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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 03 DO PLENO DO CTE – Realizada em 09/11/2012


PROCESSO:SF-1500-010569/91;CTE-335/2010,PROTOCOLADO EM 13/02/2001
AUTO DE INFRAÇÃO: 049509, PROTOCOLADO, EM 13/02/2001
AUTUADA: JARAGUÁ COMÉRCIO E REPRESENTAÇÕES LTDA.
ASSUNTO: SESSÃO DO PLENO DO CTE REALIZADA EM 09/11/2012
AUTUANTE: MARIA CELIA DE SOUZA GOMES
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-403/2012

EMENTA: ICMS – CRÉDITO TRIBUTÁRIO NÃO


ALCANÇADO PELA REMISSÃO. VALOR
SUPERIOR A 20 (VINTE) UPFAL’S.
RETORNO DOS AUTOS À 2ª CÂMARA DO CTE
PARA APRECIAÇÃO DO MÉRITO.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do Pleno do


Conselho Tributário Estadual, nos termos do Inciso II, do art.
48, da Lei Estadual 6771/2006 que trata do Processo
Administrativo Tributário, relativo à Decisão da Segunda Câmara
do CTE, Acórdão de nº. 414/2011 que negou provimento por maioria
de votos a crédito tributário lançado e recebeu a seguinte
ementa:
EMENTA: ICMS – CRÉDITO TRIBUTÁRIO ORIGINÁRIO
INFERIOR A R$10,00 Inteligência a alínea “a”
do inciso IV do artigo 11 da Lei 6.765/2006.
EXTINÇÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO POR REMISSÃO.
DECISÃO SINGULAR MANTIDA – JULGAMENTO AUTO
DE INFRAÇÃO PREJUDICADO.

O Auto de Infração nº 049509, objeto da lide, datado nos


protocolos Sefaz em 19/8/1991 e em 13/02/2001, de que trata o
Acórdão 414/2011 foi lavrado contra a empresa Jaraguá Comércio e
Representações Ltda., qualificada na peça exordial, com o
objetivo de cobrança de crédito tributário apurada através de
levantamento físico de estoque. O auto de Infração, em questão,
foi julgado extinto por remissão pela 1ª Instância de julgamento
sem julgamento do mérito, cuja ementa transcrevemos:

Acórdão CTE Nº P-403/2012 1


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EMENTA: ICMS – Obrigação principal – Falta


de recolhimento do imposto apurado por meio
de levantamento físico de estoque – EXTINÇÃO
DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, POR REMISSÃO (ex vi
art. ll, IV e §1º da Lei 6765/06,
condicionada a ulterior confirmação pelo
Secretário da Fazenda (ex vi art. 86,
parágrafo único, da Lei 4418/82 Código
Tributário Estadual

Notificadas autuada pelo ofício CTE 084/2011 e


Representação Fiscal pelo MEMO CTE Nº 63/2012 nada
acrescentaram.

Assim me chegam os autos que ora relatei.

VOTO

Analisando os autos e tudo mais que nele consta, nota-se


que o Reexame Necessário do Pleno CTE deve-se à Decisão não
unanime da 2ª Câmara do CTE relativa remissão do crédito
tributário, objeto da lide, decretada sem o exame do mérito em
face do art. 11, Inciso IV, e alíneas da Lei 6765 de 1º de
Novembro de 2006, que estabeleceu a remissão de créditos
tributários, cuja redação diz:

“Art. 11. Ficam extintos, por remissão:


(...)
IV - os créditos tributários, constituídos
ou não, relativos ao ICM/ICMS, inclusive os
decorrentes exclusivamente de penalidades
pecuniárias por descumprimento de obrigações
acessórias:
a) cujo valor principal originário seja
igual ou inferior ao equivalente a R$ 10,00
(dez reais); ou
b) cujo valor atualizado em 31 de dezembro
de 2005 seja igual ou inferior a 20 (vinte)
vezes a Unidade Padrão Fiscal do Estado de
Alagoas - UPFAL.

Acórdão CTE Nº P-403/2012 2


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Observe-se que a alínea “b” do art. 11, em evidência,


refere-se a valor atualizado até 31.12.2005, numa clara citação
à equivalência dos valores pecuniários. O Inciso I do art. 12 da
Lei 6765/2006 confirma:
Art. 12. Para os efeitos desta Lei:
I – Considera-se crédito tributário a soma
do imposto, das multas, da atualização
monetária, dos juros de mora e dos demais
acréscimos previstos na legislação do
Estado; e
(...)

O valor atualizado do crédito tributário do Auto de


Infração 049509, conforme documento emitido pela Diretoria de
Arrecadação e Crédito Tributário, em 31/12/2005 é superior a 20
UPFAL’s.

No item “g” da exposição de motivos da Diretoria de


Tributação para a remissão dos créditos tributários diz o
seguinte:

(...)
g) art. 11, IV, remissão dos créditos
tributários do ICMS cujo valor originário do
imposto seja igual ou menor que dez reais,
consoante o Convênio ICMS 77/06, ou cujo
valor atualizado em 31 de dezembro de 2005
seja igual ou inferior a 20 (vinte) vezes a
Unidade Padrão Fiscal do Estado de Alagoas –
UPFAL. O objetivo é evitar criar processos
cujo custo de tramitação e execução é maior
que o valor do crédito tributário a
recuperar;
(...)

Como se vê o objetivo foi evitar criar processos cujo


custo de tramitação e execução é maior que o valor do crédito
tributário a recuperar.

Para as eventuais controvérsias a respeito, o art. 15 da


Lei 6771/2006 tem a seguinte redação:
Art. 15. A interpretação normativa da
legislação tributária estadual será feita
por meio de instruções normativas do
Secretário Executivo de Fazenda e/ou
Secretário Adjunto da Fazenda Estadual e de
pareceres normativos elaborados pela
Diretoria de Tributação da Secretaria

Acórdão CTE Nº P-403/2012 3


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Executiva de Fazenda - SEFAZ, devidamente


aprovados por aquelas autoridades.

A instrução Normativa SEF 24/2007 Interpreta e elucida o


art. 11, IV, da Lei nº 6.765 de 01 de novembro de 2006, que
trata de remissão de créditos tributários do ICMS:

Art. 1º Ficam extintos os créditos


tributários, conforme art. 11, IV, da Lei nº
6.765, de 01 de novembro de 2006, cujo
valor:
I - atualizado até 31 de dezembro de 2005,
assim considerado o montante de imposto,
multa, juros e atualização monetária,
corresponda a 20 (vinte) vezes a Unidade
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas - UPFAL;
II - principal originário, de 1º de janeiro
de 2006 a 06 de novembro de 2006, sem adição
de multa, juros e atualização monetária,
corresponda a R$ 10,00 (dez reais).
Parágrafo único. No caso em que o valor
principal seja a multa, a atualização
corresponderá a juros e atualização
monetária.

Ressalte-se que o CTN, Lei nº 5.172/66 pontua os requisitos


exigidos para a autorização da remissão tributária:

Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade


administrativa a conceder, por despacho
fundamentado, remissão total ou parcial do
crédito tributário, atendendo:

I - à situação econômica do sujeito passivo;


II - ao erro ou ignorância excusáveis do
sujeito passivo, quanto a matéria de fato;

III - à diminuta importância do crédito


tributário;
IV - a considerações de eqüidade, em relação
com as características pessoais ou materiais
do caso;
V - a condições peculiares a determinada
região do território da entidade tributante.

O parecer da Procuradoria da Fazenda Estadual, em anexo,


confirma que na aplicação do art. 11 considera-se a atualização
monetária como integrante do valor nominal:
ASSUNTO: INTERPRETAÇÃO DA LEI N. 6.771/2006
Acórdão CTE Nº P-403/2012 4
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DESPACHO PGE/PFE-CD nº 0627/2012


EMENTA: PROCESSOS ADMINISTRATIVOS.
TRIBUTÁRIO.CONSULTA.REMISSÃO.IMPOSSIBILIDADE
DE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA ADMINISTRATIVA.
ANÁLISE EXCLUSIVA QUANTO À INTERPRETAÇÃO DA
LEI 6.765/2006. ART. 11. APLICAÇÃO
CONSIDERANDO A ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA COMO
INTEGRANTE DO VALOR NOMINAL.

Diante do exposto, ACÓRDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CTE por


maioria de votos não considerar remido os créditos tributários
em face do art. 11, Inciso IV, e alíneas, e art. 12, Inciso I da
Lei 6765 de 1º de Novembro de 2006. Retorno dos autos à 2ª
Câmara do CTE para apreciação do mérito.

Sala das Sessões do CTE, em 09 de novembro de 2012.

SÉRGIO GUILHERME ALVES. S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE A. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR (CONTRA RELATORA) JULGADOR (CONTRA RELATORA)

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (CONTRA RELATORA) JULGADOR (COM RELATORA)

MÁRIO SERGIO MARTINS DE CASTRO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR (COM RELATORA) JULGADORA (COM RELATORA)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADOR (COM RELATORA)

Acórdão CTE Nº P-403/2012 5


SESSÃO ORDINÁRIA Nº 02 – Realizada em 05/09/2012 - PLENO

PROCESSO: 1500-012043/2004, CTE-105/2008.

AUTO DE INFRAÇÃO: Nº043113/04.

AUTUADA: COOP. DOS COL. AGROP.INDUSTRIAL PINDOROMA LTDA.

ASSUNTO: Petição de retificação de erro material.

RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-336/2012

EMENTA: ICMS. Obrigação Principal.


RETIFICAÇÃO DE JULGADO – art. 33 do
PAT. Impossibilidade de análise do
mérito. Petição interposto pelo
contribuinte, tendo em vista a suposta
ocorrência de erro material em Acórdão
publicado por este Pleno. Não
caracterização de inexatidão material a
ser corrigido. Pedido destinado à
modificação do julgado, sendo incabível
o instrumento processual utilizado. Não
Conhecimento.

RELATÓRIO

Trata de requerimento do contribuinte que vem a este Plenário


para, em tese, retificar erro material devido à falsa premissa
adotada pelo Acórdão nº P-228/2010, proferido por este Pleno, que,
por maioria de votos, reformou in totun o acórdão recorrido da 2ª
Câmara, de nº 096/2009. Aquele acórdão - nº P-228/2010 -
considerou a procedência parcial do Auto de Infração nº 043113,
enquanto este - nº 096/2009 - pela sua improcedência.
A peça vestibular está fundamentada na acusação de venda de
álcool hidratado carburante sem a emissão da documentação fiscal
correspondente em janeiro e dezembro de 2002 e nos meses de
janeiro, fevereiro, maio e setembro a dezembro de 2003.
A autuada apresentou impugnação, alegando, em síntese, que:

1. é pratica comum entre os produtores, no estoque, a


transformação de álcool hidratado em álcool anidro, e
vice-versa, conforme os preços mais atrativos
oferecidos pelo mercado. Portanto, a baixa verificada
no estoque do hidratado corresponde ao ganho no volume
armazenado em anidro;

2. A fiscalização não considerou a nota fiscal nº


011879, de 20/12/2002, da venda de 31.578 litros de
álcool hidratado;

3. O fornecimento de álcool hidratado para os seus


cooperados não incide o tributo estadual conforme
regime especial e a lei federal nº 5.764/71 em seu art.
79;

4. A multa aplicada é confiscatória, logo,


inconstitucional.
O Autuante apresentou contrarrazões, sustentando que:

1. O sujeito passivo admitiu omissão de vendas em


janeiro de 2002 e nos meses de janeiro e maio de 2003;

2. Em relação à nota fiscal nº 011879, a mesma listava


a venda de álcool anidro e que a nota de correção
apresentada pelo contribuinte não tem valor fiscal;

3. Há dúvidas sobre a conversão dos álcoois por motivos


econômicos, pois não há como saber o real volume
convertido;

4. Quanto ao consumo dos cooperados regrado pelo regime


especial, não houve emissão das respectivas notas
fiscais.
Proferida a Decisão nº 15.558/08, tendo o julgador singular
decidido pela procedência parcial do lançamento com a seguinte
ementa:
EMENTA: ICMS. 1. Vendas de mercadorias sem
documentação fiscal; 2. Inexistência de
previsão legal a validar documento de correção
de notas fiscais e elidir a infração apontada;
3. Comprovação, por meio de prova, da
inocorrência da infração relativa ao mês de
fevereiro de 2003, correspondente ao Álcool
Hidratado convertido em Álcool Anidro conforme
registro no Livro de Produção Diária; 4.
Inaplicabilidade do Regime Especial aos fatos
geradores ocorridos antes da vigência do
mencionado Regime; 5. Impossibilidade de
apreciação da inconstitucionalidade da norma,
nos termos do art. 28, § 1.º da Lei 6.771/06;
6. Auto de Infração PROCEDENTE EM PARTE; 7.
Reexame necessário pelo Conselho Tributário
Estadual nos termos do art. 48, I, da Lei
6.771/06.

Da parte julgada improcedente, o julgador singular recorreu a


este Conselho, na forma estabelecida pelo art. 48, I, da Lei
6.771/06.
Por via de Recurso Ordinário, a autuada reafirma que:

1. O fisco não considerou a nota fiscal nº 11879,


emitida com erro na discrição do álcool, mesmo com a
comunicação do equivoco pela recorrente ao adquirente;

2. A diferença encontrada nos meses de setembro a


dezembro de 2003, deriva do fornecimento de álcool aos
cooperados, operação que não seria tributada pelo ICMS,
conforme art. 79 da lei federal nº 5.764/71.
Em contrarrazões, o autuante concorda com a decisão de piso
em sua totalidade.
Então o processo foi remetido ao Conselho Tributário Estadual
– CTE, onde na Segunda Câmara deste Colegiado, conforme Acórdão nº
096/2009, foi julgado o reexame necessário, por unanimidade, como
conhecido e não provido, e o recurso ordinário, por maioria de
votos, como conhecido e provido. A decisão foi ementada da
seguinte maneira:
EMENTA. ICMS. IMPOSTO APURADO EM SEDE DE
LEVANTAMENTO FISCAL. MATERIALIDADE ILIDIDA.
INEXIGIBILIDADE SOBRE O “AUTOCONSUMO”. AUSÊNCIA
DE CIRCULAÇÃO E BASE DE CÁLCULO VAZIA. RECURSOS
DE OFÍCIO E ORDINÁRIO CONHECIDOS, IMPROVIDO O
PRIMEIRO E PROVIDO O SEGUNDO.

Em obediência ao art. 48, II, da Lei nº 6.771/2006, os autos


foram remetidos a este Pleno para reexame necessário quanto à
inexigibilidade do ICMS na hipótese de “autoconsumo”, aonde os
seus conselheiros, em Acordão de nº P-228/2010, por maioria de
votos, decidiu conforme a ementa:
EMENTA:ICMS-SAÍDAS DE ALCOOL SEM EMISSÃO DE
NOTAS FISCAIS NO PERÍODO DE SETEMBRO A DEZEMBRO
DO EXERCÍCIO 2003,CONSTATADA MEDIANTE
COMPARATIVO DAS SAÍDAS EM CONFRONTO COM O
ESTOQUE ESCRITURADO NO LIVRO DE PRODUÇÃO
DIARIA-LPD.Amplamente comprovado nos autos a
realização de saídas sem emissão de notas
fiscais.Fato confessado textualmente pelo
Contribuinte. Insubsistente a tese de
autoconsumo (pelos cooperados), frente a
notória impossibilidade jurídica de se indicar
o destino da mercadoria cuja saída do
estabelecimento ocorreu sem documento fiscal.

Certeza material e Liquidez do Crédito


Tributário. REMESSA OBRIGATÓRIA CONHECIDA E
PROVIDA. REFORMADA O ACORDÃO RECORRIDO.

Fundamentando no art. 33 da Lei nº 6.771/2006, o contribuinte


peticiona a esse Pleno, alegando a ocorrência de “erro material
por falsa premissa” no acórdão supracitado.
Alega que como o fiscal autuante teria dito inicialmente de
que ocorreu o “autoconsumo” do álcool hidratado em relatório
apenso ao auto de infração, não caberia mais o ônus da prova ao
contribuinte. Logo, a falsa premissa seria pelo fato de que a
decisão do plenário não poderia ter como fundamento a não
apresentação de provas pelo contribuinte de que realmente as
saídas do álcool hidratado nos meses de setembro a dezembro de
2003 teriam sido para os cooperados.
Pede, então, pela retificação do Acórdão de nº P-228/2010
para que seja mantido o Acórdão anterior, de nº 096/2009, da
Segunda Câmara desse Conselho.
Em resposta, o Representante Fiscal afirma que o requerimento
do sujeito passivo não encontra respaldo legal. Isso porque o
objeto do auto de infração em tela já transitou em julgado
administrativamente, devendo ser extinto o processo administrativo
tributário correspondente, conforme expresso no art. 22, III e
art. 50, IV, da Lei nº 6.771/2006.
É o relatório.
VOTO

Trata-se aqui de petição requerida pelo contribuinte ao Pleno


do Conselho Tributário Estadual, pedindo retificação pelo “erro
material por falsa premissa” do Acórdão desse mesmo plenário que
reformou decisão da 2ª Câmara de Julgamento do CTE. O acórdão do
Pleno objeto do pedido considerou a ocorrência de SAÍDAS DE ALCOOL
SEM EMISSÃO DE NOTAS FISCAIS NO PERÍODO DE SETEMBRO A DEZEMBRO DO
EXERCÍCIO 2003, diversamente do julgado pela 2ª Câmara.

Analisando o fundamento dado no requerimento impetrado pelo


sujeito passivo, verifico da impossibilidade para o conhecimento
dessa petição. Isso porque o mesmo foi justificado na seguinte
norma da Lei nº 6.771/2006, que dispõe sobre o processo tributário
alagoano:

Art. 33. É vedado aos órgãos de julgamento


alterar decisão ou acórdão já publicado, exceto
para, de ofício ou a requerimento de qualquer
das partes, corrigir erro material. (grifos
nosso)

Ao analisar o art. 33, fica claro que a sua finalidade, fica


limitada aos casos de correção de erros notórios, incontroversos,
encontrados após as publicações de decisões e acórdãos e não uma
nova análise meritória da lide administrativo-tributária.

Diferentemente é a rescisória da decisão administrativa que


transitou em julgado motivada por erro de fato prevista no art.
51, IV da Lei nº 6.771/2006:

Art. 51. Cabe reforma da decisão


administrativa definitiva contrária à
Fazenda Estadual, quando:
...
IV - fundada em erro de fato, resultante de
atos ou documentos dos autos.
...
Art. 52. Incumbe ao titular da
Representação Fiscal propor a rescisão
referida no art. 51, na forma prevista na
legislação regulamentar, observados o
contraditório e a ampla defesa.

As premissas para esse caso são decisões contrárias a Fazenda


e que o erro foi por "falsa premissa", derivada de atos ou
documentos dos autos. Essa reforma só pode ser proposta pela
Representação Fiscal, observados, claro, o contraditório e ampla
defesa em relação ao contribuinte.

Esclarecendo melhor, o art. 33 da Lei nº 6.771/2006 tem


paridade com o art. 463, I, do Código Processual Civil – CPC:
Art. 463. Publicada a sentença, o juiz só
poderá alterá-la:

I - para lhe corrigir, de ofício ou a


requerimento da parte, inexatidões materiais,
ou lhe retificar erros de cálculo; (grifos
nosso)

Com sábias palavras, Elpídio Donizetti 1 explica quando se deve


aplicar tal instituto:

“Uma vez publicada a sentença, pouco importa a


sua natureza, incide o princípio da
inalterabilidade da decisão judicial... Nula é
a decisão proferida no primeiro grau ou nos
tribunais, que fora das hipóteses previstas no
artigo 463 altera, complementa, anula ou
rejulga questão já decidida... O próprio art.
463 prevê os casos em que se admite alteração
da sentença ou do acórdão... Um deles é para
a correção de inexatidões materiais ou
retificação de erro de cálculo (inciso I). Por
Inexatidão material entende-se o erro,
perceptível sem maior exame, que
traduz desacordo entre a vontade do julgador e
a expressa na decisão.”

Da mesma forma entende Marcus Vinícius Rios Gonçalves 2 , que


exemplifica os enganos materiais possíveis de correção:

1
Curso didático de Direito Processual Civil. 11ª ed. Lumen Juris. Rio de Janeiro. 2009. Pg. 385.
“... mesmo depois de publicada, a sentença
poderá ser alterada quando: a) houver
necessidade de lhe corrigir, de ofício ou a
requerimento da parte, inexatidões materiais,
ou lhe retificar erros de cálculo.

Há sentenças que contêm erros materiais


evidentes — equívocos no nome das partes,
inversão manifesta na condenação nas verbas de
sucumbência, erro na indicação de um artigo de
lei, equívocos datilográficos — ou erros de
conta. Esses vícios podem ser corrigidos de
ofício ou a requerimento das partes, e a
qualquer tempo, independendo da interposição de
recurso. Podem ser sanados mesmo depois do
trânsito em julgado...”

Ou seja, quando há divergências, por exemplo, entre o


fundamento e o dispositivo da decisão. Outros exemplos seria no
cálculo errado do tributo devido ou na identificação do sujeito
passivo. Portanto, é erro crasso, que se nota facilmente, não
sendo possível aqui a reanálise das provas ou alteração da
substância do julgamento. A única finalidade do instituto é a
correção da decisão que foi publicada errada por algum erro
grosseiro, de fácil notação, em relação à matéria julgada.

De forma análoga está prescrito no art. 32 do Decreto federal


n° 70.235/1972, que dispõe sobre o processo administrativo fiscal,
e dá outras providências:

Art. 32. As inexatidões materiais devidas


a lapso manifesto e os erros de escrita ou de
cálculos existentes na decisão poderão ser
corrigidos de ofício ou a requerimento do
sujeito passivo.

Quando discorre do dispositivo, Neder e Lopez 3 leciona no


mesmo sentido de Donizetti, exemplificando também alguns dos erros
materiais possíveis:

2
Direito processual civil esquematizado. 1ª ed, 3ª tir.São Paulo: Saraiva, 2011.
3
Marcos Vinícius Neder, Maria Teresa Martinez Lópes. Processo administrativo fiscal federal
comentado. 3ª ed. São Paulo: Dialética, 2010. Pgs 444-446.
“É, assim, inadequado o pedido de reforma para
alterar decisões que, incorrendo porventura em
erros de julgamento, não padecem de manifesto
lapso ou de erro de escrita ou de cálculos
existentes na decisão... não se refere ao
simples erro, mas ao erro notório que pode
ser detectado em análise sumária, assim como o
erro de cálculo e os de escrita. Exemplos: erro
de grafia de palavra que lhe desfigura o texto;
omissão do nome de algum interessado; erro ou
modificação involuntária do nome de algum
interessado; resultado de operação aritmética
em desacordo com as parcelas indicadas na
decisão etc.”

Nesse sentido, cito a seguinte jurisprudência administrativa


federal:

Ementa: ... Uma vez constatado que a conclusão


do voto é incompatível com seu conteúdo
(inexatidão material), cabe novo julgamento do
recurso apresentado pelo contribuinte para, em
função desses eventos, retificar ou ratificar o
acordão anteriormente prolatado... (Acordão nº
202-10.220. Rec. 099.842. Sessão de 3/6/98)

Se não fosse dessa forma haveríamos de ter ciclos infinitos


de reanálise dos objetos dos autos de infrações aqui julgados,
onde seria sempre facultada a parte insatisfeita - fisco ou
contribuinte ou mesmo o julgador - solicitar o reexame do objeto
da autuação, nunca chegando ao fim do processo administrativo
tributário. E isso, claro, não tem lógica jurídico-processual.

O que verifico nos autos é que, independentemente da minha


concordância ou não quanto ao acerto do mérito da decisão, a
relatora do voto vencedor do Acordão de nº P-228/2010 julgou
conforme o conjunto probatório acostado ao processo sendo
suficiente para o seu convencimento do fato indiciário. Inclusive
tendo aprovação da maioria dos votos deste Pleno. Nada mais fez a
autoridade julgadora foi de aplicar o pressuposto da livre
convicção motivada de sua decisão que consiste, conforme a lição
de Sérgio André Rocha 4:
“É aqui que se pode falar no princípio da livre
convicção motivada da autoridade julgadora, que
se consubstancia na liberdade conferida ao

4
Processo administrativo fiscal: controle administrativo do lançamento tributário. 4. ed. Rio de
Janeiro. Lumen Juris, 2010, pg. 175-176.
julgador para analisar e valorar as provas
apresentadas pelas partes, exigindo-se, em
contrapartida, que sejam declinadas as razões
que o levaram a privilegiar uma prova em
detrimento de outra.” (grifo nosso)

Não sendo dessa forma, haveria grave agressão aos princípios da


inantigibilidade das decisões e da livre convicção motivada do
julgado. Atingiria a própria segurança jurídica das decisões e
Acórdãos que transitaram em julgado na Coordenadoria de Julgamento
e nesse Conselho 5.

Os fundamentos estão em coerência com o dispositivo do


Acordão posto em dúvida. Não há erros de cálculo ou grafia.
Portanto não há erro material a ser retificado no Acordão nº P-
228/2010 publicado.

Os argumentos apontados como sendo “erro material por falsa


premissa” da decisão proferida por este Pleno alegam aspectos
materiais existentes nos autos que já foram apreciados e formaram
a convicção dos julgadores deste Tribunal Administrativo, como,
por exemplo, se ficou provado ou não se houve “autoconsumo” de
álcool. Tais questionamentos demandam o reestudo da questão, o que
não é adequado, nem próprio para o conhecimento do Pedido de
Retificação.

Dessa forma julga o Tribunal de Impostos e Taxas do estado de


São Paulo:
ICMS. RETIFICAÇÃO DE JULGADO

Fiscal, tendo em vista a ocorrência de erro de


fato no julgamento

nio 2008/2009.
.

recurso utilizado . (CAMARA


14ª JU

ALMEIDA. AIIM 3.086.023-4, de 22.01.2008)

O que o contribuinte deseja com os argumentos argüidos é


claramente a modificação do Acordão nº P-228/2010, com a reanálise

5
da matéria de fato e de direito por via de recurso não previsto na
Lei nº 6.771/2006.

Em vista de todo o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL por maioria de votos, em entender não
ter existido erro material na decisão já publicada e recorrida,
motivo pelo qual NÃO CONHECEM do pedido de retificação de julgado
interposto mantendo-se a decisão do Acordão nº P-228/2010.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 05 de setembro de 2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO

PRESIDENTE RELATOR

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO

JULGADOR (Votou contra Relator) JULGADOR (Votou contra Relator)

JOSÉ PEDRO DA SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ

JULGADOR (Acompanhou Relator) JULGADORA (Acompanhou Relator)

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR (Votou contra Relator) JULGADORA (Acompanhou Relator)


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 01 – PLENO – REALIZADA EM 19/04/2012


PROCESSO: SF-1500-00570/2007; CJ-21.768/2007; CTE-096/2008.
AUTO DE INFRAÇÃO: 70.00174-001/2007.
ASSUNTO: RECURSO ESPECIAL
AUTUADA: HAGATA COMÉRCIO E INDÚSTRIA LTDA.
AUTUANTE: AUGUSTO ALVES NICÁCIO FILHO.
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSISTENTE: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº P-126/2012

EMENTA: ICMS – Recurso Especial


interposto pela representação
fiscal em divergência com o
determinado pelo artigo 47 da
Lei Estadual 6.771/2006 –
Inadmissibilidade – Recurso não
conhecido – decisão da Primeira
Câmara mantida.

