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ESTADO DE ALAGOAS

SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA


CONSELHO TRIBUTÁRIO ESTADUAL
2ª CAMARA DE JULGAMENTO

CTE Nº: 078/2016


PROCESSO Nº: 1500-020744/2003
AUTO DE INFRAÇÃO Nº: 038402
AUTUADA: COSTA RICA SOCIEDADE COMERCIAL LTDA.
TIPO: REEXAME NECESSÁRIO
RELATOR(A): PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS
PRESIDENTE: GERMANA MARIA L. DE O. MENDONÇA
SESSÃO ORDINÁRIA Nº 39 – REALIZADA EM

ACÓRDÃO CTE-2C Nº 245/2016

EMENTA: ICMS – OBRIGAÇÃO PRINCIPAL. 1. INEXATIDÃO NO


SALDO DA CONTA FORNECEDORES NO EXERCÍCIO DE 2000,
CARACTERIZANDO A EXISTÊNCIA DE PASSIVO FICTÍCIO. 2.
INFRAÇÃO DEVIDAMENTE AFASTADA PELAS PROVAS APRESENTADAS
PELA AUTUADA EM SUA DEFESA. 3. REEXAME NECESSÁRIO
CONHECIDO E IMPROVIDO. 4. LANÇAMENTO IMPROCEDENTE.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos.


ACORDAM os membros da 2ª Câmara de Julgamento do Conselho
Tributário Estadual – CTE, por unanimidade de votos, em conhecer
do Reexame Necessário para negar-lhe provimento, julgando o
lançamento improcedente.

GERMANA MARIA L. DE O. MENDONÇA PEDRO ÍCARO CAVALCANTE DE BARROS


Presidente Relator

IVAN CHAVES ALMEIDA PAULO DE TARSO DA COSTA SILVA


Julgador Julgador

JOSÉ RONALDO C. DE A. MENDONÇA


Julgador
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RELATÓRIO

Trata-se de Reexame Necessário em face da Decisão nº.


20.318/2016, proferida pela Coordenadoria de Julgamento, conforme
seguinte ementa:

LANÇAMENTO DE OFÍCIO – NO ÂMBITO DO ICMS. OBRIGAÇÃO


PRINCIPAL. FALTA DE RECOLHIMENTO DO ICMS,
RELATIVAMENTE A OMISSÃO DE SAÍDA CONFIGURADA PELA
CONSTATAÇÃO DE PASSIVO FICTÍCIO NA CONTA DE
FORNECEDORES. INFRAÇÃO DEVIDAMENTE ILIDIDA PELA
DEFESA. IMPOSSIBILIDADE DE EXIGÊNCIA DO CRÉDITO
TRIBUTÁRIO. AUTO DE INFRAÇÃO IMPROCEDENTE. PROCESSO
SUJEITO AO PROCEDIMENTO ORDINÁRIO. DECISÃO SUJEITA
AO REEXAME NECESSÁRIO PELO CONSELHO TRIBUTÁRIO
ESTADUAL – CTE.
A EMPRESA AUTUADA NO DOCUMENTO DE DEFESA TROUXE
ELEMENTOS SATISFATÓRIOS, NO SENTIDO DE DEMONSTRAR
QUE NÃO HOUVE O LANÇAMENTO FICTÍCIO NA CONTA DE
FORNECEDORES NO FINAL DO EXERCÍCIO DE 2000.
Relata-se nos autos que o contribuinte apresentou
inexatidão no saldo da conta fornecedores no exercício de 2000,
caracterizando a existência de passivo fictício no valor de R$
57.244,45 (cinquenta e sete mil, duzentos e quarenta e quatro
reais e quarenta e cinco centavos), conforme análise entre os
valores apresentados na DAC do exercício de 2000 e o saldo de
duplicatas do contribuinte, imputando-se o recolhimento de ICMS no
valor de R$ 9.731,56 (nove mil, setecentos e trinta e um reais e
cinquenta e seis centavos) e multa de 150% prevista no artigo 87,
da Lei nº. 5.900/96, totalizando o montante de R$ 24.328,89 (vinte
e quatro mil, trezentos e vinte e oito reais e oitenta e nove
centavos).

Instruem os autos a relação e cópia das duplicatas do


exercício 2000 quitadas no exercício de 2001; cópia da DAC, ficha
de atualização cadastral, cartão de autógrafo, cópia do Livro de
Ocorrências e Resumo do Débito.
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Devidamente intimada, a Autuada apresentou defesa


argumentando, em síntese, que houve um engano ao informar o valor
do saldo anterior da conta de fornecedores que foi confundido com
o campo outras contas a pagar, devendo ser considerado como o
valor correto na conta de fornecedores a quantia de R$ 114.904,89
(cento e quatorze mil, novecentos e quatro reais e oitenta e nove
centavos), conforme registrado no balanço patrimonial da empresa,
de forma que inexiste diferença tributável no caso em apreço. Para
a comprovação das suas alegações, a Autuada apresentou as cópias
da DAC, do balanço patrimonial da empresa, do Livro de Diário da
Conta de Fornecedores e dos comprovantes de pagamento das
duplicatas.

Em suas contrarrazões, a representação fiscal


simplesmente pediu a procedência da autuação, sem manifestar-se
sobre os documentos apresentados pela Autuada.

