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Lei Tutelar Educativa PDF
Lei Tutelar Educativa PDF
º 10 — 15 de janeiro de 2015
de 15 de janeiro 2— .....................................
3— .....................................
Procede à primeira alteração à Lei Tutelar Educativa, aprovada 4— .....................................
em anexo à Lei n.º 166/99, de 14 de setembro 5— .....................................
6— .....................................
A Assembleia da República decreta, nos termos da
alínea c) do artigo 161.º da Constituição, o seguinte:
Artigo 14.º
Artigo 1.º [...]
Alteração à Lei Tutelar Educativa 1— .....................................
2— .....................................
1 — Os artigos 3.º, 8.º, 11.º, 14.º, 16.º, 17.º, 18.º, 22.º,
3— .....................................
28.º, 29.º, 30.º, 31.º, 32.º, 33.º, 39.º, 41.º, 43.º, 44.º, 46.º,
52.º, 57.º, 61.º, 72.º, 73.º, 84.º, 87.º, 90.º, 93.º, 94.º, 95.º, 4 — O juiz deve, em todos os casos, procurar a ade-
96.º, 97.º, 100.º, 101.º, 104.º, 115.º, 116.º, 123.º, 125.º, são do menor ao programa de tratamento, sendo neces-
137.º, 138.º, 145.º, 152.º, 153.º, 155.º, 162.º, 165.º, 173.º, sário o consentimento do menor quando tiver idade
188.º, 208.º, 209.º, 212.º, 217.º, 218.º, 222.º e 223.º, da Lei superior a 16 anos.
Tutelar Educativa, aprovada em anexo à Lei n.º 166/99, de 5— .....................................
14 de setembro, passam a ter a seguinte redação:
Artigo 16.º
«Artigo 3.º [...]
[...] 1— .....................................
1 — (Anterior corpo do artigo.) 2— .....................................
2 — No caso de sucessão de leis no tempo, é sempre 3— .....................................
aplicado o regime que concretamente se mostrar mais 4— .....................................
favorável ao menor. 5 — A medida de acompanhamento educativo tem a
duração mínima de três meses e máxima de dois anos,
Artigo 8.º contados desde a data do trânsito em julgado da decisão
de homologação judicial prevista no n.º 3.
[...] 6— .....................................
1— ..................................... 7— .....................................
2— .....................................
3— ..................................... Artigo 17.º
4 — Quando for aplicada mais do que uma medida [...]
de internamento ao mesmo menor, sem que se encontre
integralmente cumprida uma delas, é efetuado, ouvido o 1— .....................................
Ministério Público, o menor e o seu defensor, o compe- 2— .....................................
tente cúmulo jurídico de medidas, nos termos previstos 3— .....................................
na lei penal. 4— .....................................
5 — (Anterior n.º 4.) a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
6 — Se for caso de cumprimento sucessivo de medi- b) Ter o menor idade igual ou superior a 14 anos à
das tutelares, o tempo total de duração não pode ultra- data da aplicação da medida.
passar o dobro do tempo de duração da medida mais
grave aplicada, cessando, em qualquer caso, o cum- Artigo 18.º
primento na data em que seu destinatário completar
21 anos. [...]
7 — Sempre que forem aplicáveis medidas de inter- 1 — A medida de internamento em regime aberto
namento com diferentes regimes de execução, o tempo e semiaberto tem a duração mínima de seis meses e a
total de duração não pode ultrapassar o dobro do tempo máxima de dois anos.
de duração da medida mais grave aplicada, cessando, 2— .....................................
em qualquer caso, o cumprimento com o limite de idade 3— .....................................
previsto no número anterior.
Artigo 22.º
Artigo 11.º
[...]
[...]
1 — O tribunal associa à execução de todas as medidas
1— .....................................
tutelares, sempre que for possível e adequado aos fins
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . educativos visados, os pais ou outras pessoas de referência
b) Compensar economicamente o ofendido, no para o menor, familiares ou não.
todo ou em parte, pelo dano patrimonial, exclusi- 2— .....................................
Diário da República, 1.ª série — N.º 10 — 15 de janeiro de 2015 397
3 — Na ausência de qualquer pessoa de referência e estiver confiado ou, no caso da guarda conjunta,
colaborante, o tribunal associa uma entidade de proteção com quem o menor residir.
social à execução das medidas tutelares educativas. 4— .....................................
1 — Compete às secções de família e menores da 1 — Para efeitos da presente lei, o momento da instau-
instância central do tribunal de comarca: ração do processo corresponde àquele em que for deter-
minada a abertura de inquérito pelo Ministério Público.
a) Praticar os atos jurisdicionais relativos ao inquérito 2 — (Anterior corpo do artigo.)
tutelar educativo;
b) Apreciar os factos qualificados pela lei como Artigo 33.º
crime, praticados por menor com idade compreendida
entre os 12 e os 16 anos, com vista à aplicação de medida Atos urgentes
tutelar; A prática de atos urgentes é assegurada pelas secções
c) Executar e rever as medidas tutelares; de competência genérica da instância local, ainda que
d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . a respetiva comarca seja servida por secção de família
e) Conhecer, nos termos previstos no artigo 201.º, e menores, nos casos em que esta se encontre sediada
do recurso das decisões que apliquem medidas disci- em diferente município.
plinares a menores a quem tenha sido aplicada medida
de internamento. Artigo 39.º
2 — Cessa a competência das secções de família e [...]
menores da instância central do tribunal de comarca 1 — A execução das medidas tutelares corre nos
quando: próprios autos, perante o juiz da secção de família e
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . menores ou constituída como tal.
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2— .....................................
7 — Sem prejuízo do previsto no artigo 44.º, para c) Qualquer pessoa que tiver a defender direito afe-
efeitos do disposto no número anterior, não é conside- tado pela decisão, limitada à parte em que a decisão
rado o período das férias judiciais, nem o período em recorrida afete tal direito.
que, por motivo estranho ao tribunal, os autos aguardem
a realização de diligências de prova. Artigo 125.º
8 — O anúncio público em audiência do dia e hora [...]
para continuação ou recomeço daquela vale como notifi-
cação das pessoas que devam considerar-se presentes. 1— .....................................
9 — (Anterior n.º 2.) 2 — O recurso interposto de decisão que aplique ou
mantenha medida cautelar é decidido no prazo máximo
Artigo 101.º de 15 dias, a contar da data de receção dos autos no tri-
bunal superior.
[...]
3 — O recurso interposto de decisão que aplique ou
1 — É obrigatória a participação na audiência prévia mantenha medida tutelar de internamento é decidido no
do Ministério Público e do defensor. prazo máximo de 60 dias, a contar da data de receção
2 — São convocados para a audiência prévia: dos autos no tribunal superior.
4 — Ao recurso interposto de decisão que aplique
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . medida tutelar de internamento é atribuído efeito devo-
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . lutivo, aguardando o menor em centro educativo até ao
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . trânsito em julgado da decisão.
d) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Artigo 137.º
3— .....................................
[...]
Artigo 104.º 1 — A revisão tem lugar oficiosamente, a requeri-
[...] mento do Ministério Público, do menor, dos pais, do
representante legal, de quem tenha a sua guarda de
1— ..................................... facto ou do defensor ou mediante proposta da entidade
2— ..................................... encarregue de acompanhar e assegurar a execução
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . da medida.
b) Ouve, sobre a proposta, os pais, representante 2— .....................................
legal ou pessoa que tenha a guarda de facto do menor, 3— .....................................
o defensor e, se estiver presente, o ofendido. 4— .....................................
5— .....................................
3— ..................................... 6— .....................................
4— ..................................... 7— .....................................
5— ..................................... 8— .....................................
6— ..................................... 9— .....................................
7— .....................................
Artigo 138.º
Artigo 115.º [...]
[...] 1— .....................................
Se, realizada a audiência prévia, o processo tiver de 2— .....................................
prosseguir, é correspondentemente aplicável o disposto a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
no n.º 2 do artigo 93.º b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Artigo 116.º d) Ordenar o internamento em regime semiaberto,
[...]
nos casos em que o facto qualificado como crime pra-
ticado pelo menor admitisse a aplicação de medida de
1 — No prazo de 10 dias sobre o termo de realização internamento em regime semiaberto ou fechado.
das diligências a que houver lugar, o juiz designa dia
para a audiência. 3 — A substituição da medida, nos termos previstos
2— ..................................... na alínea c) do n.º 1 e nas alíneas c) e d) do n.º 2, pode
3— ..................................... ser determinada por tempo igual ou inferior ao que falte
4— ..................................... para o cumprimento da medida substituída.
5— .....................................
Artigo 145.º
Artigo 123.º
[...]
[...]
.........................................
.........................................
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
a) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
b) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . c) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
Diário da República, 1.ª série — N.º 10 — 15 de janeiro de 2015 401
4 — O juiz substituto continuará a intervir, não obs- f) Obrigação de residir num local determinado;
tante o regresso ao serviço do juiz efetivo. g) Obrigação de comparecer perante o tribunal
5 — No caso previsto no n.º 2, falecendo o juiz presi- ou os serviços de reinserção social, sempre que for
dente ou ficando este permanentemente impossibilitado, convocado, para os informar sobre as atividades rea-
repetem-se os atos já praticados. lizadas;
6 — O juiz que for transferido, promovido ou apo- h) Quaisquer outras obrigações que o tribunal con-
sentado ou o juiz social a quem tenha sido deferida a sidere convenientes para a reinserção social do menor,
escusa, concluirá o julgamento, exceto se a aposenta- desde que não atentem contra a sua dignidade como
ção tiver por fundamento a incapacidade física, moral pessoa.
ou profissional para o exercício do cargo, ou a escusa
tiver por fundamento a incapacidade física ou moral 8 — Durante o período de supervisão intensiva, o
para o exercício do cargo, ou se em qualquer dos menor é acompanhado pela equipa de reinserção so-
casos as circunstâncias aconselharem, de preferência, cial competente, que para o efeito prepara e executa
a substituição do juiz impossibilitado, o que será um plano de reinserção social, em colaboração com o
decidido pelo presidente do tribunal, em despacho menor, os pais ou outras pessoas de referência signi-
fundamentado. É correspondentemente aplicável o ficativa para o menor, ou com a entidade de proteção
disposto nos n.os 2 e 5. social designada pelo tribunal, de acordo com o n.º 3
do artigo 22.º
Artigo 158.º-A 9 — Para efeitos de avaliação da execução do período
Período de supervisão intensiva de supervisão intensiva, os serviços de reinserção social
remetem ao tribunal relatórios trimestrais.