Relatório

Trata-se do Recurso Especial encaminhado ao Pleno deste


Colegiado pela Comissão Fiscal de Superintendência da Receita
Estadual, conforme dispõem os artigos 24 e 54 da Lei Estadual
6.771/2006 e artigos 893, I, 905 e 906 do RICMS/AL, em face
do Acórdão 37/2009, datado de 17/02/2009, que decidiu, à
unanimidade de seus membros, pela prejudicialidade e
decadência do Auto de Infração referido na inicial,

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reformando a Decisão da Coordenadoria de Julgamento, assim


expressa:

“EMENTA: ICMS. Obrigação Acessória – falta de


escrituração do Livro de Registro de Inventário,
quando a isto obrigada. Ilícito fiscal
comprovado. Auto de Infração PROCEDENTE.”

Por seu turno, o Acórdão da 1º Câmara Julgadora do CTE


foi assim prolatado:

“EMENTA – ICMS. Falta de escrituração do Livro de


Registros de Inventário. Intimação do
Contribuinte do início da fiscalização não
interrompe a fluência do prazo decadencial. Auto
de Infração lavrado após cinco anos do início da
contagem do prazo decadencial. Decadência
confirmada. Recurso ordinário conhecido e
provido. Prejudicado o Auto de Infração. Extinção
do crédito tributário.”

Conforme consta da peça inicial, o contribuinte foi


autuado pela Fiscalização Fazendária Estadual com espeque na
acusação de haver deixado de escriturar o Livro de Registro
de Inventário no exercício de 2001, no prazo regulamentar,
infringindo o disposto no art. 50, inciso II da Lei Estadual
5.900/1996 e o artigo 49, inciso VI, alínea “a”, c/c o artigo
286, §7º do RICMS, aprovado pelo Decreto 35.245/1991, sendo
sugerido o apenamento previsto no art. 122, da supracitada
Lei.

O lançamento fiscal foi instruído com cópias do Termo


de Início de Fiscalização; do Cartão de Autógrafos; do Livro
de Registro de Inventário; Dados Cadastrais; Intimação
Fiscal; e Espelho de Declaração de Atividades do
Contribuinte.

O sujeito passivo apresentou suas razões de defesa,


afirmando que suas atividades comerciais foram iniciadas em
06 de Abril de 2001, com a aquisição de 10.000 (dez mil)
cartões pré-pagos da empresa BCP Telecomunicações e que a

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revenda dos mesmos foi concluída em 25 de Setembro de 2001,


ocasião em que foi encerrada qualquer movimentação mercantil.

A autoridade autuante, em suas contra-razões, alegou


que o contribuinte deixou de atender ao seu dever de efetuar
a escrituração do seu Livro de Inventário, como determina a
legislação em vigor.

Direcionados os autos à Coordenadoria de Julgamento,


aquela instância julgadora entendeu pela total procedência do
AI, conforme Decisão relatada acima.

Devidamente intimado, o defendente interpôs Recurso


Ordinário guerreando aquela Decisão, defendendo,
preliminarmente, a ocorrência de Decadência, em virtude do
fato de que o Fisco Estadual teria o prazo para lavrar o AI
até o último dia do Exercício de 2006, o que não foi feito.

O Fiscal Autuante, instado a se pronunciar, discorda da


alegação da Decadência aventada, pois o crédito tributário
foi iniciado com a Intimação Fiscal feita em 10/11/2006, além
de mercadorias no montante de R$61.335,40 (sessenta e um mil
trezentos e trinta e cinco reais e quarenta centavos),
conforme declarou na DAC entregue em 31/12/2001 (fls. 09/10).

Amparada no disposto no inciso IV, do artigo 54, da lei


Estadual 6.771/2006, a Ilustre Secretaria do Estado Adjunta
da Fazenda, atendendo a sugestão da sua assessoria,
determinou a remessa dos atos à Representação Fiscal para
tomar ciência da decisão da Segunda Câmara de Julgamento e,
se for o caso, propor o devido Recurso Especial.

Atendendo aquela determinação, a Comissão da


Representação Fiscal apresentou recurso contra o Acórdão
37/2009, por conduto do qual aquela Instância Julgadora de
Segunda Instância decidiu, á unanimidade dos seus membros,
pela Decadência do crédito tributário lançado contra a
empresa autuada manifestando a sua discordância contra a

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citada decisão, já que estava devidamente provado nos autos


que:

1) A obrigação tributária somente passou a existir em


2002;

2) O lançamento tributário ocorreu quatro anos após o


início do prazo decadencial;

3) Não ocorreu a prescrição do crédito pela decadência;


4) Pugna pelo conhecimento do Recurso Especial e pela
modificação do Acórdão recorrido; com a consequente
procedência in totum da ação fiscal (fls. 54/57 -
anexo).
A defendente, devidamente citada, contestou as contra-
razões apresentadas pela representação fiscal, destacando, em
síntese, que não se sustenta a alegação da Comissão de
Representação Fiscal da não inocorrência do instituto da
decadência, sob a argumentação de que o AI foi lavrado em 07
de Janeiro de 2007, quando o lançamento ainda poderia ser
efetuado, nos termos do artigo 173, I, do CTN, visto que o
mesmo só foi efetivado após mais de cinco anos da data em que
poderia fazê-lo, deixando transcorrer in albis o prazo
recursal; como a Decisão recorrida apresenta-se como
imodificável, pugna pelo seu improvimento.

A Representação Fiscal, contra-arrazoando, apresentou


sua linha de raciocínio a seguir transcrita:

“I – Infração: Falta de escrituração do Livro de


Registros de Inventário – Exercício de 2001;
II – Final do prazo que a recorrida teria para
escriturar o livro: 01/03/2002 (segunda parte do
§7º do art. 286 do RICMS). Daí que só a partir de
02/03/2002 a Fazenda poderia fazer o lançamento,
considerando-se que até o dia anterior ainda não
havia infração cometida;
III – Termo inicial de contagem do prazo
decadencial: 01/01/2003 (art. 273, I, do CTN).
Este dispositivo legal empurra o início da

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contagem do prazo (termo inicial) para o primeiro


dia do exercício seguinte, nos casos em que a
Fazenda não pratique qualquer ato tendente a
efetivar o lançamento.
IV – Termo final do prazo decadencial: 31/12/2007
(art. 173, caput, CTN).”

Tendo em vista que o AI foi lavrado em 08/01/2007, não


ficou caracterizada a decadência apontada, razão pela qual a
C.R.F. pede que seja modificado o Acórdão equivocadamente
prolatado, e julgado totalmente procedente o AI.

É como aportam os autos ao Pleno deste Conselho


Tributário para a devida apreciação e julgamento.

É o Relatório.

II – VOTO

Analisando os autos do presente Processo Administrativo


Tributário – PAT, verifica-se que o recurso especial
interposto pela Representação Fiscal é inadmissível, por
estar em descompasso com o determinado pelo artigo 47 da Lei
Estadual 6.771/2006, que disciplina a matéria, assim
expresso:

“Art. 47 – Cabe Recurso Especial ao Pleno do CTE,


interposto pelo sujeito passivo, pelo autuante,
pelo Procurador da Fazenda Estadual, ou pelo
Representante Fiscal, quando a decisão de
qualquer câmara divergir do entendimento sobre
idêntica questão jurídica, manifestada por outra
câmara ou pelo pleno.
Parágrafo Único – Cabe a secretaria do CTE
providenciar a instrução do processo com cópia da
primeira decisão indicada, por divergência
demonstrada, ficando a cargo do recorrente a
apresentação de cópias das demais, juntamente com
o recurso, se for o caso.” (grifo próprio)

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Tal entendimento já foi acatado por este Colegiado, ao


apreciar o voto da ilustre conselheira tributária Doutora
Maria Lopes Milhomes, ao relatar o processo SF-1500-
031119/2002, referente ao AI 026924, protocolado em
01/10/2002 (CTE 260/2009).

Ante o exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, não estando
demonstrada nos autos a presença de divergência a cerca da
mesma matéria em qualquer decisão emanada das Câmaras ou do
Pleno, não conhecerem do Recurso Especial, face sua
comprovada carência de admissibilidade.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 19 de Abril de 2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


PRESIDENTE RELATOR

PAULO DE TARSO DA C. SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

MARIA LOPES MILHOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADORA JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 01 – PLENO – REALIZADA EM 19/04/2012


Processo: SF 008.388/92 e CTE 15/2009
Auto de Infração n.º 037235, de 14/07/92.
Autuada: Calce e Modas Ltda
Origem: CJ e 2ª Câmara do CTE
Relator: Paulo de Tarso da Costa Silva
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSISTENTE: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº P-127/2012

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO –


CONTRADIÇÃO EXISTENTE NA
DECISÃO DA 2ª CÂMARA DO CTE
SUSCITADA PELA COORDENADORIA
DE JULGAMENTO – ANULAÇÃO DA
DECISÃO DA 2ª CÂMARA DO CTE –
INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL DA CJ
MANTIDA – NECESSIDADE DE NOVO
JULGAMENTO PELA 2ª CÂMARA.

Relatório

Trata-se de auto de infração que tem por objeto o


lançamento de crédito tributário no valor de CR$ 6.140.355,12
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(seis milhões, cento e quarenta mil, trezentos e cinquenta e


cinco cruzeiros e doze centavos). Este valor convertido para
a moeda atual perfaz a quantia R$ 28.638,46 (vinte e oito
mil, seiscentos e trinta e oito reais e quarenta e seis
centavos), sendo apenas R$ 1,24 (um real e vinte e quatro
centavos) de ICMS.

Ao analisar o processo, a CJ, através da decisão n.º


15.797/09, reconheceu a nulidade do lançamento, uma vez que
não restou demonstrado na autuação o método utilizado para
calcular o tributo, assim como em razão da ausência de prova
que lastrei a acusação fiscal.

A 2ª Câmara de julgamento do Conselho Tributário


Estadual, através do acórdão 65/2009, de relatoria da
conselheira Maria Lopes Milhomes, conheceu e deu provimento
ao reexame necessário da decisão da CJ, no sentido de
reformar a decisão, determinando, ainda, o retorno dos autos
para a CJ para a análise do mérito do lançamento.

Devolvido os autos para a CJ, a então Coordenadora Odete


Mineiro da Paz proferiu o Despacho n.º 089/2009, nos
seguintes termos:

“O CTE tem competência para anular ou reformar


as decisões de 1ª Instância (art. 46 da lei
n.º 6.161/2000). No caso de Reforma, a Decisão
recebe nova interpretação, diferente daquela
emitida pelo julgador de 1ª Instância.
Exemplo: uma Decisão de 1ª Instância julgando
pela Procedência determinado auto de infração
e no CTE uma das Câmaras decide Reformar esta
decisão, quando o faz, a reforma deve decidir
pela Procedência Parcial ou pela
Improcedência, etc. Neste caso os autos não

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retornam a CJ para nova Decisão, porém no caso


de Anulação os autos retornam a CJ para que
seja proferida nova Decisão.”
Assim, a CJ devolveu os autos para o CTE com o intuito
de que este órgão esclareça se houve anulação da decisão da
CJ, e não a reforma, ou, caso confirme a reforma, declare
qual o entendimento adotado pela 2ª Câmara, se pela
procedência, improcedência etc.

Neste contexto, diante da omissão da legislação estadual


para solucionar o impasse, considerando que a 2ª Câmara já
exerceu sua competência para apreciar o feito, o Presidente
deste Conselho, mediante despacho, determinou a subido dos
autos ao Pleno do CTE para solucionar definitivamente o
impasse, conforme estabelece o art. 61 do Decreto 36.160/94.

No essencial, é o relatório.

VOTO

Em análise aos autos, depreende-se que a controvérsia


central versada nos presente processo administrativo fiscal
consiste em saber se a Coordenadoria de Julgamento – CJ, ao
proferir sua decisão, analisou o mérito do lançamento e,
ainda, se a 2ª Câmara do CTE, ao apreciar o reexame
necessário da decisão da CJ, reformou ou anulou a mencionada
decisão de primeira instância, para fins de determinar se é
cabível ou não o retorno dos autos à CJ para proferir novo
julgamento.

Compulsando a decisão proferida pela CJ, desnecessário


empreender maiores esforços hermenêuticos para concluir que,

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de fato, o referido órgão analisou o mérito do lançamento


fiscal, concluindo, ao final, pela sua nulidade, conforme
trechos da aludida decisão ora transcritos:

“Contudo, a base de cálculo do lançamento


tributário contém algumas mensurações não
objetivas, tornando o seu quantum impreciso,
pois inexiste a demonstração do método (preço
médio, PEPS ou UEPS) ou critério específico
utilizado para o cálculo do valor unitário de
cada item na ficha de “Controle Físico da
Mercadoria” (fls. 18).”
...

“No caso concreto, análise se detém sobre a


ausência de provas que substanciem o aspecto
físico da contagem das mercadorias e a
imprecisão da base de cálculo mensurada pelo
Fisco (inexistência do método utilizado pelo
fisco para apuração do valor unitário).
Percebe-se, nos autos, a ausência de cópias
das notas fiscais para substanciar o
quantitativo das mercadorias levantadas pelo
fiscal constante no “Controle Quantitativo de
Mercadorias (...)”

Neste contexto, solicitando todas as vênias possíveis


aos eminentes julgadores da 2ª Câmara do CTE, entendo que a
decisão de segunda instância equivocou-se ao determinar a
“reforma” da decisão da CJ, com o consequente retorno dos
autos para novo julgamento. Ora, se a 2ª Câmara entendeu que
a infração restou devidamente caracterizada mediante as
provas colacionadas nos autos, caberia a ela julgar
procedente o auto de infração, reformando a decisão da CJ,
sem, para tanto, determinar o retorno dos autos para novo
julgamento pela CJ.

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Ao meu sentir, determinar o retorno dos autos para a CJ


proferir novo julgamento configura-se uma verdadeira
mitigação a sua independência enquanto órgão julgador, haja
vista que a mesma estaria obrigada, in casu, a reconhecer a
existência de provas suficientes para lastrear o aspecto
físico da contagem das mercadorias, com a consequente
precisão da base de cálculo mensurada pelo Fisco,
diferentemente do que decidiu anteriormente.

O julgamento proferido pela CJ, portanto, deve ser


respeitado, prestigiando a independência funcional daquele
competente órgão. Não significa dizer que não podemos dele
discordar. É óbvio que sim. Neste caso, enquanto órgão
administrativo hierarquicamente superior, cabe ao CTE
reformar as decisões da CJ, determinando a procedência ou
improcedência do lançamento.

Por outro lado, descabe falar em anulação do julgamento


proferido pela CJ, haja vista que a decisão da 2ª Câmara não
apontou qualquer nulidade ou vício cometido pela CJ em seu
julgamento, mas apenas discordou do entendimento esposado em
relação às provas colacionadas aos autos, sendo caso,
portanto, de reforma da decisão, e não de anulação.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, votarem no sentido
de ANULAR a decisão da 2ª Câmara de Julgamento, determinando,
por conseguinte, o retorno dos autos para o referido órgão
proferir novo julgamento.

Considerando que a relatora designada anteriormente não


mais integra a 2ª Câmara do CTE, redistribua o processo para

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outro relator integrante da 2ª Câmara do CTE, como forma de


preservar a competência do aludido órgão.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 19 de Abril de 2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

MARIA LOPES MILHOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADORA(VOTOU CONTRA O RELATOR) JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR(VOTOU CONTRA O RELATOR)

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR(VOTOU CONTRA O RELATOR)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 01 – PLENO – REALIZADA EM 19/04/2012


Processo: SF 1500-010938/1995 e CTE 79/2008
Auto de Infração n.º 070517, de 23/01/95.
Autuada: Comercial José Luiz e Filhos Ltda
Origem: CJ e 2ª Câmara do CTE
Relator: Paulo de Tarso da Costa Silva
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSISTENTE: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº P-128/2012

EMENTA: AUTO DE INFRAÇÃO –


CONTRADIÇÃO EXISTENTE NA
DECISÃO DA 2ª CÂMARA DO CTE
SUSCITADA PELA COORDENADORIA
DE JULGAMENTO – ANULAÇÃO DA
DECISÃO DA 2ª CÂMARA DO CTE –
INDEPENDÊNCIA FUNCIONAL DA CJ
MANTIDA – NECESSIDADE DE NOVO
JULGAMENTO PELA 2ª CÂMARA.

Relatório

Trata-se de auto de infração que tem por objeto o


lançamento de crédito tributário no valor de R$ 1.516,91 (mil
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e quinhentos dezesseis reais e noventa e um centavos), em


razão da omissão de saídas de mercadorias pelo contribuinte.
Ao analisar o processo, a CJ, através da decisão n.º
15.576/09, reconheceu a nulidade do lançamento, uma vez que
não foram anexadas as provas que serviram de lastro para a
acusação fiscal.
A 2ª Câmara de julgamento do Conselho Tributário
Estadual, através do acórdão 324/2008, de relatoria da
conselheira Célia Braga de Albuquerque, conheceu e deu
provimento ao reexame necessário da decisão da CJ, no sentido
de reformar a decisão, determinando, ainda, o retorno dos
autos para a CJ para a análise do mérito do lançamento.
Devolvido os autos para a CJ, o julgador singular
manteve a decisão outrora proferida, devolvendo os autos
novamente para a 2ª Câmara, que, por sua vez, devolveu mais
uma vez o processo para a CJ para dar cumprimento ao acórdão
n.º 324/2008. Recebido novamente os autos pela CJ, a então
Coordenadora Odete Mineiro da Paz proferiu o Despacho n.º
090/2009, nos seguintes termos:
“O CTE tem competência para anular ou reformar
as decisões de 1ª Instância (art. 46 da lei
n.º 6.161/2000). No caso de Reforma, a Decisão
recebe nova interpretação, diferente daquela
emitida pelo julgador de 1ª Instância.
Exemplo: uma Decisão de 1ª Instância julgando
pela Procedência determinado auto de infração
e no CTE uma das Câmaras decide Reformar esta
decisão, quando o faz, a reforma deve decidir
pela Procedência Parcial ou pela
Improcedência, etc. Neste caso os autos não
retornam a CJ para nova Decisão, porém no caso
de Anulação os autos retornam a CJ para que
seja proferida nova Decisão.”
Assim, a CJ devolveu os autos para o CTE com o intuito
de que este órgão esclareça se houve anulação da decisão da
CJ, e não a reforma, ou, caso confirme a reforma, declare
qual o entendimento adotado pela 2ª Câmara, se pela
procedência, improcedência etc.

ACÓRDÃO Nº P-128/2012 Página 2


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FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

Neste contexto, diante da omissão da legislação estadual


para solucionar o impasse, considerando que a 2ª Câmara já
exerceu sua competência para apreciar o feito, o Presidente
deste Conselho, mediante despacho, determinou a subido dos
autos ao Pleno do CTE para solucionar definitivamente o
impasse, conforme estabelece o art. 61 do Decreto 36.160/94.
No essencial, é o relatório.

VOTO

Em análise aos autos, depreende-se que a controvérsia


central versada nos presente processo administrativo fiscal
consiste em saber se a Coordenadoria de Julgamento – CJ, ao
proferir sua decisão, analisou o mérito do lançamento e,
ainda, se a 2ª Câmara do CTE, ao apreciar o reexame
necessário da decisão da CJ, reformou ou anulou a mencionada
decisão de primeira instância, para fins de determinar se é
cabível ou não o retorno dos autos à CJ para proferir novo
julgamento.
Compulsando a decisão proferida pela CJ, desnecessário
empreender maiores esforços hermenêuticos para concluir que,
de fato, o referido órgão analisou o mérito do lançamento
fiscal, concluindo, ao final, pela sua nulidade, conforme
trechos da aludida decisão ora transcritos:
“Às claras está que a base de cálculo do
imposto reclamado não se encontra
explicitada, demonstrada, como manda o
ordenamento jurídico.
Ademais, os incisos III e V do artigo 891,
citado, não são excludentes entre si, ou
seja, quando o Auto de infração derivar de
levantamento específico de estoque, cópias
dos documentos que serviram de base para
apuração das irregularidades deverá
acompanhá-lo, não substituindo as cópias das
notas fiscais consideradas a relação prevista
na alínea c do inciso III, transcrito.”

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Neste contexto, solicitando todas as vênias possíveis


aos eminentes julgadores da 2ª Câmara do CTE, entendo que a
decisão de segunda instância equivocou-se ao determinar a
“reforma” da decisão da CJ, com o consequente retorno dos
autos para novo julgamento. Ora, se a 2ª Câmara entendeu que
a infração restou devidamente caracterizada mediante as
provas colacionadas nos autos, caberia a ela julgar
procedente o auto de infração, reformando a decisão da CJ,
sem, para tanto, determinar o retorno dos autos para novo
julgamento pela CJ.
Ao meu sentir, determinar o retorno dos autos para a CJ
proferir novo julgamento configura-se uma verdadeira
mitigação a sua independência enquanto órgão julgador, haja
vista que a mesma estaria obrigada, in casu, a reconhecer a
existência de provas suficientes para lastrear o aspecto
físico da contagem das mercadorias, com a consequente
precisão da base de cálculo mensurada pelo Fisco,
diferentemente do que decidiu anteriormente.
O julgamento proferido pela CJ, portanto, deve ser
respeitado, prestigiando a independência funcional daquele
competente órgão. Não significa dizer que não podemos dele
discordar. É óbvio que sim. Neste caso, enquanto órgão
administrativo hierarquicamente superior, cabe ao CTE
reformar as decisões da CJ, determinando a procedência ou
improcedência do lançamento.
Por outro lado, descabe falar em anulação do julgamento
proferido pela CJ, haja vista que a decisão da 2ª Câmara não
apontou qualquer nulidade ou vício cometido pela CJ em seu
julgamento, mas apenas discordou do entendimento esposado em
relação às provas colacionadas aos autos, sendo caso,
portanto, de reforma da decisão, e não de anulação.
Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO
TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, votarem no sentido
de determinar ANULAR a decisão da 2ª Câmara de Julgamento,
determinando, por conseguinte, o retorno dos autos para o
referido órgão proferir novo julgamento.
Considerando que a relatora designada anteriormente não
mais integra a 2ª Câmara do CTE, redistribua o processo para

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outro relator integrante da 2ª Câmara do CTE, como forma de


preservar a competência do aludido órgão.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 19 de Abril de 2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


PRESIDENTE RELATOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

MARIA LOPES MILHOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADORA(VOTOU CONTRA O RELATOR) JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR JULGADOR(VOTOU CONTRA O RELATOR)

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR(VOTOU CONTRA O RELATOR)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 01 – PLENO – REALIZADA EM 19/04/2012


PROCESSO: 1500.037132/2002 (02 volumes) e CTE nº 91/2007.
ANEXOS: 1500.010501/2003 (02 volumes) e 1500.002802/2007.
AUTO DE INFRAÇÃO: 031071.
AUTUADA: SM INFORMÁTICA LTDA.
ASSUNTO: Recurso Ordinário.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSISTENTE: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº P-129/2012

EMENTA: ICMS. Obrigação Principal.


Não recolhimento de ICMS por
omissão de saída de mercadorias
tributáveis nos exercícios de 2000
e 2001, apurada mediante
levantamento financeiro da conta
‘Caixa’. Falta de provas que
demonstrem ocorrência da infração
imputada pelo Fisco Estadual.
Remessa necessária conhecida e
improvida. Decisão da Primeira
Câmara mantida.

Relatório

Trata de reexame necessário que vem a este Plenário com


fundamento no artigo 48 inciso II da Lei 6771/06, relativo ao
Acórdão nº 29/2008, proferida pela 1ª Câmara desse Conselho,
que por maioria de votos reformou in totun a decisão singular
no sentido de considerar o Auto de Infração nº 031071
improcedente por falta de prova.

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Fundamentada a acusação na omissão de vendas pelo


sujeito passivo nos exercícios de 2000 e 2001, apurada
mediante levantamento financeiro da conta ‘Caixa’.

Foram apontados como transgredidos os artigos 2º, §§ 9º


a 11; 31; 50, inciso I, da Lei nº 5.900/96, alterada pela Lei
nº 5.979/97 e 49, incisos, II, VII e VIII do RICMS, aprovado
pelo Decreto nº 35.245/91 e aplicada a penalidade prevista no
artigo 87 da Lei nº 5.900/96, com alterações da Lei nº
5.979/97.

Autuada apresentou defesa, alegando ser optante do


“lucro presumível“ (mínimo de 30%) e que atende as regras
aplicáveis a esta forma de apuração do imposto.

O Autuante apresentou contra-razões, sustentando que a


defesa não contesta a infração apontada, insuficiência de
receitas, para fazer face as despesas incorridas, bem como
deixou de provar os argumentos trazidos.

Proferida a Decisão nº 15.091/06, tendo o julgador


singular decidido pela procedência do lançamento com a
seguinte ementa:
EMENTA: ICMS - OMISSÃO DE SAÍDAS -
Presunção de saídas de mercadorias
tributáveis sem documentação fiscal,
fato constatado através de
levantamento financeiro. Soma das
despesas superiores às receitas do
estabelecimento (art. 2º, § 10 da Lei
nº 5.900/96, alterada pela Lei nº
5.979/97). Ilícitos fiscais
comprovados. Auto de Infração
PROCEDENTE.
Por via de Recurso Ordinário, a Autuada sustenta que a
regra matriz do ICMS pressupõe transferência de titularidade
da mercadoria, o que não teria ocorrido no caso concreto, já
que a autuação decorreu de mera presunção de vendas e ainda
que o lançamento é inconsistente, sem amparo documental e não

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traz elementos conclusivos, sendo que caberia a Autoridade


Fiscal instruir o procedimento com provas dos fatos que lhes
foram imputados. Requer, por fim, provimento ao Recurso
interposto para julgar improcedente o Auto de Infração.

Em contra-razões, a Autuante afirma que o lançamento


foi baseado em números fornecidos pela própria Autuada e que
esta, ao longo do processo administrativo fiscal, não cuidou
de fazer qualquer prova da insubsistência dos mesmos, sendo
seu tal ônus.

Então o processo foi remetido ao Conselho Tributário


Estadual – CTE –, onde na Primeira Câmara deste Colegiado,
por maioria de votos, modificou integralmente a decisão
monocrática pelo Acordão nº 29/2008, que recebeu a seguinte
Ementa:
EMENTA: ICMS – vendas
desacompanhadas de notas fiscais.
Presunção. Despesas superiores às
receitas. Levantamento
financeiro, Falta de elementos
probatórios. Lançamento nulo.
Recurso Ordinário conhecido e
provido. Decisão da primeira
instancia reformada in totun.
Não foi transcrito a motivação do voto vencido.

Comunicados, Contribuinte e Representação Fiscal não se


manifestaram.

É o relatório.

VOTO

Trata-se aqui de reexame necessário ao Pleno do


Conselho Tributário Estadual, em face da decisão da 1ª Câmara
de Julgamento do CTE que julgou, por maioria, improcedente
por falta de prova, o lançamento de ofício de ICMS mais multa
devido à omissão de vendas pelo sujeito passivo quando do

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levantamento financeiro nos exercícios de 2000 e 2001. Tal


omissão decorre de presunção legal relativa, cuja
caracterização encontra amparo nos parágrafos nono e dez do
art. 2.º da Lei 5.900/96 1.

Observa-se da interpretação dos mencionados


dispositivos, que essa presunção legal aplicar-se-ia quando a
soma das despesas efetuadas pelo sujeito passivo fosse
superior às receitas efetivamente auferidas, conduzindo a
resultado credor da conta “Caixa”, o que é incompatível com a
realidade de qualquer entidade.

A conta “Caixa”, objeto da auditoria realizada, reflete


as entradas e saídas de numerário de uma dada pessoa
jurídica. Tais movimentações financeiras são aferidas no
momento em que são efetivamente realizadas pelo sujeito
passivo.

