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­
Curadorias do fluxo ­
os desafios do intercârr.bio colaborativo
e do espaço das novas m ídias
Sara Diamond

o artigo mapeia o papel da curadoria e discu te seus desafios e problemas diante


de um novo contexto que começa a existir em função das novas tecnologias usadas
em arte.

Novos míd ias, ortemíd iQ, arte , tecno logia, curadOr/O.

Autores autorizados de acessar o futuro assim como o momento e


dar respaldo matenal a suas escolhas, mediante
Histórica e tradicionalmente, curadores
a designação de movimentos e te ndências
autorizam objetos, garantindo autenticidade e
históricas. História da Arte e exposições
lugar dentro de uma trajetória de valores
dependem de descrições e categorias, sendo
culturais. Aqui está uma descrição da atividade:
também trabalho do curador analisar e criar
Curadores supervisionam coleções em museus, gêneros.
zool6gicos, aqu6rios, jardins botânicos, centros
naturais e sítios históricos. Eles adquirem itens Exclusões produtivas
por compra, doações, exploração de campo,
trocas entre museus ou, no caso de algumas Sem dúvida, os anos 90 viram uma onda de
plantas e animais, reprodução. Curadores mudança que alterou o papel do curador no
também planejam e preparam exposições... contexto da arte contemporânea. Empregos nas
seu trabalho envolve a descrição e instituições foram totalmente preenchidos, e
c/assificação de espécies, enquanto diretores novos graduados de programas de história da
de coleção e técnicos especialmente treinados arte e crítica contemporânea tiveram que
provêm cuidados manuais de coleções de sobreviver na periferia. Uma nova e educada
história natural... Cada vez mais espera-se geração de curadores talvez até prefira trabalhar
que curadores participem na redação de fora da instituição trad icional, abrindo outro
bolsas e levantamento de fundos para universo de apresentação em centros de
subsidiar seus projetos... Alguns curadores artistas, novas galerias e locais públicos
mantêm a coleção, outros fazem pesquisa, e engenhosos. Quando, afinai, vão trabalhar para
outros realizam tarefas administrativas... Em o museu, levam sua prática criticamente
instituições de pequeno porte, com apenas engajada para dentro dele, investigando suas
um ou poucos curadores, esse profissional premissas. E também trazem para o centro um
pode ser responsóvel por múltiplos encargos, interesse na periferia 2
da manutenção da coleção à direção de
questões museoI6gicas ... A maioria dos Curadores constroem exposições temáticas,
curadores usa a intemet para tomar acessíveis derivadas da teoria crítica - o texto do curador
informações para outros curadores e para o às vezes toma-se tão importante quanto os
público. I trabalhos de arte em si ou os artistas. Muitos
Museus colecionam e. dessa forma, contêm curadores viram e ainda vêem suas intervenções
tanto a aura dos objetos quanto a de vidas no espaço de exibição como uma prática tão
humanas criativas individuais. Eles emolduram o criativa e central como a obra de arte.
artista, como um gênio, de algum modo capaz Exposições eram espaços descritivos. Alguns

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artistas sentiram-se denegridos, sujeitos à leitura internet,? Fluxos movem-se ao redor de


