Como citado por Gentil (1996), os problemas de
deterioração aparecem nas mais variadas atividades da vida econômica de uma nação, sendo
conhecidos diversos casos na indústria petroquímica, em que ocorre a corrosão nos pilares
fixadores da plataforma petróleo, como também podemos observar processos parecidos no
setor: naval, químico, construção civil, automobilístico, nos meios de transporte, em todas as
etapas do sistema elétrico, em telecomunicações, em odontologia, obras de arte, monumentos
históricos, entre outros.

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2. MECANISMOS BÁSICOS

O mecanismo básico da corrosão em meios aquosos tem por característica


fundamental a presença de eletrólito. Para que a reação de corrosão ocorra, é necessário que
ocorram simultaneamente a reação anódica equação (1), reação de oxidação, que libera
elétrons, os quais se deslocam para outros pontos do metal onde ocorre a reação catódica
equação (2), reação de redução, que consome elétrons (PONTE, 2007).
Me(s) → MeZ+(aq) + ze- (1)
MeZ+(aq) + ze- → Me(s) (2)

A reação anódica tem como consequência a dissolução do metal ou transformação


em outro composto como óxido, sulfeto, etc, produzindo-se então a corrosão. Por outro lado a
reação catódica conduz à redução de espécies presentes no meio, sem a participação do metal
sobre o qual ela tem lugar, consumindo os elétrons liberados até que as reações (1) e (2)
atinjam o equilíbrio e a corrosão cesse. Exemplo de reação:

- oxidação
2(Fe(s) → 2Fe2+(aq) + 2e )
- redução
O2(g) + 2H2O(l) + 4e → 4OH-
2Fe(s) + O2(g) + 2H2O(l) → 2Fe2+(aq) + 4OH-

De acordo com MORA (2010), o mecanismo se traduz no funcionamento de uma


pilha de corrosão que requer estes quatro elementos fundamentais: região anôdica onde se
dissolve o metal, produzindo elétrons; região catódica onde ocorre uma reação consumidora
de elétrons; um eletrólito em contato simultâneo com as mesmas áreas por onde fluem os
íons resultantes de ambas as reações; circuito externo para conduzir os elétrons do ânodo para
o cátodo. A inexistência dos três últimos elementos impede o prosseguimento da corrosão e
com base nisso, tem-se os métodos de combate à corrosão.

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Figura 1- corrosão metálica em meio ácido
Fonte: PONTE (2007, p. 14)

O potencial de eletrodo é uma importante grandeza para o funcionamento das pilhas


eletroquímicas, ou pilhas de corrosão. O seu aparecimento se baseia num princípio geral
segundo o qual, sempre que se tem um metal em contato com um eletrólito, desenvolve-se
entre o metal e o eletrólito uma diferença de potencial elétrico que pode ser positiva, negativa
ou nula, dependendo do metal das espécies presentes no eletrólito, além de outras variáveis.

Considerando um metal no vácuo, para se trazer uma carga unitária do infinito até
este metal será necessário exercer um trabalho pois haverá uma interação entre a carga
unitária e as cargas da estrutura eletrônica do metal. Cada metal (ou material) possui uma
distribuição de suas cargas que é característica do material. Desta forma, o trabalho para se
trazer uma carga unitária do infinito para o interior do cobre é diferente para o caso do níquel
e para todos os outros materiais. Este trabalho se traduz numa energia absoluta φABS sendo
portanto característica de cada material.

Entretanto, um material não se encontra no vácuo, ele está num meio (um eletrólito).
Haverá, da mesma forma, um potencial consequente do trabalho de se trazer uma carga
unitária do infinito para o interior da solução. Este trabalho, se traduz num φSOLABS ,
dependerá, entretanto, da concentração de íons metálicos na solução.

Como consequência, tem-se um sistema composto por um eletrólito e um metal em


que se tem uma diferença de potencial absoluto ∆φABS = φM − φSOL .