Também é cediço que auto de infração deve ter os


elementos de prova para caracterizar a infração 2. Mesmo no
caso em tela – presunção legal – onde, conforme determinação
legal à época do lançamento de ofício, todos os indícios que
levaram à ocorrência do fato presumido de saída de mercadoria
deveriam ter sido traslados aos autos.

Sobre presunções, assim se expressa Gonçalves:


1
Art. 2.º. Considera-se ocorrido o fato gerador do ICMS no momento:
(...)
§ 9º. O fato de a escrituração do contribuinte indicar insuficiência de caixa (saldo credor), suprimentos de
caixa de origem não comprovada ou a manutenção no passivo de obrigações já pagas ou inexistentes, bem
como a ocorrência de entrada de mercadorias não contabilizadas, autorizam a presunção de omissão de saídas
de mercadorias tributáveis em operações internas, sem pagamento do imposto, ressalvada ao contribuinte a
prova da improcedência da presunção.
§ 10. A presunção de que cuida o parágrafo anterior aplica-se, igualmente, quando a soma das despesas,
pagamentos de títulos, salários, retiradas pró-labore, serviços de terceiros, aquisição de bens em geral,
pagamentos de tributos, honorários, empréstimos, aplicações e quaisquer outras retiradas ou quantias pagas
pelo contribuinte, seja superior à receita do estabelecimento.
2
Regulamento do ICMS, em redação dada à época da lavratura do auto de infração:
Art. 891. O processo fiscal contencioso deverá ser instruído, consoante a infração detectada, com os
seguintes documentos:
...
V - cópia dos documentos que serviram de base para a apuração das irregularidades, em qualquer caso;
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“Presunções não são meios de prova,


mas forma de raciocínio pelas quais,
por meio de um fato, infere-se a
existência de outro, deduz-se de um
fato conhecido e provado outro que se
quer demonstrar... A presunção
geralmente parte de um indício de
prova...” (grifo nosso). (GONÇALVES,
Marcus Vinicius Rios. Novo Curso de
direito processual civil, v 1. 5 ed.,
São Paulo: Saraiva, 2008,p.436)
grifei
Pelo próprio conceito de presunção, deve-se partir de
um fato conhecido e provado para, então, se presumir outro
fato. Se não for assim, seria como partir de uma presunção
para se chegar a outra presunção, o que seria inconcebível em
sentido lógico-jurídico.

Logo, conforme a própria natureza dos indícios e das


presunções, a fiscalização não trouxe provas aos autos que
levam à presunção infracional aqui discutida.

Isso porque não há documentos suficientes que serviram


de base para a verificação de insuficiência de caixa.

Podemos, exemplificativamente, citar a falta da origem


dos valores do caixa inicial de setembro de 2000, dos
documentos de vendas e compras de mercadorias e das despesas
cotidianas do estabelecimento.

Considerando o porte de vendas a vista mensal do


contribuinte, com valores variando entre R$ 24.527,00
(setembro/2000) a R$ 103.564,90 (março/2001), também não
foram alocados valores de vendas a prazo, o que é difícil de
imaginar conforme a realidade do mercado de varejo. Ou seja,

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considerou todas as venda de mercadorias pelo regime de


caixa.

Outro ponto é que não foram consideradas despesas


normais para qualquer estabelecimento como despesas de água,
energia, telefone, salários de empregados, encargos sociais,
dentre outros.

Pelo que os autos apresentam, sem elementos de prova


suficientes, é incabível considerar deduções subjetivas da
autoridade fiscal para demarcar este ilícito fiscal. Não há
previsão legal de presunção absoluta para tanto.

Dessa forma não é possível calcular corretamente o


tributo, ou mesmo se há ICMS devido. Pelo princípio da
legalidade 3, sendo o lançamento fiscal um ato vinculado, o
presente auto de infração não obedece ao comando normativo do
art. 142 do Código Tributário Nacional 4.

Portanto, como a legislação declara que só ocorre a


presunção da ocorrência de operações internas e tributáveis,
sem pagamento do imposto, pelo sujeito passivo, quando se
constatar efetivamente insuficiência da sua conta “Caixa”,
não estando fundamentado em elementos probatórios suficientes
a peça vestibular, resta comprovado que o sujeito passivo não
cometeu a infração em tela.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos,
votarem no sentido de conhecer do Reexame Necessário, para
negar-lhe provimento, mantendo o Acórdão da 1ª Câmara do CTE,
apenas alterando sua ementa no sentido de considerar o

3
Lei Estadual nº 6.771/2006:
Art. 2º Na instauração, preparo, instrução, tramitação e decisão do processo administrativo tributário,
contencioso ou não, serão atendidos os princípios da oficialidade, da legalidade... (grifos nosso)
4
Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo
lançamento, assim entendido o procedimento administrativo tendente a verificar a ocorrência do
fato gerador da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular o montante do
tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo caso, propor a aplicação da penalidade
cabível.
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Lançamento improcedente e não nulo, convergindo assim com o


voto da nobre relatora do Acórdão aqui reexaminado.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 19 de Abril de 2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

MARIA LOPES MILHOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADORA JULGADOR

LUCIANO PONTES DE M. GOMES PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR JULGADOR

ÁLVARO ARTHUR L. A. FILHO


JULGADOR

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 01 – PLENO – REALIZADA EM 19/04/2012


PROCESSO: 1500-008443/1999 e CTE-498/10.
ANEXO: 1500-009019/99.
AUTO DE INFRAÇÃO: 018352.
AUTUADO: ANTONIO CARLOS RAMOS.
INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.82916-6
ASSUNTO: Reexame Necessário.
RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSISTENTE: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº P-130/2012

EMENTA – ICMS. Obrigação Principal. Falta


de recolhimento do ICMS em decorrência de
omissão de vendas de mercadorias. Fatos
apurados por meio de Levantamento da
conta Estoque. Ilícito fiscal
caracterizado pela confissão do
contribuinte nos autos. Extinção do
processo com resolução do mérito.
Aplicação da penalidade prevista no art.
79, da Lei Estadual nº 5.900/96, em face
da reclassificação legal trazida pela Lei
Estadual nº 7.079/09. LANÇAMENTO
PROCEDENTE EM PARTE. Reexame necessário
conhecido e parcialmente provido.

RELATÓRIO
Trata-se de reexame necessário que vem a este Plenário
com fundamento no artigo 48, inciso II, da Lei 6771/06,
relativo ao Acórdão nº 327/2010, proferida pela 1ª Câmara
desse Conselho, que por maioria de votos manteve a decisão
singular no sentido de considerar o Auto de Infração nº
018352 improcedente por falta de prova.

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Fundamentada a acusação na omissão de vendas pelo


sujeito passivo quando do levantamento da sua Conta
Mercadorias no exercício de 1998 para a verificação da
aplicação do lucro mínimo de 30%(trinta por cento) em suas
operações comerciais.

Foram apontados como transgredidos o artigo 5º, V da


Lei nº5. 077/89; o artigo 2º, I e seu parágrafo 12 da Lei nº
5.900/96, com as alterações da Lei nº 5.979/97 e os artigos
49, II e VII e seu parágrafo único e 1000 do RICMS, aprovado
pelo Decreto 35.245/91, com a sugestão da penalidade do
artigo 84 da Lei nº 5.900/96.

O contribuinte apresentou sua defesa, confirmando ser


devedora do crédito aqui cobrado e propondo liquidá-lo por
meio de compensação com apólices da dívida pública de sua
propriedade.

Em suas contrarrazões, a autoridade autuante declara a


sua incompetência para apreciar a proposta feita pelo autuado
e sugere a remessa do processo aos órgãos técnicos da SEFAZ
para análise do fato proposto.

No Despacho nº 224/2007, a Diretoria de Tributação,


fundamentado no artigo 170 do CTN afirma ser contrária a
compensação pleiteada, pois as referidas apólices padecem de
liquidez, além de não ter lei estadual autorizativa para
tanto.

Retornando os autos a Coordenadoria de Julgamento, foi


proferida a Decisão nº 17.374/2010, tendo o julgador singular
decidido pela improcedência do lançamento com a seguinte
ementa:
EMENTA - ICMS – 1. Lançamento de
ofício de crédito tributário. 2.
Suposta omissão de vendas, apurada
segundo o levantamento da conta
Mercadorias Tributadas, em
verificação ao lucro mínimo de 30%

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(trinta por cento) – Suposição de


falta de recolhimento da obrigação
principal. 3. Ausência de provas
materiais da infração argüida –
acusação inconsistente. 5. Ilícito
não comprovado. - Lançamento
IMPROCEDENTE por falta de provas.
Reexame necessário pelo Conselho
Tributário Estadual (Art. 48 da Lei
nº 6.771/06).

Então o processo foi remetido ao Conselho Tributário


Estadual – CTE – para o reexame necessário, onde na Primeira
Câmara deste Colegiado, por maioria de votos manteve-se
integralmente a decisão monocrática pelo Acordão nº 327/2010,
que recebeu a seguinte Ementa:

EMENTA:ICMS – Acusação de omissão


de vendas - Ausência nos autos de
provas materiais capazes de
sustentar a infração apontada-
Reexame Necessário conhecido
Improvido - Decisão Singular
mantida na integra - Auto de
Infração IMPROCEDENTE.

O voto vencido foi no sentido da procedência do


lançamento de ofício em face do reconhecimento do crédito
tributário pelo sujeito passivo.

Comunicados, Contribuinte e Representação Fiscal não se


manifestaram.

É o relatório.

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VOTO

Trata-se aqui de reexame necessário ao Pleno do


Conselho Tributário Estadual, em face da decisão da 1ª Câmara
de Julgamento do CTE que julgou, por maioria, improcedente
por falta de prova o lançamento de ofício de ICMS mais multa
devido à omissão de vendas pelo sujeito passivo quando do
levantamento da sua Conta Mercadorias no exercício de 1998,
com voto vencido pela procedência do lançamento devido ao
contribuinte ter reconhecido sua dívida tributária.

Conforme se extrai dos autos, depreende-se claramente


que a autuada não refuta a prática da infração e confessa
integralmente o valor do crédito tributário objeto do
presente Auto de Infração quando afirma em sua defesa: “1. A
requerente é devedora de Tributos Estaduais no valor de R$
15.084,50 (quinze mil, sessenta e quatro reais, e cinqüenta
centavos, de conformidade com os documentos anexos...”.
(grifos nosso)

Pelo princípio da legalidade 1, tal realidade processual


implica em decisão com julgamento de mérito e extinção do
processo administrativo de acordo com a incidência dos
artigos 17, III e 28, §4º, I, da Lei nº. 6.771/06 2.

Lei Estadual nº 6.771/2006:


Art. 2º Na instauração, preparo, instrução, tramitação e decisão do processo administrativo
tributário, contencioso ou não, serão atendidos os princípios da oficialidade, da legalidade... (grifos nosso)
2

Art. 17. Encerra-se o processo administrativo tributário, contencioso ou não, com:


...
III - o reconhecimento do débito pelo sujeito passivo, inclusive em qualquer fase posterior à
apresentação da defesa;
...
Art. 28....
§ 4º O julgador que tiver ciência, por documento incluso nos autos em qualquer fase do processo,
que o autuado tenha confessado o crédito tributário objeto do contraditório:

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Reza o Código de Processo Civil – CPC – de aplicação


subsidiária ao processo administrativo tributário alagoano 3,
art. 348, que: “Há confissão quando a parte admite a verdade
de um fato, contrário ao seu interesse e favorável ao
adversário”.

Não tendo esse julgador competência dada pela Lei


6.771/06 para conceder extinção do crédito tributário por
compensação e não havendo outra norma legal dispondo sobre
tanto, como exige o art. 170 do Código Tributário Nacional 4,
não cabe o exame aqui no processo contencioso administrativo
tributário a sua análise.

Portanto, no caso, sem embargo da prova produzida pelo


autuante, e considerando o art. 334, II, do CPC 5, remanesce o
lançamento nos termos da confissão particular, extinto o
processo administrativo e encaminhado os autos à Procuradoria
da Fazenda Estadual para que proceda a inscrição do crédito
tributário na Dívida Ativa.

I - no todo, deverá decidir pela extinção do processo com julgamento do mérito;


...
3

Lei Estadual nº 6.771/2006:


Art. 97-A. Aplicam-se subsidiariamente ao processo administrativo tributário as normas da Lei
Estadual n° 6.161, de 26 de junho de 2000, e da Lei Federal n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973, - "Código de
Processo Civil.
4

Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular, ou cuja estipulação em cada
caso atribuir à autoridade administrativa, autorizar a compensação de créditos tributários com créditos
líquidos e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda pública. (grifos nosso)
5

Art. 334. Não dependem de prova os fatos:


...
II - afirmados por uma parte e confessados pela parte contrária; (grifos nosso)

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Cabe esclarecer aqui que o julgamento (resolução) de


mérito dito pelo legislador na Lei 6.771/06, em seu § 4º, I,
art. 28, já transcrito acima, tem o sentido de dar à decisão
a condição de definitiva pela extinção do processo sem
analisar o mérito em si da questão.

Tanto que se não fosse a confissão do crédito integral,


aí sim haveria de ter uma decisão meritória da parte não
confessada onde se analisaria o lançamento de ofício dessa
parte não declarada (§ 4º, II, art. 28, da Lei 6.771/06).

Tal procedimento encontra paridade com a norma prevista


no art. 269, II e V, do Código de Processo Civil 6, de
aplicação subsidiária ao nosso Processo Administrativo
Tributário.

É como se extrai das lições de Daniel Amorim Assumpção


Neves e Marcos Vinicius Rios Gonçalves, quando diferenciam
julgamentos efetivos do mérito ou apenas homologam a
autocomposição feita pelas partes conforme os tipos de
resolução de mérito da sentença tratados nos incisos do art.
269 do CPC:
“... sentenças definitivas, que resolvem o
mérito (art. 269 do CPC). Observe que a
Lei 11.232/2005 substituiu o termo
“julgamento” por “resolução” no caput ...
o legislador finalmente reconheceu a
diferença entre as sentenças que

Art. 269. Extingue-se o processo com julgamento de mérito: (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
Art. 269. Haverá resolução de mérito: (Redação dada pela Lei nº 11.232, de 2005)
...
II - quando o réu reconhecer a procedência do pedido; (Redação dada pela Lei nº 5.925, de
1º.10.1973)
...
V - quando o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação. (Redação dada pela Lei nº 5.925,
de 1º.10.1973)

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efetivamente julgam o mérito, por meio da


imposição da decisão do juiz, e aquelas
que simplesmente homologam um ato de
autocomposicão praticado pelas partes...
as sentenças homologatórias de mérito, nas
quais o juiz não chega a apreciar o
direito material ... limitando-se a
homologar uma declaração de vontade
unilateral de uma das partes, como ocorre
no reconhecimento do pedido ... (art. 269,
II, do CPC) e a renúncia ... (art. 269, V,
do CPC)...” (Daniel Amorim Assumpção
Neves. Manual de direito processual civil.
São Paulo. Ed. Método. 2010. Pg. 465 e
474)

“... há outras espécies de sentença


consideradas pelo legislador como mérito,
conquanto o juiz não examine propriamente
o pedido... consideradas entre as de
mérito pelo legislador apenas para que se
revistam da autoridade da coisa julgada
material, adquirindo a condição de
definitivas” (Marcos Vinicius Rios
Gonçalves. Direito Processual Civil
Esquematizado. São Paulo. Saraiva. 2011).

Portanto, como o contribuinte confessou, renunciou à


sua defesa cabe ao julgador apenas extinguir o processo
administrativo tributário de maneira definitiva.

Utilizo acórdão modelo em âmbito administrativo federal


que traduz o dito acima:

PROCESSO ADMINISTRATIVO FISCAL. RENÚNCIA.


PARCELAMENTO DE DÉBITO. PAES. Sendo a
renúncia um ato voluntário e unilateral

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pelo qual alguém abdica de um direito, o


processo deve ser extinto com julgamento
de mérito. (Art. 269, inciso V, do CPC).
(3º CC – Ac. 30235833 – 2ª C. – Rel.
SIMONE CRISTINA BISSOTO – DOU 05.05.2004 -
p. 12) (grifos nosso)

Devemos relembrar inclusive que a confissão não é a


única hipótese da lei em que o julgador encerra o processo
administrativo tributário sem analisar o lançamento de ofício
e suas provas. Há também os casos da revelia e da opção pelo
contribuinte em discutir a lide judicialmente (art. 13 e 17,
IV, da Lei nº 6.771/96).

Dito isso, cabe, entretanto, revisão da penalidade


aplicada, pois foi considerada pelo autor do auto de infração
a penalidade do art. 84 da Lei Estadual 5.900/96 7.
Com a posterior revogação do art. 84 pela
alteração normativa feita à Lei Estadual 5.900/96 pela Lei
Estadual 7.079/09, por determinação expressa do legislador
estadual, para a violação descrita no artigo revogado, ficou
imputada a penalidade do art. 79 da Lei Estadual 5.900/96:

“Art. 79. Falta de recolhimento do imposto no prazo legal,


em situação não compreendida nas hipóteses previstas
nos artigos seguintes:
MULTA - Equivalente a 50% (cinquenta por cento) do
valor do imposto.”

Logo, observa-se sim, pela própria confissão do


sujeito passivo, que ocorreu violação à norma legal posta à
época do fato gerador por ato praticado pelo contribuinte e
que a infração descrita nesse artigo (art. 79) abarca a
7

Art. 84 - Falta de recolhimento do imposto apurado por meio de levantamento fiscal:


MULTA - equivalente a 60% (sessenta por cento) do valor do imposto devido.
*Art. 84 revogado pela Lei n.º 7.079/09. Reclassificando-se a multa deste artigo para a do art. 79 da
mesma Lei, relativamente aos créditos tributários já lançados.

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infração cometida por aquele (art. 84), além de, importante


destacar, ser mais benéfica ao sujeito passivo, nos termos
do art. 106, II, ‘c’, do CTN 8.
O que implica na possibilidade de aplicação ao
caso aqui julgado do art. 79 da Lei Estadual 5.900/96, em
nova redação dada pela Lei Estadual 7.079/09.

Nessa situação o lançamento em tela é


parcialmente procedente e o crédito tributário tem como valor
R$ 14.122,97 (catorze mil, cento e vinte e dois reais, e
noventa e sete centavos), dos quais, R$ 9.415,31 (nove mil,
quatrocentos e quinze reais, e trinta e um centavos)
equivalente ao ICMS e R$ 4.707,66 (quatro mil, setecentos e
sete reais, e sessenta e seis centavos) à multa.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, no
sentido de conhecer do Reexame Necessário, para dar-lhe
provimento devido à confissão do contribuinte nos autos,
modificando o Acórdão da 1ª Câmara do CTE no sentido de
considerar o lançamento parcialmente procedente, sendo
aplicada a penalidade do art. 79 da Lei Estadual 5.900/96.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 19 de abril de 2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:


...
II - tratando-se de ato não definitivamente julgado:
...
c) quando lhe comine penalidade menos severa que a prevista na lei vigente ao tempo da sua prática.

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SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR (Contra Relator) JULGADORA (Com Relator)

MARIA LOPES MILHOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADORA (Com Relator) JULGADOR (Contra Relator)

PAULO DE TARSO DA C. SILVA LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR (Contra Relator) JULGADOR (Com Relator)

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 01 – PLENO – REALIZADA EM 19/04/2012


PROCESSO N.º.: SF 1500-022073/2006
AUTO DE INFRAÇÃO Nº.: 99.54250-001
AUTUADA: CAVALCANTE & CASTRO LTDA.
RELATOR: ÁLVARO ARTHUR LOPES DE ALMEIDA FILHO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSISTENTE: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº P-131/2012

EMENTA: Processo Administrativo


tributário. Recurso Especial. Não
comprovada à divergência entre câmara
ou pleno. Recurso Especial não
conhecido.

Relatório

Trata-se de recurso especial cujo objeto é a reforma da do acórdão


nº 200/2010, este por sua vez entendeu por unanimidade pela
procedência parcial do lançamento nos termos da ementa abaixo:

Ementa: ICMS – Substituição tributária –


Medicamentos – Falta de Recolhimento do Imposto não
retido pelo remetente. Inobservância aos critérios
estabelecidos pela legislação de regência.
Comprovado documentalmente nos autos a prática da
infração denunciada. Excluído do crédito tributário
lançado o valor correspondente a parcela do ICMS
efetivamente recolhida pelos remetentes, juntadas
aos autos no curso do processo. Afastada a
Preliminar de Nulidade. Remessa Necessária e
Recurso Voluntário conhecido e não Providos.
Mantida integralmente a decisão recorrida que
julgou parcialmente procedente o auto de infração.

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Segundo o recurso especial a decisão acima, contraria


decisões proferidas por este colegiado, no tocante a ausência de
provas, entretanto afirma que não colacionou aos autos os acórdãos
divergentes por dificuldade em obter cópias das decisões.

No mérito reitera os argumentos apresentados em sua


impugnação e recurso ordinário.

VOTO

Com base no relatório já consubstanciado aos autos,


passo ao voto

No presente caso, antes de analisar o mérito da


questão, é oportuno observar o que dispõe o art. 47 e 48 da Lei
nº. 6771/06

Art. 47. Cabe recurso especial ao Pleno do CTE,


interposto pelo sujeito passivo, pelo autuante, pelo
Procurador da Fazenda Estadual ou pelo Representante
Fiscal, quando a decisão de qualquer Câmara divergir
do entendimento sobre idêntica questão jurídica
manifestada por outra Câmara ou pelo Pleno.
Parágrafo único. Cabe à Secretaria do CTE providenciar
a instrução do processo com cópia da primeira decisão
indicada, por divergência demonstrada, ficando a cargo
do recorrente a apresentação de cópia das demais,
juntamente com o recurso, se for o caso.

Art. 48. Quando contrárias à Fazenda Estadual, ficam


sujeitas à reexame necessário:

I - por uma das câmaras do CTE, as decisões proferidas


por julgador de primeira instância;

Ora, observando a decisão recorrida, percebe que a


mesma foi unânime, portanto afastada a hipótese de reexame, com
fulcro no inciso II do art. 48. Quanto ao art. 47, resta
necessário para o conhecimento do recurso, ficar demonstrado pelo

ACÓRDÃO Nº P-131/2012 Página 2


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recorrente a divergência entre câmaras e pleno do CTE sobre


“idêntica questão jurídica”.
Ora, as próprias razões recursais admitem que tal
divergência não foi apresentada, sob a alegação de dificuldade em
obter cópias dos precedentes deste conselho, tal alegação é um
pouco pertinente, pois até poucos dias, a decisão deste colegiado
não estavam disponíveis na rede mundial de computadores,
entretanto os servidores deste colegiado, quando formalmente
solicitados, fornecem cópias das decisões proferidas.

Acontece que no caso em tela, não restou demonstrado


que foram solicitadas cópias decisões que apresentassem
divergências, assim não há como prosperar tal alegação, de
ausência de precedentes.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, não
conhecerem o presente recurso de ofício.

Conselho Tributário Estadual, Sala das Sessões, em


Maceió, 19 de Abril de 2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ÁLVARO ARTHUR L. DE A. FILHO


PRESIDENTE RELATOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

MARIA LOPES MILHOMES JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADORA JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR JULGADOR
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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA EXECUTIVA DE FAZENDA
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PLENO
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SESSÃO ORDINÁRIA:Nº01 – PLENO – REALIZADA:19/04/2012
PROCESSO: SF 1500-005158/2010; CTE 115/2011
ASSUNTO: RECURSO ESPECIAL
AUTO DE INFRAÇÃO: 9000135-001/2010
RECORRENTE: BRASKEM S/A.
RECORRIDO: FAZENDA ESTADUAL
ORIGEM: CJ 2ª CÂMARA DO CTE
RELATOR: LUCIANO POPNTES DE MAYA GOMES
VOTO VENCEDOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA VASCONCELOS

ACÓRDÃO N.ºP-132/2012

EMENTA: RECURSO ESPECIAL.


DIVERGÊNCIA DE ACÓRDÃOS
PROFERIDOS TENDO COMO MATÉRIAS,
UTILIZAÇÃO DE CRÉDITO INDEVIDO
E O TRANSPORTE DE MERCADORIAS
DESACOMPANHADAS DE DOCUMENTO
FISCAL EM RAZÃO DA SUA
INIDONEIDADE NÃO SE COADUNA COM
OS TERMOS DO ART. 47 DA LEI Nº
6.771/06. RECURSO NÃO
CONHECIDO.

RELATÓRIO

Trata-se de Recurso Especial interposto pelo


sujeito passivo epigrafado, com fulcro no art. 47 da Lei n.
6.771/2006, pelo qual se insurge em face do Acórdão n.
163/2011, da 2a Câmara do Conselho Tributário Estadual que,
por unanimidade de votos, negou provimento ao recurso
ordinário e manteve a autuação em sua íntegra.

Em especial homenagem aos demais


conselheiros que não tiveram a oportunidade de participar
do julgamento colegiado a quo, deve-se promover, em momento
prévio ao exame reclamado, o histórico das informações,
atos e fases processuais já vencidas que são relevantes ao
julgamento.

Pois bem.

ACÓRDÃO P–132/2012 Página 1


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Colhe-se da peça fiscal inicial que foi


imputado ao sujeito passivo o transporte de mercadorias
desacompanhadas de documentos fiscais, mais especificamente
em razão da constatação, pelo Posto Fiscal de Porto Real do
Colégio, em Alagoas, de que mercadorias estavam sendo
fisicamente destinadas à Brasken S/A, em Marechal
Deodoro/AL (Pólo Cloroquímico), enquanto que os respectivos
documentos fiscais apreendidos junto a transportadora e
emitidos por empresa localizada em Salvador/BA
(Intermarítima Terminais Ltda) destinavam os respectivos
bens a endereço da Brasken S/A em Salvador/BA.

Em razão das razões acima, e invocando os


art. 202, incisos II e IX, do RICMS/AL, passou a
fiscalização a exigir o imposto sobre o valor das
mercadorias, acrescido da multa do art. 97 da Lei n.
5.900/96 (200%).

Intimado, o sujeito passivo ofertou


impugnação ao lançamento contra si lavrado, aonde
basicamente alega que teria importado as mercadorias em
questão, acobertada pela DI 09/1511028-2, devidamente
registrada perante a Receita Federal do Brasil.

Afirmou que, embora tenham tido os produtos


como destino a unidade da Brasken S/A localizada no Estado
de Alagoas, foram eles desembaraçados no Porto de
Salvador/BA, com recolhimento do ICMS – Importação ao
Estado de Alagoas, através de GNRE.

Seguiu aduzindo que as mercadorias ficaram


armazenadas no terminal aduaneiro da própria empresa
Intermarítima Terminais Ltda, cujas instalações se
encontram, segundo afirma, dentro do próprio Porto de
Salvador/BA.

Concluiu seu raciocínio afirmando que a


empresa contratada pera o depósito das mercadorias, em
lamentável equívoco, registrou equivocamente no documento
fiscal o endereço da unidade da Brasken S/A em Camaçari/BA,
quando o destino efetivo era a unidade de Alagoas.

Registra por fim a autuada e ora recorrente,


que embora eivada do vício escusável a nota fiscal emitida
pela depositária das mercadorias, nenhum prejuízo teria

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resultado ao Estado de Alagoas, para quem os impostos sobre
as operações em questionamento foram recolhidos.