Ato contínuo, considerando-se a divergência de


informações constantes na DAC anexa ao lançamento e na DAC
apresentada pela Autuada em sua defesa, o julgador singular
expediu a Requisição de Diligência nº. 126/2012 para que DAMIF
verificasse se houve a entrega de DAC retificadora pelo
contribuinte e quais os dados contábeis efetivamente informados
pela empresa autuada.

Na resposta à diligência, a DAMIF anexou a cópia DAC


original entregue pelo contribuinte (idêntica àquela acostada pela
fiscalização) e informou que não houve a remessa de DAC
retificadora referente ao exercício de 2000.

Ao manifestar-se sobre os novos documentos acostados, a


Autuada ratificou que houve um engano e que a informação
registrada na DAC é inverídica e incorreta, devendo ser
considerados pela fiscalização os dados registrados nos livros
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contáveis da empresa já acostados aos autos.

Por sua vez, a representação fiscal alegou que o


contribuinte tem razão ao defender que os valores lançados em sua
contabilidade sejam os efetivamente apurados para fins de
fiscalização, contudo argumentou que, mesmo considerando tais
informações, persiste diferença no saldo da conta de fornecedores
passível de tributação, totalizando ICMS e multa no valor de R$
6.948,55 (seis mil, novecentos e quarenta e oito reais e cinquenta
e cinco centavos), logo o lançamento deverá ser julgado procedente
em parte.

Devolvidos os autos a Coordenadoria de Julgamento, o


julgador singular decidiu pela improcedência do lançamento, sob o
argumento de que “os documentos apresentados pela defesa, mostram-
se satisfatórios, no sentido de demonstrar que não houve
informação fictícia lançada na conta de fornecedores no final do
exercício de 2000, portanto descabe a exigência do ICMS, sob a
alegação de omissão de saída, dissimulada pela postergação de
pagamentos de obrigações de fornecedores no exercício de 2000”.

Dado ciência as partes e transcorrido o prazo sem a


apresentação de recurso, os autos foram enviados ao Conselho
Tributário Estadual para apreciação do reexame necessário.

É, no essencial, o relatório.

Maceió/AL, 18 de outubro de 2016.

Pedro Ícaro Cavalcante de Barros


Relator
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VOTO DO RELATOR

Trata-se de reexame necessário, nos moldes do artigo 48,


inciso I, da Lei nº. 6.771/06, em face da Decisão nº. 20.318/2016,
proferida pela Coordenadoria de Julgamento, na qual o julgador
singular decidiu pela improcedência do lançamento, sob a
justificativa de que o contribuinte apresentou em sua defesa
documentos suficientes para afastar a acusação de existência de
passivo fictício na conta de fornecedores.

Após a análise dos autos, não vislumbro necessidade de


modificação na decisão submetida à reexame.

A autuação fundamentou-se na existência de passivo


fictício na conta de fornecedores, mediante o confronto da
Declaração Anual do Contribuinte – DAC, relacionada ao exercício
de 2000 e o saldo de duplicatas do contribuinte.

Entende-se por passivo fictício a manutenção no passivo


de obrigações já pagas ou a manutenção no passivo de obrigações
cuja exigibilidade não seja comprovada, cujo objetivo é omitir ou
justificar receitas sem origem comprovada ou obtidas à margem da
escrituração contábil da empresa.

No caso em apreço, a empresa Autuada apresentou defesa


alegando que os valores informados na DAC foram declarados de
forma equivocada e não representam a sua realidade contábil.

Por sua vez, acostou aos autos o Levantamento da Conta de


Fornecedores acompanhado das duplicadas, comprovantes de pagamento
das despesas discriminadas e da Declaração de Imposto de Renda de
2001 (as fls. 25/28, do processo nº. 1500-033134/2003), afastando,
por conseguinte, a presunção de omissão de receita decorrente da
suposta existência de passivo fictício.

Com efeito, a DAC deve ser o espelho da escrituração


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contábil elaborada pelo contribuinte, todavia tais informações não


são absolutas, de forma que, quando os valores declarados não
condizem com as informações contidas nos livros e documentos,
deve-se averiguar na origem, ou seja, na própria documentação
fiscal do contribuinte, a veracidade e autenticidade desses dados.

Nesse sentido, a respeito da relatividade dos dados


informados na DAC, assim dispõe o artigo 3º, §3º, do Decreto nº.
38.469/2000, in verbis:

Art. 3º A DAC conterá, no mínimo, campos destinados


às seguintes informações:
§3º As informações constantes na DAC não serão
consideradas, presumindo-se falsas, se, solicitada
sua comprovação ao contribuinte, esta não ocorrer.
Portanto, sendo possível o confronto entre as informações
lançadas na DAC e aquelas efetivamente constantes nos registros
contábeis do contribuinte, bem como tendo a Autuada comprovado as
despesas discriminadas em sua conta fornecedores, mantenho a
decisão proferida pela Coordenadoria de Julgamento no sentido de
julgar improcedente o lançamento consignado nos autos, diante da
inexistência de passivo fictício.

É como voto.

Maceió/AL, 18 de outubro de 2016.