1 — Por decisão judicial, a execução das medidas de 10 — Findo o período de supervisão intensiva, e
internamento pode compreender um período de supervi- sempre que se comprove que o menor cumpriu as obri-
são intensiva, o qual visa aferir o nível de competências gações impostas pelo tribunal, a medida é extinta e o
de natureza integradora adquiridas pelo menor no meio processo arquivado.
institucional, bem como o impacto no seu comporta- 11 — Em caso de grave ou reiterada violação das
mento social e pessoal, tendo sempre por referência o
obrigações e regras de conduta impostas ao menor, o tri-
facto praticado.
bunal determina o seu internamento, para cumprimento
2 — A decisão prevista no número anterior é sem-
do tempo de medida que lhe faltar cumprir, sempre que
pre precedida de parecer dos serviços de reinserção
social. possível, no mesmo centro educativo onde cumpriu a
3 — A duração do período de supervisão intensiva medida.
não pode ser inferior a três meses nem superior a um 12 — Serão estabelecidas, em termos a definir
ano, cabendo aos serviços de reinserção social avaliar por decreto-lei, as normas reguladoras das condi-
e propor a duração do período de supervisão intensiva ções de instalação e funcionamento das casas de
em cada caso. autonomia.
4 — Em qualquer caso, o período de supervisão in- Artigo 158.º-B
tensiva não pode ser superior a metade do tempo de
Acompanhamento pós-internamento
duração da medida.
5 — A supervisão intensiva é executada em meio 1 — Não sendo determinado período de supervisão
natural de vida ou, em alternativa, e sempre que pos- intensiva, nos termos do n.º 1 do artigo anterior, cessada
sível, em caso de autonomia, gerida pelos próprios a medida de internamento, os serviços de reinserção
serviços de reinserção social, por entidades parti- social acompanham o regresso do menor à liberdade,
culares sem fins lucrativos, ou por organismos da nos termos dos números seguintes.
Segurança Social, mediante formalização de acordos 2 — O diretor do centro deve informar os serviços
de cooperação, assegurando-se em qualquer casa a de reinserção social, com, pelo menos 3 meses de ante-
supervisão do período pelos serviços de reinserção cedência, da data prevista para a cessação da medida
social. de internamento.
6 — O tribunal pode sujeitar o menor ao cumpri- 3 — Recebida a comunicação prevista no número
mento de obrigações e, ou, impor-lhe regras de conduta anterior, os serviços de reinserção social avaliam
durante o período de supervisão intensiva. as condições de integração do menor no seu meio
7 — As obrigações e regras de conduta previstas no natural de vida, e propõem fundamentadamente,
número anterior podem consistir no seguinte: sendo caso disso, junto da comissão de proteção
a) Obrigação de frequentar o sistema educativo e de crianças e jovens territorialmente competente, a
formativo, se o menor estiver abrangido pela escolari- instauração de processo de promoção e proteção, nos
dade obrigatória; termos da Lei de Proteção de Crianças e Jovens em
b) Obrigação de se submeter a programas de tipo Perigo, aprovada pela Lei n.º 147/99, de 1 de setem-
formativo, cultural, educativo, profissional, laboral, bro, disso dando, em simultâneo, conhecimento ao
de educação sexual, de educação rodoviária ou outros Ministério Público.
similares; 4 — Podem ser criadas, em termos a definir por
c) Obrigação de assiduidade no posto de trabalho; decreto-lei, unidades residenciais de transição destina-
d) Proibição de frequentar determinados meios, locais das a jovens saídos de centro educativo.»
ou espetáculos;
e) Proibição de se ausentar do local de residência 2 — O Capítulo VI do Título IV da Lei Tutelar Educa-
sem autorização judicial prévia; tiva, aprovada em anexo à Lei n.º 166/99, de 14 de setem-
404 Diário da República, 1.ª série — N.º 10 — 15 de janeiro de 2015
bro, passa a designar-se «Tempos dos atos», sendo com- Artigo 3.º
posto pelo novo artigo 127.º-A, com a seguinte redação:
Norma revogatória
São revogadas as seguintes disposições da Lei Tutelar Edu-
«CAPÍTULO VI cativa, aprovada em anexo à Lei n.º 166/99, de 14 de setembro:
Tempo dos atos a) O n.º 2 do artigo 72.º;
b) O n.º 4 do artigo 78.º;
Artigo 127.º-A c) A alínea a) do n.º 1 do artigo 93.º;
d) A alínea e) do artigo 145.º;
Prazo e seu excesso
e) O artigo 148.º;
1 — Salvo disposição legal em contrário, é de 10 dias f) O n.º 2 do artigo 165.º
o prazo para a prática de qualquer ato processual.
2 — Os despachos ou promoções de mero expe- Artigo 4.º
diente, bem como os considerados urgentes, devem Entrada em vigor
ser proferidos no prazo máximo de dois dias.
3 — Decorridos três meses sobre o termo do prazo A presente lei entra em vigor 30 dias após a sua publi-
fixado para a prática de ato próprio do juiz sem que o cação.
mesmo tenha sido praticado, deve o juiz consignar a Artigo 5.º
concreta razão da inobservância do prazo. Republicação
4 — A secretaria remete, mensalmente, ao presidente
do tribunal informação discriminada dos casos em que É republicada em anexo à presente lei, da qual faz parte
se mostrem decorridos três meses sobre o termo do prazo integrante, a Lei Tutelar Educativa, aprovada em anexo à
fixado para a prática de ato próprio do juiz, ainda que Lei n.º 166/99, de 14 de setembro, com a redação atual e
o ato tenha sido entretanto praticado, incumbindo ao as necessárias correções materiais.
presidente do tribunal, no prazo de 10 dias contado da Aprovada em 5 de dezembro de 2014.
data de receção, remeter o expediente à entidade com
A Presidente da Assembleia da República, Maria da
competência disciplinar.» Assunção A. Esteves.
3 — O atual Capítulo VI do Título IV da Lei Tutelar Promulgada em 5 de janeiro de 2015.
Educativa, aprovada em anexo à Lei n.º 166/99, de 14 de
setembro, sob a epígrafe «Direito subsidiário», composto Publique-se.
pelo artigo 128.º, passa a Capítulo VII. O Presidente da República, ANÍBAL CAVACO SILVA.
4 — É aditado à Lei Tutelar Educativa, aprovada em
anexo à Lei n.º 166/99, de 14 de setembro, um novo Títu- Referendada em 7 de janeiro de 2015.
lo VII com a designação «Acompanhamento da execução O Primeiro-Ministro, Pedro Passos Coelho.
e avaliação da Lei Tutelar Educativa», composto pelo
artigo 225.º, com a seguinte redação: ANEXO
do menor para o direito e a sua inserção, de forma digna 3 — A medida de internamento em centro educativo
e responsável, na vida em comunidade. aplica-se segundo um dos seguintes regimes de execução:
2 — As causas que excluem ou diminuem a ilicitude ou
a) Regime aberto;
a culpa são consideradas para a avaliação da necessidade
b) Regime semiaberto;
e da espécie de medida.
c) Regime fechado.
Artigo 3.º
Artigo 5.º
Aplicação da lei no tempo
Execução das medidas tutelares
1 — Só pode aplicar-se medida tutelar a menor que
A execução das medidas tutelares pode prolongar-se
cometa facto qualificado pela lei como crime e passível de
até o jovem completar 21 anos, momento em que cessa
medida tutelar por lei anterior ao momento da sua prática.
obrigatoriamente.
2 — No caso de sucessão de leis no tempo, é sempre
aplicado o regime que concretamente se mostrar mais Artigo 6.º
favorável ao menor. Critério de escolha das medidas
Ministério Público, o menor e o seu defensor, o compe- montante da compensação ou da prestação, apenas às dis-
tente cúmulo jurídico de medidas, nos termos previstos ponibilidades económicas do menor.
na lei penal. 4 — A atividade exercida em benefício do ofendido não
5 — No caso de substituição de medidas tutelares o pode ocupar mais de dois dias por semana e três horas por
tribunal toma em conta o disposto nos artigos anteriores dia e respeita o período de repouso do menor, devendo
do presente capítulo. salvaguardar um dia de descanso semanal e ter em conta
6 — Se for caso de cumprimento sucessivo de medidas a frequência da escolaridade, bem como outras atividades
tutelares, o tempo total de duração não pode ultrapassar o que o tribunal considere importantes para a formação do
dobro do tempo de duração da medida mais grave aplicada, menor.
cessando, em qualquer caso, o cumprimento na data em 5 — A atividade exercida em benefício do ofendido tem
que seu destinatário completar 21 anos. o limite máximo de doze horas, distribuídas, no máximo,
7 — Sempre que forem aplicáveis medidas de inter- por quatro semanas.
namento com diferentes regimes de execução, o tempo 6 — A medida de reparação nas modalidades previs-
total de duração não pode ultrapassar o dobro do tempo tas nas alíneas b) e c) do n.º 1 exige o consentimento do
de duração da medida mais grave aplicada, cessando, em ofendido.
qualquer caso, o cumprimento com o limite de idade pre- Artigo 12.º
visto no número anterior. Prestações económicas ou tarefas a favor da comunidade
1 — A medida de prestações económicas ou de realiza-
CAPÍTULO II ção de tarefas a favor da comunidade consiste em o menor
Conteúdo das medidas entregar uma determinada quantia ou exercer atividade
em benefício de entidade, pública ou privada, de fim não
Artigo 9.º lucrativo.