Este ∆φ funciona como uma força motriz para as reações de corrosão. Este fenômeno
é observado fisicamente pela tendência natural da maioria dos metais passarem para a solução

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num eletrólito. Para que isto ocorra é necessário que ele passe para a forma iônica, o que
ocorre segundo a reação anódica da equação 1, conforme ilustrado na Figura 2.

Figura 2- Estágio inicial da reação anódica


Fonte: PONTE (2007, p. 15)

Quando os metais reagem têm tendência a perder elétrons, sofrendo oxidação e,


consequentemente corrosão. Verifica-se experimentalmente que os metais apresentam
distintas tendências à oxidação. É, portanto, interessante para a previsão de alguns problemas
de corrosão ter em mãos uma tabela que indique a ordem preferencial de oxidação dos
metais. Esta tabela é conhecida como tabela dos potenciais de eletrodo ou série
eletroquímica. A Tabela 1 apresenta os potenciais padrões de redução para um grande
número de metais, ordenados com relação ao eletrodo de referência (padrão de hidrogênio),
já que a medida direta deste potencial é impossível.

A reação prossegue no sentido indicado até ocorrer a saturação do eletrólito, com


íons de metal, nas imediações da interface metal/ meio, quando então a entrada de um íon a
mais na solução, provoca a redução de outro íon que se deposita no próprio metal, mantendo
o equilíbrio das cargas tendo-se:

M(s) ↔ M Z+(aq) + ze-

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Figura 3- Condições de equilíbrio metal/eletrólito
Fonte: PONTE (2007, p. 16)

Assim, a diferença de potencial mencionada é explicada pela presença de cargas


elétricas de um sinal, no eletrólito, e cargas de sinal oposto, no metal, conforme ilustrado na
Figura 3. Na prática o valor desta diferença, ou seja, do potencial, depende de muitos fatores,
um deles ligados ao metal e outros, relacionados com o eletrólito, tais como tipo do eletrólito,
concentração, temperatura, grau de aeração e grau de agitação.

Tabela 1- Potencias padrão de redução


Fonte: PONTE (2007, p. 18)

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3. REAÇÕES

A corrosão aquosa é uma forma comum de ataque eletroquímico resultado da


variação da concentração de íons de metal que leva à formação de região anódica que se
corrói (isto é, perda material por dissolução) e ao mesmo tempo há a formação de corrente
elétrica.

Para o metal hipotético M, a oxidação é representada como:


-
M(s) → M+ (aq) + e
Exemplos:
-
Fe(s) → Fe2+ (aq) + 2e
-
Al(s) → Al3+ (aq) + 3e

Os elétrons gerados devem ser transferidos para outra espécie química. Para metais
que sofrem corrosão ácida,
-
2H+ (aq) + 2e → H2(g)

em solução ácida contendo O2 dissolvido a reação é, provavelmente:


-
O2 + 4H+ (aq) + 4e → 2H2O(l)

e em solução neutras ou básicas nas quais há também O2 dissolvido:


- -
O2 + 2H2O(l) + 4e → 4OH (aq)
Reação total de corrosão em meio ácido:
- Ânodo
2M(s) → 2M+(aq) + 2e
- Cátodo
2H+(aq) + 2e → H2(g)
2M(s) + 2H+(aq) → 2M+(aq) + H2(g)

Reação total de corrosão em meio neutro e alcalino:

4M(s) → 4M+(aq) + 4e- Ânodo

O2(g) + 2H2O + 4e- → 4(OH)-(aq) Cátodo


+
4M + O 2(g) + 2H2O  4M (OH)
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4. CAUSAS

4.1. Impurezas – Variáveis influentes

A água, quimicamente pura, é constituída de moléculas, que se apresentam


associadas devido às ligações por ponte de hidrogênio. Todas as outras substâncias presentes,
dissolvidas ou suspensão, podem ser consideradas impurezas, como: sais, ácidos bases e gases
dissolvidos, material em suspensão e microrganismos. De acordo com o fim a que se destina,
deve-se condicionar a água de maneira a se evitar não só problemas de utilização como
também de corrosão, decorrentes dessas impurezas. Em águas, deve-se considerar a
possibilidade da ação combinada de solicitações mecânicas e meio corrosivo. Nesses casos, os
materiais metálicos em contato com líquidos em movimento podem apresentar corrosão
acelerada pela ação conjunta de fatores químicos e mecânicos como erosão, turbulência,
impingimento e cavitação (GENTIL, 1996).