do curador seguida da colocação de seu obstáculos, criando novas insuspeitadas
trabalho. 3 Isso foi também o apogeu do representações e relações. De vários modos, o
conceitualismo, e artistas pós-modemos Google é uma máquina de associações gigante e
engajavam-se eles mesmos em extensivo surrealista, com círculos de significação e de
discurso. As fronteiras da obra de arte diluíam­ absurdos derivando do cerne da questão que
se, suavizadas pelo diálogo que serpenteava em você pergunta ou da relação que procura.
torno dela. Estavam sentados o artista, o critico, Redes são um espaço fantástico e frustrante em
o curador, talvez uns no colo dos outros. A que o significante e o significado ilustram sua
autoria tornara-se um espaço de negociação. A habilidade de navegar separando-se um do
teoria da recepção em particular sublinhava a outro.
experiência da audiência, mas não era a
audiência sozinha que estava engajada no espaço o tempo é um componente-chave de como os
ativo çle criar sentido (ou desfazê-lo!). relacionamentos emergem dentro da rede, com
experiências sincrônicas e assincrônicas
Rede - metáfora de fluxos proporcionando sentimentos muito diferentes,
intimidades, formas de consciência, até mesmo
Existem propriedades distintas em uma rede, empilhando-se umas sobre as outras de modo a
umas que fundamentalmente definem algumas permitir que relações e expressões sociais se
das qualidades de um trabalho de arte criado tornem espessa textura de tempo condensado.
para ela e por seu intermédio. Redes podem ser Essas diferentes zonas de
íntimas - duas pessoas podem formar uma. tempo têm relações variáveis
Quaisquer que sejam suas qualidades, uma rede em relação à presença. Muitos
implica relacionamento. Redes podem ser em têm argumentado que a
tempo real ou assincrônicas. Redes implicam consciência é diferente na
fiuxo: seja de informação, bens ou rede, que redes ilustram os
conhecimento. Esses fiuxos podem ser modos como o todo pode ser
diruptivos assim como racionais. Qualquer tipo maior do que suas partes e
de fiuxo implica poder e seu movimento por delas altamente diferenciado B
meio de um sistema. Fluxo implica a existência Para participantes, também
de fontes de recepção e de transmissão. Com conhecidos como audiências,
tecnologias peer-to-peer,4 os mesmos pontos o tempo gasto na rede é tanto
(servidores) duplicam, sendo emissores e altamente social quanto, às
receptores. Peer-to-peer retorna à natureza vezes, profundamente
distribuída a partir da internet original e solitário. Há uma
pressiona suas estruturas contra a organização superabundância de conteúdo,
hierárquica (servidores centralizados, com muitas vezes sem contexto
poucos clientes, dependendo do centro)5 para fazer seu fiuxo
significativo.
Apesar do pensamento utópico, redes também
são excludentes, com hierarquias de acesso. Redes são caóticas assim como
Existem muitas sub-redes escondidas dentro da são estáveis. Tecnologias e
internet, protegidas por senhas e paredes ou sistemas que inventamos para
que são simplesmente secretas. Mesmo nessas, redes causam, muitas vezes,
pode haver a aparência do conteúdo no fiuxo, rupturas, resultando em outras
embora filtros e níveis possam ser menos experiências e mesmo
aparentes. 6 invenções, bem distantes de
seu propósito original. 9 Redes não distribuem
Artistas têm usado a metáfora da rede para seu conteúdo igualmente, nós e sub-redes
considerar fiuxos e atividades fora da internet. referenciam-se mutuamente. Distribuir,
Redes de artistas têm existido muito antes da encontrar conteúdo e fornecer algum sentido de
seu contexto original assim como de sua