Pedro Ícaro Cavalcante de Barros


Relator
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RELATÓRIO

Trata-se do recurso ordinário em face da decisão n.º


20.119/2015, originária da Coordenadoria de Julgamento – CJ, que julgou
PROCEDENTE o lançamento consubstanciado no Auto de Infração n.º
70.9961507-003, protocolado em 25/10/2007, conforme ementa de julgamento
que passo a expor:

DECISÃO N.º 20.119 / 2015

EMENTA: ICMS. 1. Falta de recolhimento de imposto


em face do uso indevido de crédito fiscal. 2. Não
atendimento de exigências da legislação e de
cláusulas previstas em regime especial concedido
para regular ressarcimento de imposto pago por
substituição tributária. 3. Confessado o
cometimento das irregularidades apuradas. 4. O
contribuinte não provou a realização das operações
interestaduais ensejadoras do direito ao
ressarcimento do imposto. 5 Caracterizada a
inidoneidade das notas fiscais emitidas para fins
de ressarcimento. 6. Crédito fiscal indevido. 7.
Infração demonstrada nos autos. 8. Devida a
cobrança de imposto e aplicação de penalidade. 9.
Lançamento PROCEDENTE

Trata-se de Auto de Infração lavrado contra VIA FARMA LTDA,


para exigência de crédito tributário referente a imposto e multa, por
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deixar de recolher imposto em razão do uso indevido de crédito fiscal nos


meses de janeiro e fevereiro de 2006, relativo às notas fiscais nrs.
912347 e 923511, emitidas para ressarcimento de imposto pago por
substituição tributária.

A descrição fática contida na peça vestibular contém a


seguinte narrativa: “Deixou de recolher o ICMS em decorrência da
utilização indevida de crédito fiscal destacado no(s) documentos fiscais
inidôneo(s) abaixo relacionado(s)”

No seu complemento aponta que a autuada não cumpriu os


requisitos estabelecidos na legislação e firmados pelo contribuinte
quando da sua opção ao Regime Especial publicado no Diário Oficial em
27/08/2004, dentre eles: a) ausência de informação dos números das notas
fiscais originárias dos respectivos ressarcimentos; b) ausência do visto
prévio da autoridade fazendária nas notas fiscais – originárias do
crédito; c) descumprimento da entrega dos relatórios referente às saídas
destinadas a outras unidades da federação, motivadoras do ressarcimento,
bem como das Guias Nacionais de Recolhimento de Tributos Estaduais
referente às operações interestaduais geradoras do ressarcimento.

No corpo do Auto de Infração ressalta-se que durante a ação


fiscal o contribuinte foi intimado para apresentar as informações
supramencionadas, restando não provadas por insuficiência já que não
existem coincidências entre os valores de ICMS recolhidos apresentados no
CD, em 19/06/2007, em face do ICMS que deveriam ter sidos recolhidos das
respectivas notas fiscais de saída.

Capitula a infração com base nas seguintes normas: art. 24 da


Lei n.5900/96 combinado com art. 96, X da RICMS, aprovado pelo Decreto n.
35.245/91, art. 2º do Decreto n. 37.263/1997 combinado com as cláusulas
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terceira e oitava do Regime Especial, concedida através do Processo


n.1500-011674/2004, publicado no DOE em 27/08/2004.Aplica a penalidade do
art. 93 da Lei n. 5900/96.

O nobre julgador da Coordenadoria de Julgamento julgou


procedente o lançamento tributário, trazendo os seguintes fundamentos:
a) “Ainda em preliminar, indefiro o pedido de diligência....
Por fim, nos autos existem elementos suficientes para
formação de um juízo de convencimento;”
b) “No mérito, cinge-se a contenda fiscal em resolver pela
legitimidade ou não de créditos fiscais utilizados
decorrentes de documentos fiscais emitidos para
ressarcimento de imposto pago por substituição..... Por sua
vez, a autuada impugna a exigência fiscal admitindo não ter
observado exigências da legislação na emissão dos indicados
documentos fiscais, emitidos para fins de ressarcimento do
imposto, porém defende a legitimidade dos créditos alegando
ter realizado as operações que lhe asseguram esse direito;”
c) “Percebe-se, portanto, ser incontroverso que as notas
fiscais objeto da autuação (fls. 18 e 19) foram emitidas em
desacordo com a legislação, especialmente as estabelecidas
no Decreto nº 37.263/1997, que dispõe sobre procedimentos
para ressarcimento do ICMS dos produtos sujeitos ao regime
de substituição tributária. Frisando que tais procedimentos
foram integralmente reproduzidos nas cláusulas do regime
especial concedido ao contribuinte com essa mesma
finalidade.”
d) “No caso em análise, os elementos constantes dos autos
demonstram que a autuada, ao não obter o visto prévio da
SEFAZ nas notas fiscais emitidas para fins de
ressarcimento, também deixou de informar as características
básicas dos documentos fiscais (números e data de emissão)
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relativas as operações interestaduais ensejadoras do


ressarcimento do ICMS substituição tributária. O mesmo
ocorrendo quando da intimação fiscal para apresentação
desses documentos e respectivos comprovantes de
recolhimentos do imposto no início da presente ação fiscal”
e) “Ressalte-se que caberia a autuada o ônus de provar que
teria direito aos desautorizados créditos fiscais, apesar
de ter descumprido obrigações acessórias fundamentais para
ressarcimento regular do imposto, o que não ocorreu;”
f) “Importa frisar que o motivo principal para desautorização
do crédito fiscal em questão se deve ao fato de a autuada
não ter provado a realização regular das operações
interestaduais ensejadora do direito ao ressarcimento e
crédito do imposto correspondente. Assim, independentemente
das notas fiscais indicadas serem consideradas idôneas ou
não, o crédito fiscal foi corretamente desconsiderado
porque a autuada não provou que tinha direito a eles.”