As impurezas podem ocasionar deterioração dos equipamentos e tubulações, nas


quais há circulação de água, por isso convém estabelecer algumas considerações sobre os
fatores que mais frequentemente influenciam a ação corrosiva da água. Entre os mais
frequentes contaminantes ou impurezas têm-se: sais dissolvidos como, por exemplo, cloretos
de sódio, de ferro e de magnésio, carbonato de sódio, bicarbonatos de cálcio, de magnésio e
ferro; gases dissolvidos – oxigênio, nitrogênio, gás sulfídrico, óxidos de enxofre, SO 2, e SO3,
amônia, cloro e gás carbônico; matéria orgânica; sólidos suspensos; bactérias – crescimento
biológico. Na apreciação da ação corrosiva da água devem ser consideradas, ainda, as
variáveis influentes como pH, temperatura, velocidade e ação mecânica.

4.2. Sais dissolvidos

Os sais dissolvidos podem agir acelerando ou retardando a velocidade do processo


corrosivo. Entre os sais que influenciam com maior frequência os processos de corrosão,

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estão: cloretos, sulfatos, sais hidrolisáveis, sais oxidantes e bicarbonatos de cálcio, de
magnésio e de ferro.

O efeito do cloreto de sódio, na corrosão, deve-se ao fato de este sal ser um eletrólito
forte, ocasionando, portanto, aumento de condutividade, que é fundamental no mecanismo
eletroquímico de corrosão. No caso da corrosão do ferro em água saturada de ar, em
temperatura ambiente, observa-se que a taxa de corrosão inicialmente cresce com a
concentração de cloreto de sódio e depois decresce, o máximo sendo depois até 26% de NaCl.

Segundo Gentil (1996), a solubilidade do oxigênio em água decresce continuamente


com o aumento da concentração de NaCl, o que explica a diminuição da taxa de corrosão para
concentrações elevadas de NaCl. Um ponto que deve ser explicado é o aumento inicial da
taxa de corrosão, pois a solubilidade do oxigênio decresce, mesmo com pequenas adições de
NaCl. Uma explicação provável é a seguinte: em água destilada, logo de baixa condutividade,
ânodos e cátodos devem estar relativamente próximos e, consequentemente, os íons OH-
formados nos cátodos, estão sempre nas proximidades dos íons Fe 2+ formados nos ânodos,
ocasionando a formação do Fe(OH)2 adjacente à superfície metálica. Esse precipitado
funciona como uma barreira à difusão. Em soluções contendo NaCl, a condutividade é
grande, daí os ânodos e cátodos adicionais poderem agir, embora estejam afastados entre eles
e, em tais cátodos, os íons OH- não reagem imediatamente com os íons Fe 2+, formados nos
ânodos, já que eles se difundem na solução e reagem para formar o Fe(OH) 2, fora da
superfície metálica, e, evidentemente, não exercem ação protetora.

Daí o ferro ser corroído mais rapidamente em soluções diluídas de NaCl, porque
mais oxigênio dissolvido pode atingir as áreas catódicas, ocasionando a despolarização, o que
implica um aumento da velocidade da reação catódica. Como a taxa da reação anódica
(corrosão do ferro) depende da velocidade da reação catódica (consumo de elétrons), o ferro
corrói mais rapidamente. Acima de 3% de NaCl, o decréscimo contínuo na solubilidade de
oxigênio torna-se mais importante do que os fatos anteriores e a corrosão decresce.