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transformação ao longo do tempo poderia ser engajada. O obstáculo que o museu
considerada uma prerrogativa curatorial. representava forneceu uma oportunidade para
artistas circularem a seu redor construindo outra
Participantes consistentemente transformam prática independente do tradicional mundo da
objetos midiáticos que são enviados para sítios arte, uma que se apóia em redes sociais e
peer-to-peer; o papel do artista como fonte tecnológicas. Seriam curadores que colocariam a
original, assim como curador e como intérprete net art (arte na rede) dentro do contexto do
também está sujeito a desafios. O senso comum museu e da bienal, na Documenta, em Veneza,
considera que tem havido uma rejeição explícita São Paulo, na Bienal do Whitney e, agora, no
da posição de intermediário por parte do museu oficial. 14 A internet e depois a internet
público. A constelação de tecnologias que se visual, a www, têm atraído artistas desde o
desenvolveram a partir de e ao redor do começo, com projetos como o Electronic Café
Napster foi testemunha disso. Já é ultrapassado International, estabelecendo o palco para trocas
afirmar que o Napster provou o desejo de entre localidades e grupos de performers,
compartilhar música entre um enorme grupo de escritores e artistas visuais.
usuários. Um ponto menos compreensível é
que essas condições de troca criam a ilusão de Assim como desenvolveu-se a www, o mesmo
que mais valor está sendo produzido, mais do aconteceu com a arte na rede e com o discurso
que a ocorrência do roubo da propriedade cultural. Projetos representavam expressões
intelectual dos artistas. 10 Código aberto e individuais e novas formas de identidade de
software livre estão ainda disponíveis na rede grupo.'S Artistas criaram colaborações que
para capacitar troca e duplicação peer-to-peer reusavam e reenquadravam redes e criavam
(P2P). O vídeo caseiro permitiu criação, mas novas coletividades. Artistas que vieram de fora
não distribuição. O fato de que cada da artemídia mudaram-se para a www,
computador na rede possa dar a cada percebendo suas qualidades sociais e
participante a capacidade de criar e distribuir performativas como um lugar desejável de
conteúdo tem fundamentalmente o potencial de prática ou intervenção.
transformar idéias de uma fonte criativa e de
autoria restrita, mesmo se os usuários não o problema do coletivo
tirarem vantagem dessa oportunidade. A maioria
dos arquivos partilhados é composta por A idéia de que criatividade , presciência, visão,
aqueles de artistas amparados por enormes aura pudessem residir com o grupo é viável no
máquinas de marketing, como, por exemplo. contexto teatral, mas não no das artes visuais.
Britney Spears. O mundo da arte das novas Projetos de comitês, ou comitê central,
"
mídias está no momento te ndo um romance parecem ser temidos por um universo da arte
com as tecnologias peer-to-peer, com um onde o valor de mercado incide sobre a
sentimento ainda maior por código aberto, realização individual. Essas noções são
ve ndo o peer- to-peer como a corporificação da fundamentais para o entendimento americano
democracia e o código aberto tanto como pós-guerra de artista e vanguarda. Os
heróico quanto como emblemático de uma movimentos dos anos 30, tais como o
instância antiautoritária. Trabal hos pioneiros, tais Surrealismo, podem ter tido líderes - André
como o Open Source, de Vivian Selbo, prefaciam Breton especificamente, John Heartfield antes
esta senda que estou desenvolve ndo, discutindo dele -, mas operavam como coletividades
código aberto mais adiante neste texto. 12 coesas, com estéticas, metodologias e projetos
partilhados. MaiS ainda, colaboração tem sido
Outro contexto deve ser adicionado para chave em artemídia, dos futuristas até o General
formar o palco para a emergência e contínua Idea e os coletivos de vídeo do último século. A
resistência da www em práticas artísticas. 13 Nem prática coletiva em novas mídias é diferente
todos os museus estão abertos para as daquelas dos antecedentes nos coletivos de
revigorantes demandas da Artemídia em vídeo do século passado, embora haja algumas
audiências e recursos nos anos 90, conexões em termos de volição e estruturas.
particularmente uma Artemídia ativista e Novas mídias fizeram surgir formações neo-

T EM A TI CA • SARA D I AMOND 147

a/e REVISTA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES VISUAIS EaA • UFRJ 2004