Instada a se manifestar sobre a defesa da


contribuinte, a Douta Representação Fiscal, apresentou sua
posição no sentido da manutenção da autuação, basicamente
afirmou que a documentação apreendida e de posse da
transportadora (notas fiscais emitidas pela empresa
Intermarítima Terminais Ltda), por registrar o retorno
simbólico de mercadoria a unidade da Braskem/SA, não seriam
hábeis a acobertar as operações.

No mais, conforme conclusão da fiscalização,


sustenta a Representação Fiscal que as notas fiscais
emitidas pela Braskem/AL para armazenagem junto à empresa
Intermarítima Terminais, possuindo a mesma data das notas
expedidas por esta empresa em retorno, denuncia a
impossibilidade física das operações.

Também segundo a Representação Fiscal, a


explicação da impugnante e ora Recorrente de que teria
existido erro no preenchimento dos documentos não serve a
afastar as infrações a legislação tributária, a teor do
art. 136 do CTN.

Pede também a manutenção do enquadramento da


multa no tipo descrito no art. 97 da Lei n. 5.900/96.

O feito então seguiu para o exame da Douta


Coordenadoria de Julgamento, que nos termos do próprio
lançamento e contrarrazões da Representação Fiscal, manteve
a autuação pelos motivos bem retratados na respectiva
ementa da Decisão n. 17.407/10, in verbis:

EMENTA – ICMS. Obrigação Principal.


Mercadoria acompanhada de documento fiscal
considerado inidôneo. Erro na descrição do
destinatário, na operação e na descrição da
mercadoria. Documento não era o legalmente
exigido na operação. Emissão da nota fiscal
com erro que possibilita o não recolhimento
do imposto. Incidência da norma contida nos
incisos II e IX do art. 207 do RICMS/AL.
Infração caracterizada. Alegação de que não
houve prejuízo à Fazenda Estadual é
irrelevante para responsabilização por

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infração à legislação tributária, conforme
art. 136 do CTN. Lançamento PROCEDENTE.

Em Recurso Ordinário, o contribuinte


praticamente repisa as suas motivações já expostas em sua
impugnação inicial, assim o fazendo também a Douta
Representação Fiscal em sua manifestação.

A 2a Câmara deste Colegiado Administrativo,


através de seu Acórdão n. 163/2011, do qual não participou
do julgamento este relator, entendeu por manter-se fiel a
posição da instância singular, conforme ementa abaixo
recortada:

EMENTA – ICMS – NOTA FISCAL –


DESCLASSIFICAÇÃO – DIVERGÊNCIA. Constatou-se
o transporte de mercadorias desacobertadas
de documentação fiscal. A nota fiscal
apresentada ao Fisco foi desclassificada vez
que o destinatário e descrição da mercadoria
transportada eram diversos dos discriminados
no documento.

Intimado do acórdão supra, o contribuinte


demonstra mais uma vez a sua insatisfação mediante a
apresentação de Recurso Especial dirigido ao Pleno deste
Conselho Tributário Estadual, o fazendo com fundamento em
entendimento divergente manifestado por outras Câmaras do
mesmo órgão.

Segunda a visão do Recorrente, este


Colegiado já teria relativizado em outros julgamentos
(Acórdão n. 028/2008) erros formais constantes de
documentos fiscais, inclusive para reconhecer os créditos
tributários respectivos, assim como prestigiado a verdade
material (Acórdão n. 85/2006), posições que das quais teria
se distanciado o acórdão vergastado, na medida em que
prestigiou as informações formalmente lançadas nos
documentos para tê-los por inidôneos, desconsiderando os
aspectos materiais das operações subjacentes.

No mérito, repete a matéria já conhecida por


suas outras manifestações nos autos.

Regularmente intimada, a Representação


Fiscal apenas se insurge contra o cabimento do Recurso

ACÓRDÃO P–132/2012 Página 4


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Especial, sob o entendimento de que as matérias tratadas
nos arestos paradigmas divergem do tema debatido nos autos.

É o relatório.

VOTO

Com relação ao recurso especial a Lei nº.


6.771/06, no seu art. 47 assim disciplina: “Cabe recurso
especial ao Pleno do CTE, interposto pelo sujeito passivo,
pelo autuante, pelo Procurador da Fazenda Estadual ou pelo
Representante Fiscal, quando a decisão de qualquer Câmara
divergir do entendimento sobre idêntica questão jurídica
manifestada por outra Câmara ou pelo Pleno.”

Quanto ao recurso especial no processo


administrativo tributário, pode-se até estabelecer uma
proporção nos seguintes termos: Assim como o recurso
especial previsto no Art. 105, inc. III, da Constituição
Federal visa, objetiva, assegurar a autoridade e a unidade
na aplicação da legislação federal infraconstitucional, em
todo o território nacional, o recurso especial previsto no
art. 47 da Lei nº. 6.771/06 tem como objetivo, assegurar,
também, por parte do Pleno do Conselho Tributário Estadual,
a autoridade e a unidade na aplicação da legislação
tributária, notadamente, no tocante a legislação estadual,
sob pena de cair em desprestígio as suas decisões mediante
decisões antagônicas, quando da identidade de questão
jurídica submetida ao mesmo.

In casu, o Acórdão de Nº. 028/2008,


proferido pela Primeira, segundo o qual serviu de
paradigma, rechaçou na verdade, a inidoneidade dos
documentos fiscais em razão de simples rasura no
concernente a quantidade de mercadoria e daí a legitimidade
do crédito fiscal, enquanto o Acórdão de Nº. 163/2011,
proferido pela 2ª Câmara, concluiu pela inidoneidade da
documentação fiscal em vista não só diante da divergência
da descrição da mercadoria transportada, mais também do
próprio destinatário e em consequencia, mercadoria em
transito com nota fiscal inidônea.

De forma que, com relação ao Acórdão de nº


028/08, o mesmo reporta-se a utilização de crédito
indevido, enquanto o Acórdão de nº. 163/11 tem como
matéria, objeto do litígio fiscal, o transporte de
mercadoria desacompanhada de nota fiscal em razão da sua

ACÓRDÃO P–132/2012 Página 5


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inidoneidade, portanto, questões jurídicas sem identidade
entre si, considerando-se naturalmente, a utilização de
crédito indevido e o transporte de mercadorias sem a
idoneidade da respectiva documentação fiscal, não
comportando assim a admissibilidade do recurso especial.

Isto posto, ACÓRDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, no
sentido de não conhecer do presente recurso especial, tendo
o presidente acompanhado o voto vencedor.

Sala de Sessões do CTE., em Maceió, 19 de abril


de 2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


PRESIDENTE(ACOMPANHOU VOTO VENCEDOR) RELATOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR DO VOTO VENCEDOR

SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR(VOTOU COM O RELATOR) JULGADORA (ACOMPANHOU VOTO VENCEDOR)

MARIA LOPES MILHOMES ÁLVARO ARTHUR L. DE A. FILHO


JULGADORA(ACOMPANHOU VOTO VENCEDOR) JULGADOR (VOTOU COM O RELATOR)

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


JULGADOR (VOTOU COM O VENCEDOR) JULGADOR(VOTOU COM O RELATOR)

ACÓRDÃO P–132/2012 Página 6


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual
-----------------------------------------------------------

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 02 – Realizada em 05/09/2012 - PLENO


PROCESSO: 1500-0009903/06; CTE-126/09
Anexos: 1500-012174/06; 1500-007939/09
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.48451-001/06
RECORRENTE: COMISSÃO DA REPRESENTAÇÃO FISCAL (RECURSO ESPECIAL)
RECORRIDO: 1ª CÂMARA DE JULGAMENTO DO CTE – ACÓRDÃO Nº. 190/09
AUTUADA; TV GAZETA DE ALAGOAS
RELATOR: JOSÉ PEDRO DA SILVA
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-333/2012

EMENTA: RECURSO ESPECIAL.


INTEMPESTIVIDADE DO RECURSO E
AUSÊNCIA DE DIVERGÊNCIA ENTRE
DECISÃO RECORRIDA E A DECISÃO
APONTADA COMO PARADIGMA. RECURSO
NÃO CONHECIDO.

RELATÓRIO

A Comissão de Representação Fiscal impetra recurso


especial contra o Acórdão nº 190/2009 da 1ª Câmara deste
Conselho, em face do mesmo ter divergido do Acórdão nº 058,
proferido em 12 de março de 2009 pela 2º Câmara no Processo nº
1500-014219/02, tendo como recorrente, a empresa TV GAZETA DE
ALAGOAS LTDA., tanto no processo objeto do Acórdão atacado,
quanto no processo em que o Acórdão está sendo apontado como
paradigma, aduzindo em síntese que:

I – O presente recurso tem como fundamento, a


divergência de entendimento entre as duas câmaras que compõe

Acórdão CTE Nº P-333/2012 1


Governo do Estado
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual
-----------------------------------------------------------

este Colegiado, sobre a mesma questão jurídica, especificamente


a tributação do serviço de comunicação prestado por empresa de
televisão;

II – A decisão atacada, Acórdão 190/09, que julgou


improcedente a autuação 99.48541/06, tem entendimento
divergente da decisão Acórdão 058/09, que teve julgamento por
maioria de votos, fundamentando o presente Recurso;

III – A Coordenadoria de Julgamento decidiu pela


procedência in totum do lançamento, enquanto a Primeira Câmara
deste Colegiado decidiu pela improcedência da autuação, porém,
o julgamento do mesmo tema (Auto de Infração 028920/02, da
mesma empresa, teve desfecho diverso do processo ora impugnado,
com decisão não unânime, Acórdão 059/09, da Segunda Câmara de
Julgamento do CTE.

Nas contra razões do recurso, a empresa recorrida


aduz que:

I - Em 10 de novembro de 2009, foi concedida vista


dos autos à Representação Fiscal. Após 01 (um) ano e oito
meses, exatamente em 19 de julho de 2011, a Representação
Fiscal devolveu os autos do processo administrativo com o
Recurso Especial interposto, alegando,em suma, a existência do
acórdão paradigma nº 059/09, não unânime, que “teve desfecho
diverso” do acórdão ora recorrido, esclarecendo, ainda, que o
suposto acórdão paradigma foi proferido pela Segunda Câmara de
Julgamento deste Conselho Tributário Estadual nos autos do
processo administrativo relacionado ao auto de infração nº
028920/02, envolvendo a própria empresa recorrida;

II – O Recurso Especial interposto pela


Representação Fiscal é absolutamente intempestivo diante dos
termos do Art. 45, § 1º, da Lei nº. 6.771/06, visto que da
análise do termo de vista e do extrato de trâmites do processo

Acórdão CTE Nº P-333/2012 2


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anexos (docs. 01/02), observa-se que a Representação Fiscal


teve vista dos autos e ciência do venerando acórdão recorrido
em 10.11.2009 (terça-feira). Portanto, sabendo-se que o termo
inicial para a interposição do recurso foi o dia 11.11.2009
(quarta-feira), deveria a Representação Fiscal ter interposto o
referido recurso até o dia 25.11.2009 (quarta-feira);

III – Todavia, diante dos documentos mencionados no


parágrafo anterior e a própria certidão de fl. 104 destes
autos, o presente recurso especial foi interposto tão somente
em 19.07.2011, ou seja, 01 (um) ano e 08 (oito) meses após a
ciência do venerando acórdão, o que demonstra a absoluta
intempestividade do recurso;

IV – Desse modo, mister se faz o não conhecimento do


recurso Especial interposto pela Representação Fiscal, ante a
intempestividade apontada;

V – Não bastasse a intempestividade já demonstrada,


o Recurso Especial ora combatido é totalmente incabível, vez
que não preenche os requisitos previstos na legislação de
regência, notadamente, os requisitos previstos no Art. 47,
parágrafo único, da Lei nº. 6.771/06, quando está estabelecido
que o referido recurso é cabível, na hipótese da decisão de
qualquer Câmara divergir do entendimento sobre idêntica questão
jurídica manifestada por outra Câmara ou pelo Pleno, cabendo à
Secretaria do CTE providenciar a instrução do processo com
cópia da primeira decisão indicada, por divergência
demonstrada, ficando a cargo do recorrente a apresentação de
cópia das demais, juntamente com o recurso, se for o caso;

VI – Da leitura do Recurso Especial interposto,


especialmente à fl. 90 destes autos, verifica-se que a
Representação Fiscal asseverou que em julgamento do mesmo tema
(Auto de Infração nº 028920/2002, da mesma empresa, teve

Acórdão CTE Nº P-333/2012 3


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desfecho diverso do processo ora impugnado, com Decisão não


unânime, ACÓRDÃO 059/2009, da Segunda Câmara de Julgamento do
CTE (Anexo), não transcrevendo um trecho sequer das decisões
para demonstrar a similitude fática dos casos, bem como a
divergência das conclusões entre os venerandos acórdãos
confrontados, limitando-se, apenas, a tecer argumentos como se
um recurso Ordinário fosse;

VII – A Recorrida reanalisou os documentos e as


decisões proferidas nos autos do processo administrativo nº
028920/02. Desta reanálise, a Recorrida constatou que o suposto
Acórdão paradigma não adotou entendimento diverso do adotado no
caso em comento, muito pelo contrário, o entendimento assentado
no Acórdão 058/09 (e não 059/09) foi no mesmo sentido do
Acórdão recorrido (cópia anexa – doc. 03), isto é, de afastar a
incidência do ICMS sobre os serviços de comunicação da TV
aberta e gratuita;

VIII – O não cabimento do Recurso Especial se torna


ainda mais evidente quando se verifica que o acórdão adotado
pela Representação Fiscal como paradigma, foi mantido pelo
Pleno deste Colegiado. Em outras palavras, não existe Acórdão
paradigma não só porque os Acórdãos ora confrontados decidiram
no mesmo sentido, mas, especialmente, porque o entendimento
pacificado por este Egrégio Conselho é no sentido de afastar a
incidência do ICMS em casos como o presente;

IX - Ao que parece, a Representação Fiscal entendeu


como divergência o fato de o venerando Acórdão recorrido ter
sido decidido por unanimidade, enquanto o venerando Acórdão
paradigma foi decidido por maioria. Ora, prossegue a recorrida,
da simples interpretação literal do art. 47, da Lei nº
6.771/06, a única conclusão possível é no sentido de que a
divergência limita-se à conclusão dos Acórdãos confrontados, e
não à forma como as Câmaras chegaram a tal conclusão (se por

Acórdão CTE Nº P-333/2012 4


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unanimidade ou por maioria), sendo evidente o não cabimento do


Recurso Especial.

Ao concluir as contra razões do Recurso, a empresa


requer o não conhecimento do mesmo, tendo em vista a sua
intempestividade, ou mesmo em razão de seu absoluto não
cabimento no caso concreto.

Eis o relatório.

VOTO.

DAS PRELIMINARES DE ADMISSIBILIDADES DO RECURSO


ESPECIAL.

Na sequência da tramitação do Proc. nº. 1500-


007939/09, objeto do presente Recurso Especial, verifica-se à
fl. 86, a publicação no Diário OFICIAL DO Estado, edição do dia
07 de outubro de 2009, do Acórdão recorrido de nº. 190/09,
seguido de Despacho CTE Nº. 254/09 com vistas dos autos à
Representação Fiscal, isto em 16 de outubro de 2009.

Acórdão CTE Nº P-333/2012 5


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Em data de 19 de julho de 2011, a Diretoria da


Representação Fiscal torna os autos do referido processo a este
Conselho Tributário com o instrumento do respectivo recurso,
conforme fl. 104, transcorridos, portanto, mais de 01 (um) ano,
da data do conhecimento do Acórdão recorrido para a data da
interposição do Recurso Especial, contrariando assim o
mandamento previsto no § 1º do Art. 45, da Lei nº 6.771/06,
segundo o qual o prazo para recorrer é de 15 (quinze) dias,
contados da ciência da decisão.

Com relação aos termos do Acórdão de nº 058/09,


proferido pela 2ª (Segunda Câmara) deste Colegiado e apontado
pela Representação Fiscal como paradigma, os mesmos não
demonstram divergências nas suas conclusões com os termos do
Acórdão recorrido de nº 190/09, proferido pela 1ª (Primeira)
Câmara, acerca da não incidência de ICMS sobre serviços de
televisão aberta (radiodifusão).

Muito pelo contrário, tanto o Acórdão recorrido,


quanto o Acórdão paradigma foram proferidos no sentido de
afastar tal incidência, evidenciando assim uniformidade de
entendimento sobre a matéria, apesar da decisão paradigma não
alcançar o entendimento unânime por parte dos seus eminentes
integrantes, a exemplo da decisão recorrida.

Portanto, se o objetivo do recurso especial é


uniformizar o entendimento sobre determinada matéria por parte
da composição do Pleno deste Conselho Tributário, em razão de
divergência entre as suas respectivas Câmaras, tal recurso não
tem sentido diante de decisões que já denotam uniformidade como
no caso vertente.

Assim, diante da intempestividade do Recurso


Especial e da ausência de divergência entre decisão recorrida e
a decisão apontada como paradigma, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO

Acórdão CTE Nº P-333/2012 6


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Conselho Tributário Estadual
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DO CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por unanimidade de votos, não


conhecerem do mesmo.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 05 de setembro de 2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO JOSÉ PEDRO DA SILVA


PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE A. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR JULGADOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR JULGADORA (Pelas Conclusões)

Acórdão CTE Nº P-333/2012 7


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 02 – Realizada em 05/09/2012 - PLENO

PROCESSO: 1500-011416/2006 E CTE-130/2009.

AUTO DE INFRAÇÃO: 9944753-001.

AUTUADA: COMÉRCIO DE ALIMENTOS PAULISTA LTDA.

ASSUNTO: Recurso Especial e Reexame Necessário.

RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.

PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-335/2012

EMENTA: ICMS. Obrigação


Principal. Não recolhimento de
ICMS por omissão de saída de
mercadorias tributáveis, apurada
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Acórdão CTE Nº P-335/2012 1


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mediante levantamento físico de


estoque. Penalidade específica
prevista no art. 84.
Reclassificação legal da multa
para o art. 79. Interpretação e
retroatividade benigna para o
contribuinte. Remessa necessária
conhecida e improvida.
Pressuposto de admissibilidade
não preenchido por não haver
demonstração de divergência
jurídica entre as Câmaras e/ou
Pleno desse Conselho. Recurso
Especial não conhecido.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso especial e de reexame necessário


que vêm a este Plenário, com fundamentos nos artigos 47 e 48
II da Lei 6771/2006, relativo ao Acórdão nº 173/2009,
proferida pela 2ª Câmara desse Conselho, que manteve
parcialmente a decisão singular, alterando a penalidade
aplicada pelo juízo singular do art. 97 para a do art.84,
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Acórdão CTE Nº P-335/2012 2


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este lançado de ofício originalmente, ambos da lei nº


5.900/1996.
Fundamentada a acusação na omissão de saídas de
mercadorias no período de 01/07/04 a 06/12/05, detectada por
meio de levantamento físico do estoque, com exercício aberto.
Imputada infração aos arts. 49, VII e VIII do
Regulamento do ICMS aprovado pelo Decreto 35.245/91, e pelo
art. 50, I, da Lei 5900/96, fora aplicada a penalidade
inserta no art. 84 da Lei 5900/96.
A autuada apresentou defesa, alegando, em síntese, que
o auto de infração era nulo, por não conter hora, local e
pela ausência de fundamentação legal; que algumas mercadorias
estavam fora de condições de consumo e seriam devolvidas; que
todas as mercadorias estavam acompanhadas de nota fiscal.
O membro da Representação Fiscal apresentou
contrarrazões, sustentando que o lançamento de ofício
obedeceu a todos os requisitos legais e que mesmo em
devoluções de mercadorias, as mesmas deveriam estar
acompanhadas da respectiva documentação fiscal. Aduz que o
conjunto probatório confirma os fatos denunciados.
Então, foi proferida a Decisão nº 15.894/09, tendo o
julgador singular decidido pela procedência do lançamento com
a seguinte ementa:
EMENTA – ICMS – Não recolhimento de ICMS
por omissão de saídas de mercadorias
tributáveis. 1. As obrigações de emissão
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Acórdão CTE Nº P-335/2012 3


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de documentos fiscais e de escrituração


das operações e prestações praticadas
independem do tipo de mercadoria, da
natureza da operação ou da incidência ou
não de ICMS sobre as mesmas. 2.
Comprovação, mediante levantamento
físico de estoque em confronto com
documentos fiscais emitidos pelo
contribuinte, de omissão de saída de
mercadorias. 3. Ilícito fiscal
comprovado. 4. Lançamento PROCEDENTE.

Por via de Recurso Ordinário, a autuada reafirma a


nulidade da peça vestibular, por ausência dos requisitos
estabelecidos no art. 889-B do Regulamento do ICMS e por
descrição insuficiente e falta de clareza dos fatos
imputados. Defende a improcedência do auto de infração já que
o levantamento fiscal do estoque físico foi efetuado sem
critério e sem acompanhamento de representante da empresa.
Também não teria havido disponibilização por parte do fisco
da lista do levantamento efetuado e que a autuação foi
fundamentada em presunção, instituto inadmissível em nosso
sistema legal. Que fez um levantamento próprio encontrando
valor diverso. Alega que todo ingresso ou saída de
mercadorias é acompanhado de nota fiscal. Complementa com a
inconstitucionalidade da multa aplicada pelos seus efeitos
confiscatório, desproporcional e irrazoável. Não junta nenhum
documento probatório.

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Em contrarrazões, o representante fiscal afirma que a


fiscalização efetuada obedeceu a todos os requisitos do art.
889-B do Regulamento do ICMS e que o levantamento físico de
estoque foi efetuado na presença do representante da empresa
conforme documentos de folhas 09 a 10. Que não tem documento
probatório juntado pelo contribuinte que comprove a
realização de levantamento divergente. Aqui não se trataria
de presunção, mas de certeza da ocorrência do fato
infracional imputado devido à vasta documentação anexada.
Além do que o princípio do não confisco é para os tributos,
não se estendendo para as multas
Então o processo foi remetido ao Conselho Tributário
Estadual – CTE –, onde na Segunda Câmara deste Colegiado, foi
mantida parcialmente a decisão singular, alterando, por
maioria de votos, apenas quanto à penalidade aplicada pelo
juízo singular do art. 97 para a do art.84, que foi lançada
de ofício originalmente, ambos da lei nº 5.900/1996. O
Acórdão de nº 173/2009 recebeu a seguinte Ementa:
EMENTA - ICMS – SAÍDAS OMITIDAS.
CONSTATAÇÃO ATRAVÉS DE LEVANTAMENTO
ESPECÍFICO DE ESTOQUE COM EXERCICIO
ABERTO, NO PERÍODO DE 01/07/04 A
06/12/05. PRELIMINAR DE NULIDADE
AFASTADA – DEFESA EXERCIDA EM SUA
PLENITUDE. INOCORRÊNCIA DO CERCEAMENTO
APONTADO PELA RECORRENTE.
MÉRITO – COMPROVADOS DOCUMENTALMENTE
OS FATOS DENUNCIADOS PELO FISCO. RECURSO
CONHECIDO E NÃO PROVIDO, MANTIDA A
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DECISÃO SINGULAR, APLICADA A PENALIDADE


PREVISTA NO ART.84 DO RICMS APROVADO
PELO DECRETO 35245/91.

Em obediência ao art. 48, II, da Lei nº 6.771/2006,


portanto, os autos foram remetidos a este Pleno para reexame
necessário quanto à alteração da multa.
Intimado do julgado, o autuado apresentou Recurso
Especial, alegando que o Acordão da 2ª Câmara foi prolatado
de forma inconsistente. Copia em sua peça recursiva o
cabeçalho e a ementa do Acordão nº 201/2009 da 1ª Câmara,
referentes ao Processo SF. 015.229/04 como decisão divergente
e paradigma. No restante, repete exatamente com as mesmas
palavras o já dito no seu Recurso Ordinário.
Em resposta, pedindo, preliminarmente, pelo não
conhecimento do recurso especial, o Representante Fiscal
argumenta que o contribuinte não preencheu os seus
pressupostos de admissibilidade conforme expresso no art. 47
e seu parágrafo único da Lei nº 6.771/2006, já que a
recorrente não trouxe ao processo cópia do acordo paradigma,
transcrevendo apenas sua ementa. Alem disso, a própria ementa
citada trata de assunto diverso do objeto da autuação aqui
discutido, não ficando, portanto comprovada a divergência de
entendimento entre as Câmaras desse Conselho. Quanto ao
mérito reitera as razões de fato e de direito quando
contrarazoou o recurso ordinário do sujeito passivo.

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Acórdão CTE Nº P-335/2012 6


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A Secretaria desse Conselho junta o acórdão paradigma


citado pelo contribuinte.

É o relatório.

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VOTO

Tratando primeiramente do Recurso Especial impetrado


pelo sujeito passivo, verifica-se, em sede preliminar, que o
mesmo é inadmissível, por não preencher pressuposto de
admissibilidade expresso em sua norma disciplinadora:

Lei 6.771/2006:

Art. 47. Cabe recurso especial ao


Pleno do CTE, interposto pelo
sujeito passivo, pelo autuante, pelo
Procurador da Fazenda Estadual ou
pelo Representante Fiscal, quando a
decisão de qualquer Câmara divergir
do entendimento sobre idêntica
questão jurídica manifestada por
outra Câmara ou pelo Pleno.
Parágrafo único. Cabe à Secretaria
do CTE providenciar a instrução do
processo com cópia da primeira
decisão indicada, por divergência
demonstrada, ficando a cargo do
recorrente a apresentação de cópia
das demais, juntamente com o
recurso, se for o caso.

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Acórdão CTE Nº P-335/2012 8


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Como se vê, essa espécie recursal tem dois


pressupostos de admissibilidade. O primeiro é a indicação
pelo contribuinte da decisão paradigma que divergiu, sendo
translada cópia desse Acordão pela Secretaria desse Conselho.
Tal pressuposto foi, portanto, preenchido.
Já o segundo pressuposto, como bem destacou a
Representação Fiscal, não foi respeitado, já que o
contribuinte não demonstrou a divergência jurídica entre o
acórdão por ele citado como paradigma – de nº 201/2009 - e o
Acórdão nº 173/2009, objeto do recurso especial.
Como se verifica no referido paradigma, o objeto
da autuação foi a falta de recolhimento de ICMS pela
presunção de saída de mercadoria, em razão de utilização pelo
contribuinte de valor agregado inferior ao mínimo previsto na
legislação apurada pela diferença entre o custo da
mercadorias vendidas acrescido de 30% (trinta por cento) e o
valor das saídas declaradas pelo sujeito passivo.
Diversamente, o objeto do Acórdão nº 173/2009 é baseado na
precipuamente na contagem física do estoque.
A fundamentação pela improcedência do auto de
infração relacionado ao paradigma foi na falta de provas,
questão fática e não jurídica, como exige o art. 47 da Lei nº
6.771/2006.
O recorrente não demonstra a divergência de
julgados entre as Câmaras, apenas cita o referido paradigma.
Tanto que o seu recurso especial é cópia do seu recurso
ordinário. Portanto, não resta comprovação de divergência
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Acórdão CTE Nº P-335/2012 9


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jurídica entre Câmaras e/ou Pleno desse Conselho, não sendo


conhecido o recurso especial por não preencher seu
pressuposto de admissibilidade.
Quanto ao reexame necessário, o mesmo tem por objeto a
mudança da penalidade do art. 97, escolhida pelo julgador
monocrático, para o art. 84, lançado de ofício
originariamente e imputado de novo pela 2ª instancia
administrativa, ambos da Lei nº 6.771/2006 pelo não
recolhimento do ICMS devido às saídas de mercadorias
tributáveis desacompanhadas de documentação fiscal conforme
levantamento físico de estoque no período de 01/07/2004 a
06/12/2005.
Esclarecendo que o art. 84 ainda estava vigorando
quando da autuação fiscal, transcrevo a seguir as normas
dessas penalidades para facilitar o entendimento do tema:

Art. 84 - Falta de recolhimento do


imposto apurado por meio de levantamento
fiscal:
MULTA - equivalente a 60% (sessenta por
cento) do valor do imposto devido.