2 — A atividade exercida tem a duração máxima de
Admoestação sessenta horas, não podendo exceder três meses.
A admoestação consiste na advertência solene feita pelo 3 — A realização de tarefas a favor da comunidade pode
juiz ao menor, exprimindo o carácter ilícito da conduta e ser executada em fins de semana ou dias feriados.
o seu desvalor e consequências e exortando-o a adequar 4 — É correspondentemente aplicável o disposto nos
o seu comportamento às normas e valores jurídicos e a n.os 3 e 4 do artigo 11.º
inserir-se, de uma forma digna e responsável, na vida em
comunidade. Artigo 13.º
Artigo 10.º Imposição de regras de conduta
c) Frequentar sessões de orientação em instituição psi- 6 — No caso de o tribunal impor ao menor a frequência
copedagógica e seguir as diretrizes que lhe forem fixadas; de programas formativos é correspondentemente aplicável
d) Frequentar atividades de clubes ou associações ju- o disposto no n.º 3 do artigo 15.º
venis; 7 — No caso de o tribunal impor ao menor a obrigação
e) Submeter-se a programas de tratamento médico, prevista na alínea e) do n.º 2 do artigo 14.º vale correspon-
médico-psiquiátrico, médico-psicológico ou equiparado dentemente o disposto no n.º 4 do mesmo artigo.
junto de entidade ou de instituição oficial ou particular, em
regime de internamento ou em regime ambulatório. Artigo 17.º
Internamento
3 — A submissão a programas de tratamento visa, no-
meadamente, o tratamento das seguintes situações: 1 — A medida de internamento visa proporcionar ao
menor, por via do afastamento temporário do seu meio
a) Habituação alcoólica; habitual e da utilização de programas e métodos pedagó-
b) Consumo habitual de estupefacientes; gicos, a interiorização de valores conformes ao direito e a
c) Doença infetocontagiosa ou sexualmente transmis- aquisição de recursos que lhe permitam, no futuro, conduzir
sível; a sua vida de modo social e juridicamente responsável.
d) Anomalia psíquica. 2 — A medida de internamento em regime aberto, em
regime semiaberto e em regime fechado é executada em
4 — O juiz deve, em todos os casos, procurar a adesão centro educativo classificado com o correspondente regime
do menor ao programa de tratamento, sendo necessário de funcionamento e grau de abertura ao exterior.
o consentimento do menor quando tiver idade superior 3 — A medida de internamento em regime semiaberto é
a 16 anos. aplicável quando o menor tiver cometido facto qualificado
5 — É correspondentemente aplicável o disposto no como crime contra as pessoas a que corresponda pena
n.º 3 do artigo 13.º máxima, abstratamente aplicável, de prisão superior a três
Artigo 15.º anos ou tiver cometido dois ou mais factos qualificados
como crimes a que corresponda pena máxima, abstrata-
Frequência de programas formativos mente aplicável, superior a três anos.
4 — A medida de internamento em regime fechado
1 — A medida de frequência de programas formativos é aplicável quando se verifiquem cumulativamente os
consiste na participação em: seguintes pressupostos:
a) Programas de ocupação de tempos livres; a) Ter o menor cometido facto qualificado como crime
b) Programas de educação sexual; a que corresponda pena máxima, abstratamente aplicável,
c) Programas de educação rodoviária; de prisão superior a cinco anos ou ter cometido dois ou
d) Programas de orientação psicopedagógica; mais factos contra as pessoas qualificados como crimes a
e) Programas de despiste e orientação profissional; que corresponda pena máxima, abstratamente aplicável,
f) Programas de aquisição de competências pessoais de prisão superior a três anos; e
e sociais; b) Ter o menor idade igual ou superior a 14 anos à data
g) Programas desportivos. da aplicação da medida.
2 — A medida de frequência de programas formativos tem Artigo 18.º
a duração máxima de seis meses, salvo nos casos em que o
programa tenha duração superior, não podendo exceder um ano. Duração da medida de internamento
3 — A título excecional, e para possibilitar a execução 1 — A medida de internamento em regime aberto e se-
da medida, o tribunal pode decidir que o menor resida junto miaberto tem a duração mínima de seis meses e a máxima
de pessoa idónea ou em instituição de regime aberto não de dois anos.
dependente do Ministério da Justiça que faculte o aloja- 2 — A medida de internamento em regime fechado tem
mento necessário para a frequência do programa. a duração mínima de seis meses e a máxima de dois anos,
salvo o disposto no número seguinte.
Artigo 16.º 3 — A medida de internamento em regime fechado
tem a duração máxima de três anos, quando o menor tiver
Acompanhamento educativo
praticado facto qualificado como crime a que corresponda
1 — A medida de acompanhamento educativo consiste pena máxima, abstratamente aplicável, de prisão superior
na execução de um projeto educativo pessoal que abranja a oito anos, ou dois ou mais factos qualificados como cri-
as áreas de intervenção fixadas pelo tribunal. mes contra as pessoas a que corresponda a pena máxima,
2 — O tribunal pode impor ao menor sujeito a acompa- abstratamente aplicável, de prisão superior a cinco anos.
nhamento educativo regras de conduta ou obrigações, bem
como a frequência de programas formativos. CAPÍTULO III
3 — O projeto é elaborado pelos serviços de reinserção
social e sujeito a homologação judicial. Regime das medidas
4 — Compete aos serviços de reinserção social super-
visionar, orientar, acompanhar e apoiar o menor durante Artigo 19.º
a execução do projeto educativo pessoal.
Não cumulação
5 — A medida de acompanhamento educativo tem a
duração mínima de três meses e a máxima de dois anos, 1 — Salvo o disposto no n.º 2 do artigo 16.º e no número
contados desde a data do trânsito em julgado da decisão seguinte, as medidas tutelares não podem ser aplicadas
de homologação judicial prevista no n.º 3. cumulativamente por um mesmo facto ao mesmo menor.
408 Diário da República, 1.ª série — N.º 10 — 15 de janeiro de 2015
2 — A autoridade judiciária pode designar um técnico b) Para assegurar a presença imediata ou, não sendo pos-
de serviço social ou outra pessoa especialmente habilitada sível, no mais curto prazo, sem nunca exceder doze horas,
para acompanhar o menor em ato processual e, se for caso perante o juiz, a fim de ser interrogado ou para aplicação
disso, proporcionar ao menor o apoio psicológico neces- ou execução de medida cautelar, ou em ato processual
sário por técnico especializado. presidido por autoridade judiciária;
c) Para sujeição, em regime ambulatório ou de interna-
Artigo 48.º mento, a perícia psiquiátrica ou sobre a personalidade.
Condições dos meios de transporte
utilizados nas deslocações de menores 2 — A detenção fora de flagrante delito tem apenas
lugar quando a comparência do menor não puder ser
A deslocação e o transporte do menor devem realizar-se assegurada pelos pais, representante legal ou pessoa que
de modo a assegurar, em todos os casos, o respeito pela sua tenha a sua guarda de facto e faz-se por mandado do juiz,
dignidade e condições particulares de maturidade física, a requerimento do Ministério Público durante o inquérito
intelectual e psicológica e a evitar, tanto quanto possível, e, depois, mesmo oficiosamente.
a aparência de intervenção de justiça.
Artigo 52.º
Artigo 49.º
Flagrante delito
Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica
1 — O menor só pode ser detido em flagrante delito por
1 — Quando, em qualquer fase do processo, se verificar facto qualificado como crime punível com pena de prisão,
que o menor sofre de anomalia psíquica que o impede de sem prejuízo do disposto no número seguinte.
compreender o sentido da intervenção tutelar, o processo 2 — A detenção só se mantém quando o menor tiver
é arquivado. cometido facto qualificado como crime contra as pessoas, a
2 — No caso previsto no número anterior, o Ministério que corresponda pena máxima, abstratamente aplicável, de
Público encaminha o menor para os serviços de saúde prisão igual ou superior a três anos ou tiver cometido facto
mental, examina a necessidade de internamento e, se for qualificado como crime a que corresponda pena máxima,
caso disso, providencia, nos termos da lei, o internamento abstratamente aplicável, igual ou superior a cinco anos
compulsivo. ou, ainda, tiver cometido dois ou mais factos qualificados
3 — O despacho de arquivamento é notificado ao como crimes a que corresponda pena máxima, abstrata-
menor, aos pais, representante legal ou pessoa que tenha mente aplicável, superior a três anos, cujo procedimento
a sua guarda de facto e ao ofendido. não dependa de queixa ou de acusação particular.
3 — Fora dos casos referidos no número anterior pro-
cede-se apenas à identificação do menor.
CAPÍTULO II 4 — Em caso de flagrante delito:
Identificação, detenção e medidas cautelares a) A autoridade judiciária ou qualquer entidade policial
procede à detenção;
SECÇÃO I b) Se não estiver presente autoridade judiciária ou en-
tidade policial nem puder ser chamada em tempo útil,
Identificação qualquer pessoa pode proceder à detenção, entregando
imediatamente o menor àquelas entidades.