Deve-se ressaltar também a influência de íon cloreto, Cl-, na destruição da passivação


dos aços inoxidáveis e das ligas de alumínio, visto que ele pode penetrar na camada
passivamente de óxidos, de cromo e de alumínio respectivamente, ou dispersá-las sob a forma
coloidal, causando a corrosão por pite.
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4.3. Gases Disssolvidos

Entre os gases mais comumente encontrados na agua podem destacar: Oxigênio, O2,
gás sulfídrico, H2S, dióxido de enxofre, SO2, trióxido de enxofre, SO3, amônia, NH3, dióxido
de carbono CO2, e cloro, Cl2. Alguns desses gases são encontrados sempre na água como o
oxigênio e dióxido de carbono, enquanto os outros aparecem na água proveniente da absorção
de poluentes atmosféricos ou devido ao tratamento como o cloro. O oxigênio é considerado
como um fator de controle do processo corrosivo, podendo acelerá-lo ou retardá-lo.
Acelerando caso de agir como despolarizante na área catódica na qual em meio não-aerado a
reação é muito lenta praticamente desprezível:

2H2O + 2e-→ H2 + 2OH-

Entretanto, se houver presença de oxigênio, ocorre a sua redução na área catódica,


acelerando o processo corrosivo:

2H2O + ½ O2 + 2e-→ 2OH-

Há caso em que o oxigênio é fundamental para proteção matérias metálicos, tendo-se


entre eles: alumínio e suas ligas aços inoxidáveis. Nesse caso o oxigênio vai formar, sobre
materiais, camadas de óxidos, AL2O3 ou Cr2O3, respectivamente. A presença de gás sulfídrico
na agua, é, geralmente, devida a causa puramente química ou biológicas. Esse gás pode
ocasionar odor e gosto característico na agua e ação corrosiva sobre o ferro, o aço e outros
metais com formação dos sulfetos correspondentes:

Fe + H2S → FeS + H2

A remoção de gás sulfídrico pode ser feita através de aeração redução de pH e


cloração. Os gases SO2 e SO3, dissolvidos na agua ocasionam diminuição do valor de pH,
porque formam ácido sulfuroso e sulfúrico respectivamente, acelerando o processo corrosivo
devido à ação desses ácidos sobre os metais.

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A presença de amônia, na agua para uso industrial, pode causar corrosão em ligas de
cobre e zinco, pois ocorre formação de complexos solúveis:

Cu + 4NH3 + H2O + ½O2 → Cu(NH3)4(OH)2


Zn + 4NH3 + H2O + ½ O2 → Zn(NH3)4(OH)2

A presença de cloro, originado do tratamento de água para evitar desenvolvimento de


microrganismos, ocasiona aumento do teor de cloreto e diminuição do pH, criando, portanto,
condições para ocorrência de corrosão.

O dióxido de carbono, solubilizado em agua, forma o ácido carbônico que, mesmo


sendo um ácido fraco, ocasiona uma diminuição do pH, podendo tornar a água agressiva. A
ação do dióxido de carbono esta diretamente ligada ao teor de bicarbonato que geralmente
esta sob a forma de bicarbonato de cálcio. Para se estabilizar esse sal e necessário um excesso
de dióxido de carbono em solução e a concentração necessária depende de outros constituintes
da água e da temperatura. As quantidades de dióxidos de carbono, CO 2, na água podem ser
classificadas como:

(a) Quantidade necessária para forma carbonato;


(b) Quantidade necessária para converter a bicarbonato;
(c) Quantidade necessária para manter em solução o bicarbonato de cálcio;
(d) Excesso sobre as três anteriores.

Com quantidades insuficientes de dióxido de carbono, do tipo (c), e nenhuma do tipo


(d), a água pode ficar supersaturada com f carbonato de cálcio e um ligeiro aumento de pH
poderá causar a precipitação desse sal e, se o depósito for completo e aderente, a superfície
metálica poderá ficar protegida do ataque da água. Nessas condições a água poderá ser não-
corrosiva, mas ocasionalmente o depósito poderá ser incompleto e não-aderente e a corrosão
poderá ocorrer. Se a quantidade de dióxido de carbono for do tipo (d) a água poderá ser
corrosiva, pois ela não precipitará carbonato de cálcio e poderá dissolver alguns depósitos já
existentes de carbonato de cálcio. A precipitação do carbonato de cálcio depende dos
seguintes fatores: teor de cálcio (CaCO3), alcalinidade, sólidos totais dissolvidos e
temperatura.