...
Art. 97 - Entregar, remeter,
transportar, receber, estocar ou
depositar mercadorias desacompanhadas de
documentos fiscais, ou sendo estes
inidôneos:
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Acórdão CTE Nº P-335/2012 10


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MULTA - equivalente a 200% (duzentos por


cento) do valor do imposto.

Com uma simples leitura dos artigos acima, analisando a


descrição dos fatos e o conjunto probatório trazido pela
fiscalização, a conclusão que se chega é que a falta de
recolhimento do imposto foi apurada conforme levantamento
físico de estoque, cediço que é espécie de levantamento
fiscal. Há total subsunção do fato descrito à norma do art.
84. Ocorre tipicidade específica, o que não acontece com a
aplicação do art. 97. Esta é mais geral.
Fortalecendo ainda mais a escolha da pena prevista no
art. 84, há de termos como imperativo legal que, no caso de
existência de dúvida quanto à natureza e graduação da multa a
ser aplicada, a regra que comina a penalidade mais benéfica
ao infrator deverá ser aplicada, conforme expresso no Código
Tributário Nacional, no seu artigo 112:

Art. 112. A lei tributária que define


infrações, ou lhe comina penalidades,
interpreta-se da maneira mais
favorável ao acusado, em caso de dúvida
quanto:

...

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Acórdão CTE Nº P-335/2012 11


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IV - à natureza da penalidade
aplicável, ou à sua graduação. (grifos
nosso)

Porém, posteriormente, pela alteração normativa feita à


Lei Estadual 5.900/96 pela Lei Estadual 7.079/09, por
determinação expressa do legislador estadual, ocorreu a
revogação do art. 84. Sendo que para a violação descrita no
artigo revogado, ficou imputada a penalidade do art. 79 da
Lei Estadual 5.900/96:

Art. 79. Falta de recolhimento do


imposto no prazo legal, em situação não
compreendida nas hipóteses previstas nos
artigos seguintes:

MULTA - Equivalente a 50% (cinquenta por


cento) do valor do imposto.

Logo, ocorrida a violação à norma legal posta à época


do fato gerador por ato praticado pelo contribuinte e como
a infração descrita nesse artigo (art. 79) abarca a infração
cometida por aquele (art. 84) – falta de recolhimento do
imposto – além de, importante destacar, como já dito, por
ser mais benéfica ao sujeito passivo, deve a pena
substitutiva ser aplicada retroativamente, nos termos do
art. 106, II, ‘c’, do CTN:
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Art. 106. A lei aplica-se a ato ou fato


pretérito:

...

II - tratando-se de ato não


definitivamente julgado:

...

Nessa situação o lançamento é parcialmente procedente


e o crédito tributário tem como valor o que se demonstra:

ICMS MULTA (art. 79 Total do Crédito


da Lei Tributário (ICMS + multa)
5.900/96)

R$ 209.464,48 R$ 104.732,24 R$ 314.196,72

Logo, totaliza o crédito lançado de ofício a ser


recolhido pelo sujeito passivo no valor total corresponde a
R$ R$ 314.196,72 (trezentos e catorze mil, cento e noventa e
seis reais e setenta e dois centavos), sendo destes R$
209.464,48 (duzentos e nove mil quatrocentos e sessenta e
quatro reais e quarenta e oito centavos) a título de ICMS,

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devendo ser recolhido ao Erário Estadual, com a atualização


e os acréscimos legais pertinentes.

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL, por maioria de votos, no
sentido de conhecer da presente remessa necessária para
NEGAR-LHE PROVIMENTO, reclassificando a multa para o art. 79
e por unanimidade de votos quanto ao Recurso Especial no
sentido de não conhecê-lo por não preencher o pressuposto de
admissibilidade da divergência de questão jurídica entre
Câmaras e/ou Pleno desse Conselho.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 05 de setembro de 2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO

PRESIDENTE RELATOR

_______________________________________________________________________________________

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ÁLVARO ARTHUR LOPES DE A. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO

JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

JOSÉ PEDRO DA SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ

JULGADOR (Contra Relator) JULGADORA (Com Relator)

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA MARIA LOPES MILHOMES

JULGADOR (Com Relator) JULGADORA (Com Relator)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES

JULGADOR (Com Relator)

_______________________________________________________________________________________

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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – fax 3315-8273

SESSÃO ORDINÁRIA DO PLENO Nº 03 – Realizada em 09/11/2012


PROCESSO: 1500-008.162/2008 (76 volumes) e CTE Nº 533/2010.
ANEXOS: 1500-010.125/2008 (24 volumes), 1500-004.772/2009, 1500-
014.417/2010 (14 volumes) e 1500-16.606/2011.
AUTO DE INFRAÇÃO: 99.77183-001, de 15/05/2008.
AUTUADA: BRASKEM S/A.
ASSUNTO: Recurso Especial.
RELATORA: Odete Mineiro da Paz.
VOTO PRELIMINAR DE DECADÊNCIA:LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
ASSESSORIA: LIBERACI MARIA SOUZA GALINDO

ACÓRDÃO Nº P-400/2012

EMENTA: ICMS – Obrigação Principal. 1) Falta de


recolhimento de ICMS no periodo de janeiro a
novembro 2003, por ter utilizado créditos
fiscais indevidos no período de janeiro a
dezembro/2003). 2) Infração comprovada. 3)
Lançamento Procedente em Parte na Primeira e na
Segunda Instância. 3) Recurso Especial
interposto contra o Acórdão nº 033/2010,
acatado sem exame de mérito, mas com apreciação
das preliminares de cerceamento de defesa, por
não terem sido deferidos os pedidos de
diligência e perícia; de não apreciação das
provas apresentadas no Recurso Ordinário e de
decadência; foram rejeitadas as primeiras com
acatamento da preliminar de decadência para
afastar os meses de janeiro a abril/2003. 4)
Confirmada a Procedência em Parte do
Lançamento. 5) Recurso Especial conhecido e
provido em parte (não apreciação do mérito e
apreciação das preliminares). Mantido em Parte
o Acórdão CTE nº 033/2010, da Primeira Câmara
deste Conselho Tributário Estadual.

Relatório

Trata-se de Recurso Especial (artigo 47, da Lei


nº 6.771/2006), interposto contra o Acórdão nº 033/2011, da
Primeira Câmara deste Conselho Tributário Estadual que por
maioria de votos conheceu do Reexame Necessário e do Recurso
Ordinário, tendo dado Provimento Parcial ao primeiro e negado
provimento ao segundo, com reforma Parcial da Decisão Singular
que julgou Procedente em Parte o Lançamento, tendo como voto
contrário o julgador Paulo de Tarso, relativo à aplicação da
penalidade aplicada.

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“Art. 47 - Cabe recurso especial ao Pleno do CTE,


interposto pelo sujeito passivo, pelo autuante, pelo
Procurador da Fazenda Estadual ou pelo Representante
Fiscal, quando a decisão de qualquer Câmara divergir do
entendimento sobre idêntica questão jurídica manifestada
por outra Câmara ou pelo Pleno.
(...)”

O auto de infração em análise tem por objeto a


cobrança de crédito tributário no valor de R$ 12.881.066,44 (doze
milhões e oitocentos e oitenta e um mil e sessenta e seis reais e
quarenta e quatro centavos) por haver a empresa autuada deixado
de recolher ICMS no período de janeiro a novembro de 2003, em
razão de ter utilizado créditos fiscais indevidos, nas seguintes
situações:

a) Decorrentes de aquisições destinadas ao uso


ou consumo do estabelecimento.

b) Decorrentes de aquisições destinadas ao


ativo permanente e alheio ao processo industrial.

c) Decorrente de créditos fiscais de origem


não comprovada, tendo em vista que os referidos documentos foram
solicitados através da Intimação Fiscal nº 47351 e não foram
apresentados.

d) Decorrentes de prestação de serviço de


transporte de cargas, com indicação de frete a pagar sem a
comprovação de que a autuada tenha sido a tomadora do serviço.

e) Decorrentes da prestação de serviço de


transporte de cargas, cuja prestação foi iniciada em Alagoas por
empresas estabelecidas em outras Unidades da Federação sem
comprovar o pagamento do imposto.

Apontados como infringidos os artigos 32, 33,


34, 35, 36, III, 93 e 138, IV, da Lei nº 5.900/96; e artigos 96,
II, III e VI; 233, caput, § 2º e 415, § 1º, I, do RICMS/91; sendo
sugerida a aplicação da penalidade prevista no artigo 93, da Lei
Estadual nº 5.900/1996.

Em 08/02/2011, na Sessão Ordinária de nº 006


(seis) deste Conselho, foram julgados o Reexame Necessário e o
Recurso Ordinário que por maioria de votos restaram, o primeiro,
provido parcialmente e o segundo, improvido.

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DO RECURSO ESPECIAL

Em 30/05/2011, não se conformando em ter seu


Recurso Ordinário improvido pela Primeira Câmara, a autuada
recorreu ao Pleno deste Conselho através do Recurso Especial nº
1500-016.606/2011, visando reformar a decisão posta no Acórdão nº
035/2011, alegando:

I – EM PRELIMINAR

1) A anulação da decisão da Primeira Câmara,


Acórdão nº 033/2011; com devolução dos autos ao órgão julgador a
quo, por cerceamento de defesa:

a) Motivada pelo indeferimento dos Pedidos de


Diligência e Perícia.

b) Motivada pela não apreciação das provas


trazidas aos autos na peça defensória.

2) O reconhecimento da decadência sobre o


direito do Fisco Estadual de constituir o crédito tributário, com
relação às competências de janeiro a abril/2003, com base no
artigo 150, § 4º, do CTN.

II – NO MÉRITO

1) Alega que a Decisão Colegiada deixou de


considerar as acusações constantes do Recurso Ordinário, apenas
se reportando aos CTRC nos quais consta a informação de que os
fretes foram pagos pelos destinatários; assiste razão à autuada
quanto à correta utilização de tais créditos fiscais, uma vez que
as informações frete a pagar nos citados CTRC foi indicada por
equívoco pelos prestadores dos serviços de transportes, haja
vista, que as despesas de transportes com transferência e vendas
de mercadorias, foram assumidas pela autuada situada em Maceió,
como mostram os extratos do seu Livro Razão, contendo os
lançamentos do ICMS a recuperar sobre essas operações.

2) Que, a autuada é uma empresa série e


conceituada nos mercados NACIONAL E INTERNACIONAL, atual líder em
resinas termoplásticas e uma das três maiores companhias
industriais privadas de capital nacional da América Latina;
sujeita a Fiscalização pela CVM - a Comissão de Valores
Imobiliários e a auditoria externa; o órgão julgador a quo foi
silente em relação aos mesmos; o silêncio da Primeira Câmara a
cerca destes documentos não pode infirmar-lhes inidoneidade e se

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ainda restarem dúvidas a cerca destas alegações que se peça


diligência fiscal a fim de apurar quem prestou os serviços de
transportes constantes dos CTRC.

3) Por fim, pede a nulidade do Acórdão nº


033/2011; o provimento do Recurso quanto as competências de
janeiro a abril de 2003, face a decadência; e na remota hipótese
da preliminar de decadência não ser acatada, que o auto de
infração seja julgado Improcedente quanto ao Frete.

DAS CONTRA-RAZÕES AO RECURSO ESPECIAL

A Comissão de Representação Fiscal – CRF


apresentou contra-razões, alegando:

I) EM PRELIMINAR

1) A inadimissibilidade do Recurso Especial


sobre a questão do INDEFERIMENTO DOS PEDIDOS DE DILIGÊNCIA E DE
PERÍCIA pela Decisão da Primeira Câmara, Acórdão nº 033/2011, sob
a alegação de que foi prolatada de forma divergente do Acórdão
nº044/2002, com as seguintes fundamentações:

a) Que, o acórdão supostamente divergente,


Acórdão nº 044/2002; não foi proferido por quaisquer Câmaras ou
pelo Pleno do Conselho Tributário Estadual – CTE; e, em sendo
assim, o Recurso Especial deverá ser improvido, pois não restou
comprovada nos autos a divergência de entendimento.

b) Que, não há identidade entre a questão


jurídica tratada na Decisão Recorrida, Acórdão nº 033/2011, e
aquela tratada no Acórdão CTE nº 044/2002 (relativa à questão do
indeferimento dos Pedidos de Diligência e de Perícia), uma vez
que as questões tratadas nos Acórdãos são diferentes: no Acórdão
CTE 044/2002, os julgadores por unanimidade acolheram a
preliminar de nulidade, entendendo que ocorrera cerceamento ao
direito de defesa do contribuinte, já no Acórdão da Primeira
Câmara por unanimidade os julagadores indeferiram os Pedidos de
Diligência e Perícia da autuada em seu Recurso Ordinário, por
entenderem (após análise) serem desnecessárias a Perícia e a
Diligência; tendo, portanto, se pronunciado e decidido sobre os
Pedidos formulados no Recurso Ordinário, diferentemente do que
ocorreu com o Acórdão CTE nº 044/2002; e finalmente, não sendo
acolhida esta preliminar, sejam indeferidos tais pedidos.

2) A inadimissibilidade de abertura para nova


discussão de mérito sobre o direito aos créditos fiscais

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relativos aos fretes contratados sob a cláusula FOB, por faltar


nos autos os pressuposto legais para abrir essa nova discussão,
agora, em sede de Recurso Especial alegando que o item de nº 05
(cinco) do Recurso Especial, propondo nova discussão sobre o
suposto direito da autuada à utilização dos créditos fiscais
glosados pelo fisco, relativos ao ICMS de frete contratado sob a
cláusula FOB; não procede, uma vez que não existe divergência
entre as Câmaras deste Conselho Tributário Estadual, a teor do
artigo 47, da Lei nº 6.771/06.

II – NO MÉRITO

a) Que, as alegações da autuada de que a regra


a ser aplicada na contagem do prazo decadencial seria aquela do
artigo 150, § 4º, do CTN; não pode ser aplicada ao presente caso,
uma vez que a autuada utilizou créditos fiscais indevidos e nesta
situação deverá ser aplicada a regra do artigo 173, I do CTN;
assim os fatos ocorridos em 2003 terão sua contagem de prazo
decadencial iniciada em 2004 e a Fazenda Pública terá até o dia
31/12/2008, para constituir o crédito tributário. Como o auto de
infração é de 15/05/2008, o prazo decadencial foi devidamente
observado.

b) Que, sua Preliminar para não se conhecer


dos itens 03 e 05 do Recurso Especial, em face da inexistência de
pressupostos legais para sua admissibilidade seja acatada; seja
julgado como Improcedente o pedido de extinção do crédito
tributário do período de janeiro a abril 2003, uma vez que a
regra para contagem do prazo decadencial aplicada ao presente
caso é aquela prevista no artigo 173, I, do CTN como já
pacificado pelo STJ e pelo TIT; seja mantido o Acórdão nº
033/2011, que julgou Procedente em Parte o Lançamento.

É o relatório.

Voto

I – DAS PRELIMINARES

a) ARGUIDAS PELA AUTUADA

1) DA ANULAÇÃO DA DECISÃO DA PRIMEIRA CÂMARA


(ACÓRDÃO Nº 033/2011), MOTIVADA:

a) Pelo suposto cerceamento de defesa em razão


do não deferimento dos Pedidos de Diligência e Perícia:

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Como bem afirma o julgador singular em sua


decisão, as cópias do Livro Razão anexadas não comprovam que a
autuada foi tomadora dos serviços, por serem apenas formulários
que se diz serem cópias do referido livro, diferente do que
afirma a autuada, ao alegar que o citado julgador acusou tais
cópias de serem inidôneas. Ademais, o documento chamado de
Documento 04 (fls. 61 a 910 - cópias do Livro Razão Geral da
Trikem S/A), não faz nenhuma menção de que os créditos fiscais
foram contabilizados na conta da empresa situada em Alagoas
através do lançamento ICMS a recuperar, mesmo estando tal
documento com assinatura do contador, simplesmente, porque a
autuada deveria ter observado o artigo 91, XI, § 4, I, II e III,
do RICMS/91, uma vez que os CTRC’s em razão da afirmação de serem
os Fretes FOB e A PAGAR não são documentos hábeis para utilização
dos créditos fiscais a correspontes.

E, de mais a mais, esse Documento de nº 04,


aponta para escrituração contábil centralizada, situação em que
se exige o registro das operações nos Livro Diário e um Plano de
Contas para cada empresa; essa situação não foi observada, nem
comprovada pela autuada. Neste caso, deve prevalecer como prova
da acusação posta na inicial, os Conhecimentos de Transportes com
as informações de Frete FOB ou A PAGAR uma vez que as medidas
exigidas á situação (comunicação a Fazenda Estadual, anexação do
Livro Diário e plano de contas) não foram providenciadas, e
ainda, a autuada reconheceu ter ocorrido um engano por parte das
empresas transportadoras ao emitirem os referidos conhecimentos,
e como já dito, não comunicou a SEFAZ.

Assim, resta comprovado que a Decisão de


Primeira Instância e a Decisão colegiada (Acórdão nº 033/2010),
apesar de singela, esta última, não preteriram o direito de
defesa, o contraditório e a ampla defesa, pois, diferentemente do
Acórdão CTE nº 044/2002, foram proferidas mediante análise dos
pedidos de diligência e de perícia, ambos rejeitados, porque
os julgadores administrativos consideraram serem
desnecessários tais pedidos, em razão de constar nos autos
dados contábeis e jurídicos suficientes para se identificar
com segurança a infração e o infrator.

Ressalte-se, ainda, que os auditores do


quadro de Fiscalização da SEFAZ (Fiscais de Tributos
Estaduais) são qualificados tecnicamente, tanto na parte
contábil quanto na parte tributária (lançamento, aplicação
da legislação para infração e penalidade, etc); e na mesma
seara, os julgadores da Primeira e da Segunda Instância, os

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quais só ocupam as funções de julgadores tributários por


atenderem as exigências contidas na Lei nº 6.771/2006. E,
ademais, citaçõs, reproduções de doutrina e jurisprudência
não são parâmetros para aferição de conhecimento; cada
julgador tem o livre arbítrio de escolher a elaboração de
seus relatórios e de seus votos; até porque DOUTRINA não
obriga, nem faz jurisprudência. Complexidade, brilhantismo e
singeleza não estão em discussão.

Assim, rejeito a Preliminar que pede a


anulação da Decisão da Primeira Câmara (Acórdão CTE nº
033/2010), motivada pelo indeferimento dos Pedidos de
Diligência e Perícia solicitados no Recurso Ordinário.

b) Pela suposta não apreciação das provas


trazidas aos autos pela autuada no Recurso Ordinário:

Inicialmente cabe ressaltar que todas as provas


anexadas pela autuada em suas peças defensórias foram devidamente
analisadas:

A um, porque diferentemente do que acusam os


itens 1.35 e 1.36, do Recurso Especial, a Primeira Câmara não se
furtou a análise da documentação trazida aos autos, afastada
assim a acusação de cerceamento de defesa; e também porque o
Acórdão paradigma trata de caso diferente, onde documentos não
foram apreciados; é certo que no presente caso todos os
documentos foram devidamente analisados; e, em razão de terem
sido considerados desnecessários, é que os pedidos de diligência
e perícia foram rejeitados na preliminar anterior.

A dois, porque todos os conhecimentos de


Transportes foram emitidos com a cláusula FOB ou A PAGAR,
condições proibitivas para que a autuada utilizasse dos seus
respectivos créditos fiscais; também por ter a própria empresa
autuada apontado à ocorrência de um engano por parte das
transporadoras emitentes dos conhecimentos de transporte. E que
se registre, apesar de haver a autuada constatado o suposto
engano, não observou as normas vigentes.

A legislação tributária vigente com relação à


apropriação de créditos fiscais a teor do artigo 34, § 3º, I, da
Lei nº 5.900/96; artigos 91, IX, § 4º, I, II e III, e 96, VI, do
RICMS/91, determina.
LEI Nº 5.900/96

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“Art. 34 - O direito ao crédito, para efeito de compensação com o


débito do imposto reconhecido ao estabelecimento que tenha recebido as
mercadorias ou para o qual tenham sido prestados os serviços, está
condicionado à idoneidade da documentação e à escrituração nos prazos e
condições estabelecidos no Regulamento.
(...)

§ 3º - O crédito será admitido somente após sanadas as irregularidades,


quando contidas em documento fiscal que:

I - não seja o exigido para a respectiva operação ou prestação;


(...)”

RICMS/91 (APROVADO PELO DECRETO Nº 35.245/91)

“Art. 91 - Para fins de compensação do imposto devido, constitui


crédito fiscal o valor do imposto relativo:
(...)

XI – ao valor dos estornos de débitos, inclusive no caso de imposto


pago indevidamente, em virtude de erro de fato ocorrido na escrituração
dos livros fiscais ou no preparo do documento de arrecadação, observado
as disposições do § 4º.
(...)

§ 4º - Para efeito do inciso XI, a utilização do crédito deverá ser


efetivada, mediante escrituração, no período de sua constatação, pelo
valor nominal, observado o seguinte:

I – a escrituração deverá ser realizada no livro Registro de Apuração


do ICMS, no quadro Crédito do Imposto - Outros Créditos, até a data da
apuração do mês de fevereiro do exercício seguinte ao do pagamento,
especificando a natureza do erro;

II - seja registrada ocorrência no livro Registro de Utilização de


Documentos Fiscais e Termos de Ocorrências; e

III – seja feita comunicação prévia, por escrito, à repartição


fazendária de seu domicílio fiscal, ficando o contribuinte dispensado
desta quando o valor a ser creditado for igual ou inferior a 20 (vinte)
vezes o valor da UPFAL.
(...)”

Art. 96 - Fica vedado ao contribuinte creditar-se do imposto nas


seguintes hipóteses:
(...)

VI - as operações ou prestações em que o contribuinte não comprove, por


documento fiscal, que foi recebedor das mercadorias ou tomador dos
serviços;
(...)”
(Grifos nossos)

Assim, os conhecimentos de transporte com a


observação de FOB e A PAGAR não são documentos hábeis, logo, não
são os documentos legalmente exigidos para o creditamento fiscal
previsto na legislação ora reproduzida por neles conter
expressamente a condição FOB ou A PAGAR; e, ademais, era dever da
autuada comunicar a Repartição Fazendária essa situação, em não o
fezendo, assume as consequências.

Quanto às cópias do Livro Razão as mesmas não


indicam se os créditos fiscais lançados na rubrica ICMS a
recuperar são mesmo da autuada, pois não foram apresentados o

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livro diário e o plano de contas, como exige a legislação, uma


vez que sua escrita é contábil. Portanto, está comprovado que o
conjunto probatório, CTRC’s (com indicativos de frete FOB e A
PAGAR); alegação de que ocorreu engano por parte das
transportadoras (ao afirmarem a condição FOB e A PAGAR) e as
cópias do Livro Razão foram devidamente apreciadas, logo, não
existe nenhum motivo legal e capaz de justificar a anulação da
decisão da primeira Câmara deste Conselho sob alegação de não
apreciação de provas trazidas aos autos pela autuada.

Pelo exposto, rejeito a Preliminar que pede a


anulação da Decisão da Primeira Câmara (Acórdão CTE nº 033/2010),
motivada pela não apreciação das provas trazidas aos autos pela
autuada em suas peças defensórias.

VOTO VENCEDOR – PRELIMINAR DE DECADÊNCIA

Posto o presente feito em julgamento, e tendo a relatora se


manifestado pelo não conhecimento do recurso especial, fui motivado a solicitar vistas
dos autos para uma análise mais acurada do caso sob à ótica do preenchimento dos
pressupostos processuais de admissibilidade prescritos pelo caput do art. 47 da Lei n.
6.771/2006, cuja redação merece transcrição:

Art. 47. Cabe recurso especial ao Pleno do CTE, interposto pelo


sujeito passivo, pelo autuante, pelo Procurador da Fazenda
Estadual ou pelo Representante Fiscal, quando a decisão de
qualquer Câmara divergir do entendimento sobre idêntica questão
jurídica manifestada por outra Câmara ou pelo Pleno.

Da leitura do enunciado acima se colhe que possui legitimidade


para recorrer ao Pleno do CTE, mediante recurso especial, o sujeito passivo, o autuante,
o Procurador da Fazenda Estadual ou o Representante Fiscal, desde que demonstre a
divergência da interpretação jurídica conferida pela decisão alvo de recurso por
qualquer das Câmaras ou do Pleno do CTE.

Destaco que o texto legal deixa bastante claro que a divergência


está no entendimento diverso sobre idêntica questão jurídica, não exigindo a
legislação a identidade fática.

Nesta linha de pensamento, entendo que cabível o recurso


manejado pela Recorrente, ainda que apenas em relação a apenas alguns dos pontos
nele abordados.

Vejamos.

Acórdão CTE P-400/2012 9


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Com efeito, a Recorrente questiona:

(i) o não deferimento da diligência pericial requestada como forma


de demonstrar a relação de pertinência dos insumos sobre os quais apurou créditos com
a atividade empresarial. Para tanto citou como paradigma o Acórdão CTE n. 44/2002
que, por sua vez, trata de situação diversa da dos autos, pois nele o pedido de prova
nem mesmo teria chegado a ser analisado.

Neste ponto, corroboro com o entendimento da ilustre relatora.

(ii) a decadência parcial dos créditos lançados, a teor da regra do


art. 150, parágrafo 4o, do CTN, discordando das conclusões do acórdão guerreado que
adotou como premissa de decidir a norma do art. 173, inciso I, do mesmo diploma.

Neste particular, entendo que o acórdão citado como paradigmas e


que elucidaria a divergência do entendimento jurídico firmado pela decisão alvo do
recurso se prestam, sim, a demonstrar o cabimento do especial. Isto pois consigna a
aplicação regra do art. 150, parágrafo 4o, do CTN, ao ICMS, tributo sujeito ao
lançamento por homologação, afastando, inclusive, a aplicação do art. 173, inciso I.

O fato do acórdão paradigma não haver em específico abordado a


decadência em caso de utilização do crédito indevido não implica em afirmar que a
respectiva Câmara, ao optar pela regra do art. 150, parágrafo 4o, teria restrições quanto
à sua aplicação quando se estivesse diante da análise do legalidade do crédito.

Embora consciente este julgador de que o Superior Tribunal de


Justiça vem se inclinando, especificamente em se tratando do uso de crédito indevido, à
aplicação da regra do art. 173, I, do CTN, o tema ainda não resta consolidado, o que
somente acontecerá com o julgamento sob a luz do art. 543-C do CPC.

Aliás, prova de que o tema ainda não está maduro na


jurisprudência nacional é que o mesmo Superior Tribunal de Justiça, em julgado
igualmente recente, equipara a utilização de crédito escritural ao pagamento 1. Esta
posição, por sua vez, vai ao encontro de linha bastante firme adotada pelo referido
Sodalício, de que realizado o pagamento, ainda que parcial, a norma aplicável seria a do
art. 150, parágrafo 4o, do CTN.

De mais a mais, aparenta-se com bastante estranheza a linha


defendida pelo STJ pois, em sendo a decadência matéria prejudicial de mérito, estranho
pensar que para a definição da regra de decadência, aquele tenha que ser primeiro
avaliado, pois só então poderá se afirmar ser devido ou indevido o crédito apropriado.