O contribuinte, no seu Recurso Ordinário, aduz que:

a) os autuantes ocorreram em erro de direito quando


imputaram a infração ao art. 34 da Lei n. 5.900/96 e
arts. 96, X e 207 do RICMS/91, por considerar que não se
poderia atribuir a conduta de haver o creditando
indevidamente de ICMS referente às entradas de
mercadorias desprovidas da documentação fiscal inidônea.

b) os fatos descritos não se harmonizam com a capitulação


legal apontada;

c) “3.8. ... independentemente da forma, método ou


processo, por ela utilizado para apurar o ressarcimento
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do imposto, o fato de não haver atendido as exigências


das normas atinentes à atividade exercida pela autuada,
não poderia invalidar, ou impedir a mesma de aproveitar
o referido crédito...”;

e) “3.13. ... o fato de não ter obtido o “visto prévio”


nas Notas Fiscais, ou deixado de fornecer as cópias das
GNRE‟s, correspondentes às operações interestaduais que
gerou o ressarcimento do tributo, não autorizava os agentes
fiscais a tipificar as infrações noticiadas...”;
f) desconsiderar créditos de ICMS por descumprimento de
obrigações acessórias é “um abuso”;
g)que o excesso de notas fiscais e de exigências impostas
para o controle de tais operações impossibilitam o
cumprimento das obrigações acessórias ;
h) a instrução processual não comprova os ilícitos
arguidos.
Por fim, requer diligência para que os atuantes
verificassem detalhadamente a pertinência entre as operações
interestadual que fundamentaram o ressarcimento do ICMS e
requer a improcedência do lançamento tributário.

Nas Contrarrazões ao Recurso Ordinário, a Representação Fiscal


argumentou que os autos demonstram que a autuada descumpriu os
procedimentos, ocasionando impossibilidade de identificação sobre a
ocorrência da operação interestadual originária do suposto crédito de
ICMS a ser ressarcido. Por fim, requer a manutenção do lançamento
tributário.
Assim, chegam os autos ao CTE.
É o relatório.
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Maceió, 07 de junho de 2016.

Ivan Chaves de Almeida


Relator
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VOTO

DA PRELIMINAR

DA TEMPESTIVIDADE

Conheço o recurso pelo cumprimento da tempestividade,


considerando que entre a publicação da segunda e a terceira publicações
os Editais, os autos, aparentemente, foram encaminhados à PGE (sistema
gestor), ocasionando possível preterição de defesa, devendo ser
considerado o último Edital para a contagem do prazo recursal.

DA DILIGÊNCIA

O recorrente requer a concessão de diligência por entender que


seria necessário para o exercício de um exame mais analítico dos
documentos fiscais do contribuinte.
Não assiste razão a recorrente, visto que as provas presentes
nos autos são suficientes para que o livre convencimento do julgador,
como bem fundamentou o julgador singular.

“Primeiro, porque a solicitada análise da pertinente


documentação fiscal já foi oportunizada pela
fiscalização quando da intimação fiscal para
apresentação de livros e documentos fiscal no início
da ação fiscal (fls. 06 a 09), que não foi
devidamente atendida.
Segundo, as informações prestadas pela defesa via
“CD”(fl. 371 – Processo Anexo) sequer identificam o
número das notas fiscais que embasariam o pretendido
ressarcimento de imposto. Informação, essa,
minimamente necessária para demonstrar a existência
dos documentos a serem analisados.
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Terceiro, porque é da autuada o ônus de provar a


inocorrência da denunciada infração, já que ela mesma
admite ter descumprido exigências da legislação para
regular ressarcimento de imposto. E o alegado
quantitativo de documentos fiscais não justifica
desincumbisse desse ônus, considerando que não foi
obstáculo para apuração do pretendido ressarcimento.
Por fim, nos autos existem elementos suficientes para
formação de um juízo de convencimento.

DO MÉRITO

O contraditório trazido pelo Recorrente se resume em analisar


se o descumprimento das formalidades exigidas na legislação e nas
cláusulas do seu Regime Especial – fato incontroverso - é suficiente para
que o Fisco impute a infração de utilização de créditos indevidos de ICMS
– substituição tributária - referente às operações interestaduais
originárias do ressarcimento de ICMS.
O Decreto n. 37.263/97 determina procedimentos a serem adotados
pelo contribuinte para que tenha direito ao ressarcimento do ICMS
substituição tributária.
Art. 1º Nas operações com produtos submetidos ao regime
de substituição tributária, fica estabelecido, em
relação ao ressarcimento do imposto retido, o tratamento
previsto neste Decreto.

Art. 2º Nas operações interestaduais, entre


contribuintes, com mercadorias já alcançadas pela
substituição tributária, terá o sujeito passivo
realizador desta operação direito ao ressarcimento do
imposto, quando o valor do imposto normal da operação
destacado na nota fiscal for inferior ao somatório das
parcelas do ICMS normal e do retido na aquisição mais
recente.

§ 1º O valor do ICMS a ser ressarcido ao contribuinte


corresponderá à diferença a maior entre o somatório do
ICMS normal e do ICMS retido, calculados na antecipação
originária, e o ICMS normal, calculado pelo revendedor,
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obedecida a proporcionalidade com a quantidade saída.