anarquistas do movimento de mídias táticas, tais requerer colaboração intensiva entre indivíduos
como o Kingdom of Piracy e corporações como e práticas. Artistas freqüentemente partilham o
o ®tMark e Future Farmers of present day. 16 espaço criativo com cientistas, engenheiros e
técnicos. Palavras como "colaboração" e
Ocasionalmente, por equívoco, artistas pinçam "interdisciplinaridade" estão emergindo como
de volta a autoria individual quando, de fato, o ganchos da última moda, especialmente no nível
trabalho final é em alto nível dependente da institucional; a colaboração, porém, continua um
estreita colaboração com cientistas da desafio para instituições tradicionais apoiarem.
computação, designers e toda a sorte de outros
talentos. Isso coloca um desafio diante dos Qual é, então, o papel do técnico, engenheiro
curadores, que necessitam entender o real ou cientista da computação nessa equipe? É
processo de autoria em novas mídias e não necessária nova terminologia que reconheça,
aplicar hipóteses históricas que dão suporte aos quando apropriado, o papel fundamental dos
pilares da visão artística individual. Curadores técnicos em algumas colaborações com artistas.
tendem a individualizar - instituições podem Cientistas reivindicam identidades artísticas, e
-- minar verdadeiras colaborações se só um artista artistas, as cientificas. Isso não é necessariamente
está sendo creditado. Uma revista de arte uma estratégia sábia todas as vezes. Em vez
americana escreveu sobre "Radio 90", um disso, reconhecer o papel que cada campo de
artefato de colaboração legítima no The Banff conhecimento tem na criação pode ser mais
Centre, e creditou a Heath Bunting, do inteligente, mais preciso e finalmente mais útil
irational.org, esse rico ambiente de difusão, como um mapa do processo criativo. Essas
deixando suas colaboradoras mulheres, Susan colaborações, às vezes, sacodem hierarquias
Kennard e Cindy Schatkoski (que têm anos de que consistentemente colocam a ciência no
experiência com rádios altemativas sob suas topo. Outras vezes elas decoram a ciência. 17 O
cintas-ligas) fora da fotografia. ponto-chave é que a liderança muda entre o
artista e o técnico. Artistas têm receio de
O espaço das novas mídias combina autoria colocar isso porque eles vêm de trás, de uma
coletiva, uma intensificada supressão da divisão posição de autoridade relativamente inferior à
de trabalho tradicional - curador/artista/crítico do técnico. E com razão temem a invisibilidade.
/audiência - e espaços de exibição. É um espaço
onde o processo de trabalho, sua emergência e O relacionamento com a produção coletiva abre
sua feitura podem ser intencional ou um espaço diferente para a audiência, habilitada
acidentalmente mais interessantes do que o pelas tecnologias peer-to-peer, mas longe de seu
vestígio do trabalho acabado. Os artistas uso diário. Alguns artistas convidam a audiência a
parecem ter-se ajustado, até certo ponto, a essa remixar originais e mostram-se ansiosos para ver
mudança potencial, talvez porque eles usem seu trabalho modificar-se. A teoria da recepção
tecnologias e vivam dia a dia com seus valores sugere que a relação da audiência com as novas
inerentes. Podemos ver uma forte tradição de mídias pode ser bem performativa. Em
artistas eles próprios insistindo no discurso e no instalações alguns espectadores assumem o
nível do diálogo com colegas a fim de papel de ator/performer eles mesmos ­
estabelecer valor e contexto para seus trabalhos, enquanto outros sãp espectadores -, assim
como oposição à fixação de valor e significado como os papéis de audiência/jogador nas casas
dada pelo curador. Backspace, uma presença de jogos eletrônicos.
física e on-Iine no Reino Unido, fomecia espaço
físico e on-line para colaboração e intervenção. Trabalhos generativos ou cumulativos não só
engajam indivíduos, mas envolvem comunidades
O espaço das novas mídias está preenchido por inteiras, que podem escrever-se elas mesmas
equipes e colaborações, como o leque de dentro de uma existência mediática, por meio
habilidades que é necessário para criar um de trabalhos de arte na intemet. Alguns artistas
trabalho efetivo muitas vezes requer. O estendem sua colaboração aos espectadores.
problema da autoria coletiva não acaba aqui. Por exemplo, em Subtroct the Sky, de Sharon
Criatividade dependente de tecnologia tende a Daniels, Mark Bartlett e RaJa Guhatkakurta,

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Keystroke para capacitar intercâmbio artístico, e,


às vezes, o programa e suas aplicações fundem­
se como recíprocas obras de arte . Em Pogon
Poetry, de InsertSilence e Bjork, o jogador
redesenha as já sedutoras animações de
estranhas máquinas e corpos ao acariciar a tela
com o dedo enquanto se deleita com a música.
InsertSilence está tão orgulhoso de seu código
quanto de seu conteúdo visível. Essa prática
artística tem ressonâncias no mundo do design
de programas. Alguns arquitetos de programas
consideram -se artistas ou escritores.

O movimento de código aberto (open source)


foi construído dentro da história do movimento
de programa livre. O último acreditava que o
programa era um recurso fundamental e que
audiências criam mapas pessoais que funcionam deve ria estar disponível gratuitamente, não
como diários usando informação científica do possuído. O movimento de código aberto é
Observatório Keck, assim como outros materiais uma versão menos radical e acredita que
de mapeamento, tais como o genoma ou trilhas mentes coletivas são necessárias no
de GIS (Global Information Systems). Cada desenvolvimento de ferramentas e sistemas
auto-retrato é preenchido com muitos outros, complexos. Programadores-colaboradores são
desenvolvendo um retrato coletivo dos visitantes co-proprietários do programa que
da peça. Diferentes ferramentas de desenvolveram. Versões devem ganhar créditos
mapeamento refletem vários contextos culturais, e, caso comercializadas, os direitos deverão ser
como tradições dos nativos do Havaí, provendo pagos a todos. Organizações de arte como o V2
diferentes visões de ou C3 todas se apóiam no credo do código
tempo/espaçolhistória/comun idade. ' o The aberto, e a maioria dos artistas que
Weother Mochine , de Patrick Clancy, usa desenvolvem programas opta por deixar seu
padrões meteorológicos de diversos locais código aberto. Alguns poucos, como Simon
como forma semi-automática de escrever poesia Pope, têm apontado que o código aberto é uma
baseada em estórias locais dos visitantes do seu cultura muito masculina, em que a produção é
web site. Visitantes enviam suas próprias estórias, dirigida pela competição pelo melhor código e a
que são reescritas pelo programa de colaboração é menos presente do que poderia
meteorologia. 19 ser imaginad0 20 Ai nda assim , a cultura da
programação demanda crescente colaboração.
Outro fio precisa ser incluído na trama desse
tecido de sistemas de autoria distribuídos e Como curadores podem aproximar-se de
modificados, desafios para o projeto da galeria artistas que são também programadores,
de arte e do museu, e os concomitantes atos cod ificadores, e inventores? Que gênero é esse?
cu ratoriais. Nos últimos I 5 anos, artistas das Onde eles se encaixam no museu? O Museu m
novas mídias têm inventado ferramentas . Artistas ofthe Moving Image, sob o comando de Carl
inventam tanto para criticar as tecnologias Goodman, saiu-se muito bem ao apoiar a
existentes, para produzir um implemento que integração artística e tecnológica, solicitando
faça funcionar sua exposição como para novos trabalhos em velhas plataformas para
genuinamente criar na fonte. Exemplos incluem revitalizar práticas passadas e olhar os artistas
Mary Flanagan com seus jogos e programas de como inventores. 21 O prestigioso concurso
auto-anál ise, Technologies for the People, e muitos Webbies criou uma categoria para programas,
outros. Alguns implementadores de ferramentas mas também incluiu a criação de programas por
de artistas, tais como a equipe de Sher Doruff artistas dentro da categoria de arte na rede,
na Society for O ld and New Media, criaram depois de extenuante debate 22