Artigo 50.º
Formalidades Artigo 53.º
O procedimento de identificação de menor obedece às Comunicação
formalidades previstas no processo penal, com as seguintes 1 — Salvo quando haja risco de a inviabilizar, a deten-
especialidades: ção fora de flagrante delito é precedida de comunicação
a) Na impossibilidade de apresentação de documento, o aos pais, representante legal ou pessoa que tenha a guarda
órgão de polícia criminal procura, de imediato, comunicar de facto do menor.
com os pais, representante legal ou pessoa que tenha a 2 — Sem prejuízo do disposto no número anterior, qual-
guarda de facto do menor; quer detenção é comunicada, no mais curto prazo e pelo
b) O menor não pode permanecer em posto policial, para meio mais rápido, aos pais, representante legal ou pessoa
efeito de identificação, por mais de três horas. que tiver a guarda de facto do menor.
Artigo 54.º
SECÇÃO II
Confiança do menor
Detenção
1 — Quando não for possível apresentá-lo imediata-
Artigo 51.º mente ao juiz, o menor é confiado aos pais, ao repre-
sentante legal, a quem tenha a sua guarda de facto ou a
Pressupostos instituição onde se encontre internado.
1 — A detenção do menor é efetuada: 2 — Se a confiança do menor nos termos do número
anterior não for suficiente para garantir a sua presença
a) Em caso de flagrante delito, para, no mais curto prazo, perante o juiz ou para assegurar as finalidades da detenção,
sem nunca exceder quarenta e oito horas, ser apresentado ao o menor é recolhido no centro educativo mais próximo ou
juiz, a fim de ser interrogado ou para sujeição a medida cautelar; em instalações próprias e adequadas de entidade policial,
Diário da República, 1.ª série — N.º 10 — 15 de janeiro de 2015 413
sendo-lhe, em qualquer caso, ministrados os cuidados e a 3 — O despacho referido no n.º 1 é notificado ao menor
assistência médica, psicológica e social que forem aconse- e comunicado aos pais, representante legal ou pessoa que
lhados pela sua idade, sexo e condições individuais. tenha a sua guarda de facto.
3 — O menor confiado nos termos dos números ante-
riores é apresentado ao juiz no prazo e para os efeitos do Artigo 60.º
disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 51.º
Duração
Artigo 55.º 1 — A medida de guarda de menor em centro educativo
tem o prazo máximo de três meses, prorrogável até ao
Primeiro interrogatório
limite máximo de mais três meses em casos de especial
Quando assistirem ao primeiro interrogatório, os pais, complexidade devidamente fundamentados.
representante legal ou pessoa que tiver a guarda de facto 2 — O prazo de duração das restantes medidas cautela-
do menor abstêm-se de qualquer interferência. res é de seis meses até à decisão do tribunal de 1.ª instância
e de um ano até ao trânsito em julgado da decisão.
SECÇÃO III Artigo 61.º
Medidas cautelares Revisão
a) A entrega do menor aos pais, representante legal, família As medidas cautelares cessam logo que deixarem de se
de acolhimento, pessoa que tenha a sua guarda de facto ou verificar os pressupostos da sua aplicação.
outra pessoa idónea, com imposição de obrigações ao menor;
b) A guarda do menor em instituição pública ou privada; Artigo 63.º
c) A guarda do menor em centro educativo. Pedido de informação
Formalidades
CAPÍTULO III
1 — As medidas cautelares são aplicadas por despacho
do juiz, a requerimento do Ministério Público durante o Provas
inquérito e, posteriormente, mesmo oficiosamente.
2 — A aplicação de medidas cautelares exige a au- Artigo 65.º
dição prévia do Ministério Público, se não for o reque-
Objeto
rente, do defensor e, sempre que possível, dos pais,
representante legal ou pessoa que tenha a guarda de Constituem objeto de prova os factos juridicamente
facto do menor. relevantes para a verificação da existência ou inexistência
414 Diário da República, 1.ª série — N.º 10 — 15 de janeiro de 2015
do facto, para avaliação da necessidade de medida tutelar 2 — A informação e o relatório social têm por finali-
e para determinação da medida a aplicar. dade auxiliar a autoridade judiciária no conhecimento da
personalidade do menor, incluída a sua conduta e inserção
Artigo 66.º socioeconómica, educativa e familiar.
Declarações e inquirições
3 — A informação é ordenada pela autoridade judiciária
e pode ser solicitada aos serviços de reinserção social ou
1 — Os pais, o representante legal ou quem tenha a a outros serviços públicos ou entidades privadas, devendo
guarda de facto do menor prestam declarações, mas não ser apresentada no prazo de 15 dias.
são ajuramentados. 4 — O relatório social é ordenado pela autoridade
2 — A inquirição sobre factos relativos à personalidade judiciária e solicitado aos serviços de reinserção social,
e ao carácter do menor, bem como às suas condições pes- devendo ser apresentado no prazo máximo de 30 dias. Pode
soais e à sua conduta anterior e posterior, é permitida, quer solicitar-se a sua atualização ou informação complementar
para prova do facto quer para avaliação da necessidade de e ouvir-se, em esclarecimentos e sem ajuramentação, os
medida tutelar e determinação da medida a aplicar. técnicos que o subscreveram.
3 — Quando tenham idade inferior a 16 anos, o ofen- 5 — É obrigatória a elaboração de relatório social com
dido e as testemunhas são inquiridos pela autoridade judi- avaliação psicológica quando for de aplicar medida de
ciária. internamento em regime aberto ou semiaberto.
4 — O ofendido é inquirido quando a autoridade judi-
ciária, oficiosamente ou a requerimento, o entender con-
veniente para a boa decisão da causa. CAPÍTULO IV
Inquérito
Artigo 67.º
Convocação de menores
SECÇÃO I
As testemunhas ou quaisquer outros participantes pro-
cessuais com idade inferior a 18 anos são convocados na Abertura
sua pessoa e nas pessoas dos pais, representante legal ou
quem tiver a sua guarda de facto, podendo o juiz fazer Artigo 72.º
recair sobre estes as sanções devidas por falta injustificada. Denúncia
2 — Os pais, o representante legal ou quem tiver a c) Desnecessidade de aplicação de medida tutelar, sendo
guarda de facto do menor são ouvidos sobre o plano de o facto qualificado como crime punível com pena de prisão
conduta. de máximo não superior a três anos.
3 — O Ministério Público pode solicitar aos serviços de
reinserção social ou aos serviços de mediação a elaboração 2 — O Ministério Público pode ainda determinar o
do plano de conduta. arquivamento do inquérito quando, tratando-se de facto
4 — O plano de conduta pode consistir, nomeadamente: qualificado pela lei como crime de natureza semipública
ou particular, o ofendido manifeste no processo oposição
a) Na apresentação de desculpas ao ofendido;
ao seu prosseguimento, invocando fundamento especial-
b) No ressarcimento, efetivo ou simbólico, total ou
mente relevante.
parcial, do dano, com dispêndio de dinheiro de bolso ou
3 — É correspondentemente aplicável o disposto no
com a prestação de uma atividade a favor do ofendido, n.º 3 do artigo 78.º
observados os limites fixados no artigo 11.º;
c) Na consecução de certos objetivos de formação pes- Artigo 88.º
soal nas áreas escolar, profissional ou de ocupação de Intervenção hierárquica
tempos livres;
d) Na execução de prestações económicas ou tarefas No prazo de 30 dias, contado da data da notificação do
a favor da comunidade, observados os limites fixados no despacho de arquivamento, o imediato superior hierár-
artigo 12.º; quico do Ministério Público pode determinar o prossegui-
e) Na não frequência de determinados lugares ou no mento dos autos, indicando as diligências ou a sequência
afastamento de certas redes de companhia. a observar.
Artigo 89.º
5 — Para os efeitos previstos na alínea a) do n.º 1 e no Requerimento para abertura da fase jurisdicional
n.º 2, o Ministério Público procede à audição do menor e
das pessoas aí referidas. Devendo o processo prosseguir, o Ministério Público
6 — A suspensão do processo faz-se pelo prazo máximo requer a abertura da fase jurisdicional.
de um ano e interrompe o prazo do inquérito.
7 — É correspondentemente aplicável o disposto no Artigo 90.º
n.º 3 do artigo 78.º Requisitos do requerimento
CAPÍTULO V SECÇÃO II
Fase jurisdicional Audiência prévia
Artigo 94.º
SECÇÃO I
Designação da audiência
Natureza e atos preliminares
1 — A designação da audiência prévia faz-se dentro dos
Artigo 92.º 10 dias imediatos ao recebimento do requerimento para a aber-
tura da fase jurisdicional, para a data mais próxima compatível
Natureza com a notificação das pessoas que nela devem participar.
1 — A fase jurisdicional compreende: 2 — Se o menor se encontrar sujeito a medida cautelar,
a data de audiência é designada com precedência sobre
a) A comprovação judicial dos factos; qualquer outro processo.
b) A avaliação da necessidade de aplicação de medida 3 — O despacho que designa dia para a audiência prévia
tutelar; contém:
c) A determinação da medida tutelar;
d) A execução da medida tutelar. a) A indicação dos factos imputados ao menor e a sua
qualificação criminal;
b) Os pressupostos de conduta e de personalidade que
2 — A fase jurisdicional é presidida pelo juiz e obedece
justificam a aplicação de medida tutelar;
ao princípio do contraditório. c) A medida proposta;
d) A indicação do lugar, dia e hora da comparência, o
Artigo 92.º-A número de sessões da audiência e a sua provável duração;
Saneamento do processo e) A indicação de defensor, se não tiver sido constituído.