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4.4. Bases e ácidos – pH

Essas substancias, quando presentes em água, modificam o valor do pH, para


exemplificar:

 Alumínio e suas ligas: são resistentes à ação de ácido nítrico, devido à ação desse
ácido formar camada protetora de óxido de alumínio, mas não resistem ao ácido
clorídrico. Não resistem também a pH elevados, formados por bases fortes como
hidróxido de sódio ou potássio, porque formam aluminatos solúveis:

2Al + 6NaOH + 6H2O → 2Na3Al(OH)6 + 3H2

 Chumbo e suas ligas: resistem ao ácido sulfúrico (solução aquosa a 60-70%),


devido à formação de camada de sulfato de chumbo insolúvel e protetora, mas não
resistem às bases fortes, formando plumbitos ou plumbatos solúveis;

 Ferro e suas ligas: nesses materiais a corrosão aumenta em pH menor do que 4,


diminuindo com a elevação do pH;

 Aços inoxidáveis: podem resistir ao ácido nítrico mas não resistem ao ácido
clorídrico.

4.5. Temperatura

Os efeitos são vários, podendo-se citar: as reações de corrosão são usualmente mais
rápidas em temperaturas elevadas; as mudanças de temperatura podem afetar a solubilidade
dos produtos de corrosão; os gases são menos solúveis com a elevação da temperatura. Às
vezes águas agressivas, a frio, podem-se tornar incrustantes com o aquecimento, modificando
portanto seu comportamento: casos da diminuição da solubilidade do carbonato de cálcio,
com o aquecimento.

4.6. Velocidade de Circulação

De acordo com Gentil (1996), a velocidade de circulação da água é importante, pois


o seu acréscimo em geral aumenta a taxa de corrosão, porque pode remover as camadas de
produtos de corrosão aderentes ao material metálico e que estavam retardando o processo
corrosivo. O aumento da velocidade de circulação da água pode arrastar maior quantidade de
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oxigênio para a área catódica funcionando como agente despolarizante, acelerando, portanto,
o processo corrosivo. Por outro lado, se a velocidade de circulação for muito pequena, poderá
ocorrer à deposição de sólidos e por conseguinte aumentará a possibilidade de corrosão por
aeração diferencial.

Em alguns casos o movimento do eletrólito pode ser benéfico, pois homogeneizando


a composição do meio e o teor de oxigênio impede a formação de pilhas de concentração,
diminuindo a taxa de corrosão. Devido às considerações apresentadas, procura-se estabelecer
uma velocidade crítica de circulação, que está ligada à natureza do material metálico e à
composição da água.

4.7. Água potável

A ação corrosiva da água potável pode ocasionar, além de perda de espessura ou


perfurações das tubulações, produtos de corrosão que podem torna-la imprópria para uso
devido a não mais atender aos padrões de potabilidade. A contaminação de água potável com
sais de chumbo ou de cobre a tornam imprópria para uso humano. O chumbo pode ser
proveniente de corrosão em juntas de chumbo usadas em tubulações de ferro fundido, e o
cobre de corrosão em tubos desse metal. A corrosão em tubulações de aço-carbono ou de
ferro fundido pode aumentar o teor de ferro na água, tornando-a impropria para diversos usos.
As autoridades sanitárias estabelecem concentrações máximas de chumbo e cobre permitidas
em água para consumo humano. Portanto, deve-se procurar evitar a ação corrosiva da água,
principalmente nos materiais mais usados em instalações hidráulicas, como ligas de ferro
(aço- carbono e ferro fundido), cobre ou suas ligas como latão e bronze, e aço galvanizado.

5. ASPECTOS CINÉTICOS E TERMODINÂMICOS DA


CORROSÃO

Os aspectos cinéticos que envolvem os fenômenos de corrosão são muito


importantes, pois a velocidade de corrosão, que depende da etapa mais lenta da reação de
óxido-redução, influencia diretamente a resistência à corrosão dos componentes. Na Figura 4
é mostrada a sequência das reações de evolução de H2 na corrosão de um metal:

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1a: difusão do íon dentro do banho até a superfície condutora;
2a: redução do íon na superfície condutora;
3a: difusão na superfície condutora e formação da molécula de H2;
4a: junção de diversas moléculas por difusão na superfície condutora formando a
bolha de H2 que se desprende.