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Por fim, resta claro que o primeiro aditamento resultou em novo


lançamento do crédito, ao menos em relação à mês de dezembro 2003, não abrangido
no lançamento original, o que tornaria cabível o recurso independentemente da tese de
decadência aplicável.

Firmada a premissa jurídica ou o direito aplicável, qual seja a


norma veiculada no parágrafo 4o do art. 150 do CTN, tenho por decaídos os
créditos pretensamente lançados, relativos ao período que se estende de janeiro de
2003 até abril do mesmo ano, considerando a ciência do sujeito passivo ter se dado
em maio de 2008.

(iii) quanto à discussão relacionada ao fato de estar ou não


comprovado nos autos o caráter indevido do crédito, sem que adentre este julgador nas
razões adotadas pelo julgamento no âmbito da 1a Câmara deste CTE ou pela instância
singular, observo que as razões de defesa foram refutadas com premissas jurídicas que,
certas ou não, se prestaram a afastar as particularidades fáticas sustentadas pela
Recorrente, inclusive o pedido de prova pericial.

Assim, entendo pelo conhecimento parcial do recurso, apenas no


que respeita a análise da decadência dos créditos tributários lançados.

b) ARGUIDAS PELA CRF EM SUAS CONTRA-RAZÕES AO


RECURSO ESPECIAL

1) DA INADMISSIBILIDADE DO RECURSO ESPECIAL


SOBRE A QUESTÃO DO INDEFERIMENTO DOS PEDIDOS DE DILIGÊNCIA E
PERÍCIA E DA FALTA DE ANÁLISE DAS PROVAS ANEXADAS PELA AUTUADA
DIVERGINDO DO ACÓRDÃO CTE Nº O44/2000:

a) Por não ter o Acórdão CTE nº O44/2000, sido


proferido por quaisquer Câmaras ou pelo Pleno do CTE.

Trata-se de assunto já tratado na Preliminar do


item I, 1, “a”, onde restou exaustivamente comprovado que o
Acórdão nº 044/2000, não serve como paradigma ao Acórdão nº
033/2010, uma vez que o primeiro trata de decisão que não foi
proferida por Camaras ou pelo Pleno do CTE, e, principalmente,
por tratar de decisão que DEIXOU de apreciar provas, diferente do
conteudo tratado pelo segundo, onde o conjunto probatório (CTRC’s
com Frete FOB e A PAGAR); alegação da autuada quanto a ter havido
engano das Transportadoras quando da emissão dos referidos
conhecimentos, sem comunicação a SEFAZ e a falta de cópias do
Livro Diário e dos planos de contas; foi devidamente ANALISADO –
pois restou comprovado que os simples formulários do Livro Razão

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não são suficientes para comprovação de que os lançamentos de


ICMS a recuperar pertencem a autuada.

Nesta situação, acato a presente preliminar por


absoluta falta de divergência entre os Acórdãos.

b) Por faltar identidade entre a questão


jurídica tratada no Acórdão nº 044/2000 e Acórdão nº 033/2010,
ora recorrido, com relação ao indeferimento dos Pedidos de
Diligência e Perícia (itens b e c das contra-razões)

Trata-se de assunto que também já foi tratado


na Preliminar do item I, 1, “b”, onde restou exaustivamente
comprovado que o Acórdão nº 044/2000, não serve como paradigma ao
Acórdão nº 033/2010, uma vez que os Pedidos de Diligência e
Perícia foram analisados e rejeitados pela Primeira Câmara que os
considerou desnecessários em razão de as provas anexadas serem
suficientes a comprovar a ocorrência dos fatos geradores
apontados na peça inicial.

Pelo exposto, acato a preliminar, em razão de


total inexistência de identidade entre as questões tratadas nos
Acórdãos listados pelo Recurso Especial.

2) DA INADMISSIBILIDADE DA DISCUSSÃO DE MÉRITO


SOBRE SUPOSTO DIREITO AOS CRÉDITOS FISCAIS RELATIVOS AOS FRETES
CONTRATADOS SOB A CLÁUSULA FOB - EM RAZÃO DA AUSÊNCIA DE
PRESSUPOSTOS LEGAIS PARA NOVA DISCUSSÃO EM SEDE DE RECURSO
ESPECIAL AO PLENO DO CTE (ARTIGO 47, DA LEI Nº 6.771/2006).
A análise do Recurso Especial com relação à
discussão sobre a utilização de créditos fiscais indevidos
constantes nos CTRC’s cujos fretes foram contratados sob a
cláusula FOB ou A PAGAR, fato posteriormente apontado pela
autuada como tendo sido um engano das empresas transportadoras
(mesmo sem comunicar estes fatos a SEFAZ); e supostamente
legitimados nos formulários do Livro Razão (sob a rubrica de ICMS
a recuperar), demonstra que não se encontra nestes autos o
pressuposto exigido pelo artigo 47, da Lei nº 6.771/2006, para
abrir-se nova discussão em sede de Recurso Especial ao Pleno
deste Conselho tributário.

“Art. 47 - Cabe recurso especial ao Pleno do CTE,


interposto pelo sujeito passivo, pelo autuante, pelo
Procurador da Fazenda Estadual ou pelo Representante
Fiscal, quando a decisão de qualquer Câmara divergir do
entendimento sobre idêntica questão jurídica manifestada
por outra Câmara ou pelo Pleno.

Acórdão CTE P-400/2012 12


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Parágrafo único - Cabe à Secretaria do CTE providenciar


a instrução do processo com cópia da primeira decisão
indicada, por divergência demonstrada, ficando a cargo
do recorrente a apresentação de cópia das demais,
juntamente com o recurso, se for o caso.
(...)”

Pelo exposto, acato a Preliminar, por não


haver a empresa autuada apontado qualquer decisão paradigma que
atenda as exigências do artigo ora reproduzido, e ademais, na
análise de suas questões preliminares, onde aponta cerceamento de
defesa quanto ao indeferimento dos pedidos de diligência e
perícia; e onde aponta falta de apreciação das provas anexadas
aos autos, o item FRETE já foi exaustivamente apreciado e
analisado.

II – DO MÉRITO

Antes de se adentrar ao voto é necessário


apontar que a preliminar para se conhecer do Recurso Especial foi
conhecida em parte, haja vista, que a preliminar para se
reconhecer a decadência do crédito tributário no período de
janeiro a abril/2003, foi vencedora e a preliminar para se
examinar novamente o mérito no Recurso Especial foi rejeitada.

Inicialmente, assiste razão ao Representante


Fiscal quanto à falta de Decisão Paradigma de outra Câmara ou do
Pleno deste CTE onde conste divergência de entendimento com
relação ao assunto tratado (crédito fiscal oriundo de ICMS FRETE,
cujo conhecimento de transporte esteja com a indicação de FOB ou A
PAGAR), para se conhecer do Recurso Especial, porém, mesmo assim
essa preliminar foi vencedora, o que levou a votação das
preliminares para análise do mérito em Recurso Especial, anulação
da decisão da Primeira Câmara e para reconhecimento da decadência
(janeiro a abril2003).

Assim, as 03 (três) preliminares foram votadas e


as duas primeiras foram rejeitadas, sendo a preliminar de
decadência vencedora. Nesta situação, a Decisão da Primeira Câmara
(Acórdão nº 033/2010), deve ser mantida em parte sem análise de
mérito em Razão do Recurso Especial devendo ser retirado os
valores do crédito tributário referentes ao período de janeiro a
abril/2003.
Nesta situação o crédito tributário tem como
valor o que abaixo se demonstra, mantidas as condições que não
foram objeto do Recurso Especial.

Acórdão CTE P-400/2012 13


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DEMONSTRATIVO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO EM R$

Período ICMS Apurado Multa (art.93, Lei 5.900/96) Total

maio/2003 769.355,47 461.613,28 1.230.968,75


junho/2003 345.328,85 207.197,31 552.526,16
julho/2003 420.456,74 252.274,04 672.730,78
agosto/2003 447.816,29 268.689,77 716.506,06
setembro/2003 518.377,49 311.026,49 829.403,98
outubro/2003 503.113,69 301.868,21 804.981,90
novembro/2003 491.824,86 295.094,92 786.919,78
dezembro/2003 - - -
Total 3.496.273,39 2.097.764,02 5.594.037,41

O crédito tributário tem como valor R$


5.594.037,41 (cinco milhões, quinhentos e noventa e quatro mil,
trinta e sete reais e quarenta e um centavos), e deverá ser
recolhido com os acréscimos legais.

Pelo exposto ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL por maioria de votos, em relação a
preliminar de decadência e as demais por unanimidade conhecer do
Recurso Especial para dar-lhe Provimento Parcial. Mantido em Parte
o Acórdão nº 033/2011, contendo a Decisão da Primeira Câmara que
por maioria de votos julgou Procedente em Parte o Lançamento.

Sala do Pleno do CTE, em Maceió, 09 de novembro de 2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO ODETE MINEIRO DA PAZ


PRESIDENTE RELATORA

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


RELATOR DO VOTO VENCEDOR DA PRELIMINAR DE DECADÊNCIA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE A. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR (Com Relatora/ parte) JULGADOR (Com Relatora/parte)

JOSÉ PEDRO DA SILVA PAULO DE TARSO DA C. SILVA


JULGADOR (Com Relatora/parte) JULGADOR (Com Relatora/parte)

MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR (Com Relatora) JULGADORA (Com Relatora)

Acórdão CTE P-400/2012 14


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GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA DE ALAGOAS
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUALSESSÃO

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 03 DO PLENO DO CTE–Realizada em 09/11/2012


Processo: 1500-014906/2003; e CTE 59/2011.
Anexo: 1500-022385/2007, 1500-003965/2008 e 1500-014892/2010.
Auto de Infração n.º 033358, de 18/03/2003.
Recorrente/autuada: ARQUITEC – Arquitetura, Engenharia e Construção LTDA.
Recorrido: Estado de Alagoas
Autuante: Carla Kunzler.
Relator: Paulo de Tarso da Costa Silva
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-401/2012

EMENTA:TRIBUTÁRIO – OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS – NÃO


APRESENTAÇÃO DE DIM E DAC – PRELIMINAR DE
DECADÊNCIA DE PARTE DO PERÍODO COBRADO –
RECONHECIMENTO – AUTO DE INFRAÇÃO PARCIALMENTE
PROCEDENTE – REEXAME NECESSÁRIO CONHECIDO E
IMPROVIDO – AUTO DE INFRAÇÃO PROCEDENTE EM PARTE –
– DECISÃO MANTIDA.

RELATÓRIO

Trata-se de reexame necessário do acórdão n.º 247/2011, proveniente da 1ª


Câmara do Conselho Tributário Estadual - CTE, que, por maioria de votos, vencida a
Conselheira Odete Mineiro da Paz, deu provimento parcial ao Recurso Ordinário, a fim de
julgar parcialmente procedente o auto de infração n.º 033358, de 18/03/2003, no sentido de
afastar da autuação a cobrança do crédito tributário referente ao encerramento da atividade
comercial sem a comunicação à SEFAZ, bem como as infrações referentes a não
apresentação dos DIM do período anterior a competência de 07/2002 e a DAC do exercício
de 2001, em razão da ocorrência da decadência, permanecendo válida apenas as infrações
relativas a não apresentação dos DIMs do período de 08/2002 a 12/2002. Vejamos a ementa
do julgamento:

EMENTA: TRIBUTÁRIO – OBRIGAÇÕES ACESSÓRIAS –


ENCERRAMENTO DA ATIVIDADE COMERCIAL SEM A DEVIDA BAIXA
NA SEFAZ – INOCORRÊNCIA – PEDIDO DE BAIXA ANTERIOR AO
CONHECIMENTO DO AUTO DE INFRAÇÃO – IMPROCEDÊNCIA DA
INFRAÇÃO – NÃO APRESENTAÇÃO DE DIM E DAC – PRELIMINAR DE
OFÍCIO DE DECADÊNCIA DE PARTE DO PERÍODO COBRADO –
Acórdão CTE P-401/2012 Página 1
RECONHECIMENTO – ALEGAÇÃO DE PRESCRIÇÃO TRIBUTÁRIA –
INOCORRÊNCIA – AUTO DE INFRAÇÃO PARCIALMENTE PROCEDENTE
– MANUTENÇÃO APENAS DA INFRAÇÃO DE NÃO APRESENTAÇÃO
DOS DIMS DO PERÍODO DE 08/2002 A 12/2002 – RECURSO
CONHECIDO E PROVIDO PARCIALMENTE – AUTO DE INFRAÇÃO
PROCEDENTE EM PARTE – DECISÃO REFORMADA PARCIALMENTE.

Em análise ao presente processo administrativo fiscal, depreende-se que o


auto de infração somente foi validamente notificado ao contribuinte em 26 de julho de
2007, conforme AR (aviso de recebimento) acostado aos autos às fls. 27/29 do processo
1500-014906/2003.

Assim, considerando que a notificação do auto de infração se deu em 26 de


julho de 2007, e os fatos geradores das infrações aconteceram em 2001 para ausência de
apresentação da DAC e entre o período de 09/1998 a 12/2002 para a não apresentação dos
DIMs, a 1ª Câmara do CTE, por maioria de votos, entendeu que os fatos geradores ocorridos
antes do mês de julho de 2002 foram alcançados pelo instituto da decadência tributária,
haja vista que entre a data dos fatos geradores e da respectiva notificação ultrapassaram
mais de 05 (cinco) anos (art. 150, § 4º, do CTN).

Dessa forma, segundo decidiu a 1ª Câmara, apenas o período compreendido


entre 08/2002 a 12/2002 não foi atingido pela decadência tributária.

Quanto à infração de encerramento da atividade comercial sem a devida


comunicação à SEFAZ, é de se observar que o contribuinte já havia efetuado seu pedido de
baixa em meados de 2005, ou seja, antes mesmo de sua notificação acerca do presente auto
de infração, que aconteceu somente em 2007, o que significa dizer que a contribuinte não
estava ciente desta autuação quando realizou seu pedido de baixa, razão pela a infração foi
afastada da autuação.

Ressalte-se, por fim, que a Conselheira Odete Mineiro da Paz, apesar de


concordar com o afastamento da infração quanto ao encerramento das atividades sem a
devida comunicação à SEFAZ, apresentou voto divergente no sentido de manter as infrações
de ausência de apresentação de DIM e DAC, nos períodos mencionados.

Assim chegam os autos ao Pleno do Conselho Tributário Estadual para


julgamento reexame necessário do acórdão n.º 247/2011, proveniente da 1ª Câmara do CTE.

No essencial, é o relatório.

VOTO

Cuida-se de reexame necessário do acórdão n.º 247/2011, proveniente da 1ª


Câmara do Conselho Tributário Estadual - CTE, que, por maioria de votos, vencida a
Conselheira Odete Mineiro da Paz, deu provimento parcial ao Recurso Ordinário, a fim de
julgar parcialmente procedente o auto de infração n.º 033358, de 18/03/2003.

Acórdão CTE P-401/2012 Página 2


É importante salientar, desde logo, que serão submetidas ao presente
julgamento apenas as infrações referentes a não apresentação dos DIMs e DACs, uma vez
que a infração de encerramento das atividades sem a devida comunicação foi afastada, por
unanimidade de votos, pelos membros da 1ª Câmara do CTE.

- Não apresentação de documentos fiscais (DIMs e DACs):

Em relação à infração concernente a não apresentação de documentos fiscais


(DIMs e DACs), cumpre registrar que o auto de infração não aponta os períodos em que
supostamente o Recorrente deixou de apresentar os DIMs e a DAC, o que, além de mitigar a
ampla defesa e o contraditório da contribuinte, atrapalha, ainda, a tarefa do julgador para
proferir voto com a devida segurança jurídica que o caso requer.

Tal informação somente pode ser extraída nos autos através do documento
acostado às 05 do processo n.º 1500-014906/2003, que aponta o ano de 2001 para a
ausência de apresentação da DAC e o período de 09/1998 a 12/2002 para a não
apresentação dos DIMs.

Ao analisar o período em que ocorreram os fatos geradores (1998 a 2002) e a


data da notificação válida da contribuinte (26 de julho de 2007), não resta alternativa a este
Relator senão a de levantar, no julgamento pela 1ª Câmara, uma preliminar de ofício quanto
à decadência do direito de constituir o crédito tributário pela Fazenda Pública Estadual,
ressaltando que tal tese foi defendida em sede de defesa administrativa pela contribuinte.

Frise que a contribuinte não renovou a preliminar de decadência quando da


interposição de Recurso Ordinário perante a 1ª Câmara do Conselho Tributário Estadual.
Contudo, como se tratava de questão de ordem pública, a qual deve ser reconhecida
inclusive de ofício pelo julgador, nos termos do art. 219, § 5º, do CPC, este Relator passou a
examiná-la, nos exatos termos que passo a expor neste voto.

Com efeito, mediante a simples leitura do auto de infração ora submetido a


julgamento verifica-se que o mesmo foi lavrado pela Fiscal de Renda em 18 de março de
2003, porém a contribuinte somente foi validamente notificada em 26 de julho de 2007. O
período fiscalizado corresponde aos exercícios de 1998 a 2002.

Sabe-se que a necessidade de apresentação de DIM e DAC é uma obrigação


acessória, que consiste no dever legal atribuído ao contribuinte no sentido de praticar ou não
determinado ato voltado à atividade de fiscalização e arrecadação tributária. O prazo
decadencial para constituição, pelo FISCO, do respectivo crédito tributário (multa em razão
do descumprimento da obrigação acessória) se sujeita ao prazo previsto no § 4º do art. 150,
do CTN, ou seja, 05 (cinco) anos a contar do fato gerador.

Ressalte-se, por outro lado, que o marco final para efeitos de contagem do
prazo decadencial é a notificação válida, ao sujeito passivo, do lançamento (ou auto de
infração) realizado, momento em que o crédito tributário é validamente constituído. Nesse
sentido segue o escólio da doutrina pátria:
“O procedimento a que o CTN dá o nome de lançamento, e tem por
finalidade constituir o crédito tributário, encerra-se com a notificação
Acórdão CTE P-401/2012 Página 3
feita ao sujeito ao passivo. A partir desse momento, o lançamento torna-
se definitivo e o crédito tributário estará definitivamente constituído.”
(FREITAS, Vladimir Passos de. (coord.). Código Tributário Nacional
Comentado. 4ª Ed. Revista dos Tribunais: São Paulo, 2007, p. 674)

No caso em comento, considerando que a notificação do auto de infração se


deu em 26 de julho de 2007, constata-se que os fatos geradores ocorridos antes do mês de
julho de 2002 foram, indiscutivelmente, alcançados pelo instituto da decadência tributária,
haja vista que entre a data dos fatos geradores e da respectiva notificação ultrapassaram
mais de 05 (cinco) anos.

Dessa forma, apenas o período compreendido entre 08/2002 a 12/2002 que


não foi atingido pela decadência tributária, devendo permanecer intocável na presente
autuação, mormente quando o contribuinte não trouxe qualquer elemento capaz de afastar
a referida infração desse período.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL por maioria de votos CONHECER DO REEXAME NECESSÁRIO PARA
NEGAR-LHE PROVIMENTO, a fim de manter na íntegra a decisão da 1ª Câmara de
Julgamento, que julgou parcialmente procedente o auto de infração n.º 033358, de
18/03/2003, no sentido de afastar da autuação a cobrança do crédito tributário referente as
infrações referentes a não apresentação dos DIM do período anterior a competência de
07/2002 e a DAC do exercício de 2001, em razão da ocorrência da decadência.

Saliente-se, finalmente, que o cálculo do valor do crédito tributário relativo à


falta de apresentação da DIM dos meses de 08/02 a 12/02 deverá ser apurado com
fundamento no art. 116, inciso III, da Lei nº 5900/96, com alterações feitas pela Lei n.º
6331/02, que prevê multa de 20 (vinte) UPFAL por cada mês de atraso, em razão da
retroatividade benigna imposta pelo art. 106, inciso II, alínea “c” do CTN.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 09 de novembro de 2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA

PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE A. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR (Com Relator) JULGADOR (Com Relator)

JOSÉ PEDRO DA SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR (Contra Relator) JULGADORA (Com Relator)

Acórdão CTE P-401/2012 Página 4


MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES
JULGADOR (Com Relator) JULGADORA (Com Relator)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADOR (Com Relator)

Acórdão CTE P-401/2012 Página 5


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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 03 DO PLENO DO CTE – Realizada em 09/11/2012


PROCESSO: 1500-017637/1988; CTE-476/2010
AUTO DE INFRAÇÃO: 017777/1987, PROTOCOLADO EM 26/03/2003
AUTUADA: G.PIMENTEL & CIA LTDA
ASSUNTO: SESSÃO DO PLENO DO CTE REALIZADA EM 9/11/2012
AUTUANTE: ANTONIO INÁCIO DA SILVA E OUTROS
RELATORA: MARIA LOPES MILHOMES
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-402/2012

EMENTA: ICMS – CRÉDITO TRIBUTÁRIO NÃO


ALCANÇADO PELA REMISSÃO. VALOR
SUPERIOR A 20 (VINTE) UPFAL’S.
RETORNO DOS AUTOS À CÂMARA DO CTE
PARA APRECIAÇÃO DO MÉRITO.

RELATÓRIO

Trata-se o presente de Reexame Necessário do


Pleno do Conselho Tributário Estadual, nos termos do Inciso II,
do art. 48, da Lei Estadual 6771/2006 que trata do Processo
Administrativo Tributário, relativo à Decisão da 2ª Câmara do
CTE, Acórdão de nº. 143/2011, que por maioria de votos decidiu
Prejudicado o exame de Mérito, em razão da remissão do crédito
tributário lançado e recebeu a seguinte ementa:

EMENTA: ICMS –FALTA DE RECOLHIMENTO DO


IMPOSTO- INDÍCIO DE PRÁTICA DE CRIME CONTRA
A ORDEM TRIBUTÁRIA - REMISSÃO DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO - PREJUDICIALIDADE DO
EXAME DE MÉRITO. VALOR PRINCIPAL ORIGINÁRIO
NOS PARÂMETROS ESTABELECIDOS PELO ARTIGO 11,
INCISO IV ALÍNEA “a” DA LEI 6765/06. REMESSA
NECESSÁRIA CONHECIDA E NÃO PROVIDA. MANTIDA
INCÓLUME A DECISÃO RECORRIDA.

Acórdão CTE Nº P-402/2012 - Pleno 1


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O Auto de Infração nº 017777, objeto da lide,


protocolado Sefaz/Arapiraca no dia 12/2/87 recebeu o nº 232/87
e na Sefaz/Maceió os nºs SF 17637 em 25/11/1988 e em 26/03/2003
o nº 1500 017637/1988, foi lavrado contra a empresa G. Pimentel
& CIA Ltda., qualificada na peça exordial, com o objetivo de
cobrança de crédito tributário relativo ao ICM incidente sobre a
omissão de vendas detectadas nos exercícios de 1974 a 1976 e de
1983 a 1986. Foi julgado extinto por remissão pela 1ª Instância
de julgamento, cuja ementa transcrevemos:

EMENTA - ICMS – obrigação principal-Falta


de registro de operações tributáveis de
saídas de mercadorias-Infração
Caracterizada-AUTUAÇÃO PROCEDENTE -
EXTINÇÂO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO, por
remissão (ex vi art.11, IV, e §1º da Lei
6765/06), condicionada a ulterior
confirmação pelo Secretário da Fazenda (ex
vi art.86 parágrafo único, da Lei 4418/82-
Código Tributário Estadual).

Notificadas autuada pelo ofício CTE 181/2011 e


Representação Fiscal pelo MEMO CTE Nº 046/2011 nada
acrescentaram.

Assim me chegam os autos que ora relatei.

VOTO
Analisando os autos e tudo mais que nele consta, nota-se
que o Reexame Necessário do Pleno CTE deve-se à Decisão não
unanime da 2ª Câmara do CTE relativa remissão do crédito
tributário, objeto da lide, decretada sem o exame do mérito em
face do art. 11, Inciso IV, e alíneas da Lei 6765 de 1º de
Novembro de 2006, que estabeleceu a remissão de créditos
tributários, cuja redação diz:
“Art. 11. Ficam extintos, por remissão:
(...)
IV - os créditos tributários, constituídos
ou não, relativos ao ICM/ICMS, inclusive os
decorrentes exclusivamente de penalidades
pecuniárias por descumprimento de obrigações
acessórias:

Acórdão CTE Nº P-402/2012 - Pleno 2


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a) cujo valor principal originário seja


igual ou inferior ao equivalente a R$ 10,00
(dez reais); ou
b) cujo valor atualizado em 31 de dezembro
de 2005 seja igual ou inferior a 20 (vinte)
vezes a Unidade Padrão Fiscal do Estado de
Alagoas - UPFAL.

Observe-se que a alínea “b” do art. 11, em evidência,


refere-se a valor atualizado até 31.12.2005, numa clara citação
à equivalência dos valores pecuniários. O Inciso I do art. 12 da
Lei 6765/2006 confirma:
Art. 12. Para os efeitos desta Lei:
I – Considera-se crédito tributário a soma
do imposto, das multas, da atualização
monetária, dos juros de mora e dos demais
acréscimos previstos na legislação do
Estado; e
(...)

O valor atualizado do crédito tributário do Auto de


Infração 049509, conforme documento emitido pela Diretoria de
Arrecadação e Crédito Tributário, em 31/12/2005 é superior a 20
UPFAL’s.
No item “g” da exposição de motivos da Diretoria de
Tributação para a remissão dos créditos tributários diz o
seguinte:
(...)
g) art. 11, IV, remissão dos créditos
tributários do ICMS cujo valor originário do
imposto seja igual ou menor que dez reais,
consoante o Convênio ICMS 77/06, ou cujo
valor atualizado em 31 de dezembro de 2005
seja igual ou inferior a 20 (vinte) vezes a
Unidade Padrão Fiscal do Estado de Alagoas –
UPFAL. O objetivo é evitar criar processos
cujo custo de tramitação e execução é maior
que o valor do crédito tributário a
recuperar;
(...)

Como se vê o objetivo foi evitar criar processos cujo


custo de tramitação e execução é maior que o valor do crédito
tributário a recuperar.
Para as eventuais controvérsias a respeito, o art. 15 da
Lei 6771/2006 tem a seguinte redação:
Art. 15. A interpretação normativa da
legislação tributária estadual será feita
por meio de instruções normativas do

Acórdão CTE Nº P-402/2012 - Pleno 3


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Secretário Executivo de Fazenda e/ou


Secretário Adjunto da Fazenda Estadual e de
pareceres normativos elaborados pela
Diretoria de Tributação da Secretaria
Executiva de Fazenda - SEFAZ, devidamente
aprovados por aquelas autoridades.

A instrução Normativa SEF 24/2007 Interpreta e elucida o


art. 11, IV, da Lei nº 6.765 de 01 de novembro de 2006, que
trata de remissão de créditos tributários do ICMS:

Art. 1º Ficam extintos os créditos


tributários, conforme art. 11, IV, da Lei nº
6.765, de 01 de novembro de 2006, cujo
valor:
I - atualizado até 31 de dezembro de 2005,
assim considerado o montante de imposto,
multa, juros e atualização monetária,
corresponda a 20 (vinte) vezes a Unidade
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas - UPFAL;
II - principal originário, de 1º de janeiro
de 2006 a 06 de novembro de 2006, sem adição
de multa, juros e atualização monetária,
corresponda a R$ 10,00 (dez reais).
Parágrafo único. No caso em que o valor
principal seja a multa, a atualização
corresponderá a juros e atualização
monetária.