1 — Recebido o requerimento para abertura da fase 4 — As indicações constantes das alíneas a) a c) podem
jurisdicional, o juiz verifica se existem questões prévias ser exaradas por remissão, no todo ou em parte, para o
que obstem ao conhecimento da causa. requerimento de abertura da fase jurisdicional.
2 — O juiz rejeita o requerimento: 5 — O despacho é notificado ao Ministério Público.
a) Que não contenha os requisitos que constam do 6 — O despacho, com o requerimento do Ministério
artigo 90.º; Público quando tenha havido remissão, é ainda notificado
b) Se os factos nele descritos não forem qualificados ao menor, aos pais ou representante legal e ao defensor,
pela lei penal como crime. com indicação de que podem ser apresentados meios de
prova na audiência prévia.
Artigo 93.º
Artigo 95.º
Despacho inicial
Notificações
1 — Resolvidas as questões referidas no artigo anterior,
o juiz: O despacho que designa dia para audiência prévia é
notificado às pessoas que nela devam comparecer com a
a) (Revogada.) antecedência mínima de oito dias.
b) Arquiva o processo quando, sendo o facto qualifi-
cado como crime punível com pena de prisão de máximo Artigo 96.º
superior a três anos, lhe merecer concordância a proposta Local da audiência e trajo profissional
do Ministério Público no sentido de que não é necessária
a aplicação de medida tutelar; 1 — Oficiosamente ou a requerimento, o juiz pode de-
c) Designa dia para audiência prévia se, tendo sido reque- terminar que a audiência prévia decorra fora das instalações
rida a aplicação de medida não institucional, a natureza do tribunal, tendo em conta, nomeadamente, a natureza e
e gravidade dos factos, a urgência do caso ou a medida gravidade dos factos e a idade, personalidade e condições
proposta justificarem tratamento abreviado. físicas e psicológicas do menor.
2 — Os magistrados, os advogados e os funcionários de
2 — Não se verificando nenhuma das situações referidas justiça usam trajo profissional na audiência prévia, salvo
no número anterior, o juiz determina o prosseguimento quando o juiz, oficiosamente ou a requerimento, conside-
do processo, mandando notificar o menor, os pais, repre- rar que não é aconselhado pela natureza ou gravidade dos
sentante legal ou quem tenha a sua guarda de facto e o factos, pela personalidade do menor ou pela finalidade da
defensor de que podem: intervenção tutelar.
Artigo 97.º
a) Requerer diligências, no prazo de 10 dias;
b) Alegar, no mesmo prazo, ou diferir a alegação para Restrições e exclusão da publicidade
a audiência; 1 — O juiz, oficiosamente ou a requerimento, pode
c) Indicar, no mesmo prazo, os meios de prova a produ- restringir, por despacho fundamentado, a assistência do
zir em audiência, se não requererem diligências. público ou determinar que a audiência prévia decorra com
exclusão da publicidade, para salvaguarda da dignidade
3 — É correspondentemente aplicável o disposto no das pessoas e da moral pública ou para garantir o normal
n.º 3 do artigo 78.º funcionamento do tribunal.
418 Diário da República, 1.ª série — N.º 10 — 15 de janeiro de 2015
2 — A restrição ou exclusão de publicidade destinada a c) Surgir qualquer questão prejudicial, prévia ou inci-
garantir o normal funcionamento do tribunal compreende dental, cuja resolução seja essencial para a boa decisão da
os casos em que a presença do público é suscetível de afetar causa e que torne altamente inconveniente a continuação
psíquica ou psicologicamente o menor ou a genuinidade da audiência; ou
das provas. d) For absolutamente necessário proceder à atualização
3 — O juiz, oficiosamente ou a requerimento, pode de relatório social ou de informação dos serviços de rein-
determinar, por despacho fundamentado, que a comunica- serção social, nos termos previstos no artigo 71.º
ção social, sob cominação de desobediência, não proceda
à narração ou à reprodução de certos atos ou peças do 4 — Em caso de interrupção da audiência ou do seu
processo nem divulgue a identidade do menor. adiamento, a audiência retoma-se a partir do último ato
4 — A leitura da decisão é sempre pública. processual praticado na audiência interrompida ou adiada.
5 — A interrupção e o adiamento dependem sempre de
Artigo 98.º despacho fundamentado do juiz que é notificado a todos
Audição separada os sujeitos processuais.
6 — Se a continuação da audiência não puder ocorrer
1 — O juiz pode ordenar que o menor seja tempora- dentro dos 30 dias subsequentes à data do adiamento, por
riamente afastado do local da audiência, quando houver impedimento do tribunal ou por impedimento do defen-
razões para crer que a sua presença possa: sor, em consequência de outro serviço judicial já mar-
a) Afetá-lo na sua integridade psíquica, diminuir a sua cado, deve o respetivo motivo ficar consignado em ata,
espontaneidade ou prejudicar a sua capacidade de recons- identificando-se expressamente a diligência e o processo
tituição dos factos; a que respeita.
b) Inibir qualquer participante de dizer a verdade. 7 — Sem prejuízo do previsto no artigo 44.º, para efei-
tos do disposto no número anterior, não é considerado o
2 — Voltando ao local da audiência, o menor é resu- período das férias judiciais, nem o período em que, por
midamente informado pelo juiz do que se tiver passado motivo estranho ao tribunal, os autos aguardem a realização
na sua ausência. de diligências de prova.
3 — O juiz pode ouvir as pessoas separadamente ou 8 — O anúncio público em audiência do dia e hora para
em conjunto. continuação ou recomeço daquela vale como notificação
Artigo 99.º das pessoas que devam considerar-se presentes.
9 — Na organização da agenda e na programação das
Assistência
sessões são especialmente ponderadas a idade e a condição
1 — O juiz assegura que a prova seja produzida de física e psicológica do menor.
forma a não ferir a sensibilidade do menor ou de outros
menores envolvidos e que o decurso dos atos lhes seja Artigo 101.º
acessível, tendo em conta a sua idade e o seu grau de
Deveres de participação e de presença
desenvolvimento intelectual e psicológico.
2 — Para efeito do disposto no número anterior, o juiz 1 — É obrigatória a participação na audiência prévia
pode determinar a assistência de médicos, de psicólogos, de do Ministério Público e do defensor.
outros especialistas ou de pessoa da confiança do menor e 2 — São convocados para a audiência prévia:
determinar a utilização dos meios técnicos ou processuais
que lhe pareçam adequados. a) O menor;
b) Os pais, representante legal ou quem tenha a guarda
Artigo 100.º de facto do menor;
c) O ofendido;
Organização e regime da audiência d) Qualquer pessoa cuja participação seja necessária
1 — A audiência prévia é contínua, decorrendo sem para assegurar as finalidades da audiência.
interrupção ou adiamento até ao encerramento, salvo as
suspensões necessárias para alimentação e repouso dos 3 — Oficiosamente ou a requerimento, o juiz pode dis-
participantes. pensar a comparência do menor ou de quaisquer outras
2 — Se a audiência prévia não puder ser concluída no pessoas ou ouvi-los separadamente, se o interesse do menor
dia em que tiver iniciado, é interrompida, para continuar o justificar.
no dia útil imediatamente posterior. Artigo 102.º
3 — O adiamento da audiência só é admissível quando,
não sendo a simples interrupção bastante para remover o Comparência do menor
obstáculo: 1 — Em caso de falta do menor a audiência é adiada e
a) Faltar ou ficar impossibilitada de participar pessoa os pais, representante legal ou quem tenha a sua guarda
que não possa ser de imediato substituída e cuja presença de facto devem apresentar justificação no próprio dia, em
seja indispensável por força da lei ou de despacho do tribu- que se especifique a razão da impossibilidade e o tempo
nal, exceto se estiverem presentes outras pessoas, caso em provável da duração do impedimento.
que se procederá à sua inquirição ou audição, mesmo que 2 — Sempre que possível, a justificação de falta é acom-
tal implique a alteração da ordem de produção de prova; panhada de prova, sendo exigido atestado médico se o
b) For absolutamente necessário proceder à produção motivo for doença.
de qualquer meio de prova superveniente e indisponível 3 — O valor probatório do atestado médico pode ser
no momento em que a audiência estiver a decorrer; contrariado por outro meio de prova.
Diário da República, 1.ª série — N.º 10 — 15 de janeiro de 2015 419
a) Profere decisão quando considerar que o processo 1 — Produzida a prova, o juiz concede a palavra ao
contém todos os elementos; Ministério Público e ao defensor para alegações, por trinta
b) Determina o prosseguimento do processo, nos outros minutos cada uma, prorrogáveis por mais quinze, se o
casos. justificar a complexidade da causa.
2 — Oficiosamente ou a requerimento, o juiz pode ouvir
6 — Sempre que possível, a decisão é ditada para a ata. o menor e os pais, o representante legal ou quem tiver a sua
7 — Em caso de complexidade, é designada data para guarda de facto até ao encerramento da audiência.
leitura da decisão, dentro de cinco dias.
Artigo 110.º
Artigo 105.º Decisão
Regime das provas 1 — A decisão inicia-se por um relatório que contém:
1 — Para a formação da convicção do tribunal e a fun- a) As indicações tendentes à identificação do menor e
damentação da decisão valem apenas as provas produzidas dos pais, representante legal ou de quem tenha a sua guarda
ou examinadas em audiência. de facto e do ofendido, quando o houver;
2 — Ressalvam-se do disposto no número anterior as b) A indicação dos factos imputados ao menor, sua qua-
provas contidas em atos processuais cuja leitura em audi- lificação e medida tutelar proposta, se a houver.
ência seja permitida nos termos dos artigos seguintes.