Figura 4 - Reação de evolução de H2 na corrosão de um metal


Fonte: FILHO (2010, p. 12)

5.1. Condições para ocorrer corrosão

Nos fenômenos de corrosão é importante a análise dos fatores termodinâmicos


responsáveis pelas informações sobre a espontaneidade da reação e dos cinéticos com as
informações sobre a velocidade de reação. Quanto à espontaneidade define-se G como a
variação ou capacidade da energia livre disponível de um sistema para realizar trabalho. É
importante lembrar que nas reações químicas não ocorre transferência de cargas. Nas reações
químicas ocorrem em pequenas distâncias, já nas reações eletroquímicas ocorrem em grandes
distâncias: uma ou mais espécie perde ou ganha elétrons. No metal ocorre a condução
eletrônica e na solução a condução iônica (FILHO, 2010).

5.2. Determinação da variação de energia livre

A determinação de ∆G é realizada considerando a diferença entre a energia padrão


dos produtos menos a energia padrão dos reagentes. Considerando a reação A + B → C + D
teremos:

∆G = c∆G (C) + d∆G (D) – aG∆ (A) – b∆ G (B)


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∆G =∆Go + RT ln k
Onde:
K é a constante de equilíbrio da reação
∆Go é a energia livre de formação do composto

O valor negativo de ∆Go expressa a possibilidade de ocorrer a reação e a quantidade


da energia liberada no processo mas não a velocidade. No caso da formação da água, embora
o valor de ∆G298 = -237 kJ seja baixo a reação é lenta e só ocorrera rapidamente com o uso de
platina preta para ativar a reação.

H2(g) + ½ O2(g) → H2O(l) ∆G298 = -237 kJ

5.3. Dedução da equação de Nernst:

Em uma reação eletroquímica considera-se a variação de energia eletroquímica G eq:


∆Geq = ∆G + qE onde qE é o trabalho elétrico = zFE.

Então: ∆Geq = ∆G + zFE


No equilíbrio, ∆Geq = 0 e ∆G = -zFE. (3)

Onde E é o potencial do eletrodo, z é o número de elétrons envolvidos na reação e F


é a constante de Faraday. Para concentrações iguais a um molar é possível a determinação do
potencial utilizando a tabela de potenciais de eletrodo padrão. Para concentrações diferentes
de 1 molar o cálculo do potencial reversível do eletrodo é feito utilizando a equação de
Nernst. Considerando ∆G =∆Go + RT ln k e usando (3) teremos:

E = Eo - (RT / zF) ln (a red / aox)


E = Eo – (0,0591 / z) log (a red / aox)

Onde:
R = constante universal dos gases = 8,3 Joule K-1 mol –1
F = 96500 Coulomb (carga e . no Avogadro)
T = 298 K

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5.4. O Diagrama de Pourbaix

Segundo Filho (2010), o diagrama de Pourbaix utilizado para determinar as


condições de passivação do metal com relação ao pH e o potencial aplicado em soluções
aquosas. É construído utilizando os valores obtidos por meio da equação de Nernst. As retas
paralelas estão inclinadas com relação ao eixo das abcissas com coeficiente angular =
-0,059V/pH. As características representadas no diagrama são apresentadas abaixo:

a) condições de equilíbrio para reações eletroquímicas entre o metal e o meio ( T, P,


atividade, solubilidade, potencial de eletrodo da interface metal/H2O);

b) estabilidade em função do pH e potencial;

c) regiões definidas com pH> 7 (alcalino) e pH < 7 (ácido);

d) reações eletroquímicas importantes:


Linha a: 2H+ + 2e- → H2(g) decomposição da H2O por redução e liberação de H2
Linha b: 2H2O(l) → O2(g) + 4H+ + 4e- água se decompõe por oxidação e gera O2

5.5. Conceitos fundamentais sobre o Diagrama de Pourbaix

Estes diagramas indicam que existe una tendência termodinâmica de imunidade à


corrosão, dissolução do material ou formação de um óxido protetor nas CNTP. Neste caso, se
o óxido é estável e insolúvel consideramos que a região está passivada termodinamicamente.
Os diagramas de Pourbaix consistem de linhas horizontais, verticais e oblíquas.