§ 2º Quando for impossível determinar a correspondência


da operação relativa à aquisição do respectivo produto,
tomar-se-á o valor do imposto retido e do normal na
aquisição mais recente.

§ 3º Para fins do ressarcimento do imposto previsto


neste artigo, deverá o contribuinte adotar os seguintes
procedimentos:

I - emitir nota fiscal contra o respectivo fornecedor,


exclusiva para este fim, contendo, além das exigências
regulamentares, as seguintes indicações:

a) natureza da operação: “Ressarcimento do ICMS”;

b) número e data de emissão da nota fiscal emitida pelo


beneficiário para outro Estado;

c) declaração: “Nota Fiscal emitida para efeito de


ressarcimento, de acordo com o art. 2º do Decreto
nº .............../97 (Conv. ICMS 81/93)”;

d) valor do imposto a ser ressarcido;

II - obter visto prévio, junto à Coordenadoria Regional


de Arrecadação e Fiscalização de seu domicílio fiscal,
da nota fiscal referida no inciso anterior, entregando,
neste ato, cópia da mesma, acompanhada de relatório
referente às saídas destinadas a outras unidades da
Federação, ensejadoras do ressarcimento, onde conste as
seguintes informações:

1 - número da nota fiscal e data de sua emissão;

2 - discriminação e quantidade das mercadorias saídas;

3 - nome do adquirente, CGC/MF e inscrição estadual;

4 - preço praticado na saída;

5 - valor do ICMS destacado na saída;

6 - valor do ICMS normal e do retido na operação


anterior de aquisição;

7 - valor do ICMS retido em favor da unidade federativa


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de destino das mercadorias;

8 - demonstrativo do ICMS a ressarcir;

III - remeter, ao fornecedor, a 1ª via da nota fiscal de


ressarcimento, referida no inciso anterior, após o visto
da Fazenda Estadual.

§ 4º Somente ensejará direito ao ressarcimento do


imposto as operações interestaduais respaldadas por
notas fiscais devidamente carimbadas e visadas por
funcionário fiscal em plantão no Posto Fiscal de
Fronteira do Estado, por ocasião do trânsito da
mercadoria por este, ou, na falta do Posto, pela Agência
de Fazenda Estadual do Município fronteiriço.

§ 5º A cópia da Guia Nacional de Recolhimento de


Tributos Estaduais - GNR, referente à operação
interestadual que gerou o direito ao ressarcimento,
deverá ser entregue à Coordenadoria Regional de
Arrecadação e Fiscalização de domicílio fiscal do
contribuinte, até 10 (dez) dias após a data prevista
para pagamento.

§ 6º No caso de descumprimento do disposto no parágrafo


anterior, não mais será visada qualquer outra nota
fiscal de ressarcimento do contribuinte omisso, até que
se cumpra o exigido.

§ 7º O visto prévio de que trata o inciso III do § 2º


deste artigo não implica reconhecimento da legitimidade
do direito ao ressarcimento, nem homologação dos
lançamentos efetuados pelo contribuinte, não impedindo o
fisco de, mediante verificação de que não foi efetivada
a operação geradora do ressarcimento, ou efetivada em
valor menor que o declarado, cobrar, com os acréscimos
legais, o ICMS eventualmente ressarcido.

§ 8º Em qualquer caso, o ressarcimento somente poderá


ser efetivado se cumpridas as formalidades a que se
refere este artigo.

Art. 3º O estabelecimento fornecedor que, na condição de


responsável por substituição, houver efetuado a primeira
retenção do imposto, ao receber a 1ª via da nota fiscal
emitida para fins de ressarcimento, visada nos termos do
§ 3º do artigo anterior, poderá deduzir, do próximo
recolhimento a ser feito a este Estado, a importância do
imposto objeto do ressarcimento.
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Art. 4º A nota fiscal de ressarcimento será escriturada:

I - pelo emitente, no livro Registro de Saídas,


utilizando-se apenas as colunas “Documentos Fiscais” e
“Observações”, fazendo constar nesta a expressão:
“Ressarcimento do imposto retido - Decreto
nº ............/97”;

II - pelo destinatário do documento, no livro Registro


de Apuração do ICMS, em folha subseqüente à destinada à
apuração do imposto referente as operações próprias,
reservada a apuração do imposto por substituição
tributária, no quadro “Crédito do Imposto - Outros
Créditos”, com a expressão “Ressarcimento do imposto
retido - Decreto nº ......../97”.

Art. 5º Este Decreto entra em vigor na data de sua


publicação.

