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ESTADO DE ALAGOAS

SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª CAMARA DE JULGAMENTO

CTE Nº: 19/2015


PROCESSO Nº: 1500-026982/2012
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 9017448001
AUTUADA: MIFARMA COMÉRCIO E REPRESENTAÇÃO LTDA.
TIPO: RECURSO ORDINÁRIO
RELATOR(A): JALBAS TORRES HOMEM LIRA
PRESIDENTE: NADJA APARECIDA SILVA DE ARAUJO
SESSÃO ORDINÁRIA Nº 19 – REALIZADA EM 22/05/2015

ACÓRDÃO CTE-2C Nº 144/2015

EMENTA: ICMS. OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. FALTA DE


RECOLHIMENTO DO ICMS, DO QUAL TORNOU-SE
RESPONSÁVEL EM FUNÇÃO DE HAVER ADQUIRIDO
MERCADORIAS SUJEITAS AO REGIME DE SUBSTITUIÇÃO
TRIBUTÁRIA, ADVINDAS DE ESTADO NÃO SIGNATÁRIO DO
CONVÊNIO ICMS 76, DE 1994. RESPONSABILIDADE PELO
PAGAMENTO DO ICMS SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA NA
ENTRADA DO ESTADO. REGIME ESPECIAL PARA PAGAMENTO
EM MOMENTO POSTERIOR A ENTRADA NO ESTADO NÃO
ESTAVA EM VIGOR. MANTIDA A DECISÃO SINGULAR.
RECURSO ORDINÁRIO CONHECIDO E IMPROVIDO.

Vistos, relatadas e discutidos os presentes autos.

ACORDAM os membros da 2ª Câmara de Julgamento do Conselho


Tributário Estadual – CTE, por unanimidade de votos, em conhecer do
Recurso Ordinário e negar-lhe provimento. Lançamento procedente.

NADJA APARECIDA SILVA DE ARAUJO JALBAS TORRES HOMEM LIRA


Presidente Relator

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


Julgador Julgador

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO


Julgador
Este texto não substitui o publicado no D.O.E. de 18/08/2015

PROCESSO Nº1500-026982/2012; CTE Nº 19/2015


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RELATÓRIO

Trata-se de Recurso Ordinário em face de decisão


administrativa de primeira instância, proferida pela Coordenadoria
de Julgamento, que julgou procedente o lançamento do crédito
tributário formalizado por intermédio do Auto de Infração nº
90.17488-001, em razão do sujeito passivo ter deixado de recolher o
ICMS, do qual tornou-se responsável em função de haver adquirido
mercadorias sujeitas ao regime de substituição tributária, advindas
de Estado não signatário do Convênio ICMS 76, de 1994.

O crédito tributário exigido da ora recorrente, referente


a imposto e multa, foi de R$ 272.705,92 (duzentos e setenta e dois
mil, setecentos e cinco reais e noventa e dois centavos).

Fundamenta-se o lançamento na infração proposta no art.


1º, § 2º da Lei Estadual 5.572, de 1993; o art. 49, II e VIII; e
101, XVIII, todos do Regulamento do ICMS, aprovado pelo Decreto nº
35.245/91; no Convênio ICMS 76, de 1994 e no Decreto nº 36.538, de
1995. Como medida repressiva ao descumprimento da norma foi aplicada
a multa prevista no art. 90-A, da Lei 5.900, de 1996.

O Auto de Infração, foi instruído com extrato de


arrecadação do contribuinte, relatório de dados cadastrais do
contribuinte, cópia da Ficha de Atualização Cadastral – FAC, dos
Termo de Apreensão nº 29008 e 29009, dos DANFE (Documento Auxiliar
da Nota Fiscal Eletrônica) referentes as notas fiscais eletrônicas
que deram substrato a infração, seus respectivos DACTE (Documento
Auxiliar do Conhecimento de Transporte Eletrônico), planilha de
cálculo e consulta processual referente ao Mandado de Segurança
processo n.º 0708695-48.2012.8.02.0001 (anexo aos autos), vedando a
apreensão de mercadoria que se encontre em procedimento
fiscalizatório, com objetivo de exigir o ICMS.

Irresignado, o sujeito passivo apresentou defesa


administrativa, pedindo o cancelamento do Auto de Infração.

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Nas contrarrazões, a Diretoria da Representação Fiscal
contesta a defesa, pedindo que sejam rejeitadas as preliminares
arguidas e o Auto de Infração julgado procedente.

O Julgador Singular prolata a decisão singular, e decide


pela procedência da pretensão fiscal.