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De volta para o futuro artistas começaram a 'remixar' seus


trabalhos, aplicando seu próprio código a
Curadores ainda tendem a agir individualmente, outros projetos ou combinando seções de
talvez mais do que os artistas, mas isso está códigos em um projeto novo. 23
mudando. Por exemplo, Mark Tribe e Alex
Galloway, do Rhizome, estão trabalhando com Enquanto a posição historicamente privilegiada
John Ippolito e a Daniel Langlois Foundation no do curador pode ter-se tomado instável, seu
sentido de estabelecer padrões de arquivo para papel continua a ser re levante . Essa relevância é
a arte das novas mídias. certamente aparente em dois aspectos, como
um criador de contextos e como um corretor
Christine Paul recentemente curou uma dentro do sistema de galeria e museu. Isso é
exposição para o Whitney Museum em NYC verdadeiro para as Instalações físicas que
chamada CODeDOC. Ela mostrou o código empregam novas mídias e para a arte da www.
real por trás das obras de arte, fornecendo a Museus continuam muito ansiosos a respe ito de
cada artista o mesmo desafio de codificação . Ela sua capacidade de apoiar trabalhos em novas
descreve o projeto: mídias, o que requer corretagem e treinamento
de equipe, assim como recursos contínuos.
CODeDOC dó uma olhada ao reverso em Curadores precisam con hecer a tecnologia e as
projetos de 'software art' (arte de necessidades de rede das peças que pretendem
programação) focalizando e comparando a exibir. Eles são conexões cruciais na rede: criam
'parte de trás' do código que dirige 'a parte circuitos e permitem o nuxo. Em um contexto
da frente' do trabalho de arte - o resultado muito diferente, quando galerias abraçam a
do código, seja ele mais visual ou um processo www como um espaço significativo, elas podem
de comunicação mais abstrato. Uma dúzia de apoiar trabalhos profundamente criativos e ter
artistas codificou uma tarefa especf(ica em participação em larga escala . Novas mídias
uma linguagem de sua escolha e foi solicitada oferecem uma multiplicidade de papéis tanto
a trocar o código entre si para comentários. A para curadores quanto para artistas. A habilidade
tarefa era 'conectar e mover três pontos no de mover-se com agilidade entre eles e de
espaço', o que obviamente poderia ser trabalhar de forma colaborativa com artistas e
interpretado de modo abstrato ou literal. O escritores é uma das grandes aquisições das
'núcleo' do código (referido comumente como novas mídias.
'principal') não deveria exceder 8KB, o que é
igual a um documento de texto muito
pequeno. Os resultados da programação só
são tomados vis{veis depois do código - o que
os visitantes desse local encontram primeiro é
um documento de texto de código de onde Sa ra Diamond, produtora , d iretora, videoa rt ista. cu rado ra, crítica
e proressora, é atualmente produtora exe cut iva e diretora
eles podem entrar na parte da frente do artística de mídia e artes vis uais do BaoH C entre . C anadá . Este
projeto. As linguagens nas quais o código é texto é de janeiro de 2003.