2 — Ao relatório segue -se a fundamentação que
Artigo 106.º consiste na enumeração dos factos provados e não
Leitura de autos
provados, indicação da sua qualificação e exposição,
tão completa quanto concisa, das razões que justifi-
1 — Sem prejuízo do disposto no número seguinte, é cam o arquivamento ou a aplicação de medida tutelar,
permitida a leitura em audiência de autos de qualquer das com indicação das provas que serviram para formar a
fases do processo tutelar que não contenham declarações convicção do tribunal.
420 Diário da República, 1.ª série — N.º 10 — 15 de janeiro de 2015
3 — A decisão termina pela parte dispositiva que contém: d) A identificação das testemunhas, peritos, consultores
técnicos, intérpretes e pessoas que tenham intervindo para
a) As disposições legais aplicáveis; prestar assistência ao menor;
b) A decisão de arquivamento ou de aplicação de me- e) A indicação das provas produzidas ou examinadas;
dida tutelar; f) A decisão de exclusão ou restrição da publici-
c) A designação das entidades, públicas ou privadas, dade e as medidas tomadas relativamente à audição
a quem é deferida a execução da medida tutelar e o seu de pessoas em separado ou ao afastamento do menor
acompanhamento; da audiência;
d) O destino a dar a coisas ou objetos relacionados com g) Os requerimentos, decisões e quaisquer outras indi-
os factos; cações que, por força da lei, dela devem constar;
e) A ordem de remessa de boletins ao registo; h) A assinatura do presidente e do funcionário de justiça
f) A data e a assinatura do juiz. que a lavrar.
Artigo 111.º SECÇÃO III
Nulidade da decisão Audiência
É nula a decisão: Artigo 115.º
a) Que não contenha as menções referidas no n.º 2 e na Notificações
alínea b) do n.º 3 do artigo anterior;
b) Que dê como provados factos que constituam altera- Se, realizada a audiência prévia, o processo tiver de
ção substancial dos factos descritos no requerimento para prosseguir, é correspondentemente aplicável o disposto
abertura da fase jurisdicional. no n.º 2 do artigo 93.º
1 — Só podem intervir na sentença os juízes que te- 1 — O prazo para interposição do recurso é de cinco
nham assistido a todos os atos de instrução e discussão dias.
praticados na audiência, salvo o disposto nos números 2 — Se o recurso for interposto por declaração na ata,
seguintes. a motivação pode ser apresentada no prazo de cinco dias
2 — Se durante a discussão e julgamento falecer ou contado da data da interposição.
se impossibilitar permanentemente algum dos juízes
sociais, não se repetirão os atos já praticados, a menos Artigo 123.º
que as circunstâncias aconselhem, de preferência, a Legitimidade
repetição de algum ou alguns dos atos já praticados, o
que será decidido sem recurso, mas em despacho fun- Têm legitimidade para recorrer:
damentado, pelo juiz que deva presidir à continuação a) O Ministério Público, mesmo no interesse do menor;
da audiência. b) O menor, os pais, o representante legal ou quem tenha
3 — Sendo temporária a impossibilidade, interrompe-se a sua guarda de facto;
a audiência pelo tempo indispensável, a não ser que as c) Qualquer pessoa que tiver a defender direito afetado
circunstâncias aconselhem, de preferência, a substituição pela decisão, limitada à parte em que a decisão recorrida
do juiz impossibilitado, o que será decidido pelo presidente afete tal direito.
do tribunal, em despacho fundamentado. É corresponden- Artigo 124.º
temente aplicável o disposto no n.º 2.
4 — O juiz substituto continuará a intervir, não obstante Âmbito do recurso
o regresso ao serviço do juiz efetivo. 1 — O recurso abrange toda a decisão.
5 — No caso previsto no n.º 2, falecendo o juiz presi- 2 — O recurso interposto em matéria de facto aproveita
dente ou ficando este permanentemente impossibilitado, a todos os menores que tenham sido julgados no mesmo
repetem-se os atos já praticados. processo.
6 — O juiz que for transferido, promovido ou aposen- Artigo 125.º
tado ou o juiz social a quem tenha sido deferida a escusa,
concluirá o julgamento, exceto se a aposentação tiver por Efeito do recurso
fundamento a incapacidade física, moral ou profissional 1 — No exame preliminar o relator verifica se deve man-
para o exercício do cargo, ou a escusa tiver por funda- ter o efeito atribuído ao recurso e confirma-o ou altera-o,
mento a incapacidade física ou moral para o exercício determinando, neste caso, as providências adequadas.
do cargo, ou se em qualquer dos casos as circunstân- 2 — O recurso interposto de decisão que aplique ou mante-
cias aconselharem, de preferência, a substituição do juiz nha medida cautelar é decidido no prazo máximo de 15 dias,
impossibilitado, o que será decidido pelo presidente do a contar da data de receção dos autos no tribunal superior.
tribunal, em despacho fundamentado. É corresponden- 3 — O recurso interposto de decisão que aplique ou
temente aplicável o disposto nos n.os 2 e 5. mantenha medida tutelar de internamento é decidido no
prazo máximo de 60 dias, a contar da data de receção dos
Artigo 120.º autos no tribunal superior.
Normas supletivas
4 — Ao recurso interposto de decisão que aplique me-
dida tutelar de internamento é atribuído efeito devolutivo,
São supletivamente aplicáveis as disposições constantes aguardando o menor em centro educativo até ao trânsito em
da secção anterior. julgado da decisão.
422 Diário da República, 1.ª série — N.º 10 — 15 de janeiro de 2015
b) A execução de medida de internamento de regime b) For aplicada prisão preventiva a jovem maior de
mais restritivo prevalece sobre medida de internamento de 16 anos que esteja a cumprir medida tutelar de interna-
regime menos restritivo, cujo cumprimento se suspende, mento;
se for o caso. c) Nos casos previstos no n.º 6 do artigo 27.º, o jovem
for absolvido.
4 — O grau de gravidade das medidas tutelares afere-
Artigo 137.º
-se pela ordem crescente da sua enumeração no n.º 1 do
artigo 4.º, e relativamente às modalidades de cada uma, Modalidades e periodicidade da revisão das medidas tutelares
pelo grau de limitação que, em concreto, impliquem na
1 — A revisão tem lugar oficiosamente, a requeri-
autonomia de decisão e de condução de vida do menor.
mento do Ministério Público, do menor, dos pais, do
Artigo 134.º representante legal, de quem tenha a sua guarda de
facto ou do defensor ou mediante proposta da entidade
Recursos encarregue de acompanhar e assegurar a execução da
1 — O menor, os pais, o representante legal ou quem medida.
tenha a sua guarda de facto e o defensor podem interpor 2 — A revisão oficiosa pode ter lugar a todo o tempo,
recurso de qualquer decisão tomada durante a execução sendo obrigatória decorrido um ano após:
de medida tutelar que imponha restrições superiores às a) O início da execução da medida;
decorrentes da decisão judicial. b) A anterior revisão;
2 — O recurso é dirigido, por escrito, ao tribunal com- c) A aplicação de medida cuja execução não se tiver
petente para a execução, que decide em definitivo. iniciado, logo que for cumprido mandado de condução do
3 — O tribunal pode fixar efeito suspensivo ao recurso menor ao local que o tribunal tiver determinado.
relativamente às decisões suscetíveis de alterar substan-
cialmente as condições de execução da medida. 3 — Para efeitos de se dar início ao processo de revisão
4 — O recurso é decidido no prazo de cinco dias a contar nos termos da alínea c) do número anterior, a entidade
da data do seu recebimento, ouvidos o Ministério Público encarregada de acompanhar e assegurar a execução da
e as pessoas que o tribunal considere necessárias. medida comunica, de imediato, ao tribunal competente a
data do início da execução.
Artigo 135.º 4 — A medida de internamento, em regime semia-
Extinção das medidas tutelares berto e em regime fechado, é obrigatoriamente revista
seis meses após o início da execução ou a anterior
O tribunal competente para a execução declara extinta revisão.
a medida, notificando por escrito o menor, os pais, o repre- 5 — A revisão, a requerimento, de medidas tutelares
sentante legal ou quem tenha a sua guarda de facto, o defensor pode ter lugar a todo o tempo, salvo no caso da medida
e a entidade encarregada de acompanhar e assegurar a exe-
de internamento.
cução.
6 — A revisão, a requerimento, da medida de inter-
CAPÍTULO II namento pode ter lugar três meses após o início da sua
execução ou após a última decisão de revisão.
Revisão das medidas tutelares 7 — No caso de revisão a requerimento das pessoas
referidas no n.º 1, o juiz deve ouvir o Ministério Público,
Artigo 136.º o menor e a entidade encarregada da execução da medida.
Pressupostos Nos restantes casos, ouve o menor, sempre que o entender
conveniente.
1 — A medida tutelar é revista quando: 8 — No caso previsto no n.º 2 do artigo anterior, o juiz
a) A execução se tiver tornado impossível, por facto ouve o Ministério Público, o menor e os serviços de rein-
não imputável ao menor; serção social.
b) A execução se tiver tornado excessivamente onerosa 9 — A decisão de revisão é notificada ao menor, aos
para o menor; pais, ao representante legal ou a quem tenha a sua guarda
c) No decurso da execução a medida se tiver tornado de facto, ao defensor e às entidades encarregadas da exe-
desajustada ao menor por forma que frustre manifesta- cução.
mente os seus fins;
d) A continuação da execução se revelar desnecessária Artigo 138.º
devido aos progressos educativos alcançados pelo menor; Efeitos da revisão das medidas tutelares não institucionais
e) O menor se tiver colocado intencionalmente em situ-
ação que inviabilize o cumprimento da medida; 1 — Quando proceder à revisão das medidas não ins-
f) O menor tiver violado, de modo grosseiro ou persis- titucionais, pelas razões indicadas nas alíneas a) a d) do
tente, os deveres inerentes ao cumprimento da medida; artigo 136.º, o tribunal pode:
g) O menor com mais de 16 anos cometer infração
a) Manter a medida aplicada;
criminal.
b) Modificar as condições da execução da medida;
c) Substituir a medida por outra mais adequada, igual-
2 — A medida tutelar de internamento é obrigatoria-
mente não institucional, desde que tal não represente para
mente revista, para efeitos de avaliação da necessidade
o menor uma maior limitação na sua autonomia de decisão
da sua execução, quando:
e de condução da sua vida;
a) A pena ou a medida devam ser executadas nos termos d) Reduzir a duração da medida;
do artigo 25.º; e) Pôr termo à medida, declarando-a extinta.