Ressalte-se que o CTN, Lei nº 5.172/66 pontua os requisitos


exigidos para a autorização da remissão tributária:

Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade


administrativa a conceder, por despacho
fundamentado, remissão total ou parcial do
crédito tributário, atendendo:

I - à situação econômica do sujeito passivo;


II - ao erro ou ignorância excusáveis do
sujeito passivo, quanto a matéria de fato;

III - à diminuta importância do crédito


tributário;
IV - a considerações de eqüidade, em relação
com as características pessoais ou materiais
do caso;
V - a condições peculiares a determinada
região do território da entidade tributante.

Acórdão CTE Nº P-402/2012 - Pleno 4


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
Rua General Hermes 80 Bom Parto 5º andar CEP 57.017-200
FONES: 3315-6190 – 3315-3772 – fax 3315-8273

O parecer da Procuradoria da Fazenda Estadual, em anexo,


confirma que na aplicação do art. 11 considera-se a atualização
monetária como integrante do valor nominal:
ASSUNTO: INTERPRETAÇÃO DA LEI N. 6.771/2006
DESPACHO PGE/PFE-CD nº 0627/2012

EMENTA: PROCESSOS ADMINISTRATIVOS.


TRIBUTÁRIO.CONSULTA.REMISSÃO.IMPOSSIB
ILIDADE DE SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA
ADMINISTRATIVA. ANÁLISE EXCLUSIVA
QUANTO À INTERPRETAÇÃO DA LEI
6.765/2006. ART. 11. APLICAÇÃO
CONSIDERANDO A ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA
COMO INTEGRANTE DO VALOR NOMINAL.

Diante do exposto, ACÓRDAM OS MEMBROS DO PLENO DO CTE por


maioria de votos não considerar remido os créditos tributários
em face do art. 11, Inciso IV, e alíneas, e art. 12, Inciso I da
Lei 6765 de 1º de Novembro de 2006. Retorno dos autos à 2ª
Câmara do CTE para apreciação do mérito.

Sala das Sessões do CTE, em 09 de novembro de 2012.

SÉRGIO GUILHERME ALVES. S. FILHO MARIA LOPES MILHOMES


PRESIDENTE RELATORA

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE A. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR (CONTRA RELATORA) JULGADOR (CONTRA RELATORA)

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (CONTRA RELATORA) JULGADOR (COM RELATORA)

MÁRIO SERGIO MARTINS DE CASTRO ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR (COM RELATORA) JULGADORA (COM RELATORA)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADOR (COM RELATORA)

Acórdão CTE Nº P-402/2012 - Pleno 5


Governo do Estado de Alagoas

Secretaria da Fazenda

Conselho Tributário Estadual

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SESSÃO ORDINÁRIA Nº 03 DO PLENO DO CTE – Realizada em


09/11/2012

PROCESSO: 1500- 008216/1992 e CTE-144/10.

ANEXO(S): 1500- 006229/1992 e 1500-010409/2009.

AUTO DE INFRAÇÃO: 040961.

AUTUADO: Primos Arruda Ltda.

INSCRIÇÃO ESTADUAL: 240.63437-3

ASSUNTO: Reexame Necessário.

RELATOR: Mário Sérgio Martins de Castro.

PRESIDENTE: SERGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO

SECRETARIA: GENILZA COELHO VASCONCELOS

ACÓRDÃO Nº P-404/2012

EMENTA – ICMS. Obrigação Principal.

Omissão de Saídas de Mercadorias.


Afastada a extinção do crédito
tributário por remissão. Retorno dos
autos para a 2ª Câmara desse Conselho
proceder a novo julgamento. Reexame
necessário conhecido e provido.

Acórdão CTE Nº P-404/2012 1


Governo do Estado de Alagoas

Secretaria da Fazenda

Conselho Tributário Estadual

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RELATÓRIO
Trata-se de reexame necessário que vem a este Plenário
com fundamento no artigo 48, II, da Lei 6771/06, relativo ao
Acórdão nº 253/2010, proferida pela 2ª Câmara desse Conselho,
que por maioria de votos extinguiu o crédito tributário por
remissão conforme o art. 11, IV, “a” da Lei nº 6.765/2006.
Fundamentada a acusação na omissão de vendas pelo
sujeito passivo constatada pelo confronto entre comprovantes
de receitas e de desembolsos no exercício de 1989.
O contribuinte apresentou sua defesa, confirmando ser
devedora de parte do crédito aqui cobrado, contestando apenas
quanto ao valor da coluna “RECEITAS” já que teria sido
apurado valor menor do real e que o autuante não teria
considerado descontos concedidos. Junta documentos.
Em suas contrarrazões, a autoridade autuante mantem a
procedência da peça vestibular e que a documentação
apresentada pelo contribuinte não proporciona embasamento
para sustentar seus argumentos.
Na Coordenadoria de Julgamento, foi proferida a Decisão
nº 15.927/09, tendo o julgador monocrático decidido pela
procedência parcial do lançamento com a seguinte ementa:
EMENTA – ICMS. 1. Lançamento de ofício de
crédito tributário. 2. Omissão de saídas
de mercadorias. 3. Ilícito comprovado. 4.
Lançamento PROCEDENTE EM PARTE. 5. Duplo
grau de jurisdição administrativa
necessário – artigos 48 e 49, §1º, Lei
Estadual nº. 6.771/06.

Também foi decidido que não caberia ao caso a remissão


prevista no art. 14, IV, “a”, da Lei nº 6.765/06, pois em 31
de dezembro de 2005 o valor atualizado do crédito aqui

Acórdão CTE Nº P-404/2012 2


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cobrado seria maior que 20 (vinte) vezes a Unidade Padrão


Fiscal do Estado de Alagoas – UPFAL.
Da parte julgada improcedente, o juízo singular
recorreu a este Conselho, na forma estabelecida pelo art. 48,
I, da Lei 6.771/06.
Por via de Recurso Ordinário, a autuada afirma que o
objeto da autuação fiscal, o crédito tributário, estaria
extinto, devido ao longo tempo já passado entre a lavratura
da peça vestibular e a decisão de 1ª instância
administrativa, sustentando a aplicação do instituto da
decadência.

Em contrarrazões, o autuante aduz que não é possível


nem o instituto da decadência, já que o lançamento foi válido
e tempestivamente notificado ao sujeito passivo, nem a
prescrição, já que foi impetrada a defesa, suspendendo a
exigência do crédito. Restaria a prescrição intercorrente,
que também não poderia ser aplicada por não ser hipótese
prevista em lei de extinção do crédito tributário.

Então o processo foi remetido ao Conselho Tributário


Estadual – CTE, onde na Segunda Câmara deste Colegiado,
conforme Acórdão nº 253/2010, foi julgado o reexame
necessário, sendo por unanimidade, conhecido e não provido, e
o recurso ordinário, por maioria de votos, como conhecido,
não provido quanto à prescrição intercorrente, mas provido
quanto à remissão do crédito conforme disposto art. 14, IV,
“a”, da Lei nº 6.765/06, levando à extinção do crédito e,
cosectário, a reforma da decisão da Coordenadoria de
Julgamento.
O acordão foi ementado da seguinte maneira:
EMENTA – Lançamento de Oficio de Crédito
Tributário. Omissão de Saídas de

Acórdão CTE Nº P-404/2012 3


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Mercadorias. Recurso Ordinário conhecido


e Provido. Extinção do Crédito Tributário
por Remissão.

Portanto, em obediência ao art. 48, II, da Lei nº


6.771/2006, os autos foram remetidos a este Pleno para
reexame necessário quanto à referida remissão.
É o relatório.

VOTO
Trata-se aqui de reexame necessário ao Pleno do
Conselho Tributário Estadual, em face da decisão da 2ª Câmara
de Julgamento do CTE que julgou, por maioria, extinto por
remissão o crédito tributário devido pela omissão de vendas
pelo sujeito passivo constatada no confronto entre
comprovantes de receitas e de desembolsos no exercício de
1989.
Porém, não visualizo extinção do crédito aqui cobrado
por não haver ocorrência de nenhuma das hipóteses de remissão
previstas nas alíneas, do inciso IV, do art. 11 da Lei nº
6.765/06.
Pois, vejamos como está disposto o citado artigo:

Art. 11. Ficam extintos, por remissão:

...

IV - os créditos tributários,
constituídos ou não, relativos ao
ICM/ICMS, inclusive os decorrentes
exclusivamente de penalidades pecuniárias
por descumprimento de obrigações

Acórdão CTE Nº P-404/2012 4


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acessórias:
a) cujo valor principal originário
seja igual ou inferior ao equivalente
a R$ 10,00 (dez reais); ou
b) cujo valor atualizado em 31 de
dezembro de 2005 seja igual ou inferior a
20 (vinte) vezes a Unidade Padrão Fiscal
do Estado de Alagoas - UPFAL. (grifos
nosso)

E aqui cabe interpretar o que foi dito e querido


pelo legislador. E essa interpretação é necessária, como bem
ensina Marcos Ehrhardt Jr 1:

“A determinação do direito, portanto,


exige sempre interpretação, não havendo,
nos dias atuais, espaço para a velha
máxima in claris non fit interpretatio,
tradicionalmente empregada para se
sustentar a hoje superada tese de que as
leis claras interpretavam-se por si
mesmas... até para se concluir que a lei
é clara, faz-se necessário interpretá-la”
(grifo nosso)

A interpretação deve anteceder e buscar a correta


aplicação da lei, devendo ser direcionada ao fim social e ao
bem público no contexto cultural e histórico em que foi
editada. Dessa forma dispõe o art. 5º da Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/1942):

1
Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 52-53.

Acórdão CTE Nº P-404/2012 5


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“Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz


atenderá aos fins sociais a que ela se
dirige e às exigências do bem comum.”

Quando o julgador faz a tarefa de interpretar uma


norma, primeiramente busca o significado (finalidade), para
depois determinar o alcance (delimitação do seu campo de
incidência) da norma jurídica (em seu sentido amplo), nunca
criando um comando novo. Depois de feito isso, aí sim deve
ser aplicado o direito posto.

Outra premissa, é que quando houver sanções ou


privilégios legais, há de se utilizar sempre uma
exegese restritiva, limitando seu campo de atuação e não o
ampliando, conforme dispõe o Código Civil:

“Art. 114. Os negócios jurídicos


benéficos e a renúncia interpretam-se
estritamente.”

Quando da remissão tributária – espécie de


renúncia fiscal – a análise restritiva encontra eco no art.
14 da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº
101/2000) quando prevê medidas limitadoras para a sua
concessão.

Porém, importante destacar, a mesma norma


abre exceção, expressamente, à remissão de débitos inferiores
ao custo da sua cobrança, com o intuito exatamente de

Acórdão CTE Nº P-404/2012 6


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proteger o bem público de custos maiores do que o crédito que


o Estado teria a receber:

“Art. 14. A concessão ou ampliação de


incentivo ou benefício de natureza
tributária da qual decorra renúncia de
receita deverá estar acompanhada de
estimativa do impacto orçamentário-
financeiro no exercício em que deva
iniciar sua vigência e nos dois
seguintes, atender ao disposto na lei de
diretrizes orçamentárias e a pelo menos
uma das seguintes condições:

(...)

§ 1º A renúncia compreende
anistia, remissão, subsídio, crédito
presumido, concessão de isenção em
caráter não geral, alteração de alíquota
ou modificação de base de cálculo que
implique redução discriminada de tributos
ou contribuições, e outros benefícios que
correspondam a tratamento diferenciado.

(...)

§ 3º O disposto neste artigo não se


aplica:

(...)

II - ao cancelamento de débito cujo


montante seja inferior ao dos respectivos
custos de cobrança.”

Acórdão CTE Nº P-404/2012 7


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Tal dispensa de crédito diminuto, que já inclui o


valor originário, sua atualização monetária e seus juros de
mora, por via de remissão encontra seu semelhante no Código
Tributário Nacional, quando lista as situações que permitem a
concessão deste tipo de perdão da dívida:

“Art. 172. A lei pode autorizar a


autoridade administrativa a conceder, por
despacho fundamentado, remissão total ou
parcial do crédito tributário, atendendo:

...

III - à diminuta importância do crédito


tributário;

...”

As explicações que se seguiram são de extrema


relevância, servindo de base, para daqui, utilizando os
métodos de interpretação, se achar o significado (finalidade)
das alíneas, do inciso V, do art. 11 da Lei nº 6.765/06, já
transcritos, para depois determinarmos o alcance (delimitação
do seu campo de incidência) da norma jurídica (em seu sentido
amplo) e verificarmos que não é possível a aplicação da
remissão prevista ao caso concreto aqui julgado.

Isso porque não há dúvidas que a remissão aqui


discutida é para pequenos valores que não cobririam o custo
de sua cobrança, seja administrativamente, seja
judicialmente.

Dessa forma considerou o legislador. Somente


valores pequenos são possíveis para a remissão prevista na

Acórdão CTE Nº P-404/2012 8


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Lei nº 6.765/06. Para isso, iremos utilizar o roteiro


interpretativo proposto por Luciano Amaro 2:

“Dessa forma, a regra é justamente a


submissão do direito tributário ao
conjunto de métodos interpretativos
fornecidos pela teoria da interpretação
jurídica; por exceção, nas situações
disciplinadas expressamente, o intérprete
deve procurar (na medida em que isso seja
possível) dar preferência aos critérios
indicados pelo Código Tributário
Nacional.

...

Assim sendo, o intérprete deve partir do


exame do texto legal, perquirindo o
sentido das palavras utilizadas pelo
legislador (na chamada interpretação
literal ou gramatical); cumpre-lhe,
todavia, buscar uma inteligência do texto
que não descambe para o absurdo, ou seja,
deve preocupar-se com dar à norma um
sentido lógico (interpretação
lógica), que a harmonize com o sistema
normativo em que ela se
insere (interpretação sistemática),
socorrendo-se da análise das
circunstâncias históricas que cercaram a
edição da lei (interpretação histórica),
sem descurar das finalidades a que a lei
visa (interpretação finalística ou
teleológica).

2
Direito tributário brasileiro - Luciano Amaro. – 17. ed. – São Paulo : Saraiva, 2011.

Acórdão CTE Nº P-404/2012 9


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Iniciando, então, pela interpretação literal 3 .


Verifica-se da leitura do inciso IV com suas alíneas, do art.
14, da Lei nº 6.765/06, que temos duas orações ligadas pela
conjunção “OU”:

1ª oração: Ficam extintos, por remissão os


créditos tributários ... cujo valor principal originário seja
igual ou inferior ao equivalente a R$ 10,00 (dez reais).

OU

2ª oração: Ficam extintos, por remissão os


créditos tributários ... cujo valor atualizado em 31 de
dezembro de 2005 seja igual ou inferior a 20 (vinte) ...
UPFAL.

De acordo com as normas gramaticais, tais frases


são orações coordenadas, ou seja, não exercem funções
sintáticas em relação às outras, são independentes.

São também SINDÉTICAS por estarem ligadas por uma


conjunção coordenativa do tipo alternativa – OU -, indicando

3
“... para alguns, a primeira fase de todo e qualquer processo interpretativo, uma vez que
restrita apenas a aspectos lingüísticos (etimologia da palavra, pontuação, etc...), vale dizer, focada na busca do
sentido e alcance das palavras isoladas ou sintaticamente consideradas”. (Ehrhardt Jr, Marcos. Direito civil
– LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 53).

Acórdão CTE Nº P-404/2012 10


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escolhas de pensamento, ações que se alternam, exprimindo


exclusão. Ou é uma ou é outra, mas analisando sempre as duas.

Do que se conclui de que como são independentes


entre si, não existe ordem a ser seguida. Devem-se analisar
as duas orações para ver qual se encaixa melhor ao caso
concreto. Não é possível observar apenas a alínea “a” do
inciso IV do art. 14, sem também verificar a alínea seguinte.
Se não fosse dessa forma não existiria a alínea “b” na Lei.
Porém essa alínea está expressa no texto para ser avaliada.
Analisando as duas orações independentemente, aí sim, uma
invariavelmente exclui a outra, ou não aplicar nenhuma das
duas se não for o caso de remissão.

A primeira oração afirma que há de ser remido o


débito principal originário igual ou inferior a 10 UPFAL.

E quais as condições da 2ª oração, que se


frise, deve ser analisada em separado da primeira, pois, como
já dito, são independentes. As condições são: que no marco
temporal de 31 de dezembro de 2005 – primeira condição - o
valor atualizado do crédito tributário seja igual ou inferior
a 20 UPFAL - segunda condição.

Agora utilizando um exemplo hipotético para


entender a interpretação gramatical da norma de remissão:
temos um crédito tributário originário de R$ 10,00 (dez
reais) devidos por um fato gerador em 1995. Em 31 de dezembro
de 2005, esse débito atualizado corresponde a 1000 UPFAL.
Como dito, são orações coordenadas, são independentes, o que
implica na análise das duas frases em separado, e somente

Acórdão CTE Nº P-404/2012 11


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depois de verificá-las, é que se exclui uma delas. É valor


original menor que R$ 10,00 (dez reais)? É, mas que quando
atualizado no marco temporal legal (31/12/2005) é superior a
20 UPFAL. A alínea “b” exclui a primeira pelas condições
impostas nela.

Continuando com o exemplo: utilizando os mesmos


R$ 10,00 (dez reais) de crédito original, porém devido por um
fato gerador ocorrido em 01/01/2006. Essa data exclui de
imediato a alínea b do inciso IV do art. 11 (por ser oração
coordenada sindética alternativa – idéia de exclusão).
Precisa ser atualizado? Não. É menor ou igual a R$ 10,00 (dez
reais)? Sim. Está remido pela alínea “a”

O que quer dizer que, dando coerência ao texto,


devendo ser analisadas as duas orações, por serem
independentes, excluindo uma delas após esse exame, por serem
alternativas, e para evitar contradições, se depreende pela
interpretação lógica 4, que:

1) utiliza-se a alínea “b”, se o valor do crédito


tributário atualizado em 31/12/2005 for igual ou menor que 20
UPFAL; OU

utiliza-se a alínea “a”, se o valor originário


2)
do crédito devido após 31/12/2005 é igual ou menor a R$
10,00 (dez reais).

4
“... método que busca eliminar contradições, focando-se na busca por coerência mediante
utilização de regas dedutivas ou indutivas de raciocínio, para compreender o significado da norma em toda
sua extensão” (Ehrhardt Jr, Marcos. Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg.
53).

Acórdão CTE Nº P-404/2012 12


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E isso se encontra em total harmonia com sistema


jurídico (interpretação sistemática 5 ), pois vai ao encontro
do conceito de pequeno valor para se conceder a remissão de
acordo com o inciso III, do art. 173, do CTN e II, do § 3º,
do art. 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal, já citados.

Não sendo dessa forma, é ir contra o Código


Tributário Nacional e a Lei de Responsabilidade Fiscal, leis
complementares nacionais a serem aplicadas a todos os entes
federativos.

Ou seja, o Estado considera 20 UPFAL já


atualizados em 31/12/2005 ou R$ 10,00 (dez reais) de valor
originário a partir de 01/01/2006 como valor de pequena
monta, que não cobriria o seu custo de cobrança e, portanto
deveriam ser perdoados.

Agora, interpretando historicamente 6 , dessa forma


é que se encontra delimitado na exposição de motivos
encaminhado junto à minuta do Projeto de Lei que originou a

5
“... método que considera a norma analisada juntamente com as demais integrantes do
mesmo ordenamento jurídico, buscando contextualizá-la direta ou indiretamente como todas as outras...
Pressupõe que o texto normativo não existe isoladamente e sempre deve ser analisado em conjunto”
(Ehrhardt Jr, Marcos. Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 53).
6
“Aqui o interprete analisa os fatos que antecederam a propositura do projeto de lei, sua
exposição de motivos e justificativa... que permitem reconstruir o pensamento dominante ao tempo da edição
da norma.” (Ehrhardt Jr, Marcos. Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg.
54).

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Lei nº 6.765/06 (Processo SF nº 1500-24.216/2006), onde aqui


reproduzimos a parte referente ao caso aqui julgado:

“EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS:

1. A minuta em pauta estabelece:

...

g) art. 11, IV, remissão dos créditos


tributários do ICMS cujo valor originário
do imposto seja igual ou menor que dez
reais, consoante o Convênio ICMS 77/06,
ou cujo valor atualizado em 31 de
dezembro de 2005 seja igual ou inferior a
20 (vinte) vezes a Unidade Padrão Fiscal
do Estado de Alagoas – UPFAL. O objetivo
é evitar criar processos cujo custo de
tramitação e execução é maior que o valor
do crédito tributário a recuperar;”
(grifo nosso)

E essa é a finalidade da remissão (interpretação


7
teleológica ) disposta no inciso IV, do art. 11, da Lei nº
6.765/06: dispensar apenas os créditos de diminuto valor,
onde seria mais caro cobrá-los do que dispensá-los,
preservando assim, com eficiência, celeridade e legalidade, o
bem público. Como dispensar créditos de valor originário de
até R$ 10,00 (dez reais), mas bem antigos, que quando
atualizados em 31/12/2005, podem dar valores altíssimos, que

7
“Método que busca a finalidade social da lei, adaptando-a às exigências da comunidade”
(Ehrhardt Jr, Marcos. Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 54).

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com grande folga cobririam o custo de sua cobrança? Vai


totalmente contra o fim social da preservação do bem público
no qual se inclui o crédito tributário.

Tanto que, para esclarecer divergências na


aplicação da lei quanto a essa remissão, foi publicada a
INSTRUÇÃO NORMATIVA SEF Nº 24/2007, que
interpreta restritivamente o art. 11, IV, da Lei Nº 6.765 de
01 de novembro de 2006, que trata de remissão de créditos
tributários do ICMS.

Utilizando das lições de Roberval Rocha Ferreira Filho e João


Gomes da Silva Júnior 8, a instrução normativa é norma
infralegal que complementa a lei 9, esclarecendo e auxiliando
os aplicadores do direito, com o objetivo de uniformizar
procedimentos, prevenir conflitos tributários e servindo
de ferramenta para sua interpretação.

Inclusive, confirmando a doutrina, a competência


da instrução normativa para interpretar a legislação
tributária estadual está expressa na nossa Lei de processo
administrativo, Lei nº 6.771/06:

“CAPÍTULO II

DA INTERPRETAÇÃO NORMATIVA DA LEGISLAÇÃO

8
Direito Tributário – Teoria, Jurisprudencia e Questões; Ed. Jus Podium; 2007; pg. 47.

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Art. 15. A interpretação normativa da


legislação tributária estadual será feita
por meio de instruções normativas do
Secretário Executivo de Fazenda e/ou
Secretário Adjunto da Fazenda Estadual e
de pareceres normativos elaborados pela
Diretoria de Tributação da Secretaria
Executiva de Fazenda - SEFAZ, devidamente
aprovados por aquelas autoridades.”

Portanto, não há como considerá-la ilegal ou


mesmo que inovou a lei, já que, como vemos em seu art. 1º,
apenas confirma e repete a interpretação restritiva dada aqui
pelo meu voto, extraído pelos diversos métodos da exegese
relativo ao inciso IV do art. 11 da Lei nº 6.767/06:

“Art. 1º Ficam extintos os créditos


tributários, conforme art. 11, IV, da Lei
nº 6.765, de 01 de novembro de 2006, cujo
valor:

I - atualizado até 31 de dezembro de


2005, assim considerado o montante de
imposto, multa, juros e atualização
monetária, corresponda a 20 (vinte) vezes
a Unidade Padrão Fiscal do Estado de
Alagoas - UPFAL;

II - principal originário, de 1º de
janeiro de 2006 a 6 de novembro de 2006,
sem adição de multa, juros e atualização
monetária, corresponda a R$ 10,00 (dez
reais).

Parágrafo único. No caso em que o valor


principal seja a multa, a atualização

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corresponderá a juros e atualização


monetária.”

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PELO DO


COSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL POR MAIORIA DE VOTOS, conhecer do
presente Reexame Necessário para dar-lhe provimento devido à
constatação da não ocorrência da remissão prevista no art.
14, IV, da Lei nº 6.765/2006. Afastada a remissão, necessário
se faz que haja o retorno dos autos para a 2ª Câmara desse
Conselho com a finalidade de novo julgamento apreciando a
existência de outras questões preliminares, e não havendo
tais prejudiciais, procedendo ao exame do mérito referente à
autuação fiscal.

Sala das Sessões do CTE, em 09 de novembro de 2012.

SÉRGIO GUILHERME ALVES. S. FILHO MÁRIO SERGIO M. DE CASTRO


PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE A. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR (CONTRA RELATORA) JULGADOR (CONTRA RELATOR)

PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA JOSÉ PEDRO DA SILVA


JULGADOR (CONTRA RELATOR) JULGADOR (COM RELATOR)

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Governo do Estado de Alagoas

Secretaria da Fazenda

Conselho Tributário Estadual

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MARIA LOPES MILHOMES ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR (COM RELATOR) JULGADORA (COM RELATOR)

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADOR (COM RELATOR)

Acórdão CTE Nº P-404/2012 18


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 03 DO PLENO DO CTE–Realizada em 09/11/2012


PROCESSO: SF-1500-008118/1991; CJ-20276/2005 E CTE-480/2010.
AUTO DE INFRAÇÃO: 040973, protocolado em 03/10/2003.
AUTUADO: JOSÉ ROBERTO DE BARROS LIMA – ME.
DECISÃO MONOCRÁTICA: 17.108/2010 de 16/08/2010.
ASSUNTO: REEXAME NECESSÁRIO.
AUTUANTE: FRANCISCO DA CUNHA PEDROSA.
RELATOR: SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO.
VOTO VENCEDOR: MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME ALVES DA SILVA FILHO
SECRETÁRIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P-407/2012

EMENTA – ICMS. Obrigação Principal.


Lançamento de crédito fiscal pela
falta de recolhimento do ICMS
antecipado por microempresa. Afastada
a extinção do crédito tributário por
remissão. Retorno dos autos para a 1ª
Câmara desse Conselho proceder a novo
julgamento. Reexame necessário
conhecido e provido.

I – RELATÓRIO

Cuida-se do Reexame Necessário de Ofício que aporta a


este Plenário do Acórdão nº 385/2011, prolatado pela 1ª Câmara
deste Colegiado, que decidiu, por maioria dos seus
integrantes, com voto discordante do Conselheiro Mário Alberto
de A. Souza, pela extinção do crédito tributário por remissão,
arrimado no Auto de Infração acima referido, ex vi do artigo
11, IV, e §1º, da Lei Estadual nº 6.765/2006.

A decisão da 1ª Câmara, ora sob análise, está assim


ementada:

Acórdão CTE Nº P-407/2012 1


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CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

“Ementa – Obrigação Principal – Lançamento


de crédito fiscal baseada na comprovação
da falta de recolhimento de ICMS por
antecipação, na posição de microempresa –
Infração devidamente caracterizada –
Decisão singular pela extinção do crédito
tributário conhecida e mantida na íntegra
– Remessa dos autos ao gabinete do
Secretário da Fazenda para a devida
homologação determinada pela legislação
tributária estadual em vigor.”

Relatam os autos que a CJ, através de Pedido de


Diligência nº 299/2005, tendo em vista o disposto nas Leis
Estaduais nº 5.118 e 5.186, editadas em Janeiro e Dezembro de
1960, direcionou o presente PAT à Diretoria de Arrecadação de
Crédito Tributário, visando uma possível aplicação, no
presente litígio fiscal, do benefício da remissão previsto
naqueles instrumentos legais, tendo recebido a informação de
que o débito fiscal sob exame não está abrangido pela citada
remissão, de acordo com o extrato de débito anexado às fls.
50/51 e 52.
Não consta dos autos os termos do voto vencido e
da Representação Fiscal.

Em síntese este é o Relatório.