Inconformado com a decisão exarada pelo órgão


administrativo julgador a quo, o Recorrente interpôs recurso
Ordinário, respaldando sua inconformidade com a autuação, alegando:

a) a exigência do ICMS-ST em situação fática não prevista


no ordenamento estadual que seja passível de qualifica-la como
ocorrência de substituição tributária, onde a substituição
tributária prevista no Convênio ICMS 76/94 somente deve ser
aplicável aos seus Estados signatários, ainda assim se houvesse lei
prevendo a substituição tributária;

b) o recolhimento do ICMS-ST deve recair apenas sobre a


empresa vendedora, sem tratar de qualquer dever (responsabilidade)
supletivo do contribuinte, conforme estabelecido no Convênio ICMS
76/94 ou nos limites impostos pelo próprio ordenamento jurídico;

c) o ICMS-ST somente deveria ser recolhido ao Estado de


Alagoas até o dia 10 do mês subsequente à efetiva saída do produto;

d) que é beneficiária de Regime Especial de Tributação


SRE nº 42/2012, concedido no PAT 1500-016440/2012 e não poderia ser
tributada nos moldes quantificados na lavratura do Auto de Infração;

e) o Regime Especial de Tributação (PAT 1500-016440/2012)


foi concedido em data anterior à lavratura do auto de infração e
ainda que o regime tivesse sido concedido em data posterior à
autuação fiscal, deveria retroagir; e

f) solicita a intimação pessoal dos advogados, para que


seja facultada a sustentação oral das razões do presente recurso;
pedindo ao final a reforma da decisão singular e o cancelamento do
Auto de Infração.

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A representação fiscal apresentou contestação fiscal ao
recurso, argumentando pela responsabilidade do adquirente pelo
pagamento do imposto não retido por substituição tributária, cujo
fato gerador é a primeira circulação ocorrida; que a base de cálculo
foi aplicada conforme o que dispõe o Convênio ICMS 76/94; e a
penalidade aplicada é a correta, entendendo, desta forma pela
legalidade do Auto de Infração.

É o relatório.

Maceió, 22 de maio de 2015.

Jalbas Torres-Homem Lira


Relator

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VOTO DO RELATOR

DO RECURSO ORDINÁRIO

O Recurso Ordinário é tempestivo e preenche os demais


requisitos de admissibilidade, portanto, deve ser conhecido (art.
5º, art. 45, I, § 1º e art. 46, todos da Lei nº 6.771, de 2006),
devolvendo a matéria impugnada para conhecimento dos fatos e do
direito apresentados no recurso, por parte deste conselho.

Cabe esclarecer que o Mandado de Segurança processo n.º


0705426-98.2012.8.02.0001 (mencionado na descrição dos fatos) e o de
nº 0708695-48.2012.8.02.0001 (anexo ao Auto de Infração), se limita
a questão relacionada à apreensão de mercadoria, não fazendo menção
ao conteúdo presente na lavratura do Auto de Infração, não cabendo a
aplicação do art. 23, § 3º, II da Lei nº 6.771, de 2006, que afasta
da análise por parte deste juízo de matéria em apreciação no
judiciário.

Do pedido de intimação pessoal do advogado para


sustentação oral

Em resposta a solicitação de intimação pessoal para


sustentação oral, mesmo não sendo obrigatória as partes, basta aos
interessados acompanhar a publicação da pauta do Conselho Tributário
Estadual - CTE no Diário Oficial do Estado, para ter conhecimento
das informações, referentes as sessões do CTE de seu interesse,
inclusive com o nome do advogado representante do contribuinte, não
existindo previsão legal para que seja realizada a intimação pessoal
dos patronos da recorrente para apresentarem sustentação oral.

Do Mérito

Para as operações internas e nas operações interestaduais


com os Estados não signatário de convênio ou protocolos ICMS, a
implementação do regime da substituição tributária depende apenas de
lei estadual, não havendo necessidade de acordo, entenda-se, no caso
em tela, de Convênio ICMS, com outro Estado da federação para sua
efetivação.
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Assim, para as operações interestaduais com os Estados
não signatários do Convênio ICMS 76/94, a norma para a substituição
tributária é a estabelecida na legislação interna do Estado, como
será observado.

Nesse trilhar, quanto a alegação da recorrente a respeito


da exigência do ICMS substituição tributária em situação fática não
prevista no ordenamento estadual que seja passível de qualifica-la
como ocorrência de substituição tributária, especificamente no
tocante a aquisição de medicamentos de empresa sediada em Estado não
signatário do Convênio 76/94, passa-se a observar a legislação
estadual, que institui o regime da substituição tributária do ICMS
para aplicação interna no Estado de Alagoas, inicialmente a Lei nº
5.900, de 1996:

Art. 23. São sujeitos passivos por substituição tributária,


responsáveis pela retenção e recolhimento do imposto incidente
em operações ou prestações antecedentes, concomitantes ou
subseqüentes, inclusive do valor decorrente da diferença entre
as alíquotas interna e interestadual nas operações e prestações
que destinem mercadorias, bens e serviços a consumidor final
localizado neste Estado, nas hipóteses definidas na legislação:
...
§ 2º - A responsabilidade a que se refere este artigo é também
atribuída:
...
VII - ao destinatário da mercadoria em Alagoas, nas operações
de entrada de mercadoria procedente de Estado não signatário de
convênio ou protocolo, hipótese em que também será antecipado o
imposto referente à operação própria subsequente de saída do
adquirente.
Neste caminho, na entrada do Estado de mercadorias
sujeitas ao regime da substituição tributária procedente de Estado
não signatário de Convênio ICMS, o destinatário (adquirente) é
responsável pela retenção e recolhimento do imposto incidente em
operações subsequentes.

Vale salientar que a mencionada lei prescreve os


medicamentos como sujeitos ao regime da substituição tributária, em
seu anexo II:

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Art. 23. ...
§ 11. As mercadorias sujeitas ao regime de substituição
tributária relativa às operações subseqüentes são aquelas
relacionadas no Anexo II desta Lei, observado o disposto no
inciso V do "caput".
...
ANEXO II
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA RELATIVA ÀS OPERAÇÕES SUBSEQÜENTES
ITEM MERCADORIA
... ...
8 Vacinas, soros, drogas e medicamentos de uso não
veterinário, ...
No tocante a alegação de que o ICMS-ST deveria ser
recolhido até o dia 10 do mês subsequente à efetiva saída do
produto, o § 2º do art. 1º da Lei nº 5.572, de 1993, determina que o
momento do pagamento do ICMS substituição tributária nas operações
interestaduais não compreendidas nas hipóteses discriminadas nos
convênios ou protocolos é na entrada da mercadoria no Estado de
Alagoas:

Art. 1º ...
§ 2º - Nas operações interestaduais não compreendidas nas
hipóteses discriminadas nos convênios ou protocolos de que
tratam o caput deste artigo e parágrafo anterior, o ICMS será
pago no momento da entrada da mercadoria no território de
Alagoas.
Complementando este entendimento, o art. 101, inciso
XVIII, alínea “a”, item “1”, do Regulamento do ICMS, estabelece o
momento e o local de pagamento do ICMS substituição tributária, por
parte do destinatário (adquirente), em relação às aquisições de
mercadorias sujeitas ao regime de substituição tributária, sem a
retenção do imposto, provenientes de unidade da federação não
signatária do Convênio ICMS, no caso em tela do Convênio ICMS 76/94:

Art. 101 O pagamento do ICMS far-se-á nos seguintes prazos:


...
XVIII - pelo estabelecimento adquirente, em relação às
aquisições de mercadorias sujeitas ao regime de substituição
tributária, sem a retenção do imposto, em razão de medida
judicial ou pela não atribuição da obrigação ao contribuinte
remetente:

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a) no caso de aquisição interestadual:
1. no primeiro Posto Fiscal de entrada no Estado, ou, na sua
inexistência, na primeira repartição fiscal do Estado;
Assim o recolhimento deveria ter ocorrido no posto fiscal
de entrada no Estado.

Outro ponto a ser analisado, refere-se à afirmação da


condição de beneficiária de Regime Especial de arrecadação, o que
levaria a dispensa do recolhimento do ICMS substituição na entrada
do Estado, contudo o Regime Especial SRE 042/2012, tem sua vigência
a partir de 10/08/2012 (fl. 28/30, processo nº 1500-018667/2013),
apresentado junto ao recurso.

Nesse trilhar, as mercadorias entraram no Estado, em data


anterior a da vigência do regime, como também a sua vigência ocorreu
em momento posterior ao início do procedimento de fiscalização,
ocorrido em 06 e 07 de agosto de 2012, com a lavratura dos termos de
apreensão de nº 29008 e 29009. Estas datas, referente a entrada da
mercadoria no Estado, também são confirmadas, com o carimbo
eletrônico aposto nos DANFE (fls. 11/17, processo principal).

Desta forma no momento da responsabilidade do pagamento


do IMCS substituição tributária, a entrada no Estado, o contribuinte
ainda não possuía o citado regime, cabendo o recolhimento na Entrada
do Estado, no caso no posto fiscal. Tão pouco cabe a possibilidade
de ocorre a retroatividade do benefício concedido no regime, por
clara ausência de previsão legal para o ato em tela, como também, o
mesmo, estipula como data de início da vigência, a da publicação do
regime no Diário Oficial do Estado.

Isto posto, voto por conhecer do Recurso Ordinário, para


negar-lhe provimento, mantendo na integra a decisão singular, pela
procedência do lançamento.

Maceió, 22 de maio de 2015.

Jalbas Torres-Homem Lira


Relator

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