As horizontais correspondem à reações que não dependem do pH, tais como um


metal que se oxida perdendo dois elétrons: Me(s) → Me2+(aq) + 2e-

As linhas verticais correspondem às reações que dependem do pH mas são


independentes do potencial tais como: Me2+(aq) + 2H2O(l) → Me(OH)2(aq)+ 2H+

As linhas inclinadas se relacionam com reações com troca de elétrons e mudança de


pH: Me(s) + 2H2O(l) → Me(OH)2(aq) + 2H++ 2e-
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As regiões termodinamicamente estáveis são mostradas com os diferentes produtos
de corrosão. A zona Me é a de imunidade à corrosão, as zonas Me 2+ e (MeO2)2– as regiões de
corrosão e a zona Me(OH)2 onde os produtos formados são insolúveis e passivam o material.
A estabilidade termodinâmica da água é limitada pelas linhas tracejadas a e b.

No diagrama de Pourbaix para o Cobre, por exemplo, é possível identificar os


seguintes compostos:

- Gases: H2 e O2;
- Regiões de imunidade → região do cobre;
- Regiões passivas → formação de espécies sólidas insolúveis: Cu2O e CuO;
- Regiões de corrosão → espécies solúveis com formação de íons Cu+, Cu2+, CuO22-;
- Cu(s) → Cu2+(aq) + 2e- (cátion);
- Cu(s) + 2H2O(l) → CuO22-(aq) + 4H+ + 2e- (anion);
- Cu2O(aq) + 3H2O(l) → 2CuO22-(aq) + 6H+ + 2e- (anion);

Figura 5 – Diagrama de Pourbaix para o cobre


Fonte: FILHO (2010, p. 38)

5.6. Velocidade de corrosão

A velocidade da corrosão é dada pela massa de material desgastado, em uma certa


área, durante um certo tempo, ou seja, pela taxa de corrosão. A taxa de corrosão pode ser
representada pela massa desgastada por unidade de área na unidade de tempo. A massa
deteriorada pode ser calculada pela equação de Faraday:
m = - e.i.t
m = massa desgastada, em g;
e = equivalente eletroquímico do metal;
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i = corrente de corrosão, em A;
t = tempo em que se observou o processo em segundos;

A corrente i de corrosão é, portanto, um fator fundamental na maior ou menor


intensidade do processo corrosivo e o seu valor pode ser variável ao longo do processo
corrosivo. A corrente de corrosão depende fundamentalmente de dois fatores:

DV = diferença de potencial entre áreas anódicas e catódicas;


R = resistência de contato das áreas anódicas e catódicas;

A diferença de potencial DV pode ser influenciada pela resistividade do eletrólito,


pela superfície de contato das áreas anódicas e catódicas e também pelos fenômenos de
polarização e passivação. A velocidade de corrosão pode ser alterada por outros fatores que
serão tratados no item seguinte e que influenciam de modo direto ou indireto na polarização
ou na passivação. O controle da velocidade de corrosão pode se processar na área anódica ou
na área catódica, no primeiro caso diz-se que a reação de corrosão é controlada anodicamente
e no segundo caso catodicamente. Quando o controle se dá anódica e catodicamente diz-se
que o controle é misto.