Da leitura do regramento estabelecido no referido Decreto,


percebe-se que o seu formalismo tem uma razão de ser fática, qual seja:
demonstrar que aquelas mercadorias adquiridas anteriormente pelo
contribuinte sobre o regime de substituição tributária – com o seu
recolhimento devido do ICMS substituição tributária – foram efetivamente
destinadas a outros contribuintes localizados além das fronteiras do
Estado de Alagoas e que efetivamente a presunção legal das ocorrências
das operações subsequentes – até o consumidor final – não se realizaram
de fato no Estado de Alagoas.
Para isso, o contribuinte deveria basicamente: a) emitir a nota
fiscal da operação interestadual das mercadorias sujeitas à substituição
tributária; b) comprovar que essas mercadorias foram anteriormente
internalizadas no Estado (notas fiscais de entrada) e o seu ICMS
substituição tributária foi devidamente recolhido quando da sua aquisição
pelo contribuinte localizado no Estado de Alagoas (guias GNRE); c) a
emissão da nota fiscal de ressarcimento contendo identificação das
respectivas notas fiscais interestaduais de saídas originárias do
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ressarcimento; d) a submissão ao visto da Fazenda para a verificação da


nota fiscal de ressarcimento quanto a veracidade das informações; e) a
submissão da notas fiscal de saída interestadual ao visto no posto fiscal
de fronteira para atestar sobre a transposição de fronteiras das
respectivas mercadorias.
Durante toda a ação fiscal e o no curso processual, o
contribuinte acostou relatórios gerencias (fls. 33 a 72, proc. defesa),
notas fiscais de vendas interestaduais (período de 2003 a 2006)
desprovidas, na sua grande maioria, do comprovante de recolhimento do
respectivo ICMS substituição tributária e CD contendo a apuração do ICMS
a ressarcir. Contudo, tais documentos não demonstram que essas notas
fiscais de vendas interestaduais referentes aos períodos de 2003 a 2006
foram motivadoras (originárias) dos ressarcimentos estampados nas notas
fiscais 912347 e 923511 emitidas em janeiro e fevereiro de 2006, com os
seus respectivos valores R$ 398.625,35 e R$ 322.182,40, porquanto a
ausência de cumprimento das formalidades estabelecidas no Decreto n.
37.263/97 ocasionou uma desvinculação entre as operações, na medida em
que não se tem o relacionamento direto entre as vendas interestaduais e a
notas fiscais de ressarcimento, bem como o impedimento ao real controle
dos valores de ICMS efetivamente recolhidos e os valores de ICMS a serem
ressarcidos.
Dessa forma, não existe razão a tese recursal que a exigências
formais são impossíveis de serem cumpridas devido ao volume de operações
realizadas pela autuada e que são descabidas para o fim desejado, pois
bastaria que em cada operação de venda interestadual e para cada nota de
ressarcimento fossem estabelecidos parâmetros de controle – conforme
previamente previsto no seu regime especial – de forma a identificar –
finalidade - a realização efetiva de cada operação de ressarcimento e o
efetivo recolhimento dos ICMS respectivos das operações de aquisição e de
saída de mercadorias.
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O contribuinte também alega que os autuantes ocorreram em erro


de direito quando imputaram a infração ao art. 34 da Lei n. 5.900/96 e
arts. 96, X e 207 do RICMS/91, por considerar que não se poderia atribuir
a conduta do suposto creditando indevidamente de ICMS referente às
entradas de mercadorias desprovidas da documentação fiscal inidônea.
Realmente ocorreu um equivoco na titulação das normas imputadas ao
autuado, contudo a discrepância entre o fato narrado e a sua tipificação
não tem o condão de ferir o âmago do lançamento tributário, e muito
menos, de gerar a inviabilidade ou o cerceamento da defesa do
contribuinte. Visto que, neste último aspecto, as peças defensivas detêm
teses satisfatórias, demonstrando a plena ciência do contribuinte sobre a
imputação fática constante na inicial. Nesse ponto, a jurisprudência
entende que o “acusado ou réu” se defende da imputação fática e não da
tipificação intitulada na peça acusatória:

HABEAS CORPUS. CONDENAÇÃO POR ROUBO CIRCUNSTANCIADO.


ALEGAÇÃO DE MUTATIO LIBELLI. NÃO-OCORRÊNCIA. SENTENÇA
QUE APENAS ALTEROU A CLASSIFICAÇÃO JURÍDICA DA CONDUTA.
FATOS DESCRITOS NA DENÚNCIA. EMENDATIO LIBELLI (ART. 383
DO CPP). ORDEM DENEGADA.

1. Como cediço, se os fatos narrados na denúncia,


de forma explícita ou implícita, autorizam nova
definição jurídica, ocorre a emendatio libelli e
não a mutatio libelli, tendo em vista que o réu se
defende da imputação fática e não da imputatio
iuris.

2. O entendimento do magistrado, contrariamente à


denúncia, de que a imediata recuperação dos
objetos, devido à prisão em flagrante, não exclui a
consumação do roubo, subsume-se à hipótese prevista
no art. 383 do CPP (emendatio libelli), porquanto
representa, apenas, interpretação jurídica diversa
sobre o mesmo fato.

3. Ordem denegada (STJ. HC 52231/ SP. DJ 22.10.07)


(grifei)

Ademais, dispõe o art. 250 do Código de Processo Civil/73, de


aplicação subsidiária ao processo administrativo tributário:
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“Art. 250. O erro de forma do processo acarreta


unicamente a anulação dos atos que não possam ser
aproveitados, devendo praticar-se os que forem
necessários, a fim de se observarem, quanto
possível, as prescrições legais. Parágrafo único.
Dar-se-á o aproveitamento dos atos praticados,
desde que não resulte prejuízo à defesa.”

No mesmo sentido, e ainda somente para ilustrar, a dicção dos arts.