VOTO VENCEDOR

I - RELATÓRIO

Por bem resumir a questão, peço vênia para adotar


como próprio o relatório empreendido pelo eminente Conselheiro
SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO:

(...).

Acórdão CTE Nº P-407/2012 2


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Sem maiores considerações, passo imediatamente à


análise da questão.

É o relatório, no que interessa ao julgamento.

II - VOTO

Voto pelo afastamento da remissão dada tanto no


julgamento de 1ª instância administrativa quanto no acórdão
por maioria da 1ª Câmara desse Conselho e mantida pelo voto do
relator dos autos nessa sessão plenária.
A motivação para o afastamento do benefício fiscal
é que não visualizo extinção do crédito aqui cobrado por não
haver ocorrência de nenhuma das hipóteses de remissão
previstas nas alíneas, do inciso IV, do art. 11 da Lei nº
6.765/06.
Pois, vejamos como está disposto o citado artigo:

Art. 11. Ficam extintos, por remissão:


...
IV - os créditos tributários, constituídos
ou não, relativos ao ICM/ICMS, inclusive
os decorrentes exclusivamente de
penalidades pecuniárias por descumprimento
de obrigações acessórias:
a) cujo valor principal originário seja
igual ou inferior ao equivalente a R$
10,00 (dez reais); ou
b) cujo valor atualizado em 31 de dezembro
de 2005 seja igual ou inferior a 20
(vinte) vezes a Unidade Padrão Fiscal do
Estado de Alagoas - UPFAL. (grifos nosso)

E aqui cabe interpretar o que foi dito e querido


pelo legislador. E essa interpretação é necessária, como bem
ensina Marcos Ehrhardt Jr 1:

“A determinação do direito, portanto,


exige sempre interpretação, não havendo,

1

Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 52-53.

Acórdão CTE Nº P-407/2012 3


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nos dias atuais, espaço para a velha


máxima in claris non fit interpretatio,
tradicionalmente empregada para se
sustentar a hoje superada tese de que as
leis claras interpretavam-se por si
mesmas... até para se concluir que a lei é
clara, faz-se necessário interpretá-la”
(grifo nosso)

A interpretação deve anteceder e buscar a correta


aplicação da lei, devendo ser direcionada ao fim social e ao
bem público no contexto cultural e histórico em que foi
editada. Dessa forma dispõe o art. 5º da Lei de Introdução às
Normas do Direito Brasileiro (Decreto-Lei nº 4.657/1942):

“Art. 5º Na aplicação da lei, o juiz


atenderá aos fins sociais a que ela se
dirige e às exigências do bem comum.”

Quando o julgador faz a tarefa de interpretar uma


norma, primeiramente busca o significado (finalidade), para
depois determinar o alcance (delimitação do seu campo de
incidência) da norma jurídica (em seu sentido amplo), nunca
criando um comando novo. Depois de feito isso, aí sim deve ser
aplicado o direito posto.
Outra premissa, é que quando houver sanções ou
privilégios legais, há de se utilizar sempre uma exegese
restritiva, limitando seu campo de atuação e não o ampliando,
conforme dispõe o Código Civil:

“Art. 114. Os negócios jurídicos benéficos


e a renúncia interpretam-se estritamente.”

Quando da remissão tributária – espécie de


renúncia fiscal – a análise restritiva encontra eco no art. 14
da Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar nº
101/2000) quando prevê medidas limitadoras para a sua
concessão.
Porém, importante destacar, a mesma norma abre
exceção, expressamente, à remissão de débitos inferiores ao
custo da sua cobrança, com o intuito exatamente de proteger o

Acórdão CTE Nº P-407/2012 4


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bem público de custos maiores do que o crédito que o Estado


teria a receber:

“Art. 14. A concessão ou ampliação de


incentivo ou benefício de natureza
tributária da qual decorra renúncia de
receita deverá estar acompanhada de
estimativa do impacto orçamentário-
financeiro no exercício em que deva
iniciar sua vigência e nos dois seguintes,
atender ao disposto na lei de diretrizes
orçamentárias e a pelo menos uma das
seguintes condições:
(...)
§ 1º A renúncia compreende anistia,
remissão, subsídio, crédito presumido,
concessão de isenção em caráter não geral,
alteração de alíquota ou modificação de
base de cálculo que implique redução
discriminada de tributos ou contribuições,
e outros benefícios que correspondam a
tratamento diferenciado.
(...)
§ 3º O disposto neste artigo não se
aplica:
(...)
II - ao cancelamento de débito cujo
montante seja inferior ao dos respectivos
custos de cobrança.”

Tal dispensa de crédito diminuto, que já inclui o


valor originário, sua atualização monetária e seus juros de
mora, por via de remissão encontra seu semelhante no Código
Tributário Nacional, quando lista as situações que permitem a
concessão deste tipo de perdão da dívida:

“Art. 172. A lei pode autorizar a


autoridade administrativa a conceder, por
despacho fundamentado, remissão total ou
parcial do crédito tributário, atendendo:
...
III - à diminuta importância do crédito
tributário;

Acórdão CTE Nº P-407/2012 5


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...”

As explicações que se seguiram são de extrema


relevância, servindo de base, para daqui, utilizando os
métodos de interpretação, se achar o significado (finalidade)
das alíneas, do inciso V, do art. 11 da Lei nº 6.765/06, já
transcritos, para depois determinarmos o alcance (delimitação
do seu campo de incidência) da norma jurídica (em seu sentido
amplo) e verificarmos que não é possível a aplicação da
remissão prevista ao caso concreto aqui julgado.
Isso porque não há dúvidas que a remissão aqui
discutida é para pequenos valores que não cobririam o custo de
sua cobrança, seja administrativamente, seja judicialmente.
Dessa forma considerou o legislador. Somente
valores pequenos são possíveis para a remissão prevista na Lei
nº 6.765/06. Para isso, iremos utilizar o roteiro
interpretativo proposto por Luciano Amaro 2:

“Dessa forma, a regra é justamente a


submissão do direito tributário ao
conjunto de métodos interpretativos
fornecidos pela teoria da interpretação
jurídica; por exceção, nas situações
disciplinadas expressamente, o intérprete
deve procurar (na medida em que isso seja
possível) dar preferência aos critérios
indicados pelo Código Tributário Nacional.
...
Assim sendo, o intérprete deve partir do
exame do texto legal, perquirindo o
sentido das palavras utilizadas pelo
legislador (na chamada interpretação
literal ou gramatical); cumpre-lhe,
todavia, buscar uma inteligência do texto
que não descambe para o absurdo, ou seja,
deve preocupar-se com dar à norma um
sentido lógico (interpretação lógica), que
a harmonize com o sistema normativo em que
ela se insere (interpretação sistemática),
socorrendo-se da análise das

2

Direito tributário brasileiro - Luciano Amaro. – 17. ed. – São Paulo : Saraiva, 2011.

Acórdão CTE Nº P-407/2012 6


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circunstâncias históricas que cercaram a


edição da lei (interpretação histórica),
sem descurar das finalidades a que a lei
visa (interpretação finalística ou
teleológica).”

Iniciando, então, pela interpretação literal 3.


Verifica-se da leitura do inciso IV com suas alíneas, do art.
14, da Lei nº 6.765/06, que temos duas orações ligadas pela
conjunção “OU”:
1ª oração: Ficam extintos, por remissão os
créditos tributários ... cujo valor principal originário seja
igual ou inferior ao equivalente a R$ 10,00 (dez reais).

OU

2ª oração: Ficam extintos, por remissão os


créditos tributários ... cujo valor atualizado em 31 de
dezembro de 2005 seja igual ou inferior a 20 (vinte) ...
UPFAL.
De acordo com as normas gramaticais, tais frases
são orações coordenadas, ou seja, não exercem funções
sintáticas em relação às outras, são independentes.

São também SINDÉTICAS por estarem ligadas por uma


conjunção coordenativa do tipo alternativa – OU -, indicando
escolhas de pensamento, ações que se alternam, exprimindo
exclusão. Ou é uma ou é outra, mas analisando sempre as duas.
Do que se conclui de que como são independentes
entre si, não existe ordem a ser seguida. Devem-se analisar as
duas orações para ver qual se encaixa melhor ao caso concreto.
Não é possível observar apenas a alínea “a” do inciso IV do
art. 14, sem também verificar a alínea seguinte. Se não fosse
dessa forma não existiria a alínea “b” na Lei. Porém essa
alínea está expressa no texto para ser avaliada. Analisando as
duas orações independentemente, aí sim, uma invariavelmente

3

“... para alguns, a primeira fase de todo e qualquer processo interpretativo, uma vez que restrita
apenas a aspectos lingüísticos (etimologia da palavra, pontuação, etc...), vale dizer, focada na busca do sentido
e alcance das palavras isoladas ou sintaticamente consideradas”. (Ehrhardt Jr, Marcos. Direito civil – LICC e
parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 53).

Acórdão CTE Nº P-407/2012 7


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exclui a outra, ou não aplicar nenhuma das duas se não for o


caso de remissão.

A primeira oração afirma que há de ser remido o


débito principal originário igual ou inferior a 10 UPFAL.

E quais as condições da 2ª oração, que se frise,


deve ser analisada em separado da primeira, pois, como já
dito, são independentes. As condições são: que no marco
temporal de 31 de dezembro de 2005 – primeira condição - o
valor atualizado do crédito tributário seja igual ou inferior
a 20 UPFAL - segunda condição.

Agora utilizando um exemplo hipotético para


entender a interpretação gramatical da norma de remissão:
temos um crédito tributário originário de R$ 10,00 (dez reais)
devidos por um fato gerador em 1995. Em 31 de dezembro de
2005, esse débito atualizado corresponde a 1000 UPFAL. Como
dito, são orações coordenadas, são independentes, o que
implica na análise das duas frases em separado, e somente
depois de verificá-las, é que se exclui uma delas. É valor
original menor que R$ 10,00 (dez reais)? É, mas que quando
atualizado no marco temporal legal (31/12/2005) é superior a
20 UPFAL. A alínea “b” exclui a primeira pelas condições
impostas nela.

Continuando com o exemplo: utilizando os mesmos R$


10,00 (dez reais) de crédito original, porém devido por um
fato gerador ocorrido em 01/01/2006. Essa data exclui de
imediato a alínea b do inciso IV do art. 11 (por ser oração
coordenada sindética alternativa – idéia de exclusão). Precisa
ser atualizado? Não. É menor ou igual a R$ 10,00 (dez reais)?
Sim. Está remido pela alínea “a”
O que quer dizer que, dando coerência ao texto,
devendo ser analisadas as duas orações, por serem
independentes, excluindo uma delas após esse exame, por serem
alternativas, e para evitar contradições, se depreende pela
interpretação lógica 4, que:

Acórdão CTE Nº P-407/2012 8


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1) utiliza-se a alínea “b”, se o valor do crédito


tributário atualizado em 31/12/2005 for igual ou menor que 20
UPFAL; OU
2) utiliza-se a alínea “a”, se o valor originário
do crédito devido após 31/12/2005 é igual ou menor a R$ 10,00
(dez reais).
E isso se encontra em total harmonia com sistema
jurídico (interpretação sistemática 5), pois vai ao encontro do
conceito de pequeno valor para se conceder a remissão de
acordo com o inciso III, do art. 173, do CTN e II, do § 3º, do
art. 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal, já citados.
Não sendo dessa forma, é ir contra o Código
Tributário Nacional e a Lei de Responsabilidade Fiscal, leis
complementares nacionais a serem aplicadas a todos os entes
federativos.

Ou seja, o Estado considera 20 UPFAL já


atualizados em 31/12/2005 ou R$ 10,00 (dez reais) de valor
originário a partir de 01/01/2006 como valor de pequena monta,
que não cobriria o seu custo de cobrança e, portanto deveriam
ser perdoados.

Agora, interpretando historicamente 6, dessa forma


é que se encontra delimitado na exposição de motivos
encaminhado junto à minuta do Projeto de Lei que originou a
Lei nº 6.765/06 (Processo SF nº 1500-24.216/2006), onde aqui
reproduzimos a parte referente ao caso aqui julgado:

“EXPOSIÇÃO DE MOTIVOS:

“... método que busca eliminar contradições, focando-se na busca por coerência mediante utilização
de regas dedutivas ou indutivas de raciocínio, para compreender o significado da norma em toda sua extensão”
(Ehrhardt Jr, Marcos. Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 53).
5

“... método que considera a norma analisada juntamente com as demais integrantes do mesmo
ordenamento jurídico, buscando contextualizá-la direta ou indiretamente como todas as outras... Pressupõe que
o texto normativo não existe isoladamente e sempre deve ser analisado em conjunto” (Ehrhardt Jr, Marcos.
Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 53).
6

“Aqui o interprete analisa os fatos que antecederam a propositura do projeto de lei, sua exposição de
motivos e justificativa... que permitem reconstruir o pensamento dominante ao tempo da edição da norma.”
(Ehrhardt Jr, Marcos. Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 54).

Acórdão CTE Nº P-407/2012 9


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1. A minuta em pauta estabelece:


...
g) art. 11, IV, remissão dos créditos
tributários do ICMS cujo valor originário
do imposto seja igual ou menor que dez
reais, consoante o Convênio ICMS 77/06, ou
cujo valor atualizado em 31 de dezembro de
2005 seja igual ou inferior a 20 (vinte)
vezes a Unidade Padrão Fiscal do Estado de
Alagoas – UPFAL. O objetivo é evitar criar
processos cujo custo de tramitação e
execução é maior que o valor do crédito
tributário a recuperar;” (grifo nosso)

E essa é a finalidade da remissão (interpretação


7
teleológica ) disposta no inciso IV, do art. 11, da Lei nº
6.765/06: dispensar apenas os créditos de diminuto valor, onde
seria mais caro cobrá-los do que dispensá-los, preservando
assim, com eficiência, celeridade e legalidade, o bem público.
Como dispensar créditos de valor originário de até R$ 10,00
(dez reais), mas bem antigos, que quando atualizados em
31/12/2005, podem dar valores altíssimos, que com grande folga
cobririam o custo de sua cobrança? Vai totalmente contra o fim
social da preservação do bem público no qual se inclui o
crédito tributário.

Tanto que, para esclarecer divergências na


aplicação da lei quanto a essa remissão, foi publicada a
INSTRUÇÃO NORMATIVA SEF Nº 24/2007, que interpreta
restritivamente o art. 11, IV, da Lei Nº 6.765 de 01 de
novembro de 2006, que trata de remissão de créditos
tributários do ICMS.

Utilizando das lições de Roberval Rocha Ferreira


Filho e João Gomes da Silva Júnior 8, a instrução normativa é

7

“Método que busca a finalidade social da lei, adaptando-a às exigências da comunidade” (Ehrhardt
Jr, Marcos. Direito civil – LICC e parte geral. Vol. 1. Editora Juspodivm. 2009. Pg. 54).
8

Direito Tributário – Teoria, Jurisprudencia e Questões; Ed. Jus Podium; 2007; pg. 47.

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norma infralegal que complementa a lei 9, esclarecendo e


auxiliando os aplicadores do direito, com o objetivo de
uniformizar procedimentos, prevenir conflitos tributários e
servindo de ferramenta para sua interpretação.

Inclusive, confirmando a doutrina, a competência


da instrução normativa para interpretar a legislação
tributária estadual está expressa na nossa Lei de processo
administrativo, Lei nº 6.771/06:

“CAPÍTULO II
DA INTERPRETAÇÃO NORMATIVA DA LEGISLAÇÃO
Art. 15. A interpretação normativa da
legislação tributária estadual será feita
por meio de instruções normativas do
Secretário Executivo de Fazenda e/ou
Secretário Adjunto da Fazenda Estadual e
de pareceres normativos elaborados pela
Diretoria de Tributação da Secretaria
Executiva de Fazenda - SEFAZ, devidamente
aprovados por aquelas autoridades.”

Portanto, não há como considerá-la ilegal ou mesmo


que inovou a lei, já que, como vemos em seu art. 1º, apenas
confirma e repete a interpretação restritiva dada aqui pelo
meu voto, extraído pelos diversos métodos da exegese relativo
ao inciso IV do art. 11 da Lei nº 6.767/06:

“Art. 1º Ficam extintos os créditos


tributários, conforme art. 11, IV, da Lei
nº 6.765, de 01 de novembro de 2006, cujo
valor:

9

CTN:
Art. 96. A expressão "legislação tributária" compreende as leis, os tratados e as convenções
internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e
relações jurídicas a eles pertinentes.
...
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos
decretos:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
...

Acórdão CTE Nº P-407/2012 11


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I - atualizado até 31 de dezembro de 2005,


assim considerado o montante de imposto,
multa, juros e atualização monetária,
corresponda a 20 (vinte) vezes a Unidade
Padrão Fiscal do Estado de Alagoas -
UPFAL;
II - principal originário, de 1º de
janeiro de 2006 a 6 de novembro de 2006,
sem adição de multa, juros e atualização
monetária, corresponda a R$ 10,00 (dez
reais).
Parágrafo único. No caso em que o valor
principal seja a multa, a atualização
corresponderá a juros e atualização
monetária.”

Diante do exposto, ACORDAM OS MEMBROS DO PLENO DO


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL por maioria de votos, conhecer do
presente Reexame Necessário para dar-lhe provimento devido à
constatação da não ocorrência da remissão prevista no art. 14,
IV, da Lei nº 6.765/2006. Afastada a remissão, necessário se
faz que haja o retorno dos autos para a 1ª Câmara desse
Conselho com a finalidade de novo julgamento apreciando a
existência de outras questões preliminares, e não havendo tais
prejudiciais, procedendo ao exame do mérito referente à
autuação fiscal.

Sala das Sessões do CTE, em Maceió, 09 de novembro de 2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO

PRESIDENTE RELATOR

MÁRIO SÉRGIO MARTINS DE CASTRO


VOTO VENCEDOR

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE A. FILHO LUCIANO PONTES DE M. GOMES


JULGADOR (Com Relator) JULGADOR(Com Voto Vencedor)

Acórdão CTE Nº P-407/2012 12


GOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DA FAZENDA
CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL

JOSÉ PEDRO DA SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR (Com voto vencedor) JULGADORA (Com voto vencedor)

PAULO DE TARSO DA C. SILVA MARIA LOPES MILHOMES


JULGADOR (Com Relator) JULGADORA (Com voto vencedor)

Acórdão CTE Nº P-407/2012 13


Governo do Estado de Alagoas
Secretaria da Fazenda
Conselho Tributário Estadual
_________________________________________________________________________

SESSÃO ORDINÁRIA Nº 03 DO PLENO DO CTE–Realizada em 09/11/2012


Processo n.º 1500-032622/2005Anexos: 1500-034776/2005; 1500-
027846/2007; 1500-016820/2009; 1500-020825/2009; 1500-
012037/2010; 1500-028308/2010.
Auto de Infração n.º 99.38119-003
Recorrente: Inter Maceió Distribuidora de Bebidas Ltda.
Recorrido: Estado de Alagoas
Relator: Paulo de Tarso da Costa Silva
PRESIDENTE: SÉRGIO GUILHERME DA SILVA FILHO
SECRETARIA: GENILZA COELHO DE OLIVEIRA

ACÓRDÃO Nº P- 408/2012

EMENTA: RECURSO ESPECIAL – NÃO


ATENDIMENTO DO DISPOSTO NO ART. 47 DA LEI
6.771/06 – DIVERGÊNCIA DE ENTENDIMENTO
NÃO DEMONSTRADA PELA RECORRENTE –
MATÉRIA JÁ AFASTADA PELA COORDENADORIA
DE JULGAMENTO E PELA 2ª CÂMARA DO CTE –
ACÓRDÃO INDICADOS NÃO GUARDAM RELAÇÃO
COM AS MATÉRIAS DECIDAS PELA 2ª CÂMARA –
RECURSO ESPECIAL NÃO CONHECIDO.

RELATÓRIO

Trata-se de Recurso Especial interposto perante o Pleno do


Conselho Tributário Estadual – CTE pela empresa INTER MACEIÓ
DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS LTDA, visando reformar o Acórdão n.º
182/2010, originário da 2ª Câmara do CTE, que entendeu pela procedência
parcial do Auto de Infração n.º 99.38119-003, conforme ementa de
julgamento que segue abaixo:

EMENTA – ICMS – FALTA DE RECOLHIMENTO DO


IMPOSTO, NÃO RETIDO POR SUBSTITUIÇÃO
TRIBUTÁRIA, NA ORIGEM. PRELIMINAR DE NULIDADE
AFASTADA. INOCORRÊNCIA DOS VÍCIO APONTADOS.
PRÁTICA INFRACIONAL AMPLAMENTE DEMONSTRADA
E COMPROVADA NOS AUTOS. EXCLUÍDAS DO

Acórdão CTE Nº P-408/2012 1


CÁLCULO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO OS VALORES
RELACIONADOS COM AS NOTAS FISCAIS LANÇADAS
ANTERIORMENTE ATRAVÉS DO PROCESSO SF-
022556/05. RECUSO ORDINÁRIO E REMESSA
OBRIGATÓRIA CONHECIDOS E NÃO PROVIDOS.
MANTIDA INTEGRALMENTE A DECISÃO RECORRIDA.

Em suas razões recursais, a Recorrente inicialmente tenta


demonstrar o cabimento do Recurso Especial com espeque nos artigos
45/47, da Lei Estadual 6.771/2006, apontando os acórdãos n.º 66/2002 e
029/2001 como divergentes da decisão da 2ª Câmara do CTE.

Segundo a Recorrente, “o julgamento atacado acolhe como


procedente a autuação nº 99.381119-003, datada de 05/12/2005, que exige
o ICMS antecipado, via substituição tributária, dos produtos adquiridos e
revendidos pela Recorrente”.

Ainda de acordo com as alegações da Recorrente, a Fazenda


Pública Estadual, através da autuação de número 99.38099-001, lavrada
contra a empresa COCAIS DISTRIBUIDORA DE BEBIDAS LTDA, fornecedora
da Recorrente, exige o mesmo ICMS, ocasionando duplicidade na cobrança
do ICMS, o que já foi vedado por este órgão, conforme decidido nos acórdãos
66/2002 e 029/2001.

Neste contexto, a Recorrente alega, no mérito, a impossibilidade


de ocorrência de “bis in idem”, sob a alegação de que o ICMS foi cobrado
tanto do fornecedor quanto da empresa destinatária da mercadoria. Aduz,
ainda, que a responsabilidade tributária deve ser atribuída ao remetente da
mercadoria, por se tratar de mercadoria sujeita à sistemática da
substituição tributária, razão pela qual sustenta que houve erro na eleição
do sujeito passivo.

Por fim, a Recorrente alega que houve violação ao princípio


constitucional da não-cumulatividade, uma vez que a fiscalização não
considerou os créditos decorrentes da aquisição da mercadoria, destacado
no documento fiscal, bem como ocorreu a duplicidade de autuações sobre o
mesmo fato gerador.

Instada se manifestar, a Representação Fiscal apresentou


contrarrazões ao Recurso Especial, alegando, em sede de preliminar, o não
cabimento do Recurso Especial interposto pela Recorrente, ao argumento de
que a questão da duplicidade de tributação, apontada como a divergência de
entendimento, já foi devidamente reconhecida e afastada pela Coordenadoria
de Julgamento, não sendo mais objeto de julgamento por este colegiado.

Acórdão CTE Nº P-408/2012 2


Assim, sustenta a Representação Fiscal que descabe falar em
duplicidade de tributação para fins de apontar a divergência de
entendimento, conforme disciplinado pelo art. 47 da Lei 6.771/06, motivo
pelo qual requer seja o Recurso Especial não conhecido por este Pleno do
CTE.

No mérito, a Representação Fiscal reitera os argumentos já


apresentados em sede de contrarrazões ao Recurso Ordinário, pugnando
pela manutenção da decisão da 2ª Câmara do CTE.

Requisitado diligência no sentido de observância do disposto no


parágrafo único do art. 47 da Lei Estadual n.º 6.771/06, a secretaria deste
Conselho realizou, como media preparatória para o julgamento do processo
pelo Pleno do CTE, a juntada das cópias dos acórdãos apontados como
divergentes, possibilitando o Relator analisar, com segurança, a
admissibilidade do Recurso Especial interposto pelo contribuinte.

No essencial, é o relatório.

VOTO

Antes da análise do mérito do presente Recurso Especial, existe


uma questão preliminar, de ordem processual, suscitada pela Representação
Fiscal, que deve ser enfrentada pelo Pleno deste órgão colegiado, a fim de
garantir o estrito cumprimento do devido processo legal, no tocante ao
cabimento do Recurso Especial.

Com efeito, o artigo 47 da Lei 6.771/06 diz que caberá Recurso


Especial ao pleno Conselho Tributário Estadual - CTE “quando a decisão de
qualquer Câmara divergir do entendimento sobre idêntica questão jurídica
manifestada por outra Câmara ou pelo Pleno” do CTE.

Em outros termos, se uma das câmaras do CTE proferir decisão


administrativa cujo posicionamento seja divergente de outra decisão
prolatada pela outra câmara ou pelo pleno do CTE, caberá Recurso Especial
nos moldes do art. 45, II, da Lei Estadual n.º 6.771/06.

No presente caso, conforme alhures já relatado, a Representação


Fiscal pugnou pelo não cabimento do Recurso Especial interposto pela
Recorrente, ao argumento de que a questão da duplicidade de tributação,
apontada como a divergência de entendimento, já foi devidamente

Acórdão CTE Nº P-408/2012 3


reconhecida e afastada pela Coordenadoria de Julgamento, não sendo objeto
do presente julgamento.

Por outro lado, aduz que os acórdãos indicados como


divergentes não possuem qualquer relação com as matérias versadas no
Recurso Especial, impondo-se, por conseguinte, o não conhecimento do
recurso.

Assiste razão a Representação Fiscal quanto ao não cabimento do


Recurso Especial. Isto porque a Recorrente apresentou como divergência o
fato de a Fazenda Pública Estadual, através da autuação de número
99.38099-001, lavrada contra a empresa COCAIS DISTRIBUIDORA DE
BEBIDAS LTDA, fornecedora da Recorrente, ter exigido o mesmo ICMS
cobrado no presente caso, ocasionando duplicidade na cobrança do ICMS, o
que já foi vedado por este órgão, conforme decidido nos acórdãos 66/2002 e
029/2001.

Acontece que a situação narrada acima foi devidamente afastada ainda


na primeira instância pela Coordenadoria de Julgamento, não cabendo,
portanto, ser apontada como motivo de divergência para fins de
conhecimento do recurso. De igual forma, os acórdãos apontados como
divergentes não guardam relação com as matérias suscitadas no Recurso
Especial interposto pela Recorrente.

Face ao exposto, ACORDAM OS MEMBRO DO PLENO DO CONSELHO


TRIBUTÁRIO ESTADUAL por unanimidade de votos de NÃO CONHECER
DO RECURSO ESPECIAL, diante da inobservância do artigo 47 da Lei
6.771/06.

Sala de sessões do C. T. E. Maceió/AL, 09 de novembro de


2012.

SÉRGIO GUILHERME A. DA S. FILHO PAULO DE TARSO DA C. SILVA

PRESIDENTE RELATOR

ÁLVARO ARTHUR LOPES DE A. FILHO SEGISMUNDO CERQUEIRA FILHO


JULGADOR JULGADOR

JOSÉ PEDRO DA SILVA ODETE MINEIRO DA PAZ


JULGADOR JULGADORA

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MÁRIO SÉRGIO M. DE CASTRO MARIA LOPES MILHOMES
JULGADOR JULGADORA

LUCIANO PONTES DE MAYA GOMES


JULGADOR

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