424 Diário da República, 1.ª série — N.º 10 — 15 de janeiro de 2015
3 — Antes da saída do menor, o diretor do centro deve 8 — Durante o período de supervisão intensiva, o menor
confirmar a inexistência, nos serviços de reinserção social, é acompanhado pela equipa de reinserção social compe-
de outras decisões pendentes de internamento em centro tente, que para o efeito prepara e executa um plano de
educativo, relativamente ao mesmo menor. reinserção social, em colaboração com o menor, os pais ou
4 — No caso de se encontrarem a aguardar execução outras pessoas de referência significativa para o menor, ou
outras decisões de internamento em centro educativo, com a entidade de proteção social designada pelo tribunal,
os serviços de reinserção social solicitam ao tribunal de acordo com o n.º 3 do artigo 22.º
competente a emissão das orientações que tiver por 9 — Para efeitos de avaliação da execução do período
adequadas. de supervisão intensiva, os serviços de reinserção social
5 — É correspondentemente aplicável o disposto nos remetem ao tribunal relatórios trimestrais.
n.os 3 e 4 à cessação da medida cautelar de guarda em cen- 10 — Findo o período de supervisão intensiva, e sem-
tro educativo e do internamento para realização de perícia pre que se comprove que o menor cumpriu as obrigações
sobre a personalidade. impostas pelo tribunal, a medida é extinta e o processo
arquivado.
Artigo 158.º-A 11 — Em caso de grave ou reiterada violação das obri-
Período de supervisão intensiva gações e regras de conduta impostas ao menor, o tribunal
determina o seu internamento, para cumprimento do tempo
1 — Por decisão judicial, a execução das medidas de de medida que lhe faltar cumprir, sempre que possível, no
internamento pode compreender um período de supervi- mesmo centro educativo onde cumpriu a medida.
são intensiva, o qual visa aferir o nível de competências 12 — Serão estabelecidas, em termos a definir por
de natureza integradora adquiridas pelo menor no meio decreto-lei, as normas reguladoras das condições de ins-
institucional, bem como o impacto no seu comportamento talação e funcionamento das casas de autonomia.
social e pessoal, tendo sempre por referência o facto pra-
ticado. Artigo 158.º-B
2 — A decisão prevista no número anterior é sempre
precedida de parecer dos serviços de reinserção social. Acompanhamento pós-internamento
3 — A duração do período de supervisão intensiva não 1 — Não sendo determinado período de supervisão
pode ser inferior a três meses nem superior a um ano, intensiva, nos termos do n.º 1 do artigo anterior, cessada
cabendo aos serviços de reinserção social avaliar e propor a medida de internamento, os serviços de reinserção social
a duração do período de supervisão intensiva em cada acompanham o regresso do menor à liberdade, nos termos
caso. dos números seguintes.
4 — Em qualquer caso, o período de supervisão inten- 2 — O diretor do centro deve informar os serviços de
siva não pode ser superior a metade do tempo de duração reinserção social, com, pelo menos 3 meses de antece-
da medida. dência, da data prevista para a cessação da medida de
5 — A supervisão intensiva é executada em meio na- internamento.
tural de vida ou, em alternativa, e sempre que possível, 3 — Recebida a comunicação prevista no número ante-
em casa de autonomia, gerida pelos próprios serviços de rior, os serviços de reinserção social avaliam as condições
reinserção social, por entidades particulares sem fins lucra- de integração do menor no seu meio natural de vida, e
tivos, ou por organismos da Segurança Social, mediante propõem fundamentadamente, sendo caso disso, junto da
formalização de acordos de cooperação, assegurando-se comissão de proteção de crianças e jovens territorialmente
em qualquer casa a supervisão do período pelos serviços competente, a instauração de processo de promoção e
de reinserção social. proteção, nos termos da Lei de Proteção de Crianças e
6 — O tribunal pode sujeitar o menor ao cumprimento Jovens em Perigo, aprovada pela Lei n.º 147/99, de 1 de
de obrigações e, ou, impor-lhe regras de conduta durante setembro, disso dando, em simultâneo, conhecimento ao
o período de supervisão intensiva. Ministério Público.
7 — As obrigações e regras de conduta previstas no 4 — Podem ser criadas, em termos a definir por decreto-
número anterior podem consistir no seguinte: -lei, unidades residenciais de transição destinadas a jovens
a) Obrigação de frequentar o sistema educativo e for- saídos de centro educativo.
mativo, se o menor estiver abrangido pela escolaridade
obrigatória; SECÇÃO II
b) Obrigação de se submeter a programas de tipo forma-
tivo, cultural, educativo, profissional, laboral, de educação Princípios da intervenção em centro educativo
sexual, de educação rodoviária ou outros similares;
c) Obrigação de assiduidade no posto de trabalho; Artigo 159.º
d) Proibição de frequentar determinados meios, locais Socialização
ou espetáculos;
e) Proibição de se ausentar do local de residência sem 1 — A atividade dos centros educativos está subor-
autorização judicial prévia; dinada ao princípio de que o menor internado é sujeito
f) Obrigação de residir num local determinado; de direitos e deveres e de que mantém todos os direitos
g) Obrigação de comparecer perante o tribunal ou os pessoais e sociais cujo exercício não seja incompatível
serviços de reinserção social, sempre que for convocado, com a execução da medida aplicada.
para os informar sobre as atividades realizadas; 2 — A vida nos centros educativos deve, tanto quanto
h) Quaisquer outras obrigações que o tribunal considere possível, ter por referência a vida social comum e minimi-
convenientes para a reinserção social do menor, desde que zar os efeitos negativos que o internamento possa implicar
não atentem contra a sua dignidade como pessoa. para o menor e seus familiares, favorecendo os vínculos
428 Diário da República, 1.ª série — N.º 10 — 15 de janeiro de 2015
sociais, o contacto com familiares e amigos e a colaboração fases, prazos e meios de realização, nomeadamente os
e participação das entidades públicas ou particulares no necessários ao acompanhamento psicológico, por forma a
processo educativo e de reinserção social. que o menor possa facilmente aperceber-se da sua evolução
3 — O regulamento geral dos centros educativos e o e que o centro possa avaliá-lo.
regulamento interno de cada centro estabelecem as auto- 3 — O projeto educativo pessoal é obrigatoriamente
rizações ordinárias e extraordinárias de que o menor pode enviado ao tribunal para homologação, no prazo máximo
usufruir para manutenção de contactos benéficos com o de 45 dias a contar da admissão do menor no centro.
exterior.
Artigo 165.º
Artigo 160.º
Atividades para menores não sujeitos a medida de internamento
Escolaridade
1 — Os menores internados pelos motivos referidos nas
1 — Os menores internados continuam sujeitos aos alíneas b) e c) do artigo 145.º frequentam diariamente um
deveres decorrentes da escolaridade obrigatória, devendo programa diversificado de atividades, tendo por objetivos
ser incentivados a prosseguir ou a completar estudos em principais a aquisição de competências sociais e a satisfa-
estabelecimento de ensino no exterior, desde que o regime ção das necessidades de desenvolvimento físico e psíquico
de internamento o permita. comuns para o seu nível etário.
2 — Quando o regime de internamento não permita a 2 — (Revogado.)
frequência pelo menor internado de estabelecimento de
ensino no exterior, a atividade escolar oficial desenvol- Artigo 166.º
vida nos centros educativos deve ser orientada de modo
a adaptar-se às particulares necessidades dos menores e a Horário de funcionamento
facilitar a sua inserção social. Cada centro educativo dispõe de um horário de funcio-
namento pelo qual se regulam os horários das atividades da
Artigo 161.º vida diária do estabelecimento, que não podem, em caso
Orientação vocacional e formação profissional e laboral algum, implicar para os menores internados um período
de descanso noturno inferior a oito horas seguidas.
Conforme a sua idade, regime e duração do interna-
mento, os menores internados devem participar em ativi- Artigo 167.º
dades de orientação vocacional e de formação profissional
ou laboral, dentro ou fora do estabelecimento, de acordo Regime aberto
com as necessidades especificamente previstas no projeto 1 — Nos centros educativos de regime aberto os meno-
educativo pessoal. res residem e são educados no estabelecimento, mas fre-
quentam no exterior, preferencialmente, as atividades esco-
Artigo 162.º lares, educativas ou de formação, laborais, desportivas e de
Projeto de intervenção educativo tempos livres previstas no seu projeto educativo pessoal.
Cada centro educativo dispõe de projeto de interven- 2 — Os menores podem ser autorizados a sair sem
ção educativo próprio que deve permitir a programação acompanhamento e a passar períodos de férias ou de
faseada e progressiva da intervenção, diferenciando os fim de semana com os pais, representante legal, pes-
objetivos a realizar em cada fase e o respetivo sistema de soa que tenha a sua guarda de facto ou outras pessoas
reforços positivos e negativos, dentro dos limites fixados idóneas.
pelo regulamento geral e de harmonia com o regulamento 3 — No desenvolvimento da atividade educativa os
interno. centros educativos de regime aberto devem incentivar a
colaboração do meio social envolvente, abrindo ao mesmo,
Artigo 163.º tanto quanto possível, as suas próprias estruturas.