escrito são Java, C, Visual Basic, Ungo e Per/o


Obviamente, essa é apenas uma seleção de
linguagens de programação e escrita. HTML Tradução: Simone Michelin
(Hypertext Mark up Language), a linguagem
de escrita na qual a Wor/d Wide Web é
baseada, e Flash Script estão exclu{dos
principalmente por questões pragmáticas (a
inclusão dessas linguagens provavelmente
dobraria o número de artistas, tomando o
projeto não manejável). É intr{nseco à
'software art' um elemento de procedimento
que permita a reconfiguração e extensão, e,
como modo de comentar os projetos, os

150
Natas Cosic e Heath Bunting na Documenta como gra­
tuita. Ver também Thomas, Catherine (ed.). The
I httD:!fNww.bls.gov/oco/ocos065. htm. Edge af Everything: Renections on Curotoriol
Proctice. Banff: The Banff Centre Press. 2002.
httD:/!vvww.banffcentre.caloressloublications/edge
2 Lunenfeld, Peter (ed.). The Digital Diolectic - New
everythin~.asD ·
Essoys on New Media. Cambridge: MIT Press,
2000
" Creating and Curating New Media, Banff New
Media Institute, 1998.
) Feer-to-peer (P2P), ponto a ponto, tecnologia que
permite a computadores que são também servi­
I S httD:!fNww.futurefarmers.coml
dores coneàar-se entre si. [NT]

• Peer to Feer, Harnessing the Power of Disruptive 16 ASCI tenta prover um fórum de discussão sobre
Technologies, SF: O'Reilly, 200 1. arte e ciência (não somente novas mídias)
colaborações e sistemas que trabalham a partir de
exe mplos positivos.
S Roger Malina, Keynote Address, Isea Nagoya .
Symposium Proceedings, 2002
17 httD:/Iarts.ucsc.edu/sdaniel/newltext DroD.html.

6 Artistas criaram redes alternativas de centros dirigidos


por artistas no Canadá para artes visuais e mídia. 16 Patrick Clancy criou a Writing Machine. que é um
tais como o Independent Film and Video Alliance web site 3D. de 1998-2003. httD:/!vvwwwtrick­
e, no Reino Unido, mediante oficinas de mídia clancy.org/#writingmachine.
dos anos 70 e 80; muitos deles então formaram
o bockbone do Channel Four no Reino Unido. 19 Simon Pope at Bridges 2 - October 4-6. 2002. The
Banff New Media Institute. Simon apresentou um
7 É longa a lista de tal discurso; a mais recente artigo apontando o viés 'masculinista' do código
performance foi a fala de Roy Ascott no Isea, 2002 aberto. Essa pOSição foi debatida.
em Nagoya, e agora seu livro recente Telemotic
Presence. lO httD:l!wwvv.ammi.org/site/aboutJíndex. html.

6 Nortel Networks desorganizou-se devido a sua l i Ver Rhizome July 200 I para uma versão condensada
inabilidade de predizer o desenvolvimento das desse debate.
tecnologias que elaborou; havia mesmo grupo
chamado Disruptive Networks. 11 httD:/!vvww.whitneyorg/artDort/com missions/code
docbndex.shtml
9 Clay Shirky. Human Generosity Projeà, Keynote
Address, Banff New Media Institute. 200 I. 2) The Walker. com Steve Deitz no leme e Christiane
Paul. do Whitney; ambos levaram a um
10 Clay Shirky. Blur Conference. Creative Times, April desenvolvimento do discurso sobre arte e a rede.
2002. e têm encontrado formas efetivas de mostrar
novas mídias, incluindo peças basedas na rede no
11 Code Conference, Apri l 200 I. Cambridge, organi­ contexto da galeria.
zada pelo Arts Council of England. Ver também httD:l!colleàions.walkerart.orglitem/objeàl.
os extensivos discursos de Jamie King para Mute e
para o Kingdom of Piracy, 2002.
httD:!fNww·jamie.coml.

12 Essa foi uma bem documentada discussão no


Bridges One, Annenberg Centre USC e Banff
Centre, Los Angeles.

I) Ver escritos em Naming, A. Proctice: Two, Banff: The


Banff Centre Press, 2003. Texts by Steve Dietz.
Veronica Vesna e eu discutimos o problema da
autoria. Alguns viam a inclusão dos net artistas Vuk

TEMÁT I C A ' SARA DIAMOND J5J

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