5.7. Fatores importantes na velocidade de corrosão

Alguns fatores influenciam a velocidade de corrosão, principalmente porque atuam


nos fenômenos de polarização e passivação.

a) aeração do meio corrosivo: o oxigênio funciona como controlador dos processos


corrosivos. Portanto, na pressão atmosférica a velocidade de corrosão aumenta com o
acréscimo da taxa de oxigênio dissolvido. Isto ocorre por ser o oxigênio um elemento
despolarizante e que desloca a curva de polarização catódica no sentido de maior
corrente de corrosão;

b) pH de eletrólito: a maioria dos metais passivam-se em meios básicos (exceção


para os metais anfóteros). Portanto, as taxas de corrosão aumentam com a
diminuição do pH;

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c) temperatura: o aumento de temperatura acelera, de modo geral, as reações
químicas. Da mesma forma também em corrosão as taxas de desgaste aumentam com
o aumento da temperatura. Com a elevação da temperatura diminui-se a resistividade
do eletrólito e aumenta-se a velocidade de corrosão;

d- efeito da velocidade: a velocidade relativa, superfície metálica-eletrólito, atua na


taxa de desgaste de três formas: para velocidades baixas há uma ação despolarizante
intensa que se reduz à medida que a velocidade se aproxima de 8 m/s (para o aço em
contato com água do mar). A partir desta velocidade as taxas praticamente se
estabilizam voltando a crescer para altas velocidades diante de um movimento
turbulento que causa uma ação erosiva.

Figura 6 – Efeito do pH na velocidade de corrosão e o efeito da velocidade relativa do metal/eletrólito


na corrosão do aço em água do mar
Fonte: FILHO (2010, p. 35)

5.8. Taxa de Corrosão

As taxas de corrosão expressam a velocidade do desgaste verificado na superfície


metálica. A avaliação correta das taxas de corrosão é, de modo geral, de grande importância
para determinação da vida útil provável de equipamentos e instalações industriais. Os valores
das taxas de corrosão podem ser expressos por meio da redução de espessura do material por
unidades de tempo. O cálculo das taxas de corrosão em mm/ano ou em perda de massa por
unidade de área, por unidade de tempo, pode ser dada pela seguinte expressão:

mm = 3,65. ∆M
ano S.t. 

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Onde:
mm/ano= é a perda de espessura (mm por ano);
M = é a perda de massa (mg);
S=área exposta (cm2 );
t=tempo de exposição (dias);
= massa específica do material (g/cm³).

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6. CONCLUSÃO

No processo natural de corrosão por meio dos diferentes fontes de água (marinha,
potável) em diferentes situações de diferentes meios, temos uma área da corrosão que envolve
amplamente processos cotidianos e industriais. Tais processos que, tomados por base na
eletroquímica, foram aprofundados por meio dos princípios termodinâmicos e cinéticos, tendo
as causas dessa corrosão explicadas nesses termos.

Foram envolvidos aspectos que influenciam o processo de degradação dos metais,


juntamente com suas respectivas reações e suas consequências, tanto nos materiais utilizados
quantos nos meios encontrados.

Como resultado do aprofundamento ao assunto, chegou-se a conclusão do quanto é


complexo o tema “corrosão” e qual sua importância, em termos gerais, para nossa economia,
nosso cotidiano, sendo seu estudo indispensável nas grandes empresas que trabalham com
metais como matéria prima, e também para com os engenheiros e arquitetos que virão a
utilizar esses materiais em diferentes meios.

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7. REFERÊNCIAS

FILHO, André. Corrosão. IFES. Espirito Santo, 2010. Disponível em:< ftp://
www.cefetes.br/Cursos/MetalurgiaMateriais/AndreItman/Corros%E3o/Corros%E3o%20Tecn
%F3logo_Agosto%202010.pdf>. Acesso em: 24 junho 2016.

GENTIL, Vicente. Corrosão. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Saraiva, 1996.

MORA, Nora. Deterioração dos materiais. UNIOESTE. Paraná, 2010. Disponível em:<
http://www.foz.unioeste.br/~lamat/downmateriais/materiaiscap9.pdf>. Acesso em: 23 junho
2009.

PONTE, Haroldo. Eletroquímica aplicada e corrosão. UFPR. Paraná, 2007.


Disponívelem:<http://www.gea.ufpr.br/arquivos/lea/material/Fundamentos%20da%20
Corrosao.pdf>. Acesso em: 24 junho 2016.

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