Regulamento interno Artigo 168.º
É obrigatória a existência em cada centro educativo de Regime semiaberto
um regulamento interno cujo cumprimento visa garantir
a convivência tranquila e ordenada e assegurar a realiza- 1 — Nos centros educativos de regime semiaberto os
ção do projeto de intervenção educativa do centro e dos menores em execução de medida de internamento residem,
programas de atividades. são educados e frequentam atividades educativas e de tem-
pos livres no estabelecimento, mas podem ser autorizados
Artigo 164.º a frequentar no exterior atividades escolares, educativas
ou de formação, laborais ou desportivas, na medida do que
Projeto educativo pessoal se revele necessário para a execução inicial ou faseada do
1 — Para cada menor em execução de medida tute- seu projeto educativo pessoal.
lar de internamento é elaborado um projeto educativo 2 — As saídas são normalmente acompanhadas por
pessoal, no prazo de 30 dias após a sua admissão, tendo pessoal de intervenção educativa, mas os menores podem
em conta o regime e duração da medida, bem como as ser autorizados a sair sem acompanhamento para a fre-
suas particulares motivações, necessidades educativas e quência das atividades referidas no número anterior e a
de reinserção social. passar períodos de férias com os pais, representante legal,
2 — O projeto educativo pessoal deve especificar os pessoa que tenha a sua guarda de facto ou outras pessoas
objetivos a alcançar durante o tratamento, sua duração, idóneas.
Diário da República, 1.ª série — N.º 10 — 15 de janeiro de 2015 429
no projeto educativo pessoal ou outras previstas para o seu b) A divulgação, por qualquer meio, de imagens ou de
tipo de internamento. registos fonográficos que permitam a identificação da sua
8 — O dever de pontualidade consiste em comparecer, pessoa e da sua situação de internamento.
às horas fixadas, nas atividades referidas no número ante-
rior e no centro educativo, após saída autorizada. SECÇÃO IV
Artigo 173.º Prémios
Direitos dos pais, representante legal
ou pessoa que tenha a guarda de facto do menor Artigo 177.º
1 — Os pais, o representante legal ou a pessoa que tenha Requisitos de atribuição
a guarda de facto do menor conservam, durante o inter- O centro educativo, de acordo com o previsto no regu-
namento, todos os direitos e deveres relativos à pessoa do lamento geral e no respetivo regulamento interno, pode
menor, que não sejam incompatíveis com a medida tutelar, atribuir prémios a menor em execução de medida de inter-
salvas as restrições ou proibições impostas pelo tribunal. namento pela evolução positiva do seu processo educativo,
2 — Os pais, representante legal ou pessoa que tenha pelo empenho demonstrado no cumprimento das atividades
a guarda de facto do menor têm direito, nos termos regu- previstas no projeto educativo pessoal, bem como pelo
lamentares, salvas as restrições ou proibições impostas seu sentido de responsabilidade e bom comportamento
pelo tribunal: individual ou em grupo.
a) A ser imediatamente informados pelo centro educa-
tivo da admissão, transferência, ausência não autorizada, SECÇÃO V
concessão ou suspensão de autorizações de saída, bem
Medidas de contenção
como doença, acidente ou outra circunstância grave re-
ferente ao menor; Artigo 178.º
b) A ser informados sobre a execução da medida de
internamento e sobre a evolução do processo educativo Medidas de contenção
do menor, nos termos do n.º 2 do artigo 131.º;
c) A ser avisados pelo centro educativo, em tempo útil, São autorizadas em centro educativo as seguintes me-
didas de contenção:
da cessação do internamento.
a) Contenção física pessoal;
Artigo 174.º b) Isolamento cautelar.
Assistência e internamento hospitalar Artigo 179.º
1 — Os menores dispõem de assistência hospitalar ou Casos em que podem ser adotadas
outra sempre que necessidades de saúde a exijam.
2 — O internamento hospitalar nos termos do número 1 — As medidas de contenção apenas podem ser ado-
anterior é autorizado pelo diretor do centro educativo que tadas nos casos seguintes:
dele dará imediato conhecimento ao tribunal. a) Para impedir que os menores cometam atos lesivos ou
que coloquem em perigo a sua pessoa ou a de outrem;
Artigo 175.º b) Para impedir fugas;
c) Para evitar danos importantes nas dependências ou
Liberdade de religião
equipamentos dos centros;
1 — Durante o internamento é respeitada a liberdade d) Para vencer a resistência violenta dos menores às
de religião do menor. ordens e orientações do pessoal do centro no exercício
2 — O horário das atividades dos centros educativos legítimo das suas funções.
deve permitir, sempre que possível, aos menores internados
a prática de atos da sua confissão religiosa. 2 — O recurso às medidas de contenção só é admissível
em casos de inexistência de outra forma efetiva e eficaz de
Artigo 176.º evitar os atos e situações referidos no número anterior.
c) A execução continuada das medidas disciplinares das 2 — A comissão pode solicitar informação sobre o fun-
alíneas f) e g) do artigo 194.º por período superior a uma cionamento dos centros, nas suas várias vertentes, e efetuar
vez e meia o seu limite máximo. visitas sempre que o julgue necessário.
3 — A comissão tem livre acesso aos centros educativos,
4 — A gravidade das medidas disciplinares afere-se pela podendo contactar em privado com o menor internado.
ordem crescente da sua enumeração no artigo 194.º 4 — A Comissão é apoiada pelo Ministério da Justiça
nos termos que forem fixados por portaria.
SECÇÃO VII
Centros educativos TÍTULO VI
Registo de medidas tutelares educativas
Artigo 206.º
Classificação dos centros educativos Artigo 210.º
1 — Os centros educativos classificam-se em abertos, Objeto e finalidade do registo
semiabertos e fechados em função do regime de execução 1 — Estão sujeitas a registo as decisões judiciais que
das medidas de internamento. apliquem, revejam ou que declarem a cessação ou extinção
2 — A classificação dos centros educativos condiciona de medidas tutelares educativas.
o seu regime de funcionamento e grau de abertura ao ex- 2 — O registo de medidas tutelares educativas tem por
terior. finalidade a recolha, o tratamento e a conservação dos
3 — Os centros educativos podem ainda ser classificados extratos de decisões judiciais por forma a possibilitar o
em função dos projetos de intervenção educativa que de- conhecimento das decisões proferidas.
senvolvem para grupos específicos de menores, de acordo
com as suas particulares necessidades educativas. Artigo 211.º
Artigo 207.º Princípios
Âmbito dos centros educativos O registo de medidas tutelares educativas deve proces-
sar-se no estrito respeito pelos princípios da legalidade,
No mesmo centro educativo podem coexistir unidades da autenticidade, da veracidade, da univocidade e da
residenciais diferenciadas segundo os regimes de execução segurança.
das medidas, projetos de intervenção educativa e tipos de Artigo 212.º
internamento.
Entidade responsável pelo tratamento da base de dados
Artigo 208.º
Cooperação de entidades particulares
1 — O registo de medidas tutelares educativas funciona
na Direção-Geral da Administração da Justiça, sendo o
1 — Os serviços de reinserção social podem celebrar diretor-geral da Administração da Justiça a entidade res-
acordos de cooperação com entidades particulares, sem ponsável pela respetiva base de dados.
fins lucrativos, com experiência reconhecida na área da 2 — Compete ao diretor-geral da Administração da
delinquência juvenil, para a execução de internamentos Justiça assegurar o direito de informação e de acesso aos
em regime aberto, semiaberto e fechado, nos termos pre- dados pelos respetivos titulares, a correção de inexatidões,
vistos na lei. o completamento de omissões, a supressão de dados inde-
2 — O disposto no número anterior não pode, em caso vidamente registados, bem como velar pela legalidade da
algum, determinar a transferência para a entidade coope- consulta ou da comunicação da informação.
rante da responsabilidade de acompanhar a execução das
medidas que cabe aos serviços de reinserção social. Artigo 213.º
3 — Para garantir o previsto no número anterior, a di- Ficheiro central
reção do centro educativo é assegurada por um diretor
designado pelos serviços de reinserção. 1 — O registo de medidas tutelares educativas é organi-
4 — Nos casos em que a dimensão do centro educativo zado em ficheiro central, que pode ser informatizado.
o justifique pode também ser designado pelos serviços de 2 — O registo de medidas tutelares educativas é cons-
reinserção um coordenador técnico. tituído pelos elementos de identificação civil do menor e
por extratos de decisões sujeitas a registo, nos termos da
Artigo 209.º presente lei.
3 — Os extratos das decisões contêm a indicação:
Entidade fiscalizadora
a) Do tribunal que proferiu a decisão e do número do
1 — Sem prejuízo da competência dos tribunais, do Mi- processo;
nistério Público e demais entidades a quem incumbe a de- b) Da identificação civil do menor;
fesa da legalidade, o funcionamento dos centros educativos c) Da data e forma da decisão;
será especialmente acompanhado por uma comissão inde- d) Do conteúdo da decisão e dos preceitos aplicados.
pendente composta por dois representantes da Assembleia
da República, um do Governo, um do Conselho Superior 4 — Os dados devem ser exatos, pertinentes e atuais e
da Magistratura, um do Conselho Superior do Ministério ser selecionados antes do seu registo informático.
Público e dois de organizações não-governamentais de 5 — A recolha dos dados para tratamento automatizado
apoio à criança. deve limitar-se ao estritamente necessário ao exercício das
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