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3º Encontro

Nacional De
Produção Cultural
CARTA DE SALVADOR
CARTA DE SALVADOR
Carta Aberta dos Produtores Culturais como resultado das discussões do
3º Encontro Nacional de Produção Cultural

Como resultado das discussões feitas na Plenária do 3º Encontro Nacional de Produção


Cultural (Enprocult), em Salvador (Ba), nos dias 02, 03 e 04 de outubro de 2013, estudantes,
professores e profissionais reunidos entendemos que existem muitas demandas a serem
conquistadas em prol do reconhecimento dos cursos, dos profissionais e do campo de atu-
ação em Produção Cultural no Brasil. Sendo assim, reafirmamos as questões e demandas
levantadas nas Cartas realizadas nas duas edições anteriores do encontro, uma vez que a
maioria dos pontos ali estabelecidos não foram atendidos, discutidos e solucionados de
forma devida e efetiva.

A partir dessa constatação é que, como ponto prioritário deste texto, compreendemos que
para alcançarmos soluções para as questões anteriormente apresentadas temos que,
primeiro, buscar o reconhecimento da profissão, do profissional, dos cursos e estudantes e,
portanto, da atuação em Produção Cultural como alicerces fundamentais para o campo da
organização da cultura no Brasil. Acreditamos, portanto, que apresentar à sociedade esse
profissional e essas formações seja de grande importância nesse dado momento, e é com
esta finalidade que elaboramos essa Carta.

O papel organizativo e intermediador exercido pelos profissionais de Produção Cultural


existe desde que a arte e a cultura são criadas, produzidas e consumidas pela humanidade.
Desde então profissionais de várias áreas do conhecimento atuaram e atuam como produ-
tores culturais. Pesquisas acadêmicas apontam que, no Brasil, a partir da década de 1990 há
uma complexificação maior do campo da cultura a ponto de surgirem as primeiras forma-
ções que pretendiam atender a demanda de profissionais qualificados para atuarem nesse
contexto profissional. Os cursos surgiram em conjunturas formativas específicas, sem con-
hecimento das propostas umas das outras, mas tinham o mesmo propósito: oferecer forma-
ção continuada e consistente para indivíduos que desejassem se tornar produtores culturais.

Apresentamos neste documento, portanto, os cursos de Produção Cultural existentes e iden-


tificados, como forma de divulgar e fazer os mesmos conhecidos pela sociedade, pelo mer-
cado de trabalho, pelos órgãos públicos relacionados à formação e atuação profissional. Pre-
tendemos, com isso, legitimar os cursos e contribuir para que os estudantes e profission-
ais egressos tenham um respaldo e reforço quanto ao reconhecimento de
suas formações perante o campo de atuação profissional, uma vez que
muitas entidades desconhecem a existência desses cursos e as suas
possibilidades de atuação.
Reconhecemos todos os cursos – listados ao final deste texto, com informações dispostas
em uma tabela – com suas especificidades, contextos e potencialidades, como formas
legítimas de qualificação para atuação no mercado de cultura do país. Entendemos que o
produtor cultural é um profissional multidisciplinar e que estas formações buscam atender
às necessidades dos conhecimentos diversos pertinentes a essa profissão, além de estarem
comprometidas com o aperfeiçoamento de suas propostas formativas para esta atuação
profissional.

Elencamos e apresentamos aqui, para amplo conhecimento, as possibilidades de atuação


do produtor cultural. Notadamente, e comum a todos os cursos, a principal atuação desses
profissionais é a de produção de produtos e projetos culturais das mais diversas linguagens
artísticas. Os produtores são, assim, os profissionais que fazem a intermediação entre a
criação artística e cultural e o seu consumo pelo público. Atuam no planejamento, coorde-
nação, supervisão e organização dos produtos e projetos artísticos e culturais, podendo
haver especificidades a depender da linguagem artística ou manifestação cultural com as
quais trabalhem. São também possibilidades legítimas a esse profissional a atuação em:
políticas culturais; gestão cultural; marketing cultural; elaboração de projetos culturais;
assessoria e divulgação de projetos e produtos culturais; análise e compreensão sobre
públicos e mercados culturais; dentre outros.

Deste modo, os produtores culturais podem estar inseridos e atuar nos seguintes espaços:
órgãos públicos de cultura; instituições e organizações privadas de cultura; empresas de
natureza cultural e artística; empresas e organizações de outra natureza, mas que atuem no
fomento, incentivo e patrocínio à arte e à cultura; organizações não governamentais etc.
Sendo assim, esses profissionais estão aptos a atuarem, por exemplo, em secretarias estad-
uais e municipais de cultura, órgãos e autarquias do campo cultural, de âmbito federal,
estadual e municipal; em órgãos públicos e privados de natureza cultural tais como museus,
teatros, galerias, centros culturais etc.; produtoras, agências e demais empresas que atuem
em cultura e áreas correlatas; setores de empresas privadas, públicas ou mistas que
fomentem e apoiem iniciativas e projetos culturais; associações, entidades e organizações
que atuem no terceiro setor, nas áreas culturais, artísticas e sociais relacionadas.

Para os egressos dos cursos há também a possibilidade de se dedicar a uma carreira


acadêmica, assim como é possível para qualquer outra formação universitária. Através de
uma trajetória acadêmica, em cursos de pós-graduação (especialização, mestrado e douto-
rado) poderão atuar com pesquisa e ensino, em cursos de formação para o campo da orga-
nização da cultura e em áreas correlatas.

Por fim, atestamos todas as informações acima apresentadas e damos


a esta Carta a importância de nos servir como documento legítimo
para o conhecimento e reconhecimento do produtor cultural
perante a sociedade, através dos cursos, dos estudantes e dos profissionais egressos e atu-
antes no campo da organização da cultura. Reafirmamos o compromisso de articulação e
envolvimento dos cursos, estudantes, egressos e demais profissionais com o fortaleci-
mento deste campo e legitimamos o Encontro Nacional de Produção Cultural como o
espaço onde, anualmente, questões pertinentes a esse contexto poderão ser debatidos,
decididos e difundidos.

CURSO INSTITUIÇÃO CIDADE/ESTADO TIPO/DURAÇÃO

Comunicação – Prod. Com. e


UFBA Salvador (BA) Graduação (04 anos)
Cultura

Produção Cultural UFF Rio de Janeiro (RJ) Graduação (04 anos)

Produção Cultural UFF Rio das Ostras (RJ) Graduação (04 anos)

Produção Cultural IRFJ Nilópolis (RJ) Graduação (04 anos)

Produção e Política Cultural UNIPAMPA Jaguarão (RS) Graduação (04 anos)

Relações Públicas – Prod. UNIPAMPA São Borja (RS) Graduação (04 anos)
Cultural

Artes – Prod. e Política Cul- UCAM Rio de Janeiro (RJ) Graduação (04 anos)
tural
FAAP
Produção Cultural São Paulo (SP) G. Sequencial (03 anos)

Produção Cultural IFRN Natal (RN) G. Tecnológica (03 anos)

* Os cursos aqui apresentados foram identificados no “Mapeamento em Organização Cultural no Brasil”,


realizado pelo Ministério da Cultura (MinC) em parceria com a Universidade Federal da Bahia (UFBA) e
selecionados pela tipologia de graduação (bacharelados, bacharelados/habilitações, graduação
tecnológica e graduação sequencial). Disponível em: http://www.organizacaocultural.ufba.br.

Plenária do 3º Encontro Nacional de Produção Cultural (Enprocult)

Salvador (Ba), 04 de outubro de 2013.

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