563 e 566 do Código de Processo Penal, sendo certo que o direito há que
ser visto como um todo, e os compartimentos em que se divide são unidades
sistemáticas com fins de organização e didática, mas não se blindam, não
são herméticas ou incomunicáveis entre si:

“Art. 563. Nenhum ato será declarado nulo, se da


nulidade não resultar prejuízo para a acusação ou
para a defesa. (...) Art. 566. Não será declarada a
nulidade de ato processual que não houver influído
na apuração da verdade substancial ou na decisão da
causa.”

Observe-se, ainda, que a Lei nº 6.771/2006, nos termos do § 1º do


art. 7º, acolheu norma de sentido similar:

“§ 1º As eventuais incorreções ou omissões e a não


observância de exigências meramente formais
contidas na legislação não acarretam a nulidade do
ato administrativo, desde que seja possível
determinar a natureza da infração, o sujeito
passivo e o montante do crédito tributário, devendo
ser corrigidas e suprimidas as incorreções e
omissões por determinação da autoridade competente,
desde que o fato não acarrete prejuízo à defesa do
sujeito passivo.” (grifei)

Os fatos narrados espelham que o contribuinte utilizou créditos


indevidos provenientes de valores gerados pelos ressarcimentos de ICMS
substituição tributários desprovidos de documentos idôneos na medida em
que não foram cumpridas as formalidades exigidas na legislação.
A inocorrência das operações subsequentes na sistemática da
substituição tributária admite, regra geral, o ressarcimento dos valores
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recolhidos de ICMS substituição tributária após decisão administrativa do


processo de ressarcimento a ser requerido pelo suposto detentor do
direito.

Lei n. 6771/06:

Art 27 - É assegurado ao contribuinte substituído o


direito à restituição do valor do imposto pago por
força da substituição tributária, correspondente ao
fato gerador que não se realizar.
§ 1º - Formulado o pedido de restituição e não
havendo deliberação no prazo de 90 (noventa) dias,
o contribuinte substituído poderá se creditar, em
sua escrita fiscal, do valor objeto do pedido,
devidamente atualizado, segundo os mesmos critérios
aplicáveis ao tributo.
§ 2º - Na hipótese do parágrafo anterior,
sobrevindo decisão administrativa contrária
irrecorrível, o contribuinte substituído, no prazo
de 15 (quinze) dias da respectiva
(ciência)notificação, procederá ao estorno dos
créditos lançados, também devidamente atualizados,
com o pagamento dos acréscimos legais cabíveis.

Apesar da regra geral, persiste na legislação a adoção de regra


específica que consiste na possibilidade de compensação imediata dos
valores do ICMS substituição tributária, ao invés da submissão ao longo
processo de ressarcimento. Para a adoção dessa opção mais vantajosa, o
contribuinte deveria se submeter ao regime especial de tributação,
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conforme previsão contida no art. 168 da Lei 4.418/82, art. 43 da Lei n.


5.900/96 e art. 947 do RICMS/91.
A autuada fazia jus ao procedimento especial concedido pela
Sefaz, publicado no DOE em 27 de agosto de 2004, o qual permitia que o
contribuinte utilizasse o valor que seria ressarcido como crédito a ser
abatido do valor do ICMS substituição tributária oriundos de estado não
signatário do Convênio ICMS 76/94, bastando para isso haver o lançamento
nos livros fiscais do contribuinte, sem necessidade da submissão ao
processo administrativo de ressarcimento, desde que a interessada
adotasse os procedimentos estabelecidos no Regime Especial (fls. 14 a 16,
proc. inicial).
Por todo o contexto, o fato narrado contempla na sua inteireza a
conduta infracional e, com base no art. 30 da Lei n. 6771/06 1, considero
o autuado incurso no Decreto n. 37.263/1997 e Regime Especial concedido
ao contribuinte (fls. 14 a 16, proc. inicial), bem como nas seguintes
normas:
Lei n. 5.900/96:

Art 27 - É assegurado ao contribuinte substituído o


direito à restituição do valor do imposto pago por
força da substituição tributária, correspondente ao
fato gerador que não se realizar.
Art. 39 - O período de apuração do imposto
obedecerá o previsto na legislação tributária,
considerando-se as obrigações vencidas na data em
que termina o mencionado período de apuração e

1 Art. 30. Desde que mantidas as mesmas circunstâncias materiais em que se fundou o ato original de constituição
do crédito tributário, poderá o julgador dar ao fato apurado definição jurídica diversa da que constar no auto de
infração, inclusive relativamente:
I - à penalidade ou penalidades aplicáveis ao infrator ou a quem deva responder pela infração, nos termos da lei; e
II - à fixação da quantia da pena, respeitados os limites legais.
Parágrafo único. Apurando-se no mesmo processo a prática de duas ou mais infrações, pela mesma pessoa natural
ou jurídica, aplicam-se cumulativamente, no grau correspondente, quando for o caso, as penas a ela cominadas.
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podendo ser liquidadas por compensação ou mediante


pagamento em dinheiro, na seguinte forma:

§ 4º Salvo nas hipóteses previstas na


regulamentação do imposto, é vedada a utilização de
crédito para compensar o imposto devido:
I - por substituição tributária;

Art. 43 - O Regulamento estabelecerá a forma e os


prazos para o recolhimento do imposto, admitida a
distinção em função de categorias, grupos ou
setores de atividades econômicas.

RICMS/91

Art. 947. O Secretário da Fazenda objetivando facilitar


ao contribuinte o cumprimento das obrigações
tributárias, mediante despacho, poderá conceder Regime
Especial para o pagamento do imposto, emissão de
documento e escrituração de livros fiscais, assegurados,
em qualquer caso, o montante do imposto devido, o
controle e a perfeita identificação das operações.

§1º - O despacho que conceder o Regime Especial


estabelecerá normas especiais a serem observadas pelos
contribuintes.

Tendo como norma consequente, a sanção prevista no art. 93 da


Lei n. 5900/96:
Art. 93. Utilizar crédito indevido ou inexistente,
desde que resulte na falta de recolhimento do
imposto:
MULTA - equivalente a 60% (sessenta por cento) do
valor do crédito indevido ou inexistente
efetivamente utilizado
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Por último percebe-se nos autos que há o Despacho do GT-


Medicamentos, de 19 de agosto de 2011, noticiando que a referida ação
fiscal foi iniciada após o recebimento do Ofício do Ministério Publico de
Alagoas n. 2.247/2005 que dava conta da existência de possíveis crimes
contra ordem tributária pelo cometimento das mesmas condutas contra o
Fisco Estadual de Pernambuco, conforme Ofício do Ministério Público do
Estado de Pernambuco - CAOP n. 248/2005 e Auto de Infração – Sefaz-PE- n.
1889680282193-3 (fls. 382 a 389 do proc. 1500-000502/2008).

Diante desse fato e de todas as provas coletadas nos autos,


identifico que há a possibilidade da ocorrência de crime contra ordem
tributário e determino que, após o trânsito em julgado administrativo, as
cópias dos autos sejam enviadas ao Ministério Público de Alagoas.

RPAT:

Art. 189. Ressalvado o disposto no art. 188 deste Regulamento, são


definitivas na esfera administrativa as decisões:

§ 2º A decisão definitiva de procedência do lançamento de crédito


tributário relacionado a crime contra a ordem tributária será notificada
ao Ministério Público do Estado de Alagoas, instruída com a cópia
reprográfica dos autos do respectivo processo administrativo
tributário.

Pelo exposto, conheço do Recurso Ordinário, dou-lhe


improvimento, considerando , nos termos do art. 30 da Lei n. 5900/96, que
houve infração aos arts. 27, 39 caput e § 4º da Lei 5.900/96; art. 43 da
Lei n. 5900/96 c/c art. 947 do RICMS/91 , as cláusulas do Regime
Especial, concedido em 27 de agosto de 2004, e Decreto n. 37.263/1997,
mantendo higidez da decisão da Coordenadoria de Julgamento em relação à
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penalidade , art. 93 da Lei n. 5900/96 e o valor do crédito tributário


exigido.

Após o trânsito em julgado, as cópias dos autos devem ser


encaminhadas ao Ministério Público Estadual, nos termos do art. 189, § 2º
do Regulamento do Processo Administrativo Tributário, aprovado pelo
Decreto n. 25.370/2013.

É como voto.
Maceió, 07 de julho de 2016.

Ivan Chaves de Almeida


Relator

EMENTA – EMENTA: ICMS. 1. Falta de recolhimento de


imposto em face do uso indevido de crédito fiscal.
2. Não atendimento de exigências da legislação e de
cláusulas previstas em regime especial concedido
para regular ressarcimento de imposto pago por
substituição tributária. 3. Confessado o
cometimento das irregularidades apuradas. 4. O
contribuinte não provou a realização das operações
interestaduais ensejadoras do direito ao
ressarcimento do imposto . 5 Caracterizada a
inidoneidade das notas fiscais emitidas para fins
de ressarcimento. 6. Crédito fiscal indevido. 7.
Infração demonstrada nos autos. 8. Devida a
cobrança de imposto e aplicação de penalidade. 9.
Recurso conhecido e improvido. 10. Alteração
somente das normas infringidas. 11. Penalidade e
valor da exação incólumes.
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VOTO DO RELATOR.
Inicialmente, conheço do reexame necessário pelo
cumprimento do requisito previsto no art. 48 da Lei n.6.771/06.
No mérito, a decisão da Coordenadoria de Julgamento
teve como conclusão a nulidade do lançamento sob o fundamento que o
contribuinte estava dispensado da obrigação acessória por se encontrar na
condição de microempresa.
Ocorre que, após os resultados das diligências
requeridas por esse Conselho, ficou esclarecido que o contribuinte
detinha a condição de regime normal de apuração durante o período
auditado e que, em momento posterior, o autuado confessou a sua infração
e quitou a sua dívida, conforme confissão de débito n. 987604 e relato
contido no Despacho DIPLAF n. 2891/2014 (fl. 52, proc. defesa).
Dessa forma, resta considerar encerrado o processo
administrativo (art. 17, incisos III e V da Lei n. 6.771/06) e declarar a
extinção do crédito tributário pelo seu pagamento (art. 156, I do CTN)
efetuado nos moldes do Programa de Parcelamento Incentivado previsto no
Decreto n. 4147/2009.
Pelo exposto, conheço do reexame necessário para
considerar extinto o processo administrativo e declarar a extinção do
crédito tributário pelo seu pagamento.
Maceió, 06 de dezembro de 2016.

Ivan Chaves de Almeida


Conselheiro.
EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO. COHECIDO. CONFISSÃO E
PAGAMENTO. EXTINÇÃO DO PROCESSO ADMINISTRATIVO E DO
CRÉDITO TRIBUTÁRIO.
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